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TCC Maxwell - Versão para defesa

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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CURSO SUPERIOR DE LICENCIATURA EM LETRAS-PORTUGUÊS
MAXWELL DOS SANTOS
OS DESAFIOS DOS ESCRITORES QUE PRODUZEM LITERATURA NO ESPÍRITO
SANTO
Vitória
2021
MAXWELL DOS SANTOS
OS DESAFIOS DOS ESCRITORES QUE PRODUZEM LITERATURA NO ESPÍRITO
SANTO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Coordenadoria de Licenciatura em Letras-Português do
Instituto Federal do Espírito Santo como requisito
parcial para obtenção do Título de Graduação em
Licenciatura em Letras-Português.
Orientador: Prof. Dr. Nelson Martinelli Filho
Vitória
2021
MAXWELL DOS SANTOS
OS DESAFIOS DOS ESCRITORES QUE PRODUZEM LITERATURA NO ESPÍRITO
SANTO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Coordenadoria de Licenciatura em Letras-Português do
Instituto Federal do Espírito Santo como requisito
parcial para obtenção do Título de Graduação em
Licenciatura em Letras-Português.
Vitória, 10 de fevereiro de 2021
BANCA EXAMINADORA
 
__________________________________
Prof. Dr. Nelson Martinelli Filho - Orientador
Instituto Federal do Espírito Santo
 
__________________________________
Profa. Dra. Andréia Penha Delmaschio - Examinadora Interna
Instituto Federal do Espírito Santo
 
__________________________________
Profa. Dra. Renata Oliveira Bomfim - Examinadora Externa
Academia Feminina Espírito-Santense de Letras
Dedico este trabalho às memórias de Miguel Marvilla e
Sérgio Blank.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, a Deus, por ter me sustentado por quase seis anos de curso e não ter
deixado esmorecer diante das adversidades.
Ao professor Nelson Martinelli Filho por ter me aceitado orientar.
Ao CEO da Mettzer, Felipe Mandawalli, por liberar o acesso da ferramenta que
possibilitou a formatação deste trabalho.
A Weberton Pessin, dono do Açaí Fulô, que cedeu o espaço da loja para que este
trabalho fosse escrito durante a pandemia.
À técnica em assuntos educacionais Camila Belisario Ribeiro.
Aos escritores e escritoras que se dispuseram a participar da pesquisa que culminou
neste trabalho.
Aos alunos e alunas da turma 2016/1.
[…] o Espírito Santo me parece uma ficção geográfica,
onde não tenho uma só livraria, nem um só assinante” 
Monteiro Lobato (1882-1948), citado por Renato Pacheco
(1928-2004) no artigo Introdução à história do livro
capixaba, publicado na Revista da Ufes.
RESUMO
Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo mostrar os desafios dos escritores
que produzem literatura no Espírito Santo após a publicação de suas obras, mostrar iniciativas
pessoais e institucionais para divulgação da nossa literatura e apontar soluções para tirar a
literatura capixaba da situação de marginalidade. Para cumprir este afã, foram utilizados como
referências os trabalhos de Francisco Aurélio Ribeiro, Reinaldo Santos Neves, Maria Amélia
Dalvi e Ivana Esteves, estudiosos da literatura do nosso Estado. Ademais, foi aplicado aos
escritores capixabas um questionário, enviado via e-mail, onde estes contaram sobre suas
trajetórias no mundo das letras, processo criativo e o que eles passam para distribuir e
divulgar suas obras. Após a análise das respostas, restou comprovado que os principais
gargalos na literatura produzida no Espírito Santo são: a divulgação, com pouco apoio da
imprensa local, a distribuição, onde as maiores livrarias pretendem os autores locais,
sobretudo aqueles que publicam independentemente, com clara preferência a autores
bestsellers, e a circulação, onde há pouco ou nenhuma iniciativa das prefeituras e do Governo
do Estado para fazer que as obras cheguem aos leitores. No final, são apontadas soluções, a
médio e longo prazo, podem contribuir ir para maior visibilidade da literatura capixaba e de
seus autores.
Palavras-chave: Literatura capixaba. Divulgação de livros. Distribuição de Livros.
ABSTRACT
This Course Conclusion Paper aims to show the challenges of writers who produce literature
in Espírito Santo after the publication of their works, to show personal and institutional
initiatives for the dissemination of our literature and to point out solutions to remove the
Espírito Santo literature from the situation of marginality. To fulfill this desire, the works of
Francisco Aurélio Ribeiro, Reinaldo Santos Neves, Maria Amélia Dalvi and Ivana Esteves,
scholars of the literature of our State, were used as references. In addition, a questionnaire
was sent to capixaba writers, sent via e-mail, where they told about their trajectories in the
world of letters, the creative process and what they spend to distribute and publicize their
works. After analyzing the responses, it was proved that the main bottlenecks in the literature
produced in Espírito Santo are: dissemination, with little support from the local press,
distribution, where the largest bookstores intend local authors, especially those who publish
independently, with clear preference to bestselling authors, and circulation, where there is
little or no initiative from city halls and the State Government to make the works reach
readers. In the end, solutions are pointed out, which in the medium and long term can
contribute to greater visibility of the Espírito Santo literature and its authors.
Keywords: Literature from Espírito Santo. Dissemination of books. Distribution of books.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
FCAA Fundação Ceciliano Abel de Almeida
FLIC Feira Literária Capixaba
FUNCULTURA Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
LRB Lei Rubem Braga
NF Nota Fiscal
PMV Prefeitura Municipal de Vitória
SECULT Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo
SEFAZ Secretaria de Estado da Fazenda do Espírito Santo
UFES Universidade Federal do Espírito Santo
1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
2
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
2.1
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
2.2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
2.3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
2.3.1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
2.3.2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
2.3.3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
2.4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
2.4.1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
2.4.2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
2.4.3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
3.1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
3.2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
3.3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
4.1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
4.2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
4.3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
4.4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
4.5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
5.1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
5.2
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
5.3
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
5.4
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
5.5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 11
BREVE PANORAMA DA LITERATURA PRODUZIDA NO ESPÍRITO
SANTO AO LONGO DOS ÚLTIMOS QUARENTA ANOS 13
 A EDITORA DA FCAA E SEU PAPEL COMO FOMENTADORA DAS
LETRAS CAPIXABAS 13
DENY GOMES E SUAS OFICINAS LITERÁRIAS 15
 MECANISMOS ESTATAIS DE FOMENTO À CULTURA 17
Lei Rubem Braga (Vitória) 17
Lei Rubem Braga (Cachoeiro de Itapemirim) 19
FUNCULTURA (Espírito Santo) 20
AS EDITORAS INDEPENDENTES 20
Florecultura 20
Cousa 21
Pedregulho 21
OUVINDO A VOZ DOS ESCRITORES 23
DISTRIBUIÇÃO 23
DIVULGAÇÃO 26
CIRCULAÇÃO 28
AS INICIATIVAS QUE FOMENTAM A LITERATURA CAPIXABA 30
LEIA CAPIXABAS 30
PROGRAMA SIM PARA A LITERATURA 30
PROGRAMA DEDO DE PROSA 31
LIVROS POR LÍVIA 31
PROJETO VIAGEM PELA LITERATURA 31
COMO SE PODE MUDAR ESTE ESTADO DE COISAS? 33
CRIAÇÃO DO PRÊMIO ESPÍRITO SANTO DE LITERATURA 33
INCENTIVO À CRIAÇÃO DE FEIRAS LITERÁRIAS NOS MUNICÍPIOS DO
INTERIOR E NAS PERIFERIAS 33
CONDICIONAMENTO PELO GOVERNO DO ESTADO E PELAS
PREFEITURAS DA VEICULAÇÃO DA PROPAGANDA OFICIAL À DIVULGAÇÃO
DE AUTORES QUE PRODUZEM LITERATURA NO ESPÍRITO SANTO NAS
EMISSORAS DE RÁDIO E TELEVISÃO 34
INCLUSÃO DE DOIS LIVROS DE AUTORES CAPIXABAS NAS CESTAS
BÁSICAS DISTRIBUÍDAS PELAS TRÊS ESFERAS DE PODER, FINANCIADOS
POR ESTAS ÚLTIMAS 35
 PRIORIZAÇÃO NA PREMIAÇÃO DOS EDITAIS PARA PRODUÇÃO DE 35
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
LONGAS-METRAGENS E SÉRIES QUE SEJAM ADAPTAÇÕES DE OBRAS
LITERÁRIAS DE AUTORES DOMICILIADOS NO ESPÍRITO SANTO 35
CONSIDERAÇÕES FINAIS 36
REFERÊNCIAS 38
APÊNDICE — QUESTIONÁRIOS APLICADOS AOS AUTORES 41
1 INTRODUÇÃO
Superada a etapa de viabilização da publicação da obra, seja com recursos próprios,
por mecenato, financiamento coletivo, concursos literários, editais públicos ou leis de
incentivo à cultura com base em renúncia fiscal, o(a) escritor(a) que produz literatura no
Espírito Santo precisa se desdobrar para fazer circular a obra.
A pergunta que o presente trabalho faz é: quais são os desafios que os escritores
capixabas enfrentam após publicar suas obras? 
Pois bem, este trabalho tem o objetivo de apontar os problemas que os escritores
enfrentam no pós-publicação, bem como mostrar iniciativas de divulgação e valorização da
literatura produzida em terras capixabas, além de indicar caminhos para tirar a literatura
capixaba da marginalidade, em relação às literaturas dos estados vizinhos, como o Rio de
Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
O presente trabalho se justifica face à parca quantidade de pesquisas acadêmicas sobre
o tema abordado. A motivação para este trabalho partiu da vivência do pesquisador enquanto
autor-editor, com onze livros publicados, dez em autopublicação, em suporte físico e digital e
um publicado por uma editora de São Paulo. 
Espera-se que a partir desta pesquisa, outros pesquisadores de literatura capixaba
possam usar este trabalho como ponto de partida, além de suscitar ações concretas dos
gestores públicos da área de cultura, nas esferas municipal, estadual e federal.
Para o desenvolvimento do trabalho, foi realizada uma pesquisa bibliográfica ampla
acerca da literatura capixaba, com especial atenção às políticas públicas de viabilização das
obras e circulação por parte dos entes. Foi realizada também uma pesquisa qualitativa, de
forma online, por meio da aplicação de questionários a escritores capixabas, via e-mail, cujas
respostas foram analisadas à luz do referencial teórico, sendo confrontadas com textos de
notáveis pesquisadores, como Francisco Aurélio Ribeiro, Maria Amélia Dalvi, Ivana Esteves
e Reinaldo Santos Neves, além das entrevistas do livro Notícias da atual literatura brasileira:
entrevistas, organizado por Vitor Cei e outros.
A presente dissertação está estruturada da seguinte forma:
Breve panorama da literatura produzida no Espírito Santo ao longo dos últimos
quarenta anos: Será abordada a criação da Editora da Fundação Ceciliano Abel de Almeida,
sua relevância para o fomento da literatura capixaba e seus autores, as oficinas de literatura de
Deny Gomes, os concursos literários ocorridos nos anos 1980 que revelaram os nomes mais
significativos das nossas letras, a criação da Lei Rubem Braga e demais mecanismos estatais
de incentivo à cultura e o surgimento das editoras independentes.
Ouvindo a voz dos escritores: Análise e interpretação dos questionários aplicados
pelos escritores, com suporte do referencial teórico, onde os pesquisados tratam dos desafios
da distribuição e divulgação.
11
As iniciativas que fomentam a literatura capixaba: Apontamento das iniciativas
que de alguma forma fomentam a literatura produzida no Espírito Santo nos últimos 25 anos.
Como se pode mudar este estado de coisas?: Sugestões para tirar nossa literatura da
posição marginal.
Considerações finais: Conclusões sobre o trabalho, do corpus e dos resultados
obtidos.
12
2 BREVE PANORAMA DA LITERATURA PRODUZIDA NO ESPÍRITO SANTO AO
LONGO DOS ÚLTIMOS QUARENTA ANOS
2.1 A EDITORA DA FCAA E SEU PAPEL COMO FOMENTADORA DAS LETRAS
CAPIXABAS
Fundada em 1978, a Editora da Fundação Ceciliano Abel de Almeida, ao longo dos
seus 16 anos de existência, publicou 308 obras. Ribeiro (2010,p.27) aponta os fatores que
corroboraram para o surgimento da editora, por conseguinte, do fomento das letras capixabas:
Ao lado da industrialização e do crescimento da Grande Vitória, nos anos 70 e 80,
houve o aumento da população inclusive escolarizada, o que propiciou a formação
de um público leitor, a democratização do país, o crescimento e o desenvolvimento
dos estudos literários nas faculdades de letras, as oficinas literárias - verdadeiras
fábricas de escritores -- tudo for motivo para um grande desenvolvimento da
literatura no Espírito Santo que, pela primeira vez, se desatrelou dos grandes centros
(Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador), para se profissionalizar. Nos anos
oitenta, o Espírito Santo resolveu o problema de publicação e de divulgação do
escritorlocal: faltava, ainda resolver o problema da divulgação e da distribuição para
outros centros.
O escritor Marcos Tavares faz pontuações sobre a Editora da FCAA:
Antes, é necessário recompor um pouco da História. Criada em 1978 a Fundação
Ceciliano Abel de Almeida (FCAA), e vinculada à Ufes, teve aquela por principal
objetivo a instalação da imprensa universitária. E repôs em circulação a Revista de
Cultura da Ufes, que possuía um viés algo jornalístico.
(TAVARES, 2020)
De acordo com Junior (1982, p. 69, apud Ribeiro, 1993, p. 94), o objetivo principal da
Editora da FCAA era "a redução do grande vazio editorial capixaba, publicando obras que
venham enriquecer o patrimônio científico e cultural do Espírito Santo". O objetivo inicial da
Editora da FCAA era "a publicação de obras de importância para o conhecimento do
processo de evolução sócio-econômico do Espírito Santo" (Santos Neves, 2019, p.79). O
mesmo autor aponta três fatores que levaram a editora a publicar obras literárias:
a) a presença, no comando do setor editorial da Fundação, de Reinaldo Santos
Neves, Renato Pacheco e Oscar Gama Filho, escritores estreitamente ligados à
literatura de ficção; b) a atmosfera de intensa criatividade por parte dos autores
locais, sem opções formais de divulgação de seus textos; c) a pressão por parte da
imprensa local, liderada, nesse particular, por Amylton de Almeida. 
Sobre Amylton de Almeida (1946-1995), é importante ressaltar que ele foi um dos
maiores agitadores culturais que o Espírito Santo já teve, atuando em múltiplas trincheiras:
jornalismo cultural, literatura, dramaturgia e audiovisual. Bilich (2005, p.24) aponta outras
lutas do saudoso jornalista em prol da cultura:
AA. abraçou lutas públicas em favor da instalação da Casa da Cultura Capixaba e da
13
Escola de Arte Fafi tendo ainda formulado, em níveis estadual e municipal, a
política cultural capixaba. Evidencia-se, ao longo da leitura de sua trajetória
biográfica, que o ator social estava decidido a interferir no mundo, não se
contentando com a postura de mero intelectual espectador, o que acabou por
transformá-lo em uma figura pública, de relevância e prestígio no cenário da cultura
capixaba. 
Em 1980, a Editora da FCAA criou a coleção Letras Capixabas, que tinha a finalidade
de publicar obras de autores capixabas. Entre 1980 e 1989, foram publicadas 40 obras,
abrangendo todos os gêneros, tais como romance, conto, crônica, poesia e sátira. (Santos
Neves, 2019, p.80). Ribeiro (1993, p.60-61), aponta o apoio da Aracruz Celulose para
viabilização da publicação das obras da série Letras Capixabas e a intenção desta ação:
Houve um outro fator responsável pelo incremento da produção livreira no Espírito
Santo: a criação da Aracruz Celulose, ao final da década de setenta, e que fornecia o
papel para a publicação dos livros, os quais terão uma referência obrigatória na
primeira página. Quase todos os títulos da série Letras Capixabas foram editados
através de convênio com a mesma, mas a Aracruz possuía, também, uma série
própria de autores capixabas editados, com alguns nomes e títulos diferentes dos da
FCAA. Denunciada pelos grupos ecológicos como poluidora do meio- ambiente,
devastadora das florestas nativas para reflorestar com plantações homogêneas de
eucaliptos e pinheiros próprios para a produção de celulose, a Aracruz Celulose de
certa forma, amenizava as críticas e as consciências incentivando a produção
literária através da doação de papel.
Era uma ótima estratégia comandada pelo departamento de comunicação daquela que
fora considerada a maior produtora de celulose branqueada de eucalipto do mundo para
melhorar sua imagem junto à opinião pública, apesar dos impactos socioambientais da
monocultura de eucalipto. Reinaldo Santos Neves, então editor da Editora da FCAA,
confessara ao professor Francisco Aurelio Ribeiro os critérios para publicação na série Letras
Capixabas:
lº) A abrangência no tempo: textos mais antigos ao lado de textos atuais. No entanto,
pode-se constatar que, dos títulos publicados, apenas quatro não são
contemporâneos: Grammatica portugueza pelo methodo confuso, sátira de Mendes
Fradique, fac-símile de uma edição de 1927;Cantáridas e outros poemas fesceninos,
de Paulo Velozo e outros, poemas escritos na década de 30; Poemas, de Audífax
Amorim, edição crítica de poemas escritos nas décadas de 50 e 60 e A baixa de
Matias, fac-símile de uma novela de Azambuja Susano publicada no século XIX. 
2º) A publicação de autores consagrados, regional ou nacionalmente, ao lado de
autores jovens ou inéditos. Conhecidos nacionalmente, só há três: Geir Campos,
Rubem Braga e José Carlos Oliveira; com relativo conhecimento do público local,
pois já haviam publicado livro, são: Renato Pacheco, Elmo Elton, Luiz Guilherme
Santos Neves, Reinaldo Santos Neves, Luiz Busatto, Amvlton de Almeida e Valdo
Motta. Os demais eram inéditos em livro, sendo que alguns já haviam participado de
antologias: Bernadette Lyra, Fernando Tatagiba, Marcos Tavares, Oscar Gama Fº,
Deny Gomes, Miguel Marvilla, Paulo Sodré, Sebastião Lyrio, Francisco Grijó,
Flávio Sarlo, ou publicado em jornal: Carlos Chenier e Audífax de Amorim. 
3º) A qualidade estético-literária. Apesar de haver um conselho editorial, a decisão
pela publicação de um livro foi, na maioria das vezes, uma decisão do editor, com
assessoria esporádica de alguns escritores como Renato Pacheco, Oscar Gama Fº, ou
os demais componentes do grupo Letra: Marcos Tavares, Luiz Busatto e José
Augusto Carvalho, este último o único que não teve livro publicado na série. 
4º) Diversidade de gêneros ou modalidades literárias, excetuando qualquer espécie
14
de gênero dramático, ou teatro. Dos títulos publicados, vinte e nove foram de
poemas e contos, sete de romqnces, dois de crônicas e um de sátira e de novela. 
5º) Premiação em concurso literários. Desde 1983 foi instituído o prêmio Geraldo
Costa Alves, posteriormente intitulado prêmio Letras Capixabas, e que era anual e
constituía-se de uma quantia em dinheiro e a publicação do livro vencedor, havendo
alternância de modalidades literárias: romance, conto, poemas. Foram vencedores:
em 1983, Adilson Vilaça com A possível fuga de Ana dos Arcos, contos; em 1984, a
categoria romance não teve vencedores, apesar de haver doze concorrentes; em
1985, Roberto Almada com O país d'el rey e A casa imaginária, poemas; em 1986,
Francisco Grijó com Diga adeus a Lorna Love, contos; em 1987, Paulo Roberto
Sodré com Lhecídio-gravuras de Sherazade na penúltima noite, romance e, em 1988,
Miguel Marvilla com Lição de labirinto, poemas. 
6º) Diversificação de autores. Dos títulos editados, vinte e três autores tiveram um
livro publicado; sete autores tiveram dois, e um, Renato Pacheco, publicou três.
Deve-se destacar que dentre os trinta e um autores publicados, só se encontram dois
nomes femininos, Bernadette Lyra e Deny Gomes, ambas professoras do
Departamento de Línguas e Letras da UFES.
(RIBEIRO, 1993, p.61-63)
Contudo, em 1990, a coleção Letras Capixabas é encerrada. O motivo é desconhecido,
mas a hipótese provável foi o contingenciamento de gastos na UFES, por conta do Plano
Collor. 
2.2 DENY GOMES E SUAS OFICINAS LITERÁRIAS 
Durante a década de 1980, dois fatores, segundo Santos Neves (2019,p. 81) confluíram
para que houvesse um despertar da atividade literária, tendo a Universidade Federal do
Espírito Santo como agente catalisador: os concursos e as oficinas literárias. A respeito das
oficinas, o mesmo autor observa:
Paralelamente, foi realizada uma série de oficinas literárias pela professora Deny
Gomes, das quais participaram alunos de Letras e jovens da comunidade
interessados no ofício da literatura. Esse projeto, que teve seu embrião no I
Seminário de Produção do Texto Literário, promovido em 1981 pela Coordenação
de Literatura (então dirigida por Deny Gomes) da Sub-Reitoria Comunitária da
Ufes, e que se institucionalizou a partir de 1982 como projeto da Sub-Reitoria e do
Departamento de Línguas e Letras da Ufes, deixou pelo menos três registros
impressosnessa década: Ofício da palavra (1982), contendo trabalhos realizados
durante o Seminário de 1981, Traços do ofício (1983), contendo textos de oficina
literária realizada em 1982, e Toques (1984), contendo textos de uma oficina de
poesia realizada em 1984. Três dos “graduados” da oficina literária de 1982 –
Francisco Grijó, Paulo Roberto Sodré e Valdo Motta – vão ser encontrados, mais
tarde, na Coleção Letras Capixabas. 
SANTOS NEVES(2019, p.82)
Marcos Tavares, um dos oficinandos, pontua sobre a oficineira e sobre as oficinas:
Deny Gomes era pessoa bem acessível, dinâmica, falava a linguagem dos
estudantes, exercia sobre esses uma influência carismática, ideológica até (havia,
sobretudo, a reivindicação libertária, antiditadura militar), trazia renomados
escritores para palestrar. Assim, afora os tantos professores que eram também
literatos, havia no contexto do corpo discente um fértil campo para as Letras.
Cadernos culturais e revistas literárias faziam fervilhar ainda mais o caldeirão de
15
pulsantes ideias. E Deny Gomes soube canalizar todo esse emergente potencial.
Realizou, com muito sucesso, já uma Oficina de criação de texto em 1981. Era um
espaço aos moldes de uma Oficina de Criação de Texto, ministrada por Geir Campos
e Antônio Torres, de que ela participara em 1978, no Museu de Arte Moderna,
quando mestranda lá na PUC-RJ. Assim, o acesso a aquela sala de criação, então
contígua à sala da Sub-Reitoria Comunitária, próxima ao Diretório Central dos
Estudantes (DCE), se não era informal, pois havia que se ter o compromisso com
frequência, era algo bem natural, independente de qual Curso fosse. Haviam
estudantes oriundos dos mais diversos cursos (Medicina, Comunicação, Artes,
Direito, Psicologia, Letras e Matemática). Sob patrocínio do MEC, e coordenado por
Deny, o I Seminário de Produção do Texto Literário realizou-se de 19 a 23 de
outubro de 1981, envolvendo 20 universitários da Ufes e de instituição de ensino
superior do interior do Estado (Ivan Castilho, p.ex., era da Faculdade de Direito, de
Colatina-ES). Acessível a alunos de diferentes matizes étnicos, ou socioeconômicos
fossem, o projeto de criação literária foi um sucesso. Nele, oficinandos escreveram,
leram e debateram textos seus e de outrem , assistiram a conferências, visitaram
gráficas para acompanhar processo de publicação de livro. Ao fim da primeira (1ª)
oficina, eles produziram, analisaram e selecionaram textos, o que redundou num
volume em livro: OFICIO DA PALAVRA (FCAA, 1982). 
(TAVARES, 2020)
Ribeiro (1993, p.65) afirma que "fazer parte da Oficina Literária de Deny Gomes
passou a ser um passaporte quase obrigatório para ter (seus) textos publicados". Marcos
Tavares discorda:
Não. Não é verdade. Participar da coleção Letras Capixabas não tinha como
condição sine qua non a frequência a qualquer evento dessa natureza. Tão verdade é
que Adilson Vilaça, que jamais participou dessas oficinas, fez-se presente já no
volume 12 da referida coleção, com A possível Fuga de Ana dos Arcos (contos).
Fora ele, então aluno de Comunicação, o vencedor do II Concurso Universitário de
Contos (1980). Igualmente contemplados nesse concurso, fomos Miguel Marvilla
(2º lugar), Ivan de Lima Castilho(3º), Debson Jorge Afonso (menção honrosa)
Sebastião Lyrio (idem) e eu (idem).
Tanto havia muito desejo e vaidade de se publicar na então nascente editora da
FCAA quanto havia um rigor editorial. Vi de bem perto isso, pois, por acaso das
circunstâncias e por afinidades literárias, acabei sendo estagiário da Editoria, ali
atuando de 1982-1984, até que fosse aprovado em concurso público, indo cumprir
ofício no interior do ES. 
Ivan Castilho publicou o Deus do Trovão (contos, volume 36), cuja orelha escrevi.
Paulo Roberto Sodré teve publicado Interiores (poemas, volume 15), que também
orelha escrevi. 
Debson Jorge Afonso, que foi o volume 27 (Batendo na porta errada, contos), jamais
fez oficina. Também Miguel Marvilla, que oficina não fez, publicou Os mortos estão
no living (contos, volume 35). Já eu, com o volume Vintecontos, havia também
obtido menção honrosa no Concurso “Geraldo Costa Alves”, publicado, com
acréscimos, como No escuro, armados (contos, volume 26). Sebastiao Lyrio teve
lançado o Nada de novo sob o neón (contos, volume 34). 
Também porque premiados em concurso promovido pela FCAA, fizeram jus a
edição: Francisco Grijó , com seu Diga adeus a Lorna Love (contos, volume 29);
Miguel Marvilla, outra vez, agora com Lição de Labirinto (poemas, volume 39);
Paulo Roberto Sodré com Lhecídio-Gravuras de Sherazade na penúltima noite
(poemas, volume 37). 
Waldo Motta, então aluno de Comunicação (Ufes), se oficinando fora, já era um
nome bem festejado pela crítica literária, tal qual o Sergio Blank, sequer aluno e
sequer oficinando: o primeiro teve na coleção o Eis o homem (poemas, volume 30);
o segundo, o Pus (poemas, volume 25). 
Dois outros, se alunos eram (Oscar Gama Filho e Gilson Soares), não possuíam
vínculo com aqueles espaços de escrita; ambos autores, respectivamente, de O
despedaçado ao espelho (poemas, volume 28), e de Rosa-dos-ventos (poemas,
16
volume 18). 
Assim, estar na prestigiada coleção Letras Capixabas, naqueles tempos de precário
parque gráfico-editorial, não era uma exclusividade de participantes de oficinas
ministradas pela Ufes ou por Deny Gomes. Aliás, essa professora e também literata,
somente fora publicar muito depois, em 1988: O desejo aprisionado (poemas,
volume 33). 
Muitos outros, jamais participantes daquelas, publicaram na citada coleção: eram
nomes já nacionalmente destacados (Rubem Braga, Geir Campos, José Carlos
Oliveira. Mendes Fradique), ou pelo menos em nível do território capixaba (Renato
Pacheco, Elmo Elton, Audifax Amorim, Fernando Tatagiba, Bernadette Lyra,
Reinaldo Santos Neves, Luiz Guilherme Santos Neves, Luiz Busatto, Roberto
Almada, Amylton de Almeida, Carlos Chenier). 
Há até reedições de obras cujos autores já são falecidos : Cantáridas e outros poemas
fesceninos (PauloVelloso e outros, volume 20) , A baixa de Matias( Azambuja
Suzano, volume 31).
(TAVARES, 2020)
2.3 MECANISMOS ESTATAIS DE FOMENTO À CULTURA
2.3.1 Lei Rubem Braga (Vitória)
Criada através da Lei Municipal 3730/1991, na gestão do prefeito Vitor Buaiz, até sua
reforma em 2019, era baseada em incentivo fiscal, em que o artista elaborava o projeto e dava
entrada no protocolo geral. O projeto era analisado pela comissão normativa, que dava parecer
pela aprovação. Caso o projeto fosse aprovado, o proponente recebia da PMV o certificado de
bônus. Ele era trocado por dinheiro com pessoas físicas ou jurídicas, que podiam abater até
20% do ISS ou IPTU devido. A antiga legislação assim versava:
Artigo 2º - O Projeto Cultural "RUBEM BRAGA” consiste na concessão de
incentivo fiscal para a realização de projetos culturais, a ser concedido a pessoa
física ou jurídica domiciliada no Município. 
§ 1º - O incentivo fiscal a que se refere o “caput” deste artigo corresponderá ao
recebimento, por parte de empreendedor de qualquer projeto cultural do Município,
seja através de doação, patrocínio ou investimento, de certifica- dos expedidos pelo
Poder Executivo, correspondentes ao valor do incentivo autorizado. 
§ 2º - Os portadores dos certificados poderão utilizá-los para pagamento dos
Impostos Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS - e Sobre a Propriedade
Predial e Territorial Urbana - IPTU - até o limite de 20% (vinte por cento) do valor
devido a cada incidência dos tributos, observado o cronograma financeiro do projeto
aprovado pela Comissão. 
§ 3º - O valor que deverá ser usado como incentivo cultural, anualmente não
podendo ser inferior a 2% (dois por cento), nem superior a,5% (cinco por cento) da
receita proveniente do ISS e do IPTU, será fixada na Lei orçamentária.
§ 4º - Para o exercício financeiro de 1991, fica estipulado que o valor do incentivo
cultural corresponderá a 5% (cinco por cento) do ISS e do IPTU 
(VITÓRIA, 1991).
Na reportagem sobre a Lei Rubem Braga dentro da revista Domingo, do Jornal do
Brasil, assinadapela jornalista Linda Kogure, a então secretária de Cultura, Vera Viana,
aponta a mudança na relação realizador cultural-empresário:
Porque o que mais desgasta a produção é se manter na eterna condição de quem só
17
pede. Com o bônus em mãos, o artista parou de pedir. Ele vai ao empresário vender
seu produto e trocar os certificados por dinheiro. O artista negocia com o empresário
em pé de igualdade.
(KOGURE, 1992, p.28)
Em outras palavras, os artistas viviam em situação de mendicância à porta das
empresas. Com a implantação da LRB, houve a profissionalização da produção e do
marketing cultural e os mesmos passaram a ter poder de barganha, tendo algo a oferecer aos
potenciais patrocinadores, tornando-se uma via de mão dupla. Além disso, a lei tirou o
trabalho dos patrocinadores de avaliar o mérito dos trabalhos, de acordo com Linda Kogure:
Os empresários concordam que a Lei Rubem Braga facilita o apoio para incentivos
culturais, justamente porque não precisam mais julgar o mérito e a qualidade do
projeto. Há duas comissões responsáveis por isso. Quando os projetos e os bônus
chegam as suas mãos já está tudo aprovado por pessoas conceituadas na área
artística.
(KOGURE, 1992, p.29)
Há controvérsias. Algumas vezes, quando se analisa o mérito e a qualidade dos
projetos para obtenção dos benefícios da Lei Rubem Braga, observa-se que um projeto de
baixa qualidade é aprovado em detrimento a outro que é considerado de alto nível. A
comissão utiliza-se de parâmetros questionáveis para tal aprovação. O jornalista Rogério
Medeiros, à época, vice-prefeito de Vitória, em depoimento para a dissertação de mestrado de
Julia Duarte de Souza, tece severas críticas aos rumos tomados na execução da LRB:
Falar da Lei Rubem Braga é falar de uma enorme frustração. Pois idealizada para
servir à democratização do acesso à cultura, principalmente às camadas mais
populares, não atingiu os seus objetivos. Nascida sob a imagem de que a sapatilha
de balé também cabia no pé do pobre, vi que infelizmente não coube, apesar de ter
girado e continuar girando imensos recursos públicos em favor da cultura. 
Ela, infelizmente, ou desgraçadamente (talvez esse adjetivo seja mais apropriado)
tirou da porta do poder público pedintes culturais (há exceções, claro) e os alçou à
condição de gestores do maior orçamento cultural do Estado do Espírito Santo, que,
sem dúvida alguma, foi e continua sendo a Lei Rubem Braga. Como esse país é um
país de golpes, deram um belo golpe na cultura capixaba quando substituíram a
Comissão Móvel pelas setoriais . Pegaram o controle total dos projetos. As patotas
tomaram conta da Lei Rubem Braga. Passaram a distribuir o seu imenso orçamento.
Para não faltar com exemplos, na área de cinema e vídeo houve integrante
da comissão que fez uma produtora e com ela produziu a maior parte dos projetos
nela aprovados.
Citei o exemplo somente para segurar a crítica, mas o grande desastre ocorreu
mesmo na qualidade dos projetos. Documentários sem qualidade para serem
exibidos, CDs sem o mínimo de circulação, peças de teatros sem público, livros sem
leitores. Evidente que há exceções de boa qualidade, mas que não apagam a má
qualidade da maioria. 
Não que essa má qualidade refletisse a condição cultural de Vitória. Ela é
consequência, como já foi dito a pouco, do acesso aos recursos da Lei Rubem Braga
de patotas que gravitaram em torno do poder público com os seus projetos. 
Um balanço, por menor que seja, na vida da Lei Rubem Braga, vai mostrar o
desperdício de uma imensidão de recursos, muito dinheiro mesmo, por conta do
controle dos projetos pelas antigas patotas e as que nasceram em decorrência do fim
da Comissão Móvel. 
(SOUZA, 2009,p.76-77)
18
Em relação à área de literatura, objeto desta monografia, de 1991 à atualidade, sob os
benefícios da LRB, foram financiados 396 projetos, no valor de R$ 3.066.739,49 (Prefeitura
Municipal de Vitória, 2019). Em 2019, a LRB teve seu texto modificado pela lei 9507/2019,
que trouxe as seguintes mudanças, conforme consta no documento Projeto Cultural Rubem
Braga:
Redução do período mínimo de comprovação de moradia no Município de
Vitória para 2 (dois) anos;
Repasse direto do recurso financeiro ao Empreendedor Cultural, retirando a
intermediação de Empresas apoiadoras;
Aumento de 8 (oito) para 19 (dezenove) áreas culturais, sendo:
Teatro; 
Música;
Arte Digital, Inovação e Tecnologia;
Artes Visuais;
Livro, Leitura e Literatura;
Circo;
Moda;
Design;
Arquitetura e Urbanismo;
Patrimônio Material;
Patrimônio Imaterial;
Arquivos;
Cultura Popular;
Artesanato;
Cultura Afrobrasileira;
Cultura Indígena;
Audiovisual;
Ópera;
Dança.
Alteração da comissão responsável pela análise de mérito dos projetos culturais
inscritos, "Comissão Técnica de Avaliação e Seleção", agora composta por
integrantes reconhecidos por notório saber nas áreas que representam, mediante
seleção pública, fazendo jus à remuneração;
Definição pelo Conselho Municipal de Política Cultural de Vitória (CMPC) dos
percentuais de aplicação dos recursos financeiros em cada área cultural;
Obrigatoriedade da indicação de um produtor executivo no projeto cultural,
podendo a função ser exercida ou não pelo proponente;
Transferência ao Fundo Municipal de Cultura dos valores decorrentes de
penalidades aplicadas aos empreendedores culturais e da devolução dos recursos
determinados pelo não cumprimento ou desaprovação da prestação de contas de
projetos culturais.
(PREFEITURA MUNICIPAL DE VITÓRIA, 2019)
2.3.2 Lei Rubem Braga (Cachoeiro de Itapemirim)
Regulamentada pelo Decreto nº 27.192/2017, a Lei Rubem Braga de Cachoeiro foi
implantada em 1991 e ficou adormecida por nove anos. Como sua homônima de Vitória, era
baseada em renúncia fiscal, em que o artista contemplado recebia os bônus e os trocava nas
empresas. Em 2016, em virtude da dificuldade dos artistas em receberem das empresas o
valor requerido, a LRB de Cachoeiro foi alterada, tornando-se um fundo de recursos próprios.
19
De 2009 a 2019, o valor total dos projetos literários incentivados pela LRB de Cachoeiro foi
de R$ 658.020,861.
2.3.3 FUNCULTURA (Espírito Santo) 
Criado pela Lei Complementar 458, de 21 de outubro de 2008, o Fundo de Cultura do
Estado do Espírito Santo - FUNCULTURA está em funcionamento desde 2009
cujos cujos recursos visam a incentivar a formação e a fomentar a criação, a
produção e a distribuição de produtos e serviços que usem o conhecimento, a
criatividade e o capital intelectual como principais recursos produtivos, e a tornar a
atividade cultural uma importante estratégia nos programas de desenvolvimento do
Estado do Espírito Santo.
(SECULT)
O realizador cultural tem acesso aos recursos do FUNCULTURA, através de editais
públicos anuais (SECULT). O fundo tem personalidade jurídica própria (CNPJ) e conta-
corrente na Agência Central do Banestes. Entre 2009 e 2018, o FUNCULTURA investiu R$
1.833.000,00 na produção de obras literárias, segundo informações das planilhas de
contemplados fornecidas pela Secult.
Em virtude da pandemia de Covid-19, e pela falta de servidores para que pudessem
fornecer dados em tempo hábil por meio da assessoria de imprensa ou pela Lei de Acesso à
Informação, não foi possível obter informações acerca das leis Chico Prego (Serra), João
Bananeira (Cariacica) e Vila Velha Cultura e Arte (Vila Velha). As leis supracitadas são as
que estão em vigor e são as que se tem conhecimento.
2.4 AS EDITORAS INDEPENDENTES
2.4.1 Florecultura
Fundada em 1999 pelo poeta Miguel Marvilla (1959-2009), em parceria com
Christoph Schneebeli. Graize (2009) conta como surgiu a editora:
Foi uma mulher o elo que primeiro aproximou, ainda que de maneira torta, o
estudante de Letras/ Inglês Miguel Marvilla e o estudante de Economia Christoph
Schneebeli. Na verdade, a desilusão provocada no poeta Marvilla por uma ex-
namorada, que o abandonou para começar um relacionamento com Schneebeli.
Anos depois coube aos livros a missão de superar esse desentendimento inicial e
consolidar uma amizade que se transformou em parceriaprofissional. Os dois
fundaram a Florecultura Editores em 1999 e, ao longo de dez anos, publicaram mais
de 80 livros.
Christoph ressalta o esmero na produção dos livros daquela casa editorial:
1 Informações obtidas pela Ouvidoria da Prefeitura Municipal de Cachoeiro de Itapemirim.
20
A ideia era ter sempre a qualidade estética, não só no sentido da beleza, mas no
sentido de um texto fluido, organizado, de uma impressão e de papel bons. Esses
eram os maiores cuidados dele, que analisava página por página. tinha muito esse
cuidado.
(GRAIZE, 2009)
O jornalista Marcelo Pereira observa como Miguel tratava o produto livro e seu
realizador: "Era uma editora onde o autor local tinha um tratamento caprichado. Não se
tratava apenas de imprimir o texto - o livro era pensando em todas as suas etapas, e ele
acompanhava tudo". (ZANOTTI, 2009). 
Saulo Ribeiro, escritor e editor da Editora Cousa, da qual falaremos a seguir, aponta o
salto de qualidade nas obras produzidas no Espírito Santo com a chegada da Florecultura:
"Como editor, Marvilla estabeleceu novos padrões de qualidade do livro feito no Espírito
Santo. Antes o livro capixaba tinha cara de livro capixaba, você já notava quando via em cima
da mesa, não precisava nem abrir". (SÉCULO DIÁRIO,2019).
2.4.2 Cousa
A editora iniciou suas atividades em 2009, mesmo ano que Miguel Marvilla nos
deixou. Saulo Ribeiro, editor, conta sobre o surgimento da Cousa:
A Cousa começou com Rodrigo Caldeira [poeta] e seus livros artesanais de
exemplar único. Eu coloquei a editora na era industrial, para desgosto dele. Mas
talvez a gente retorne para isso um dia. O primeiro livro, lançado em outubro de
2009, foi com o texto dramatúrgico de uma peça minha e do Vinícus Piedade,
intitulada Cárcere. A gente tinha essa necessidade de dar vazão à nossa produção
inicialmente, depois tudo foi acontecendo, os livros foram surgindo.
(LIVRE OPINIÃO,2017)
Como a Florecultura, a Cousa tem todo um cuidado no processo de diagramação,
impressão e distribuição dos livros.
2.4.3 Pedregulho
Fundada em 2013 por Marília Carreiro, "surgiu por causa da necessidade de publicar e
divulgar a literatura produzida em nosso estado" (FERNANDES, 2014). A autora-editora
aponta o perfil da Pedregulho:
Desde que decidi fundar a Pedregulho, tinha em mente que ela seria uma editora
plural, para trabalhar a diversidade em todas as suas formas. Era (e ainda é) um
desejo que as minorias sejam colocadas em destaque, produzindo e lançando textos,
blogs e livros físicos ou digitais, observando sempre os novos procedimentos e
segmentos de produção de conhecimento, adaptando esses conceitos ao generalizado
e crescente interesse pela literatura, favorecido pela internet, através de plataformas
21
on-line. Sempre tive parcerias que muito acrescentaram à editora, fosse por revisões,
dicas, ajudas das mais diversas. E todas essas pessoas que estiveram, de alguma
forma ligadas à editora em algum momento desses anos trouxeram a Pedregulho até
aqui. Hoje temos uma equipe composta por mulheres - e isso era um objetivo de
2013, que foi concretizado em 2019/2020 - dedicadas à criação de obras únicas e
focadas na aproximação dos leitores para com a literatura. Acreditamos todas que a
literatura deve ser direito de todo mundo e, por isso, adotamos formatos (como as
publicações digitais de livre distribuição, por exemplo) que chegam para todo o
público leitor, em qualquer lugar do mundo.
É muito bonito olhar pra trás e ver que trilhei um caminho, como produtora editorial,
que permitiu tantos autores publicarem seus livros. Foi uma proposta e uma aposta,
desde 2013, que deu certo. Com o tempo, a Pedregulho é conhecida também por sua
diversidade e participa, sempre que possível, de encontros com autores e futuros
autores.
(COBERLLARI,2020)
22
3 OUVINDO A VOZ DOS ESCRITORES
Após viabilizar sua publicação, a aspiração de boa parte dos escritores residentes no
Espírito Santo é vê-lo vendido nas livrarias, adotado nas escolas, comentado na imprensa,
pelos influenciadores literários digitais e lido pelos leitores. Todavia, há muitos percalços para
que o produto cultural livro chegue a quem de direito, a saber, o leitor. 
Se em 1987, o Ultraje a Rigor, pelos versos de Roger Rocha Moreira, a canção Inútil
dizia: A gente escreve livro e não consegue publicar, em 2020, pode dizer-se com segurança:
A gente publica livro e não consegue vender, nem divulgar, tampouco circular. Apontaremos
os principais gargalos para a profusão do livro do autor capixaba: a distribuição e divulgação.
3.1 DISTRIBUIÇÃO
Marcos Tavares2 mostra problema da distribuição dos livros nas livrarias:
Tanto a falta de uma política de efetiva distribuição quanto a precariedade numérica
de livrarias induziram a deixar livros para venda em consignação, o que pela
desorganização do empresário e do próprio autor, raramente garante retorno em
termos de acerto de contas. Já houve livraria que fechou portas e sequer me
devolveram exemplares lá deixados.
Maioria das livrarias locais quer apenas expor livro que esteja na lista bestseller,
jamais se arriscando a ocupar estante com título de autor nativo ou aqui
estabelecido. Tivesse que viver de venda de livros eu passaria fome. Literatura não
dá camisa. Talvez, sim, camisa-de-força: por conta das contas que chegavam, dada a
inadimplência, já vi literato quase enlouquecendo. Ainda tomarei coragem para
vender livro em praias: um projeto sempre adiado, verão após verão. Um dia, os
praianos ainda verão isso: não sei quando. [risos]
(TAVARES, 2020)
No Brasil, salvo raras e notáveis exceções, como Paulo Coelho e autores de livros de
autoajuda, como Augusto Cury e Roberto Shinyashiki, o escritor não consegue sobreviver só
de direitos autorais de suas obras. Muitos têm profissões paralelas, como professor, jornalista,
advogado, servidor público, entre outras. O próprio Marcos Tavares é auditor tributário da
Secretaria de Estado da Fazenda.
A postura das livrarias locais de só expor livro que seja bestseller denota um ranço
provinciano e colonizado de só valorizar o que é de fora. É como se a nossa literatura pouco
ou nenhum valor. A escritora Regina Menezes Loureiro3 aponta a via-crúcis do escritor que
produz literatura no Espírito Santo:
O sonho de se publicar um livro às vezes se torna um pesadelo:
1 - Você envia um livro para uma editora e espera meses pela resposta e recebe uma
negativa (não há nenhuma garantia de alguém gostar do que você escreve); 
2 Nasceu em 1957, em Vitória. Formado em Letras pela UEMG. Membro da Academia Espírito-Santense de
Letras. Trabalha como auditor tributário na SEFAZ.
3 Membro da Academia Feminina Espírito-Santense de Letras e da Academia Cachoeirense de Letras, pedagoga
advogada e escritora. Criadora do informativo As Acadêmicas.Idealizadora e coordenadora da Feira Literária
Capixaba (FLIC).
23
2- Aí escritor capixaba publica seus livros com recursos próprios ou por alguma Lei
de incentivo à cultura, mas não há quem compre seus livros. 
Considerando o seu livro ficou pronto, já armazenado em sua casa: 
1- Se você não conseguiu apoio de uma grande editora, quem fará a divulgação?
Sem divulgação a mercadoria fica estocada;
2- Se você publicou seu livro e não possui NF, não vai conseguir vendê-lo para
nenhuma livraria; 
3- O Estado do Espírito Santo não possui editoras que façam todo o trabalho de
divulgação e venda; 
4- A Imprensa não é nossa aliada; 
5- Como a Literatura permeia as outras artes, digo que a cultura não recebe, ou é
quase nulo o apoio do poder público. 
(LOUREIRO, 2019)
O Espírito Santo não possui uma indústria editorial consolidada. O que temos, na
verdade, são empresas que prestam serviços editoriais, nas áreas de revisão, editoração
eletrônica, ilustração, além das gráficas, que prestam os serviços supracitados e imprimem os
livros. Muitos autores independentes são obrigados a se formalizar enquanto pessoa jurídica
para poder emitir nota fiscal e vender seus livros nas livrarias. 
O escritor Anaximandro Amorim4, em entrevista para Vitor Cei, aponta quehá
preconceito contra o autor capixaba, além de restrições de ordem tributária para a venda das
obras:
O grande gargalo, no entanto, está na distribuição. Os livros dos ditos "capixabas”
não contam com um esquema profissional de colocação em livraria. Resultado: o
autor, quando consegue chegar lá, fica, em geral, no fundo da loja, em uma prateleira
escondida, “guetizado” com a “pecha" de “capixaba" (na minha opinião, "literatura
capixaba” não existe, pois somos todos brasileiros). Isso, quando a livraria nos quer,
pois, recentemente, descobrimos que o regulamento do ICMS possui dois
dispositivos que funcionam como uma verdadeira barreira à venda, apenando o
livreiro com multa, por questões de obrigação acessória. Ou seja: é difícil chegar à
livraria, é difícil vender e, ainda por cima, o livreiro leva uma multa... por vender os
nossos livros! Não é desestimulante?
(CEI et al, 2020, p.63)
Anaximandro5 faz o seguinte complemento sobre o gargalo da distribuição:
O maior gargalo da produção literária do ES tem nome e se chama “distribuição”.
Com tanta tecnologia, muitas das quais acessíveis, nunca foi tão fácil publicar um
livro neste Séc. 21. O problema, no entanto, está na “publicização”: com o produto
final em mãos, o autor não consegue chegar às grandes livrarias porque não há
interesse mercadológico e, quanto às pequenas, há um gargalo na própria legislação
capixaba: dois dispositivos do Regulamento do ICMS, combinados, culminam por
apenar o livreiro que der saída à mercadoria cuja origem se dá por nota avulsa. Isso
significa: há uma cilada dentro do próprio Estado, algo que precisa ser corrigido
urgentissimamente uma vez que eu já vi livreiros sendo multados... por venderem
livros! E de autores da terra!
Retoma-se a questão da mentalidade provinciana dos livreiros e sua visão
4 Nascido em Vila Velha/ES, em 1978. É advogado, professor e escritor. Membro de várias entidades culturais
do Estado.
5 Informações fornecidas por correio eletrônico. AMORIM, Anaximandro Oliveira Santos. TCC Maxwell .
[mensagem pessoal] Mensagem recebida por: . em: 27 nov. 2020.
24
mercadológica e imediatista, não acreditando nos valores locais. Por outro lado, é absurda a
opressão do fisco estadual com os tais dispositivos que punem os livreiros por estes últimos
comercializarem os livros de autores capixabas adquiridos através de nota fiscal
avulsa. Oliveira e Dalvi (2016. p.91-92) afirmam que uma grande rede de livrarias,
atualmente em recuperação judicial, cria empecilhos para venda de livros de autores locais: 
Em pesquisa de campo para este estudo, constatamos que a rede de livrarias com o
maior número de lojas localizadas em shopping centers da região metropolitana
(aqui identificada como Livraria S.) dificulta o acesso à venda de livros de autores
capixabas; conseguir incluir títulos no acervo da livraria só é possível com a
mediação de distribuidores, visto que, para figurar no cadastro de editoras ligadas à
livraria, somente com 150 títulos no catálogo. Para uma editora independente fora
do eixo Rio-São Paulo ou para o autor independente essa parece ser uma empreitada
inviável – a julgar pelo fato de que não existem distribuidoras locais com catálogo
especializado em literatura do estado do Espírito Santo.
As mesmas autoras falam a respeito do fechamento das livrarias na Grande Vitória: 
Um outro dado ajuda a vislumbrar o cenário: em Vitória, capital do Estado, desde
2015, a população tem assistido ao fechamento de diversas livrarias. A Livraria LG.,
originária do Espírito Santo, que tinha um espaço destinado aos autores de livros
produzidos no estado, e que realizava projetos em parceria com as escolas, fechou
quatro lojas em 2015, ficando apenas com uma loja em um shopping de bairro e
outra, que abriga a administração e serve de estoque. Outro espaço de
comercialização, a Livraria LE., situada no Shopping Vitória, o maior da capital, e
que também aceitava comercializar os livros de autores regionais, fechou suas portas
em 2015. Em outro município da região metropolitana, Vila Velha, há uma livraria
de rua, a Livraria E., que faz também a distribuição de livros para escolas. Contudo,
a prioridade não são os títulos de autores regionais, cujo acervo é ínfimo na loja, e
atende a uma demanda originada pelos escritores em ações independentes de
distribuição e prospecção.
(OLIVEIRA E DALVI, 2016, p.92)
Lívia Corberllari6, escritora e jornalista, também opina sobre a distribuição dos livros
de autores capixabas: "Nossa dificuldade é sair daqui, sair da ilha. De que pessoas de fora
daqui conheçam alguns livros e escritores que acho muito incríveis e queria muito que
tivessem esse reconhecimento para fora" (TAVEIRA, 2020). A escritora Chirlei Wandekoken7
aponta como funciona o sistema de vendas e livrarias e aponta sua estratégia de vendas
enquanto autora-editora:
Maxwell, o mercado funciona da seguinte forma: são as livrarias e as distribuidoras
que escolhem que livro, ou quais livros, elas vão querer em suas prateleiras. E em
consignação, com desconto de 55% a 60% do valor de capa. Portanto, não vale a
pena colocar livro em livraria. Hoje em dia, com a internet, tudo mudou. Por
exemplo: sou dona de uma editora e lanço um livro meu. Sinceramente, eu prefiro
vendê-lo no site da minha própria editora, a fornecê-lo em consignação, com um
desconto absurdo desse, apenas pela vaidade de ver um livro meu numa livraria.
Para quê? Eu já achei o meu público, ele vem atrás de mim onde quer que esteja os
6 Nasceu em 1989, em Salvador (BA), mas mora em Vitória (ES) desde 1996. É autora do livro de poemas
Carne Viva. É responsável pelo projeto Livros por Lívia.
7 Nasceu em Barra de São Francisco. É formada em Jornalismo. Fundadora e editora da Editora Pedrazul,
especializada em romances de época.
25
meus livros. Vendo muito pela Amazon e minha receita já chegou a ser muito maior
na venda de E-book que de livro físico. Atualmente, porque eu parei com algumas
parcerias com blogs (são necessárias), a venda do livro físico está superior à venda
do e-book, isso devido o marketing da Pedrazul. Então, uma ótima estratégia para
quem não tem uma editora são as parcerias com blogs. Imprima poucos livros (no e-
book gratuito em explico isso) e os doe para os blogueiros. Eles gostam do livro em
papel e de marcador também.
(WANDEKOKEN, 2009)
Mercadologicamente, para Chirlei, é mais vantajoso fazer a venda de seus livros no
site da editora de sua propriedade a deixar as obras em consignação em livrarias. Alguns
autores independentes fazem venda direta dos seus livros, principalmente em eventos
literários. Ademais, a Amazon tem contribuído para democratização da publicação literária
em meio digital.
3.2 DIVULGAÇÃO
No Espírito Santo, é senso comum que os artistas aqui não são reconhecidos e
precisam sair do Estado para que tenham notoriedade. O jornalismo cultural, nos últimos
anos, tem sido afetado com o encerramento das atividades dos jornais impressos,
enxugamento das redações e priorização na divulgação de autores bestsellers. A escritora
Renata Bomfim8 fala sobre é sua relação com a imprensa:
Vemos escritores de obras não tão boas ganharem primeira capa do jornal de cultura
e nós ralamos por umas linhas no jornal.
(...)
Quando lancei a minha primeira obra, tive muita dificuldade para divulga-la, hoje
que alcancei alguma projeção é mais fácil, mas ainda é difícil (risos), essa
“facilidade” a que me refiro acontece em função do apoio de amigos jornalistas que
dão aquela força e não pelo desejo espontâneo da imprensa de fazer a informação
sobre a obra chegar ao leitor.
(BOMFIM, 2019)
Marcos Tavares fala sobre como funciona a relação imprensa-autor fora do Eixo:
Uma verdade deve ser dita: imprensa, qual modalidade seja, não corre atrás de
escritor que esteja fora do eixo Rio-São Paulo. Em verdade, querem que o autor os
procure, por vezes ofertando a obra e contando com um bom “pistolão” (na
atualidade, este recebe pomposos nomes: assessor de comunicação, manager,
publisher etc.)
(TAVARES, 2020)
O eixo Rio-São Paulo concentrao maior volume da produção editorial do país, as
cinco maiores redes de televisão, os quatro maiores jornais e as três principais revistas
semanais. Por conseguinte, os autores têm o acesso facilitado ao circuito mercadológico e
midiático. Chirlei Wandekoken fala do desinteresse da mídia local por livros e o mórbido
interesse por morte e crimes:
8 Nasceu em 1972. È poetisa, escritora e arteterapeuta.
26
Quando eu comecei e estava meio "deslumbrada" em ser autora de um livro (grandes
coisas rs. Tem mais autor que leitor nesse país), eu, como jornalista, mexi meus
pauzinhos e usei minha rede de contato. Consegui espaço no jornal A Gazeta, A
Tribuna, TV Vitória, etc. Mas porque eu sou do meio e tinha amigos. A mídia não
tem interesse nisso. A mídia fornece o que o público quer e ninguém (a minoria
ínfima) quer saber de livro. Entendeu? É o mercado, meu caro. Crime vende, morte
vende, dá audiência, e os veículos trabalham pela audiência.
(WANDEKOKEN, 2019)
Os grupos midiáticos são pautados no lucro, e para estes, os fins justificam os meios
para obtê-lo. Conseguintemente, os mesmos noticiam aquilo que gera audiência e
visualização. Livros de literatura só tem espaço em emissoras educativas e comunitárias.
Temer apud Barcelos (2020, p. 16) complementa:
As empresas midiáticas, e por extensão o telejornalismo, são movidos por
interesses empresariais e ideológicos nem sempre perceptíveis para o grande
público, e condicionados pela mediação tecnológica própria da natureza técnica
deste veículo.
O escritor LP Faustini9 também aponta o descaso da mídia local por livros:
A maioria não entende ou não se interessa. Em certo período, distribuí livros meus
para jornalistas falarem sobre minha obra. Ninguém a leu, resumindo-se a colocar no
jornal apenas o resumo do que eu já tinha dito, mas com suas próprias
interpretações. Salvo alguns que reconheceram o trabalho, no geral, a divulgação no
ES de literatura fantástica é pífia.
(FAUSTINI, 2019)
É fato que nos últimos anos, os jornais impressos têm passado por uma crise, agravada
pela pandemia, encerraram as atividades em versão impressa e migraram para internet, como
aconteceu com o nonagenário A Gazeta. Com isso, houve o enxugamento do quadro de
jornalistas e os cadernos de cultura diminuíram. Livros chegam amiúde às redações dos dois
maiores jornais do Estado. Não há jornalistas especializados em literatura. Os repórteres dos
cadernos culturais tem que cobrir de celebridades a séries lançadas em plataformas de
streaming. As redações dos jornais e portais reproduzem ipsis litteris o press-release,
limitando-se a mudar o título ou reescrevê-lo com informações adicionais do autor. O escritor
Jovany Sales Rey10 afirma que a divulgação limita-se ao lançamento coletivo promovido pela
Secult:
Quanto à divulgação, existe esse apoio, sim, mas limitado somente às obras
publicadas através de seus editais de literatura, por ocasião do lançamento coletivo.
Infelizmente, não se divulga nenhuma obra em si, apenas o evento de lançamento e a
listagem dos contemplados. É uma divulgação institucional e não propriamente
literária.
(REY, 2019)
 A Secult, enquanto patrocinadora dos livros lançados no edital, deveria pagar
9 Autor de livros com temática fantástica.
10 Roteirista de cinema e televisão, dramaturgo, escritor e historiador. Nasceu em Alfenas.
27
assessoria de imprensa, com vistas à divulgação das obras contempladas nos editais de
literatura. A divulgação acaba ficando por conta do autor, muitas vezes sem contato com as
redações. Na mesma linha, Lívia Corbellari, aponta a não continuidade da divulgação dos
livros:
Não há muitas pessoas falando sobre nossa literatura e as resenhas, matérias e
entrevistas ficam restritas à época do lançamento. Não há uma continuidade na
divulgação desses livros.
(TAVEIRA,2020)
O edital 21/2020 do FUNCULTURA prevê que os candidatos apresentem um plano de
ação para divulgação da obra. A responsabilidade da divulgação fica por conta do proponente.
O documento deve constar "informação sobre as ações previstas visando à divulgação e
difusão do bem cultural ou do resultado gerado a partir da realização do projeto
pela comunidade, na localidade em que a ação será realizada".(SECULT, 2020)
3.3 CIRCULAÇÃO
Os escritores tem reclamado da falta de apoio estatal para a circulação de suas obras.
Alegam que o poder público só apoia a impressão dos livros. Em relação à questão, afirma
Jovany Sales Rey:
Quanto à distribuição, as secretarias de cultura que promovem os editais, alegam
reservar determinado número de exemplares para distribuição em escolas e
bibliotecas, mas os autores nunca acompanham essa distribuição ou recebem
quaisquer informações.
(REY, 2019)
Marcos Bubach11, a seu turno, fala de como as obras que receberam incentivo
circulam:
Na distribuição, que eu percebi, as secretarias de cultura como ficam com parte da
publicação dos escritores que participam de suas leis de incentivo, fazem trabalhos
de distribuição desses títulos em bibliotecas de seus municípios.
(BUBACH, 2019)
É uma percepção particular. Só não se sabe se as obras chegam de fato a quem se
destina.
O escritor David Rocha12, em entrevista a Vitor Cei, aponta que as leis de incentivo se
limitam à publicação do livro, não contemplando outras etapas, como a divulgação e
circulação:
Temos importantes leis de incentivo cultural que contemplam a publi cação de livros
11 É escritor, produtor cultural, membro do Conselho de Cultura de Cariacica, onde atua na câmara de literatura.
Presidente da Academia Cariaciquense de Letras.
12 Escritor, nasceu em Vila Velha. Autor de Dissonâncias.
28
na Grande Vitória, no entanto, o que percebemos que essas ini ciativas quase sempre
contemplam exclusivamente a publicação de um livro im presso, do objeto livro, o
que não significa promover de modo sistemático uma produção literária. Os editais
são fechados e quase nunca permitem que o autor pense am plamente em todas as
etapas necessárias não apenas à impressão do livro, mas a sua difusão dentro e fora
do estado. Serviços como uma assessoria de imprensa, criação de ferramentas de
difusão, comercialização e circulação, ficam fora dos editais e o livro muitas vezes
se torna um amontoado de papel ocupando espaço no quartinho do escritor.
(CEI et al, 2020, p.63)
Neste sentido, se faz necessário readequar os editais para que os mesmos abranjam os
processos pós-publicação. Ribeiro (2014, p.27) vai na mesma opinião de David Rocha no
tocante à deficiência dos mecanismos de financiamento na cobertura das outras etapas pós-
publicação:
Por outro lado, se a política estadual dos editais e a política municipal de leis de
incentivo à cultura propiciaram a publicação de uma grande quantidade de livros,
com critérios de qualidade bem flexíveis, municípios e estado pararam ou
diminuíram a aquisição de livros para as bibliotecas públicas e escolares, como se
aqueles publicados por leis e editais suprissem essa necessidade. Todavia, isso não é
verdade, pois muitos escritores publicam por editoras privadas ou por si mesmos e,
com isso, não têm seus livros adquiridos para as bibliotecas públicas, impedindo aos
leitores capixabas de lerem, por exemplo, os excelentes romances “A longa história”
ou “A ceia dominicana”, de Reinaldo Santos Neves, publicados pela Bertrand Brasil
e “A Capitoa”, de Bernadette Lyra, editado pela “Casa da Palavra”. 
O mesmo autor sugere soluções para a resolução dos gargalos de circulação e
divulgação:
O que falta, ainda, no Espírito Santo, é uma política de circulação e de divulgação
dos livros capixabas, lugares públicos e privados onde possam ser vistos e
conhecidos e uma política de aquisição de livros de autores capixabas para as
escolas, presídios e bibliotecas públicas. Certamente, diante da centena de livros
capixabas publicados, anualmente, há uma dezena de obras de qualidade, que
merece ser lida e apreciada por um público maior, além dos amigos e dos colegas de
profissão, leitores de sempre.
(RIBEIRO, 2014, p.27)
29
4 AS INICIATIVAS QUE FOMENTAMA LITERATURA CAPIXABA
Tão-somente reclamar não mudará o estado de coisas em que se encontra a literatura
produzida no Espírito Santo. Neste capítulo, mostraremos as iniciativas individuais e
institucionais que têm contribuído para a visibilidade dos autores capixabas e suas obras.
4.1 LEIA CAPIXABAS
Idealizado e coordenado pelo escritor Anaximandro Amorim13, o Clube de Leitura
Leia Capixabas é o fruto de um minicurso acerca da literatura no Espírito Santo ministrado
em 2018 na Aliança Francesa de Vitória, enquanto extensão da disciplina Seminário III, à
época que ainda cursava Letras-Francês na Ufes, coordenado pelo professor Paulo Roberto
Sodré.
Em 2019, o Leia Capixabas foi lançado e sua primeira edição ocorreu em 16 de março,
com o tema crônicas. As reuniões, antes da pandemia do coronavírus, ocorriam todo terceiro
sábado do mês, no Trapiche Gamão, sede da Editora Cousa, com uma média de 12 pessoas
por encontro, sem limite de obras e autores, com franca participação, seja como ouvinte ou
como falante. Cada reunião tem um tema, com recorte no gênero literário. O grupo tem como
normas a proibição de xerox de livros, salvo se autorizadas pelo autor, discussões fora do
tema e autopropaganda de livros pelos escritores.
4.2 PROGRAMA SIM PARA A LITERATURA
Segundo seu idealizador, o professor José Rodrigues Pereira14, o programa SIM
PARA A LITERATURA, é o único programa na TV aberta no Espírito Santo totalmente
voltado para a literatura. É gerado dos estúdios da TV SIM, de Linhares, exibido na Região
Norte, outras localidades do ES e para a Grande Vitória. Está no ar desde 06 de junho de
2016. É exibido todos os sábados e tem a duração de 30 minutos. Os programas também estão
disponíveis no canal do programa no YouTube, possibilitando que pessoas de outras partes do
Brasil e do exterior assistam.
Tem o formato de revista eletrônica, com um tema a cada semana, apresentado de
forma dinâmica e aprofundada. Para Pereira (2019), o programa SIM PARA A
LITERATURA tem como objetivos:
 Divulgar ações, projetos e iniciativas voltadas para estimular as pessoas à
13 Informações fornecidas por correio eletrônico. AMORIM, Anaximandro Oliveira Santos. LEIA
CAPIXABAS. [mensagem pessoal] Mensagem recebida por: . em: 17 nov. 2019.
14 Informações fornecidas por correio eletrônico. PEREIRA,José Rodrigues. INFORMAÇÕES SOBRE O
PROGRAMA SIM PARA A LITERATURA - ATT MAXWELL. [mensagem pessoal] Mensagem recebida por: .
em: 19 nov. 2019.
30
aquisição de hábitos de leitura; e ao ato de ler.
 Discutir sobre a importância da literatura como alternativa prazerosa, voltada
para o bem-estar das pessoas; e para o seu desenvolvimento intelectual e crítico.
 Atuar com foco em três frentes: o hábito da leitura no ambiente da família; na
escola; e aproximar ao máximo os livros da população.
4.3 PROGRAMA DEDO DE PROSA
Programa da TV ALES sobre literatura produzida no Espírito Santo. Sua primeira
edição foi ao ar em 06 de agosto de 2009, trazendo uma entrevista com o escritor Adilson
Vilaça. Sua primeira apresentadora foi a jornalista Katarine Rosalem. Sobre o programa, ela
relata: 
"Um bate-papo descontraído com escritores capixabas, que mostram sua casa, falam
sobre suas obras, sobre os estilos que escolheram, como está a produção literária no
ES, onde buscam inspiração, novos livros e outras curiosidades. São 30 minutos de
muita cultura.
(ROSALEM, 2009)
Atualmente, é apresentado pela jornalista e escritora Gabriela Zorzal.
4.4 LIVROS POR LÍVIA
Idealizado pela jornalista e escritora Lívia Corbellari, começou como um blog, como
ela relata:
Eu comecei o blog em março de 2013 e agora ele está fazendo 3 anos. No começo
era só um portfólio no qual eu publicava as minhas melhores resenhas, na época eu
trabalhava no jornal Seculo Diário e o jornal recebia muitos livros, eu lia alguns e
fazia as resenhas. Depois o meu volume de leitura foi crescendo e eu fui fazendo
resenhas especificas para o blog focando mais na literatura produzida no Espírito
Santo. O blog foi crescendo e hoje se tornou um portal no qual publico, além das
resenhas, entrevistas e matérias sobre a literatura contemporânea. Eu gosto de
escrever sobre o que leio porque é uma forma de eu entender melhor o livro e de
fixar aquela história em mim. Eu só resenho os livros que eu gosto e que de alguma
forma me marcam e escrevendo sobre eles eu acabo me sentindo mais próxima
dessas histórias, porque sempre que vou escrever um texto eu pesquiso algo sobre o
autor e sobre os livros anteriores dele.
(ONHAS, 2016)
Em 2020, foi aberto o canal no YouTube. Taveira (2020) ressalta que "o canal tem
foco na divulgação da literatura contemporânea brasileira, com especial atenção para as
publicações de autores do Espírito Santo, que devem aparecer com frequência".
4.5 PROJETO VIAGEM PELA LITERATURA
Sobre a coordenação de Elizete Caser, o projeto é executado pela Biblioteca Municipal
31
Adelpho Poli Monjardim, vinculada à Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de
Vitória. Para Oliveira e Dalvi (2016, p.99), o projeto Viagem pela Literatura é "uma das
únicas iniciativas consistentes e mais duradouras na vertente da divulgação de autores de
Literatura Infantil no Espírito Santo". Rocha (2014) descreve o projeto:
O projeto Viagem pela Literatura vem sendo realizado desde 1994 pela Biblioteca
Municipal Adelpho Poli Monjardim, vinculada a Secretaria de Cultura da Prefeitura
de Vitória, por meio de atividades sócio-culturais desenvolvidas por
atores, escritores e contadores de histórias, utilizando diversas linguagens. Atua
prioritariamente junto ao público das comunidades de bairros periféricos, com maior
índice de vulnerabilidade e/ou risco social, dinamizando, dessa forma, a interação
com a população do município.
O Encontro com o Escritor, segundo Rocha apud Almeida (2016, p. 50), "é uma
atividade em que as crianças e adolescentes têm acesso ao processo de criação". Em outras
palavras, é o momento em que o escritor ou a escritora tem contato com os leitores.
32
5 COMO SE PODE MUDAR ESTE ESTADO DE COISAS?
Diante dos problemas expostos, seguem algumas propostas que podem atenuar esta
situação de marginalidade enfrentada pela literatura produzida no Espírito Santo:
5.1 CRIAÇÃO DO PRÊMIO ESPÍRITO SANTO DE LITERATURA
É um prêmio, a ser organizado pela Secretaria de Estado da Cultura, com o apoio da
Academia Espírito-Santense de Letras e da Academia Feminina Espírito-Santense de Letras
para selecionar os melhores livros nos gêneros romance, conto, crônica, poesia e literatura
infanto-juvenil, editados e publicados no Espírito Santo, divididos em autor estreante e autor
com obras publicadas. Cada um dos dez autores dos cinco gêneros ganharia um prêmio em
dinheiro e uma bolsa para um curso de escrita criativa.
Seria um tipo de Oscar da literatura produzida no Espírito Santo, com o fito de
estimular a produção e a divulgação literária local. O júri será composto por pessoas com
notória experiência em literatura, nomeados pelo um conselho curador do prêmio, presidido
pelo secretário da Cultura. Um livro que recebe um prêmio literário ganha maior visibilidade
na mídia, por conseguinte, tende a ser procurado nas livrarias.
5.2 INCENTIVO À CRIAÇÃO DE FEIRAS LITERÁRIAS NOS MUNICÍPIOS DO
INTERIOR E NAS PERIFERIAS
À exceção da Bienal Rubem Braga, que ocorre em Cachoeiro de Itapemirim, as feiras
literárias no interior do Estado são inexistentes, conforme foi levantado. É necessário criar
eventos que possibilitem os escritores que produzem literatura no Espírito Santo circular e
fazer divulgação de seus livros em todo o Estado, uma vez que ficam limitados à divulgação
na Grande Vitória. A divulgação da produção literária do Espírito Santo fica reduzida aos
autores residentes na região metropolitana.
As periferias da Grande Vitória, tão estigmatizadas pela imprensa local, que só
enfatiza os assassinatos e as guerras de facções por pontos de venda de drogas, têm muitos
talentos literários escondidos. Fica subentendido que dá audiência mostrar jovem negro morto
a tirosou preso por matar, roubar, traficar, furtar ou estuprar. Barcellos (2020, p.22) aponta
esta estereotipação da mídia:
A terceira parte do fato de que ao aparecem na mídia, boa parte das matérias
envolvendo os jovens é sobre violência, usando os jovens como principal fator de
violência no estado. Além disso, a discussões de pautas sobre políticas públicas para
os jovens não são trabalhadas pelos telejornais.
As feiras são um ótimo meio para que estes jovens, oriundos de famílias
33
desestruturadas e economicamente vulneráveis possam mostrar sua produção. É preciso dar
voz e vez à literatura feita à margem do cânone e dos padrões acadêmicos.
5.3 CONDICIONAMENTO PELO GOVERNO DO ESTADO E PELAS PREFEITURAS DA
VEICULAÇÃO DA PROPAGANDA OFICIAL À DIVULGAÇÃO DE AUTORES QUE
PRODUZEM LITERATURA NO ESPÍRITO SANTO NAS EMISSORAS DE RÁDIO E
TELEVISÃO
Salvo os programas Um dedo de prosa e SIM para a Literatura, o espaço para
divulgação dos livros de escritores que produzem no Espírito Santo é quase nulo. Certa feita,
um autor capixaba entrou em contato com a produção de um programa exibido aos sábados
com temática cultural, onde queria divulgar o seu novo livro. Ele obteve a resposta que já
fizeram uma matéria sobre literatura capixaba. O diretor do programa era pernambucano.
Apresentadores e produtores, quando dão espaço para um escritor falar de seu livro é
porque ele faz parte do seu círculo de amizade. O autor, muitas vezes não tem dinheiro para
pagar uma assessora de imprensa e ele tem que fazer isso. Escritores fora do círculo de
amizade dos comunicadores, ao fazer o follow-up, recebem respostas evasivas dos editores,
que lhes fecham as portas. Não obstante serem empresas privadas, pautadas pela livre
iniciativa, as emissoras de rádio e televisão precisam seguir o artigo 221 da Carta Magna, que
assim diz:
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão
aos seguintes princípios: 
I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; 
II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente
que objetive sua divulgação; 
III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme
percentuais estabelecidos em lei; 
 
É urgente que haja a regulamentação dos meios de comunicação para que estes
cumpram a contento sua função social. Os oligopólios midiáticos tacham a medida como
censura e prática ditatorial. Não é o que Ekman e Barbosa (2014) pensam:
Por fim, o simples estabelecimento de uma regulação da radiodifusão não pode ser
tachado de cerceamento da liberdade de imprensa ou então de censura porque é isso
o que diz e pede a própria Constituição brasileira de 1988, ao estabelecer princípios
que devem ser respeitados pelos canais de rádio e TV. No entanto, mais de vinte e
cinco anos após sua promulgação, nenhum artigo de seu capítulo V, que trata da
Comunicação Social, foi regulamentado, deixando um vazio regulatório no setor e
permitindo a consolidação de situações que contrariam os princípios ali
estabelecidos.
34
5.4 INCLUSÃO DE DOIS LIVROS DE AUTORES CAPIXABAS NAS CESTAS BÁSICAS
DISTRIBUÍDAS PELAS TRÊS ESFERAS DE PODER, FINANCIADOS POR ESTAS
ÚLTIMAS
Mais do que matar a fome de alimentos, é necessário matar a fome de saber. Sendo
assim, a inserção de duas obras de autores locais corrobora para que as obras circulem.
Quando o hábito de leitura é inculcado, a pessoa em situação de vulnerabilidade social tende a
não ter mais fome de comida, mas fome de conhecimento. A mesma passa a compreender, por
meio dos livros, de sua condição e se conscientiza que é possível quebrar o ciclo de pobreza.
Este é o poder empoderador da literatura.
5.5 PRIORIZAÇÃO NA PREMIAÇÃO DOS EDITAIS PARA PRODUÇÃO DE LONGAS-
METRAGENS E SÉRIES QUE SEJAM ADAPTAÇÕES DE OBRAS LITERÁRIAS DE
AUTORES DOMICILIADOS NO ESPÍRITO SANTO
Quando uma obra literária é adaptada para algum formato audiovisual, no período de
sua exibição, ocorre um aumento na venda da mesma. A nível local, foi o que aconteceu com
os romances Os incontestáveis, de Saulo Ribeiro e Reino dos medas, de Reinaldo Santos
Neves, que virou o filme As horas vulgares, dirigido por Vitor Graize e Rodrigo de Oliveira.
A nível nacional, ocorreu em relação à quinta adaptação para novela do romance Éramos Seis,
de Maria José Dupré, como apontam Xavier e Redavam (2019):
Estreada no dia 30 de outubro, a novela homônima foi responsável por alavancar as
vendas do livro que a originou, publicado pela primeira vez em 1943. Dados da
plataforma Estante Virtual, que reúne sebos e livrarias, apontaram um crescimento
de 67% nas compras do livro somente no mês de outubro, comparando com janeiro.
Além disso, do total de aquisições da obra até o momento em 2019, 42% ocorreram
entre os meses de setembro e outubro, período da divulgação e início de veiculação
da novela.
Por meio dos longas-metragens e das séries, o povo capixaba passa a se enxergar nas
produções audiovisuais, onde se manifestam todas as expressões culturais do nosso Estado,
desde a polenta de Venda Nova do Imigrante ao congo da Barra do Jucu. Além disso, fomenta
a indústria audiovisual capixaba, com contratação de técnicos e artistas locais, e geração de
empregos indiretos nos setores secundário e terciário.
35
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve o objetivo de apontar os desafios que os escritores que produzem
literatura no Espírito Santo enfrentam após viabilizar a publicação de suas obras. Por meio
dos questionários aplicados aos escritores por e-mail e analisados à luz do referencial teórico,
foram constatados os desafios a seguir:
Dificuldades na distribuição nas obras de autores que produzem literatura no
Espírito Santo, por conta do desinteresse das livrarias de maior porte, que só compram
livros de editoras com mais de 150 livros no catálogo, um desafio para uma editora
independente, e as livrarias pequenas são penalizadas pelo fisco capixaba em virtude
de dois dispositivos do regulamento de ICMS se o livreiro der saída ao livro adquirido
por meio de nota fiscal avulsa.
Dificuldades na divulgação das obras e autores capixabas nos veículos locais. As
emissoras comerciais de rádio e televisão raramente fazem entrevistas com escritores
em seus programas, salvo se estes últimos forem considerados bestsellers ou terem
estreita amizade com os apresentadores ou produtores dos programas. À exceção do
Em Movimento, da TV Gazeta, não há nenhum programa em TV aberta que aborde
cultura, embora o programa em questão não aborde literatura. As emissoras, nos
minutos finais de seus telejornais exibidos às sextas-feiras ou sábados, apresentam a
agenda cultural do final de semana, mas não abordam lançamentos de livros, a não ser
que seja escrito por uma celebridade.
Os mecanismos públicos de financiamento da publicação das obras literárias
limitam-se tão somente na viabilização da publicação das mesmas, ficando por conta
dos autores a distribuição, divulgação e circulação dos livros. São raras as iniciativas
estatais para fazer que os livros cheguem aos leitores e não virem um monte de papel
empilhado debaixo das camas dos escritores.
Não obstante, existem iniciativas particulares e institucionais que têm contribuído
para dar mais visibilidade à literatura produzida no Espírito Santo e aos seus autores,
como o programa Viagem pela Literatura, da Secretaria de Cultura de Vitória, o Leia
Capixabas, coordenado por Anaximandro Amorim, os programas de televisão Sim
para a Literatura, da TV Sim e Dedo de Prosa, da TV Ales, além do blog Livros por
Lívia, de Lívia Corbellari.
No último capítulo, foram apresentadas propostas que possam dar maior visibilidade
à literatura produzida no Espírito Santo seja reconhecida aqui.
Para concluir, seguem algumas sugestões:
Aos professores de Língua Portuguesa: façam a apresentação dos escritores
capixabas, seja por meio de leitura coletiva das obras, seja com palestras dos autores
nos estabelecimentos de ensino, além de participar de eventos que promovem estudos
36
sobre os autores

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