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Atendimento Pré-Hospita- lar, transporte e Classifica- ção de Riscos 02 1. Atendimento Pré-Hospitalar Móvel e Fixo 4 2. Triagem de Vítimas do Trauma 10 Método START 11 3. Tipos de Transportes 14 Transporte Intra-Hospitalar 15 Transporte Inter-Hospitalar 16 Normatização do Transporte de Pacientes 18 4. Protocolo de Atendimento Introdutório no Pronto-Socorro 24 5. Protocolo de Manchester 31 6. Referências Bibliográficas 40 03 4 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS 1. Atendimento Pré-Hospitalar Móvel e Fixo Fonte: Paulista Enfermagem1 e acordo com Freire (2019), as Unidades Pré-Hospitalares de Urgência representam uma estru- tura intermediária entre o hospital e o setor de atenção básica, a base de acesso a esses serviços é o acolhi- mento através da avaliação e classi- ficação de risco, um tipo de tecnolo- gia que pode determinar a priori- dade do atendimento esperado. Es- sas unidades estão preparadas para prestar um atendimento adequado em urgências e emergências. Os ser- viços de urgência e emergência exi- gem atuação firme e eficaz dos pro- fissionais de enfermagem. Devido aos acidentes de trânsito, violência e 1 Retirado em https//www.paulistaenfermagem.com.br doenças de diversas causas (princi- palmente doenças cardiovascula- res), o número de atendimentos de emergência e urgência no país está aumentando, logo, uma assistência profissional e rápida é necessária com urgência no Brasil, a esses paci- entes com traumas e doenças súbi- tas ainda no local do ocorrido. O atendimento pré-hospitalar, móvel ou fixo, baseia-se no fato de poder tratar lesões e traumas sem causar sequelas graves a partir do apoio imediato à vítima. O serviço de atendimento pré- hospitalar é uma importante ligação entre os diversos níveis de atenção D 5 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS do SUS. A atuação do enfermeiro está relacionada, mas não se limi- tando, à assistência direta ao paci- ente crítico em risco de morte. Nesse sistema, além de prestar assistência às vítimas em situações de emergên- cia, os enfermeiros também reali- zam atividades educativas como ins- trutores, participam da revisão de convênios de atendimento, redigem materiais didáticos e cooperam com equipes multidisciplinares em caso de desastre e acidentes graves, além de ser o responsável pela liderança e coordenação das equipes relaciona- das (MORAES, 2010). Segundo o Grupo de Resgate e Atenção as Urgências e Emergências - GRU (2015), o SAMU é uma forte representação na rede de saúde, por se tratar de um serviço organizado por uma visão centrada no médico, embora tenha diferentes categorias profissionais e precisa ser enquadra- do nesse plano, pois desempenham um papel importante na relação do serviço. Sua função é criar e modifi- car o caminho lógico adotado pelo serviço de saúde no sistema de sa- úde, e mudar a ideia de que os paci- entes precisam ir ao médico ou mar- car uma consulta por conta própria. Ao mudar a ordem estabelecida para atender às necessidades dos usuá- rios, e conduzindo-o aos serviços fi- xos, ele estabelece uma outra relação com usuários e profissionais que não podem recusá-lo. Portanto, uma das habilidades importantes para o exercício da prática de enfermagem no atendimento pré-hospitalar é a capacidade de raciocínio clínico para a tomada de decisão e a capaci- dade de implementar medidas de in- tervenção rapidamente. Segundo autores como Iuamo- to, Imakuma e Jacomo (2016), a en- fermagem desempenha um papel importante na gestão no SAMU/ APH e demais atividades que fogem ao âmbito da assistência ao usuário. A categoria também participa no en- sino em serviço intersetorial e na ca- pacitação do atendimento direto às emergências, tais como: guardas municipais, fiscais de trânsito, pro- fessores de escolas e outros. O enfer- meiro é responsável por prestar as- sistência, que visa ressuscitar e esta- bilizar o paciente no local da ocor- rência e antes da transferência para o atendimento fixo. Sendo assim, o papel do enfermeiro de atendimento pré-hospitalar móvel na área pú- blica, pode ser caracterizado por avaliar as necessidades das vítimas, determinar prioridades, tomar as medidas de intervenção necessárias e realizar reavaliações contínuas du- rante a remoção e o transporte defi- nitivo. Ele se divide em diversos pro- cessos de trabalho, como cuidado, assistência, administração, gerên- cia, pesquisa e ensino. No âmbito 6 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS das suas tarefas no atendimento pré-hospitalar móvel, o enfermeiro tem a função de formular protocolos internos de atendimento, que preci- sam ser desenvolvidos e organizados baseados em uma rápida avaliação, agilidade das técnicas para estabili- dade das condições respiratórias, circulatórias e hemodinâmicas com o menor tempo empregado, eficiên- cia, qualidade e minimização dos er- ros. O serviço móvel de atendi- mento pré-hospitalar, visa chegar o mais rápido possível à vítima, depois de um acidente grave ou algum tipo de problema relacionado à saúde, que causa sofrimento, sequela ou até mesmo a morte do paciente. Tem a função de atender e transportar as vítimas até os serviços de saúde. As unidades de atendimento pré-hospi- talar móvel, tem a função de atender problemas como: parada cardiorres- piratória, dificuldade respiratória severa, convulsões, lesões por aci- dentes de trânsito e quedas, queima- duras, afogamentos, agressões, cho- ques elétricos, além de outras situa- ções envolvendo risco de vida imi- nente (NAEMT, 2016). De acordo com Sueoka (2019), seguindo o modelo francês da polí- tica nacional de urgências e emer- gência, os enfermeiros foram inseri- dos APH móvel. Desde então, enfer- meiros e equipes móveis de atendi- mento pré-hospitalar participam em diversos ambientes, com espaço fí- sico limitado e em situações limites de tempo da vítima e cena. Essas si- tuações destacam a necessidade de tomar decisões imediatas com base em protocolos, conhecimento e ava- liações rápidas. Para o enfermeiro é satisfatório atuar na unidade móvel de atendimento pré-hospitalar, pois trabalha diretamente na assistência de pacientes que são vítimas de al- gum acidente ou urgência relacio- nada a alguma doença. Ele enxerga oportunidades para desempenhar as funções práticas de enfermagem e usar o conhecimento técnico-cientí- fico de sua formação, o que não acontece em outros serviços que de- sempenham na rede, ocupando mui- tas vezes funções administrativas. Para os autores Góis, Brígido e Menezes (2019), os serviços de aten- dimento móvel são um local privile- giado para estabelecer relações de poder, refletindo a individualidade e o conflito intrínseco ao trabalho de uma equipe profissional que desen- volve suas práticas dentro dos es- treitos limites das relações com ou- tros profissionais e outros níveis de atenção. Os pontos positivo do tra- balho de atendimento móvel, são: Dinamismo do serviço - fluxo de trabalho de acordo com a 7 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS demanda e a imprevisibilidade no cotidiano de trabalho; Resolutividade - diz respeito à imediata resposta dada à soli- citação dos usuários, seja por orientação telefônica ou pelo envio do transporte de acordo com a necessidade; Visão geral da rede de atenção - elo dinâmico da rede de aten- ção à saúde, função facilmente reconhecida pelos funcioná- rios que estão diariamente em contato com os pontos fixos da rede de serviços de saúde e com a população; Oportunidade de exercerem funções assistenciais. De acordo com Moraes (2010), os achados, a colisãoautomobilís- tica é um grande fator de risco no que diz respeito ao atendimento au- tomóvel, uma vez que a ambulância segue em uma velocidade alta para socorrer a vítima no mínimo tempo possível. Envolvendo o risco quími- co, o contato com substâncias quí- micas representadas pelo hipoclo- rito de sódio (usado para desinfetar veículos) e substâncias representa- das pelo glutaraldeído para desinfe- tar os materiais, e o contato com substâncias provenientes da com- bustão de automóveis. Entre os ris- cos psicossociais descobertos, além do ruído, tanto os riscos de agressão física quanto verbal são constantes. Outro risco encontrado no atendi- mento móvel é o contato com doen- ças infecciosas, em pacientes sem di- agnóstico prévio, esse é outro fator de risco biológico, e quando se trata de doenças infecciosas como tuber- culose, meninges meningocócicas e gripe A1N1, os profissionais podem correr o risco de se exporem aciden- talmente ao entrar em contato com o paciente pela primeira vez. Quanto aos riscos relacionados a ergonomia, devido ao tempo despendido, para a improvisação, devido à falta de ma- teriais ou a falha de certas funções podem levar ao cansaço psicológico, o que deixa o profissional frustrado, impotente e afeta a qualidade da as- sistência prestada. Os profissionais de atendimento pré-hospitalar tam- bém experimentam fadiga física e estresse devido a muitas atividades, e precisam realizar tarefas mais ra- pidamente, o que pode levar à desa- tenção e falta de planejamento. Um fator que prejudica muito o trabalho dos profissionais do aten- dimento móvel é o desconhecimento da população, de maneira geral, de suas funções e serviços, levando ao deslocamento desnecessário desses profissionais, prejudicando assim quem realmente está em uma situa- ção de emergência, além de refletir diretamente na qualidade e no su- cesso do atendimento. Outro fator 8 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS que dificulta o trabalho desses pro- fissionais está associado aos proble- mas na recepção dos pacientes pelas unidades fixas. Os profissionais re- latam que a interação com as ques- tões da rede de atenção básica de sa- úde, muitas vezes é precária, pois os profissionais dos serviços de saúde ainda não têm uma concepção clara da missão do serviço de atendimen- to móvel, o que gera conflito no rela- cionamento. O trabalho do enfer- meiro do atendimento móvel é ca- racterizado por constantes desafios, que trazem oportunidades de apren- dizado e satisfação, mas, por outro lado, é caracterizado por movimen- tos muito complexos, gerando es- tresse, pressão física e emocional. A satisfação com os aspectos positivos do trabalho está relacionada ao pro- pósito do trabalho, enquanto a insa- tisfação com os aspectos negativos geralmente está relacionada às con- dições do trabalho, à relação inter- pessoal e profissional e à comunica- ção (IUAMOTO, IMAKUMA e JA- COMO, 2016). Segundo Iuamoto (2016), a mídia pode ser usada como uma possível estratégia para melhorar a qualidade do serviço móvel, pois por meio da informação pode ajudar as pessoas a entenderem o verdadeiro papel desse tipo de atividade. Para tanto, os programas de formação para não profissionais devem envol- ver pessoas que trabalhem em esco- las, empresas e instituições públicas. Portanto, a mídia surgiu como uma estratégia possível por possuir ca- racterísticas que constituem a reali- dade. Enquanto constrói a realida- de, dá sentido de avaliação, indican- do se determinada situação ou pro- duto é bom ou ruim, certo ou errado. Toda informação tem uma dimen- são de valor, que afeta o comporta- mento e a motivação das pessoas, tem as funções básicas de comunica- ção, notificação e análise, por isso desempenha um papel extremamen- te importante na sociedade. 10 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS 2. Triagem de Vítimas do Trauma Fonte: WP2 e acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), os desastres são definidos como uma: “Interrupção no funcionamen- to de uma comunidade ou so- ciedade causando uma grande quantidade de mortes, bem co- mo perdas e impactos mate- riais, econômicos e ambientais que excedem a capacidade da comunidade ou sociedade afe- tada de fazer frente à situação mediante o uso de seus pró- prios recursos”. (ONU, 2018). 2 Retirado em https://i1.wp.com Segundo Baitello, Lopes, Car- valho Lopes e Tallo (2017), o desas- tre é um evento traumático que causa múltiplas vítimas. Podem ter causas naturais (terremotos, chuvas, inundações, furacões), fatores hu- manos (ferrovias, ar, incidentes re- lacionados ao tráfego) ou terroris- tas. Tecnicamente falando, o atendi- mento a desastres tem quatro eta- pas: prevenção, preparação, respos- ta e reconstrução. O atendimento a D 11 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS desastres deve ser multidisciplinar, exigindo grande número de equipes e a interação de múltiplos recursos: defesa civil (municipal, estadual e nacional), corpo de bombeiros, polí- cia civil e militar, forças armadas e instituições da administração pú- blica (Municipal, Estaduais e Fede- rais) e organizações públicas e priva- das qualificadas para responder a emergências e crises humanitárias. Para os autores Hargreaves e Dantas (2016), o sistema de atendi- mento a catástrofes com múltiplas vítimas é composto pelas seguintes fases: Busca e resgate - a eficácia des- sa fase depende da organiza- ção da equipe envolvida e a chance de encontrar sobrevi- ventes diminui com o tempo. Triagem e estabilização inicial - O objetivo dessa fase é pres- tar o melhor serviço ao maior número de vítimas possível. Existe uma relação entre a gra- vidade das vítimas e os recur- sos disponíveis. Tratamento médico definitivo - consiste no tratamento defi- nitivo das lesões apresentadas. Em algumas situações, pode ser necessária a montagem de um centro de tratamento não hospitalar, similar aos hospi- tais de campanha. Evacuação do local - é o enca- minhamento das vítimas da cena para a unidade de saúde de atendimento destinada. Com isso, pode-se ofertar me- lhores cuidados às vítimas gra- ves e remover pacientes que estão consumindo muitos re- cursos, o que permite dar atenção a outras vítimas no lo- cal. Os eventos com múltiplas víti- mas são definidos como eventos onde os recursos disponíveis e a de- manda são desproporcionais. Eles são comuns em desastres, mas po- dem existir em outras situações. A triagem em uma situação de múlti- plas vítimas de trauma consiste em detectar as mais graves de forma simples e rápida (HARGREAVES, 2016). Método START De acordo com Teixeira Ju- nior, Oliveira e Parolin (2017), o Simple Triage and Rapid Trea- tmenT, conhecido como método START, consiste em classificar as ví- timas por cores e pode ser usado por pessoas leigas, desde que sejam ade- quadamente treinadas. É baseado na avaliação do projeto "ABCDE" de forma simples: identificar se o paci- ente está respirando, sua frequência respiratória (FR), qual é o tempo de enchimento capilar, se segue co- mandos simples e consegue andar. Com base nas respostas obtidas, existe uma classificação nas cores 12 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS vermelha, amarela, verde, preta ou cinza. Vermelha - vítima com com- prometimento de A, B, C ou D, ou seja, um dos itens abaixo está alterado: A - Não respira, a não ser que sua via aérea seja posicionada; B - FR aumenta- da (> 30 IRM); C - Enchimen- to capilar aumentado (> 2 s); D - Não obedece a ordens sim- ples. Amarela - não consegue andar, porém todos os itens avaliados do ABCD encontram-se dentro da normalidade, ou seja: A- Respira sem auxílio; B - FR < 30 IRM; C - Enchimento capi- lar < 2 s; D - Obedece a ordens simples. Verde - consegue andar, inde- pendentemente de lesões apa- rentes e condições apresenta- das, como gestação ou idade. Preta ou cinza - vítima não res- pira mesmo com posiciona- mento correto das vias aéreas. A fim de facilitar o reconheci- mento por cores, a maioria das insti- tuições utiliza cartões de identifica- ção de vítimas. Os profissionais res- ponsáveis pela classificação podem usar os cartões de identificação des- tacando a etiqueta na parte inferior do cartão. Os cartões possuem nú- mero de identificação das vítimas, e a cor remanescente identifica a clas- sificação da vítima. Vítima Verde - última tarjeta no cartão é verde. Vítima Amarela - última tar- jeta no cartão é amarela. Vítima Vermelha - última tar- jeta no cartão é vermelha. Vítima preta - última tarjeta no cartão é preta. 14 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS 3. Tipos de Transportes Fonte: Saúde Business3 e acordo com Malagutti (2015), o transporte de pacien- tes deve ser instruído, planejado e executado para minimizar os riscos para o transportado, ele deve ser se- guro e eficiente, sem expor o pacien- te a riscos desnecessários, evitando agravar seu estado clínico. Indepen- dentemente do tipo, o transporte pode se tornar um risco adicional para o paciente crítico, por isso deve ser visto como uma extensão do cui- dado da unidade de terapia intensi- va. Para pacientes que não estão em estado crítico, eles também podem ser um problema, pois correm o ris- co de cair ou piorar as condições clí- nicas. 3 Retirado em https://saudebusiness.com Segundo James (2009), o transporte hospitalar, é muito fre- quente e exige treinamento e habili- dades especiais de toda a equipe para ser feito com maior segurança e minimização de risco. Portanto, na perspectiva de que os riscos do transporte não devem exceder os possíveis benefícios da intervenção, o objetivo do transporte hospitalar é melhorar o prognóstico do paciente. O transporte de pacientes é classifi- cado em: Transporte intra-hospitalar - é aquele realizado entre as uni- dades internas (de internação e de apoio diagnóstico e cirúr- gico); D 15 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS Transporte inter-hospitalar é aquele realizado entre hospi- tais. Transporte Intra-Hospita- lar Para Knobel (2016), o trans- porte intra-hospitalar pode ser: Transporte de pacientes críti- cos - pacientes que saem das unidades de terapia intensiva, centro cirúrgico, sala de recu- peração anestésica, unidades de cuidados especiais ou uni- dades de internação fazendo uso de ventilação invasiva (ventilador ou bipap), pacien- tes sem ventilação invasiva mas considerados instáveis na avaliação médica. Transporte de pacientes não críticos - pacientes sem venti- lação invasiva considerados estáveis na avaliação médica. De acordo com Azevedo, La- deira e Pinheiro (2019), o transporte de pacientes em ventilação mecâni- ca segue alguns critérios, conforme o tipo de paciente que é transportado: 1. Adulto e Criança em uso de Ventilação Mecânica Deverá ser transportado por médico, técnico de enferma- gem da unidade e técnico de enfermagem do transporte. 2. BIPAP Deverá ser transportado por médico ou fisioterapeuta e en- fermeiro, técnico de enferma- gem da unidade e técnico de enfermagem do transporte. 3. Transporte de Recém-Nasci- dos Os recém-nascidos devem ser transportados usando a incu- badora de transporte, e com todos os cuidados necessários de acordo com a criticidade. RN em Ventilação mecânica deverá ser transportado por médico, técnico de enferma- gem da unidade e técnico de enfermagem do transporte. RN em CPAP deverá ser trans- portado por médico ou fisiote- rapeuta e enfermeiro, técnico de enfermagem da unidade e técnico de enfermagem do transporte. 4. Transporte de Pacientes Não Críticos Inclui a transferência progra- mada e de rotina de pacientes não críticos que chegam das unidades de internação, bem como situações de emergên- cia, que precisam ser transpor- tados para exames diagnósti- cos ou submetidos a cirurgias eletivas, bem como aqueles que receberem alta hospitalar ou serão transportados do 16 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS pronto-socorro para a unidade de enfermagem do setor. Po- dem ser transportados na pró- pria cama (exceto na alta hos- pitalar) ou em maca conforme as condições, devendo essas condições ser determinadas pelo enfermeiro auxiliar; Inclui também pacientes não críticos em sala de recupera- ção pós-anestésica, que serão encaminhados para a unidade de internação, e devem ser transportados em uma maca; Menores de 36 meses devem ser transportados no colo do responsável e este em cadeira de rodas, com os cintos de se- gurança; No caso do RN advindo do centro cirúrgico obstétrico ou do Centro de Parto Normal, para ser encaminhado à inter- nação obstétrica, o transporte deverá ser realizado com o mesmo deitado sobre a mãe, com esta protegendo-o com os braços, de forma que não deixe riscos para queda. O transpor- te deverá ser realizado utili- zando maca. A mãe deverá es- tar em plenas condições de ga- rantir o transporte seguro; No caso do RN fisiologicamen- te normal, advindo do centro cirúrgico obstétrico ou do Cen- tro de Parto Normal ou da in- ternação obstétrica encami- nhando para qualquer setor do hospital em que a mãe esteja impossibilitada de estar no transporte, o transporte deve- rá ser realizado usando o pró- prio berço de acrílico; Maiores de 36 meses, deve ser transportado no próprio berço (exceto nas altas) ou em cadei- ras de rodas, no colo do res- ponsável, dependendo da ava- liação clínica da enfermagem; Os pacientes provenientes dos consultórios médicos, na emergência, que não necessi- tem de maca ou cadeira de ro- das, deverão ser acompanha- dos pelo controlista de acesso até a unidade de atendimento dentro deste setor. Quando houver a necessidade de ca- deira de rodas ou maca, o transporte deverá ser reali- zado pelo técnico de enferma- gem de transporte; Não é necessária a presença de médico neste tipo de trans- porte. Transporte Inter-Hospitalar Conforme Azevedo e Ladeira (2019), no planejamento do trans- porte inter-hospitalar do paciente, os seguintes pontos devem ser con- siderados e sempre verificados, tais como: segurança e contraindicações de transporte. O transporte de paci- ente é considerado seguro quando: A equipe multidisciplinar res- ponsável pelo paciente sabe quando e como realizar o tra- tamento, e foi devidamente treinada para desenvolver as habilidades do procedimento; 17 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS Existe indicação e planeja- mento para o deslocamento; A integridade do paciente é as- segurada, evitando o agrava- mento de seu quadro clínico; Existe rotina operacional para realizá-lo. Segundo Ladeira e Pinheiro (2019), o transporte de paciente é contraindicado, em casos de: Instabilidade hemodinâmica; Incapacidade de monitorizar e manter oxigenação, ventilação e hemodinâmica adequada pa- ra o paciente durante o trans- porte ou permanência no setor de destino; Incapacidade de controlar as vias aéreas durante o trans- porte ou permanência no setor de destino pelo tempo neces- sário; Número insuficiente de profis- sionais treinados para manter as condições acima descritas durante o transporte ou du- rante a permanência no setor de destino (médico, enfermei- ro, fisioterapeuta); Incapacidade de permitir o controle dos riscos de queda; A inexistência de incubadorasde transporte nos casos de pa- cientes neonatais; A inexistência do médico para acompanhar o transporte de pacientes críticos. Para os autores Fonseca, Pe- terlini e Costa (2014), com o intuito de garantir que todos os pontos se- jam verificados, os fatores que de- vem ser considerados durante o transporte, são os seguintes: Indicação do transporte; Doença de base e condições associadas; Treinamento da equipe de transporte; Material e equipamentos dis- poníveis na unidade de trans- porte; Avaliação do risco/benefício do transporte para o paciente; Tempo de transporte e distân- cia; Recursos do local de origem e do local de destino; Possibilidade de complicações durante o transporte; Condições do trajeto a ser per- corrido (trânsito); Avaliação dos possíveis fatores desfavoráveis durante o trans- porte: ruídos, vibrações, varia- ções da luminosidade e tempe- ratura ambiente. De acordo com Baitello, Lopes, Carvalho Lopes e Tallo (2017), os pa- cientes críticos são aqueles que apresentam uma das seguintes con- dições: Uso de drogas vasoativas; Necessidade de suplementa- ção de O2 com pressão de su- porte; Rebaixamento sensório; Desconforto respiratório mo- derado a grave (SPO2 < 90%). 18 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS Conforme Baitello e Lopes (2017), o transporte de pacientes crí- ticos, deve seguir os seguintes crité- rios: O transporte destes pacientes é sempre de risco, devido ao quadro clínico complexo e, na maior parte das vezes, com grande instabilidade; A decisão de transportá-los sempre deve seguir normas e procedimentos extremamente rígidos e elaborados pelos pro- fissionais da unidade intensiva de origem e corpo clínico do hospital; Deve-se lembrar que a decisão de transporte é de responsabi- lidade médica intransferível, cabendo a este profissional avaliar todas as variáveis en- volvidas; Deve-se seguir o checklist de transporte seguro para pacien- tes críticos, garantindo que to- dos os pontos sejam cumpri- dos. É de preenchimento do enfermeiro da unidade que es- tá transferindo, do técnico de transporte e do enfermeiro da unidade que está recebendo; O procedimento de transporte deve ser registrado no pron- tuário do paciente; Esses pacientes deverão ser transportados com o técnico de enfermagem da unidade e o técnico de enfermagem do transporte. Para Carvalho Lopes e Tallo (2017), o transporte de pacientes não críticos, devem ser de acordo com os seguintes critérios: Os deslocamentos de pacien- tes estáveis são considerados sempre eletivos; O paciente será transportado pelo técnico de enfermagem de transporte. Somente haverá a necessidade do acompanha- mento do técnico de enferma- gem do leito ou de outro pro- fissional quando se referir a pacientes com condições espe- ciais, a ser determinado pelo enfermeiro do setor. Normatização do Transporte de Pacientes Segundo Fonseca, Peterlini e Costa (2014), durante a internação, desde a admissão até a alta, o trans- porte dos pacientes é de responsabi- lidade da instituição. Para garantir o transporte seguro desses pacientes fica estabelecido que: Na Admissão: Todo paciente admitido deve- rá ser acompanhado pelo téc- nico de enfermagem de trans- porte até o leito, exceto os ad- mitidos no centro cirúrgico ambulatorial, que serão con- duzidos da recepção até a en- trada da sala de preparo pelo controlista de acesso; 19 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS Os pacientes advindos dos consultórios médicos na emer- gência e/ou ambulatório, que não necessitem de maca ou ca- deira de rodas, deverão ser acompanhados pelo contro- lista de acesso até a unidade de atendimento dentro deste se- tor. Quando há a necessidade de cadeira de rodas ou maca, o transporte deverá ser real- izado pelo técnico de enferma- gem de transporte. Procedimentos com sedação: Paciente submetido a procedi- mento com sedação deverá ser transferido na própria cama ou berço. Na impossibilidade, o transporte deverá ser real- izado utilizando-se a maca. Na alta hospitalar: Paciente adulto que deambula deve ser acompanhado, no momento da alta hospitalar, pelo técnico de enfermagem de transporte (na impossibili- dade imediata, pelo técnico de enfermagem do leito) até a re- cepção, utilizando a cadeira de rodas; Pacientes advindos das áreas de internação e das observa- ções intermediárias da emer- gência adulto devem ser trans- portados em cadeira de rodas; Devido à proximidade da re- cepção e o grande fluxo de pa- cientes na observação breve adultos, os pacientes de alta deverão ser conduzidos até a saída por um controlista de acesso. Caso seja necessária a condução por meio de cadeira de rodas ou de maca, de acor- do com avaliação do enfermei- ro, o técnico de transporte de- verá ser acionado; Pacientes pediátricos e da ne- onatologia oriundos das uni- dades de internação deverão ser acompanhados, no mo- mento da alta hospitalar, pelo responsável e pelo técnico de enfermagem de transporte (na impossibilidade imediata, pelo técnico de enfermagem do lei- to) até a recepção; Menores de 36 meses devem ser transportados no colo do responsável e este em cadeira de rodas, com os cintos de se- gurança, quando advindos das unidades de internação e da intermediária pediátrica; Maiores de 36 meses devem ser transportados em cadeira de rodas tamanhos pediátricos ou no colo do responsável, de- pendendo da avaliação clínica da enfermagem, quando ad- vindos das unidades de inter- nação e da intermediária pedi- átrica; Devido à proximidade da re- cepção e ao grande fluxo de pacientes na observação breve pediátrica, os pacientes de alta deverão ser conduzidos, acom- panhados pelos seus respecti- vos responsáveis, até a saída por um controlista de acesso. Caso seja necessária a condu- 20 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS ção por meio de cadeira de ro- das ou maca, de acordo com avaliação do enfermeiro, o téc- nico de transporte deverá ser acionado. Conforme Malagutti (2015), em todos os tipos de transporte, o profissional responsável deve verifi- car a identidade do paciente por meio da pulseira de identificação. Se não houver pulseira, deve solicitar ao serviço responsável para colocar a pulseira no paciente antes de ini- ciar o transporte, exceto para paci- entes que correm risco de morte. Pa- ra pacientes que estão em isolamen- to (contato ou respiração) para exa- mes eletivos, eles devem ser realiza- dos após os pacientes não isolados, e medidas preventivas padronizadas pela CCIH devem ser tomadas. Os prontuários que entram em contato com pacientes isolados devem ser transportados em sacos plásticos para evitar contato com os pacien- tes. De acordo com Schettino, Car- doso, Mattar Junior e Ganem (2015), o material de transporte pa- ra pacientes críticos, conta com uma maleta de transporte, que será utili- zada para transporte de pacientes críticos. A maleta deve ficar na far- mácia satélite das unidades, sendo que a conferência das medicações será realizada pelo farmacêutico res- ponsável pela farmácia do setor, a cada utilização. Os materiais e medi- cações da maleta, devem ser: Adulto - tubo endotraqueal: nº 6,0; 6,5; 7,0; 7,5; 8,0; Larin- goscópio com lâmina 3 e 4 curva; fio guia e fixação para TOT; Fentanil: 02 ampolas; Midazolam 15mg: 01 ampola; Glicose 50%: 02 ampolas; Epi- nefrina: 02 ampolas; Atropi- na: 04 ampolas; Diazepam: 02 ampolas; Soro Fisiológico: 02 ampolas; Água Destilada: 05 ampolas; Seringas 3mL e 05 mL: 05 unidades; Seringas de 10 e 20 mL: 02 unidades; Agu- lha 40/12: 05 unidades. Pediátrico - tubo endotra- queal: nº 3,0; 3,5; 4,0; 4,5; 5,0; 5,5; 6,0; Fentanil: 02 am- polas; Midazolam 15mg: 01 ampola; Glicose 50%: 02 am- polas;Laringoscópio com lâ- minas 0, 1, 2 retas e 2 curva; Epinefrina: 02 ampolas; Atro- pina: 02 ampolas; Diazepam: 02 ampolas; Soro Fisiológico: 02 ampolas; Água Destilada: 05 ampolas; Seringas 3ml e 05 ml: 05 unidades; Seringas de 10 e 20 ml: 02 unidades; Agu- lha 40/12: 05 unidades. Neonatal – tubo endotraqueal: nº 2,5; 3,0; 3,5; 4,0; Laringos- cópio com lâmina 0 e 1 retas; Fentanil: 02 ampolas; Midazo- lam 15mg: 01 ampola; glicose 50%: 02 ampolas; Epinefrina: 02 ampolas; Atropina: 02 am- polas; Diazepam:02 ampolas; Soro Fisiológico: 02 ampolas; Água Destilada: 05 ampolas; 21 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS Seringas 3mL e 05 mL: 05 uni- dades; Seringas de 10 e 20 ml: 02 unidades; Agulha 40/12: 05 unidades. Segundo Schettino, e Ganem (2015), é preciso que o enfermeiro do setor adicione: Ressuscitador manual (de acordo com o público alvo); Cilindro de oxigênio; Monitor de transporte; Ventilador de transporte, quando necessário. Para Mattar Junior e Ganem (2015), a regulação do transporte in- tra-hospitalar deve ser realizada por uma central que treinará funcioná- rios para atender os chamados do setor de serviços e enviará técnicos de enfermagem de transporte para realizar trabalhos de remoção, além de utilizar como referência uma pla- nilha que relaciona as prioridades dos trabalhos de remoção. Os se- guintes critérios para priorização da remoção são definidos da seguinte maneira: Vermelho: Imediato Amarelo: Em até 10 minutos Verde: Em até 20 minutos Azul: Em até 30 minutos De acordo com Malagutti (2015), as recomendações e grau de evidência das ações preventivas rea- lizadas antes do transporte inter- hospitalar de pacientes críticos, são as seguintes: Monitorização das condições hemodinâmicas e respirató- rias. Conhecimento do quadro clí- nico do paciente. Avaliação do risco/benefício do transporte. Treinamento e Aperfeiçoa- mento dos profissionais. Precauções quanto às compli- cações fisiológicas e falha nos equipamentos. Organização e divisão de tare- fas pela equipe no transporte. Composição da equipe de transporte. Uso da maca de transporte. Uso de bombas de infusão e respiradores portáteis. Uso do monitor/desfibrilador e oxímetro de pulso. Presença da maleta de medica- mentos durante o transporte. Conferência da maleta de me- dicamentos e material de intu- bação antes do procedimento. Checagem de nível de gases no cilindro. Uso da maca e bombas de in- fusão convencionais. Uso da ventilação manual e capnógrafo. Manutenção periódica dos materiais. Conforme Fonseca, Peterlini e Costa (2014), dependendo da gravi- 22 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS dade e complexidade da situação clí- nica do paciente e do número de equipamentos necessários, é que o número de participantes do trans- porte será definido, mas são neces- sárias pelo menos três pessoas (in- cluindo o motorista). O tipo de transporte é classificado de acordo com as condições clínicas do cliente: Baixo Risco (A) - clientes está- veis, sem alterações críticas nas últimas 48 horas e que não sejam dependentes de oxige- noterapia. Aferição dos dados vitais antes e após o transporte ou quando equipe verificar a necessidade. Médio Risco (B) - clientes es- táveis, sem alterações críticas nas últimas 24 horas, porém, com necessidade de monitora- ção hemodinâmica ou oxige- noterapia. Aferição dos dados vitais antes, durante e após o transporte. Alto Risco (C) - cliente em uso de drogas vasoativas e/ou as- sistência ventilatória mecâni- ca. Aferição dos dados vitais antes, durante e após o trans- porte. Segundo Fonseca e Costa (2014), as responsabilidades do en- fermeiro da unidade de origem do paciente, são: Organizar e definir a distribui- ção de atribuições da equipe antes, durante e depois do transporte; Para o transporte intra-hospi- talar comunicar ao enfermeiro da unidade de destino as infor- mações relativas ao cliente e ao seu transporte; Avaliar o paciente e classificar o tipo de transporte (baixo; médio e alto risco); Estabelecer comunicação efe- tiva com as equipes dos locais de origem e de destino; Realizar o planejamento do transporte: meio de locomo- ção, trajeto, tempo de perma- nência fora da unidade, mate- riais e equipamentos necessá- rios, cuidados específicos e nú- mero e categoria dos profissio- nais envolvidos. O planeja- mento deverá ser individuali- zado; Acompanhar o cliente no transporte de médio e de alto risco; independentemente da presença de outros profissio- nais da equipe multiprofissio- nal na realização do trans- porte; Acompanhar as atividades re- alizadas pela sua equipe de en- fermagem; Treinar/capacitar a sua equipe de enfermagem; Ser capacitado/conhecimento em suporte avançado de vida e em ventilação pulmonar assis- tida; Preencher o Check-list do Transporte, assinar e anexar ao prontuário. 23 24 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS 4. Protocolo de Atendimento Introdutório no Pron- to-Socorro Fonte: Fotos Publicas4 e acordo com Velasco, Brandão Neto, Souza, Marino, Marchini e Alencar (2020), o acolhimento co- mo ato ou efeito de acolher expressa uma ação de aproximação, um “estar com” e “perto de”, ou seja, uma ati- tude de inclusão. E é exatamente nesse sentido que o acolhimento é uma das diretrizes de maior relevân- cia política, ética e estética da Polí- tica Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS no Brasil. 4 Retirado em https://fotospublicas.com O acolhimento do usuário é uma for- ma de operacionalizar o fluxo de tra- balho na saúde, tem por objetivo atender a todos que procuram o ser- viço de saúde, ouvir os usuários e adotar uma postura que possa acolher, ouvir e responder de forma mais adequada aos usuários. O acolhimento é uma estratégia para mudar o fluxo de trabalho e a relação entre profissionais e usuários. D 25 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS Segundo Pires e Starling (2017), uma vez que a equipe médica deve usar todo o seu conhecimento para prestar serviços médicos de qualidade, com o objetivo de am- pliar as intervenções por meio da promoção da saúde de forma ágil, direcionada e humana. O acolhi- mento significa fornecer atendimen- to decisivo e responsável aos pacien- tes, orientando usuários e familiares a outros serviços de saúde quando apropriado para garantir a continui- dade do atendimento e estabelecer contato com esses serviços para ga- rantir a eficácia desses encaminha- mentos. Ele é uma diretriz política e operacional do Sistema Único de Saúde (SUS), é uma atitude que ga- rante o acesso aos serviços de saúde, a qualidade e integridade do atendi- mento de forma ética. Para o autor, a recepção do usuário nos serviços de saúde, inicia quando ele chega, momento em que os profissionais ouvem suas queixas, permitem que expressem suas preocupações e a partir daí o serviço se responsabiliza integralmente por ele. É importante destacar que as entradas de serviços de urgência e emergência estão sendo mais de- mandadas pelos usuários a cada dia, devido a diversos fatores, como: au- mento da expectativa de vida da po- pulação, o que consequentemente aumenta o aumento das comorbida- des crônicas e seu agravamento; aumento da violência urbana; inefi- ciência da rede no atendimento às necessidades dos usuários diante do aumento da demanda. Devido ao processo de mudanças demográficas e epidemiológicas em todo o mundo, a expectativa de vida dos indivíduos aumentou muito. Como resultado, a prevalência de doenças crônicas e degenerativas é maior, a violência urbana aumentou eo número de acidentes de trânsito aumentou de forma preocupante. Diante de todos os fatores, o atendimento hospitalar é a principal referência para o trata- mento de casos agudos, complica- ções de doenças crônicas e causas externas (LIU, BARROS e VEN- DRAME, 2018). Conforme Schvartsman (2018), em um ambiente hospitalar, especialmente em serviços de urgên- cia e emergência, a alta demanda dos usuários por pelos atendimento afeta diretamente a qualidade dos serviços prestados, principalmente quando a abordagem do profissional se concentra apenas na ordem de chegada do usuário e não na gravi- dade do problema. Vale ressaltar que embora os serviços de urgência e emergência sejam unidades desti- nadas a atender pessoas com graves problemas de saúde, têm sido vistos como uma porta de entrada para o SUS, o que é uma alternativa à falta 26 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS de suporte da atenção básica, fazer uma consulta médica no mesmo dia, fazer um exame e receber o resul- tado no mesmo dia. No entanto, esse fenômeno acaba trazendo muitas dificuldades para esse tipo de servi- ço, limitando sua capacidade de prestar assistência de qualidade aos usuários. Sendo assim, o principal desafio para os departamentos de urgência e emergência é fornecer ajuda de alta qualidade onde as ne- cessidades da própria emergência se misturam com a emergência social e pessoal do usuário. Para Santos (2018), a classifi- cação de risco tem sido utilizada co- mo uma ferramenta consagrada pa- ra economizar muito tempo na iden- tificação de usuários graves, nos quais o tempo de intervenção pode ter um impacto decisivo em sua saú- de, permite uma gestão adequada dos recursos e evita a alienação frente ao processo de enfrentamento de trabalho, que favorece para me- lhorar a satisfação dos usuários e trabalhadores. O acolhimento não é um espaço ou lugar, mas uma postu- ra ética, ele acontece sem escolher hora ou profissional específico para fazê-lo, mas implica necessariamen- te no compartilhamento de saberes, angústias e intervenções. Quem rea- liza o acolhimento assume a respon- sabilidade de proteger os demais de seus requisitos e fornecer as solu- ções necessárias para o caso. Por- tanto, esse é o motivo da diferença da triagem, pois se constitui em uma ação de incorporação, que não se esgota na etapa de recebimento, mas deve ocorrer em todos os locais e momentos do serviço de saúde. A classificação de risco é um instrumento usado em serviços de urgência e emergência para avaliar e determinar os usuários que preci- sam de atendimento prioritário com base na gravidade clínica, riscos po- tenciais, agravos à saúde ou grau de sofrimento. Ou seja, após uma ava- liação rápida e eficaz da avaliação do usuário, deve-se priorizar o atendi- mento, que deve ser realizado do ponto de vista técnico e científico por profissionais devidamente trei- nados. Portanto, é esperado que através da aplicação deste tipo de atendimento, os riscos assistenciais que o usuário fica exposto ao neces- sitar de assistência em uma unidade de urgência e emergência sejam mi- nimizados, com o objetivo de reali- zar um atendimento que potencia- lize as chances de tratamento e reso- lutividade na recuperação destes usuários, devendo ser administrada racional e ordenadamente, e os re- cursos materiais e humanos dispo- níveis devem ser fornecidos para ter um impacto positivo na saúde dos usuários (CIANCIARULLO, WHI- TAKER e GATTO, 2015). 27 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS Para Mesquita (2015), o aco- lhimento deve ocorrer em todos os departamentos e por todo o pessoal que atende os usuários. Principal- mente no pronto-socorro, a equipe multidisciplinar deve se envolver amplamente, pois o cuidado e a as- sistência do usuário não se limitam a atitudes técnicas, mas também na mudança do comportamento profis- sional e cultural da instituição, fo- cando na responsabilidade dos re- sultados obtidos através de uma análise qualitativa e quantitativa da produção de saúde. De acordo com Rocha, Coelho, Hara, Tallo, Lopes e Carlos Lopes (2014), os objetivos de um protocolo de atendimento nas unidades de urgências e emergências, são: Organizar e ordenar o fluxo de atendimento de todos os usuários acolhidos no Pronto Socorro, seguindo os critérios da classificação de risco. Orientar, e encaminhar os usuários que não precisam de atendimento de urgência e emergência, após avaliação do médico responsável, buscando descongestionar o Pronto So- corro e instruindo-os sob o flu- xo de acesso junto aos serviços de saúde de baixa complexi- dade. Estabelecer avaliação do risco dos usuários seguindo precei- tos preconizados de forma igualitária e unânime através da aplicação de protocolo ge- renciado. Divulgar a relevância da exe- cução do protocolo para toda a comunidade, disseminando através da informação o pro- cesso de trabalho aos usuários e seus familiares. Melhorar a sensibilização de toda a equipe de saúde sobre a relevância da aplicação do Protocolo de Atendimento usado pela instituição. Aprimorar a efetividade do serviço. Padronizar informações, pro- porcionando condições de in- vestigação de casos para futu- ras intervenções de ações de melhorias. Informar o tempo de espera aos usuários já classificados e seus familiares. Organizar o ambiente de tra- balho, direcionando os usuá- rios aos seus respectivos Eixos de Risco, oferecendo melhores condições de atendimento, proporcionando uma assistên- cia mais rápida e segura. Deixar de usar o critério cro- nológico como definidor para a ordem dos atendimentos, sendo usados os critérios de avaliação clínica para tal prática. Promover orientações e edu- cação em saúde a toda popu- lação que procura este serviço de Pronto Socorro. 28 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS Conforme Abreu, Tomasich, Nasr e Collaço (2013), para alcançar os objetivos esperados com o proto- colo de atendimento em urgências e emergências, é necessário uma es- trutura adequada, com: Equipe multidisciplinar de Saúde capacitada para execu- ção do Protocolo. (Enfermei- ros, Médicos, Técnicos em Enfermagem, Atendentes do registro, Atendentes da Porta- ria, Serviço Social, Psicólogos e outros) Duas salas de acolhimento na porta do Pronto Socorro. Material para execução do protocolo: esfignomanômetro, estetoscópio, glicosímetro, oxímetro, termômetro e com- putador. Sala de Emergência, Sala de apoio, unidade de repouso, e se necessário o corredor do Pronto Socorro, conforme sua estratificação. Segundo Santos (2013), o responsável pelo gerenciamento do Protocolo de Atendimento utilizado pela instituição, pode ser um profis- sional classificador ou o enfermeiro do Pronto Socorro. E o responsável pela contra referência de usuários para serviços de baixa complexida- de, deve ser o médico de plantão no Pronto Socorro, em escala predeter- minada. Ainda de acordo com o au- tor, a equipe multidisciplinar que atua na unidade de urgência e emer- gência, possui as seguintes atribui- ções: A equipe multidisciplinar de saúde envolvida no protocolo de atendimento da instituição deve desenvolver comunica- ção eficaz (clara e objetiva) com usuário, familiares e de- mais membros da equipe. Manter comportamento ético com discrição, preservando a privacidade dos usuários, se desvencilhando de qualquer possível julgamento de valor, seja ele de qual ordem for: religioso, sexual, social, cul- tural. Respeitar e aceitar a queixa e o nível de dor em especial. Acionar serviços de apoio de acordo com a demanda apre- sentada. Registrar fichas de atendimen- to procurando sempre atuali- zar os cadastros dos usuários, acrescentandocontato de fa- miliares para facilitar a comu- nicação entre a instituição e os familiares dos usuários. Manter-se sensibilizados so- bre a necessidade do trabalho em equipe. Desenvolver aptidão para as tomadas de decisões funda- mentadas nos mais diversos conceitos, técnicos e huma- nísticos, dando ênfase ao aco- lhimento classificatório por gravidade e sofrimento inten- so. 29 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS Para Schvartsman (2018), é muito importante que na recepção, sejam tomados alguns cuidados pa- ra realizar o registro do usuário: Preencher corretamente a ficha de atendimento com agilidade e clareza nos dados, colocando a queixa principal do usuário conforme sua pró- pria fala; Colocar pulseira de identifica- ção do usuário; Orientar o usuário para que aguarde ser chamado pela equipe de enfermagem; Atuar de forma integrada com os profissionais classificadores buscando melhor resolutivida- de aos problemas dos usuá- rios; Caso perceba algum usuário com sinais de desmaio, com queixa de dor excessiva, ou que o acompanhante relate que o usuário está “muito mal” no carro, acionar imediata- mente o profissional classifi- cador ou o enfermeiro do pronto-socorro; Organizar e arquivar, confor- me rotina do serviço, a ficha de atendimento. Para os autores Cianciarullo, Whitaker e Gatto (2015), a função do enfermeiro que atua nas unidades de urgência e emergência seguindo algum tipo de protocolo padroniza- do de atendimento, são: Receber as fichas de atendi- mento, avaliando de forma ágil e responsável, priorizando o usuário, de acordo com a queixa relatada, complexidade e gravidade do caso e o grau de sofrimento. Acolher o usuário e acompa- nhante (quando houver) com respeito e empatia. Classificar com rapidez e efi- ciência, seguindo o protocolo adotado; Registrar os dados da classifi- cação na ficha de atendimento e sinalizá-la por meio de cores conforme protocolo utilizado. Identificar as pulseiras com a cor conforme estratificação da classificação. Orientar o usuário de forma clara quanto à sua situação e ao provável tempo de espera do atendimento; Encaminhar o usuário para o eixo correspondente ao escore classificatório. Atentar para situações espe- ciais (possível doença trans- missível com necessidade de isolamento, vítimas de violên- cia, usuários do sistema prisio- nal, grupo especial) e sinais e sintomas de alerta (conforme protocolos internos); Reclassificar os usuários em especial aqueles fora do eixo urgência/emergência sempre que forem identificadas altera- ções do quadro inicial; Manter a sala de classificação limpa e organizada; Realizar passagem de plantão. 30 31 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS 5. Protocolo de Manchester Fonte: Tribuna PR5 e acordo com Mackway-Jones e Windle (2010), o Protocolo de Manchester recebeu este nome por ter sido aplicado pela primeira vez na cidade de Manchester, em 1997. Após chegar ao departamento médico, o enfermeiro irá avaliar o paciente, após uma breve avaliação, irá encaminhar o paciente para um profissional de nível superior que deve ter boa capacidade de avalia- ção, comunicação e agilidade, como um enfermeiro-chefe ou um médico que possua conhecimentos clínicos e 5 Retirado em https://www.tribunapr.com.br éticos suficientes. A classificação é feita de acordo com os sintomas e principais queixas do paciente, si- nais vitais, saturação de O2, nível de dor, etc. Após a avaliação inicial, o paciente receberá a pulseira de iden- tificação do hospital com a cor espe- cífica que corresponde ao seu qua- dro clínico, e segue para o atendi- mento ou aguarda o momento de ser atendido, de acordo com os critérios do Protocolo de Manchester. Conforme Medeiros (2018), no Brasil, o primeiro estado a im- D 32 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS plantar o Protocolo de Manchester foi Minas Gerais, com o intuito de organizar o fluxo de pacientes. Além de Minas Gerais, já foram implanta- dos projetos pilotos do Protocolo Manchester em Curitiba e São Ber- nardo, em São Paulo. Em cada lugar, o projeto encontra situações particu- lares e desafios ímpares, mas, no ge- ral, as implantações de projetos com o Protocolo Manchester parecem ter sucesso nas redes pública e particu- lar, em todos os lugares onde são ini- ciadas. Segundo Hinrichsen (2012), a implantação do Protocolo de Man- chester pode tornar o atendimento mais eficaz, pois, em termos de sa- úde, o tempo pode representar a di- ferença entre salvar vidas e perder pacientes. Além disso, como o sis- tema fornece arranjos de prioridade apropriados, os pacientes podem ser encaminhados para outras unidades médicas para que as necessidades possam ser compartilhadas entre as unidades médicas próximas, caso seja necessário. Pois, com a redução do risco clínico, evita-se o uso de re- cursos emergenciais ocasionados pela não observação do estado do paciente antes do agravamento do quadro. Com a implementação do Protocolo de Manchester, os pacien- tes também serão beneficiados, pois esse método de classificação de risco garante que não apresentem risco de vida e também farão uma previsão média do tempo necessário para ob- ter o atendimento, reduzindo as ex- pectativas. Considerando que inde- pendente do horário, dia da semana ou profissional de plantão, as insti- tuições de saúde terão o mesmo pa- drão de atendimento em termos de atendimento, portanto, a utilização do Protocolo de Manchester é uma garantia de prestação de serviços homogêneos. Para Lustoza Xavier, Feitosa e Pereira (2019), o Protocolo de Man- chester utiliza a classificação por co- res para orientar a prioridade do atendimento: Vermelho - indica emergência, caso gravíssimo, com necessi- dade de atendimento imediato e risco de morte. Laranja - casos muito urgen- tes, graves, com risco signifi- cativo de evoluir para morte e que exige atendimento ur- gente. Amarelo - significa urgente pa- ra casos de gravidade mode- rada, com necessidade de atendimento médico mas sem risco imediato. Verde - pouco urgente, para atendimento preferencial nas unidades de atenção básica. Azul - indicativa para casos não urgentes, com orientação para atendimento na unidade de saúde mais próxima da re- sidência. 33 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS De acordo com Mackway-Jo- nes (2010), a gravidade pode ser identificada colocando um pulseira colorida no pulso do usuário e um adesivo da mesma cor no canto su- perior esquerdo da ficha de classifi- cação de risco. Esta ficha é enviada para a recepção, onde os dados pes- soais do usuário serão coletados e preenchidos para a geração de seu prontuário, que posteriormente será encaminhado ao consultório mé- dico. As recomendações específicas para o atendimento baseado no Pro- tocolo de Manchester, são: No momento do acesso do usuário ao serviço de saúde deverá se atentar para situa- ções especiais, poderá ser con- siderado como Atendimento prioritário: mulheres com cri- anças de colo, idosos, pessoas com deficiência, portadores de transtornos mentais, pacien- tes encaminhados através de transporte sanitário, gestan- tes, pessoas com dificuldade de locomoção e quem está sob condição carcerária; Os usuários que se enquadra- rem em situações de urgência, pouco urgente ou não urgente, serão acolhidos, inicialmente, pelo técnico de enfermagem na recepção, que verificará os seus sinais vitais, e posterior- mente, os encaminhará para a sala de classificação de risco do enfermeiro. Este profissio- nal, utilizando os critérios pré- estabelecidos, além das infor- mações coletadas atravésde escuta qualificada e dos dados vitais, de acordo com o proto- colo e realizará a classificação de risco; O enfermeiro inicia a anam- nese do usuário, preenchendo a ficha de classificação de ris- co, momento em que são com- preendidas e associadas as di- versas queixas com as condi- ções clínicas, favorecendo o estabelecimento dos níveis de classificação, na busca da agi- lidade do atendimento. Conforme Medeiros (2018), após a classificação, os usuários de- vem ser informados do tempo esti- mado de espera e encaminhado para o atendimento médico: O paciente classificado como verde deve ser atendido com brevidade (de preferência, em até 2 horas após a sua classifi- cação de risco); O paciente classificado como azul deve, de preferência, ser atendido no mesmo dia, den- tro do menor tempo possível para a situação de demanda do serviço, conforme agenda local e marcação prévia; Os pacientes classificados co- mo azuis ou verdes, podem ser encaminhados a outro serviço dentro da rede de atenção, po- rém o serviço de urgência que 34 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS encaminha deve garantir que o usuário receba o atendimento; Em relação à Classificação de Risco, ainda, é necessário fa- zer a distinção dos pacientes que são submetidos ao pro- cesso de Classificação de Risco e têm como resultado avalia- tivo o indicador “Azul” e, por opção estratégica e em acordo com o usuário, são encami- nhados para outra unidade de saúde com garantia de acesso daqueles que também são sub- metidos ao processo de Classi- ficação de Risco, mas não apresentam nenhuma necessi- dade de atendimento clínico ou de outra ordem, por exem- plo: demanda administrativa, solicitação de exames subsidi- ários originados em outras instituições, procura por espe- cialista sem regime ambulato- rial etc. Os pacientes graves deverão ser acolhidos na porta de en- trada, colocados em maca apropriada e, imediatamente levados para sala vermelha (reanimação/ressuscitação) por entrada específica que per- mite acesso rápido ao local re- ferido. A classificação de risco deverá ser realizada posterior- mente pelo enfermeiro da equipe com objetivo de gerar ficha de atendimento para ser anexada ao prontuário clínico do paciente. Segundo Lustoza Xavier e Pe- reira (2019), a equipe necessária deve ser composta por médicos, en- fermeiros, técnicos de enfermagem e assistentes sociais, além de receber suporte de pessoal de apoio, que tor- nam-se essenciais dentro do proces- so como: maqueiros/auxiliares de transporte, auxiliares administrati- vos, seguranças, recepcionistas e porteiros. Para Feitosa e Pereira (2019), a classificação de risco é usada para tentar reorganizar o atendimento na entrada do sistema de saúde, sendo o enfermeiro o profissional mais adequado para realizar este proces- so. O processo é pautado pela utili- zação de protocolos, nos quais o en- fermeiro pode identificar sinais e sintomas, para que seja especificada a prioridade clínica no atendimento e o tempo máximo de espera deter- minado pela cor até o primeiro aten- dimento médico. Uma vez que a classificação de risco não pode con- firmar o diagnóstico e requer conhe- cimento clínico profissional, habili- dades de semiologia e habilidades semi-técnicas para avaliar os princi- pais sintomas, o enfermeiro é um profissional preparado para assumir essa função. Todo o processo de Acolhimento da Classificação do Risco (ACCR) deve ser de responsa- 35 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS bilidade de toda a equipe, incluindo os serviços de suporte que integram a área de farmácia, laboratório e bioimagem. Todos os trabalhadores devem compreender o significado das cores nos procedimentos de emergência para que possam dar as- sistência resolutiva aos usuários, di- minuir o tempo na unidade e tam- bém contribuir para a redução do congestionamento. Para que o pro- cesso de ACCR seja implementado com êxito, espera-se que toda a equi- pe tenha as seguintes habilidades e capacidades: Treinamento teórico e prático de situações de urgência e emergência; Esclarecimento e divulgação do funcionamento de todos os fluxos de regulação, grade de referência e desenho da rede de atenção local; Habilidade organizacional, agilidade e julgamento crítico; Aprofundar questões ético-le- gais nos atendimentos de ur- gência e emergência. De acordo com autores como Velasco, Brandão Neto, Souza, Ma- rino, Marchini, e Alencar (2020), ca- da membro da equipe possuem atri- buições necessária para este tipo de atendimento. Cabe aos médicos dos consultórios de Classificação de Risco: Acolher o usuário de forma responsável, escutando as suas queixas, os medos e ex- pectativas; Responsabilizar-se em res- ponder de forma pactuada ao problema, conjugando as ne- cessidades imediatas dos usu- ários com a possibilidade de ofertas do serviço; Realizar o atendimento aos usuários vítimas de violência física e sexual, conforme pro- tocolo da unidade em conjunto com o serviço social e a enfer- magem; Solicitar exames nos pedidos marcados pelas cores, con- forme fluxo interno da uni- dade; Trabalhar sempre em equipe, buscando a integração de to- dos os profissionais de saúde; Reavaliar os usuários das áreas verde e amarela, respei- tando os tempos estabelecidos neste documento, objetivando uma assistência eficiente e re- solutiva; Redigir relatório médico para admissão de pacientes nos de- mais setores com caligrafia le- gível, procurando resumir o quadro clínico de forma obje- tiva e que conste: o atual es- tado do paciente, a justifica- tiva da solicitação e as condu- tas já adotadas. Se a perma- nência do paciente ultrapassar 24 h, deverá ser redigida um novo relatório para atualiza- ção do sistema de regulação; Participar de reuniões e colegi- ado da unidade, estimulando o 36 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS envolvimento dos demais co- legas na gestão e do processo de trabalho. Conforme Velasco (2020), ca- be ao enfermeiro da Sala de Classifi- cação de Risco: Acolher o usuário de forma responsável, escutando as suas queixas, os medos e ex- pectativas; Responsabilizar-se em res- ponder de forma pactuada ao problema, conjugando as ne- cessidades imediatas dos usu- ários com a possibilidade de ofertas do serviço; Realizar o atendimento aos usuários vítimas de violência física e sexual, conforme pro- tocolo da unidade em conjunto com o serviço social e o mé- dico; Classificar o risco do paciente com rapidez e eficiência, atra- vés de objetividade nas per- guntas, observação aguçada, olhando e interagindo com o paciente, interessando-se pelo que ele traz; Utilizar ficha de anamnese pa- dronizada do Protocolo de Classificação de Risco com o objetivo de classificar o usuá- rio em até 03 minutos, dando celeridade ao processo; Após classificação do usuário, identificá-lo com a pulseira com a cor correspondente, bem como o seu acompanhan- te com uma pulseira de cor branca, não permitindo aglo- merações de pessoas no es- paço da emergência. Sugere-se a permissão de apenas 01 acompanhante por paciente, quais sejam: menores de 18 anos, maiores de 60 anos ou pacientes que se enquadram nos critérios de Atendimento Prioritário; Identificar a ficha de classifi- cação de risco com adesivo da cor correspondente (azul, ver- de, amarelo, vermelho e la- ranja); Procurar relacionar-se de for- ma harmônica com seus cole- gas de trabalho e com toda a equipe do acolhimento; Participar de reuniões e colegi- ado da unidade, estimulando o envolvimento dos demais co- legas na gestão e do processo de trabalho. Segundo Brandão Neto (2020), cabe ao técnico de enferma- gem, que trabalham em unidade de Classificação de Risco: Atender ao usuáriode forma cordial, acolhedora e educada, Responsabilizar-se em res- ponder de forma pactuada ao problema, conjugando as ne- cessidades imediatas dos usu- ários com a possibilidade de ofertas do serviço; Ficar na recepção para o aco- lhimento e identificação de 37 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS possíveis situações de urgên- cia, realizando os sinais vitais, observando o paciente e libe- rando-o para a sala de classifi- cação de risco, quando julgar prioridade; Encaminhar ao enfermeiro as informações obtidas para que este possa classificar o risco de acordo com o Protocolo de Classificação de Risco; Procurar relacionar-se de for- ma harmônica com seus cole- gas de trabalho e com toda a equipe do acolhimento; Participar de reuniões e colegi- ado da unidade, estimulando o envolvimento dos demais co- legas na gestão e do processo de trabalho. Para Souza (2020), as funções do assistente social, nas unidades que trabalham com Protocolo de Controle de Risco, são: Informar e orientar o paciente, acompanhante e responsável quanto à dinâmica de funcio- namento e normas da uni- dade; Praticar escuta responsável, qualificada e reflexiva em to- dos os atendimentos que reali- zar, acerca da demanda, ne- cessidade do paciente ou fami- liar; Atendimento psicossocial ao paciente e/ou acompanhante/ visitante nas seguintes situa- ções: diagnóstico e/ou prog- nóstico grave, conflito intrafa- miliar, negligência da família quanto aos cuidados com o pa- ciente, dificuldade em levar o paciente por ocasião de alta hospitalar, abandono e óbito. Solicitar e/ou intervir junta- mente com a psicologia, caso necessário; Contatar e referenciar o paci- ente pós-alta hospitalar ao Centro de Saúde, Equipe ESF de sua referência, articulando a continuidade da atenção na rede SUS; Orientar e encaminhar o paci- ente/familiar ou responsável, quanto aos direitos sociais, previdenciários, Defensoria Pública e Direitos humanos; Orientar os usuários quanto aos seus direitos previdenciá- rios: auxílio-doença, perícia médica, procedimentos para solicitação de aposentadoria, LOAS, Bolsa Família, dentre outros; Ser a referência para a infor- mação aos usuários, escuta qualificada aos usuários, pos- tura acolhedora, junto aos ou- tros profissionais de saúde e de apoio; Articular a continuidade da atenção na rede SUS e na rede de proteção social, mediante encaminhamentos com garan- tia de atendimento na unidade de saúde específica, via con- tato telefônico prioritaria- mente; 38 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS Atualizar informações sobre a rede SUS local e regional, bem como a rede de proteção social existente para efetivação de encaminhamentos necessá- rios; Identificar cuidadores, condi- ções de moradia, avaliar área de risco, unidade de saúde de referência/PSF, realizando in- terlocução com médico para admissão no Serviço de Aten- ção Domiciliar (SAD); Realizar atendimento aos usu- ários vítimas de violência se- xual, juntamente como médico e o enfermeiro, sejam crian- ças, adolescentes e mulheres, conforme protocolo interno da unidade, anexando a “ficha de notificação de violência”; Procurar relacionar-se de forma harmônica com seus co- legas de trabalho e com toda a equipe do acolhimento; Participar de reuniões e colegi- ado da unidade, estimulando o envolvimento dos demais co- legas na gestão e do processo de trabalho. 39 40 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS 6. 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