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TEMAS E TEORIAS 
DA SOCIOLOGIA
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Fernando Scheeffer
53 - Temas e Teorias da Sociologia.indd 1 12/07/2019 10:23:17
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Hiandra Bárbara Götzinger
 Prof.ª Izilene Conceição Amaro Ewald
 Prof.ª Jociane Stolf
 
Revisão de Conteúdo: Prof. Giancarlo Moser
Revisão Gramatical: Prof.ª Teresa Pfiffer Franco
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
 301
 S315c Scheeffer, Fernando.
 Temas e Teorias da Sociologia / Fernando Scheeffer. 
 Centro Universitário Leonardo da Vinci –
 Indaial:Grupo UNIASSELVI, 2009.x; 104 p.: il.
 
 Inclui bibliografia.
 ISBN 978-85-7830-237-5
 1. Sociologia 2. Temas de Sociologia 
 I. Centro Universitário Leonardo da. Vinci II. Núcleo
 de Ensino a Distância III. Título
Copyright © UNIASSELVI 2009
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
53 - Temas e Teorias da Sociologia.indd 2 12/07/2019 10:23:17
Fernando Scheeffer
Graduado em Psicologia, especialização 
em saúde mental coletiva e mestre em gestão 
de políticas públicas, atualmente é professor da 
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) 
e Faculdade Metropolitana de Guaramirim (FAMEG), 
instituição do Grupo Uniasselvi. Leciona diversas disciplinas 
na área das ciências humanas, como psicologia social, filosofia 
e sociologia e, recentemente, tem buscado refletir, sobretudo, 
cerca de alguns dilemas contemporâneos da ciência política e 
da sociologia. É autor do livro “Sociologia: um despertar para 
a mudança” (2005), e têm vários artigos publicados na área, 
como: ideologias políticas e pós-modernidade: um debate 
consistente? (2006); histórico das diretrizes das políticas 
sociais brasileiras (2007); direita e esquerda hoje? 
(2007) e as diretrizes do programa bolsa família: uma 
análise crítica (2008). 
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Sumário
APRESENTAÇÃO ......................................................................7
CAPÍTULO 1
Sociologia: Aspectos Introdutórios ..................................9
CAPÍTULO 2
Teorias Sociológicas Clássicas ........................................33
CAPÍTULO 3
Estado, Política e Sociedade na Atualidade ......................55
CAPÍTULO 4
Temas da Sociologia Contemporânea .................................75
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APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):
Temos, a partir de agora, um interessante caminho a ser percorrido, buscando 
conhecer e refletir sobre temas e teorias da Sociologia, ciência esta que volta seu 
olhar à sociedade com o intuito de melhor compreendê-la. 
Estranhamente, as primeiras ciências a surgir foram aquelas que se ativeram 
a coisas bem distantes de nós, astronomia, por exemplo. Por outro lado, as 
chamadas ciências humanas (Psicologia, Antropologia e a própria Sociologia, 
entre outras) se fizeram presentes, enquanto corpo teórico organizado e bem 
articulado, em um período bastante recente. Diante disso, propusemo-nos a refletir 
sobre uma ciência muito nova, o que nos indica que devemos ter cuidados, muitas 
vezes nos comprometendo apenas a arriscadas hipóteses. Outra característica 
marcante da Sociologia reside no fato de a mesma ser repleta de divergências. 
As controvérsias acabam sendo interessantes, pelo fato de nos desafiarem a 
analisar, comparar, discernir; algo desafiador que, ao mesmo tempo, em vários 
momentos, nos faz sentirmo-nos inquietos e com dúvida; algo típico das ciências 
humanas e diferente das ciências exatas.
Contrária ao senso comum, que “arrisca” pareceres, pois todos têm um 
ponto de vista a respeito dos mais variados fenômenos, e sem preocupação 
argumentativa e teórica, a Sociologia se constitui, enquanto ciência, a partir do 
momento em que se distancia da especulação e se aproxima do saber objetivo, 
num sistema coerente de conceitos, proposições e teorias. 
Com intenção diferente de outros materiais desta área, facilmente 
encontrados no nosso cotidiano, o presente caderno não pretende trabalhar com 
conceitos isolados, que pouco contribuem para a compreensão dos fenômenos, 
objetos de análise neste campo do saber. Por que existem pessoas que moram 
em palácios, enquanto muita gente mora embaixo da ponte? Por que uns são tão 
ricos e outros são tão pobres? Por que uns são bem alimentados e podem estudar 
até a universidade, enquanto outros devem procurar emprego muito cedo? Por 
que existem diferenças sociais? É justo que alguns tenham tanto e muitos não 
tenham quase nada? Os ricos pertencem a famílias que trabalham mais e são 
mais inteligentes do que as famílias pobres? Se você já se fez perguntas desta 
natureza e se sente incomodado com elas, encontrará na Sociologia um lugar 
de reflexão, que propõe uma melhor compreensão destas e de muitas outras 
questões.
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O presente material é composto por quatro capítulos, organizados numa 
sequência lógica, ou seja, as ideias apresentadas em cada capítulo são 
fundamentais para a compreensão dos seguintes. A partir desta constatação, 
o primeiro capítulo busca compreender a origem da nossa sociedade e as 
mudanças na forma de organização da sociedade, até chegarmos ao que temos 
hoje. Após este exercício, buscamos apresentar o momento histórico que induziu 
ao nascimento da Sociologia. Tendo isto claro, buscaremos compreendê-la 
melhor, enquanto ciência.
No segundo capítulo, partindo da premissa de que não existe uma única 
Sociologia e sim “sociologias”, variadas formas de compreender o social, 
pretende-se analisar as teorias sociológicas clássicas, ou melhor, aproximar-nos 
dos autores mais significativos e esclarecer em que medida eles contribuem para 
melhor compreendermos nosso tempo.
No capítulo seguinte busca-se refletir sobre as ideologias políticas 
contemporâneas, os projetos de sociedade (fundamentos teóricos, experiências 
práticas e dificuldades encontradas na tentativa de implantá-los) e para finalizar 
este capítulo, discute-se a validade ou não de utilizarmos a ainda tão presente 
terminologia “direita” e “esquerda”.
No último capítulo são apresentados alguns temas sociológicos 
contemporâneos, com o intuito de nos apropriarmos de algumas discussões 
atuais na área e, mais do que isso, termos presente a utilidade e importância dos 
estudos sociológicos para melhor compreendermos a vida em sociedade.
Vivemos em um momento em que, não raro, nos deparamos com dilemas e 
incertezas diante de tantas mudanças, o que, a princípio, já demonstra a utilidade 
e importância da Sociologia hoje. Os inúmeros impasses e as crises em diversos 
setores demandam um olhar desta ciência. Nesse sentido, é notório a Sociologia 
tornar-se um instrumento que nos ajuda a melhor entendermos nossa vida, nosso 
cotidiano. Sem a presunção de ser um material que traga todas as respostas, a 
intenção é, sobretudo, suscitar perguntas. Mais do que dar certezas, esperamos 
que vocês passem a se sentir incomodados com algumas questões e curiosos 
para desvendá-las. Mãos à obra.
O autor.
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CAPÍTULO 1
Sociologia: Aspectos Introdutórios
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo vocêterá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
	Compreender a origem da nossa sociedade e as características da sociedade 
moderna que propiciaram o surgimento da Sociologia.
 	Definir Sociologia e distingui-la das demais ciências sociais ou humanas.
53 - Temas e Teorias da Sociologia.indd 9 12/07/2019 10:23:18
10
Temas e Teorias da Sociologia
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Sociologia: Aspectos Introdutórios Capítulo 1 
Contextualização
Neste momento inicial, você deve estar se perguntando: O que encontrarei 
pela frente? O que é e qual a utilidade da Sociologia? Estas e outras questões 
serão respondidas no decorrer deste caderno e, neste sentido, este primeiro 
capítulo acaba tendo um papel fundamental. 
Num primeiro momento, com o intuito de se compreender a origem da sociedade 
nos moldes do que temos hoje, se faz um resgate histórico dos modos de produção 
que antecederam o capitalismo. Este exercício se revela de grande valia para 
compreendermos que o nosso modo de convívio atual não é natural, mas sim fruto de 
um processo histórico e conduzido pela ação do homem através do tempo. Feito isso, 
será possível verificarmos as mudanças que conduziram e justificaram o nascimento 
do capitalismo e, como consequência, descobrirmos as razões para o surgimento da 
Sociologia, ciência que se propõe a estudar a sociedade. A partir daí, buscaremos 
compreendê-la enquanto ciência, conceituando-a e analisando, sobretudo, seu objeto 
de estudo. Buscaremos também diferenciá-la de outras ciências humanas, com 
o intuito de demonstrar aproximações e distanciamentos entre as várias áreas que 
buscam compreender o ser humano nos seus mais variados aspectos.
Imersos nessas questões iniciais, temos caminho aberto para continuar 
nossa jornada, buscando aprofundar-nos nos temas e teorias da Sociologia. 
Espero que esta primeira aproximação desperte interesses e curiosidades. E não 
se esqueça de que esta primeira etapa é de suma importância para que possamos 
dar continuidade aos nossos trabalhos. Anote suas dúvidas e os aspectos que 
você considera importantes, para aprofundá-los ou debatê-los com o grupo e/ou 
com o tutor. Vamos lá.
Origem da Nossa Sociedade
Se pretendemos, neste capítulo, saber como nasceu a Sociologia é 
imprescindível, antes disso, procurarmos conhecer a origem do capitalismo. 
Compreendido como forma de organização da sociedade atual, salvo raras 
exceções, foi o responsável pelas condições sociais que justificaram o nascimento 
de uma ciência da sociedade. Conhecendo melhor sua origem e características, 
sem de dúvida teremos melhores condições de analisar e buscar compreender o 
nosso modo atual de convívio em sociedade.
Para dar início a esta nossa caminhada, é essencial esclarecermos uma 
pergunta importante, que move este estudo: Afinal, o que é o capitalismo? Muitas 
são as pessoas que utilizam o termo, embora poucas tenham propriedade para 
explicar exatamente o seu significado. A partir dessa nossa reflexão inicial, que 
tem a intenção de expor os diferentes momentos que antecederam a lógica 
predominante, hoje você será uma dessas pessoas.
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Temas e Teorias da Sociologia
Um termo essencial nesta primeira análise é “modo de produção”, 
compreendido como tal, enquanto organização socioeconômica, associada a 
uma determinada etapa de desenvolvimento das forças produtivas e das relações 
de produção. Reúne as características do trabalho preconizado ou, como 
afirma Guareschi (2000), a maneira como as pessoas puderam ou tiveram de 
se organizar para sobreviver ao longo do tempo. Muitos poderão se perguntar: 
Isso é materialismo histórico ou uma análise marxista? Diante desta questão ele 
responde: “... bem, se por materialismo a pessoa entender que para viver a gente 
precisa comer, então realmente isso é materialismo” (GUARESCHI, 2000, p. 29). É 
inegável que, implícito à esta abordagem, está o pressuposto histórico, insinuação 
de que, para se compreender uma sociedade em sua essência e profundidade, é 
preciso ter acesso a como ela foi gerada. Isso nos leva a ter presente que as 
sociedades podem mudar, e, se são assim neste momento, houve um tempo em 
que não eram e haverá um tempo em que serão diferentes. De forma geral, é 
comum encontrarmos, antecedendo o modo de produção capitalista, o primitivo, o 
asiático, o antigo (ou escravista) e o feudal. Nós nos ateremos principalmente ao 
primitivo, também denominado “comunidade primitiva” ou “comunismo primitivo”, 
por ser a primeira forma de organização da sociedade; e ao modo de produção 
feudal, visto que é o que antecede o modo de produção que temos hoje, o 
capitalista.
a) A Comunidade Primitiva
Ao nos referirmos, neste momento, ao homem primitivo, imaginem aquele 
coberto de pele de animais e com um tacape nas mãos. É claramente notável que 
o convívio e o modo de organização da sociedade, naquele momento histórico, 
eram muito diferentes do que temos hoje. Vivia-se da caça, da pesca, e da coleta 
de frutos silvestres e raízes. Em grupos, os seres humanos se deslocavam de 
uma região para outra, assim que a natureza deixasse de oferecer o suficiente 
para a sobrevivência de todos. Eram nômades. 
Vale lembrar que, ainda hoje, em vários lugares do mundo, 
existem grupos que podem ser considerados nômades. São 
exemplos: os ciganos, os beduínos dos desertos do Oriente Médio e 
África, uma parcela da população tibetana, entre outros.
Morissawa (2001) e Schmidt (2002) fazem um interessante levantamento 
das características desse período primitivo. Durante dezenas de milhares de 
anos os homens viviam em comunidades. Não havia propriedade privada, ou 
seja, as terras e as riquezas não pertenciam apenas a uns poucos indivíduos. A 
propriedade era coletiva, tudo o que era produzido pela comunidade pertencia aos 
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Sociologia: Aspectos Introdutórios Capítulo 1 
habitantes da mesma. Ninguém queria ou pensava em ter mais do que o 
outro. Praticamente não havia o “meu” nem o “seu”, mas sim o “nosso”. 
Alguns historiadores chamam esse tipo de sociedade de comunidade 
primitiva, ou mesmo, comunismo primitivo.
A palavra “comunidade” lembra que havia cooperação e 
igualdade entre todos os indivíduos. A palavra “primitiva” não quer 
dizer “atrasada” ou “pouco aperfeiçoada”. Nesse caso, primitiva quer 
dizer apenas que era a forma de organização da sociedade dos 
primeiros seres humanos.
Com o passar do tempo as comunidades foram crescendo. Nesse momento, 
foram obrigados a começar a dividir tarefas: uns plantavam, outros cuidavam 
dos rebanhos e outros ainda, fabricavam os utensílios e instrumentos de trabalho 
necessários. Nesse momento tem-se o surgimento da dita divisão do trabalho. 
No entanto, tudo o que era produzido devia satisfazer as necessidades da própria 
comunidade, não havia excedentes. Estava presente o que costumamos chamar 
hoje de economia de subsistência. Fora a divisão do trabalho, fica claro que, até 
então, não havia nada em comum com o que temos hoje. 
A divisão do trabalho pode ser considerada um processo extremamente 
importante, visto que possibilitou o aprimoramento de muitas técnicas e, em 
consequência, proporcionou um aumento significativo da produção, inclusive mais 
do que a comunidade precisava. Começaram logo a surgir excedentes, sobras, 
que levaram ao aparecimento do comércio; no início, era apenas a troca entre 
comunidades. 
Em pouco tempo, inevitavelmente, surgiu o dinheiro. Nem sempre as trocas 
comerciais eram possíveis, nem sempre o que uma comunidade produzia interessava 
à outra. O dinheiro foi inventado exatamente para facilitar o comércio. Com ele, era 
possível comprar qualquer mercadoria. É claro que, naquele tempo, não se tinha as 
notas de papel e as moedas que temos hoje. O dinheiro era algo raro, que todos 
desejavam ter, como algunsmetais preciosos: ouro, prata e outros.
As comunidades foram crescendo e mais alimentos eram necessários 
para garantir a sobrevivência de todos, entre outras coisas. Como o sucesso 
de uma plantação, por exemplo, depende muito da água, as comunidades 
foram se concentrando às margens de volumosos rios. Surgiram assim as 
primeiras grandes civilizações. A realização de grandes obras deu origem 
a uma divisão mais ampla do trabalho. Havia aqueles que eram responsáveis 
pelo trabalho manual (carregando fardos, quebrando pedras, por ex.), enquanto 
Durante dezenas 
de milhares de 
anos os homens 
viviam em 
comunidades.
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Temas e Teorias da Sociologia
outros elaboravam os projetos e planejavam o trabalho (trabalho intelectual). 
Surgiu, então, uma primeira significante desigualdade social, verificada a partir 
da apropriação do conhecimento. Uma minoria decidia e mandava, 
enquanto uma grande maioria obedecia e colocava as mãos à 
obra. Também não é preciso dizer que essa minoria tinha enormes 
privilégios. Tivemos, naquele momento, o surgimento do modo de 
produção asiático, a forma mais primitiva de sociedade de classe.
Você consegue perceber alguma semelhança com os dias de hoje?
Com o passar do tempo, uma das maiores mudanças percebidas é o 
enorme crescimento da população. O tempo da pequena aldeia, em que todos 
se conheciam, acabou passando. A vida comunitária começou a se dissolver. As 
pessoas começaram a se dividir em subgrupos, cada família e cada aldeia já não 
era mais tão conhecida e não se tinha mais a cumplicidade e a cooperação até 
então presentes. A partir de então, cada grupo acabou tendo um funcionamento 
bastante próprio e preocupava-se basicamente com as suas questões. Por 
exemplo, se uma enchente destruísse a plantação de uma família, a família vizinha 
já não ajudava mais, cedendo comida. Enquanto umas famílias começavam a 
passar dificuldades, outras prosperavam.
As famílias e as aldeias começaram a se diferenciar pela riqueza. As primeiras 
diferenças eram fruto do acaso, dos incontroláveis fenômenos naturais 
(enchente, praga de gafanhotos, etc.). As diferenças entre ricos e pobres 
surgiram, então, por fatores impossíveis de serem controlados. Aos 
poucos, as famílias que prosperavam não queriam compartilhar suas 
riquezas com as outras. Famílias erguiam cercas para garantir que 
outras não viessem compartilhar seus bens. Estava nascendo, naquele 
momento, a propriedade privada. As terras, as casas e os rebanhos 
de animais domesticados passaram a pertencer apenas a uma única comunidade 
ou, então, a uma única família. Foram vários os reflexos associados. A propriedade 
privada aumentou o egoísmo e o isolamento entre as pessoas, submetidas, então, a 
um intenso processo de individualização. 
Estava pronta uma das grandes bases do capitalismo (a existência de 
propriedade privada). Aquele momento fundamental da história é por muitos 
considerado essencial para todas as adversidades que presenciamos hoje. 
Já em Santo Ambrósio constata-se uma leitura crítica em relação a este tema. 
Para ele, a natureza colocou tudo em comum, para uso de todos: Ela criou o 
direito comum, a usurpação criou o direito privado. Thomas Morus, autor da 
célebre obra “A Utopia”, descreve, nesta obra, o funcionamento de uma ilha, um 
Modo de produção 
asiático, a forma 
mais primitiva de 
sociedade de classe.
Famílias erguiam 
cercas para garantir 
que outras não viessem 
compartilhar seus bens. 
Estava nascendo, 
naquele momento, a 
propriedade privada.
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15
Sociologia: Aspectos Introdutórios Capítulo 1 
Estado imaginário, onde não existe propriedade privada, nem dinheiro, e onde as 
pessoas vivem extremamente felizes. Segundo ele, em todo lugar em que vigora 
a propriedade privada, onde o dinheiro é a medida de todas as coisas, parece ser 
bem difícil concretizar um regime político baseado na justiça e na prosperidade. 
Rousseau, um dos precursores da Revolução Francesa, também denunciou as 
consequências da apropriação privada da terra. Em seu famoso livro “Discurso 
sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”, afirma que 
o primeiro homem que, depois de cercar um pedaço de terra, atreveu-se a dizer: 
‘isto é meu’, e encontrou gente inocente o suficiente para acreditar nele, é o grande 
responsável por todos os crimes, guerras, assassinatos, miséria e os horrores que a 
raça humana presencia hoje.
O que se vê presente nesses vários discursos é a crítica à propriedade 
privada.
E você, acha que essas críticas têm fundamento?
Caso queira ter acesso às obras completas de Thomas Morus 
e Rousseau, siga as referências dos livros citados. Eles podem ser 
facilmente encontrados.
MORUS, Thomas. A utopia. Porto Alegre: L&PM, 1997.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem da 
desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
Compreendida essa nova característica da sociedade, temos o surgimento 
do primeiro elemento fundamental do capitalismo e podemos avançar em direção 
ao surgimento da lógica que temos hoje e, mais especificamente, para o contexto 
propiciador do surgimento da Sociologia. Com o surgimento da propriedade privada 
e mais do que isso, com o aumento das famílias nobres, eram necessárias 
mais terras e mais gente para cultivar as mesmas. Esses problemas, por 
algum tempo, foram resolvidos pelas chamadas “guerras de conquista”, 
onde se guerreava com povos vizinhos e as terras conquistadas eram 
repartidas entre os nobres e o povo derrotado escravizado. Emerge, nesse 
período, o chamado modo de produção antigo (ou escravista). Os meios 
de produção (terras e instrumentos de produção) e os escravos eram 
propriedade da nobreza.
Após a prevalência da sociedade escravista, temos o surgimento 
da sociedade feudal. Estamos cada vez mais próximos do momento 
atual. Nesse sentido, por essa lógica processual, podemos afirmar que a 
sociedade feudal antecedeu a sociedade capitalista, e aí reside a importância de 
melhor compreendermos as características, desta forma bastante específica, de a 
Emerge, nesse 
período, o 
chamado modo de 
produção antigo 
(ou escravista). 
Os meios de 
produção (terras 
e instrumentos 
de produção) e 
os escravos eram 
propriedade da 
nobreza.
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Temas e Teorias da Sociologia
sociedade se organizar, em determinado momento histórico.
b) O Feudalismo
Antes de caracterizar o Feudalismo, é importante saber em que época ele 
se desenvolveu e, inclusive, onde. Segundo Meksenas (2001), podemos dividir 
o Feudalismo em dois períodos: do século V ao século X d.C. (entre os anos 
401 a 1000 aproximadamente), e do século XI ao século XVI d.C. (entre 1001 e 
1600). O primeiro período refere-se ao apogeu da sociedade feudal, e o segundo 
à sua decadência. A Europa é considerada o berço da sociedade feudal, onde, 
geograficamente, tudo começou. A Europa passou a viver, então, uma nova fase 
histórica, a Idade Média.
A Europa da Idade Média tinha um modo de organizar o trabalho e a produção 
econômica bem diferente do que existia na antiguidade. A maneira de como a 
economia funcionava, nesse período, recebeu o nome de Feudalismo. A base 
da economia feudal era agrária. Quase todo mundo morava no campo, vivendo 
da agricultura e da criação de animais e a produção dos bens de consumo se 
dava através do trabalho artesanal. A riqueza mais importante naquele momento 
era a terra. Surgiram, então, grandes latifúndios, grandes propriedades rurais, 
chamadas feudos. Cada um desses feudos, que variavam em extensão, possuía 
um único proprietário: o senhor feudal que, para utilizá-lo de modo produtivo 
“alugava” suas terras aos camponeses, chamados servos. Além 
dos senhores feudais (proprietários das terras) e dos servos 
(arrendatários das terras), existia ainda uma outra classe social:o 
clero, composta por membros da igreja, instituição mais influente da 
época. Clero e senhores feudais constituiam a chamada nobreza. 
Estudando esse período, encontra-se a presença de camadas 
sociais (castas) bem definidas.
O servo não recebia nenhum salário. Era autorizado a utilizar 
um pedacinho de terra do feudo; no entanto, ficava obrigado a pagar 
tributos para o nobre. Os tributos se davam de várias formas. O 
servo podia pagar um imposto em produtos, podendo ceder metade 
de tudo o que plantasse, por exemplo. Podia pagar, cedendo sua mão de obra 
(trabalhava de graça durante alguns dias nas plantações do senhor feudal). Mais 
tarde, por volta dos séculos XIV e XV, as obrigações feudais passaram a ser 
pagas em dinheiro (SCHMIDT, 2002).
Fica evidente, diante do que foi apresentado até agora, de que não existe 
uma forma social homogênea. A servidão prevalece. Schmidt (2002) afirma que 
o servo não era um escravo, não pertencia ao nobre, não podia ser comprado 
nem vendido, mas também não era livre. Não podia escolher o tipo de trabalho 
que faria, muitas vezes, e só podia sair dos limites do feudo com autorização 
A Europa da Idade 
Média tinha um 
modo de organizar 
o trabalho e a 
produção econômica 
bem diferente do 
que existia na 
antiguidade. A 
maneira de como a 
economia funcionava, 
nesse período, 
recebeu o nome de 
Feudalismo. 
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Sociologia: Aspectos Introdutórios Capítulo 1 
do nobre. Sem escolha: desde o nascimento, estava destinado a trabalhar para 
pagar tributos feudais. Os servos levavam uma vida muito difícil. Trabalhavam 
todos os dias, muitas horas ao dia, e sem descanso. Quando crianças, jamais iam 
à escola e muitos morriam cedo, de doença ou de fome. Os nobres, por sua vez, 
tinham uma vida confortável, não precisavam trabalhar para viver.
Uma questão surge: Com tantas dificuldades e injustiças, por 
que os servos não se revoltavam? Uma possível explicação é que 
os senhores feudais tinham seus próprios exércitos particulares, isto, 
sem contar a questão religiosa. A maioria dos servos acreditavam 
que estariam cometendo um grave pecado se tentassem destruir 
a ordem feudal da sociedade. Para eles, Deus havia determinado 
que existiria uma divisão entre os homens e as pessoas deviam se 
conformar com isso.
Meksenas (2001) expõe ainda outras características gerais presentes 
naquele momento. A produção agrícola era deficiente. Baseava-se em técnicas 
bastante rudimentares, o que explica, inclusive, poucos excedentes; isto é, havia 
pouco alimento para ser comercializado. O comércio era quase inexistente. Todos 
os bens necessários para a sobrevivência eram produzidos no interior de cada 
feudo. A maioria das explicações se dava pela religião, influindo significativamente 
no progresso da ciência, o qual se dava de forma lenta naquela época. Na medida 
em que a fé cristã explicava tudo o que se passava na sociedade, não havia 
necessidade de um método científico de observação, baseado na comparação, 
análise e classificação dos fenômenos.
A população e a produção de alimentos, com o passar do tempo, acabou 
crescendo a tal ponto, que os feudos começaram a produzir mais do que 
necessitavam. O que fazer com essa produção excedente? Surgiu, então, algo 
novo, o comércio. 
São vários os reflexos associados a este fato, e é o que pretendemos 
compreender, a partir de agora.
Antes, dê uma olhada na página seguinte. Estamos prestes a 
chegar ao capitalismo propriamente dito. Nela você encontrará uma 
síntese do que vimos até agora e um pouco do que veremos a seguir. 
Temos um esquema com uma linha do tempo e os respectivos 
modos de produção (comunismo primitivo, asiático, antigo, feudal e 
capitalista). Busque perceber as características bastante peculiares 
de cada período.
53 - Temas e Teorias da Sociologia.indd 17 12/07/2019 10:23:20
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Temas e Teorias da Sociologia
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5.
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19
Sociologia: Aspectos Introdutórios Capítulo 1 
c) A Decadência da Sociedade Feudal e o Mercantilismo
Para Meksenas (2001), é a partir do século XI que começam a 
surgir alterações sociais, políticas e econômicas tão significativas, que 
justificam a defesa do término do feudalismo. Tais mudanças prolongam-
se até o século XVI, quando nasce a propriamente dita “sociedade 
capitalista”. 
A partir da crescente modernização das técnicas agrícolas e 
a existência de um excedente de alimentos, estes passam a ser 
comercializados. Essa nova “vida comercial” faz com que as cidades 
passem a crescer e a se desenvolver e muitos servos passam a deixar o 
campo, em busca de novas oportunidades nas cidades. Temos então o 
auge do Mercantilismo (séculos XV ao XVIII), isto é, um novo modo de 
viver, que nasce a partir do Feudalismo, mas é completamente diferente 
deste: o início da vida urbana, início das grandes invenções (imprensa, 
bússola, novos medicamentos, etc.). O comércio torna-se o centro de 
tudo (MEKSENAS, 2001).
Será dentro desse novo modo de vida que surgirá uma nova classe social, 
composta por comerciantes muito ricos, os chamados burgueses. Com a 
pretensão de acumular riquezas e desenvolver ainda mais suas atividades 
comerciais, começaram a surgir as manufaturas. 
Por manufatura entende-se um primeiro modelo de indústria, 
tal qual a conhecemos hoje. Instalada em um imenso salão, havia 
as máquinas manuais, dispostas em filas, conduzidas pelos antigos 
servos que, aos poucos, foram se transformando em operários. 
 
Fato importante de se destacar é o confronto que se estabeleceu entre a 
nascente classe burguesa e a antiga nobreza feudal. Os senhores feudais 
opunham-se aos burgueses, visto que esta nova lógica fazia com que os servos 
deixassem o campo, buscando a vida nas cidades. Diante disto, os senhores 
feudais ficavam sem mão de obra em suas terras. Lentamente foi se percebendo 
que a burguesia saiu vitoriosa e os poucos resquícios da nobreza feudal acabaram 
aderindo a essa nova formação social. 
Temos agora todos os elementos para o surgimento do capitalismo e da 
Sociologia.
Temos então 
o auge do 
Mercantilismo 
(séculos XV ao 
XVIII), isto é, 
um novo modo 
de viver, que 
nasce a partir do 
Feudalismo, mas 
é completamente 
diferente deste: 
o início da vida 
urbana, início das 
grandes invenções 
(imprensa, 
bússola, novos 
medicamentos, 
etc.).
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Temas e Teorias da Sociologia
Atividade de Estudos: 
Diante do que foi apresentado até agora, descreva pelo menos 
três características presentes em cada um desses momentos, 
compreendidos como fundamentais para o que temos hoje.
 Comunidade primitiva Feudalismo Mercantilismo
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O Nascimento do Capitalismo e o
Surgimento da Sociologia
Expostas as formas de organização da sociedade que antecederam o que 
temos hoje, é possível compreender com maior facilidade o momento em que 
passamos a ingressar no modo de produção capitalista. É o que buscaremos 
a seguir.
a) O Capitalismo e os Novos Problemas Sociais
Como afirma Meksenas (2001), entre os séculos XIII e XIX 
tivemos a Revolução Industrial, momento em que a indústria têxtil 
inovou com o tear a vapor. Para Sell (2006), o mundo presencia 
uma das mais intensas, rápidas e profundas transformações sociais 
que a história já vivenciou. A mecanização das máquinas alterou 
A mecanização das 
máquinas alterou 
significativamente 
as formas de 
interação humana, 
aumentando a 
produtividade e 
consolidando uma 
nova classe social: os 
trabalhadores.
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Sociologia: Aspectos Introdutórios Capítulo 1 
significativamente as formas de interação humana, aumentando a produtividade 
e consolidando uma nova classe social: os trabalhadores. Estes não terão 
outro recurso para sobreviver, senão a venda de sua capacidade de trabalho à 
burguesia, em troca de um salário. 
São inúmeras as mudanças ocorridas a partir de então, segundo 
(MEKSENAS, 2001, p. 47):
Esta aparente sociedade democrática torna-se, ao contrário do 
Feudalismo, uma organização social extremamente dinâmica 
e movimentada; a própria noção de tempo é alterada: “tempo 
é dinheiro”. A visão do mundo torna-se individualizada e 
competitiva: “cada um por si e Deus por todos”. Nasce a 
idéia moderna de progresso; aparecem novos inventos: a 
locomotiva, a energia elétrica, o telégrafo, o microscópio, etc. 
A Revolução Industrial tem papel fundamental na Sociologia, visto que ela é 
considerada o marco para o que conhecemos hoje por capitalismo. Para Catani 
(2003), das teorias que procuram explicar o que é o capitalismo destacam-se 
duas, representadas por Max Weber (1864-1920) e por Karl Marx (1818-1883). 
A primeira é chamada culturalista e a segunda, histórica, em razão dos diferentes 
pontos de vista dos quais elas partem para explicar os mesmos conceitos. 
A primeira corrente busca explicar o capitalismo através de fatores externos 
à economia. Para M. Weber, o capitalismo se constitui, sobretudo, num modo 
bastante particular de pensar as relações sociais, uma “mentalidade”, um “espírito” 
capitalista. Segundo ele, existe capitalismo onde quer que a provisão industrial 
das necessidades de uma comunidade seja executada pelo método da empresa, 
pelo estabelecimento capitalista racional e pela contabilidade do capital (CATANI, 
2003).
A segunda corrente parte de uma perspectiva histórica. Marx 
define o capitalismo como sendo um determinado modo de produção de 
mercadorias, gerado historicamente, desde o início da Idade Moderna, 
e que encontra sua plenitude no intenso processo de desenvolvimento 
industrial inglês, chamado Revolução Industrial. Vale ressaltar que, por 
essa concepção, o capitalismo significa não apenas um sistema de 
produção de mercadorias, como também um determinado sistema, em 
que a força de trabalho passa a ser também uma mercadoria. Para que 
exista capitalismo, faz-se necessária a concentração da propriedade 
privada dos meios de produção em mãos de uma classe social, e a 
presença de uma outra classe para a qual a força de trabalho acaba 
sendo a única fonte de subsistência. Marx ressalta que esses requisitos 
se estabelecem através de um processo histórico e a partir das antigas 
relações econômicas presentes no Feudalismo.
Marx define 
o capitalismo 
como sendo um 
determinado modo 
de produção de 
mercadorias, 
gerado 
historicamente, 
desde o início da 
Idade Moderna, 
e que encontra 
sua plenitude no 
intenso processo 
de desenvolvimento 
industrial inglês, 
chamado 
Revolução 
Industrial.
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Temas e Teorias da Sociologia
Foram vários os entraves decorrentes do capitalismo em seu início. Para 
Martins (1994), a desaparição dos pequenos proprietários rurais, dos artesãos, e a 
imposição de prolongadas horas de trabalho, salários extremamente baixos, entre 
inúmeras outras alterações, trouxeram efeitos adversos à maioria da população. 
Enquanto os empresários construíam verdadeiros impérios, os trabalhadores 
passavam por muitas dificuldades. As consequências da rápida industrialização 
e urbanização, levadas a cabo pelo sistema capitalista, foram tão visíveis, quanto 
trágicas: aumento assustador da prostituição, do suicídio, do alcoolismo, da 
criminalidade, da violência, etc. 
Os salários dos trabalhadores eram tão baixos que eles eram 
obrigados a colocar os filhos ainda menores para trabalhar também. 
As jornadas de trabalho variavam entre 14, 16 e até 18 horas diárias. 
Suas casas eram cortiços. Milhões de pessoas se encontravam 
doentes pelo excesso de trabalho e a maioria dos trabalhadores 
não chegava aos 50 anos de idade. Era fato comum as pessoas 
morrerem de fome. 
Eram conhecidos como cortiços as habitações coletivas da 
maioria dos trabalhadores da época, muito semelhantes às favelas 
encontradas hoje em dia.
Segue abaixo um trecho de um jornal operário chamado “Fanfulla” de 11 de 
outubro de 1904 trazido por Pinheiro e Hall (1981). Este texto retrata as condições 
de moradia do trabalhador brasileiro no início deste século.
UM CORTIÇO (1904)
Casario de um andar, composto de duas filas de aposentos baixos, sujos, 
úmidos, minúsculos, pouco arejados, limitando uma série de pequenos pátios. 
Eis como geralmente se apresenta um cortiço. Em cada cubículo, verdadeira 
colméia humana, com freqüência comprime-se toda uma família de trabalhadores, 
às vezes composta de oito ou nove pessoas. No patiozinho comum a todos os 
moradores do cortiço é que se tem verdadeiro conhecimento do horror da situação 
miserável dessa gente. Quando não é um pântano, é um montão de imundícies, 
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Sociologia: Aspectos Introdutórios Capítulo 1 
todos os despejos do dia aí são recolhidos e, em meio a toda essa sujeira, da qual 
emana odor nauseabundo, as crianças raquíticas pelo ambiente malsão passam 
as horas brincando, enquanto as mulheres se espiolham ou lavam trapos, e as 
comadres avivam as brigas costumeiras. Como é triste pensar que muitas famílias 
de trabalhadores vivem em tais tugúrios onde, entre a falta de ar puro, a tísica e 
a tuberculose, alcançam um fácil triunfo que facilmente se explica à vista de tais 
condições de vida. Diante deste quadro desolador, o fato é que os índices de 
mortalidade infantil alcançam, em São Paulo, uma porcentagem muito elevada. 
Não é para satisfazer um supérfluo sentido de estética que escrevemos, mas sim 
por um profundo sentimento de humanidade, pelo respeito que desejamos em 
relação à vida e pelo melhoramento do bem-estar da classe trabalhadora.
Com base no texto anterior, pode-se concluir que não só a Europa vivia os 
problemas trazidos pelo capitalismo, mas também o Brasil. Ao iniciar o século XX, 
já encontramos o nosso país organizado nos padrões capitalistas.
Nos dias de hoje as condições de vida dos trabalhadores 
melhoraram?
Em suma, em decorrência desse novo modo de produção, o capitalista, surgem 
inúmeros problemas sociais. Qual a importância desses acontecimentos para a 
Sociologia? A profundidade das transformações em curso e os inúmeros problemassociais colocam a sociedade em um plano de análise, visto que ela passa a constituir 
um “problema”, um “objeto” a ser investigado.
Atividade de Estudos: 
A partir das informações trazidas no tópico “O capitalismo e os novos 
problemas sociais”, responda:
1) Quando nasceu o capitalismo?
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Temas e Teorias da Sociologia
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2) Afinal, como pode ser definido o capitalismo?
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3) Quais os problemas sociais presenciados no início do capitalismo?
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 b) O Nascimento da Sociologia
Segundo Martins (1994), o surgimento da Sociologia ocorre em um contexto 
histórico bastante específico, momento este onde se tem a desagregação da 
sociedade feudal e a consolidação da lógica capitalista. A sua criação representa 
o resultado da elaboração de um conjunto de pensadores que se empenharam 
em compreender as novas situações que estavam em curso. As transformações 
econômicas, políticas e culturais que se aceleraram, a partir dessa 
época, colocavam situações novas a serem analisadas e problemas 
inéditos a serem superados. Por conseguinte, o surgimento da 
Sociologia prendeu-se aos abalos provocados pela revolução 
industrial, pela efetivação do modo de produção capitalista e, mais 
do que isto, pelas novas condições de existência por ele criadas. 
Nisbet, citado por Sell (2006), em seu estudo das origens do 
pensamento sociológico, afirma que a Sociologia é uma “ciência 
da crise”. Surgiu com o intuito de contribuir para o estabelecimento 
de uma nova harmonia social.
O surgimento da 
Sociologia prendeu-
se aos abalos 
provocados pela 
revolução industrial, 
pela efetivação do 
modo de produção 
capitalista e, mais 
do que isto, pelas 
novas condições de 
existência por ele 
criadas.
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Sociologia: Aspectos Introdutórios Capítulo 1 
Com o surgimento do método científico, os intelectuais do século XIX tinham 
à disposição uma nova concepção para interpretar a sociedade e enfrentar os 
dilemas que o mundo moderno impunha. A Sociologia, enquanto ciência da 
sociedade, passou a ter pela frente três questões centrais para responder: 1) Quais 
as causas das transformações sociais em curso?; 2) Quais as características da 
sociedade moderna?; 3) O que fazer diante dos problemas sociais? (SELL, 2006).
Segundo afirma Sell (2006), como qualquer ciência, ela não é fruto do mero 
acaso. Seu surgimento foi uma tentativa de responder às necessidades dos 
homens naquele momento histórico controverso, quando mais preocupante que 
as grandes mudanças econômicas eram seus efeitos deletérios, como a pobreza 
e uma série de outros fenômenos sociais novos e preocupantes. É importante 
salientar que, embora houvesse consenso de que se tinha inúmeros problemas 
com o advento do Capitalismo , as soluções apresentadas para os mesmos 
eram bastante diferentes. Por isso, pode-se dizer que, naquele momento, havia 
várias leituras do que estava acontecendo e, como consequência, as soluções 
apresentadas pelos vários pensadores eram distintas. Isto justifica, inclusive, o 
próximo capítulo. Existem várias teorias sociológicas, leituras diferenciadas a 
respeito do mesmo objeto de estudo; no caso da Sociologia, da sociedade em que 
vivemos.
 
Como diz Sell (2006), além da Revolução Industrial, trazendo mudanças de 
ordem econômica, e considerada o marco para o surgimento do modo de produção 
capitalista, outros acontecimentos podem ser destacados como fundamentais e 
marcantes para o surgimento da Sociologia: a revolução francesa e a revolução 
científica. A revolução francesa é considerada como um acontecimento de ordem 
política de significativa importância, visto ter trazido novos ideais políticos e 
inaugurado novas formas de organização do poder. Já a revolução científica diz 
respeito a uma nova forma de explicar o mundo, baseada no iluminismo. Todas 
estas transformações mexeram profundamente com o que se tinha até aquele 
momento, desencadeando novas relações econômicas, novas formas de luta 
política e, ainda, uma nova visão de mundo.
O iluminismo pode ser considerado um movimento intelectual, 
que tinha como objetivo entender e organizar o mundo a partir da 
razão.
A Sociologia não é a única ciência social envolvida com a compreensão 
da vida social moderna. Aplicando o método científico ao estudo dos diferentes 
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26
Temas e Teorias da Sociologia
aspectos da vida social, foram fundadas várias disciplinas que tratam do homem 
em sociedade. Entre as principais estão a História (estuda o homem e suas ações 
no tempo e no espaço), a Economia (estuda as atividades humanas ligadas à 
produção, distribuição e consumo de bens e serviços), a Antropologia (pesquisa as 
diferenças culturais entre os vários agrupamentos humanos) e a Ciência política 
(estudo da política, dos sistemas políticos, das organizações e dos processos 
políticos).
Você deve estar se perguntando: Em que medida a Sociologia 
se diferencia das ciências sociais acima citadas? Para Habermas, 
citado por Sell (2006), o marco distintivo da Sociologia reside no fato 
de ela não ter se fixado em apenas uma das dimensões da vida social 
moderna, como fazem as outras ciências, tal qual a Economia (que 
trata da produção de bens), a Ciência política (que trata do poder) ou 
a Antropologia (que trata da cultura). Ao contrário de suas vizinhas, 
a Sociologia tem como objetivo compreender a vida social de forma 
global, buscando explicar a sociedade como um todo. Neste sentido, 
podemos dizer que a Sociologia é uma “teoria da sociedade”. A Sociologia pode 
ser considerada uma ciência social, cujo objeto de estudo é a sociedade moderna. 
Em outros termos, a Sociologia é uma teoria da modernidade.
De forma geral, então, chegamos à conclusão de que a Sociologia estuda a 
sociedade com o objetivo de compreender como ela funciona e como as pessoas 
se relacionam, dentro dos incontáveis “recortes” possíveis e estudados por esta 
ciência, que tem um objeto de estudo amplo e complexo.
Para responder ao conjunto de questões que se colocam na modernidade, 
em 1830, Augusto Comte apresentou, em seu livro “Curso de Filosofia Positiva”, 
a ideia de fundar uma “Física Social”, um saber encarregado de aplicar o método 
científico para o estudo da sociedade. Este pensador francês lutava para que, em 
todos os ramos de estudo, se obedecesse à preocupação da máxima objetividade. 
Em 1839, Augusto Comte alterou o nome desta ciência para “Sociologia” (do latim 
socius e do grego logos), significando estudo do social, nome que perdura até 
hoje. Augusto Comte ganhou importância e o estudode seu pensamento acabou 
sendo obrigatório, por ser considerado o fundador da Sociologia (SELL, 2006).
Segundo Martins (1994), o termo “física social” acaba sendo 
bastante sugestivo diante da intenção de Comte. Ele expressa 
claramente o desejo de construir uma ciência que estuda o social 
nos mesmos moldes das ciências físico-naturais. Esta Sociologia, 
de inspiração positivista, propõe o estudo dos fenômenos sociais 
a partir de um saber “neutro” e puramente “objetivo”, semelhante ao 
adotado na Química ou na Física, por exemplo. 
 A Sociologia pode 
ser considerada uma 
ciência social, cujo 
objeto de estudo 
é a sociedade 
moderna. Em outros 
termos, a Sociologia 
é uma teoria da 
modernidade.
 Augusto Comte 
ganhou importância 
e o estudo de seu 
pensamento acabou 
sendo obrigatório, 
por ser considerado 
o fundador da 
Sociologia.
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Sociologia: Aspectos Introdutórios Capítulo 1 
Augusto Comte é considerado o fundador do positivismo. 
Termo complexo e com reflexos em várias áreas, designa uma 
corrente de pensamento que prevê que a ciência é a única 
explicação legítima da realidade. Na Sociologia, defende a noção 
de que a mesma deve adotar os mesmos métodos das ciências da 
natureza.
Mesmo que se tenha consenso de que as ideias de Augusto Comte estejam 
superadas, elas lançaram as bases para a Sociologia, e, mais do que isto, foram de 
fundamental importância no sentido de defini-la e propor um método para o estudo 
dos fenômenos sociais, o que até então não havia sido feito. O conhecimento 
científico se coloca no lugar da Filosofia, conhecimento predominante durante 
toda a idade antiga e a idade média. O surgimento da ciência moderna tem 
reflexos em todas as áreas, inclusive na Sociologia.
A aplicação da observação e da experimentação, ou seja, do 
método científico para a explicação dos fenômenos, trouxe grandes 
progressos. De forma geral, podemos dizer que a ciência procura 
seguir quatro passos fundamentais: observação dos fenômenos; 
construção de hipóteses; experimentação; generalização (a partir 
do estudo de um caso particular o pesquisador supõe que aquela 
explicação se aplique também a outros casos idênticos). Mesmo 
existindo grandes diferenças entre os métodos de pesquisa nas 
ciências exatas e nas ciências sociais (ou humanas), tem-se em 
comum o método experimental, a validação empírica dos resultados 
da investigação. Entender o que é ciência e o que ela já significou 
é fundamental ao buscar compreender o surgimento da ciência sociológica. 
Não foram apenas os “fatos novos” que deram origem à Sociologia, mas 
também uma nova maneira de analisar estes fatos: a aplicação dos princípios 
científicos ao estudo da vida social (SELL, 2006).
Em relação ao objeto de estudo da Sociologia e o que interessa aos 
sociólogos, é extremamente válido o texto de Rose, adaptado por Oliveira 
(1998, p. 15-16):
O QUE INTERESSA AOS SOCIÓLOGOS
 
Os indivíduos, em todo o mundo, vivem em grupo. E as conseqüências da 
vida em grupo são o objeto de estudo da Sociologia.
Não foram apenas 
os “fatos novos” 
que deram origem 
à Sociologia, mas 
também uma 
nova maneira de 
analisar estes fatos: 
a aplicação dos 
princípios científicos 
ao estudo da vida 
social.
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28
Temas e Teorias da Sociologia
O interesse pelos grupos é o que diferencia os sociólogos dos outros cientistas 
sociais. Entre outras coisas, os sociólogos querem saber: Por que grupos como 
a família, a tribo ou a nação sobrevivem através dos tempos até mesmo durante 
as guerras ou revoluções? Por que um soldado deve lutar e enfrentar a morte 
quando poderia esconder-se ou fugir? Por que o homem se casa e assume 
responsabilidades de família quando poderia, com a mesma facilidade, satisfazer 
seus impulsos sexuais fora do casamento? Que efeitos produz a vida em grupo 
sobre o comportamento dos membros do grupo? Será que as pessoas que vivem 
em tribos pré-letradas, isoladas, se comportam diferentemente das que vivem em 
Nova Iorque ou num subúrbio parisiense?
Os sociólogos se interessam igualmente pelas causas das mudanças 
ou da desintegração nos grupos. Por exemplo, querem saber por que alguns 
casamentos terminam em divórcio. Querem saber por que há um maior número 
de divórcios em alguns países do que em outros, porque o número de divórcios 
aumenta ou diminui com o tempo. Querem saber, ainda, se o comportamento 
das pessoas se modifica depois de uma mudança do campo para a cidade ou da 
cidade para os subúrbios.
Os sociólogos também estudam o relacionamento entre os membros de um 
grupo e entre grupos. Qual é o relacionamento entre marido e mulher e entre pai 
e filhos atualmente? Esse relacionamento assemelha-se ao da família tradicional, 
é o mesmo em qualquer cultura? Quais as causas do conflito entre brancos e 
negros? O trabalho, a indústria, e o governo dos Estados Unidos estarão 
relacionados entre si da mesma forma que os grupos similares na Austrália ou 
na Rússia? Por que alguns grupos da sociedade possuem mais bens materiais e 
mais prestígio que outros?
 
Sobre este assunto leia:
ROSE, Caroline B. Iniciação ao estudo da Sociologia. Rio de 
Janeiro: Zahar, 1967.
O que se pode perceber com facilidade, a partir do texto anterior, é a 
enormidade de temas e objetos com o qual a Sociologia pode e acaba se 
ocupando atualmente. A Sociologia volta-se o tempo todo para os problemas 
que o homem enfrenta no dia a dia de sua vida em sociedade. São muitas as 
situações sociais, situações que só podem ser explicadas pelas relações que 
indivíduos ou grupos de indivíduos estabelecem entre si, mas que não podem ser 
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Sociologia: Aspectos Introdutórios Capítulo 1 
compreendidas se os tomamos isoladamente. Tais situações não dizem respeito 
apenas à ação individual e, por isto, são objeto de estudo da Sociologia. No último 
capítulo serão trazidos alguns temas emergentes em Sociologia nos dias atuais.
Quanto às perspectivas para o profissional da área, parece serem 
otimistas, principalmente no que diz respeito à docência, haja vista que a 
obrigatoriedade do ensino da disciplina no ensino médio é uma realidade e 
uma conquista recente. Quanto à relevância e importância da área, parece 
que esta ainda não está clara para a maioria das pessoas. Esta situação nos 
coloca um grande desafio. A mudança de crenças e a conquista de espaços 
poderão ocorrer, dependendo muito do tipo de intervenção que iremos fazer 
no cotidiano, mostrando a importância deste saber nos vários espaços que 
ocupamos.
Atividade de Estudos: 
Com base na resposta abaixo, é possível afirmarmos que a 
Sociologia é fruto do nosso tempo. Veja:
1) Como nasceu a Sociologia?
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2) Como a Sociologia pode ser definida e quem pode ser considerado 
o seu fundador?
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30
Temas e Teorias da Sociologia
 ______________________________________________________
3) Partindo da constatação de Robert Nisbet de que a Sociologia 
pode ser considerada uma “ciência da crise”, que fenômenos atuais 
você considera preocupantes e por isso acredita que justifica um 
“olhar” da Sociologia?
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Algumas Considerações
Diante do que foi colocado neste capítulo, é possível fazermos algumas 
inferências. A Sociologia surgiu para dar conta de um momento de intensas 
transformações e adversidades. Tem o propósito de analisar este momento sob 
o viés da ciência e, mais do que isso, propor encaminhamentos para a superação 
das novas problemáticas. Temos o surgimento do modo de produção capitalista 
a partir das mudanças ocorridas, principalmente a partir da Revolução Industrial. 
Percebe-se, pois, a concretização de uma lógica, lógica esta que perdura até hoje.
Com um foco bastante amplo, o estudo da sociedade, nos dias de hoje, se 
propõe a analisar as questões que se colocam no nosso cotidiano e que trazem 
alterações significativas no nosso convívio em sociedade. Uma característica 
comum às várias áreas que compõem as ciências sociais, é o fato, deveras 
importante, de não existir uma única Sociologia, ou melhor, um olhar único e 
consensual sobre os variados fenômenos que são seu objeto de estudo. A partir 
desta verificação, estamos preparados para conhecer as teorias sociológicas 
clássicas, as principais e diferentes compreensões de sociedade e a contribuição 
das mesmas para esta ciência.
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31
Sociologia: Aspectos Introdutórios Capítulo 1 
Referências
CATANI, Afrânio Mendes. O que é capitalismo. 34. ed. São Paulo: Brasiliense, 
2003.
GUARESCHI, Pedrinho Alcides. Sociologia crítica: alternativas de mudança. 48. 
ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2000.
MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. 38. Ed. São Paulo: Brasiliense, 
1994.
MEKSENAS, Paulo. Aprendendo Sociologia: a paixão de conhecer a vida. 8. 
ed. São Paulo: Loyola, 2001.
MORISSAWA, Mitsue. A história da luta pela terra e o MST. São Paulo: 
Expressão Popular, 2001.
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. 24. ed. São Paulo: Ática, 
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PINHEIRO, Paulo Sérgio; HALL, Michael M. (Orgs.). A classe operária no 
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CAPÍTULO 2
Teorias Sociológicas Clássicas
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Conhecer as teorias sociológicas clássicas e as diversas possibilidades de 
compreensão do mundo social.
� Analisar as contribuições teórico-metodológicas das várias abordagens em 
Sociologia e seus desdobramentos.
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Teorias Sociológicas Clássicas Capítulo 2 
Contextualização
Característica marcante nas chamadas ciências sociais é o fato de termos 
à disposição múltiplos caminhos possíveis, no que diz respeito à compreensão 
de um mesmo fenômeno. Esta característica pode ser cativante, por um lado, 
por permitir uma diversidade de possibilidades de interpretação, diferente das 
ciências exatas, mas também desafiadora e, para alguns, complexa, por nos 
convidar a analisar as diferentes proposições, comparar e, em alguns momentos, 
até escolher. Em Sociologia isto fica claro, quando adentramos nas várias 
perspectivas de compreensão do mundo moderno e nas várias possibilidades de 
compreensão da sociedade em que estamos inseridos.
Diante desta constatação, Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber 
são considerados autores fundamentais no campo sociológico. É tamanha 
a importância destes autores, que frequentemente são nomeados como 
clássicos. Por esta razão, acabam se tornando leitura obrigatória de qualquer 
pessoa que se propõe a se aproximar ou até mesmo se aprofundar na área. 
A seguir, serão apresentados os autores e respectivas teorias, os principais 
fundamentos e conceitos, cientes da complexidade e da dificuldade que 
teremos de, em poucas páginas, esgotar tais abordagens sobre o mundo 
moderno.
Com proposições diferenciadas e divergências facilmente constatáveis, 
para compreendermos suas teorias, devemos nos colocar no contexto histórico 
a que cada um deles estava submetido. A partir deste exercício, surge uma 
pergunta, baseada na premissa de que são frutos de seu tempo: Qual a 
relevância e a possibilidade de entendermos o mundo que vivemos hoje com 
base nesses autores? Esta e outras questões buscaremos responder ou pelo 
menos problematizar daqui para frente. Espero que estejam ansiosos para 
desvendá-las.
Émile Durkheim: por uma Sociologia 
dos Fatos Sociais
Em 15 de abril de 1858, nasceu Émile Durkheim na pequena cidade francesa 
de Épinal. Filho de um rabino e sobre influência da doutrina judaica na infância, 
embora tenha se afastado do caminho religioso, suas análises serão influenciadas 
pelo respeito à lei e pela importância atribuída à comunidade, princípios 
aprendidos desde criança. 
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Temas e Teorias da Sociologia
Em 1882, formou-se em Filosofia e começou a lecionar em Sens, Saint 
Quentin e Troyes. Entre 1885 e 1886, Durkheim fez uma importante viagem de 
estudos para a Alemanha, a fim de estudar ciências sociais. Na Alemanha, teve 
um importante contato com Wilhelm Wundt (1832-1920), fundador da Psicologia. 
Após esta viagem retornou à França, com o propósito de desenvolver a Sociologia 
e, mais do que isso, torná-la uma ciência autônoma. Em 1887, foi nomeado 
professor de Pedagogia e Ciência Social na Universidade de Bordeaux, no sul da 
França. Tratava-se do primeiro curso de Sociologia criado em uma universidade. 
Foi nesse período que escreveu suas principais obras e formou a base de seu 
pensamento social. Em 1893 ele defendeu sua tese de doutorado, intitulada “A 
divisão do trabalho social”. Já com prestígio, foi convidado a tornar-se professor 
suplente em uma das mais importantes universidades da França e de toda a 
Europa: a Sorbonne, em Paris. Em 1906, tornou-se titular da cadeira 
e passou a lecionar Sociologia. Por esses acontecimentos, além de 
ser considerado um dos maiores clássicos da Sociologia, Durkheim 
foi o responsável pela introdução do ensino de Sociologia nos cursos 
universitários.
A Sociologia fortaleceu-se, graças à Durkheim e à escola sociológica 
francesa. Seguem as principais obras de Émile Durkheim:
• 1893: A divisão do trabalho social;
• 1895: As regras do método sociológico;
• 1897: O suicídio;
• 1912: As formas elementares da vida religiosa.
Um conflito que abalou significativamente Durkheim foi a Primeira Guerra 
Mundial, ocorrida de 1914 a 1918. Sociólogo já mundialmente famoso, nesse 
momento, a morte de seu filho, na guerra, e a de alguns de seus melhores amigos 
fizeram com que ficasse muito consternado. A 15 de dezembro de 1917, Durkheim 
veio a falecer na cidade francesade Fontainebleau.
a) Durkheim e os Fatos Sociais
Vivendo em uma época de mudanças, onde a nascente sociedade capitalista 
acabava de destruir as velhas instituições feudais e impunha novos princípios 
e valores, Durkheim mostrou-se preocupado com as mudanças que estavam 
ocorrendo. Quando iniciou seus estudos na universidade, era também a época 
em que começavam a ensinar as chamadas ciências naturais (Biologia, Física, 
Química), e este contato, inclusive o bom conhecimento que tinha destas 
disciplinas, fez com que passasse a enxergar a sociedade de uma forma bastante 
peculiar: para ele a sociedade era como um imenso corpo biológico que precisava 
ser observado para, em seguida, conhecendo sua anatomia, se descobrirem as 
Durkheim foi o 
responsável pela 
introdução do ensino 
de Sociologia nos 
cursos universitários.
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Teorias Sociológicas Clássicas Capítulo 2 
causas e as curas das doenças encontradas. Influenciado pelas obras de Augusto 
Comte e Herbert Spenser, considerados os fundadores do Positivismo, sua obra 
buscou conferir à Sociologia um método de análise. Durkheim lutou para provar 
que a Sociologia é uma ciência e que, por isso, deve ser neutra diante dos fatos 
sociais.
Você deve estar se perguntando: O que são fatos sociais para ele? Isto é o 
que buscaremos compreender agora, conceito-chave em Durkheim, e, em sentido 
mais geral, na própria Sociologia.
Para Durkheim, a sociedade prevalece sobre o indivíduo. A 
sociedade é para ele um conjunto de normas de ação, pensamentos 
e sentimentos existentes, que são aceitos e, mais do que isso, devem 
ser seguidos por todos. Sem essas regras, segundo ele, a sociedade 
não existiria, e é por isso que os indivíduos devem se submeter a elas. 
Para Durkheim, os fatos sociais são justamente essas regras e normas 
coletivas que orientam a vida dos indivíduos em sociedade e este 
deve ser o objeto de estudo da Sociologia. Os fatos sociais têm duas 
características fundamentais: são exteriores e coercitivos. Como assim? 
São exteriores, porque são ideias, normas ou regras criadas pela coletividade e 
já existem fora de nós quando nascemos; e coercitivos, visto que estas ideias, 
normas e regras devem ser seguidas por todos. Os que desobedecem são 
punidos pelo resto do grupo.
Um dos exemplos preferidos de Durkheim para mostrar o que 
é um fato social é a educação. Toda sociedade tem de educar seus 
membros, fazendo com que aprendam as regras necessárias para 
a convivência social. Outro exemplo de fato social para Durkheim 
é o suicídio, analisado por ele a partir de uma perspectiva 
sociológica. Segundo ele, toda sociedade está predisposta a ter 
um contingente de mortos voluntários. Em “O suicídio”, Durkheim 
quis sobretudo frisar a existência de um desregramento social 
(anomia/este conceito será trabalhado adiante), que seria o 
responsável por este fenômeno coletivo.
Para Durkheim, então, como coloca Lallement (2003), a Sociologia pode 
ser definida como a ciência dos fatos sociais. Caberá ao sociólogo pôr em 
evidência e analisar esses fenômenos que constituem regularidades socialmente 
determinadas, podendo ser observados e explicados por esta nova ciência, 
chamada Sociologia. Segue na sequência um trecho da obra “As regras do método 
sociológico”, onde Durkheim (2001, p. 5-6) expõe exatamente o que compreende 
por fato social.
Para Durkheim, 
os fatos sociais 
são justamente 
essas regras e 
normas coletivas 
que orientam a 
vida dos indivíduos 
em sociedade e 
este deve ser o 
objeto de estudo da 
Sociologia. 
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Temas e Teorias da Sociologia
O QUE É FATO SOCIAL?
Eis, portanto, uma ordem de fatos que apresentam características muito 
especiais: consistem em maneiras de agir, de pensar e sentir, exteriores ao 
indivíduo, e que são dotadas de um poder de coerção em virtude do qual se 
impõem a ele. Por conseguinte, não poderiam ser confundidos com os fenômenos 
orgânicos, por consistirem em representações e ações; nem com os fenômenos 
psíquicos, que não têm existência a não ser na consciência individual e por ela. 
Constituem, portanto, uma espécie nova e é a eles que se deve dar e reservar a 
qualificação de sociais. Convém a eles, pois está claro que, não tendo o indivíduo 
como substrato, não podem ter outro a não ser a sociedade, seja a sociedade 
política em sua integralidade, seja algum dos grupos parciais que ela encerra, 
confissões religiosas, escolas políticas, literárias, corporações profissionais, etc. 
Por outro lado, é apenas a eles que convém; pois a palavra social só tem sentido 
definido sob a condição de designar unicamente fenômenos que não se incluem 
em nenhuma das categorias de fatos já constituídas e denominadas. Constituem, 
portanto, o domínio da própria sociologia. É verdade que a palavra coerção ou 
coercitividade, pela qual os definimos, corre o risco de perturbar os zelosos 
partidários de um individualismo absoluto. Como professam que o indivíduo é 
perfeitamente autônomo, parece-lhes que este sai diminuído toda vez que se lhe 
faz sentir que ele não depende apenas de si mesmo.
Para Durkheim, circunscrever um objeto de estudo particular 
não basta para fundar uma ciência. É necessário ainda que se 
tenha um método rigoroso de análise e de explicação. Durkheim se 
propôs esta tarefa e em “As regras do método sociológico” expôs 
os princípios fundamentais que devem nortear a Sociologia. Em 
primeiro lugar, segundo ele, deve-se tratar os fatos sociais como 
coisas. O que ele quis dizer com isso? O que Durkheim quis buscar 
ou propor é que, assim como o físico ou o biólogo observa “de fora” 
o seu objeto de estudo, o sociólogo deve saber situar-se à distância 
dos fatos sociais que analisa; postura difícil, visto vivermos no mundo social que 
estudamos. Enfatiza a posição de neutralidade e objetividade que o pesquisador 
deve ter em relação à sociedade: ele deve descrever e analisar a realidade social, 
sem deixar que suas ideias e opiniões interfiram na observação dos fatos sociais 
(LALLEMENT, 2003).
b) Alguns Conceitos Durkheimianos
Durkheim desenvolveu sua teoria a partir de certos conceitos e a internalização 
dos mesmos é de suma importância para melhor compreendermos a leitura que ele 
fez do momento histórico em que estava inserido. Podemos definir conceito como 
um conjunto de ideias desenvolvidas e que têm por objetivo explicar um fenômeno 
qualquer, dar conta do real.
Para Durkheim, 
circunscrever um 
objeto de estudo 
particular não basta 
para fundar uma 
ciência. É necessário 
ainda que se tenha 
um método rigoroso 
de análise e de 
explicação.
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Teorias Sociológicas Clássicas Capítulo 2 
Buscaremos ter acesso ao que ele entende por consciência coletiva, divisão 
do trabalho social, solidariedade mecânica e orgânica, caso patológico e anomia, 
bem como a concepção que tem a respeito do que é e qual a função do Estado, 
conceitos significativos para a teoria durkheimiana.
Por consciência coletiva entende-se a soma de crenças e 
sentimentos comuns à média dos membros da comunidade, ideias 
comuns que estão presentes nas consciências individuais de uma 
sociedade. Se de forma didática poderíamos afirmar que, de um lado, 
teríamos a consciência individual como o modo bastante específico 
de pensar de um indivíduo, a consciência coletiva está relacionada à 
forma de pensar da sociedade. De acordo com Meksenas (2001), para 
Durkheim não é a consciência individual que determina as ações de 
uma pessoa, mas a consciência coletiva. Ao nascermos, encontramos 
a sociedade pronta e constituída em suas leis. De forma bastante 
simplificada, podemos afirmar que a consciência coletiva exerce um 
controle sobre nossas vidas. Como exemplo, poderíamos afirmar que 
não somos obrigados a falar o mesmo idioma dos que nos cercam, nem utilizar

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