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Fisiopatologia das Doenças Infecciosas das Vias Aéreas Superiores da Infância

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1 Fábio Duarte Carneiro Filho – Medicina P3 
Fisiopatologia das doenças infecciosas 
das vias aéreas superiores da infância 
 
Resfriado comum 
 É a desordem infecciosa mais comum na infância. 
Consiste em uma inflamação da mucosa nasal, 
faríngea e dos seios paranasais. O resfriado comum 
predispõe a criança a complicações bacterianas, como 
a otite média aguda e a sinusite bacteriana. 
 
 RESFRIADO X GRIPE 
São diferentes!!! A gripe é uma doença sistêmica 
causada pelo vírus influenza, caracterizada 
clinicamente por febre alta, mialgias e prostração. No 
resfriado, os sinais e sintomas se restringem às vias 
aéreas superiores. 
 
 
Etiologia 
Crianças têm muito mais resfriados que adultos; elas 
podem ter até 12 episódios de resfriados por ano, 
principalmente quando estão inseridas em um 
contexto de alto risco: creche, irmão mais velho que 
frequenta escola, pais fumantes). A incidência dessas 
doenças declina após três anos de vida. 
Os agentes etiológicos variam de acordo com a 
estação do ano, por exemplo: 
 Rinovírus - início do outono e final da primavera, 
principal agente causador de resfriado comum! 
 Influenza e o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) – 
inverno 
 Parainfluenza – final do outono 
 Cocksackievírus – verão 
Existem diversos outros vírus que causam o resfriado 
comum: 
 Coronavírus 
 Metapneumovírus 
 Adenovírus 
 Enterovírus 
Vale a pena lembrar: 
 As crianças são os principais reservatórios 
desses vírus, os adquirindo em creches etc. e 
geralmente propagam para adultos. 
 A principal forma de transmissão desses vírus 
(principalmente rinovírus e VSR) é o conato direto!!! 
Pessoa leva a mão contaminada para nariz/boca. Pode 
até parecer que é pela via indireta (gotículas no ar) 
mas não. 
A infecção por rinovírus e adenovírus confere 
memória imunológica sorotipo-específica, mas como 
existem diversos sorotipos a criança ainda terá 
resfriado outras vezes. 
O vírus influenza faz muita mutação, então a 
imunidade contra ele é deveras passageira. 
A infecção por parainfluenza e VSR não conferem 
imunidade duradoura. 
Manifestações clínicas 
O período de incubação costuma ser de um a três 
dias. 
 Inicia-se com a garganta “arranhando”, de duração 
máxima de três dias, 
 Evolui com espirros, obstrução nasal e rinorreia. 
A obstrução nasal e a rinorreia estão sempre 
presentes! 
A coriza/rinorreia incialmente é clara, mas pode se 
tornar purulenta nos últimos dias, devido a 
descamação das células. 
VSR, adenovírus e 
influenza 
Pode cursar febre 
Pode cursar mialgia, 
 
A otite média aguda é a principal complicação 
bacteriana do resfriado comum. 
Tratamento 
O tratamento é voltado para os sintomas 
apresentados, por exemplo: febre acima de 38C 
utiliza-se um antitérmico. 
Otite média aguda 
 É uma das doenças mais frequentes das crianças, 
tendo a maior prevalência entre os dois primeiros 
anos de vida e, além disso, o índice de reincidência é 
de 50%. 
 
2 Fábio Duarte Carneiro Filho – Medicina P3 
Os principais fatores de risco para OMA são: 
 Idade: crianças menores de 2 anos possuem 
maior risco, devido a 3 fatores = imaturidade 
do sistema imune, a anatomia da tuba 
auditiva que é mais curta) e a hipertrofia das 
tonsilas (dificultando o fluxo de saída da 
orelha média). 
 Sexo: meninos são um pouco mais afetados 
do que meninas. 
 Etnia: discutível, porém alguns estudos 
indicam prevalência em brancos. 
 Perfil socioeconômico: pobreza é um fator de 
risco, devido as aglomerações, higiene 
inadequada e menor assistência de saúde. 
 Aleitamento artificial: aleitamento materno 
comprovadamente reduz a incidência de 
OMA. 
 Tabagismo passivo 
 Exposição a outras crianças 
 Anomalias congênitas 
Etiologia 
Os agentes etiológicos geralmente identificados na 
OTA são: 
 S. pneumoniae (mais comum) 
 H. influenzae (segundo mais comum) 
 Moraxella catarrhalis (incomum) 
Em lactantes jovens outras bactérias podem causar 
OTA, tais como: 
 Streptococcus do grupo A 
 Staphylococcus aureus 
Patogenese 
A infecção estimula a produção de muco no local, 
tornando a orelha média um ambiente excelente para 
presença de patógenos, o que causa uma reação 
inflamatória local. O acúmulo de pus funciona como 
um “abcesso”, provocando um abaulamento da 
membrana timpânica, que cursa com otalgia (dor). Se 
a OTA não for tratada, ao decorrer dos dias haverá a 
otorreia. 
Fatores associados a OTA 
 Resfriado comum; 
 Hipertrofia da adenoide. 
Manifestações clinicas 
Em maiores d dois anos, os sintomas mais comuns 
são: otalgia, febre, astenia, inapetência e hipoacusia 
flutuante. 
Em crianças menores de dois anos os sintomas mais 
comuns são: sinais indiretos de otalgia (como levar a 
mão ao ouvido), febre, sintomas gastrointestinais 
(anorexia, vômitos e náuseas), as vezes pode ter 
otorreia 1/3 dos casos. Um dado importante na HDA é 
a pesquisa por episódio de resfriado anterior a queixa 
de OTA. 
Tratamento 
As indicações para o início do uso de antibióticos são: 
 Presença de otorreia; 
 Presença de sinais de gravidade; 
 OMA bilateral em <2 anos 
Amoxicilina; amoxicilina + clavulonato; ceftriaxona. 
Complicações 
 Perfuração timpânica 
 Efusão persistente: presença de líquido 
 Cronificação: persistência dos sintomas 
 Mastoidite: inflamação do osso mastoide, 
localizado atrás da orelha 
 Infecção do SNC: existe um pequeno risco de 
meningite 
Sinusite 
Idealmente, deve-se utilizar o termo rinossinusite. A 
rinossinusite é classificada como: 
 Viral autolimitada; 
 Bacteriana aguda: duração < 4 semanas; 
 
3 Fábio Duarte Carneiro Filho – Medicina P3 
 Bacteriana subaguda: entre 4-12 semanas; 
 Crõnica: >12 semanas. 
Etiologia 
A secreção caminha dos seios paranasais através dos 
óstios para os meatos (cornetos) nasais. A causa mais 
comum de rinossinusite é a obstrução desses óstios 
pela infecção viral (gera edema e inflamação), 
havendo o acumulo dessas secreções nos seios 
paranasais, o que permite a proliferação bacteriana. 
Os principais fatores de risco para uma sinusite 
bacteriana são: 
 Resfriado comum (1 lugar); 
 Rinite alérgica (2 lugar); 
 Fumante passivo (pais fumantes); 
 Anormalidades anatômicas (desvio de septo, 
etc.); 
 Disfunção ciliar (fibrose cística); 
 Imunodeficiência humoral (anticorpos); 
 Refluxo gastroesofágico; 
 Imunossupressão; 
 Tubos e sondas nasotraqueais. 
 
Manifestações clínicas 
As manifestações mais comuns na criança <5 anos 
são: tosse e secreção nasal, “resfriado que demora a 
passar”. Também pode haver descarga nasal 
purulenta e febre alta por mais de 3 dias consecutivos. 
Por ser muito parecido com infecções virais, cabe 
salientar que quando bacteriana, o quadro torna-se 
arrastado, enquanto viral tem resolução em até 10 
dias. 
 
Faringoamigdalites virais e 
bacterianas 
Em geral, temos 75% de prevalência de agentes virais 
e 25% bacterianos. 
Manifestações clínicas 
Divide-se de acordo com seu aspecto clínico: 
 Eritematosas. 
Principal etiologia é viral. 
 Eritematopultáceas. 
Hiperemia e edema associados a um exsudato 
amarelado. Destaca-se a faringite 
estreptocócica e por EBVírus. 
 Pseudomembranosas. Placas esbranquiçadas 
aderidas ao tecido amigdaliano. 
Faringites virais 
Associada ao resfriado comum: normalmente a 
criança não apresenta dor intensa, apenas queixa-se 
de “garganta arranhando”. 
Adenovírus: 
a faringite por adenovírus normalmente é mais 
intensa, cursando com mialgia, cefaleia, calafrios e 
febre de mais de 38,3 graus que persiste por 5-6 dias. 
Um achado muito importante relacionado ao 
adenovírus é a conjuntivite. 
Coxsackie A: 
é uma forma incomum de faringite: herpangina. No 
exame físico, notam-se pequenas vesículas (1-2mm) 
localizadas em palato mole, úvula e pilares 
amigdalianos anteriores.Epstein Barr: 
dor de garganta ocasionada por uma amigdalite 
exsudativa. Febre, linfadenopatia cervical e 
esplenomegalia sugerem essa infecção. 
Faringite estreptocócica 
Se inicia com queixas pouco específicas como cefaleia, 
dor abdominal e mal-estar. Os sintomas apresentados 
na viral também surgem aqui, então o achado clínico 
de maior importância para diagnosticar é a presença 
de hiperemia das amígdalas, acompanhada ou não de 
exsudato, associada a petéquias no palato mole. 
 
4 Fábio Duarte Carneiro Filho – Medicina P3 
Epiglotite e laringite 
Ambas têm em comum os sintomas de estridor 
inspiratório e graus variados de dispneia. São 
causadas pela obstrução inflamatória aguda das vias 
aéreas superiores. 
Epiglotite 
Por conta da vacinação contra o H. influenzae b em 
criança, a epiglotite tem sumido muito. 
Seu curso é fulminante, com febre alta dor de 
garganta, sialorreia, dispneia, obstrução respiratória e 
prostração. O exame padrão-ouro é a laringoscopia! 
Utilizar um abaixador de língua pode ser fatal, pois 
pode levar a um laringoespasmo reflexo, levando a 
parada cardíaca. A posição supina (decúbito dorsal) 
deve ser evitada também, pois a gravidade pode 
alterar a posição da epiglote e dificultar a respiração. 
Laringotraqueíte viral 
É a forma mais comum de obstrução de vias aéreas 
superiores, geralmente de origem viral. No início, há 
apenas tosse ladrante ou metálica com estridor 
inspiratório leve. À medida que a obstrução aumenta, 
o estridor torna-se contínuo e é acompanhado de 
piora na tosse, rouquidão, batimento de asas do nariz 
e retrações cotais. Os sintomas são piores a noite, 
geralmente.

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