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UNIVERSIDADE DE UBERABA FARMÁCIA QUÍMICA ANALÍTICA INSTRUMENTAL PROF. MSc. NATAL JUNIO PIRES 5ª. Edição ‐ Revista e Ampliada ALUNO: __________________________________________ RA: _______________ ANO/SEMESTRE: 2008/1 UBERABA ‐ MG Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 2 EXPERIMENTO 1 Obtenção do espectro de absorção do ácido o‐salicílico com Fe3+ para determinação de ácido o‐acetilsalicílico (AAS) O ácido acetil‐o‐salicílico pode ser seletivamente determinado em formulações farmacêuticas fazendo‐se a complexação de seu produto de hidrólise, ácido o‐salicílico, com Fe3+. Outros constituintes de analgésicos tais como paracetamol, cafeína e fenacetina não reagem e, portanto, não apresentam interferência. O OH O H3C O Hidrólise ácida OH OH O CH3 O HO+ Ácido o-acetilsalicílico M = 180 g/mol Ácido Salicílico OH OH O + Fe3+ O OH O H Fe3+ 3 3 Ácido Salicílico ou ácido 2-hidróxibenzóico M = 138 g/mol Complexo Violeta M = 469,9 g/mol A estratégia de transformar um composto que se apresenta incolor em solução em uma substância que absorve no visível é muito comum no campo de análises. Para prever aproximadamente o comprimento de onda de máxima absorção para o composto acima podemos utilizar a tabela de cores complementares representada a seguir: Tabela 1 – Cores da luz visível Comprimento de onda de máxima absorção (nm) Cor absorvida Cor observada 380‐420 Violeta Verde‐amarelo 420‐440 Violeta‐azul Amarelo 440‐470 Azul Laranja 470‐500 Azul‐verde Vermelho 500‐520 Verde Púrpura 520‐550 Amarelo‐verde Violeta 550‐580 Amarelo Violeta‐azul 580‐620 Laranja Azul 620‐680 Vermelho Azul‐verde 680‐780 Púrpura Verde Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 3 Preparo das soluções padrão Preparação do branco de referência transferir para um balão volumétrico de 50,0 mL uma alíquota de 20,00 mL de solução de H2SO4 diluído1. A seguir adicione 2,00 mL de solução 0,6 mol/L de FeCl3 em H2SO4 1,3 mol/L. Completar o volume do balão com água deionizada. Preparação da solução de Fe(Sal)3 transferir para um balão volumétrico de 50,0 mL uma alíquota de 20,00 mL de solução de H2SO4 diluído. A seguir adicione 2,00 mL de solução 0,6 mol/L de FeCl3 em H2SO4 1,3 mol/L, seguido de 1,00 mL da solução de salicilato de sódio 4,6 g/L. Completar o volume do balão com água deionizada. Obtenção do espectro de absorção do complexo Fe(Sal)3 Utilizar primeiramente a solução em branco e fazer as medidas de absorbância para o branco na faixa de 400 a 685 nm em intervalos de 15 nm. Para isto enche‐se uma cubeta com esta solução e procede‐se às leituras de absorbância para cada comprimento de onda conforme explicado pelo professor. Depois de realizadas todas as leituras, repetir o processo para a solução de Fe(Sal)3 preparada anteriormente. Registre os valores de absorbância na tabela a seguir e obtenha o gráfico de absorbância em função do comprimento onda (nm). Tabela 2 – Medidas de absorbância para o branco e Complexo na análise de AAS. λ (nm) Abs Branco Abs Complexo λ (nm) Abs Branco Abs Complexo 400 550 415 565 430 580 445 595 460 610 475 625 490 640 505 655 520 670 535 685 Questões 1) Qual a finalidade de se obter o comprimento de onda de máxima absorção numa análise de um fármaco? 2) Pesquise pelo menos 5 nomes comerciais de medicamentos que contenham ácido acetilsalicílico em sua formulação. 3) Qual tipo de reação (nome) o ácido acetilsalicílico pode sofrer ao decorrer do tempo que resultará na perda do padrão de qualidade desta matéria‐prima? 1 H2SO4 dil.: 15 mL de H2SO4 conc + H2O deionizada q.s.p. 1 L Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 4 EXPERIMENTO 2 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ÁCIDO O‐ACETILSALICÍLICO (AAS) EM UMA AMOSTRA ATRAVÉS DA TÉCNICA DE ESPECTROFOTOMETRIA NO UV/VISÍVEL O controle de qualidade é uma das etapas mais importantes dentro de uma indústria farmacêutica. É esta etapa que irá garantir a qualidade do produto que será liberado para consumo. Uma das matérias‐primas mais conhecidas na indústria farmacêutica é o ácido acetilsalicílico, que é utilizado como principio ativo na formulação de vários de medicamentos, sendo a aspirina® o mais conhecido deles. O AAS foi desenvolvido na Alemanha há mais de cem anos por Felix Hoffmann, um pesquisador das indústrias Bayer. Este fármaco de estrutura relativamente simples atua no corpo humano como um poderoso analgésico (alivia a dor), antipirético (reduz a febre) e antiinflamatório. Tem sido empregado também na prevenção de problemas cardiovasculares, devido à sua ação vasodilatadora. Neste experimento iremos realizar a determinação de AAS em uma formulação farmacêutica, através da sua hidrólise em meio básico, conforme esquema abaixo: O OH O O CH3 + 3 OH‐ O O‐ O‐ OH3C O‐ + 2 H2O+ O O‐ O‐ + Fe3+ O O O Fe 3 3‐ Complexo Violeta Amarelo Pálido Ácido Acetilsalicílico Calor Diânion Salicilato Incolor Diânion Salicilato Incolor ânion acetato Procedimento Parte 1: Preparando os padrões Solução de Fe3+ 0,025 mol/L. 1. Adicione 6,8 g de FeCl3.6H2O em um béquer de 250 mL contendo 100 mL de água deionizada. Adicione 3 mL de HCl e 12,0 g de KCl. 2. Dissolva e dilua com água em um balão volumétrico de 1 L. Complete com água destilada até a marca. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 5 Solução padrão de salicilato a partir de ácido acetilsalicílico. 1. Em uma balança semi‐analítica, pese uma massa de 400 mg de ácido de acetilsalicílico P.A. e transfira‐a para um erlenmeyer de 125 mL. Acrescente 10 mL de uma solução de NaOH 1 mol/L, e aqueça até a fervura. Deixar em ebulição por 5 minutos, tomando cuidado para não perder material. Resfrie a solução. 2. Transfira quantitativamente a solução para um balão volumétrico de 250 mL, e dilua com água destilada à marca. 3. Pipete uma alíquota de 0,5 mL desta solução padrão para um balão volumétrico de 50,0 mL. Dilua à marca com uma solução de Fe(III) 0,02 mol/L. Esta é a solução A. 4. Prepare soluções semelhantes transferindo alíquotas de 1,0; 1,5 e 2,0 mL do padrão de aspirina para 4 balões volumétricos de 50,0 mL, e complete‐os com solução de Fe(III) 0,02 mol/L até a marca. Etiquete estes com as letras ʺB, C e D, respectivamente. Parte II: Preparo da solução amostra a partir de um tablete de aspirina. 1. Pese 500 mg de aspirina (amostra) (fornecida pelo professor) em um frasco de erlenmeyer de 125 mL. Acrescente 10,0 mL de uma solução de NaOH 1 mol/L ao frasco, e aqueça até à ebulição. Deixar em ebulição por 5 minutos, tomando cuidado para não perder material. Resfrie‐a. 2. Transfira quantitativamente a solução para um balão volumétrico de 250 mL, e dilua com água destilada até a marca. 3. Pipete uma alíquota de 1,0 mL desta solução para um balão volumétrico de 50 mL. Dilua até a marca com uma solução de Fe(III) 0,02 mol/L. Esta é a solução amostra. Medidas Zere o espectrofotômetro com uma solução de Fe3+. Apertar o botão calibra. Meça a absorbância de cada uma das soluções, tomando os cuidados necessários (limpeza, ambiente, etc.). Tabela 1 – Resultados de absorbância versus concentração para construção de curva analítica de calibração. Solução Concentração (mg/L) Absorbância Branco 0,00 0,000 A 16,00 B 32,00 C 48,00 D 64,00 Amostra Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental– Prof. Natal Junio Pires 6 Questões 1) Traçar o gráfico da curva analítica, colocando os valores de absorbância em ordenadas e as correspondentes concentrações de complexo (mol L‐1 ou g L‐1) nas abscissas. Estimar a partir do coeficiente angular da reta a absortividade molar do complexo (εcomplexo). 2) Calcular o teor de ácido acetilsalicílico na amostra analisada expressando o resultado em % m/m. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 7 EXPERIMENTO 3 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE PARACETAMOL (ACETAMINOFENO) EM UMA AMOSTRA ATRAVÉS DA TÉCNICA DE ESPECTROFOTOMETRIA NO UV Paracetamol é um analgésico‐antipirético pertencente à classe dos derivados do p‐aminofenol, introduzido no século passado como resultado de pesquisas destinadas a substitutos para acetanilida. Embora possuam propriedades analgésico‐antipiréticas, a fenacetina e a acetanilida dão origem à metemoglobina (hemoglobina incapaz de transportar oxigênio), devido à formação de um precursor da anilina. Tanto a acetanilida quanto a fenacetina são metabolizadas a paracetamol, a substância ativa. Outros fármacos dessa classe são a anidoxina, butacetina, etoxazena, fenacetinol, parapropanol e parsalmida. O paracetamol é obtido por acetilação do p‐aminofenol com ácido acético glacial e anidrido acético. Esse fármaco se apresenta como um pó branco, inodoro e ligeiramente hidrossolúvel e as suas atividades analgésicas e antipiréticas são similares às da acetanilida e fenacetina, da qual é metabólito. O paracetamol não tem atividade antiinflamatória, mas ainda assim é provavelmente o antipiréticoanalgésico de segunda escolha, sobretudo para pacientes alérgicos ao ácido acetilsalicílico ou que sofram de úlceras pépticas. Neste experimento iremos determinar o teor de paracetamol em uma amostra. A determinação deste fármaco será realizada na região do ultravioleta (UV), mais especificamente em 244 nm, comprimento de onda no qual o paracetamol apresenta a maior absortividade molar. Isto decorre do fato de que este composto é incolor, não apresentando assim absorção na região do visível. O N HO H Paracetamol (Acetaminofeno) C8H9NO2 Massa molar: 151,16 g/mol Figura 1 – Fórmula estrutural do paracetamol As leituras de absorbância deverão ser realizadas no comprimento de onda (λmáx = 244 nm). Neste experimento será realizada a leitura de absorbância de uma solução padrão de paracetamol (solução cuja concentração é “exatamente” conhecida), solução amostra (concentração desconhecida), além de uma solução branco. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 8 Parte Experimental Preparo do branco nesta determinação usar água destilada como branco. Preparo da solução padrão pesar com exatidão 0,0120 g de paracetamol e dissolva este em 1 mL de metanol em um balão volumétrico de 1 L. Complete o mesmo com água destilada até a marca. Reserve esta solução para medida de absorbância. Preparo da amostra Dissolva cerca de 0,1200 g da amostra, cuidadosamente pesados em 10 mL de metanol em um balão volumétrico de 500 mL e dilua com água até a marca. Transfira 5,00 mL desta solução para um balão volumétrico de 100,0 mL e dilua com água até a marca. Reserve esta solução para se fazer a medida de absorbância. Realização das medidas Medir a absorbância no comprimento de onda λmáx = 244 nm (comprimento de máxima absorção para o paracetamol), utilizando uma cubeta com caminho óptico de 1 cm, zerando o espectrofotômetro com o branco (H2O). Tabela 1 – Resultados experimentais dos valores de absorbância. Absorbância Padrão Amostra Tratamento dos dados Calcule a quantidade em mg de paracetamol (C8H9NO2) na amostra na amostra pela fórmula ⎟ ⎟ ⎠ ⎞ ⎜ ⎜ ⎝ ⎛ p d A AC10 , na qual C é a concentração da solução padrão em μg por mL, e Ad e Ap as absorbâncias das soluções amostra e padrão, respectivamente. Em seguida calcule o teor (%) de paracetamol na amostra. Teor de paracetamol encontrado: _________%. Questões 1) Por que a determinação do paracetamol não pode ser realizada no visível? 2) O paracetamol pode sofrer hidrólise? Justifique com equações químicas. 3) Uma das recomendações para conservação do paracetamol é que ele seja acondicionado em frascos opacos (evita exposição do medicamento à luz). Pesquise sobre a finalidade de se armazenar medicamentos em frascos desta natureza. 4) Deduza a expressão geral fornecida para o cálculo da massa de paracetamol na amostra. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 9 EXPERIMENTO 4 DETERMINAÇÃO DE FERRO EM MEDICAMENTO PELO MÉTODO DE ADIÇÃO DE PADRÃO A indústria farmacêutica brasileira disponibiliza no mercado uma série de medicamentos contendo sulfato ferroso (FeSO4) para diversos tipos de tratamentos: anemia ferropriva, pós‐operatórios, mulheres em idade fértil, gravidez, etc. As formulações farmacêuticas disponíveis são: solução oral, xaropes, drágeas, complexos vitamínicos. O ferro II (Fe2+) é um mineral essencial ao organismo e indispensável à constituição da hemoglobina, mioglobina e enzimas, tais como xantino‐oxidase, citocromo oxidase e outras. É facilmente assimilável e, em quantidade suficiente, corrige a anemia ferropriva e restabelece os índices normais de armazenamento de ferro corporal A biodisponibilidade de sulfato ferroso e férrico (Fe3+) é bastante variável dependendo da forma farmacêutica, do estado de oxidação e da solubilidade do ferro na presença de substâncias quelantes ou oxidantes na dieta. Frente ao pH ácido do estômago, os dois tipos são solúveis; à medida que aumenta o pH no duodeno, o sal férrico tende a formar hidróxidos férricos insolúveis. A adição de agentes oxidantes, como o ácido ascórbico, garante que o ferro esteja na forma reduzida, ainda solúvel em pH neutro. Desta forma, a absorção do Fe2+ no intestino deverá ser isenta de Fe3+, o que normalmente causa efeitos colaterais, como enjôos e coloração escura nas fezes. A oxidação do Fe2+ à Fe3+ ocorre através de diversos fatores como incidência de luz, umidade, calor, pH, diminuindo, assim, o teor recomendado da dose administrada. Em 2000, Paschoal e Tessarolo, publicaram trabalho em que foi recomendado o método espectrofotométrico para o doseamento simultâneo de Fe2+ em matérias primas e comprimidos revestidos. Neste método, o Fe2+, é complexado pelo agente cromogênico 1,10‐fenantrolina, gerando solução vermelha‐ alaranjada, com absorbância no comprimento de onda de 510 nm (λmáx). A reação envolvida é apresentada a seguir: N N 1,10‐fenantrolina 3 + Fe2+ N N Fe 3 2+ Figura 1 – Reação entre Fe2+ e 1,10‐fenantrolina para formação de complexo colorido. O espectro de absorção do Fe2+ com a 1,10‐fenantrolina é apresentado a seguir: Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 10 350 400 450 500 550 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 c b a Fe2+ Fe2++Fe3+ Ab so rb ân ci a Comprimento de onda (nm) Figura 2 ‐ Espectros de absorção obtidos das soluções de uso das amostras estudadas (a) drágeas, (b) solução oral e (c) xarope. 1. PREPARO DOS REAGENTES a) Solução estoque de Fe2+ (100 mg/L) Dissolver 0,7026 g de sulfato ferroso amoniacal P.A em aproximadamente 150 mL de H2O, adicionar 3 mL de H2SO4 concentrado, transferir para balão volumétrico de 1 L e completar o volume. b) Solução de 1,10 fenantrolina 0,25 % Dissolver 0,6303 g de 1,10 fenantrolina em aproximadamente 150 mL de H2O a quente, transferirpara balão volumétrico de 250 ml e completar o volume. c) Solução de cloridrato de hidroxilamina a 10 % (p/v) Dissolver 2,5095 g de cloridrato de hidroxilamina em aproximadamente 120 mL de H2O, transferir para balão volumétrico de 250 mL e completar o volume. d) Preparo da solução amostra Soluções de amostra ‐“estoque” Obter inicialmente soluções‐estoque com concentrações de cerca de 100 mg L‐1 de ferro. Drágeas: pesar cuidadosamente cinco amostras triturá‐las em um almofariz. Solubilizar meio peso médio (massa correspondente à meia drágea) em um béquer contendo água deionizada e 50 mL de solução de H2SO4 1:5. Em seguida filtrar para um balão volumétrico de 1 L completando‐se o volume com água deionizada. Solução oral e xarope: para uma alíquota de 1 mL da amostra, acrescentou‐se 5 mL de solução de H2SO4 1:5 e completou‐se o volume de um balão volumétrico de 100 mL com água deionizada. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 11 2. PREPARO DAS SOLUÇÕES PARA OBTENÇÃO DA CURVA Separar três balões volumétricos de 100 mL. Preparar as soluções de acordo com a tabela: Tabela 1 – Descrição para preparo de soluções para construção da curva analítica de calibração. Soluções adicionadas Balão 1 Balão 2 Balão 3 Volumes adicionados (mL) Solução amostra 1,0 1,0 1,0 Solução padrão de Fe2+ a 100 mg/L 0 0,50 1,00 Cloridrato de hidroxilamina a 10 % 5,0 5,0 5,0 1,10‐fenantrolina 0,25 % 5,0 5,0 5,0 Medir as absorbâncias das três soluções em λmáx usando a solução do branco no feixe de referência. Tabela 2 – Valores de absorbância obtidos na análise. Solução Concentração de padrão Absorbância Balão 1 Balão 2 Balão 3 Construir o gráfico de absorbância versus concentração ou volume do padrão adicionado. Extrapolar a reta obtida para absorbância zero e determinar a concentração de ferro na solução problema. Determinar a concentração de ferro total presente no medicamento (drágea ou xarope), levando em consideração as diluições realizadas. Questões: 1) Qual a necessidade de se empregar o método de adição de padrão nesta determinação? 2) Explique a seguinte afirmação: “O método de adição padrão, não elimina a interferência, mas sim o efeito interferente”. 3) Sabendo‐se que para ser liberado o medicamento deverá apresentar um teor de 100±10%, qual é a sua conclusão sobre a liberação do medicamento analisado hoje? 4) Cite 4 fatores que poderiam interferir na análise realizada. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 12 EXPERIMENTO 5 DETERMINAÇÃO DE DICLOFENACO DE SÓDIO EM TABLETES Os anti‐inflamatórios não hormonais (AINH) são drogas usadas rotineiramente em clínica, freqüentemente empregados no período pós operatório imediato para analgesia, e tem em comum a diminuição da produção de prostaglandinas. Um dos mais importantes anti‐inflamatórios pertecentes a esta classe é o diclofenaco de sódio. O diclofenaco de sódio,(C14H10Cl2NO2Na) 2‐(2‐(2,6‐diclorofenilamino)fenil) acetato de sódio, foi primeiro sintetizado em 1966 por Sallman e Pfister. O O-Na+ NH Cl Cl 2-(2-(2,6-diclorofenilamino)fenil) acetato de sódio Diclofenaco de Sódio Figura 1 – Fórmula estrutural do diclofenaco de sódio. Na indústria farmacêutica, várias técnicas podem ser empregadas para determinação de diclofenaco de sódio em amostras, tais como os processos cromatográficos CG e HPLC. Entretanto, essas técnicas são de custo elevado dificultando a análise, aumentando assim o preço da análise. Uma técnica bastante acessível à indústria é a espectrofotometria, apresentando assim vantagens econômicas sobre os outros métodos. Nesta determinação estaremos empregando a espectrofotometria no UV (ultravioleta) para a determinação do diclofenaco de sódio. A seguir é apresentado o espectro de absorção do diclofenaco de sódio no UV‐Visível. 200 300 400 500 600 700 800 0 1 2 3 b a A bs Wavelength (nm) Figura 2 – Espectro de absorção em solução aquosa (a) diclofenaco de sódio a 1,25 x 10‐1 mol/L; (b) excipientes (placebo). Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 13 Como pode ser visto na figura 2, o diclofenaco de sódio absorve em λmáx = 276 nm e sua absortividade molar neste comprimento de onda foi ε276nm = 1,14 x 104 L.mol‐1 cm‐1. Observa‐se também que a absorbância dos excipientes é insignificante. Preparo de soluções padrão Solução estoque: Pese uma massa de 100 mg de diclofenaco de sódio e transfira‐o para um balão volumétrico de 100 mL. Complete o volume com água deionizada. Transfira 0,5; 1,5; e 2,5 mL dessa solução, para 3 balões volumétricos de 50,0 mL; respectivamente. Complete cada um com água deionizada. Preparação da amostra Extração com solução de hidróxido de sódio Solução Amostra: Coloque o tablete de diclofenaco que você recebeu de seu professor em um almofariz e com um pistilo triture‐o finamente. Transfira o material para um béquer de 100 mL, e lave o almofariz com 40 mL de água destilada, em pequenas porções. A seguir adicione 10,0 de hidróxido de sódio. Aqueça levemente o sistema por 10 minutos. Transfira a solução para um balão volumétrico de 100 mL. Complete‐o com água deionizada. Transfira 2,5 mL dessa última solução para um balão volumétrico de 50,0 mL. Medidas Selecione o comprimento de onda de 276 nm. Zerar o espectrofotômetro com um branco. Meça as absorbâncias de todas as soluções e complete a tabela a seguir. Tabela 1 – Resultados de absorbância versus concentração para construção de curva analítica de calibração. Solução Concentração (mg/L) Absorbância Branco 0,00 0,000 1 2 3 Amostra Atividades: 1) Construir uma curva analítica de calibração da Concentração x Absorbância. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 14 2) Determinar, através da curva analítica de calibração, a concentração de diclofenaco de sódio na amostra. 3) Determinar a massa de diclofenaco de sódio em cada tablete. 4) Determinar o teor de diclofenaco de sódio em cada tablete. 5) Explique por que não foi necessário empregar a técnica de adição de padrão nessa determinação. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 15 EXPERIMENTO 6 Determinação simultânea de cafeína e paracetamol em uma amostra Cafeína e paracetamol aparecem associados em várias formulações farmacêuticas comerciais. Isso se deve ao fato de a cafeína aumentar o efeito analgésico do paracetamol. Sendo assim, na indústria farmacêutica a determinação simultânea de princípios ativos pode ser de grande utilidade no controle de qualidade para liberação do produto já acabado (pronto para comercialização). Existem muitos métodos que podem ser utilizados para a determinação simultânea de cafeína e paracetamol, dentre os quais podemos destacar os métodos espectrofotométricos, eletroanalíticos, cromatografia líquida de alto desempenho (HPLC) e cromatografia gasosa (CG). HPLC e CG são métodos que requerem equipamentos de custo elevado e às vezes consomem muito tempo para a realização das análises. Entretanto os métodos espectrofotométricos são bem mais simples e rápidos para a realização de tais determinações. A figura 1 a seguir apresenta o gráfico de absorção de cada uma das espécies a serem analisadas. Figura 1 – Espectro no UV/Vis para o paracetamol (1) e cafeína (2) e para uma mistura das duas espécies. (50 μg/mL de paracetamol e 20 μg/mL de cafeína). Analisando o gráfico da figura anterior tem um λmáx = 244 nm para o paracetamol e λmáx = 275 nm para a cafeína. Ciências TecnológicasIV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 16 Neste experimento iremos determinar a quantidade de paracetamol (λmáx = 244 nm) e cafeína (λmáx = 275 nm) em uma amostra usando a técnica de análise de misturas. Para a mistura em questão teremos que a absorbância total (mistura) será igual à soma das absorbâncias de cada componente individualmente, conforme apresentado a seguir: A total = AParacetamol + ACafeína Como temos de encontrar dois valores de concentração deveremos então escrever um sistema de duas equações (uma obtida em λmáx = 244 nm e a outra em λmáx = 275 nm) e então resolvê‐lo para cada uma das variáveis (concentração). Dessa forma teremos o seguinte sistema de equações. A total(244) = ε’244 . b . CParacetamol + ε’’244 . b . CCafeína A total(275) = ε’275 . b . CParacetamol + ε’’275 . b . CCafeína onde os quatro valores de absortividades molares (ε’244, ε’275, ε’’244 e ε’’275) devem ser determinados a partir de soluções padrões (solução de concentração exatamente conhecida) preparadas para cada uma das espécies separadamente. Neste sentido o objetivo deste experimento é apresentar ao aluno a técnica de análise de misturas, que pode ser muito útil dentro de certos limites, já que não é necessário recorrer a uma separação prévia dos componentes da amostra para se proceder à análise. É também objetivo deste experimento mostrar ao aluno importância de fazer o controle de qualidade dentro da indústria farmacêutica. Parte Experimental Preparo do branco nesta determinação usar água destilada como branco. Preparo das soluções para determinação das absortividades molares ( ε ) Prepare 50,0 mL de uma solução 7,94 x 10‐5 mol/L (0,0120 g exatamente pesados para 1 L de água) de paracetamol. Em seguida prepare também 50,0 mL de uma solução 1,45 x 10‐4 mol/L (0,0154 g exatamente pesados para 1 L de água) de cafeína. A seguir faça a leitura de absorbância das duas soluções separadamente nos dois comprimentos de onda estabelecidos (244 e 275 nm) utilizando uma cubeta de quartzo com caminho óptico de 1 cm e água destilada como branco. Encontre os valores de ε através da equação: C.b A =ε Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 17 Tabela 1 – Resultados obtidos para o cálculo das absortividades molares. λmáx = 244 nm λmáx = 275 nm ε244 ε275 AParacetamol ACafeína Preparo da solução amostra e realização das medidas A solução problema será fornecida pelo professor. Uma vez fornecida transfira exatamente 5 mL da solução problema para um balão volumétrico de 50 mL e completo‐o até a marca com água destilada. A seguir, utilizando uma cubeta de quartzo com caminho óptico de 1 cm, meça a absorbância da solução nos comprimentos de onda λmáx = 244 nm e λmáx = 275 nm, zerando o equipamento antes de cada medida com água destilada. Tabela 2 – Resultados experimentais dos valores de absorbância para a mistura nos comprimentos de onda 244 e 275 nm. Abs total (244 nm) Abs total (275 nm) Tratamento dos dados Calcule a concentração de paracetamol e cafeína na amostra analisada preenchendo o protocolo fornecido pelo professor. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 18 Protocolo do experimento espectrofotometria – Ciências Tecnológicas IV – Noturno Avaliação de aprendizagem e postura laboratorial Prof. Natal Junio Pires Alunos: ___________________________________ ____________________________________ ___________________________________ ____________________________________ ___________________________________ ____________________________________ 1) Cálculo das absortividades molares da cafeína e do paracetamol ε244 (Paracetamol) = ________________ ε244 (Cafeína) = _________________ ε275 (Paracetamol) = ________________ ε275 (Cafeína) = _________________ 2) Cálculo das concentrações de cafeína e paracetamol na amostra Use as fórmulas abaixo: )lParacetamo(275)Cafeína(244)Cafeína(275)lParacetamo(244 275)Cafeína(244244)Cafeína(275 lParacetamo .. A.A. C εε−εε ε−ε = )lParacetamo(275)Cafeína(244)Cafeína(275)lParacetamo(244 244)lParacetamo(275275)lParacetamo(244 Cafeína .. A.A. C εε−εε ε−ε = CParacetamol = _________________ mol/L CCafeína = _________________ mol/L 3) Calcule a massa de cafeína e paracetamol na solução problema. Massa (Cafeína) = _________ g. Massa (Paracetamol) = _________ g. Dados: Paracetamol = 151,16 g/mol Cafeína = 194,19 g/mol Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 19 EXPERIMENTO 7 DETERMINAÇÃO ESPECTROFOTOMÉTRICA DE ASPIRINA, FENACETINA E CAFEÍNA EM TABLETES USANDO A EXTRAÇÃO POR SOLVENTES Tabletes de AFC (Aspirina, Fenacetina e Cafeína) aparecem associados em várias formulações farmacêuticas comerciais. Cada uma dessas substâncias apresenta absorções características na região do ultravioleta, com máximos de absorção em 277 nm para a aspirina, 275 nm para a cafeína e 250 nm para fenacetina. Sendo assim, no presente experimento um tablete de AFC é triturado e dissolvido em diclorometano (CH2Cl2) e a aspirina é separada da fenacetina e cafeína por extração através de uma solução aquosa de bicarbonato de sódio. A aspirina separada é reextraída em diclorometano através da acidificação do meio aquoso e é então medida espectrofotometricamente em 277 nm. A fenacetina e a cafeína que permaneceram em meio a diclorometano são determinadas simultaneamente. Equações: O N N N N O O OH O O O H N O Cafeína (C)Fenacetina (F)Aspirina (A) A F C A F C + CH2Cl2 H+ (277 nm) (250 nm) (275 nm) A Figura 1 – Fórmulas estruturais de AFC e esquema de extração ácido‐base. Neste sentido o objetivo deste experimento é apresentar ao aluno a aplicação da técnica de extração com solventes reativos em uma análise. Além disso, o experimento também apresenta técnica de análise de misturas. Parte Experimental Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 20 Soluções e Reagentes necessários Fornecidos – CH2Cl2; solução de NaHCO3 4% (m/v), HCl concentrado, H2SO4 1 mol/L. Preparados Soluções padrões. Preparar soluções padrões individuais nas concentrações de 100 mg/L; 20 mg/L e 10 mg/L para aspirina, fenacetina e cafeína em CH2Cl2 como segue. Pese aproximadamente 25 mg (com uma precisão de 0,1 mg) de cada e transfira para um balão volumétrico de 250 mL, dissolver e diluir até a marca com diclorometano. Diluir 10,00 e 5,00 mL desta solução em balões volumétricos de 50 mL obtendo‐se assim soluções de 20 e 10 mg/L, respectivamente. Procedimento2 Pese com precisão a massa de um tablete do medicamento e anote a sua massa. Este deve ser equivalente a aproximadamente 220 mg de aspirina, 160 mg de fenacetina e 30 mg de cafeína. Para evitar diluições sucessivas e gasto de solvente, divida o tablete em quatro partes iguais (aproximadamente) e pese uma dessas partes. Triturar em um béquer até a obtenção de um pó bem fino. Adicionar sob agitação 20 mL de diclorometano; e então transferir quantitativamente para um funil de separação, lavando as paredes com pequenas porções de diclorometano. Extrair a aspirina do diclorometano com duas porções individuais de 10 mL de uma solução de NaHCO3 4% m/v ao qual se tenha adicionado duas gotas de HCl concentrado e por fim com uma porção de 5 mL de água. Lave o extrato combinado com 3 porçõesde 10 mL cada de diclorometano, desprezando o diclorometano na solução original de diclorometano que contém a fenacetina e a cafeína. Deixar a porção aquosa no funil de separação. Filtrar a solução de diclorometano em um papel de filtro previamente umedecido com CH2Cl2 (para remover traços de água) para um balão volumétrico de 50,0 mL e diluir à marca com diclorometano. Após homogeneização transferir 1,00 mL desta solução para um balão volumétrico de 50 mL diluindo‐a até a marca com diclorometano. Acidificar a solução de bicarbonato (porção aquosa) ainda no funil de separação com 6 mL de H2SO4 6 mol/L. Esta etapa deverá ser realizada sem demora de modo a evitar a hidrólise do ácido acetílsalicílico (AAS). O ácido deve ser adicionado em pequenas porções e com agitação. Misturar bem somente após a evolução de CO2 cessar (terminado o borbulhamento). O pH neste ponto deverá estar entre pH 1 e 2 (teste com uma fita de papel indicador). Extrair a solução acidificada com 8 porções individuais de 10 mL de diclorometano e filtrar através de um papel de filtro embebido em diclorometano puro, transferindo o filtrado para um balão volumétrico de 100 mL. Complete‐o com CH2Cl2 até a marca. A seguir faça as medidas de absorbância para as soluções de aspirina (padrão e amostra) no comprimento de onda igual a 277 nm. 2 Aspirina apresenta tendência a se decompor em solução e a análise deverá ser realizada o mais rápido possível após as soluções serem preparadas. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 21 Tabela 1 – Medidas de absorbância para soluções padrão e amostra de AAS. Padrão de AAS Amostra de AAS Absorbância (λmáx. = 275 nm) Usando os dados presentes na tabela 1 calcular a % de AAS presente em um tablete e número de miligramas de AAS por tablete, tendo em mente as diluições. Para calcular as concentrações de fenacetina e cafeína, os valores de absorbância dos padrões de cafeína e fenacetina, bem como aqueles dos padrões devem todos ser lidos nos comprimentos de onda de 250 nm e 275 nm. Tabela 2 – Medidas de absorbância para soluções padrão e amostra de cafeína e fenacetina. Padrão de Cafeína Padrão de Fenacetina Amostra de Cafeína Amostra de Fenacetina Abs (λmáx. = 250 nm) Abs (λmáx. = 275 nm) Usando esses valores de absorbância, calcule as % de cafeína e fenacetina em um tablete e a massa em miligramas de cada destas espécies por tablete. Para realizar os cálculos lembre‐se que: Dessa forma teremos o seguinte sistema de equações. A total(250) = ε’250 . b . CCafeína + ε’’250 . b . CFenacetina A total(275) = ε’275 . b . CCafeína + ε’’275 . b . CFenacetina Sendo que os valores de ε (absortividades molares) podem ser facilmente encontrados através da equação: Padrão Padrão Cb A . =ε Dados para os cálculos: Aspirina 180,16 g/mol Fenacetina 179,22 g/mol Cafeína 194,19 g/mol Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 22 EXPERIMENTO 8 FLUORESCÊNCIA MOLECULAR O fenômeno da luminescência é visualmente atraente e desperta a curiosidade das pessoas de todas as idades. Trata‐se da emissão de luz resultante de um processo de excitação eletrônica, que pode ocorrer na forma de fluorescência (onde a emissão de luz cessa quando a fonte de energia é desligada) ou como fosforescência (que pode durar horas mesmo depois de desligada a fonte de luz). No caso de certas substâncias, a excitação dos elétrons de suas moléculas pode produzir emissão de luz por fluorescência ou por fosforescência, conforme discutiremos na seqüência. Luminescência é o nome do fenômeno mais genérico que engloba a fluorescência e a fosforescência. A luminescência é definida como a emissão de luz na faixa do visível (400‐700 nm) do espectro eletromagnético como resultado de uma transição eletrônica. O primeiro passo de um processo fotoquímico ou fotofísico envolve a absorção de um quanta de luz (fóton) por uma molécula e, conseqüentemente, a produção de um estado eletronicamente excitado. Isto significa dizer que a molécula absorveu uma quantidade discreta de energia, suficiente para promover um elétron de um nível inferior para um nível superior de energia. A energia do fóton deve coincidir com aquela correspondente à transição eletrônica. Diz‐se que a molécula foi do estado fundamental para o excitado. A molécula não pode permanecer indefinidamente no estado excitado, por este ser termodinamicamente instável em comparação ao estado fundamental, e pode dissipar a energia. Na fluorescência, os elétrons excitados retornam instantaneamente ao estado fundamental emitindo luz. Neste caso, tanto o estado excitado quanto o fundamental possuem a mesma multiplicidade de spin. Os vegetais verdes, a água tônica, a vitamina B2, a casca dos ovos marrons e até mesmo os sabões em pó têm em comum o fato de possuírem compostos fluorescentes em sua composição. Já os mostradores de relógios e enfeites de quartos exibem o fenômeno da fosforescência. Na fosforescência, a multiplicidade de spin do estado excitado é diferente da do estado fundamental. Para retornar ao estado fundamental deve ocorrer um processo de inversão de spin; por isso o processo de fosforescência ocorre em intervalos de tempo superiores. De uma forma bastante simplificada, pode‐se distinguir os fenômenos com relação ao tempo de emissão de radiação: enquanto na fluorescência a emissão é instantânea e cessa quando a fonte de energia é desligada, na fosforescência esta pode durar horas, depois de desligada a fonte de excitação. A fluorescência tem ganhado cada vez mais aplicação em determinações, no campo das indústrias alimentícias, de bebidas, farmacêuticas, etc. Neste experimento, é proposta a utilização de substâncias fluorescentes para demonstrar como esse processo ocorre, bem como sua aplicação no sentido de se realizar determinações quantitativas. PROCEDIMENTO Em uma sala escura ilumine diretamente a casca de um ovo marrom com a luz UV‐A. Após, quebre o ovo, lave as cascas e transfira‐as para um béquer contendo aproximadamente 50 mL de acetato de etila. Ilumine Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 23 novamente com a luz UV‐A. Adicione aproximadamente 15 mL de solução de ácido clorídrico 10%. Observe. Após a dissolução da casca do ovo, ilumine o béquer novamente e observe. PARTE EXPERIMENTAL Emissão de fluorescência da água tônica O ingrediente ativo da água tônica, que lhe confere o sabor amargo, é a quinina, um alcalóide fluorescente acrescentado à bebida sob a forma de sulfato de quinino. N HO N H H H2C H3CO Quinino ‐ princípio ativo empregado no combate àmalária. Procedimento Numa sala escura, ilumine com a lâmpada UV‐A uma amostra de água tônica e observe a emissão azul. Emissão de fluorescência da vitamina B2 A riboflavina (vitamina B2) é encontrada em vários alimentos, entre eles leite e ovos, e emite fluorescência esverdeada. N N NH N CH2 CHHO CHHO CHHO CH2OH O O H3C H3C Ribof lavina (Vitamina B2) ‐ participa de várias reações químicas em nosso organismo. Procedimento Triture um comprimido de complexo B, dissolva‐o em água e ilumine a mistura com a lâmpada UV‐A. Emissão de fluorescência da clorofila Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 24 A clorofila é um pigmento natural encontrado em folhas de vegetais verdes. É esse pigmento que absorve energia luminosa do sol para a fotossíntese, energiaesta utilizada pela planta para a síntese de glicose a partir de dióxido de carbono e água: 6CO2(g) + 6H2O(l) C6H12O6(s) + 6O2(g) CH3 CH3CH3CH3CH3 N N N N H H H R1 R2H3C H3C H CH3 H3CO OH X = H2C O H R3 Clorofila a Clorofila b O O fitil Mg2+ Ácido propiônico CHO CH3 CH2CH3 CH2CH3 X X R1 R2 R3 Procedimento Triture as folhas verdes usando o almofariz e o pistilo. Adicione a seguir o acetato de etila. Então, filtre a solução num copo. Em uma sala escura ilumine o filtrado com a luz negra e observe emissão vermelha. Atenção: a fluorescência é melhor observada em soluções diluídas. Questões: 1) Na fluorescência o comprimento da onda da luz emitida é maior ou menor do aquele da luz que incide? Explique, usando o espectro eletromagnético. 2) Descreva de forma sucinta como a fluorescência pode ser usada para determinações quantitativas. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 25 EXPERIMENTO 9 DETERMINAÇÃO ESPECTROFOTOMÉTRICA DO Ka DO AZUL DE BROMOTIMOL Uma das mais importantes propriedades de uma droga é a sua constante de ionização Ka. Para muitas drogas esta propriedade está relacionada à sua atividade fisiológica pela sua solubilidade em determinado meio, velocidade de dissolução e de absorção são afetadas pela extensão de ionização em determinados pH’s. Como os fármacos, em sua maioria, são ácidos ou bases fracas, no meio biológico eles estarão mais ou menos ionizados, dependendo da constante de acidez (Ka) e do pH do meio em que se encontram. Considerando‐se que a forma não‐ionizada de um fármaco é mais lipossolúvel que a ionizada, o Ka da substância e o pH do meio são dois parâmetros que influem diretamente na passagem dos fármacos através das membranas biológicas e, portanto, são determinantes dos processos de absorção, transporte e excreção de fármacos. Para um fármaco ácido (aspirina, paracetamol, etc), a seguinte reação expressa de maneira genérica esta ionização: HA H3O+ + A‐ A determinação da constante de ionização (Ka) requer a determinação das concentrações de equilíbrio da forma ácida (HA) e da forma básica (A‐) do fármaco. Esta condição pode ser matematicamente expressa através da equação de Henderson‐Hasselbach. ]HA[ ]A[logpKpH a − += (1) No seguinte procedimento, a constante de ionização do azul de bromotimol será determinada como subsídio para determinação do pKa de um fármaco no próximo experimento. Para o azul de bromotimol (faixa de viragem 6,2 a 7,6) tem‐se o seguinte equilíbrio: HIn H+ + In‐ Amarelo (λmáx = 450 nm) Azul (λmáx = 550 nm) Logo para o sistema acima temos que (1) pode ser reescrita como segue: ]HIn[ ]In[logpKpH a − += (2) Quando as concentrações das espécies ácida e básica forem iguais teremos que a razão entre elas ([In‐]/[HIn]) será numericamente igual a 1 e, daí log 1 = 0. Sendo assim, podemos escrever que: pHpK a = (3) Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 26 Deste modo uma maneira óbvia de se determinar o valor de pKa é estimar o valor de pH em que as concentrações de In‐ (forma básica) e HIn (forma ácida) são iguais. Para tal usaremos a propriedade de que as formas ácida e básica apresentam diferentes valores de absorbância em diferentes comprimentos de onda, conforme mostrado anteriormente. Neste sentido o objetivo deste experimento é apresentar ao aluno a técnica de determinação espectrofotométrica do pKa de um fármaco, sendo que este é muito importante no desenvolvimento e proposição de novos princípios ativos dentro da indústria farmacêutica. Parte Experimental Preparo do branco Usar água destilada como solução branco. Preparo das soluções nos extremos de pH para leituras de absorbância Em um balão volumétrico de 50,0 mL adicione 2 mL de azul de bromotimol 0,1 % e complete seu volume até a marca HCl 0,1 mol/L. Em um outro balão de 50,0 mL adicione 2 mL de azul de bromotimol 0,1% e complete seu volume com NaOH 0,1 mol/L até a marca. Meça a absorbância dessas duas soluções em 450 e 550 nm. A seguir meça o pH de cada uma delas usando um pHmetro previamente calibrado. Tabela 1 – Preparo de soluções nos extremos de pH para determinação do valor de Ka. pH A(450 nm) A(550 nm) NaOH 0,1 M HCl 0,1 M Preparo das soluções para leituras de absorbância (Atenção! O sucesso do experimento depende primordialmente da preparação correta das soluções.) A tabela a seguir mostra como preparar as soluções para leitura. Em cada balão de 50,0 mL, devidamente identificado, coloque as quantidades descritas de cada reagente para cada balão volumétrico e a seguir complete‐os até a marca com água destilada. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 27 Tabela 2 – Preparo de soluções em sistema tampão para determinação do valor de Ka. Azul bromotimol 0,1% (mL) NaH2PO4 0,1M (mL) K2HPO4 0,1M (mL) pH A(450nm) A(550nm) 1. 2,0 10,0 0,0 2. 2,0 10,0 2,0 3. 2,0 20,0 10,0 4. 2,0 10,0 20,0 5. 2,0 2,0 10,0 6. 2,0 2,0 20,0 7. 2,0 0,0 10,0 Leituras de absorbância Para cada solução acima faça a leitura de absorbância utilizando uma cubeta de quartzo com caminho óptico de 1 cm, nos comprimentos de onda λmáx = 450 nm e λmáx = 550 nm, zerando o equipamento antes de cada medida com o branco de referência. Anote os valores de absorbância na tabela 2 acima. Leituras de pH Transfira para cada uma das soluções acima para um béquer de 25 mL e faça a leitura de pH usando um pHmetro previamente calibrado. Anote o valor na tabela 2. A calibração correta do pHmetro é uma etapa primordial para a obtenção de resultados exatos para o valor de pKa. Tratamento dos dados Monitorando a variação de absorbância de cada forma em função do pH da solução, é possível obter o valor de pKa do indicador. Da equação (3), o pH da solução será igual ao pKa quando as concentrações HIn e In‐ forem equivalentes. Experimentalmente isto corresponde ao pH em que a absorbância de cada forma é metade do seu valor máximo. Neste ponto, metade do número de mols inicial de HIn foi convertido a um número equivalente de mols de In‐. Como resultado, as concentrações de cada uma das espécies são iguais e o termo de log da equação (2) torna‐se igual a zero. Conseqüentemente, o pKa do indicador corresponde ao pH da solução no ponto de inflexão no gráfico de absorbância em função do pH como apresentado na figura 1. Note entretanto que os valores de absorbância correspondem aos valores de absorbância para o HIn em 550 nm e para o In‐ em 450 nm. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 28 pKa Abs A 550 nm, máx Abs HIn 450 nm Abs In- 550 nm A 550 nm, máx. 2 pH Região ácida Região básica I II Figura 1 – Gráfico de absorbância em função do pH para o azul de bromotimol. I) Medidas que foram realizadas em 550 nm onde HIn mais absorve luz com maior intensidade; II) Medidas que foram realizadas em 450 nm onde In‐ absorve luz com maior intensidade. Tratamento dos dados Construa o gráfico representado na figura 1 com os dados obtidos e dispostos nas tabelas 1 e 2 e, estime o valor de pKa para o azul de bromotimol. Questões 1) Calcule o valor de Ka para o azul de bromotimol a partir do valor de pKa. 2) Sabendo‐se que o valor verdadeiro de pKa para o azul de bromotimol é 7,10 (a 25 oC); calcule o erro experimentale discuta as principais fontes de erro relacionadas à determinação do valor de Ka? 100x Valor ValorValor E verdadeiro verdadeiroerimetalexp r ⎟⎟ ⎠ ⎞ ⎜⎜ ⎝ ⎛ − = 3) Costuma‐se encontrar em livros que o azul de bromotimol é um indicador do tipo ácido fraco, pois em sua estrutura há a presença de grupos que caracterizam esta acidez. Com base na estrutura deste indicador aponte qual(is) grupo(s) seriam responsável(is) por este caráter levemente ácido? O S OO OH OH Br Br Azul de Bromotimol Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 29 EXPERIMENTO 10 DETERMINAÇÃO ESPECTROFOTOMÉTRICA DO pKa DO PARACETAMOL O paracetamol apresenta em sua estrutura um grupo fenol e um grupo amida. Como se sabe os fenóis apresentam um caráter levemente ácido (ácidos fracos). Um dos responsáveis pela absorção de radiação eletromagnética no paracetamol é o anel benzênico (cromóforo) presente em sua estrutura. O grupo fenólico ( – OH) funciona como um auxocromo (entra em conjugação “ressonância” com anel benzênico) tanto em condição ácida quanto básica. Sob condições não ionizada o átomo de oxigênio do grupo fenólico tem dois pares de elétrons livres para interagir com o anel benzênico e na forma ionizada ele apresenta três pares de elétrons. A figura 1 apresenta o espectro do paracetamol no UV em meio ácido e meio básico. Em meio ácido o λmáx é em 240 nm ao passo que sob condições básicas esse valor passa a ser de 250 nm. Note que embora a concentração de paracetamol seja a mesma nas duas soluções, absorbância deste em meio básico é superior àquela em meio ácido. A partir daí podemos concluir que a absortividade molar (ε) do paracetamol em meio básico é maior do que em meio ácido. 210 225 240 255 270 285 300 315 330 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 O N H OH O N H O- H+ HCl 0,1 mol/L NaOH 0,1 mol/L 240 nm 250 nm Ab so rb ân ci a λ nm Figura 1 – Espectro no UV do paracetamol sob condições ácida e básica. Quando o máximo de absorção de um composto depende do pH, é possível determinar o pKa do grupo ionizável responsável pelo deslocamento do máximo de absorção. No caso do paracetamol o pKa do grupo fenólico pode ser convenientemente obtido através da medida da absorbância das espécies ionizadas e não ionizadas no comprimento de onda λ = 260 nm. Este comprimento de onda é obtido com base no fato de que a medida deve ser Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 30 realizada onde ocorre o máximo de diferença entre a absorbância da espécie ionizada e não ionizada. O espectro da figura 2 é a diferença entre os espectros da figura 1. 220 240 260 280 300 320 0,000 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500 0,600 0,700 0,800 0,900 1,000 1,100 1,200 260 nm ΔA bs λ nm Figura 2 – Diferença entre o espectro no UV do paracetamol sob condições ácida e básica. Para a ionização do paracetamol vale a seguinte reação expressa de maneira genérica: HA H3O+ + A‐ A determinação da constante de ionização (Ka) requer a determinação das concentrações de equilíbrio da forma ácida (HA) e da forma básica (A‐) do fármaco. Esta condição pode ser matematicamente expressa através da equação de Henderson‐Hasselbach. ]HA[ ]A[logpKpH a − += (1) Para tal determinação devemos rearranjar a equação (1) para a seguinte forma: ]A[ ]HA[logpHpK a −+= (2) Ambas as espécies (ácida e básica) absorvem luz na região do ultravioleta, porém em comprimentos de onda diferentes. Com um pouco de esforço pode se demonstrar facilmente que em termos de absorbância a equação 2 torna‐se: ionizadanãomistura misturaionizada a AA AA logpHpK − − += (3) onde para o paracetamol (caráter ácido) Amistura é a medida de absorbância de uma solução com pH intermediário conhecido (caso seja necessário pode‐se utilizar um sistema tampão), Aionizada é a absorbância da espécie completamente ionizada (em meio extremamente básico) e Anão ionizada é a absorbância da espécie não‐ionizada (meio Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 31 extremamente ácido) todas preparadas a partir da mesma concentração de paracetamol. O comprimento de onda selecionado para análise é ( λ = 260 nm). Neste sentido o objetivo deste experimento é apresentar ao aluno a técnica de determinação espectrofotométrica do pKa de um fármaco, sendo que este é muito importante no desenvolvimento e proposição de novos princípios ativos dentro da indústria farmacêutica. Parte Experimental Preparo do branco nesta determinação usar água destilada como branco. Preparo das soluções a partir de uma solução 0,24 mg/mL. Solução em meio ácido Transfira exatamente 5,00 mL desta solução para um balão volumétrico de 100,0 mL e complete com HCl 0,1 mol/L até a marca. Solução em meio intermediário Adicione exatamente 5,00 mL desta solução para um balão volumétrico de 100,0 mL e em seguida transfira 25,0 mL de Na2HPO4 0,1 mol/L completando o volume com água destilada até a marca. Solução em meio básico Transfira exatamente 5,00 mL desta solução para um balão volumétrico de 100,0 mL e complete com NaOH 0,1 mol/L até a marca. Medidas – Selecione o comprimento de onda adequado (λ = 260 nm) e com o branco (H2O) zere o equipamento. A seguir neste mesmo comprimento de onda faça a leitura de absorbância das três soluções obtidas e em seguida faça a calibração do pHmetro e meça o pH da solução intermediária. Tabela 1 – Absorbância e pH do paracetamol em diferentes meios. AHA (HCl) AA‐ (NaOH) Asolução Intermediária pHsolução Intermediária Absorbância Tratamento dos dados Calcule o valor de pKa para o paracetamol e calcule o erro na determinação sabendo‐se que o valor tabelado é de 9,5. Questões 1) A fenilefrina é muito utilizada como descongestionante nasal. A absorbância de uma solução de concentração fixa de fenilefrina em 292 nm foi encontrada ser de 1,224 em NaOH 0,1 M e 0,020 em HCl 0,1 M. Uma solução na Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 32 mesma concentração que as anteriores apresentou absorbância de 0,349 em pH igual a 8,50. Calcule o valor de Ka para o grupo fenólico na estrutura da fenilefrina. 2) Procaína é muito utilizada como anestésico local. Calcule o valor de pKa para a procaína (uma base fraca) sabendo que uma solução em dada concentração apresentou absorbância de 0,031 em HCl 0,1 M e 1,363 em NaOH 0,1 M. Em pH 2,60 tal solução apresentou absorbância de 0,837. As medidas foram todas realizadas em 296 nm. NH2 O N O OH OH H N Fenilefrina Procaína Grupo Básico Grupo Ácido Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 33 Demonstração da equação 3 – Difícil??? – Natal faz para você!!! Para a ionização do paracetamol vale a seguinte reação expressa de maneira genérica: HA H+ + A‐ (1) em que HA é a forma não ionizada e A‐ é a forma ionizada do paracetamol. Para o equilíbrio acima podemos escrever que: ]HA[ ]A[logpKpH a − += (2) Rearranjando a equação anterior, tem‐se que: ]A[ ]HA[logpHpK a −+= (3) Na equação anterior o pH pode ser facilmente medido utilizando‐se um pHmetro. Já a razão [HA]/[A‐] deverá ser medida espectrofotometricamente, já que no comprimento de onda selecionado ambas absorvem radiação eletromagnética. Da equação de mistura pode‐se escrever que: A = εHA b [HA] + εA b [A‐] (4) Onde εHA e εA são as absortividades molares para HA e A‐, respectivamente. A concentração total “C” de HA em qualquercondição é dada por: C = [HA] + [A‐] (5) (Pense! Em meio fortemente ácido tem‐se que C ≈ [HA] e em meio extremamente básico C ≈ [A‐]). Usando a equação (5) em (4) pode‐se escrever que: A = εHA b (C ‐ [A‐]) + εA b [A‐] Que simplificada passa a ser A = εHA b C ‐ εHA b [A‐] + εA b [A‐] ou A = AHA + b [A‐] (εA ‐ εHA) (6) Onde AHA que é igual a εHA b C, é a absorbância quando o meio está ácido suficiente para garantir que todo o fármaco esteja presente na forma HA. Resolvendo (6) para a concentração de A‐ temos que: Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 34 )(b AA ]A[ HAA HA ε−ε − =− (7) Procedendo de modo análogo a partir de (5) podemos obter uma equação similar para a concentração de HA; como segue: )(b AA ]HA[ HAA A ε−ε − = (8) onde AA, é igual a εA b C, é a absorbância quando o pH for básico o suficiente para que apenas A‐ contribua para a absorbância.Substituindo (7) e (8) em (3) tem‐se que: HA A a AA AA logpHpK − − += OObbrriiggaaddoo!!!!!! © 2004 Natal Junio Pires Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 35 EXPERIMENTO 11 A COR DA CHAMA NA PRESENÇA DE ÍONS METÁLICOS Quando certa quantidade de energia é fornecida a um determinado elemento químico, elétrons da camada de valência absorvem esta energia passando para um nível de energia mais elevado, produzindo o que chamamos de estado excitado. Quando estes elétrons no estado excitado retornam ao estado fundamental, emitem uma quantidade de energia, igual à absorvida, cujo comprimento de onda é característico do elemento e da mudança do nível eletrônico de energia. Quando o comprimento de onda (λ) varia de 700 nm (vermelho) a 400 nm (violeta), a energia é emitida na forma de luz visível. Assim, a cor pode ser utilizada para identificar alguns elementos. Baseando‐se nestes fatos, o teste de chama é utilizado para identificar alguns íons metálicos, tais como sódio, potássio, cálcio, bário e estrôncio. A temperatura da chama de um bico de Bunsen é suficiente para excitar certa quantidade de elétrons de alguns elementos que, ao retornarem ao estado fundamental, emitem radiação luminosa de cor e intensidade que pode ser detectada com razoável certeza e sensibilidade através da observação visual da chama. A análise quantitativa pode ser feita por fotometria de chama, que é uma técnica de emissão atômica para determinar metais tais como Na, K, Li, Ca, Ba e Sr. A determinação é feita pela medida de emissão da chama das soluções contendo os metais. A solução é aspirada na chama, que evapora o solvente, atomiza o metal e excita um elétron da camada de valência. A fotometria de chama é uma técnica simples, relativamente barata, sendo muito utilizada para análises clínicas, biológicas, farmacêuticas e ambientais. O experimento tem como objetivos relacionar a cor da chama com a estrutura atômica de alguns íons através do modelo de Bohr e estudar o aspecto analítico qualitativo e quantitativo das emissões atômicas em chama. Materiais e Reagentes: ‐ NaCl; ‐ CaCl2; ‐ SrCl2; ‐ BaCl2; ‐ KCl; ‐ LiCl; ‐ HCl concentrado; ‐ bastão de vidro com fio de Ni‐Cr; ‐ tubos de ensaio; ‐ bico de Bunsen; ‐ vidros de relógio; ‐ béqueres; ‐ pipetas de Pasteur; Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 36 ‐ vidro de cobalto. Procedimento experimental: Manuseio de bico de Bunsen Acenda o bico de Bunsen e observe a combustão incompleta do gás. Abra gradativamente as janelas do bico de Bunsen e observe as modificações sofridas pela chama. Regule a altura da chama através da torneira de entrada da linha de gás. Teste de chama para os metais utilizando a chama do bico de Bunsen Para limpar o fio de níquel‐crômio, aqueça‐o ao rubro na chama, mergulhando‐o em seguida numa solução de ácido clorídrico concentrado. Repita este procedimento até que o fio, quando aquecido, não apresente coloração alguma na chama. Coloque uma pequena porção de cada um dos sais em vidros de relógio, mergulhe o fio em ácido clorídrico concentrado e no sal e, em seguida, leve à chama oxidante do bico de Bunsen. Observe a coloração da chama. Repita este procedimento para cada um dos sais. Teste de chama para os metais utilizando a chama produzida pelo metanol Coloque uma pequena porção (aproximadamente 0,5 g) de cada um dos sais individualmente em vidros de relógio e adicione uma pequena quantidade de metanol (aproximadamente 0,5 mL) com uma pipeta de Pasteur. Acenda a chama com o fósforo, seqüencialmente. Observe as colorações de cada chama. Questões 1) Quais são as cores das chamas dos sais estudados? Faça uma Tabela. 2) Por que os compostos apresentam diferentes cores nas emissões visíveis? 3) Quais as vantagens e desvantagens de se utilizar o metanol ao invés da chama do bico de Bunsen? Tabela 1 – Resultados obtidos no teste de chama para diferentes elementos Sais Cor da chama Outras observações CaCl2 BaCl2 SrCl2 LiCl KCl NaCl Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 37 EXPERIMENTO 12 DETERMINAÇÃO DE NaCl EM SORO FISIOLÓGICO POR ESPECTROMETRIA DE EMISSÃO ATÔMICA O soro fisiológico é a solução universalmente adotada para prover o organismo de sódio e cloro, assim chamado porque é isotônico em relação à fase líquida do corpo. É uma solução de sais em água em uma concentração isotônica, ou seja, de concentração igual à das células. O sódio e o cloro são absorvidos juntamente com a água, devido ao déficit extracelular desses íons. Na indústria farmacêutica é prática comum realizar‐se o controle de qualidade do soro fisiológico no sentido de assegurar a correspondência entre o teor real e o teor especificado (rótulo). Para este fim podem‐se usar várias técnicas analíticas, porém merece destaque a volumetria de precipitação e espectrometria de emissão atômica (fotometria de chama). A fotometria de chama é a mais simples das técnicas analíticas baseadas em espectroscopia atômica. Nesse caso, a amostra contendo cátions metálicos é inserida em uma chama e analisada pela quantidade de radiação emitida pelas espécies atômicas ou iônicas excitadas. Os elementos, ao receberem energia de uma chama, geram espécies excitadas que, ao retornarem para o estado fundamental, liberam parte da energia recebida na forma de radiação, em comprimentos de onda característicos para cada elemento químico. Apesar da simplicidade da técnica, diversos conceitos importantes estão envolvidos no desenvolvimento de experimentos usando a fotometria de chama, desde os princípios de espectroscopia até a estatística no tratamento de dados, passando por preparo de amostra e eliminação de interferências. A espectroscopia atômica baseia‐se em métodos de análise de elementos de uma amostra, geralmente líquida, que é introduzida em uma chama, na qual ocorrem fenômenos físicos e químicos, como evaporação, vaporização e atomização. Um esquema dos fenômenos que ocorrem na chama é apresentado na figura 1. Para que todos esses processos possam ocorrer é necessário que amostras líquidas sejam convertidas em um aerossol líquido‐gás com partículasinferiores a 5‐10 μm para introdução na chama. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 38 Figura 1 ‐ Esquema das reações que ocorrem na chama A energia eletrônica é quantizada, isto é, apenas certos valores de energia eletrônica são possíveis. Isso significa que os elétrons só podem ocupar certos níveis de energia discretos e que eles absorvem ou emitem energias em quantidades discretas, quando se movem de um orbital para outro. Quando o elétron é promovido do estado fundamental para um estado excitado, ocorre o fenômeno de absorção e quando este retorna para o estado fundamental observa‐se o processo de emissão. Uma vez que um átomo de um determinado elemento origina um espectro característico de raias, conclui‐se que existem diferentes níveis energéticos, e que estes são característicos para cada elemento. Átomos na fase gasosa podem ser excitados pela própria chama ou por uma fonte externa. Se forem excitados pela chama, ao retornarem para o estado fundamental, liberam a energia na forma de radiação eletromagnética. Essa é a base da espectrometria de emissão atômica que, antigamente, era conhecida como fotometria de chama e é utilizada largamente em análises clínicas, controle de qualidade de fármacos e alimentos, além de inúmeras outras aplicações, para averiguar a quantidade de íons de metais alcalinos e alcalino‐terrosos, como sódio, potássio, lítio e cálcio. Esses elementos emitem radiação eletromagnética na região do visível em uma chama ar‐gás combustível (GLP), que opera em uma temperatura entre 1700 e 1900 oC. Dessa forma, a energia fornecida é baixa, porém suficiente para excitar Na, K, Li e Ca e, conseqüentemente, gerar a emissão de linhas atômicas características para cada elemento. A intensidade de cada linha emitida depende da concentração da espécie excitada e da probabilidade de ocorrência da transição eletrônica. Os valores de energia da primeira ionização para Li, Na, K e Ca são, respectivamente, 520, 497, 419 e 590 kJ mol de átomos‐1, enquanto os valores de energia de excitação são, respectivamente, 173, 203, 154 e 280 kJ mol de átomos‐1. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 39 Este experimento tem como objetivo introduzir ao aluno a utilização da espectrometria de chama e os conceitos básicos envolvidos na utilização quantitativa das emissões atômicas em chama. Procedimento experimental: Preparo dos padrões para obtenção da curva de calibração: Em balões volumétricos de 50,0 mL, deverão ser preparadas 3 soluções padrão de Na+ nas concentrações de 10, 30 e 50 mg/L, a partir de uma solução estoque na concentração de 500 mg/L, fornecida pelo professor. Faça os cálculos dos volumes a serem tomados para o preparo de cada um dos padrões e preencha a tabela a seguir. Tabela 1 – Volumes de solução estoque a serem utilizados na preparação dos padrões. Solução Volume de solução estoque (mL) Concentração final do padrão mg/L 1 10 2 30 3 50 Preparação da solução amostra de soro fisiológico Transfira para um balão volumétrico de 100,0 mL exatamente 1,00 mL de soro fisiológico. Homogeneizar a solução e reservá‐la para medida. Medidas Proceda com as medidas conforme instruções dadas pelo professor, tendo o cuidado de fazer a leitura de cada um dos padrões em ordem crescente de concentração e, por fim realize a leitura da amostra (soro fisiológico). Ao se fazer as medidas, preencha a tabela a seguir. Esses resultados serão muito importantes para se determinar a curva analítica de calibração assim como o cálculo do teor de NaCl no soro fisiológico. Tabela 2 – Resultados das medidas realizadas. Concentração de Na+, mg/L Intensidade de luz emitida 0* 10 30 50 Amostra * Água deionizada. Questionário: 1) Transforme a concentração de 0,9% (m/v) de NaCl no soro fisiológico para mg/L de Na+. Dados: NaCl 58,44 g/mol e Na+ 22,99 g/mol. 2) Obtenha uma curva de calibração através da regressão linear obtida para as medidas realizadas. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 40 3) Calcule o teor de NaCl no soro fisiológico e compare o valor encontrado com o valor do rótulo. A seguir calcule o erro relativo. 4) Por que as leituras devem ser sempre realizadas da solução menos para a mais concentrada? 5) Explique a necessidade de após cada leitura deve‐se proceder a uma limpeza (com água deionizada) do sistema de nebulização do fotômetro de chama. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 41 EXPERIMENTO 13 DETERMINAÇÃO DE Li+ (LÍTIO) EM DROGAS ANTIDEPRESSORAS POR FOTOMETRIA DE CHAMA O lítio na forma de carbonato pode ser encontrado em farmácias, como medicamento antidepressivo e para o tratamento de outras doenças que envolvem o sistema nervoso central. Comercialmente pode ser encontrado com o nome de CARBOLITIUM® (300 mg) ou CARBOLITIM CR® (450 mg), sendo este último de ação prolongada. O carbonato de lítio (Li2CO3) é freqüentemente designado como droga “antimaníaca”, mas em muitas partes do mundo é considerado como uma droga “estabilizadora do humor”, devido à sua ação primária na prevenção de oscilações do humor em pacientes com distúrbio afetivo bipolar (maníaco‐depressivo). Apesar de investigações consideráveis, o modo de ação do lítio ainda não foi esclarecido. As principais possibilidades que estão sendo investigadas incluem (1) seus efeitos sobre eletrólitos e sobre o transporte iônico; (2) seus efeitos sobre neurotransmissores e sua liberação; e (3) seus efeitos sobre os segundos mensageiros que medeiam a ação dos transmissores. A última dessas três abordagens parece ser a mais promissora. Nesse experimento temos como objetivo a determinação de do teor de Li2CO3 em drágeas que podem conter 300 mg ou 450 mg de carbonato de lítio e apresentar mais uma aplicação da fotometria de chama dentro da indústria farmacêutica. Procedimento experimental: Preparo dos padrões para obtenção da curva de calibração: Em balões volumétricos de 50,0 mL, deverão ser preparadas 3 soluções padrão de Li+ nas concentrações de 10, 20, 30 mg/L, a partir de uma solução estoque na concentração de 500 mg/L, fornecida pelo professor. Faça os cálculos dos volumes a serem tomados para o preparo de cada um dos padrões e preencha a tabela a seguir. Tabela 1 – Volumes de solução estoque a serem utilizados na preparação dos padrões. Solução Volume de solução estoque (mL) Concentração final do padrão mg/L 1 10 2 20 3 30 Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 42 Preparação da solução amostra a partir de um comprimido de CARBOLITIUM® Pesar, em uma balança analítica, o comprimido de Carbolitium® fornecido pelo professor, anotando a sua massa. Massa do comprimido: ___________ g. Em seguida triture o comprimido em um almofariz. Adicione 10,0 mL de ácido clorídrico 0,1 mol L‐1 ao almofariz para dissolver o comprimido. Em seguida, transfira quantitativamente todo o material para um balão volumétrico de 250 mL e complete o volume com água destilada. Uma alíquota desta solução deverá ser diluída 10 x, para que a concentração de lítio fique no intervalo linear.* *Nota: Isso pode ser feito transferindo‐se exatamente uma alíquota de 25,00 mL da solução preparada anteriormente com uma pipeta volumétrica de 25,00 mL para um balão de 250 mL. Medidas Proceda com as medidas conforme instruções dadas pelo professor, tendo o cuidado de fazer a leitura de cada um dos padrõesem ordem crescente de concentração e, por fim realize a leitura da amostra (solução diluída de Carbolitium®). Os resultados obtidos deverão ser anotados na tabela a seguir, para que se possa obter a curva de calibração. Tabela 2 – Resultados das medidas realizadas. Concentração de Li+, mg/L Intensidade de luz emitida 0* 10 20 30 Amostra * Água deionizada. Questionário: 1) Obtenha a curva de calibração e equação de regressão linear em mg/L de Li+ a partir dos dados da tabela 2. 2) Calcule a massa de Li2CO3, em mg, presente em um comprimido de Carbolitium® e calcule o teor de carbonato de lítio em relação ao valor descrito no rótulo e em relação à massa total do comprimido. Dados: Li2CO3 73,89 g/mol e Li+ 6,94 g/mol. 3) Calcule o erro relativo na presente determinação comparando o valor encontrado com o valor do rótulo. 4) Equacione a reação ocorrida entre o HCl e Li2CO3 necessária para a dissolução da amostra? Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 43 5) O sulfato de bário, BaSO4 (s), é usado como contraste radiográfico, porque átomos e íons de bário absorvem, eficientemente, os raios X. Entretanto os íons de bário dissolvidos em água, Ba2+ (aq), são muito tóxicos. Em 2003, uma empresa produziu e comercializou, um medicamento conhecido com Celobar®, como contraste radiográfico, sulfato de bário contaminado com carbonato de bário, BaCO3 (s), o que provocou a morte de diversos pacientes que ingeriram o produto. Com base na reação equacionada no item 4, explique por que o BaSO4 contaminado com BaCO3 poderá ser fatal neste tipo de exame. Sal de bário Solubilidade em água /(mol/L) Sulfato de bário 1 x 10‐9 Carbonato de bário 5 x 10‐8 Cloreto de bário 1,4 6) Você como farmacêutico responsável por um laboratório proponha um teste simples e visual com HCl para que possa verificar a contaminação ou não de uma amostra de BaSO4 com suspeita de conter BaCO3. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 44 EXPERIMENTO 14 DETERMINAÇÃO DE KI EM XAROPES POR FOTOMETRIA DE CHAMA O iodeto de potássio (KI) é utilizado como expectorante (fármacos considerados úteis para desprender e liquefazer o muco, aliviar a mucosa brônquica irritada e tornar a tosse mais “produtiva”) para liquefazer o escarro espesso e viscoso na bronquite crônica, asma brônquica e enfisema pulmonar. Entretanto o valor terapêutico do iodeto de potássio como expectorante ainda não foi demonstrado de modo convincente. Embora o iodeto de potássio seja bem tolerado por um número significativo de pacientes, foi constatado o desenvolvimento de bócio induzido pelo iodeto e hipotireoidismo. Comercialmente o iodeto de potássio pode ser encontrado com os nomes de Glyteol®, Iodepol®, etc., associado à guaifenesina (expectorante de ação comprovada e reconhecida). Vários métodos podem ser utilizados para determinação do teor de iodeto de potássio em xaropes e, neste experimento tal determinação será realizada através da fotometria de chama pelo método de adição padrão. Isto se torna interessante aqui pelo fato de que o xarope não se trata de uma solução contendo apenas o iodeto, porém contêm outros compostos (excipientes Mentol, edulcorante, etc; princípio ativo guaifenesina ) que podem vir a interferir na determinação. Isto se faz necessário pelo fato de que reproduzir um “branco” contendo todas as substâncias presentes no xarope nas mesmas concentrações seria uma tarefa extremamente difícil, para não dizer impossível. Sendo assim, a adição padrão faz com que a concentração daquelas espécies que “não conhecemos” seja a mesma em todas as soluções e, dessa forma caso haja alguma interferência ela terá a mesma intensidade em todas as medidas, não prejudicando dessa forma a relação proporcional entre concentração da espécie a ser determinada e o sinal analítico gerado. Neste sentido, a adição padrão é usada de forma conveniente para eliminar quaisquer interferências. Nesse experimento tem‐se por objetivo determinar o teor de KI em um expectorante através da técnica conhecida por fotometria de chama e o método de adição padrão, para “eliminar interferência.” Procedimento experimental: Preparo de uma solução amostra do xarope: Anote o valor da concentração de KI especificada no rótulo do xarope: __________ mg/mL. Em um balão volumétrico de 100,0 mL adicionar exato e cuidadosamente 2,00 mL do xarope fornecido pelo professor (aguarde certo tempo para que se tenha um escoamento bom do xarope, caso este seja viscoso). Diluir com água deionizada até a marca. Esta é a solução amostra. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 45 Preparo dos padrões para obtenção da curva de calibração: Numere quatro balões volumétricos de 50,0 mL e adicione a cada um deles 10,00 mL da solução amostra (solução do item anterior). A seguir, utilizando a solução padrão de K+ na concentração de 500 mg/L, adicione os volumes descritos na tabela 1 em cada um dos balões. Complete cada um dos balões com água destilada até a marca. Tabela 1 – Volumes de solução estoque a serem utilizados na preparação dos padrões. Solução Volume de solução amostra (mL) Volume de solução estoque (mL) Concentração final do padrão, mg/L 1 10,00 0 0 3 10,00 1,00 10 4 10,00 1,50 15 5 10,00 2,00 20 Medidas Proceda com as medidas conforme instruções dadas pelo professor, tendo o cuidado de fazer a leitura de cada um dos padrões em ordem crescente de concentração. Os resultados obtidos deverão ser anotados na tabela a seguir, para que se possa obter a curva de calibração. Tabela 2 – Resultados das medidas realizadas. Concentração de K+, mg/L Intensidade de luz emitida 0 10 15 20 Questionário: 1) Obtenha a curva de calibração e equação de regressão linear em mg/L de K+ a partir dos dados da tabela 2. 2) Calcule a concentração de K+ e KI no xarope analisado. Dados: KI 166,00 g/mol e K+ 39,098 g/mol. 3) Calcule o erro relativo na presente determinação comparando o valor de KI encontrado com aquele descrito no rótulo. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 46 4) Comente a afirmação: “A adição padrão não elimina a interferência, mas sim o efeito interferente.” 5) Transforme a concentração de KI especificada no rótulo para mol/L. 6) Antes de se proceder à determinação de hoje deve‐se preparar uma solução padrão de K+ na concentração de 500 mg/L. Partindo‐se de KI(s) diga qual a massa deste sal deverá ser pesada para preparar 500 mL da solução desejada. Ciências Tecnológicas IV – Análise Instrumental – Prof. Natal Junio Pires 47 EXPERIMENTO 15 ANÁLISE DE CARBONATO E BICARBONATO DE SÓDIO EM UM ANTIÁCIDO Os antiácidos gástricos são bases fracas que reagem com o ácido clorídrico gástrico, para formar sal e água. A maioria dos antiácidos de uso corrente apresenta, como principais constituintes, o hidróxido de alumínio [Al(OH)3] ou de magnésio [Mg(OH)2], isoladamente ou em combinação e, em certas ocasiões, tem‐se uma combinação do bicarbonato de sódio com carbonato de sódio. Nesse experimento tem‐se por objetivo determinar o teor de bicarbonato de sódio (NaHCO3) + carbonato de sódio (Na2CO3) em uma formulação comercial pela técnica de emissão atômica por fotometria de chama. Procedimento experimental: Preparo da solução amostra do antiácido: Anote o valor da massa das duas substâncias a serem determinadas especificadas no
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