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Obstetrícia e fertilidade em bovinos

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D. E.NOAKES
Obras publicadas pela
Livraria Varela & Varela Editorial
. Alle,m- Fertilidade e obstetrícia no
cavalo (no prelo)
. Bacila, M - Bioquímica veterinária
. Bobbio & Bobbio - Introdução à
química de alimentos
. Bobbio & Bobbio - Química do
processamento de alimentos
(no prelo)
. Figueiredo, S,R - O cavalo de sela
brasileiro e outros eqüídeos
. lazzeri, l- Fases fundamentais da
técnica cirúrgica
. Smythe, R H - A psique do cavàlo
. Thomassian, A - Enfermidades dos
cava los
. Vaske, H & G - Manual de patologia
bovina
D. E. NOAKES
BVetMed. PhD MR.r."{T~
FERTILIDADEE
,.
OBSTETRICIA
EM BOVINOS
l.a EDIÇÃO
1991
DISTRIBUIÇÃO PARA O BRASIL:
Livraria
~A-l
Largo do Arouche, 396 - Conj. 45
01219 - São Paulo - SP
Telefone: (011) 222-8622
Telex: 1125363
Fax: (011) 572-1185
São Paulo - 1991
SUMARIO
Prefácio, XI
Seção 1: Fêmea
1 . Animal não-gestante normal, 3
1.1. ~berdade
1.2. Fatores que influenciam o início da puberdade
1.3. Atividade cíclica ovariana
1.4. Estágios do ciclo estral
1.5. Modificações ovarianas durante o ciclo estral
1.6. Hormônios produzidos pelos ovários
1.7 . Modificações hormonais durante o ciclo estral
1.8. O estro e sua detecção
Sinais de estro
Métodos de detecção
1.9. Métodos auxiliares para melhorar a detecção do estro
1.10. Métodos artificiais de controle do ciclo estral
1.11. Redução da vida útil do corpo lúteo
1.12. Progestágenos - princípios de uso
Sincronização com dispositivo intravaginal liberador de
progesterona (PRID)
Sincronização com Norgestamet
1.13. Sincronização de estro com PGFza e análogos
Razões para sincronização ineficiente
Razões de baixas taxas de concepção (taxa de gestação)
Método de trabalho
Prostaglandina e análogos disponiveis para bovinos
1.14. Exame clínico do sistema genital
Exame clinico externo
Exame vaginal utilizando espéculo
Exame manual da vagina
Palpação retal
2. Gestação normal, 21
2.1. Ovulação
2.2. Fertilização
2.3. Desenvolvimento embrionário
2.4. Membranas fetais
2.5. Fluidos fetais
2.6. Crescimento fetal e comprimento crânio-caudal
2.7. Estimativa da idade fetal
2 .8. Placenta
v
VI
2.9. Reconhecimento materno da gestação
2. 10. Endocrinologia da gestaçEo
2 .11. Métodos de diagnóstico de gestação
2.12. Precisão do diagnóstico de gestação por palpação retal
3. Parto normal, 30
3.1.
3.2.
3.3.
3.4.
3.5.
Duração da gestação
Peso ao nascimento
Taxa de crescimento fetal
Gêmeos e múltiplos
Freemartins
Diagnóstico de freemartins
3.6. Inicio do parto (desencadeamento)
3.7. Sinais de impedimento ao parto
3.8. 1Q estágio do parto
3.9. 2Q estágio do parto
3.10. 3Q estágio do parto
3.11. Ambiente do parto
3. 12. Indução prematura do parto
Hormônios utilizados na indução
Indicações para indução
Requisitos
Procedimentos
Problemas
3. 13. Retardando o parto
4. Cuidados com o recém-nascido, 38
4. 1. Introdução
4.2. Adaptação ao ambiente
4.3. Procedimentos imediatos com o
4.4. Problemas após o nascimento
4.5.' Bezerros debilitados
recém-nascido
5. o período pós-parto (puerpério), 40
5.l.
5.2.
5.3.
5.4.
5.5.
5.6.
Introdução
Retorno à atividade ciclica ovariana normal
Métodos para determinar o retorno à atividade cíclica
Fatores que influenciam o retorno à atividade cíclica
Involução
Fatores que influenciam a taxa de involução
Regeneração do endométrio
Fatores que retardam a regeneração do endométrio
Contaminação bacteriana
Eliminação dacontamínação bacteriana
Fatores que interferem na eliminação das bactérias.
Fertilidade pós-parto
5.7.
5.8.
5.9.
6. Lactação, 46
6.1.
6.2.
6.3.
6.4.
Desenvolvimento mamário normal
Lactogênese
Ejeção do leite
Indução da ejeção
Indução artificial dá lactação
Método A
Método B
Resultados
Indicações
7. Fertilidade e infertilidade na vaca, 49
7 .1. Definições
7 .2 . Infertilidade e descarte
7.3. Expectativas de fertilidade - a vaca como indivíduo
7.4. Razões para o intervalo de 12 meses entre partos
7.5. Fatores responsáveis pela infertilidade
7.6. Ausência de sinais de estro - abordagem e exame clínico
Novilha
Novilhas e vacas
7 .7 . Retorno regular ao estro
Falha da fertilização
Morte embrionária precoce
7.8. Intervalo curto entre estros
7.9. Intervalo prolongado entre estros
7. 10. Avaliação da fertilidade do rebanho
7. 11. Monitorização e manutenção de boa fertilidade
Registros precisos e permanentes
Vacas que requerem exame
Freqüência das visitas
Sistemas de registro
8. Problemas durante a gestação, 63
8.1. Morte pré-natal
Morte embrionária precoce
Morte embrionária tardia .
Causas de morte embrionária
Agentes infecciosos específicos responsáveis pela morte
embrionária
Morte fetal
Mumificação fetal
Abortamento
Freqüência
Conduta a ser tomada após abortamento
Abortamentos e registros em rebanhos
Causas de abortamento
Causas infecciosas de abortamento
Causas não-infecciosas de abortamento
8.2.
8.3.
8.4.
8.5.
8.6.
8.7.
VII
8.8. Diagnóstico das causas de abortamento
8.9. Natimortos
8.10. Maceração fetal
8.11. Anomalias congênitas
Causas
Algumas anomalias comuns e suas causas
8.12. Prolapso cérvico-vaginal
Causas
Diagnóstico e prognóstico
Tratamento
8. 13. Torção uterina
8.14. Ruptura uterina
8. 15. Hidroâmnion e hidroalantóide
9. Distocia, 75
9 .1. Definição
9.2. Incidência
9.3. Causas
9.4. Conduta em casos de distocia
9. 5. Exame clínico
9 .6 . Diagnóstico
9.7. Tratamento
Correção de posição anômala
Tração
Fetotomia (embriotomia)
Operação cesariana
9 .8. Causas específicas de distocia - Grupo 1
Desproporção feto-maternal
Dilatação cervical parcial (ou incompleta)
Estreitamento vaginal ou vulvar
Obstruções de tecidos moles
Defeitos ósseos da pelve
Torção uterina
Apresentação simultânea de gêmeos
Monstros (bezerros congenitamente anormais)
Disposição anômala
Disposição anômala devido a anormalidades posturais
Disposição anômala devido a anormalidades de posição
Disposição anômala devido a anormalidades de apresentação
9.9. Causas específicas de distocia - Grupo 2
Ruptura uterina
Torção uterina
Dilatação cervical incompleta
Inércia uterina
Deslocamento ou desvio ventral do útero
10. Retenção de placenta, 90
10.1. Introdução
10.2. Incidência
VIII
10.3. Causas
10.4. Conseqüências
10.5. Tratamento
11.
11.1.
11.2.
11.3.
11.4.
11.5.
11.6.
11.7.
11.8.
11.9.
11.10.
12.
Problemas durante o puerpério, 93
Introdução'
Lacerações da vulva e vagina
Lacerações vaginais
Lacerações vulvares
Contusões do trato genital
Hematomas
Lesões de nervos perüéricos
Lacerações uterinas
Prolapso uterino
Metrite aguda
Endometrite crônica
Piometra
Manipulação da reprodução, 101
12.1. Gêmeos e ovulações múltiplas
Desejo para a indução de gêmeos
12.2. Transferência de embrião
Aplicações da transferência de embriões
Requisitos para o sucesso da transferência de
Conduta da transferência de embriões
Seleção da doadora
Seleção das receptoras
Preparação e superovulação da doadora
Preparação das receptoras
Coleta dos embriões
Recuperação dos embriões
Transferência dos embriões
12.3. Congelamento e armazenamento de embriões
12.4. Micromanipulação de embriões
13.
Seção 2: Macho
Macho normal, 113
13.1. Anatomia reprodutiva do touro
Os testículos - estrutura e função
Função endócrina
Epidídímo
Dutos deferentes e ampolas
Glândula prostática
Glândulas vesiculares (vesículas seminais)
Glândulas bulbo-uretrais
Pênis
embriões
IX
13.2. Puberdade
13.3. Comportamento copulatório
13.4. Exame clínico do touro para escolha
13.5. Métodos de coleta de sêmen
13.6. Composição do sêmen
13.7. Avaliação do sêmen
13.8. Freqüência de monta natural
do reprodutor
14. Inseminação artificial, 122
14.1. Introdução
Vantagens
Desvantagens
14.2. Coleta de sêmen
14.3. Manipulação e processamento do sêmen - princípios gerais
Procedimento do processamento
Descongelamento antes da inseminação
14.4. Técnica de inseminação
Momento da inseminação
14.5. Seleção e cuidados com touros em centrais de inseminação
artificial
14.6. Regulamentos relacionados ao uso de IA no Reino Unido
14.7. Métodos de avaliação da eficiência da inseminação artificial
14.8. Resultados insatisfatórios da inseminaçãoartificial
15. Infertilidade no ~ouro, 129
15. 1. Considerações gerais
15.2. Métodos de investigação
15.3. Perda ou falta de libido
Tratamento para baixa libido
15.4. Impotência associada à libido normal
15.5. Impotência associada à falha na protrusão do pênis
15.6. Impotência associada à falha na introdução
15.7. Introdução sem ejaculação
15.8. Redução ou falha da fertilização
Leitura complementar, 134
Índice Remissivo, 135
x
PREFACIO
Este livro tem a finalidade primária de servir como fonte ime-
diata de referências e informações para estudantes de Veterinária,
cirurgiões veterinários e demais pessoas da área. Não pretendemos
ter escrito minucioso tratado sobre o assunto; por isso o interes-
se pela brevidade tornou inevitável certo dogmatismo.
Há extensa e rica literatura sobre reprodução de bovinos e lista
extensa pode ser encontrada no final do livro pela qual estimula-
mos o leitor à leitura de outras posições e filosofias.
Meu interesse inicial pelo assunto foi estimulado desde minha
infância, quando passava vários dias auxiliando meu tio com seu
rebanho de gado Shorthorns, e mantido pelos ensinamentos do emé-
rito professor Geoffrey Arthur, do Royal Veterinary College. A am-
bos, minha sincera gratidão. Agradeço aos autores de todos os li-
vros e artigos que tenho lido e aos meus colegas veterinários, espe-
cialmente aos membros da Sociedade para o Estudo da Reprodução
Animal com os quais muito tenho aprendido.
Finalmente, desejo agradecer à Srta. Barbara Robertson pelo
paciente trabalho de datilografia, ao Sr. David Gunn por providen-
ciar as fotografias e ao Sr. John Sutton que, como editor da cole-
ção, tem esboçado comentários e críticas e corrigido minha redação.
DAVID NOAKES
XI
Seção 1
FÊMEA
1 - ANIMAL NAO-GESTANTE NORMAL
1.1 Puberdade
Por ocasião do nascimento, o ovário da recém-nascida contém
acima de 150.000 folículos primordiais. Alguns folículos crescem
no período pré-púbere, mas eles sofrem atresia enquanto relativa-
mente imaturos.
A puberdade ocorre, com o estabelecimento da atividade cícli-
ca ovariana regular, entre 7 e 18 meses de idade e é muito de-
pendente das novilhas atingirem peso acima do limiar de 50% e
35% do peso corporal do adulto em rebanhos de corte e leite res-
pectivamente.
1.2 Fatores que influenciam o início da puberdade
. Genótipo.
. Estado nutricional. A subalimentação influencia negativamente a
taxa de crescimento.
. Clima. O início da puberdade é mais precoce em climas tropicais
do que nos temperados.
. Doenças. Elas retardam particularmente a taxa de crescimento.
A razão para o ovário não ciclarantes da puberdade é devida
à deficiência da secreção ou liberação dos hormônios do hipotála-
mo/hipófise anterior, necessários para o crescimento folicular. Po-
de também ser devida à falha da resposta ovariana.
1.3 Atividade êÍclica ovariana
A vaca é poliéstrica com ciclos periódicos a cada 21 dias em
média (variação de 17-24); o intervalo entre ciclos é referido como
intervalo interestro. A atividade cíclica está ausente antes do início
da puberdade, durante a gestação e por um curto período após o
parto (vide seção 5.1.).
3
1.4 Estágios do ciclo estral
A única fase claramente definida é a do estro, quando a vaca
ou' novilha aceita a monta do touro; dura 15 horas em média
(variação de 2-30 horas). A ovulação ocorre cerca de 15 horas após
o fim do estro.
O restante do ciclo pode ser dividido em proestro, metaestro
e diestro, mas não estão claramente definidos.
. Proestro é a fase que precede o estro, quando há crescimento
folicular e regressão do corpo lúteo e o sistema genital está perden-
do a influência do hormônio progesterona. Existem alguns sinais
comportamentais que indicam a proximidade do estro, como aumen-
to da freqüência de tentativas de montar outras vacas.
. Metaestro é Q p~ríodo após o final do estro quando o folículo
amadurece, ovula e o corpo lúteo começa a desenvolver.
. Diestro é a fase na qual o corpo lúteo é a estrutura dominante.
Seu efeito é exercido p~lo hormônio progesterona.
1.5 Modificações ovarianas durante o ciclo estral
Com o início da puberdade há considerável crescimento e de-
senvolvimento dos folículos no ovário. Ondas de crescimento fo-
licular ocorrem ao longo de todo o ciclo estral; entretanto, é so-
mente durante o estro e logo após, que um ou mais folículos so-
frem crescimento rápido, amadurecem e ovulam. O folículo de
Graaf maduro parece como ilustrado na Figura 1.la: tem entre 2
e 2,5cm de diâmetro. .Outros folículos freqüentemente crescem de
1,2 a 1,5cm de diâmetro antes de regredirem e tornarem-se atrési-
coso ~ muito comum se identificar tais folículos em associação com
corpos lúteos maduros.
Na ovulação o folículo se rompe através de abertura na túnica
albugínea, a qual cobre completamente a superfície do ovário. O
oócito (ovo) é liberado enquanto rodeado por massa de células -
cumulus oophorus (Fig. 1.lb) - e é colhido pelas fímbrias da tuba
uterina (oviduto) adjacente ao ovário onde ocorreu a ovulação.
A cavidade anteriormente ocupada pelo folículo rompido é ra-
pidamente invadida pelas células da granulosa e da teca, as quais
4
Teca externa
Teca interna
Células da granulosa
Oócito
Cumulus
oophorus
(a)
o Corona radiata (fragmentos de
- ~o....o.. o.. o..o......0.0.... ...00.0
células do cumulus oophorusl
Membrana vitelina<-
000.000. Zona Pelúcida
(bl
Fig. 1.1.
(a) Estrutura do foliculo de Graaf. (b) Oócito após a ovulação.
(Diagrama (a) reproduzido de Hunter R.F.H. (1982) Physiology and
Technology of Reproduction in Female Domestic Animals. Academic
Press, London.)
se tornam células luteínicas e formam o corpo lúteo (CL). Este é
inteiramente formado cerca de 7 dias após a ovulação e persiste
neste estado por volta de 17 dias, quando começa a regredir.
A Figura 1.2. ilustra as alterações no tamanho dos folículos e
do corpo lúteo durante o ciclo estral.
5
o
.CtJ
o-
o ..!!!.. :>
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w O
~
Corpo lúteo
22
Fig. 1.2.
Crescimento e regressão dos folículos e corpo lúteo durante o
ciclo estral.
1.6 Hormônios produzidos pelos ovários
o folículo de Graaf em desenvolvimento produz 17{3-estradiol
e dois outros hormônios que são metabólitos, isto é, estrona e es-
trio!. O corpo lúteo produz progesterona, que é o hormônio-chave
e controla a atividade cíclica ovariana na vaca.
1.7 Modificações hormonais durante o ciclo estral
A função ovariana é controlada principalmente pela secreção
dos hormônios folículo estimulante (FSH) e luteinizante (LH) da
glândula pituitária anterior. Estes, por sua vez, são liberados se-
gundo a ação de um polipeptídeo produzido pelo hipotálamo e
transportado à hipófise anterior pela circulação portal hipofisária.
Este é referido como fator liberado r do hormônio luteinizante
(LHRH) ou hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), sendo
verdadeiro que na vaca uma única substância é responsável pela
liberação de FSH e LH.
6
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o FSH é responsável pelo crescimento inicial dos folículos.
O LH causa a maturação final, ovulação e também estimula a for-
mação e manutenção do corpo lúteo (efeito luteotrófico). Estes dois
hormônios são liberados em ondas em torno do período de estro,
ocorrendo a ovulação 24-32 horas após a onda combinada de
FSHjLH.
O crescimento e maturação folicular resultam num aumento da
produção de estrógenaos, especialmente o 17f3-estradiol, com o pico
de produção ocorrendo no início do estro. Isto estimula o eixo hipo-
talâmico-hipofisário a liberar onda de LH necessária para a matu-
ração folicular e ovulação. Um 2.° pico menor de estradiol ocorre
6 dias após o estro, sendo seu significado desconhecido.
O corpo lúteo, formado pelas células luteinizadas da granulosa
e da teca produz progesterona. Esta se eleva dos níveis basais 3
a 4 dias após o estro, alcançando valores máximos em cerca de
8 dias, persistindo por 16-17 dias antes de decair até alcançar ní-
veis basais na época do próximo estro. A. Prolactina,outro hormô-
nio pituitário, também se eleva na época do estro, mas o seu papel
nesta fase é desconhecido.
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Dias do ciclo estral
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Hormônio luteinizante
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Fig. 1.3.
Alterações hormonais no sangue periférico durante o ciclo estral.
7
A progesterona e, portanto, o corpo lúteo, têm o papel princi-
pal no controle da atividade cíclica, já que este hormônio exerce
um "feedback" negativo sobre o eixo hipotalâmico-hipofisário, supri-
mindo amplamente a liberação de gonadotrofinas.
A vida útil do corpo lútero é encerrada pela liberação de
substância luteolítica, a prostaglandinaF2iX (PGF2iX), secretada pelo
útero. Quando o endométrio estiver sob a influência da progeste-
rona por cerca de 14 dias e com ausência de gestação (vide seção
2.9), pulsos d~ PGF2iXsão secretados. Estes chegam ao ovário via
artéria ovariana, tendo passado diretam~nte da drenagem venosa
uterina.
À medida que o corpo lúteo regride, o "feedback" negativo
da progesterona no eixo hipotalâmico-hipofisário é removido. Isto
seguido pela elevação nas concentrações de LH e FSH, que estimu-
la o crescimento folicular e síntese de 17/3-estradiol, e assim dispara
a onda de FSHjLH com a maturação foliculal', ovulação e formação
do corpo lúteo. As alterações hormonais estão ilustradas na Fi-
gura 1. 3 .
1.8 Estro e sua detecção
A duração média doestro é de 15 horas; entretanto existe
uma ampla variação de 2-30 horas. Uma vez que a vaca tenha tido
sua 1.a ovulação pós-parto, é raro que ela não mostre nenhum sinal
de estro, conseqüentemente o "cio silencioso" é uma raridade.
Sinais de Estro
Os sinais de estro são muitos e variados:
. Inquietação e atividade aumentada, o que resulta em agrupamento
de indivíduos sexualm~nte ativos e redução na alimentação e pro-
dução de leite.
. Muge quando isolada.
.. Ligeiro aumento na temperatura corpórea (O,l°C).
. Muco vulvar claro - "mugido característico".
. Marcas de esfregamento e escoriações da base da cauda, manchas
de lama ou sujeira nos flancos.
. Monta em outras vacas, particularmente uma do grupo.
. Aceitação da monta.
Os únicos sinais confiáveis são a aceitação de monta e o ato de
montar a cabeça (característica mostrada por poucas vacas). A va-
8
ca pode ser montada uma vez ou mais de cem vezes durante um
único estro; a duração de uma resposta positiva à monta deve ser
de pelo menos 5 segundos.
A razão mais importante para uma baixa eficiência reprodu-
tiva é a dificuldade de detecção de estro, especialmente em grandes
rebanhos. Isto é 'devido às variações entre vacas e porque há mais
manifestações de estro durante à noite.
Métodos de detecção
A detecção depende da observação de resposta tolerante
quando montada, assim, para uma boa detecção, deve haver:
. Identificação individual clara dos animais com marcação a frio,
ferro quente, coleiras e brincos grandes.
. Iluminação adequada para facilitar a identificação.
. Registro permanente da identidade da vaca no momento da
observação.
. Rotina regular de pelo menos 3 períodos de observações de
20-30min, durante 24 horas, em outras horas que não sejam de
ordenha, por exemplo, 8; 14 e 21 horas, sendo a última vez a
mais importante.
. Áreas adequadas com espaço suficiente e boa superfície de piso
para permitir que as vacas expressem comportamento de estro.
. Registrar todos os períodos de estro antes do 1.° serviço ou inse-
minação artificial (IA).
1.9 Métodos auxiliares para melhorar a detecção do estro
. Tinta de cauda, quando aplicada à base da cauda e sacro, é re-
movida por esfregadura quando a vaca fica em estação para ser
montada. Não é específico, mas é barato e um tanto eficaz quando
usado sensatamente, de forma seletiva.
. Detectores de cio e monta KaMaR são ativados da mesma forma
descrita acima. São mais caros e as vacas devem ser identificadas
quando forem afixados, porque em alguns casos a monta desloca
o dispositivo.
. Circuito fechado de televisão com programação de timer pelo ví-
deo é de instalação cara, mas é bem efetivo quando usado seleti-
vamente, por exemplo, durante as horas da noite em que as vacas
não são observadas. Uma boa identificação das vacas é importante.
. Rufiões ou vacas androgenizadas irão identificar vacas que estão
em estro desde que tenham algum tipo de marcador tal como dis.
9
positivo de queixo. Existem problemas de segurança e o perigo de
disseminação de doenças venéreas com touros. Alguns adqüirem ha-
rens de vacas específicas.
. Avaliações de certas mudanças fisiológicas, tais como tempera-
tura corpórea aumentada, alterações no impedance elétrica na va-
gina ou muco vaginal, podem ser usados, mas requerem equipa~
mento específico.
. Testes hormonais, particularmente progesterona, podem ser de va-
lia quando testes rápidos se tornarem disponíveis.
. É possível eliminar a necessidade de detecção de cio, sincroni-
zando-se estro e ovulação, seguido por um horário fixo de IA (vi-
de seções 1.12. e 1.13).
1 . 10 Métodos artificiais de controle do ciclo estral
Para controlar artificialmente a atividade cíc1ica, o animal con-
siderado deve ter atingido a puberdade e estar em atividade ovariana
normal. Existem 2 métodos:
. Encurtamento da função do corpo lúteo.
. Uma fonte exógena de progesterona é usada para substituir a fun-
ção do corpo lúteo.
1 . 11 ReduçãQ da vida útil do corpo lúteo
A Prostaglandina F21Xé uma luteolisina natural na vaca e é
responsável pela extinção do CL antes do próximo estro. Assim
se PGF21Xou seus análogos forem administrados paralelamente a
uma vaca com corpo lúteo, irão causar a regressão precoce deste e
retorno ao estro prematuramente. Entretanto, o CL não responde nos
primeiros 4-5 dias pós-ovulação; além disso, uma vez que o CL
tenha iniciado espontaneamente sua regressão nos dias 16 e 17, ela
não pode ser acelerada.
1 . 12 Progestágenos - princípios de uso
Uma fonte exógena de progesterona ou um progestágeno sin-
tético funcionam como um corpo lúteoartificial, exercendo assim
um efeito de "feed-back" negativo sobre o eixo hipotalâmico-hipo-
fisário e suprimindo a atividade cíclica. Quando removida, há um
retorno ao estro e retomada desta atividade.
10
Se, num grupo de animais, progestógenos são removidos ao mes-
mo tempo, há uma boa sincronização desde que não haja proges-
tágeno endógeno residual derivado de um corpo lúteo que tenha so-
brevivido à duração do implante. Assim é necessário o uso de algo
que cause luteólise ou suprima a formação de corpo lúteo.
Sincronização com dispositivo intravaginal liberador
de progesterona (PRID)
O dispositivo intravaginal liberado r de progesterona (PRID) é
uma espiral plana de aço inoxidável coberta por um elastômero
inerte incorporando 1. 55g de progesterona juntamente com uma
cápsula de lOmg de benzo ato de estradiol (vide Fig. 1.4).
Fig. 1.4.
Dispositivo intravaginal de liberação de progesterona (PRID).
. A vaca ou novilha deve estar vazia, não deve ter parido nos úl-
timos 20 dias, ou ter qualquer infecção no trato genital e deve
estar em boa condição física.
. Usando uma técnica delicada e limpa, o PRID é inserido no inte-
rior da vagina.
. Após cerca de 12 dias é retirado e o estro ocorre 2-3 dias depois.
A IA pode ser realizada 48 e 72 horas ou somente uma IA após
56 horas da remoção.
11
. Animais mostrando comportamento de estro alguns dias após a
remoção do PRID devem ser inseminados normalmente.
O grau de sincronização pode ser variável porque o benzo ato
de estradiol é um ineficiente agente luteolítico e antiluteotrófico.
Melhores resultados podem ser obtidos se PGF2a for injetada 24,
horas antes da remoção do PRID.
Alguns animais expelem o PRID e em muitos há descarga va-
ginal, que é resolvida espontaneamente após a retirada e sem
tratamento.
Sincronização com Norgestamet
Norgestamet é um potenteprogestágeno sintético que é dispo-
nível como polímero de implante subcutâneo contendo 6mg da
substância ativa.
. A vaca ou novilha não deve estar gestante e ter boas condições
físicas.
. O implante de 6mg de Norgestamet é inserido subcutaneamente
na base da orelha e, imediatamente após, 3mg de Norgestamet e 5mg
de Valerato de estradiol são injetados via intramuscular.
. O implante é removido 9 dias depois.
. O estro ocorre 2-3 dias após e a IA pode ser feita com 48 e 60
horas ou 48 e 72 horas após a remoção do implante.
Melhor sincronização pode ser consegui da ~e a PGF2a for in-
jetada 24 horas antes da remoção do implante, já que o valerato
de estradiol é um fraco luteolítico, especialmente no início do diestro.
1. 13 Sincronização de estro com PGF 2a e análogos
Para conseguir sincronização,
injetada em duas doses separadas,
aplicações, assegurando assim que
a 2.a injeção.
Antes de iniciar o procedimento de sincronização:
. Checar a condição física dos animais no início do procedimento,
especialmente no caso de novilhas. Devem estar em boa condição fí-
sica, crescendo a uma taxa de 0,7kgjdia.
. Assegurar que não hajam animais gestantes e, no caso de novi-
lhas, que o trato genital esteja normal, por palpação retal. .
. Informar à central de IA local as datas previstas da IA assegu-
rando que haja sêmen adequado e pessoal disponível.
a PGF2,a ou análogo deve ser
com 11 dias de intervalo entre
o estro ocorrerá 2-4 dias após
12
Então:
. Aplicar em todos os animais PGF2aou análogo (PGl).
. Repetir 11 dias após PGl (PG2).
. A IA pode ser realizada 78 horas após PG2 ou em duas insemi-
nações 72 e 96 horas ou 72 e 90 horas após PG2.
. IA em qualquer animal que seja visto em estro 5-6 dias após
a PG2.
A sincronização será melhor em novilhas do que em vacas.
Razões para baixa sincronização
. Técnica de injeção ineficiente, se PGF2,a foi depositada na gordura
ou uma grande parte do volume da injeção se perdeu.
. Uma parcela dos animais são acíclicos.
. Há atraso na formação de corpo lúteo que ir.á responder a PFG2X.
Isto é mais provável que ocorra em vacas onde as concentrações
de progesterona permanecem baixas por longo período pós-ovulação
(progesterona baixa por longo tempo).
Razões de baixas taxas de concepção (taxa de gestação)
. Nutrição insatisfatória, especialmente em novilhas e vacas de alta
produção.
. Estresse associado a manejo e mistura de diferentes grupos de
animais.
. Sincronização de animais recém-adquiridos, porque eles teriam se
estressado durante o transporte.
. Fadiga do inseminador.
Método de trabalho
Melhores taxas de concepção podem ser freqüentemente obtidas,
especialmente se há boa e precisa detecção de estro, se o método
de trabalho a seguir for utilizado:
. Injetar todos os animais com PGF2a ou análogo (PG1).
. Observar sinais deestro e inseminar qualquer vaca ou novilha
normalmente.
. Animais que não tenham sido observados em estro após 11 dias
são injetados com 2.a dose de PGF2aou análogos (PG2).
. Horário fixo de inseminaçãocomo descrito na seção 1.3 .
13
Este esquema também reduz o manuseio dos animais e a quanti-
dade de prostaglandina utilizada.
Prostaglandina e análogos disponíveis para bovinos
. Dinoprost (UpJohn Ltd. "Lutalyse"). Prostaglandina (PGF2IX)na-
tural sintética, dose indicada 25mg.
. Cloprostenol (Coopers Animal Health, "Estrumate"). Análogo sinté-
tico, dose indicada 500fJ.g.
. Fenprostalene (Syntex Pharmaceuticals Ltd., "Synchrocept B").
Dose indicada 1,Omg.
. Luprostiol (lntervet Laboratories Ltd., "Prosolvin"). Dose indica-
da 15mg para vacas e 7,5mg para novilhas.
1.14 Exame clínico do sistema genital
o sistema genital pode ser examinado por palpação retal, e o
vestíbulo, vagina e abertura externa da cérvix por palpação manual
ou, visualmente, com o auxílio de espéculo. Antes de iniciar estes
procedimentos, inspeção cuidadosa da vulva, períneo e superfícies
do corpo é importante.
Exame clínico externo:
. Examinar a base da cauda, verificando se os pêlos estão eriçados
ou lesados, sugerindo que a vaca possa ter sido montada por outras
vacas e possivelmente estado em estro.
. Examinar os flancos para sinais de lama ou sujeira de casco indi-
cativo de estar sendo montada por outras vacas.
. Examinar o períneo e a cauda para sinais de corrimentos. Este
pode ser normal, fisiológico, associado ao estro, metaestro, ou lóquio
pós-parto (olhar a seção 5.5), ou ser patológico, associado a exsu-
dato inflamatório ou pus.
. Examinar a vulva para evidência de lesões recentes ou cicatrizadas.
Os lábios devem ser afastados e a mucosa deve ser examinada quanto
a cor, presença de pápulas, pústulas, vesículas, úlceras ou lesões gra-
nulomatosas provocadas.
. Examinar a glândula mamária para determinar o estágio de lactação.
. Examinar a pelve e os ligamentos pélvicos para determinar o grau
de relaxamento no caso da vaca estar próxima ao parto.
14
Exame vaginal utilizando espéculo:
Quando o espéculo é usado ele deve estar estéril para cada
vaca ou, como alternativa, um tubo porta-espéculo estéril pode ser
usado (Fig. 1.5) - estes geralmente têm sua fonte de luz própria.
O espéculo convencional requer lanterna ou outra fonte de luz na
outra mão.
Fig. 1.5.
Espéculo vaginal.
O procedimento para o uso de espéculo com iluminação pró-
pria está a seguir:
. A vulva é rigorosamente limpa.
. Os lábios são afastados e o espéculo lubrificado é cuidadosamente
inserido num ângulo de cerca de 30° do plano horizontal subindo
ao entrar no vestíbulo e depois horizontalmente acima do assoalho
da pelve.
. Assim que o espéculo é inserido, a cor, a aparência de mucosa
vaginal e o fluido devem ser vistos, como também qualquer estru-
tura aberrante.
15
. A cor, forma e grau de dilatação da abertura externa da cérvix
deve ser observada, assim como a presença e aparecimento de qual-
quer fluido que escape do canal cervical.
. Notar a presença de qualquer fluído que acumule na região cra-
nial da vagina.
Exame manual da vagina:
. Isto não é possível numa novilha nulípara.
. Uma luva limpa e lubrificada é cuidadosamente inserida na vagina.
. Evidências de estenose, abscesso e outras anormalidades podem
ser observadas.
. A cérvix é palpada para evidenciar rupturas, lesões e o grau de
dilatação da abertura externa. .
. Qualquer fluido acumulado no assoalho da região cranial da va-
gina deve ser drenado para a palma da mão e examinado quando
retirado.
Palpação retal
Uma rotina regular é requerida e a vulva deve ser observada
para evidências, de secreções ou descargas ocorridas durante o processo.
. A vagina é de difícil identificação porque tem parede flácida
e delgada, a não ser que um exame vaginal prévio tenha resultado
numa pneumovagina temporária quando estará distendida.
. A cérvix é um limite importante. Notar sua posição em relação
à borda da pelve, seu formato, tamanho e grau de mobilidade. Em
novilhas não-gestantes a cérvix tem cerca de 2-3cm de diâmetro e
5-6cm de comprimento. Durante a gestação torna-se aumentada e, em-
bora rígida no pós-parto, o tamanho total aumenta com gestações
sucessivas. Em vacas multíparas velhas, tem cerca de 5-6cm de diâ-
metro e até lOcm de comprimento. A cérvix afila-se de forma leve
cranialmente, e é, freqüentemente possível palpar as pregas anela-
res. Abscessos associados à parição ou injúrias por Inseminação Ar-
tificial causam marcadas distorções.
A cérvix na novilha é sempre intrapélvica enquanto em ani-
mais multíparos normais não-gestantes é localizada na borda cranial
da pelve ou em frente. Com o desenvolvimento .da gestação ela é
tracionada para além do bordo pélvico.
No animal não-gestante normal é livrementé móvel lateral
e crânio-caudalmente. A medida que a gestação progride, a disten-
]6
são do útero grávido reduz a mobilidade, como ocorre em algumas
condições patológicas como aderências, piometrae tumores.
. A bifurcação dos cornos uterinos pode ser identificada logo cra-
nialmente à cérvix, especialmente se forem comprimidos contra o
bordo pélvico, como uma fissura oufenda antes dos cornos bi-
furcarem.
Fig. 1.6.
Trato genital da vaca.
Cornos uterinos
Tuba uterina
Ovário
Corpo uterino
Cérvix
. Os cornos uterinos inicialmente se curvam para baixo e para fren-
te e depois para trás e para cima em direção ao ápice, que se situa
a 5-6cm da cérvix (vide Fig. 1.6). O tamanho dos cornos dependerá
do animal estar gestante ou não e do estágio de gestação, pós-parto
ou se está sofrendo alguma condição patológica.
Os cornos do útero não-grávido têm cerca de 35-40cm de com-
primento e 4-5cm de diâmetro; são mais ou menos iguais em ta-
17
manha. Na gestação (vide seção 2.11) e imediatamente após o parto
(vide seção 5.4) há uma assimetria.
A cada gestação sucessivaeles se tornam levemente aumentados.
. Os cornos uterinos sofrem alterações cíclicas, que podem ser iden-
tificadas na palpação. Durante o diestro são flácidos e é difícil idén-
tificar seu contorno ao longo de todo o comprimento do corno. À me-
dida que o corpo lúteo regride e há crescimento folicular 1-2 dias
antes do estro, o tônus uterino aumenta de modo que os cornos tor-
nam-se túrgidos e espiralados, especialmente quando manipulados.
O tônus aumenta durante o estro e persiste por mais 1-2 dias após
o final do estro e ovulação.
. As tubas uterinas (trompas de Falópio) são estruturas convolutas
com cerca de 20-25cm de oomprimento. Quando normais, são difíceis
de identificar na palpação; por isso, se a identificação é fácil, geral-
mente sugere que estejam espessadas.
. A bolsa ovariana é difícil de ser palpada via retal. Deve ser livre
da superfície do ovário (Fig. 1.7).
Fig. 1.7.
Bolsa ovariana.
18
. Os ovários são mais facilmente localizados seguindo-se os cornos
uterinos até a grande curvatura e depois gentilmente tracionados para
trás em direção à cérvix com a ponta dos dedos.
. Uma alternativa para se localizar a cérvix e a bifurcação é passar
os dedos para baixo ou para os lados no sentido do assoalho e
borda da pelve. 'Em novilhas elas são normalmente intrapélvicas,
enquanto em vacas multíparas elas estão normalmente localizadas à
frente ou sobre o bordo pélvico.
Com o processo de gestação, os ovários são puxados para baixo
no abdômen, eventualmente tornando-se fora do alcance.
. Na palpação dos ovários, sua posição, tamanho e natureza das
estruturas presentes devem ser avaliadas. As estruturas palpáveis são:
folículos, folículos luteinizados, corpos lúteos e cistos.
. Os folículos variam de tamanho, alcançando um diâmetro máximo
de 2-2,Sem. São preenchidos por fluido, portanto, flutuam na pal-
pação. A facilidade de identificação dependerá de seu tamanho, po-
sição no ovário e presença de outras estruturas. O crescimento foli-
cular ocorre ao longo do ciclo estral e os folículos são de 1,3-1,Scm
de diâmetro na metade do diestro, associados a um corpo lúteo ma-
duro. A identificação de um folículo no ovário de uma vaca é de
pouco valor como método único para avaliar o estágio do ciclo estral.
. Os folículos luteinizados são pouco comuns, ocorrendo mais fre-
qüentemente no período imediatamente pós-parto, antes que a ativi-
dade cíclica normal tenha se estabelecido (vide seção S. 1); eles
decorrem da luteinização de um folículo anovulatório. A identifica-
ção por palpação retal é difícil. Têm cerca de 2-2,Scm de diâme-
tro com uma parede levemente mais espessa que a de um folículo
normal. Funcionam como corpo lúteo, embora sua vida útil seja
provavelmente menor.
. Os corpos lúteos se formam como seqüela da ovulação; conse-
qüentemente, se forem palpados, a única suposição imediata que pode
ser feita é que a vaca ovulou em algum estágio. O corpo lúteo pode
ser associado com diestro, gestação ou ocasionalmente pode ser
persistente.
A identificação positiva de um corpo lúteo nem sempre é pos-
sível;entretanto, desde que o corpo lúteo é a estrutura que leva a
um aumento fisiológico, normal do ovário, sua presença pode às
vezes ser suposta. A confirmação pode ser feita pela presença de
concentração elevada de progesterona no leite ou plasma.
A idade do corpo lúteo pode ser avaliada pelo seu tamanho e
consistência. Imediatamente após a ovulação é igualmente possível
19
palpar uma leve depressão no local da ovulação; haverá também
marcado tônus uterino (vide Tabela 1.1). À medida que o corpo
lúteo cresce, o ovário aumenta e o corpo lúteo usualmente começa
a se projetar na superfície ovariana; é macio à palpação. O corpo
lúteo atinge seu tamanho máximo de cerca de 2,S-3,Ocm em diâme-
tro 7-8 dias após o estro e permanece até 16-17 dias, quando, co-
meça a diminuir e endurecer; ao mesmo tempo há tônus uterino
aumentado (Tabela 1.1). Durante os 7-17 dias do ciclo, as altera-
ções no tamanho ovariano são devidas ao crescimento e regressão
folicular.
A facilidade e exatidão da palpação de um corpo lúteo depen-
dem do seu grau de projeção e de seu formato.
. Cistos são estruturas preenchidas de fluido com diâmetro acima
de 2,Scm, persistentes e usualmente associados a comportamento re-
produtivo aberrante (seção 7.6 e 7.8).
As alterações no trato genital durante o ciclo estral estão rela-
cionadas na Tabela 1. 1.
Tabela 1.1.
Crescimento do Corpo Lúteo
Dia do ciclo Ovário útero Descarga vaginal
O (estro) CL regredindo Tônus evidente Muco claro,
< 1cm, talvez comas espiralados elástico e
folículos de 1cm aumentados copioso
na palpação
1 (ovulação) CL regredindo Bom tônus Algum muco
<lcm, Comas claro ou turvo
depressão espiralados
ovulat6ria macia
3 Desenvolvendo Tônus fraco Muco turvo,
. CL macio de de coloração
1-l,5cm de vermelho-
diâmetro -sangüíneo
brilhante
7-17 CL totalmente útero flácido Sem descarga
formado 2,5-3cm
de diâmetro.
Folículos de até
lcm de diâmetro
17-19 CL duro e Tônus de Sem descarga
regredindo moderado
diâmetro<l,5cm a bom
21 Idem a dia O
20
2 - GESTAÇAO NORMAL
2.1 Ovulação
o oócito ovulado é captado pelas fimbrias da tuba uterina
adjacente, que é intimamente justaposta à superfície do ovário du-
rante e após o estro. O oócito é transportado pela ação dos cílios e
contrações peristálticas, e talvez pelas secreções da tuba, para a am-
pola onde ocorre a fertilização (Fig. 2.1). Transporte prematuro ou
retardado pode afetar sua viabilidade. O oócito é capaz de ser ferti-
lizado por 8-12 horas após a ovulação, embora melhores resultados
sejam obtidos dentro de 6 horas.
--Corno uterino
Ampola
-- Fímbria
Fig. 2.1.
Tuba uterina (Falópio).
2.2 Fertilização
Enquanto pequeno número de espermatozoides tenha alcan-
çado a tuba uterina em uma hora após a cobertura ou IA, são ne-
cessárias pelo menos 6-8 horas pós cobertura natural antes que uma
reserva de espermatozóides suficientemente grande esteja presente no
ístmo da tuba uterina. Isto é provavelmente mais rápido quando o
sêmen é depositado no útero por IA.
Os espermatozóides sofrem processo de maturação antes de
serem capazes de fertilizar. Este processo, chamado capacitação, é
21
estimuladO' por secreções uterinas. O tempo necessário é de 4 hQras.
O sêmen mantém sua motilidade por 15-56 horas. Embora seja fér-
til PO'raté 30-48 horas, há um declínio na fertilidade após 15-20horas.
Quando um espermatQzóide penetra a zona pelúcida (vi-
de Fig. 1.1), QS outrQS sãO' geralmente impedidos de fazê-Io pelo
bloqueio vitelino. Quando vários espermatQzóides penetram O'oócito,
há a chamada poliespermia e O'S embriões em desenvolvimento
morrerão.
2.3 Desenvolvimento embrionário
Vide Tabela 2. 1 abaixo:
Após a formaçãO' dos órgãos (organO'gênese completa, o bezer-
ro é considerado feto.
Tabela 2.1.
Desenvolvimento embrionário
Dias após
a ovulação
Crescimento
do embrião
0-1
1-2
1-2
2-3
3-6
6-9
8-10
12-14
13-16
20-28
24-28
35
(chegada no útero)
1 célula
2 células
4 células
8 células
Mórula
Blastocisto
Blastocisto em eclosão
Blastocisto em expansão
Amnio formado
1.as alterações no trofoblasto
adjacente às carúnculas uterinas
Alantóide completamente formado
Alantóide é preenchido e
distende-se no corno grávido
Organogênese completa
Tuba uterina
45
2.4 ~embranas fetais
O âmniO' forma-secerca de 13-16 dias após a fertilização como
uma evaginação da vesícula ectodérmica. Torna-se um "saco" de
parede dupla que contorna completamente o embrião/feto, excetQ no
anel umbilical (Fig. 2.2).
O âmnio é uma membrana transparente consideravelmente re.
sistente.
22
(a)
Corioalantóide
Fig. 2.2.
(a) e (b) Membranas fetais de 1 bezerro, mostrando os cotilédones.
(Diagrama (a) reproduzido de Steven D.H. (1982) Placentation in
the mare. Journal of Reproduction and Fertility, Suppl. 31, 41-5.)
23
o alantóideaparece 14-21 dias após a fertilização como uma
protuberância do intestino embrionário posterior. A parte externa
funde-se com o trofoblasto coriônico para formar o alantocórion, que
é estrutura altamente vascularizada e está envolvida na formação da
da placenta. A parte interna recobre o âmnio. (Fig. 2.2.)
2.5 Fluidos fetais
o âmnio envolve o fluido amniótico o qual protege o em-
brião/feto de injúrias mecânicas, possivelmente infecções e propor-
ciona um veículo de excrção. No final da festação, torna-se viscoso,
atuando como lubrificante na parição e facilitando a expulsão do
bezerro.
O fluido alantóide é aquoso. Protege o embrião/feto de trau-
mas mecânicos e proporciona espaço para deposição da urina fetal
via úraco.
Os volumes aproximados de fluidos fetais durante a gestação
são dados na Tabela 2.2. abaixo.
Tabela 2.2.
Volume aproximado dos fluidos fetais durante a gestação
O volume total d::: fluidos fetais aumenta progressivamente ao
longo da gestação, com rápido aumento aos 70-80 dias. Durante o
1.° terço da gestação o volume de fluido alantóide é maior que
o amniótico; durante o 2.° terço o volume de fuido amniótico é
maior que o alantóide; enquanto durante o último terço, o vo-
lume do fluido alantóide é maior que o amniótico. Existem conside-
ráveis variações individuais nos volumes de fluido associados a fe-
tos na mesma idade de gestação.
24
Estágio de gestação Fluido amniótico Fluido alantóide
(dias) (m1) (ml)
30 0-5 55
35-45 21 140
46-60 96, 202
61-90 375 415
91-120 1450 1170
121-150 3026 1417
151-180 2544 2638
181-210 1541 4672
211-240 2028 4893
241-Termo 2272 9862
2.6 Crescimento fetal e comprimento crânio-caudal
Médias de peso embrião/feto em gestação com um único be-
zerro são mostradas na Tabela 2.3. abaixo:
Tabela 2.3.
Peso médio de bezerros (embrionário/fetal) *
* Bezerros gêmeos serão relativamente menores e haverá consideráveis
variações individuais e de raça em bezerros únicos.
2.7 Estimativa da idade fetal
Várias fórmulas têm sido obtidas para estimar a idade fetal,
desde que o comprimento crânio-caudal (CRL) é medido.
Fórmula para estimar a idade letal em dias
Assim, se CRL
idade do feto em dias
= 2.5 x (C~Lcm + 21)
= 10cm
= 2.5 x (10 + 21.)
= 2.5 x 31
= 77.5 dias
ou, com menos precisão
Fórmula para estimar a idade letal em meses
Assim se CRL
idade do feto
= Y2X CRL paI.
= 4.5 paI.
= v2 x 4.5
=-.[9
= 3 meses
25
Estágio de gestação Peso Comprimento
(diaS) embrionário /fetal (cm)
30 0,3-0,5g 0,8-1,0
40 1-1,5g 1,75-2,5
50 3-6g 3,5-5,5
60 8-30g 6-8
70 25-100g 7-10
80 120-200g 8-13
90 200-400g 13-17
120 1-2kg 22-32
150 3-4kg 30-45
180 5-lOkg 40-60
210 8-18kg 55-75
240 15-25kg 60-85
270 20-50kg 70-100
2.8 Placenta
A placenta da vaca é classificada como cotiledonária ou múl-
tipla, porque é confinada em restritas áreas ovais bem definidas
ou áreas circulares do alantocórion - os cotilédones (vide Fig.
2.2b). Estes desenvolvem-se naquelas partes adjacentes a áreas' es-
pecíficas do endométrio - as carúnculas.
A placenta também pode ser classificada de acordo com a es-
trutura microscópica e em particular pelo número de camadas de
tecidos que separa a circulação materna e fetal - é classificada
como epiteliocorial.
2.9 Reconhecimento matemo da gestação
Sea vaca não estiver gestante, ela voltará ao estro no inter-
valo interestro normal após o serviço ou IA (vide seção 1.3).
A presença de embrião em desenvolvimento impede a regres-
são do corpo lúteo, que assim persiste. O embrião em desenvolvi-
mento ou concepto produz substância - fator precoce da ges-
tação (EPF) - o qual é provavelmente produzido no período de
expansão do blastocisto e impede a regressão do CL (vide seção 2.3).
E
C)
.5
Progesterona
Ovulação
10r~
IV
5 5
2!'"
CII
C)
on:
Fig. 2.3.
Concentrações hormonais na circulação periférica da vaca durante
a gestação e parto. (Reproduzido de Arthur G.H., NOakes, D.E. &
Pearson, H. (1982). Veterinary Reproduction anel Obstetrics, 5th ed.
. Bailliere Tindall, Eastbourne.)
26
Parturição
400 -,8000 E
C)
.9-
E 111o
C) c:
c CII
200 -;;; 4000.g' ...c: 1;1.;;u CII
IV CII
Õ "a
n: ãi..
o I
2.10 Endocrinologia da gestação
o hormônio mais importante é a progesterona, que suprime
a atividade dclica normal via seu efeito de "feedback" negativo
sobre a hipófise anterior (vide seção 1.7).
A progesterpna também estimula alterações no endométrio que
conduzem para a nutrição e desenvolvimento do embrião. Ao final
da gestação há um dec1ínio na progesterona (Fig. 2.3).
A progesterona é sintetizada pelo corpo lúteo e pela unidade
feto-placentária. Após cerca de 150 dias de gestação, o corpo lúteo
não é necessário para a manutenção da gestação porque já não é
a principal fonte deste hormônio.
2 . 11 Métodos de diagnóstico de gestação
1 . 18-24 dias. Falhas em retomar ao estro, o que é dependente
da detecção do mesmo (seções 1.8 a 1.9). Algumas vacas mos-
tram estro durante a gestação, especialmente mais tarde.
2. 18-24 dias. Persistência de CL na palpação reta!. Não é pos-
sível distinguir entre um CL ou diestro e gestação.
3. Medida de concentração de progesterona no leite ou no plasma
através de radioimunoensaio, ou ELISA (Enzyme-linked-imunosor-
bent assay). As concentrações no leite seguem aproximadamente as
ca 30
c:
o
ai
'li!Q)::-
0)'
E E,20
CoO)
Q) c:,,-
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Inserminado Amostra de leite
o 9
I.
21
24 dias
33
~
42
Dias
Fig. 2.4.
Concentrações de progesterona no leite durante o ciclo estral, para
mostrar um falso positivo para gestação devido a uma IA em
momento errado.
27
mudanças que ocorrem no plasma embora os valores absolutos se-
jam mais elevados (Fig~ 2.4), porque a progesterona é solúvel na
gordura do leite.
O teste do leite é usualmente realizado com amostra de leite
de uma vaca, sendo o ideal realizar o teste com 24 dias após a
IA ou cobertura, embora possa também ser feito mais precocemen-
te. Se um tablete preservativo contendo dicromato de potássio ou
cloreto de mercúrio é adicionado à amostra, esta pode ser mantida
à temperatura ambiente por vários meses sem nenhuma perda signi-
ficativa de progesterona.
O teste de progesterona do leite é cerca de 85 % preciso para
diagnóstico positivo de gestação e quase 100% para identificar uma
vaca não-prenhe.
Razões para falso positivo:
. IA em momento errado quando a vaca é inseminada no diestro
(Fig. 2.4).
. Morte pré-natal após a colheita da amostra.
. Cisto luteínico (vide seção 7.6).
. CL persistente associado à infecção uterina crônica (vide se-
ção 11.10).
. Intervalo entre estros mais curto que a média.
Razões para falso negativo:
. Mistura inadequada da amostra inicial do leite.
. Exposição da amostra a calor excessivo ou luz U.V.
. Incorreta identificação do animal ou amostra.
4. 28 dias. Usando um real-time ultra-som (B mode) e uma in-
vestigação retal, é possível identificar o saco amniótico deste estágio
de gestação. O equipamento é caro.
5 . 30 dias. A vesícula amniótica pode ser palpada como um
objeto pequeno, túrgido, de "tamanho de ervilha", de 1cm de diâ-
metro aos 30 dias, pressionando delicadamente os cornos uterinos
entre o polegar e os dedos. Aos 35 dias tem 1.7cm de diâmetro.
Há perigo de trauma ao coração embrionário.
6. 30-35 dias. Existe certa assimetria de tamanho dos cor-
nos uterinos, àquele adjacente ao ovário que contém o CL tor-
nando-se maior. Há evidência de flutuação do como ligeiramente
distendido, devido à presença do líquido alantóide (vide seção 2.5)
e adelgaçamento daparede uterina.
28
7. 35-40 dias. É possível palpar o alantocórion neste estágio
(vide seção 2.4) usando a técnica do "beliscamento". O como ute-
rino é delicadamente seguro entre o polegar e indicador e depois
pressionado de modo que o conteúdo do como "escorregue". A pri-
meira estrutura a ser liberada do "aperto" é o fino alantocórion
antes da parede 'uterina mais espessa.
8. 40 dias. Usando investigação retal e detectores ultra-sônicos
de pulso fetal ou analisadores de profundidade ultra-sônicos (A
mode), é possível detectar a gestação tão precocemente quanto
aos 40 dias.
9. 45-50 dias. É freqüentemente possível palpar o feto neste
estágiocomo uma estrutura, quiçá como um pedaço de cortiça flu-
tuando em fluido.
10. 70-80 dias. Os placentonas aumentados podem ser palpados
nesse estágio como pequenas irregularidades na parede do corpo
uterino e base dos cornos. Eles se tomam maiores e mais distintos
com o avanço da gestação.
11. 90-120dias. É possível identificar a alteração do caráter de
pulso da artéria uterina, que causa zumbido ou vibração. É cha-
mado de frêmito. Inicialmente é a artéria que supre o como grá-
vido e subseqüentemente ambos.
12. 105 dias. A identificação do hormônio conjugado sulfato
de estrona na amostra de sangue ou leite, neste estágio gestacional
e posteriormente, serve para diagnóstico de gestação.
2 . 12 Precisão do diagnóstico de gestação por palpação retal
Apalpação retal tem mais que 95% de precisão, desde que
pelo menos um sinal positivo seja identificado.
Falso positivo é devido a:
. O útero não está retraído para permitir palpação detalhada.
. O útero não está completamente evoluído (seções 5.4 e 5.5).
. Há piometra (seção 11. 10).
. Há mucometra.
. Há subseqüente morte pré-natal.
Felso negativo é devido a:
. O útero não está retraído para permitir palpação detalhada.
. A data de serviço não foi corretamente registrada.
. A vaca foi servida ou inseminadaapós o registro de cobertura.
29
3 - PARTO NORMAL
3.1 Duração da gestação
A duração média da gestação é de 280 dias; entretanto exis-
tem consideráveis diferenças raciais (vide Tabela 3.1). A influên-
cia do genótipo é observada quando touros de certas raças são cru-
zados c'Om vacas de raças diferentes, c'Om 'Oprol()ngament'O do pe-
rí'Oda de gestaçãa.
Tabela 3.1.
Período de gestação e peso ao nascer de díferentes raças de gado.
Dentr'O da mesma raça, a gestaçãa é um pauca mais l'Onga
(1 'Ou 2 dias) para as c'Oncept'Osmachas em relaçãa às fêmeas.
3.2 Peso ao nascer
Os números médi'Os para diferentes raças são mastrad'Os na
Tabela 3. 1 .
Os fatares que padem influenciar a pes'O aa nascer sã'O as
seguintes:
. Genótipa.
. Duraçãa de gestaçãa - os bezerras sã'O maiares em gestaçãa
mais langa.
. Parta de n'Ovilhas - bezerr'Os menares de navilhas.
30
Raça Período de gestação (dias). Peso médío ao
Varíação dada entre nascer (kg)
parênteses.
Aberdeen Angus 280(273-283) 28
Ayrshíre 279(277-284) 34
Pardo Suíço 286(285-287) 43.5
Charolês 287(285-288) 43.5
Holandês 279(272-284) 41
Guernsey 284(281-286) 30
Hereford 286(280-289) 32
Jersey 280(277-284) 24.5
Simmental 288(285-291) 43
South Devon 287(286-287) 44.5
. Estação do ano.
. Nutrição - somente com severa subnutrição da fêmea.
. Gêmeos ou múltiplos.
3.3 Taxa de crescimento fetal
o período de taxa de crescimento mais rápido ocorre por vol-
ta dos 230 dias de gestação com o feto ganhando cerca de 0,25Kg
de peso por dia; depois, então, declina.
3.4 Gêmeos e múltiplos
Gêmeos ocorrem em 1-2% e triplos em 0,013% dos nascimentos.
A taxa de ovulação, e por isso a incidência de gêmeos ou múlti-
plos, não pode ser influenciada pela nutrição. A gemelação é de-
pendente do genótipo. A incidência de ovulação dupla é mais alta
do que a de nascimentos duplos, devido à morte embrionária de
um dos gêmeos.
3.5 Freemartins
Freemartins normalmente ocorrem quando uma bezerra nasce
gêmea de bezerro macho. Isto é devido à fusão placcntária por
volta dos 40 dias de gestação. Noventa por cento de tais bezerras
são freemartins. Entretanto, também, é possível o nascimento de uma
única freemartin quando o feto macho morre e é reabsorvido após
ter coorrido a fusão placentária.
Diagnóstico do freemartins
O uso de prova vaginal ao nascimento, como um estojo
de termômetro, pode evidenciar a profundidade da vagina, quan-
do comparada com bezerra normal da mesma idade. A pro-
fundidade é de cerca de 1/3 de uma bezerra normal, Le., cerca
de 3-5cm. Confirmação precisa pode ser obtida por avaliação cro-
mossômica (carioti pagem) .
À medida que a novilha se aproxima da puberdade, pode ha-
ver evidência de clitórís aumentado e aumento de tufos de pê-
los na comissura ventral da vulva. Apalpação retal revelará a
ausência de estruturas normais do trato genital anterior à cérvix.
Não haverá ovários normais e, portanto, nenhuma atividade cíclica
(vide seção 7.6).
31
3.6 Início do parto (desencadeamento)
o feto é responsável pelo início do parto. Ele desencadeia uma
complexa cascata de alterações endócrinas:
. Durante a gestação o hormônio predominante é a progesterona
produzida p~lo corpo lúteo e unidade feto-placentária (seção 2.10).
. A progesterona suprime a atividade cíclica, estimula alterações
no útero que permitem o desenvolvimento do embrião/feto e supri-
me a atividade do miométrio que poderia eliminar o feto.
. À medida que o feto atinge a maturidade, o hipotálamo fetal é
estimulado, ou torna-se capaz de responder a estímulos que acele-
ram a liberação de ACTH da hipófise fetal e subseqüentemente cor-
ticóides da adrenal fetal.
. O aumento dos corticóides resulta numa diminuição na produ-
ção de progesterona e concomitante aumento na produção de es-
trógenos pela placenta, o que leva a um amolecimento ou amadu-
recimento da cérvix.
. Os estrógenos produzidos pela placenta estimulam a síntese e
liberação de prostaglandina F2cx(PGF2CX).
. A PGF2C(causa a lise do corpo lúteo da gestação e estimulam
contrações do miométrio que iniciam a dilatação cervical.
. Contrações uterinas forçam o feto e as membranas fetais adjacentes
contra a cérvix e vagina anterior, estimulando, assim, receptores sen-
sitivos, e, como conseqüência deste fato, ocorre liberação reflexa de
oxitocina (reflexo de Ferguson).
. A ocitocina estimula o miométrio preparado pelo estrógeno a con-
trair, causando posterior dilatação cervical e expulsão do feto.
3.7 Sinais de proximidade do parto
São amplamente dependentes de alterações hormonais; existin-
do consideráveis variações. individuais entre os animais, quanto à
extensão destas alterações e seu momento de aparecimento.
. Aumento de desenvolvimento do úbere e presença de colostro.
. Edema do úbere e da parede abdominal ventral.
. Relaxamento dos ligamentos pélvicos, especialmente sacroisquiá-
tico e sacroilíaco.
. "Afundamento" da área sacroisquiática com aparente elevação da
base da cauda.
32
. Relaxamento do períneo e vulva.
. Liquefação do tampão mucoso cervical
mucóide pela vulva.
. Leve queda da temperatura corporal.
com resultante descarga
3.8 1.0 estágio do parto (Duração média de 6 horas; vadação de
1-24 horas)
É difícil determinar em algumas vacas, especialmente naquelas
que já tiveram vários bezerros. Começa com a ocorrência de con-
trações uterinas regulares e coordenadas que aumentam em freqüên-
cia e amplitude à medida que progride este estágio. Os efeitos dessas
contrações são:
. Causam dor e desconforto que resultam em alterações do com-
portamento como inquietação, inapetência, desejo por isolamento,
solidão, movimentos bruscos da cauda e elevação do pulso.
. Estimulação do bezerro a alterar sua situação dentro do útero, de
modo que seja capaz de passar através do canal do nascimento
(vide Fig. 9.1).
. Dilatação da cérvix; o óstio externo precede o interno.
. O feto empurra seus fluidos e membranas fetais adjacentes em
direção à cérvix e canal pélvico.
3.9 2.0 estágio do parto (Duração média de 70 minutos; variação
de 30 minutos a 4 horas)
Este começa quando há contrações regulares e vigorosas,que
são estimuladas quando o feto e/ou membranas fetais entram no
canal pélvico. Uma conseqüência inicial é a ruptura do alantocórion
com escape de fluido alantóide aquoso (bolsa d'água).
Durante este estágio o bezerro é gradualmente expelido devido
a contrações abdominais e também contrações miometrais. O maior
esforço de expulsão ocorre com a passagem da cabeça através da
vulva e o tórax através do canal pélvico e vulva.
3.10 3.0 estágio do parto (Duração média de 6 horas)
As contrações uterinas continuam por vários dias após o nas-
cimento do bezerro, tomando-se progressivamente menos fréqentes
33
e menos vigorosas. Estas auxiliam no destacamento normal da pla-
centa que ocorre com resultado de:
. Desenvolvimentoe maturação da placenta devido a alterações en-
dócrinas descritas na seção 3. 6 .
. Ruptura do cordão umbilical com rápida perda sangüínea da parr
te fetal da placenta com encolhimento dos seus vilos.
. Distorção da carúncula pelas contrações miometrais, causando
destacamento docotilódone pela separação do vilo das criptas as-
sociadas.
. O peso da placenta exerce força de tração.
. Persistência das contrações uterinas, expelindo a placenta.
3 . 11 Ambiente do parto
Para um parto bem-sucedido com nascimento de bezerro vivo
e fêmea saudável, é necessário bom ambiente. Deve ser convenien-
te, se surgirem problemas, internação antecipada e efetiva. Parto
em campo bem gramado e drenado é recomendável, entretanto, boa
observação pode às vezes tornar-se difícil. Quando o parto for em
local fechado, são necessários as seguintes condições:
. A vaca deve ser separada do restante do rebanho no início do
1.° estágio (seção 3.7) ou antes.
. Baia, limpa, aqueci da, bem ventilada, com boa cama, ilumi-
nação adequada e tamanho suficiente para permitir procedimentos
obstétricos a serem realizados (5 x 4m).
. Um método de contenção da vaca pela cabeça.
. Habilidade de observar a vaca sem perturbá-Ia.
. Suprimento adequado de água fresca para beber.
. Ausência de objetos salientes que possam ferir a vaca, o peão ou
veterinário cirurgião.
3 . 12 Indução prematura do parto
A indução prematura do parto é possível através da adminis-
tração de hormôniosexógen05, que mimetizam algumas das altera-
ções endócrinas resumidas na seção 3. 6 .
34
Hormôniosusadosna indução
. Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) - impraticável, mui-
to caro.
. Corticosteróides hidrossolúveis de curta ação, em geral, betameta-
sona, dexametasona, flumetasona na dose de 20-30mg por vaca.
. Ésteres insolúvens de longa duração ou suspensões, em geral, fe-
nilproprionato de dexametasona, dose de 20-30mg por vasa.
. Prostaglandina F2(Zou análogos, em geral, cloprostenol, dinoprost,
fenprostalene, luprostiol (vide seção 1.13 para doses), ou prosta-
glandina E2 - não disponível comercialmente.
. Combinação de ésteres de corticosteróides de longa duração e
prostaglandina F2'(Z e análogos.
Indicações para indução
. Para reduzir a possibilidade de distocia devido a desproporção
feto-maternal associada a gestação prolongada, imaturidade materna
ou a conformação do bezerro.
. Para manter um padrão sazonal, adiantando o momento do parto,
particularmente para coincidir com a disponibilidade de crescimento
de pasto para produção de leite.
. Para adiantar o momento do parto numa vaca sofrendo de doença
ou injúria, de modo que possa ser mandada para abate de emergência.
Requisitos
. Conhecimento da data de serviço de IA ou estimativa correta.
. Pelo menos 26"0 dias de gestação para o nascimento de bezerros
viáveis.
. Discussão detalhada entre o cirurgião veterinário e proprietário
de modo que as possíveis conseqüências da indução prematura se-
jam conhecidas.
. Acomodação adequada para parto se grupos de animais forem in-
duzidos ao mesmo tempo.
. Bom padrão de criação com disponibilidade de pessoal experimen-
tado, capaz de criar bezerros prematuros.
35
Procedimentos
. Se forem usados corticosteróides, as vacas ou novilhas deveriam
ser examinadas para eliminar a presença de doença infecciosa. Anti-
bióticos de amplo espectro podem ser usados profilaticamente.
. Corticosteróides de curta ação induzirão parto 2-5 dias após a'
aplicação ou após 260 dias de gestação.
. Corticosteróides de longa ação são efetivos em cerca de 240 dias
de gestação; o tempo de intervalo da aplica~ão ao parto é variável.
. Uma única injeção de prostaglandina F2X ou análoso induzirá o
parto após os 255 dias de gestação, dentro de 2-3 dias da aplicação.
. Indução prematura (210-250 dias de gestação) pode ser conse-
guida pela aplicação de corticosteróide de longa duração. Aplicação
de fenilproprionato de dexametasona, seguido 11 dias após à apli-
cação de prostaglandina F2cxou análogo, o que induzirá o parto em
48 horas.
Problemas
. Relaxamento e amaciamento suficiente da vulva, períneo e liga-
mentos pélvicos nem sempre ocorrem seguidos ao uso de prosta-
glandinas. Melhores resultados têm sido obtidos com corticosteróides.
. .É comum a retenção da placenta - a possibilidade aumenta
quanto mais cedo é induzido o parto.
. A involução uterina (vide seção 5.5) pode ser retardada e pode
haver maior tendência para vacas desenvolverem endometrites. Não
parece haver nehum efeito adverso sobre a fertilidade subseqüente.
. Embora exista alguma evidência de nível reduzido de imunoglo-
bulinas no colostro de vacas induzidas com corticosteróides, isto
não parece aumentar a susceptibilidade dos bezerros a doenças ou
reduzir sua viabilidade, desde que não sejam muito prematuros.
3 . 13 Retardando o parto
É possível retardar temporariamente o processo do parto, de
modo que não ocorra em momentos inconvenientes, especialmente
à noite na ausência de supervisão adequada, ou talvez de modo a
permitir que ocorra relaxamento da vagina, vulva e períneo em
novilhas.
36
Um agoQista/32cloridrato de clenbuterol ("Planipart", Boehrin-
ger Inglheim ttd, Brackenell, Berkshire) estimula os ~ receptores do
miométrio causando relaxamento da musculatura lisa e abolindo as
contrações uterinas.
. Para retardar Q parto: O,3mg de cloridrato de clenbuterol (tOml),
via intramuscular, seguido de uma segunda injeção de O,21mg(7ml),
4 horas depois, inibirá o parto por 8 horas após a 2.a injeção.
Para melhorar o relaxamento: regime similar com itnervalo de
pelo menos 4 horas entre doses sucessivas.
. Se a cérvix estiver totalmente dilatada e o 2.° estágio tiver co-
meçado (vide seção 3.8), não deve ser usado.
37
4 - CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO
4.1 Introdução
Em se tratando de distocia ou assistindo um parto normal,
atenção também deve ser dispensada ao bezerro e seu bem-estar.
Detalhes de peso normal ao nascimento são dados na Tabela 3. 1 .
4.2 Adaptação ao ambiente
Durante o final da gestação e processo de parto, o bezerro
pasas por alterações de maturação que permitem sobreviver livre-
mente em novo ambiente.
Muitas dessas mudanças são induzi das por modificações endó-
crinas que iniciam o ato do parto (vide seção 3.6), em particular
a elevação nos níveis de coriÍcosteróides, estrógenos e prostaglandi-
nas. São exemplos dessas modificações: desenvolvimento de surfa-
tante pulmonar permitindo respiração normal, mudanças na compo-
sição da hemoglobina, habilidade do bezerro em controlar a homeos-
tase de glicose, fechamento do forame oval e dueto arterioso.
4.3 Procedimentos imediatos com o recém-nascido
As seguintes ações são necessárias:
. Checar se o bezerro está vivo palpando seu coração ou pulso da
carótida, avaliando os reflexos.
. Limpar o muco das narinas e cavidade oral.
. Colocar o bezerro de cabeça para baixo, de modo que possam
ser drenados os fluidos do trato respiratório superior (a maior parte
do fluido provavelmente origina-se do abomaso).
. Assegurar que a respiração espontânea esteja presente e que as
vias aéreas estejam livres.
. Checar o umbigo para evidência de hemorragia dos vasos. Se for
grave, pinçar e ligar.
. Checar anormalidades congênitas óbvias (vide seção 8.11).
. Assegurar que a vaca aceite o bezerro, para queo vínculo mater-
nal se estabeleça e que ela não vá atacá-Io ou feri-Io.
. Checar o úbere da vaca para presença de colostro.
38
4.4 Problemas após o nascimento
. Ausência de batimento cardíaco e pulso. Realizar massagem caro
díaca externa.
e Trato respiratório obstruído. Usar sugador para aspirar fluido
da cavidade bucal e trato respiratório superior, entubação endo-
traqueal e fonte de oxigênio.
. Estimular reflexo da tosse ou espirro.
. Falha na respiração espontânea. Realizar respiração artificial, com-
primindo o tórax ou imediata entubação endotraqueal. Oxigênio
com máscara facial pode também ser ben~fico. Esfregar ativamente
o tórax e superfície do corpo com palha ou pano.
Podem ser usados estimulantes respiratórios: cloridrato de
dopram via intravenosa, intramuscular, subcutânea ou sublingual,
na dose de 40-100mg (2,0 a 5,Oml). Uma mistura de (crothamide) e
cropropamide ("Respirot", Ciba-Geigy Ltd.) como xarope ou sob
a língua.
. Falha na aceitação do bezerro. Pode-se estimular a lembedura do
bezerro pela vaca espalhando fluido amniótico pelo muflo da vaca
e colocando o bezerro próximo à sua cabeça. Uma vaca indócil
deve ser sedada.
. Ausência de colostro ou falha de ejeção do leite. Usar colostro
estocado ou induzir ejeção com oxitocina seguida de ordenha ma-
nual. Assegurar que o bezerro receba pelo menos 2,5 litros de co-
lastro nas primeiras 6 horas de vida.
. Ferimentos no parto. Tração excessiva e mal-aplicada pode resul-
tar em separação das epifises, fratura de ossos dos membros e para-
lisia do nervo femural, especialmente em raças como Charolês
e Simmental.
4.5 Bezerros debilitados
Ocorrem como resultado de distocia, talvez devido a algum
grau de anoxia cerebral ou possivelmente fatores genéticos e certos
agentes infecciosos. Requerem muito mais atenção na observação
que sejam capazes de mamar. Em caso contrário, o uso de mama-
deira pode ser necessário. Prognóstico mau.
39
5 -. PERfODO PÓS-PARTO (PUERPÉRIO)
5.1 Introdução
o período pós~parto, quando o trato genital está retomando
ao seu estado não-gestante normal é conhecido por puerpério. Para
obter ótima fertilidade, com a vaca produzindo um bezerro vivo
a cada 12 meses, é importante que esta fase da vida reprodutiva
seja normal para permitir que a fêmea conceba em torno de 85 dias
pós-parto (vide seções 7.4 e 7.10).
Algumas importantes modificações ocorrem durante o puerpé-
rio, as quais são:
. Retorno à atividade cíclica ovariana normal.
. Diminuição do útero ao seu estado não-gestante normal (involução).
. Regeneração do endométrio.
. Eliminação de contaminantes bacterianos.
.5 . 2 Retorno à atividade ovariana cíclica normal
Durante a gestação o ovário cessa sua atividade cíclica. Após
o parto há um período de 3-4 semanas em vacas de leite (ligeira-
mente mais longo para as de corte) antes que a primeira ovulação
ocorra, invariavelmente no ovário oposto ao corno uterino previa-
mente grávido.
A primeira ovulação ocorre freqüentemente na ausência de
sinais comportamentais de estro; as ovulações seguintes são inva-
riavelmente associadas a sinais comportamentais de cio.
Evidências de crescimento folicular podem freqüentemente ser
detectadas antes da primeira ovulação. Em algumas vacas, estruturas
cheias de fluido de mais de 2,5cm de diâmetro podem ser palpadas
nos ovários; estes não são cistos verdadeiros (vide seções 7.6 e 7.8).
O primeiro ciclo após o retorno da atividade ovariana é muitas
vezes curto (15-16 dias) devido à reduzida fase luteínica. É possí-
vel que alguns desses ciclos estejam associados com a formação de
folículos luteinizados que se comportam de forma semelhante a um
corpo lúteo normal. Estes não são cistos porque são menores que
2,5cm de diâmetro; não persistem ou causam comportamento re-
produtivo aberrante.
40
5.3 Métodos para determinar o retorno à atividade cíclica
~ esperado que o retorno à atividade cíclica tenha ocorrido se
um corpo lúteo for palpado com certeza em um dos ovários (o
corpo lúteo da gestação sempre regride antes do parto). Se o cor-
po lúteo não puder ser palpado; então palpações seguidas devem
ser feitas, ou alternativamente pelo menos uma amostra de sangue
ou leite para teste de progesterona deveria ser realizado 10 dias
antes ou após a época da palpação retal.
5.4 Fatores que influenciam o retorno à atividade cíclica
. Problemas durante o parto, tais como distocia, metrite, retenção
da placenta ou mastite, irão retardar o retorno.
. Alta produção de leite pode aumentar o intervalo da primeira
ovulação.
. Nutrição deficiente durante o final da gestação e após o parto
pode retardar o retorno.
. Raça: raças de corte são mais lentas para retomar ao estro que
as de leite, existindo diferenças entre raças..
. Comparativamente as primíparas (novilhas de primeira cria) são
~cíclicas por mais tempo que as pluríparas (mais de uma cria).
. Estação do ano: há boa evidência da influência da duração da
luminosidade.
. Clima: vacas retomam ao estro mais cedo em climas temperados
do que tropicais.
. Mamada e freqüência de ordenha: a rapidez do retorno é elevada
e inversamente proporcional à freqüência de ordenha e intensidade
de mamada. Perda de peso devido à alimentação inadequeda pode
ser importante.
5.5 Involução
Involução ou regressão é o retorno do útero ao seu tamanho
normal, de não-gestante. À medida que o útero diminui, este tor-
na-se mais curvado ou espiralado e retoma para a cavidade pélvica.
A cérvix, e numa proporção menor a vagina, também sofreu in-
volução.
Inicialmente o processo de involução é rápido mas a veloci
dade diminui gradualmente; é completo provavelmente cerca de
41
42 dias pós-parto, embora, se for clinicamente avaliado por pal-
pação retal, sejam as alterações após 25-30 dias imperceptí-
veis (Fig. 5. 1). A cérvix também diminui em comprimento e diâ-
metro (largura, extensão) com relativamente pouca alteração ocor-
rendo após 25-30 dias.
A involução uterina é processo ativo onde há redução no
tamanho das fibras musculares do miométrio. Isto pode ser bem
assistido pela persistência de contrações miometrais por vários dias
pós-parto. A prostaglandina F1Xé produzida pelo útero no pós-parto,
alcançando valores máximos 3-4 dias pós-parto e persistindo por
cerca de 2-3 semanas; este hormônio parece estar envolvido no
processo de involução uterina.
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Dia do parto Dias pós-parto
Fig. 5.1.
Diagrama mostrando a taxa de involução uterina no pós-parto.
Fatores que influenciam a taxa de involução
. Comparativamente a involução parece ser mais
para que em pluríparas.
. Estação do ano: a involução é provavelmente
vacas que parem na primavera e verão.
42
rápida em primí-
mais rápida nas
. Amamentação: possivelmente acelera a involução.
. Clima.
. Problema de parto e periparto tais como distocia, retenção de
placenta ou infecção.
. Rapidez de retorno à atividade cíclica (vide seção 5.3).
5.6 Regeneração do endométrio
A vaca não possui placenta decídua verdadeira. Entretanto,
após o parto e deiscência placentária, há necrose e descamação do
tecido caruncular, seguido da regeneração do endométrio revestin-
do as carúnculas.
As alterações podem ser resumidas:
. Alterações degenerativas ocorrem 2 dias após o parto, envolvendo
a superfície das carúnculas.
. Cerca de 5 dias após o parto, a carúncula é coberta por uma
camada necrótica de 1-2mm de espessura.
. Dos 5 aos 10 dias há descamação de tecido necrótico o qual tor-
na-se liquefeito e contribui para a evacuação do lóquio ou "2.a
limpeza".
. Por volta dos 15 dias há início de reepitelização da carúncula
desnuda, a qual é completada em torno de 25 dias.
. A completa restauração da estrutura endometrial, inclusive das
glândulas uterinas, é completada provavelmente em 50-60 dias.
Fatores que retardam a regeneraçãodo endométrio
. Problemas durante o periparto, tais como distocia, retenção de
placenta, trauma ou infecção.
. Possivelmente deficiências dietéticas.
5 .7' Contaminaçãobacteriana
o útero é estéril durante a gestação; o acesso ao lúmen é pro-
tegido pela cérvix fechada e tampão mucoso. Durante e imediata-
mente após o parto, a cérvix está dilatada e a vulva e o períneo re-
laxados, permitindo assim a entrada de bactérias das fezes da vaca
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e contaminaçãodo ambiente para dentro do útero. Cultura do útero
após o parto da maioria das vacas revelará a presença de flora bacte-
riana vasta e variada. Os principais organismt)s cultivados são coli-
formes, Corynebacterium pyogenes, estreptococos e estafilococos spp.,
e em alguns casos bactérias anacróbicas gram-negativas.
5.8 Eliminação da contaminação bacteriana
A flora bacteriana é flutuante, mas o útero da maioria das
vacas é estéril dentro de 4-5 samanas após o parto. As bactérias
são eliminadas por:
. Separação física devido à necrose e descamação da superfície das
carúnculas.
. Expulsão física associada às contrações uterinas persistentes, invo-
lução e descarga de lóquio.
. Atividade fagocítica dos leucócitos que migram .para a luz uterina.
. Secreção de imunoglobulinas.
. . . ..
.
.
80 90 100
Fig. 5.2.
Taxas de gestação em relação ao tempo pós-parto.
44
70
60
50
o
'(11
()o 40
ai
C)
30
(11
)( I
20
.
10
L
O 10
Fatores que int(!rferem na eliminação das bactérias
. Retenção da placenta.
. Trauma do trato genital.
. Involução uterina deficiente.
. Retorno retardado ao estro pós-parto (vide seções 11.8 e 11.9).
5.9 Fertilidade pós-parto
Embora o retorno à atividade cíclica e ovulação tenha ocor-
rido cerca de 3-4 semanas na maioria das vacas leiteiras, a fertili-
dade ótima, medida pela taxa de gestação (vide seção 7.11) não
é alcançada até 9Q-.100 dias pós-parto. Isto é devido ao ambiente
do trato genital que é incapaz ou de assegurar a fertilização, ou de
manter o embrião em desenvolvimento. Entretanto, a melhora de
fertilidade 50 dias pós-parto é relativamente pequena (Fig. 5.2).
Não há evidência de que cobertura precoce após o parto terá
qualquer efeito cumulativo prejudicial sobre a fertiÍidade.
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6 - LACTAÇAO
6.1 Desenvolvimento mamário normal
Após o início da puberdade e a cadaestro sucessivo há algum
crescimento e proliferação do sistema de duetos do úbere, devido
ao estímulo dos estrógenos. Durante os primeiros 4 meses de ges-
tação, quando os estrógenos são os hormônios dominantes, há ex-
pansão do sistema de duetos. Durante a última metade da gestação
a progesterona torna-se o hormônio dominante e estimula a for-
mação dos lóbulos do tecido alveolar (local de secreção do leite);
isto aumenta até o momento do parto.
Durante a gestação, outros hormônios como a prolactina,
hormônio do crescimento, ACTH e hormônios tireoidianos podem
estar também envolvidos no desenvolvimento mamário.
O úbere da vaca é capaz de produzir leite a partir da metade da
gestação; se ocorrer abortamento após os 7 meses já há presença de
tecido alveolar suficiente para produzir leite, embora modestamente.
6.2 Lactogênese
o início da lactação no momento do parto é devido a altera-
ções endócrinas que ocorrem nesta fase (seção 3.6). Em resumo:
. Os estrógenos se elevam bruscamente no
. A progesterona declina gradualmente e
24-48 horas antes do parto.
. Os corticosteróides elevam-se bruscamente no parto.
. Prolactina aumenta 4-6 dias antes do parto. O hormônio-chave é
provavelmente a progesterona, já que, tendo estimulado o desenvol-
vimento de tecido alveolar no final da gestação, ela subtamente de-
clina permitindo a liberação de prolactina e conseqüêntemente
exerce seu efeito.
parto.
então cai bruscamente
Além disso, progesterona também pode bloquear os receptores
do úbere para cortisol, assim com esse bloqueio o cortisol pode
atuar sobre a glândula mamária.
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6.3 Ejeção do leite
o leite secretado pelo tecido alveolar é acumulado nos duetos
coletores e cisternas do leite (cerca de 80% é armazenado nesses
locais do úbere).
A ejeção ou descida é principalmente devido à ação da oxito-
cina e numa menor proporção ao hormônio antidiurético (ADH)~
O estímulo para liberação de oxitocina origina-se de receptores sen-
sitivos do úbere, tetas e órgãos genitais e também como resultado
de um condicionamento da rotina associado à mamada ou ordenha.
A oxitocina tem meia-vida curta, ou seja, menos de 2 minutos
na vaca e, conseqüentemente a reestimulação é necessária.
Indução da ejeção
Aplicar 10 VI de oxitocina, via intravenosa em aplicações re-
petidas, se necessário.
6.4 Indução artificial da lactação
Tem sido tentada em vacas e novilhas de leite por muitos
anos na tentativa de mimetizar as alterações endócrinas que são
normalmente responsáveis pela lactogênese.
Método A
. Injeção combinada de lOmg de benzo ato de estradiol (2ml) e
100mg de progesterona, ambos em veículo oleoso (4ml), via sub-
cutânea nos dias O, 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24, 27 e 30.
. Nos dias 31 e 32, 20mg de dexametasona (solúvel), via 1M.
. A partir do dia 10, vacas/novilhas deveriam ser conduzi das para
a sala de ordenha para entrar na rotina; os úberes devem ser mas-
sageados e a ordenhadeira usada por curtos períodos.
. A produção de leite pode começar antes do final do tratamento
ou até uma semana após.
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MétodoB
. Injeção da associação de benzoato de estradiol (0,05mg/kg-l) e
progesterona (0,125mg/kg-l), a intervalos de 12hs nos dias O a 7;
catorze injeções no total.
. 20mg de betametasona ou dexametasona (solúvel), injetável 110S
dias 18, 19 e 20.
. Massagem do úbere e regime de ordenha como descrito no mé-
todo A.
Em ambos os métodos, as vacas devem estar secas há pelo
menos 6 semanas. O leite deve ser retirado de uso por 7 dias.
Resultados
. Cerca de 20% de falha de indução.
. Produção de leite é cerca de 70% da prevista.
. Fertilidade subseqüente é normal.
. Algumas vacas mostram alguma evidência de ninfomania durante
a terapia com estrógeno.
lndicações
. Permitir que vacas sadias e de alta produção, que não con-
ceberam, sejam mantidas no rebanho, visando a cobertura no pró-
ximo ano.
. Manter vacas de alta produção leiteira, apesar de inférteis ou es.
téreis no rebanho, como forma de evitar a substituição desses animais.
Os procedimentos são caros e é improvável a substituição da
gestação e parto pela estimulação da lactação.
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7 - FERTILIDADE E INFERTILlDADE NA VACA
7. 1 DefiDições
. Fertilidade é a habilidade da vaca em parir um bezerro vivo
em intervalos de aproximadamente 12 meses.
. Esterilidade é a total inabilidade de uma vaca tomar-se gestante
e parir um bezerro vivo.
. Infertilidade é a redução da fertilidade, isto é, a vaca é sabida-
mente capaz de gestar e parir um bezerro vivo, mas o intervalo
pode ser bem maior que 12 meses.
7 .2 Infertilidade e descarte
Devido a problemas reprodutivos, são descartadas anualmente
no Reino Unido entre um quarto e um terço das vacas leiteiras.
Algumas destasvacas são estéreis; a maioria, no entanto, é in-
fértil, mas devido a perdas econômicasassociadasà eficiência repro-
dutiva insatisfatória, elas são descartadasao invés de dar-lhes tem-
do suficiente para iniciar a gestação.Algumas vacas são descartadas
por problemas que podem ser antecipados, por exemplo, a vaca
pode ter sofrido trauma durante o parto ou grave infecção pós-
-parto (seções 1.3, 11. 6 e 11. 8).
7 .3 Expectativas de fertilidade - a vaca individualmente
Em qualquer população normal de vacas é improvável que a
taxa de parição para cada inseminaçãoseja muito maior que 55%
(isto é, se 100 vacas forem inseminadas uma vez, então conseqüen-
tementeapenas55 irão parir um bezerro).As razõespara que 45%
falhem em parir são:
. Cerca de 10-15% dos oócitos ovulados não são fertilizados.
. Cerca de 15-20% dos 06citos fertilizados ou embriões jovens
morrem antes do dia 13 do ciclo estral.
. Cerca de 10% dos embriões morrem entre os dias 14 e 42.
. Cerca de 5% de morte fetal ocorre após 42 dias.
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Quando a fertilização apresenta falhas na ocorrência, ou quan-
do há morte embrionária precoce, as vacas retomam ao estro no
intervalo normal de 18-24 dias (25-35%) e,

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