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• Representa uma das principais queixas referidas pelas pacientes em idade reprodutiva, o sangramento uterino anormal (SUA) compreende até um terço das consultas médicas ginecológicas e impacta de forma significativa a qualidade de vida dessas mulheres. • Em 2011, a International Federation of Ginecology and Obstetrics (FIGO), propôs mudanças com o propósito de padronizar os termos utilizados para descrever os padrões anormais de sangramento uterino por médicos de diferentes nacionalidades, cientistas e, principalmente, pacientes a nova classificação permite investigação e comparação de populações similares, contribuindo para novas pesquisas e para a tomada de decisão com base em evidências. • Segundo a FIGO: SUA crônico é o sangramento originado do corpo uterino na ausência de gravidez, anormal em frequência, regularidade, duração e/ou volume, persistente por mais de 6 meses não necessita de intervenção médica imediata. • SUA agudo é definido por episódio de sangramento intenso, na ausência de gravidez, em quantidade suficiente para determinar necessidade de intervenção rápida para evitar perda sanguínea adicional pode ocorrer na vigência de um quadro crônico de SUA o sangramento que ocorre entre dois ciclos menstruais regulares é denominado sangramento intermenstrual, e pode ocorrer de forma aleatória ou ser recorrente e previsível. • Após o diagnóstico, o sistema “PALM-COEIN” de classificação elaborado pela FIGO: P- pólipo, A- adenomiose, L- leiomioma, M- malignidade - hiperplasia atípica e câncer, C- coagulopatia, O- disfunções ovulatórias, E- endometrial, I- iatrogênica e N- não classificada. • Pólipo (SUA-P): São proliferações endometriais envolvendo estroma e glândulas nessa classificação, também estão incluídos pólipos endocervicais, apesar de sua grande maioria ser assintomática. • Adenomiose (SUA-A): Implantação heterotópica de células endometriais no interior do miométrio sua associação com SUA é controversa devido a inúmeras variações no diagnóstico histopatológico, dificultando a associação com o quadro clínico. Segundo a FIGO, para diagnóstico de adenomiose na classificação “PALM-COEIN”, achados ultrassonográficos de tecido endometrial no interior do miométrio e/ou hiperplasia miometrial são suficientes, sem necessidade de exames complementares. • Leiomioma (SUA-L): Tumor fibromuscular do endométrio, de caráter benigno apesar da alta prevalência em mulheres com SUA, ainda não se compreende essa relação de maneira integral, já que muitas mulheres são totalmente assintomáticas o mioma com componente submucoso, sobretudo aquele que distorce a cavidade uterina, apresenta mais frequentemente SUA com fluxo intenso. • Malignidade (SUA-M): Apesar de incomuns, hiperplasia endometrial atípica e carcinoma de endométrio devem sempre ser aventados em pacientes com SUA, em qualquer idade. • Coagulopatia (SUA-C): Em 13% das pacientes com SUA, é identificada alguma alteração na coagulação, sendo a doença de von Willebrand a condição mais comum pacientes em regime de anticoagulação associado ao SUA também são classificadas como SUA-C. • Disfunções ovulatórias (SUA-O): São representadas por uma ampla variedade de anormalidades menstruais - amenorreia total, sangramento leve e infrequente, até episódios de sangramento extremamente aumentado que por vezes requer intervenção de urgência. • No período da menacme, a produção de progesterona durante o ciclo menstrual é determinada pela ovulação e, após, sustentada pelo corpo lúteo se não há ovulação, em consequência, não há produção adequada de progesterona. • O endométrio torna-se proliferado e espesso devido à ação do estrogênio sem oposição essa hiperproliferação torna-o frágil, resultando em sangramento anormal. Ciclos com esse padrão de sangramento correspondem a ciclos anovulatórios, sem instituição de fase lútea costumam ocorrer nos extremos da vida reprodutiva: nos primeiros anos após a menarca e na perimenopausa. • Anormalidades do eixo hipotálamo-hipófise-ovário (HHO) devidas à sua imaturidade ou a endocrinopatias podem desencadear disfunções ovulatórias e alterar o ciclo menstrual síndrome dos ovários policísticos, hipotireoidismo, hiperprolactinemia, estresse, obesidade, anorexia e atividade física extrema. • Alterações no eixo HHO causadas por fármacos que modificam os níveis sorológicos de dopamina, como antidepressivos tricíclicos e outros psicofármacos, consequentemente resultam em disfunções ovulatórias e também estão classificados como SUA-O, apesar do seu caráter iatrogênico. • Endometrial (SUA-E): Sangramento anormal que ocorre em periodicidade regular, sugerindo ciclo ovulatório, sem outras causas identificadas é atribuído a alterações primárias do endométrio, entre elas, disfunções no mecanismo de homeostase local, resultando em sangramento aumentado. • O aumento de prostaglandinas e plasminogênio local também pode estar envolvido. • O padrão de sangramento intermenstrual pode ser secundário a quadros inflamatórios ou infecciosos do endométrio, do colo uterino e das tubas, à presença de Chlamydia trachomatis no trato urogenital, ao aumento da resposta inflamatória local e a alterações da vasculogênese do endométrio. • Iatrogênica (SUA-I): Inclui o uso de hormônios exógenos sistêmicos ou dispositivos intrauterinos, medicações que impactam diretamente no endométrio, interferem na coagulação sanguínea ou interferem sistemicamente na ovulação. • Os anticoncepcionais hormonais combinados em diferentes regimes de uso podem resultar em sangramento não programado quando há oscilação nos níveis de estrogênio (devido a esquecimento, atraso, uso incorreto, associação de medicações que diminuam a disponibilidade do hormônio), elevando a concentração de progesterona em relação ao estrogênio e causando sangramento por disruptura. • O uso de pílulas ou métodos de longa duração contendo progestogênio exclusivamente pode resultar no mesmo tipo de sangramento após um período de uso prolongado medicações que interfiram no eixo HHO com consequências nas concentrações séricas de esteroides e na ovulação, como os psicofármacos, também podem resultar em sangramento anormal. • Não classificada (SUA-N): Situações ainda não totalmente relacionadas ao SUA ou condições ainda não identificadas. • A anamnese deve ser guiada pelo sistema “PALM-COEIN”. • Primeiramente, o foco está em obter detalhes do padrão menstrual comum da paciente e as alterações apresentadas em frequência, intensidade do fluxo, periodicidade e duração outros sintomas relacionados devem ser investigados, assim como a história médica pregressa, a história ginecológica e obstétrica, as doenças sistêmicas e o uso de fármacos (anticoncepcionais hormonais, terapia de reposição hormonal, dispositivos intrauterinos, anticoagulantes, tamoxifeno, antipsicóticos, antidepressivos tricíclicos, inibidores da recaptação da serotonina, entre outros). • Questionamentos sobre outros tipos de sangramento, pois, auxiliam na determinação das pacientes que se beneficiarão de exames complementares em busca de coagulopatias ainda não diagnosticadas. • Atenção especial deve ser dada à idade da paciente, fator importante no diagnóstico diferencial, já que as principais etiologias do SUA são diferentes para cada fase da vida da mulher. • Frente a uma paciente em idade reprodutiva com sangramento anormal, seja agudo ou crônico, é mandatória a investigação de gravidez sabe-se que as complicações de uma gestação não diagnosticada constituem a principal causa de sangramento na menacme. • A partir do exame físico ginecológico com exame especular e toque vaginal bimanual pode-se determinar a origem do sangramento por meio da identificação de lesões ou outras alterações a grande maioria é oriunda do corpo uterino, porém, outras fontes a serem consideradassão vulva (trauma, doença sexualmente transmissível, lesões cutâneas), vagina (vaginites, úlceras, traumatismos, malformações), colo uterino (lesões malignas, ectopia, cervicite, pólipos), além de uretra, bexiga, ânus e reto, que merecem adequada avaliação. • Além de alterações no exame ginecológico, é importante identificar outros sinais que possam contribuir para o sangramento aumentado alterações na tireoide, como bócio e nódulos, galactorreia sugerindo hiperprolactinemia, obesidade, quadro de hiperandrogenismo e sinais de resistência à insulina, como acantose nigricans, que possam remeter à síndrome dos ovários policísticos, são alguns exemplos a presença de petéquias e equimoses sugere distúrbios hematológicos e coagulopatias, e deve ser pesquisada. • Em situações de sangramento agudo importante, atentar para sinais de grande perda sanguínea e hipovolemia, como alterações em sinais vitais e anemia grave nesses casos, é mandatória a estabilização da paciente antes de prosseguir a investigação. • Segundo as recomendações da FIGO, todas as pacientes com quadro de SUA agudo ou crônico devem ser avaliadas para anemia com hemograma completo, incluindo contagem de plaquetas, além de teste de gravidez outros exames laboratoriais estão indicados quando houver suspeita clínica de doenças relacionadas: tireotrofina (TSH), tireoxina (T4) livre e hiperprolactinemia. • As pacientes com suspeita de distúrbios hematológicos e coagulopatias, com rastreio positivo por meio da anamnese ou de sinais ao exame físico, devem ser submetidas à avaliação inicial com dosagens de tempo de protrombina (TP) e tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa) se houver alterações, sugere-se avaliação com hematologista e pesquisa de testes específicos para doença de von Willebrand e outras coagulopatias. • Pesquisa para Chlamydia trachomatis deve ser considerada quando houver fatores de risco para a infecção. • A citologia para rastreio de câncer cervical deve estar atualizada. • O estado ovulatório pode ser inferido pela clínica, sem necessidade de exames complementares a regularidade menstrual, quase na totalidade dos casos, é marcador de ovulação. • A avaliação uterina deve ser realizada por meio de exames de imagem e biópsia endometrial (BE), quando indicada. • Os exames de imagem devem ser realizados quando há anormalidade no exame físico ou se não há resposta ao tratamento em pacientes com exame físico normal. • A avaliação inicial deve ser realizada com ultrassonografia (US) transvaginal, que permite avaliar o formato e o volume uterinos, a cavidade endometrial, bem como a espessura da lâmina endometrial, o miométrio e os anexos com alguma precisão, consegue identificar lesões intrauterinas como pólipos, miomas e tumorações; porém, a especificidade para essas alterações é baixa. • Preferencialmente, o exame deve ser realizado na primeira fase do ciclo menstrual, quando o endométrio está menos espesso, o que aumenta a visibilidade para lesões intracavitárias. • A imagem normal é suficiente para encerrar a investigação de causas estruturais porém, está recomendada a complementação diagnóstica com método mais sensível quando há suspeita de lesões como pólipos e miomas, que distorcem a cavidade, ou quando o exame é subótimo ou inconclusivo os métodos a serem utilizados são a histerossonografia. • Apesar da acurácia relativamente baixa da US transvaginal, seu custo- efetividade justifica o seu uso como primeira linha na investigação de alterações estruturais no SUA se o acesso vaginal não é possível, como no caso de adolescentes e mulheres virgens, sugere-se realizar US pélvica transabdominal. • A ressonância magnética (RM) não é primeira escolha no diagnóstico e sua indicação deve ser individualizada devido ao alto custo para a sua realização. • Consiste na instilação de solução salina durante a US transvaginal, distendendo a cavidade uterina e permitindo melhor visão intracavitária, aumentando a sensibilidade e a especificidade em identificar lesões focais no endométrio tem acurácia similar à HSC ambulatorial para diagnóstico de lesões uterinas. • É o melhor método para avaliação da cavidade uterina, pois além da visualização direta da cavidade e do endométrio, permite biópsias dirigidas e a instituição de métodos terapêuticos quando possível consiste em uma técnica de endoscopia ginecológica na qual se visualiza a cavidade uterina com uma pequena óptica posicionada através do colo uterino. • A principal função da BE nas pacientes com SUA está em excluir a presença de lesões pré-malignas (hiperplasias) ou carcinoma endometrial o risco para desenvolver patologias malignas do endométrio aumenta com a idade da paciente; porém, o fator isolado mais relevante é o tempo de exposição à estimulação endometrial estrogênica sem oposição da progesterona. • Como recomendação geral, a BE deve ser realizada como primeira linha de investigação nas pacientes com SUA e com mais de 45 anos porém, toda paciente com sangramento anormal, independentemente da idade, com fatores de risco para carcinoma de endométrio, história de exposição continuada ao estrogênio sem oposição da progesterona (caso da síndrome dos ovários policísticos e da obesidade), SUA persistente, falha terapêutica ou irregularidade endometrial na US transvaginal deve ser submetida à BE. • A medida da espessura do endométrio na US transvaginal também está relacionada com a incidência de patologia maligna ou pré-maligna. • Na menacme, não há consenso quanto ao ponto de corte para indicar avaliação endometrial com biópsia, já que o endométrio sofre variações durante o ciclo menstrual. • O espessamento endometrial em exame ultrassonográfico em pacientes em idade reprodutiva e assintomáticas não tem valor para indicar avaliação adicional. • Na pós-menopausa, um aumento da incidência de malignidade foi relacionado à espessura endometrial na US transvaginal maior ou igual a 5 mm associada à clínica de sangramento anormal essas pacientes têm obrigatoriedade de avaliação complementar por meio do exame anatomopatológico. • Já nas pacientes pós-menopáusicas assintomáticas, o significado de espessamento endometrial não está bem estabelecido e, segundo as evidências atuais, não deve ser indicador para avaliação complementar. • Em outros casos especiais, como uso de terapia de reposição hormonal e uso de tamoxifeno, a US transvaginal não deve ser realizada rotineiramente como rastreio para malignidade. • A avaliação com biópsia está indicada no caso de sangramento anormal, independentemente da imagem ultrassonográfica. • O objetivo do tratamento nos casos de SUA é manejar a fase aguda, estabilizando a paciente e cessando o sangramento, corrigir as alterações do padrão menstrual e a anemia, quando existente, além de evitar a recidiva e melhorar a qualidade de vida. • Em muitos casos, pequenas irregularidades e alterações leves no fluxo menstrual não necessitam de tratamento, desde que a causa básica esteja clara. • O tratamento do SUA pode ser medicamentoso, com fármacos não hormonais e hormonais, ou cirúrgico a decisão baseia-se no padrão e na causa do sangramento, na presença de comorbidades concomitantes, no desejo de manter a fertilidade e na preferência e tolerabilidade da paciente de maneira geral, o tratamento medicamentoso é considerado a primeira linha para causas não estruturais. • Os tratamentos cirúrgicos tendem a ser indicados quando há falha do tratamento conservador. • No caso de episódio agudo de sangramento de grande volume, o manejo é imediato e necessita de rápida intervenção médica com a finalidade de controlar o sangramento ativo e suas complicações – instabilidade hemodinâmica e anemia grave. • No primeiro momento, estão indicadas manobras de suporte visando à estabilização hemodinâmica.Recomenda-se avaliar a necessidade de reposição volêmica e/ou transfusão sanguínea deve-se sempre excluir gravidez como causa do sangramento as intervenções devem ser imediatas. • TAMPONAMENTO UTERINO: O sangramento pode ser controlado com a introdução de uma sonda Foley e, após, infusão de 30 mL de líquido no seu balonete outra forma de tamponamento inclui o tampão de gaze o objetivo é o controle do sangramento e a estabilização da paciente para posterior instituição de tratamento definitivo. • CURETAGEM UTERINA: É um procedimento cirúrgico de urgência de escolha para pacientes instáveis com sangramento agudo grave e que necessitam de intervenção imediata também é a opção mais segura para aquelas que desejam preservar a fertilidade. • Envolve dilatação do colo uterino e posterior curetagem sob anestesia geral o sangramento pode recorrer, já que a causa do sangramento geralmente não é resolvida, necessitando de tratamento complementar para manutenção o material curetado deve ser enviado para análise histopatológica. • ESTROGÊNIOS EQUINOS CONJUGADOS EM ALTAS DOSES: Nas situações em que a via oral está preservada, utilizam-se estrogênios equinos conjugados (EECs), em altas doses para controle do sangramento nas pacientes sem contraindicação conhecida para uso de terapia hormonal (TH) o controle do sangramento é alcançado em até 10 horas da primeira dose na maioria das pacientes. • Pode-se associar um antiemético para controle das náuseas relacionadas a altas doses de estrogênio toda terapia com estrogênio isolado deve ser seguida por cobertura progestagênica. Após, a manutenção pode ser realizada com anticoncepcional combinado. As doses devem ser as mínimas efetivas para controle de sangramento. • EEC 1,25 mg VO de 6/6 horas por 21 a 25 dias e, após, acetato de medroxiprogesterona 10 mg VO 1 ×/dia por 10 dias ACO com 30 a 35 µ g de etinilestradiol, VO de 8/8 horas por 7 dias realizar pausa de 7 dias para sangramento de deprivação reiniciar com ACO 1 ×/dia para manutenção. • EMBOLIZAÇÃO UTERINA: Escolha para pacientes com malformações arteriovenosas uterinas pouco utilizada como terapêutica emergencial devido às limitações do método, além do tempo para realizá-lo, que normalmente é maior quando comparado às outras alternativas. • HISTERECTOMIA: Considerada se houver falha dos outros métodos e necessidade de pronta intervenção. • O tratamento hormonal via oral (VO) é a escolha nesses casos, quando não há contraindicação. • ESTROGÊNIOS EQUINOS CONJUGADOS EM ALTAS DOSES: É a primeira linha para pacientes estáveis, por via oral (VO), utilizado de forma similar à paciente instável. EEC 1,25 mg VO de 6/6 horas por 21 a 25 dias e, após, acetato de medroxiprogesterona 10 mg VO 1 ×/dia por 10 dias. • ANTICONCEPCIONAL ORAL COMBINADO EM ALTAS DOSES: Compostos com no mínimo 30 µ g de etinilestradiol devem apresentar bons resultados em até 48 horas de uso. • ACO com 30 a 35 µ g de etinilestradiol VO de 8/8 horas por 7 dias; realizar pausa de 7 dias para sangramento de deprivação; reiniciar com ACO 1 ×/dia para manutenção; • ACO com 30 a 35 µ g de etinilestradiol VO; 5 cp no primeiro dia; 4 cp no segundo dia; 3 cp no terceiro dia; 2 cp no quarto dia; 1 cp a partir do quinto dia, seguido por mais 7 dias; realizar pausa de 7 dias para sangramento de deprivação; reiniciar com ACO 1 ×/dia para manutenção. • PROGESTERONA E PROGESTOGÊNIOS EM ALTAS DOSES: Eficazes para pacientes com ciclos anovulatórios visando à estabilização endometrial após intensa proliferação por estímulo estrogênico em longo prazo. • Acetato de medroxiprogesterona 20 mg VO de 12/12 horas por 7 dias; • Acetato de megestrol 20 a 60 mg VO de 12/12 horas por 7 dias. • ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDES: Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) reduzem os níveis de prostaglandinas, inibindo a enzima cicloxigenase (COX), responsável pela conversão de ácido araquidônico em prostaglandina, com ação na hemostasia endometrial devido à vasoconstrição. • O resultado é a diminuição do fluxo menstrual, sendo o uso indicado para pacientes com sangramento ovulatório de grande volume a redução do fluxo chega a 20 a 50% em 75% das mulheres com SUA de fluxo intenso. • Ácido mefenâmico 500 mg 3 ×/dia (de 8/8 horas); • Naproxeno 500 mg 2 ×/dia (de 12/12 horas); • Ibuprofeno 600 mg 1 ×/dia. • ANTIFIBRINOLÍTICOS: O endométrio das pacientes com sangramento uterino aumentado apresenta concentrações maiores de ativadores de plasminogênio, grupo de enzimas que causa fibrinólise os antifibrinolíticos inibem os ativadores de plasminogênio, diminuindo a fibrinólise, promovendo a coagulação sanguínea e diminuindo o sangramento menstrual. • O fármaco aprovado para uso em sangramento uterino aumentado é o ácido tranexâmico, que está relacionado com diminuição no fluxo menstrual em 40 a 50% quando comparado ao placebo. • O ácido tranexâmico está contraindicado para uso em pacientes com doença tromboembólica ativa e coagulação intravascular disseminada (CID). • Deve ser utilizado com cautela em pacientes com risco aumentado para eventos tromboembólicos, apesar de a incidência de trombose ser similar à das não usuárias. • Os efeitos colaterais mais comuns são gastrintestinais e estão presentes em um terço das pacientes o ácido tranexâmico deve ser prescrito a partir do primeiro dia de sangramento e deve ser continuado por 5 dias, ou antes, se cessar o sangramento, seu uso pode ser VO ou intravenoso (IV) no caso de sangramento excessivo grave. • Ácido tranexâmico 250 mg 4 a 6 cp (1-1,5 g) 3 ×/dia (de 8/8 horas). • ABLAÇÃO ENDOMETRIAL: Procedimento cirúrgico utilizado para mulheres com contraindicação à TH ou na ausência de sucesso com outras terapêuticas tem como objetivo a destruição da camada basal do endométrio e pode ser realizada por meio de diferentes técnicas. • O tratamento de manutenção não deve ser instituído sem que a etiologia do sangramento esteja elucidada e a presença de malignidade, excluída para evitar as recidivas, a patologia de base deve ser identificada e, quando possível, tratada. • É o caso das causas estruturais como miomas, pólipos e adenomiose, que podem ser abordadas cirurgicamente, infecções e endocrinopatias, que possuem manejo farmacológico específico e que, ao terem a terapêutica correta instituída, evoluem com normalização do ciclo menstrual na maioria das vezes. • As doenças hematológicas também possuem tratamento específico. Essas pacientes devem ter acompanhamento de hematologista, indefinidamente. • O tratamento medicamentoso hormonal é a primeira escolha para pacientes com SUA e sem coagulopatias. • ANTICONCEPCIONAL ORAL COMBINADO: Para pacientes que desejam contracepção, os anticoncepcionais orais combinados (ACOs) são a primeira escolha sabe-se que seu uso reduz o fluxo menstrual, regulariza o ciclo, diminui a dismenorreia e possui a vantagem de ser contraceptivo. • Os regimes, os tipos de hormônio e as vias de administração são variados, e todos são efetivos para a manutenção do SUA, apesar de apenas o composto trifásico de valerato de estradiol e dienogeste estar indicado formalmente para controle de sangramento uterino. • DISPOSITIVO INTRAUTERINO DE LEVONORGESTREL: Opção para as pacientes com contraindicação ao uso de estrogênio e com desejo de contracepção prolongada, o dispositivo intrauterino de levonorgestrel libera 20 µg de levonorgestrel por dia, diretamente no endométrio seu papel no tratamento do sangramento uterino aumentado já foi comprovado. • O efeito no fluxo menstrual é progressivo, com diminuição do volume menstrual em 71 a 96% das pacientes em tratamento no fim do primeiro ano de uso, 20 a 30% das usuárias desenvolvem amenorreia tem efeito contraceptivo com duração de 5 anos. • PROGESTERONA E PROGESTOGÊNIOS: O uso de progestogênios no controledo SUA é amplamente utilizado, porém, sabe-se que seu efeito está limitado a situações em que o endométrio foi previamente proliferado pelo estrogênio, o que ocorre nos casos de anovulação, por exemplo é alternativa segura para pacientes com contraindicação ao uso de terapia estrogênica. • Pode ser utilizado na forma de depósito (acetato de medroxiprogesterona 150 mg a cada 90 dias), uso oral contínuo ou de forma cíclica a forma cíclica é administrada durante 10 a 14 dias no mês, corrigindo a insuficiência lútea das pacientes anovulatórias ao término de cada ciclo, ocorrerá sangramento, esse regime não tem efeito contraceptivo. • OUTROS: Danazol, gestrinona e agonistas do hormônio liberador de gonadotrofina são medicações que, apesar de seu grande poder em suprimir o sangramento uterino, têm seu uso limitado devido a importantes efeitos adversos e ao elevado custo. • Utilizado em conjunto com o tratamento hormonal ou isoladamente para as pacientes com contraindicação ao uso de estrogênio e/ou progesterona. • ANTIFIBRINOLÍTICOS E ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDES: Opções para pacientes com contraindicação à TH (terapia hormonal) alguns estudos comprovaram a superioridade da terapia antifibrinolítica frente ao uso de AINEs. • O tratamento cirúrgico é oferecido quando há falha ao tratamento medicamentoso, recorrência do SUA, quando existe desejo da paciente por um tratamento duradouro ou definitivo ou quando a etiologia primária do SUA tem manejo cirúrgico. • POLIPECTOMIA: Realizada via HSC, consiste na exérese de pólipo endometrial ou endocervical. • MIOMECTOMIA: Pode ser realizada via HSC (histeroscopia) no caso de miomas submucosos, de forma segura e minimamente invasiva no caso de miomas de grande volume ou número, o procedimento pode ser realizado via laparoscopia ou laparotomia é a escolha para casos de miomas e desejo de manter a fertilidade. • Outras opções envolvem a ablação endometrial e a embolização de artérias uterinas a gestação após esses procedimentos não está recomendada e o uso de contraceptivos deve ser incentivado. • HISTERECTOMIA: É o tratamento definitivo para o SUA e está relacionado a altas taxas de satisfação pós-tratamento. • Geralmente, é indicada após falha de outras terapias e não necessita de seguimento em longo prazo ou uso de medicações após a cirurgia; porém, está relacionada com riscos cirúrgicos e anestésicos significativos, bem como maiores taxas de morbimortalidade.
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