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Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 0 Medicina de Cães e Gatos Compilado de resumos e aulas digitadas. Danny Elis Simioni Medicina Veterinária - UFRGS Os resumos utilizados para elaboração deste polígrafo não são de minha autoria e foram feitos por alunos, portanto, podem conter erros. Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 1 SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM 07:30 08:30 09:30 10:30 11:30 12:30 13:30 14:30 15:30 16:30 17:30 Datas de provas e saídas Anotações Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 2 Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 3 Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 4 Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 5 Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 6 Sumário PLANEJAMENTO ACADÊMICO SEMESTRAL .....................................................................................................................................10 SISTEMA LOCOMOTOR ................................................................................................................................................................14 ANÁLISE DA LOCOMOÇÃO E EXAME ORTOPÉDICO .................................................................................................................................14 Claudicações ........................................................................................................................................................................14 Inspeção ..............................................................................................................................................................................14 Exame dos Membros Torácicos ............................................................................................................................................15 Exames dos Membros Pélvicos .............................................................................................................................................16 Joelhos .................................................................................................................................................................................17 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE FRATURAS .......................................................................................................................................18 Exame Clínico Geral .............................................................................................................................................................18 Exame Clínico Específico .......................................................................................................................................................18 Biomecânica das Fraturas ....................................................................................................................................................18 Cuidados Pré-Cirúrgicos .......................................................................................................................................................19 Tratamento da Ferida ..........................................................................................................................................................19 Métodos de Osteossíntese ...................................................................................................................................................20 PRINCIPAIS AFECÇÕES ARTICULARES EM PEQUENOS ANIMAIS ..................................................................................................................22 Displasia Coxofemoral ..........................................................................................................................................................22 Luxação coxofemoral ...........................................................................................................................................................24 Necrose Asséptica da Cabeça do Fêmur ...............................................................................................................................25 Luxação Medial de Patela ....................................................................................................................................................25 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO ...............................................................................................................................................26 HÉRNIAS .....................................................................................................................................................................................26 SISTEMA DIGESTÓRIO ..................................................................................................................................................................30 DOENÇAS CIRÚRGICAS DA BOCA E GLÂNDULAS SALIVARES......................................................................................................................30 Mucocele salivar ..................................................................................................................................................................30 Odontologia de Pequenos Animais .......................................................................................................................................31 DOENÇAS CIRÚRGICAS DO ESÔFAGO..................................................................................................................................................35 Corpo Estranho Esofágico ....................................................................................................................................................35 Megaesôfago .......................................................................................................................................................................36 DOENÇAS CIRÚRGICAS DO ESTÔMAGO ...............................................................................................................................................37 Dilatação-Torção Gástrica....................................................................................................................................................37 DOENÇAS CIRÚRGICAS DO INTESTINO ................................................................................................................................................41 Obstrução Intestinal .............................................................................................................................................................41 Prolapso de Reto ..................................................................................................................................................................44 DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO ..................................................................................................................................................45 Disfagia ...............................................................................................................................................................................45 Anorexia ..............................................................................................................................................................................45Esôfago ................................................................................................................................................................................45 Alterações Esofágicas ..........................................................................................................................................................46 Alterações Gástricas ............................................................................................................................................................47 Alterações Intestinais ...........................................................................................................................................................48 DOENÇAS DO FÍGADO E PÂNCREAS....................................................................................................................................................52 Material Suplementar: Estudo Dirigido Pré-Aula de Doenças do Fígado E Pâncreas Exócrino em Cães .................................52 Doenças do Fígado em Cães .................................................................................................................................................60 Doenças do Pâncreas Exócrino em Cães ...............................................................................................................................65 Lipidose Hepática e Colangite Felinas ...................................................................................................................................69 DOENÇAS INFECCIOSAS DE FELINOS ............................................................................................................................................78 PERITONITE INFECCIOSA FELINA (PIF) ................................................................................................................................................78 RETROVIROSES FELINAS ..................................................................................................................................................................80 Imunodeficiência Viral Felina (FIV) .......................................................................................................................................80 Leucemia Viral Felina (FeLV).................................................................................................................................................82 Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 7 Complexo Respiratório Felino ...............................................................................................................................................83 Herpes Vírus Felino-1 ...........................................................................................................................................................83 Calicivírus Felino ..................................................................................................................................................................84 DOENÇAS INFECCIOSAS DE CÃES .................................................................................................................................................86 CINOMOSE ..................................................................................................................................................................................86 GASTROENTERITES VIRAIS ...............................................................................................................................................................89 Parvovirose ..........................................................................................................................................................................89 Coronavírus ..........................................................................................................................................................................90 LEPTOSPIROSE ..............................................................................................................................................................................91 RAIVA ........................................................................................................................................................................................95 LEISHMANIOSE .............................................................................................................................................................................97 VACINAÇÃO .................................................................................................................................................................................98 HEMATOLOGIA CLÍNICA ...............................................................................................................................................................99 HEMOGRAMA ..............................................................................................................................................................................99 LEUCOGRAMA ............................................................................................................................................................................ 100 PLAQUETAS ............................................................................................................................................................................... 103 URINÁLISE ................................................................................................................................................................................. 104 DOENÇAS DO SISTEMA HEMATOPOIÉTICO E HEMOSTASIA....................................................................................................... 110 ANEMIA.................................................................................................................................................................................... 110 Anemia Hemolítica ............................................................................................................................................................. 112 TERAPIA TRANSFUSIONAL ............................................................................................................................................................. 114 HEMOPARASITOSES ..................................................................................................................................................................... 116 DOENÇAS DO SISTEMA URINÁRIO DE CÃES E GATOS ................................................................................................................ 120 INJÚRIA RENAL ........................................................................................................................................................................... 120 Contextualização ............................................................................................................................................................... 120 Injúria Renal Aguda............................................................................................................................................................ 122 Doença Renal Crônica ........................................................................................................................................................ 125 Doença do Trato Urinário Inferior de Felinos (DTUIF) ......................................................................................................... 132 LITÍASES E OBSTRUÇÕES ............................................................................................................................................................... 136 Urolitíase ...........................................................................................................................................................................136 INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO ..................................................................................................................................................... 139 Cistite Bacteriana ............................................................................................................................................................... 139 Cistite Idiopática em Felinos ............................................................................................................................................... 142 OFTALMOLOGIA ........................................................................................................................................................................ 144 ANATOMIA DOS OLHOS E ANEXOS .................................................................................................................................................. 144 AFECÇÕES DOS ANEXOS OFTÁLMICOS .............................................................................................................................................. 146 Afecções Palpebrais ........................................................................................................................................................... 146 Afecções dos Cílios ............................................................................................................................................................. 148 Afecções da Terceira Pálpebra ........................................................................................................................................... 149 AFECÇÕES OCULARES................................................................................................................................................................... 150 Córneas .............................................................................................................................................................................. 150 Doenças Não-Ulcerativas da Córnea .................................................................................................................................. 155 DOENÇAS DO SISTEMA ENDÓCRINO.......................................................................................................................................... 157 ESTUDO DIRIGIDO PRÉ-AULA DE DOENÇAS DO SISTEMA ENDÓCRINO ..................................................................................................... 157 DOENÇAS DO SISTEMA ENDÓCRINO ................................................................................................................................................ 186 OBESIDADE ............................................................................................................................................................................... 187 DIABETES MELLITUS .................................................................................................................................................................... 190 CETOACIDOSE DIABÉTICA .............................................................................................................................................................. 196 HIPERADRENOCORTICISMO............................................................................................................................................................ 198 TRANSTORNOS FUNCIONAIS DA TIREOIDE ......................................................................................................................................... 201 HIPOTIREOIDISMO ....................................................................................................................................................................... 201 HIPERTIREOIDISMO...................................................................................................................................................................... 204 PROVAS PROFESSOR ALAN ............................................................................................................................................................ 206 Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 8 SISTEMA RESPIRATÓRIO ............................................................................................................................................................ 208 SÍNDROME DA VIA AÉREA BRAQUICEFÁLICA ...................................................................................................................................... 208 COLAPSO DE TRAQUEIA ................................................................................................................................................................ 209 Asma Felina ....................................................................................................................................................................... 213 AFECÇÕES DO PARÊNQUIMA PULMONAR.......................................................................................................................................... 214 Pneumonia ......................................................................................................................................................................... 214 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA DOENÇA MEDIASTINAL E CAVIDADE PLEURAL ............................................................................................ 215 Efusão Pleural .................................................................................................................................................................... 215 SISTEMA REPRODUTOR FEMININO ............................................................................................................................................ 216 VAGINITE .................................................................................................................................................................................. 216 HIPERPLASIA ENDOMETRIAL CÍSTICA ................................................................................................................................................ 216 PROLAPSO VAGINAL .................................................................................................................................................................... 217 PIOMETRITE ............................................................................................................................................................................... 218 FISIOMETRIA .............................................................................................................................................................................. 220 PSEUDOCIESE ............................................................................................................................................................................. 220 DISTOCIA .................................................................................................................................................................................. 220 ECLAMPSIA ................................................................................................................................................................................ 221 NEOPLASIAS DO APARELHO REPRODUTOR FEMININO .......................................................................................................................... 221 Neoplasias Ovarianas......................................................................................................................................................... 221 Neoplasias Uterinas ........................................................................................................................................................... 223 Neoplasias Vaginais e Vulvares ..........................................................................................................................................224 Tumor Venéreo Transmissível (TVT) ................................................................................................................................... 225 Tumores Mamários ............................................................................................................................................................ 225 SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO......................................................................................................................................... 230 ANATOMIA ................................................................................................................................................................................ 230 AFECÇÕES DO PÊNIS .................................................................................................................................................................... 231 Hipospadia ......................................................................................................................................................................... 231 Fimose ............................................................................................................................................................................... 231 Parafimose......................................................................................................................................................................... 232 Neoplasias De Prepúcio ...................................................................................................................................................... 232 Neoplasias De Pênis ........................................................................................................................................................... 232 Trauma e Neoplasias penianas........................................................................................................................................... 232 AFECÇÕES PROSTÉTICAS ............................................................................................................................................................... 233 Hiperplasia Prostática ........................................................................................................................................................ 233 Prostatite ........................................................................................................................................................................... 233 Cistos Prostáticos ............................................................................................................................................................... 234 Neoplasias Prostáticas ....................................................................................................................................................... 234 ORQUITE .................................................................................................................................................................................. 235 TUMORES TESTICULARES .............................................................................................................................................................. 236 CRIPTORQUIDISMO ...................................................................................................................................................................... 236 ONCOLOGIA ............................................................................................................................................................................... 237 SISTEMA TEGUMENTAR ............................................................................................................................................................. 241 DOENÇAS PARASITÁRIAS ............................................................................................................................................................... 241 Pulicose .............................................................................................................................................................................. 241 Ixodidiose ........................................................................................................................................................................... 244 Sarnas ................................................................................................................................................................................ 246 INFECÇÕES BACTERIANAS .............................................................................................................................................................. 249 INFECÇÕES FÚNGICAS .................................................................................................................................................................. 252 DISTÚRBIOS DE HIPERSENSIBILIDADE ............................................................................................................................................... 254 AFECÇÕES DO SISTEMA AUDITIVO ............................................................................................................................................ 258 SISTEMA NERVOSO .................................................................................................................................................................... 260 EXAME NEUROLÓGICO: ................................................................................................................................................................ 260 FIBRAS: .................................................................................................................................................................................... 261 NEUROLOCALIZAÇÃO MEDULAR: ..................................................................................................................................................... 262 Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 9 EXAME NEUROLÓGICO MEDULAR ................................................................................................................................................... 262 DOENÇAS DOS DISCOS INTERVERTEBRAIS: ........................................................................................................................................ 264 CEREBELO ................................................................................................................................................................................. 271 SISTEMA VESTIBULAR ................................................................................................................................................................... 273 SÍNDROMES VESTIBULARES ........................................................................................................................................................... 276 CONDUÇÃO DO IMPULSO NERVOSO ................................................................................................................................................. 280 EPILEPSIA .................................................................................................................................................................................. 280 CONVULSÃO .............................................................................................................................................................................. 284 SÍNDROME DE DISFUNÇÃO COGNITIVA ............................................................................................................................................ 287 SISTEMA CARDIOVASCULAR ......................................................................................................................................................289 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA .............................................................................................................................................................. 290 CARDIOMIOPATIAS CANINAS E FELINAS ............................................................................................................................................ 297 Endocardiose ..................................................................................................................................................................... 297 Cardiomiopatia Dilatada .................................................................................................................................................... 298 Cardiomiopatia Hipertrófica ............................................................................................................................................... 300 Efusão Pericárdica.............................................................................................................................................................. 301 Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 10 Planejamento Acadêmico Semestral Mês Semana D ia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Mês Semana D ia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 11 Mês Semana D ia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Mês Semana D ia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 12 Mês Semana D ia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Mês Semana D ia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 13 Anotações Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 14 Sistema Locomotor Análise da Locomoção e Exame Ortopédico • Identificação do paciente ortopédico: o Espécie; o Raça (componente genético envolvido); o Idade (maior ocorrência de artrose em animais senis); o Sexo (machos são mais pesados → mais lesões); o Peso (animais mais pesados têm mais lesões pela sobrecarga); o Hábitos Alimentares (deficiências nutricionais causam problemas osteodistróficos, mas é raro atualmente); o Função do paciente (guarda, de companhia, etc.); • Histórica médica: o Pregressa: É crônico? Tem fratura? Doença prévia? Tentativa de terapia? Doses das medicações usadas? o Atual: Queixa Principal. Normalmente a queixa consiste em claudicações e alterações comportamentais (deprimidos, retraídos, agressivos). Gatos costumam não apresentar claudicação nas fases iniciais, pois são predadores. O tutor pode notar mudança de comportamento (ex: o gato não pula nos locais que pulava antes). Claudicações • Início; • Duração; • Existência de causa incitante (Tumor prévio? Doença? Acidente? → nem sempre é óbvio!).; • Local afetado; • Associação com exercício; • Tipos de claudicação: o Intermitente: osteoartrite (artrose) ou excesso de exercício; o Migratória: artrite caliciviral ou panosteíte; o Aditiva: artropatias inflamatórias imunomediada; o Complementares: sobrecarga articular; o Composta: causas distintas (mais de uma); Inspeção Postura • Menor peso sobre o membro afetado. • Lesão nos membros torácicos: apoio nos membros pélvicos; • Lesão nos membros pélvicos: apoio nos membros torácicos; • Afastamento dos dígitos (muito peso apenas em um membro); • Desgaste irregular das unhas; • Áreas sem pelo; • Lacerações no dorso dos dígitos; • Lesão neurológica periférica: interrupção da comunicação neurológica (p.ex. avulsão do plexo braquial); Avaliação da Marcha • Claudicação: interferência na locomoção normal. • Protocolo de observações: o Passo lento → trote → galope; o Em direção ao / afastando-se do observador; o Em círculos fechados; o Subindo escadas; Em (B) se mostra que os animais com lesões nos m. pélvicos apresentam forma mais quadrada na região dorsal do corpo. Na imagem à esquerda mostra como o animal pode se posicionar em caso de lesão nos m. pélvicos. Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 15 Exame Físico • Giniometria: ângulos das articulações; • Palpação: óssea, articular, tecidos modelos; • Assimetria: neoplasias, abscessos, atrofias, edema. o Atrofia muscular que tem evolução muito rápida provavelmente tem origem neurogênica (p.ex. contratura do quadríceps); • Resposta a dor: aplicar pressão; • Amplitude articular: o Aumentada: ruptura de ligamentos; o Diminuída: contratura muscular; • Temperatura: gelado pode ser tromboembolismo e quente pode ser inflamação. • Instabilidade; • Sons anormais: crepitação e estalos (lesão de meniscos, normalmente com lesão do ligamento cruzado concomitante). Exame dos Membros Torácicos Tendão do Bíceps • Tenossinovite do bíceps. • Mantém-se o animal em posição quadrupedal, levando a pata caudalmente, sempre esticada, tensionando e palpando o tendão. Extensão do Ombro • Avalia a cavidade glenoide e o bíceps. • Traciona-se o cotovelo para frente (cranial), tensionando a articulação úmero-escapular e o bíceps. Flexão do Ombro • Avalia a superfície caudal da cabeça umeral. • Na osteocondrite dissecante da cabeça do úmero, há necrose de um segmento da articulação Adução do Membro • Avalia a capsula articular. • Nesse exame, pode-se ter exacerbação da dor. Alguns pacientes apresentam um grau de abdução maior (instabilidade articular). Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 16 Extensão do Membro • Abduz o ancôneo. • A principal doença é a não união do processo ancôneo, causando muita dor nessa avaliação, sendo raro em animais de porte médio e pequeno. Esse processo se fecha em até 24 semanas em cães de grande porte e 28 semanas em cães de porte gigante. Flexão do Cotovelo • Faz sobrecarga nos côndilos umerais, processos coronoides e tríceps braquial. Rotação do Cotovelo • Avalia processos coronoides. • Movimenta-se o membro medialmente e lateralmente (não união do processo coronoide medial). Em caso de aumento da amplitude, os ligamentos colaterais do cotovelo provavelmente estão rompidos. • Ocorre em luxação do cotovelo. Carpos e Extremidades distais Exames dos Membros Pélvicos Simetria Pélvica • Deve haver um triângulo no ângulo da pélvis. Quando não há ou ela está deslocada, sugere- se luxação coxofemoral, que normalmente é unilateral após o rompimento do ligamento redondo. A displasia coxofemoral normalmente é bilateral. Stand-test • Nesse teste, o animal fica de pé e pode-se avaliar: o Displasia coxofemoral; o Artrose; Comprimento dos Membros • Encurtamento: sugere luxação coxofemoral craniodorsal (rompimento do ligamento redondo); • Alongamento: sugere luxação coxofemoral ventral (raro);Teste de Ortolani • Nesse teste, empurra-se o fêmur dorsalmente e se abduz o membro. Quando o teste for positivo (anormal), o fêmur se desencaixa da articulação. É necessário observar que em caso de animais mais velhos (com artrose) com displasia podem apresentar um teste falso-negativo. Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 17 Teste da Crepitação • Avalia o atrito audível e palpável durante o movimento, em caso de comprometimento articular; Joelhos • Os maiores problemas estão localizados na patela e no ligamento cruzado. Luxação Patelar Medial e Lateral • Após empurrar a patela, ela não pode sair do sulco troclear, caso saia, sugere-se luxação patelar. O lado do deslocamento vai definir se será medial ou lateral. • Para a correta avaliação, segure o membro na região da patela e tracione o membro lateral ou medialmente. Teste da Compressão Tibial • Avalia somente o ligamento cruzado cranial, o teste é positivo quando a tíbia se desloca para frente. Teste da Gaveta • Avaliação do ligamento cruzado cranial e caudal. Segure o fêmur firmemente e mova a tíbia para frente para avaliação do ligamento cruzado cranial ou mova a tíbia para trás para avaliação do ligamento cruzado caudal. Na maioria dos casos, o LC caudal é mais atingido. • A ruptura do ligamento pode ser parcial (retângulo 1) ou total (retângulo 2): Teste Para Ligamentos Colaterais do Tarso Exames Complementares • Radiografia; • Artrografia; • Tomografia computadorizada; • Ressonância magnética; • Artroscopia; • Artrocentese; • Cirurgia exploratória; Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 18 Diagnóstico e Tratamento de Fraturas • Atribuições do Veterinário: independentemente da especialidade: o Identificar a fratura; o Identificar outras lesões concomitantes; o Estabilizar o paciente; o Promover analgesia; o Selecionar o melhor método de fixação; o Determinar cuidados pós-operatórios; Exame Clínico Geral • Avaliar a presença ou função de: o Ausculta torácica: contusão pulmonar e hérnia diafragmática; o Exame neurológico: SNC e SNP; o Exame urológico: fraturas pélvicas e fraturas femorais; o Radiografias torácicas: animais fraturados → trauma torácico (60%) → 20% têm sinais clínicos; • No exame clínico, é importante o veterinário identificar lesões e fraturas subclínicas. Outras lesões que podem ocorrer são as hérnias e as lacerações hepáticas. O veterinário tem de aconselhar o proprietário a retornar e refazer radiografias e reavaliação geral no pós-operatório. o As fraturas de crânio e vértebras atingem mais o sistema nervoso central, enquanto que as fraturas nos membros afetam mais o sistema nervoso periférico, então sempre avaliar possibilidade de lesão nervosa. o Na radiografia, pode-se identificar possíveis rupturas diafragmáticas. Exame Clínico Específico • Sinais clínicos: o Disfunção do membro; o Dor; o Postura anormal; o Crepitação; o Contusão de tecidos moles; • Exame radiográfico: o Para tanto, deve-se promover analgesia ou anestesia para correta posição dos membros. o No mínimo duas projeções em posições divergentes; Biomecânica das Fraturas • Forças que atuam nos ossos: o A. Rotação; o B. Envergamento; o C. Cisalhamento vertical; o D. Cisalhamento horizontal; o E. Aposição dos fragmentos; • Classificação das fraturas: o Osso fraturado; o Localização da fratura (epífise, metáfise, diáfise, linha de crescimento, cartilagem articular, medula óssea); o Configuração da linha de fratura; o Deslocamento dos fragmentos (deslocado ou pouco deslocado); o Contato com o meio externo (aberta (exposta) ou fechada; o Nomes próprios: ▪ Salter Harris: fratura na linha de crescimento dos ossos; ▪ Monteggia: fratura na região da articulação do cotovelo; Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 19 • Configuração da linha de fratura: o Em galho verde (normalmente patológico/nutricional); o Transverso; o Oblíqua; o Espiral; o Múltiplas; o Cominutivas; o Por esmagamento (nas linhas de crescimento/extremidades); o Por avulsão (arrancamento), normalmente há ruptura de ligamentos concomitantemente, como o ligamento patelar. Cuidados Pré-Cirúrgicos • Estabilização temporária: tem como objetivo o conforto do paciente e minimização das lesões, com bandagens do tipo Robert Jones ou RJ modificada (bandagem mais acolchoada, usada antes o gesso ou pós cirurgia; evita lesão vascular após lesão que irá edemaciar). • Fratura Exposta: é toda a fratura onde há comunicação do seu foco com o meio externo ou cavidades contaminadas. • Classificação: o Grau I: perfuração de pele com < 1 cm provocada pelo osso, tendo mínimo trauma sobre os tecidos moles. É pouco contaminada (relativamente) e o osso pode ou não ser visualizado. o Grau II: exposição óssea provocada por penetração externa com grau moderado de trauma nos tecidos moles. Tem maior contaminação do que o grau I. o Grau III: trauma intenso (por exemplo, ferida a bala) com severos danos aos tecidos moles, incluindo pele, músculos e possibilidade de lesão nervosa. Há grandes riscos de complicações infecciosas. o Grau IV: envolve amputação ou a iminência desta, com severa lesão aos tecidos moles e lesão neurovascular significativa. Tratamento da Ferida • Antimicrobiano: de amplo espectro, IV e que atue bem em Staphylococcus resistente a β- lactamases. Ação bactericida. A fratura exposta pode ter exposição ao ambiente ou para cavidades contaminadas. O antimicrobiano, quando administrado em até 3 h após a fratura, proporciona menor risco de infecção. Como mostrado na imagem à direita, uma fratura exposta normalmente leva a uma infecção. Portanto, sempre usar uma técnica asséptica nesses casos. Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 20 Métodos de Osteossíntese Métodos de Fixação Externa • Compreendem as talas metálicas ou plástica e bandagens. • As bandagens são utilizadas no pós-operatório com objetivo de prevenir contaminações, seroma e automutilação. Normalmente são tecidos de algodão macios que ajudam ao edema do PO. • Talas ou bandagens; Método de Fixação Interna • Compreende os pinos intramedulares, os fixadores externos, as placas e parafusos metálicos e haste medular. • Pinos intramedulares; o Vantagens: ▪ Menor custo, com pequena quantidade de material especializado. ▪ Menor exposição do campo cirúrgico (menos traumatismo e menos lesão vascular). ▪ O tempo cirúrgico também é menor, com fácil remoção e mínimo efeito sobre o suprimento sanguíneo. o Desvantagens: ▪ Tem fixação menos estável em fraturas distais, com pouca ação sobre as forças compressivas e sobre as forças de rotação. ▪ Contraindicado em fraturas expostas. ▪ Basicamente, é muita complicação e não funciona em todas as fraturas. ▪ Deve-se usar para indicações específicas. Normalmente não é um método usado sozinho, pois não evita outros movimentos do osso! • Fixadores esqueléticos externos; o É um método mais versátil em relação ao tipo de abrangência de fraturas (as mais estáveis, instáveis, expostas e de mandíbula). Usado para osteotomias corretivas e para não-união ou união retardada. Também em artrodeses, fixação articular temporária (reparo de ligamentos e tendões) e um meio auxiliar para outros métodos de osteossíntese. o É uma técnica que funciona muito bem, contudo a maior desvantagem é que o manejo no pós-operatório (enfermagem do proprietário) é muito frequente. Depois de um tempo, o fixador começa aficar mais solto e após uns meses deve ser retirado. o Principais complicações: ▪ Secreção no local de inserção dos pinos: infecção no tecido mole, osteomielite focal e sequestro ósseo. ▪ Afrouxamento dos pinos; ▪ Fratura iatrogênica; ▪ Lesões neurovasculares ou musculares; Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 21 • Placas e parafusos metálicos; o Indicadas para estabilização de qualquer fratura em ossos longos. É ideal para uso em animais semidomesticados, pois têm menores cuidados PO e tem rápido retorno funcional do membro. Diferentemente das outras técnicas, as placas não precisam ser retiradas a menos se houver complicações. Como desvantagens, deve-se ter o investimento de muito material e o cirurgião deve ter bastante treinamento. A incisão da cirurgia é bastante ampla, sendo outra importante desvantagem. o Complicações: ▪ Placas não funcionais (frouxas, quebradas, encurvadas); ▪ Agindo como condutores térmicos; ▪ Causando osteoporose; ▪ Interferência no crescimento ósseo; ▪ Irritação; ▪ Presença de infecção; ▪ Diminuição do desempenho funcional; • Haste intramedular bloqueada; o Indicação: para fraturas simples ou complexas. Atua nas forças de compressão, envergamento e rotação. Contudo, o material deve ser de ótima qualidade, porque como visto na imagem à direita, quem define a altura e a profundidade do parafuso é a régua. Caso ela não seja bem simétrica, o parafuso pode atingir a medula mais profundamente, tornando o método ineficaz. o Equipamento necessário: ▪ Haste medular; ▪ Parafusos de fixação; ▪ Extensor de haste; ▪ Sistema guia; Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 22 Principais Afecções Articulares em Pequenos Animais Displasia Coxofemoral • É o desenvolvimento anormal das articulações coxofemorais, caracterizado por subluxação ou luxação da cabeça do fêmur em animais jovens e por doença articular degenerativa em animais idosos. É uma doença de caráter progressivo. • Fatores predisponentes: o Fatores genéticos; o Fatores adicionais: ▪ Alterações hormonais e musculares; ▪ Superalimentação; ▪ Deficiência de vitamina C; ▪ Alteração na cápsula articular, ligamento redondo do fêmur e líquido sinovial; o Alterações biomecânicas e instabilidade articular; o Alterações articulares secundárias; o Excesso de peso, etc. • Histórico e sinais clínicos: o Cães jovens: os primeiros sinais são a redução da atividade (andar, pular, correr, subir escadas), dor na articulação coxofemoral e músculos pélvicos e da coxa pobremente desenvolvidos. Normalmente ocorre em animais com 7 a 12 meses. o Cães idosos: claudicação bilateral após o exercício vigoroso. Locomoção bamboleante, movimentação articular restrita e crepitação. Os cães idosos têm como fator predisponente também a doença degenerativa (artrose). Mais em raças de grande porte. • Diagnóstico: o Histórico; o Teste de Ortolani e teste de Bardens: ▪ O teste de Bardens é um exame eficaz no início da doença (precoce), normalmente nos animais jovens de 4 a 8 semanas de idade, apresentando instabilidade articular. ▪ No teste de Ortolani, o teste é positivo em jovens e raramente positivo (presente) em idosos, pois a doença degenerativa afeta o acetábulo. o Exames complementares: radiografia → pode indicar algum grau de displasia, mas só deve ser tratada caso o paciente apresente sinais clínicos. Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 23 o Sinais clínicos: ▪ Os animais podem apresentar alterações visíveis da morfologia, com as patas em base estreita (afastamento da cabeça do fêmur do acetábulo) ou base aberta (cabeça do fêmur encaixa mais profundamente no acetábulo), também chamado de posição antiálgica. Alguns apresentam andar de coelho. ▪ Na radiografia, deve-se fazer a projeção VD, com os membros torácicos o mais esticado possível. Na avaliação, deve-se observar o ângulo de Norberg. Esse teste deve ser feito após 18 meses de vida e como critério reprodutivo, ou seja, os animais com ângulo abaixo de 105° são descartados como matriz. • Tratamento: o Clínico: ▪ Controle do peso (animais mais pesados forçam a articulação); ▪ Exercícios controlados, sendo os exercícios de escolha os aquáticos; ▪ Antiinflamatórios (para diminuir a crise): • Flunixin meglumine; • Cetoprofeno; • Vedaprofeno; • Meloxicam; • Carprofeno; ▪ Condroprotetores; o Cirúrgico: ▪ Paliativo: pois tem duração temporária e é indicado para animais imaturos que têm pouca ou nenhuma alteração degenerativa articular. • Pectinotomia/pectinectomia: secção do músculo da virilha melhorando o ângulo da articulação. ▪ Preventiva: osteotomia pélvica tripla ou osteotomia intertrocantérica: • Aposição mais íntima entre o fêmur e o acetábulo em animais imaturos com pouca ou nenhuma alteração articular degenerativa. ▪ Salvamento: excisão da cabeça e colo femorais. Indicado para alteração articular degenerativa em animais de porte médio. Troca a articulação dolorosa por uma articulação livre de dor. A recuperação é lenta. Também tem prótese de quadril, indicado para cães de grande porte e atléticos com alteração articular degenerativa. A recuperação é lenta e com prognóstico excelente. Categoria Classificação Ângulo Figura A (HD-) Sem sinais = 105º 8 B (HD±) Fronteira < 105º 9 C (HD+) Displasia Leve > 100º 10 D (HD++) Displasia moderada > 90º 11 E (HD+++) Displasia Grave < 90º 12 Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 24 Luxação coxofemoral • É o deslocamento da cabeça do fêmur do acetábulo; • De 59 a 83% dos casos são causados por traumatismos; • Tipos: o Tipo 1: craniodorsal 80%; ▪ Fêmur fica alojado nos músculos; o Tipo 2: caudodorsal 18%; o Tipo 3: ventrocaudal 2%. ▪ Cabeça do fêmur se insere no forame obturador. • Histórico e sinais clínicos: o Claudicação; o Traumatismo; o Desvio angular; o Crepitação; o Dor; • Exame físico: o Luxação craniodorsal: membro aduzido e joelho rotado externamente. Membro mais curto. O triângulo entre a pelve e o trocânter maior está deslocado dorsalmente. O animal apresenta o membro afetado elevado na andadura e no exame. o Luxação caudodorsal: o membro está abduzido e o joelho rotado internamente. o Luxação ventral: a palpação do trocânter é difícil e o membro está mais alongado. • Tratamento: o Redução fechada (até 48h após o trauma); o Redução aberta (cirúrgico): reconstrução capsular, pino transarticular, transposição do trocanter maior e estabilização com material sintético (mimetiza o ligamento redondo). Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 25 Necrose Asséptica da Cabeça do Fêmur • É a necrose não infecciosa da cabeça do fêmur por lesão vascular, de causa genética ou por atividade hormonal sexual precoce. • Epidemiologia: afeta mais as raças Toy, tanto machos quanto fêmeas e podendo ser bilateral (12 e 16,5%). A ocorrência é principalmente para animais jovens, entre 5 a 8 meses de idade. A amplitude é de 3 a 13 meses. • Sinais clínicos: o Irritabilidade: morde a área do flanco e articulação coxofemoral e coça no início da necrose; o Dor na abdução do membro; o Crepitação; o Movimentação restrita e encurtamento do membro; o Atrofia gradual da musculatura; • Achados radiográficos: o Focos de densidade óssea diminuída; o Cabeça femoral achatada; • Tratamento: o Clínico: anti-inflamatório (paliativo); o Cirúrgico: excisão da cabeça e colo do fêmur (colecefalectomia);Luxação Medial de Patela Classificação Características Grau I Patela pode ser luxada, mas retorna espontaneamente ao local. A flexão e a extensão são normais. Raramente esse tipo de animal apresenta sinais de claudicação. Grau II Patela luxa mais frequente que no grau I. A patela permanece luxada e pode ter leve deformidade angular e rotacional (até 30°) Grau III Patela permanece luxada, mas retorna ao local com manipulação. A flexão e a extensão resultam em reluxação (30 a 60°). Grau IV Patela permanentemente luxada e com alteração angular e rotacional grave (60 a 90°) • Histórico e sinais clínicos: o A claudicação é contínua ou intermitente. o O paciente pode caminhar com os membros pélvicos encolhidos e apresenta desvios angulares. o O animal pode apresentar “andar de coelho”. • Avaliação radiográfica: o Patela luxada medialmente grau III ou IV; o Desvios rotacionais e angulares em fêmur e tíbia; • Tratamento: o Clínico: ▪ Indicado para animais idosos e que apresentam graus I e II de claudicação. ▪ Usar anti-inflamatório e analgésicos. ▪ Evitar o excesso de peso e repouso o Cirúrgico: ▪ Trocleoplastia: aprofundamento do sulco troclear (imagem); ▪ Transposição da fáscia lata (indicado para luxações mais graves, mas as chances de recidivas são mínimas). ▪ Pregueamento da fáscia lata (diminuir a cápsula articular); ▪ Osteotomias; Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 26 Sistema Musculoesquelético Hérnias • Definições importantes: o Hérnia: é a protrusão de um órgão ou uma parte dele através de um defeito na parede da cavidade anatômica na qual se situa o órgão; o Eventração: ruptura da parede abdominal por trauma (inclusive incisionais ou pós-cirúrgicas) com saída do conteúdo e permanecendo no espaço subcutâneo (sem contato com o meio externo). São consideradas falsas hérnias (adquiridas). o Evisceração: exposição de vísceras ao meio externo por ruptura da pele. Ocorre principalmente na região abdominal e é considerada mais grave. • Epidemiologia: o A hérnia congênita é causada por uma hipoplasia do músculo retoabdominal e aponeurose dos músculos abdominais oblíquos (umbilical). • Componentes: o Conteúdo herniário; o Anel herniário; o Saco herniário; • Local: o Diafragmática: considerada hérnia falsa; o Inguinal: mais em fêmeas; o Perianal: mais em machos, junto com a testicular e escrotal; o Umbilical: principal hérnia verdadeira; • Conteúdo: o Redutível: ao empurrar a hérnia para o interior, ela permanece. o Encarcerado: Há sangue presente no local e a hérnia fica presa no anel (não consegue empurrar para dentro), mas o tecido continua vivo. o Estrangulado: a quantidade de sangue está diminuída e o tempo até o tratamento pode levar à necrose. É considerada uma emergência médica! o Hérnias simplex ou múltiplas. • Causas: o Gestação; o Tumores; o Obesidade; o Enfraquecimento do diafragma pélvico; o Desequilíbrio hormonal (nas fêmeas, as hérnias inguinais ocorrem depois do cio); o Constipação (muita força para defecar pode romper o peritônio); o Traumas (hérnias falsas); • Fisiopatologia: o Depende do efeito da ocupação do espaço. Por exemplo, hérnia de omento tem bom prognóstico, enquanto hérnia de intestino o prognóstico é ruim. o Encarceramentos alteram a função pela obstrução dos órgãos acometidos. o O estrangulamento do conteúdo leva a bloqueio da circulação sanguínea (emergência). • Sinais clínicos: o Tumefação; o Redutibilidade do conteúdo (se é móvel); o Volume; o Outros sinais devido ao encarceramento dos órgãos comprometidos; • Diagnóstico: o Histórico clínico; o Palpação; o US; o Radiografia (mais indicado para hérnia diafragmática); o Diagnóstico diferencial: neoplasias, abcesso, hematomas; Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 27 • Tratamento: o Conservador: mais em filhotes, pois em muitos casos há o fechamento espontâneo até os seis meses de vida (umbilicais). Também indicada para pequenas hérnias redutíveis em adultos. o Cirúrgico: indicado para hérnias com aproximadamente a largura do intestino, hérnias que contenham órgãos abdominais, encarceradas ou estranguladas (emergência cirúrgica). ▪ Procedimento cirúrgico: • Retornar com o conteúdo viável para dentro da cavidade normal, checando sempre a viabilidade. • Garantir o fechamento do colo da hérnia para evitar recidiva. • Eliminar o tecido em excesso do saco herniário. • Tentar usar os tecidos do próprio paciente, se possível (hérnias traumáticas: diafragmática e eventrações). ▪ Complicações: • Complicações vasculares; • Lesões no nervo isquiático e pudendo (mais para hérnia perineal); • Incontinência fecal; • Infecção; • Deiscência da sutura; • Neuroplaxia do ciático (mais comum para hérnia inguinal); • Sutura do lúmen retal; • Prolapso de reto; • Recidivas; Nome Características Abdominal Ventral: umbilical Caudais: inguinal, escrotal, femoral Diafragmática Pleuroperitonial Traumática Pericárdica Peritoneopericárdica congênita Hiatal Segmento do estômago que entra no orifício hiatal Perineal É resultado do enfraquecimento e desunião dos músculos e fáscias musculares que compõem o diafragma pélvico, resultando em deslocamento caudal de órgãos situados na região abdominal ou pélvicos no períneo. • Tipos de hérnias: o H. paratocostal; o H. dorsal lateral; o H. inguinal; ▪ É considerada uma falsa hérnia, pois normalmente é adquirida, sendo a mais comum em cães, afetando frequentemente cadelas não castradas de meia-idade. Nesse tipo, os hormônios sexuais têm papel importante, pois eles alteram a resistência e característica do tecido conjuntivo, dilatando o anel inguinal. Normalmente ocorrem em cadelas na fase estral ou gestando. Quando congênitas, têm relação com as hérnias umbilicais, perineais e criptorquidismo. Contudo, desconhecem-se as hérnias inguinais de origem hereditária e também se recomenda castração. Os sinais clínicos incluem aumento de volume indolor, uni ou bilateral, com consistência macia e firme na região inguinal. Pode ser uma hérnia permanente ou hérnia transitória. ▪ O diagnóstico é feito com exame clínico e palpação da região, onde apresenta aumento de volume inguinal, de consistência macia e deslocada medialmente à mama inguinal. Pode ser feito um ultrassom para verificar o conteúdo e radiografia (em caso de suspeita de gestação ectópica). O diagnóstico diferencial inclui: neoplasia mamária, lipomas, linfadenomegalia, abcesso e hematoma. Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 28 ▪ O tratamento cirúrgico é melhor quanto mais precoce possível, com abordagem mediana, evitando a incisão do tecido mamário, permitindo a abordagem dos dois canais e facilitando a laparotomia. Realizar a técnica da herniorrafia tradicional e castração do paciente. O pós- operatório deve ter muito repouso, cuidados com a ferida e dieta em caso de ressecção e anastomose intestinal. O prognóstico é de bom a reservado, dependendo da presença de complicações. o H. pré-púbica; o H. femoral; ▪ Raríssima e sua ocorrência é semelhante à hérnia inguinal. Pode ter causa iatrogênica por pectinectomia. o H. umbilical; ▪ É uma hérnia congênita e de maioria hereditária, por isso, caso haja incidência desse problema, o animal não deve ser usado como matriz e deve ser castrado. Nesses animais, houve falha ou demora na fusão dos músculos abdominais e fáscia, sendo muito comum em pequenos animais (a de maior ocorrência). Deve ser diferenciado de onfalocele, que é um grande defeito umbilical na linha média e na pele, com conteúdoenvolto por membrana transparente de tecido amniótico, podendo facilmente romper. A recidiva da alteração é rara após o tratamento e porque em muitos casos há o fechamento até os seis meses de idade. o H. ventral; o H. escrotal; ▪ Normalmente é congênito e causado por um defeito no anel vaginal. Também pode ter origem traumática (adquirida). É raro e, quando ocorre, é em animais jovens e normalmente bilateral. O diagnóstico diferencial é orquite e neoplasia. o H. hiatal: ▪ É incomum em cães e rara em gatos. Há protrusão dos órgãos abdominais através do hiato esofágico, geralmente por deslizamento. Os sinais incluem hipersalivação, regurgitação, hematoêmese, êmese, disfagia, dispneia, ortopneia, e intolerância a exercícios. o H. Pleuroperitonial congênita: ▪ Há poucos casos relatados. O defeito no diafragma dorsolateral, com ou sem defeito no tendão central, não envolvendo o pericárdio. o H. peritocárdica congênita: ▪ Há poucos casos relatados. O defeito no diafragma dorsolateral, com ou sem defeito no tendão central, não envolvendo o pericárdio. o H. perineal: ▪ É a hérnia mais comum entre animais com 7 a 9 anos, comumente em machos. Causado por deterioração da função de sustentação do diafragma pélvico e fraqueza muscular. Os fatores predisponentes incluem: atrofia muscular ou miopatias, atrofia senil, atrofia neurogênica e fatores hormonais (efeito androgênico) associado a neoplasias testiculares, aumento prostático e outras condições que causem disquesia (prostatite/cistite, obstrução urinária, dilatação/divertículo retal e inflamação perianal). ▪ Sinais clínicos: • Aumento de volume perineal redutível; • Constipação, obstipação, tenesmo e disquesia; • Aumento geralmente ventrolateral ao ânus; • Estrangúria por aumento prostático ou retroflexão da bexiga; • Ocasionais: ulceração e inflamação da pele, incontinência fecal e urinária e alteração postural da cauda. Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 29 ▪ O conteúdo herniário pode ser: • Saculação ou flexura retal; • Próstata; • Líquido, tecido conjuntivo e gordura retroperitoneal; • Bexiga; • Jejuno; • Cisto prostático; ▪ Tratamento: • Conservador ou cirúrgico; • O tratamento conservador é realizado adjuvante à cirurgia, com uma dieta rica em fibra, laxativos e terapia hormonal, que visa reduzir a próstata (com castração e antiandrogênicos). • O tratamento cirúrgico requer procedimentos pré-operatórios importantes, como a cateterização urinária/cistocentese, fluidoterapia, radiografia (para verificar o trânsito intestinal), enema (12 a 18 h antes da cirurgia) e jejum de 24 h. ▪ Complicações: • Infecção cirúrgica; • Incontinência fecal (lesão do nervo pudendo); • Tenesmo; • Prolapso retal; • Disfunção urinária; • Paralisia do nervo ciático (com claudicação temporária ou permanente); • Recidiva da hérnia (erro da técnica ou fraqueza muscular); • Herniação contralateral; o H. diafragmática: ▪ Ocorre quando há perda da continuidade do diafragma, onde os órgãos abdominais conseguem migrar para a cavidade torácica devido à pressão negativa (-6 a -22 mmHg). Acomete cães e gatos e pode ter causa congênita por ausência de fusão das pregas diafragmáticas ou adquiridas por traumas (atropelamentos, quedas, traumatismos, chutes). É considerada hérnia falsa, pois tem apenas o conteúdo herniário e ausência de saco e anel herniário. ▪ As vísceras que podem estar presentes na hérnia diafragmática são: • Intestino Delgado; • Omento; • Fígado; • Estômago; • Baço; • Pâncreas; • Cólon (+++); • Útero (+++); ▪ Sinais clínicos: • Dispneia, intolerância ao exercício, anorexia, depressão, vômito, diarreia e perda de peso. ▪ Tratamento: • O tratamento cirúrgico é feito com os animais estabilizados. • A herniação gástrica é considerada uma emergência. Devem ser usados fármacos com depressão respiratória mínima e inalatória, de preferência. As abordagens cirúrgicas devem ser feitas na linha média (identificar a hérnia na radiografia) e duas técnicas podem ser escolhidas: a esternotomia, sendo usada em casos muito graves e urgentes e onde as outras técnicas são impossíveis já que é uma cirurgia muito agressiva ou a toracotomia intercostal no EIC 8° e 9°. • A escolha da técnica depende da capacidade de localização da hérnia na radiografia, da cronicidade e de aderências nas estruturas envolvidas. Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 30 Sistema Digestório Doenças Cirúrgicas da Boca e Glândulas Salivares Mucocele salivar • É o acúmulo de saliva que se deposita em local ectópico. • Afeta principalmente a glândula sublingual, podendo ser poliostomática ou monostomática; essa glândula tem maior predisposição porque tem maior número de orifícios de saída salivar. • É importante ressaltar que a mucocele salivar não é um cisto. • Locais de acometimento: o Mucocele cervical (área mais afetada), localizada na área intermandibular, cervical cranial. o Mucocele sublingual (rânula), fica no assoalho da boca. o Mucocele faringeal, adjacente à faringe. o Mucocele zigomática, ventral ao globo ocular • As causas ainda são desconhecidas, mas acredita-se que seja por traumas, corpos estranhos e sialólitos; • Diagnóstico: o Predisposição racial (Poodle e Pastor Alemão); o História: depende da localização: ▪ Mucocele cervical: os pacientes são assintomáticos e o volume de saliva cresce gradualmente e tem consistência flutuante e indolor. ▪ Mucocele sublingual ou rânula: sangramento oral e dificuldade de apreensão. ▪ Mucocele faringeal: dificuldade respiratória e disfagia. ▪ Mucocele zigomática: exoftalmia e estrabismo divergente. o No exame físico, nota-se aumento de volume flutuante e indolor. • Diagnóstico diferencial: o Neoplasia; o Abcesso; o Hematoma; o Sialoadenite; • Tratamento: o Muitas vezes são feitas repetidas drenagens, cauterização química ou administração de agentes inflamatórios que complicam a cirurgia. Por isso, não é recomendado nenhuma intervenção de rotina que não a cirúrgica. o A cirurgia consiste na excisão da glândula e do seu ducto ou, quando rânula, na marsupialização, método onde se faz uma incisão na glândula de modo que a saliva vá para cavidade oral. • Possíveis complicações: o Seroma pelo espaço morto; o Infecção pela quebra de assepsia; o Recorrência pela remoção inadequada; Excisão da glândula. Marsupialização. Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 31 Odontologia de Pequenos Animais • Fórmula dentária: o Cão: ▪ Decíduos: 2 (I 3/3; C 1/1; P 3/3) = 28 ▪ Permanentes: 2 (3/3; C1:1; P 4/4; M 2/3) = 42 o Gato: ▪ Decíduos: 2 (I 3/3; C 1/1; P 3/2) = 26 ▪ Permanentes: 2 (I 3/3; C 1/1; P 3/2; M 1/1) = 30 • Tempo de erupção dos dentes tem a ver com a idade e tipo de dentição: Dentes Decíduos (semanas) Permanentes (meses) Cão Gato Cão Gato Incisivos 3 a 4 2 a 3 3 a 5 3 a 4 Caninos 3 3 a 4 4 a 6 4 a 5 Pré-molares 4 a 12 3 a 6 4 a 6 4 a 6 Molares - - 5 a 7 4 a 5 • É importante saber quantas raízes (uma, duas ou três) tem o dente que será extraído, pois isso implicará em maior ou menor cuidado e tempo. Assim como a anatomia, pois cada tratamento é realizado em uma parte do dente ou adjacências, por exemplo, o tratamento de canal é realizado na polpa dentária. Doença Periodontal • Definições: o Doença periodontal: conjunto de condições inflamatórias de caráter crônico e de origem bacteriana, que começa afetando o tecido gengival e pode levar, com o tempo, à perda dos tecidos de suporte dos dentes. o Periodontite: inflamação do ligamento periodontal, osso alveolar, gengiva e cemento. Há reabsorção,afrouxamento dessas estruturas e exposição da raiz do dente. Pode se tornar um problema irreversível, por isso é necessário interromper a progressão da doença assim que aparecem os primeiros sinais. • Estágios: o 1º. sinal → gengivite: ▪ É a inflamação da gengiva que envolve o dente. ▪ Se tratado, pode não evoluir para sinais mais graves. ▪ O tratamento pode ser feito em casa com limpeza da área. ▪ Aparece como uma área avermelhada adjacente ao (s) dente (s) afetado. Na manipulação ou escovação da área pode ocorrer sangramentos leves. o 2º. sinal → placa bacteriana: ▪ Forma-se em 24 h. ▪ Quando não tratado (com limpeza e profilaxia), pode evoluir para tártaro. o 3º sinal → tártaro: ▪ É a calcificação da placa bacteriana. ▪ O tártaro só é retirado pelo dentista, não adianta escovação. ▪ Placas escuras no dente afetado. ▪ Quanto mais calcificado e grande, mais difícil a remoção e maiores as chances de evoluir para periodontite. Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 32 • Fatores predisponentes: o Idade: quanto maior a idade, maiores os riscos de doença periodontal. o Raça: maior acometimento das raças de pequeno porte e um dos motivos é porque são raças com problemas de dentes supranumerários mais que os de grande porte. o Tipo de alimentação: alimentos muito moles, especialmente para cães, são prejudiciais. Então quanto mais rígido o alimento, menos as chances de doença periodontal. o Fatores individuais: saliva com pH alcalino proporciona maiores riscos, sendo o quarto pré-molar superior o mais afetado. o Permanência dos dentes decíduos: maior acúmulo de alimento e placa bacteriana. o Presença de dentes supranumerários. o Má oclusão (alteração de posição do dente). o Cinomose: hipoplasia do esmalte dentário. • Sinais clínicos: o Halitose, causado pelo metabolismo bacteriano e, dependendo do grau da doença, por necrose tissular. o Disfagia; o Anorexia, aparecendo mais em gatos e incomum em cães; o Sialorreia; o Sangramento bucal; o Úlceras na mucosa oral; o Abcesso periapical e fístulas (animal com fístula infraorbital que não se soluciona); o Retração gengival; o Corrimento nasal purulento (fístula oronasal); o Relutância ao toque/dor; o Emagrecimento progressivo; Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 33 • Diagnóstico: o Inspeção visual; o Radiografia intra-oral; o Sondagem periodontal: ▪ Normal: ± 2 mm; ▪ Doença periodontal: > 3mm; ▪ Na sondagem periodontal usa-se uma sonda periodontal (há vários tipos) que possui marcações com milimetragens definidas. Coloca- se a sonda no sulco da gengiva e percorre-se todo o entorno do dente e observa-se a profundidade da sonda (que pode ser diferente em diferentes partes do entorno dental) no sulco. Quanto mais profundo, mais grave o prognóstico. • Periodontite inicial: gengivite + tártaro = ambas reversíveis • Periodontite severa: grande acometimento da infecção. Irreversível, o prognóstico é a extração dentária. • Tratamento: o Remoção do cálculo supra e subgengival; o Irrigação com clorexidine 0,2%; o Revisão subgengival com jato de ar; o Polimento; o Lavagem das superfícies; o Secagem; • Profilaxia bacteriana: o Para animais que estão com doenças sistêmicas, como animais com problemas cardíacos; o Animais que estão fazendo uso de corticoides ou quimioterápicos; o Apenas usar antibióticos sistêmicos se realmente for necessário: ▪ Amoxicilina/clavulanato; ▪ Clindamicina; ▪ Metronidazol; ▪ Espiramicina; • Prevenção: o Exame odontológico periódico a cada 6 meses; o Escovação dentária; o Manejo dietético, oferecer alimentos de consistência firme e brinquedos rígidos, como tiras de couro; o Administração de inibidores de placa, normalmente cobrindo biscoitos (hexametafosfato 0,6% a 1,8%); Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 34 Exodontia • Indicações: o Doença periodontal, perda óssea e mobilidade; o Fratura dentária com exposição do canal (fraturas patológicas), comprometimento da coroa e da raiz; o Dentes decíduos que permaneceram depois do tempo; o Má oclusão de dentes supranumerários ou deslocados; o Dentes na linha de fratura; • Materiais necessários: o Sindesmótomo: desinserção da gengiva ao redor do dente; o Alavanca ou elevador apical: luxar o dente do alvéolo; o Fórceps: luxar o dente e removê-lo do alvéolo (o fórceps realmente extrai o dente); o Curetas: remover o tecido desvitalizado (serve para dividir o dente em várias partes quando esse possui mais de uma raiz); o Instrumental para odontosecção: motor e broca, cizel e martelo; o Instrumental para síntese; • Complicações: o Fratura de raiz; o Hemorragias; o Fraturas de mandíbula e maxilar (iatrogenia); o Fístulas oronasais; o Deiscência de sutura; o Anormalidades funcionais (incapacidade mastigatória); o Repercussões sistêmicas (endocardite, osteomielite, artrite); Apostilas da Vet Danny Elis (051) 993328868 @apostilasvet_danny_elis MEDICINA DE CÃES E GATOS DANNY ELIS SIMIONI 35 Doenças Cirúrgicas do Esôfago • O esôfago é um órgão oco que une a faringe ao estômago, com função de transporte de alimento e água. • Histologicamente, o esôfago possui 4 camadas: mucosa, submucosa, muscular e adventícia. O esôfago não tem serosa, portanto o processo cicatricial é mais complicado nessa região. • Esse órgão é caracterizado por baixo suprimento sanguíneo, movimentos peristálticos constantes e dificuldade de omentalização. Corpo Estranho Esofágico • É mais frequente em cães pelo seu comportamento menos seletivo na alimentação do que em gatos. • É uma emergência médica e os CE mais comuns são os ossos, especialmente aos pacientes de porte pequeno, por apresentarem esôfago com menor diâmetro e para gatos os mais comuns são os lineares (fios, agulhas, etc.). • Os locais de obstrução são a entrada do tórax, base do coração e junção gastroesofágica, sendo na entrada do tórax 90% dos casos. • Diagnóstico: o Anamnese; o Sinais clínicos: ▪ Regurgitação; ▪ Sialorreia; ▪ Anorexia; ▪ Disfagia; ▪ Tosse; o Exames complementares: ▪ Radiografia: • Podem se apresentar como radiodensos ou radioluscentes. • Pode-se usar contraste para auxiliar no exame, como os iodados (os não-iônicos são mais seguros em caso de aspiração acidental) e o de bário. ▪ Endoscopia: • Dependendo do tamanho do CE, ele pode ser retirado na endoscopia, além de identificar melhor CE menos radiopacos. • Diagnóstico diferencial: neoplasias (menos de 0,5%), estenose e intussuscepção gastroesofágica. • Tratamento: o O CE pode ser tratado de duas formas: o método fechado (anestesia geral + remoção com pinça) e método aberto (esofagostomia e gastrotomia). o A sutura esofágica é realizada com Vycrl (absorvível) 4-0 e deve suturar todas as camadas (até a submucosa). Em caso de incisão muito ampla, opta-se pela colocação de uma membrana/enxerto (propileno) para auxiliar na cicatrização. Há uma técnica de enxerto importante com centro-frênico diafragmático preservado de vários animais e que pode ser usado entre as espécies. o Outros enxertos usados: ▪ Pericárdio; ▪ Flapes musculares; ▪ Segmentos intestinais; ▪ Prótese de silicone; ▪ Implante de propileno; o Cuidados pós-operatórios: ▪ Jejum durante 24 a 48 h; ▪ Alimentação por sonda por 5-7 dias, pode ser por faringostomia (técnica mais prática, pela região cervical), sonda gástrica ou nasogástica. ▪ 7 a 15 dias de alimentação pastosa; ▪ Considerar as necessidades hídrica (80 mL/kg) e calórica (70 kcal/kg/dia); ▪ Antibioticoterapia durante 7 a 10 dias; ▪ Tratar esofagite com sucralfato, via oral, 3x/dia/7 dias; ▪ Analgesia com flunixin meglumine 1.1 mg/kg,
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