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Curso criação de avestruzes


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Curso de Criação Comercial 
de Avestruzes 
 
 
 
 
 
Com o apoio da: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Engº Agrônomo Paulo Cesar Melo Matos 
CREA/SP: 5060198211 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O avestruz vem sendo utilizada para a produção de penas há mais de mil anos. Aparece 
citado no Antigo Testamento, e o comércio foi intenso na Era Egípcia, Assíria e 
Babilônica. Também nos tempos das cruzadas, suas plumas foram trazidas para a 
Europa e tornaram-se famosos adornos da realeza como das rainhas Maria Antonieta, da 
França e Elizabeth, da Inglaterra (séc. XVI e XVII). 
 
O habitat do Avestruz se estendia das regiões secas e áridas da África, incluindo a África 
do Sul, África Leste e o Saara, até os desertos do Oriente Médio. No entanto a caça 
excessiva colocou em risco esta espécie. Em 1875, devido a grande matança para a 
coleta de plumas, muitos avestruzes do Norte da África haviam sido exterminados 
(JENSEN et al. 1992). No final do século XIX, existiam poucos avestruzes no Norte da 
África e foram considerados extintos na Ásia Ocidental. Depois, desapareceram da Síria 
e, por volta de 1930 o avestruz quase que é exterminado na Ásia. 
 
Foi a domesticação que salvou a espécie. Na África do Sul, em 1863, foram estabelecidas 
as primeiras fazendas de avestruzes, destacando-se os trabalhos de Arthur Douglas, que 
publicou em 1881 o primeiro livro sobre o assunto: “Ostrich Farming in South Africa”. Em 
1913, as penas do avestruz ocupavam o 4º lugar nas exportações daquele país, ficando 
atrás da Lã, da Prata e do Ouro. Com a chegada das I e II Guerras Mundiais, houve um 
colapso desse mercado, e em razão disto, os fazendeiros sul-africanos começaram a 
explorar outros produtos do avestruz: a carne e o couro. Em poucas décadas esta 
atividade se expandiu e as aves foram levadas para outros países na América do Norte, 
destacando-se os EUA, que hoje possui o segundo maior plantel de animais; América do 
Sul, tendo no Brasil chegado comercialmente em 1994; Índia; Europa, destacando-se a 
Alemanha; Israel e Austrália. 
 
SITUAÇÃO ATUAL 
 
Tabela: Número de Avestruzes Criados no Mundo (estimativa). 
País Ano de Referência Número de Animais 
África do Sul 2004 1 milhão
Estados Unidos 2004 300 mil
União Européia 2004 200 mil
China 2004 150 mil
Brasil 2004 120 mil
Israel 2004 80 mil
Zimbábue 2004 60 mil
Austrália 2004 80 mil
Canadá 2004 40 mil
 Fonte: ACAB – Associação dos Criadores de Avestruzes do Brasil. 
 
Com a produção média de 40 ovos por fêmea, pode-se concluir que há potencial para um 
aumento significativo destas aves. 
 
Na África do Sul, há dois tipos diferentes de exploração de avestruz: para a produção de 
penas e para a produção de carne e couro. Nas fazendas voltadas para a exploração de 
penas, tanto os machos quanto as fêmeas são depenados por ocasião da muda natural, o 
que ocorre cerca de três vezes a cada dois anos. Nestas fazendas, os ovos são 
incubados artificialmente, para evitar que as penas sejam danificadas quando a ave fica 
no ninho. Na incubação natural, os machos e as fêmeas se revezam para chocar os ovos, 
deitando-se sobre eles. Em geral, os ovos são levados para serem incubados fora da 
propriedade, em incubatórios de terceiros. Após o nascimento, os filhotes retornam para o 
dono. Este sistema poderá vir ser adotado no Brasil como forma de baratear a produção, 
podendo ser efetuado através de cooperativas. Na África do Sul, a carne e o couro 
representam 95% do faturamento da indústria de avestruzes. As aves, na sua maioria 
criadas confinadas, são abatidas entre os 12 a 14 meses de idade. São, poucas a as 
fazendas que realizam todas as etapas de produção, do ovo ao abate. Geralmente as 
tarefas são divididas em etapas: um produtor cria os pintinhos até a idade de três meses e 
meio, vende para um outro produtor que faz a recria até os sete ou oito meses, vendendo-
as então para serem terminadas até a idade do abate, ou seja, em torno dos quatorze 
meses. Cerca de 50 mil a 120 mil avestruzes são abatidos anualmente para a obtenção 
de carne, couro, produtos secundários e penas. Estes dados, relativamente baixos, 
indicam que um número significativo de aves é mantido para a produção de penas. 
 
A África do Sul mantém uma venda regular de penas de avestruz. As melhores são 
exportadas para a Europa e América, enquanto as penas menores são usadas na 
fabricação de espanadores. As melhores penas são produzidas por avestruzes 
geneticamente selecionadas e com idade entre 3 e 12 anos. Nos EUA, estão sendo 
usadas também pela indústria automobilística, para a limpeza do carro antes da pintura, e 
pelos fabricantes de computadores, em virtude das suas propriedades antiestáticas. 
 
 
CLASSIFICAÇÃO 
 
A classe das aves divide-se em duas superordens, a superordem Paleognathae (aves 
sem quilha, ou crista lamelar mediana, no osso esterno) e superordem Neognathae (aves 
com quilha no osso esterno). Pelo estudo dos fósseis, é possível reconhecer que as aves 
Paleognatas eram muito mais numerosas que na atualidade. 
 
 
 
 
 
Avestruz (superordem Paleognathae) Pombo (superordem Neognathae) 
 
O avestruz pertence ao grupo das aves ratitas, da superordem das Paleognatas, e 
apresenta características anatômicas e fisiológicas que a diferenciam das aves carinadas, 
entre as quais: a ausência de quilha no osso esterno, a perda da capacidade de vôo, a 
falta da glândula uropigiana e a separação de fezes e urina na cloaca (SICK, 1985). As 
ratitas são, em geral, consideradas as aves atuais mais primitivas do ponto de vista 
filogenético ou, mais exatamente, constituem um grupo muito antigo, atualmente 
especializado (CRACRAFT, 1974; SICK, 1985). 
 
 
Conhecem-se quarenta e sete espécies de aves ratitas extintas, entre as quais 
mencionam-se as moas (Dinornithidae), as aves elefantes (Aepyornithidae), o Sylvornis 
de Nova Caledônia e outras espécies, relacionadas com os grupos viventes (SIBLEY & 
ALQUIST, 1981). Existem dez espécies de aves ratitas atuais: o avestruz (Struthio 
camelus) da África e Arábia, duas espécies de emas (Rhea americana e Pterocnemia 
pennata) da América do Sul, o emu (Dromaius novaehollandiae) das planícies da 
Austrália, três espécies de casuares (Casuarius bennetti, C. casuarius, C. 
unappendiculatus) da Austrália, Nova Guiné e ilhas vizinhas, e três espécies de kiwis 
(Apterix haastii, A. owenii, A. australis) da Nova Zelândia (NATURA, 1987). 
 
 
 
Distribuição geográfica da Rhea americana Distribuição geográfica do Struthio camelus 
 
As semelhanças morfológicas, bioquímicas, moleculares, genéticas, parasitológicas e 
comportamentais entre as aves ratitas fazem supor uma origem comum ou monofilética, 
destas aves. No caso dos avestruzes e das emas, consideradas, entre as aves ratitas, as 
mais especializadas (CRACRAFT, 1974), supõe-se que sua separação tenha ocorrido há 
80 milhões de anos (SIBLEY & ALHQUIST, 1981; SIBLEY & ALHQUIST, 1986), quando 
se completou a separação das duas placas tectônicas que deram origem à América do 
Sul e África. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ema Emu Casuar Kiwi 
As evidências geológicas indicam que estes dois continentes começaram a se separar 
pelo sul. É provável que o contato existente entre o Brasil e o oeste da África, durante o 
período Cretáceo médio, há cerca de 100 milhões de anos, já teria sido desfeito no 
Cretáceo tardio, há aproximadamente 80 milhões de anos, por uma separação de cerca 
de 800 Km. Por outro lado, a separação entre África e as Ilhas Canárias parece não ter 
sido completada antes de 12 milhões de anos atrás, a julgar pelas evidências obtidas nas 
análises das cascas dos ovos de avestruz encontradas na Ilha de Lanzarote, a leste das 
Canárias (SAUER & ROTHE, 1972). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Moa (Dinornis maximus) – extinta Epiórnis (Aepyornis maximus) – extinta Diatryma (Diatryma sp) - extinta 
 
A classificação Zoológica do avestruz é a seguinte: 
Classe Aves 
Subclasse Neornithes 
Superordem Paleognathae 
Ordem Struthioniformes 
Família Struthionidae 
Gênero Struthio 
Espécie Struthiocamelus, Linn. 
 
Existe uma única espécie de avestruz e seis subespécies, vulgarmente agrupadas em 
três tipos: AFRICAN BLACK (a doméstica), REDNECK e BLUENECK: 
• Struthio camelus massaicus (Redneck) - pele avermelhada - encontrado no Quênia e 
Tanzânia; 
• Struthio camelus molybdophanes (Blueneck) - pele azulada - encontrado na 
Somália, Quênia e Etiópia; é a variedade mais distinta; apresenta o topo da cabeça sem 
penas; a pelagem do pescoço e das coxas é azulada; a plumagem do corpo dos machos 
é preta e branca e nas fêmeas a coloração é cinza mais suave; 
• Struthio camelus syriacus (Blueneck) - considerado extinto na década de 1940; 
habitavam os desertos da antiga Palestina e Pérsia; 
• Struthio camelus camelus (Redneck) - pele vermelha - encontrado no Norte da 
África, tinham sua área nativa da Mauritânia até a Etiópia; tem a parte superior da cabeça 
desprovida de penas e rodeada de pequenas penas duras de coloração parda, que 
descem pela parte posterior do pescoço; as penas do corpo são pretas, enquanto que as 
das asas e da cauda são brancas; a pele do pescoço é rósea; as penas do corpo da 
fêmea são marrom-escuro, sendo as das asas e da cauda mais descoradas; 
• Struthio camelus australis (Blueneck) - animal oriundo do Sul da África, Zimbábue e 
Namíbia, atualmente limitado aos parques e pequenas regiões da Namíbia; 
Struthio camelus var. domesticus (African Black) - oriundo do cruzamento entre 
syriacus, camelus e australis, geralmente identificado como S. c. australis; apresenta 
penas na cabeça, seu pescoço é cinza, avermelhando-se na estação de reprodução, e a 
cauda é marrom. 
 
Da esquerda para a direita, um macho e uma fêmea “Blue 
Neck”, e um macho “Red Neck”. 
 
 
CARACTERÍSTICAS 
 
O avestruz é a maior ave existente, com altura média, do chão até a cabeça, variando de 
2,1 a 2,5 m, sendo aproximadamente 0,9 m de pescoço e 1,0 m de pernas. O 
comprimento do corpo é cerca de 2,0 m. As aves adultas pesam, em média, 130 a 150 
Kg. 
 
A longevidade é outro aspecto positivo desta espécie. Na natureza, o avestruz se 
reproduz até os 30 a 40 anos. Em cativeiro, as domésticas são capazes de procriar até os 
50 anos, podendo viver até 60 a 70 anos. Uma fêmea adulta põe em média 30 a 50 ovos 
por ano no período. Algumas poedeiras chegam a pôr mais de 100 ovos. 
 
Os ovos pesam em média 1200 a 1800g (equivalente a mais de 20 ovos de galinha); se 
férteis, quando incubados, levam de 42 a 43 dias para eclodirem. Os pintinhos nascem 
com 25 cm de altura e cerca de 1Kg de peso vivo. 
 
Com relação à vocalização, pode-se dizer que esta ave é muda. Os filhotes do avestruz 
piam desde a fase final da incubação, ainda dentro dos ovos, até os primeiros meses de 
vida. Depois, com o tempo, deixam de emitir sons. Na época do acasalamento, no 
entanto, o macho infla o pescoço e emite sons parecidos com rugidos, primeiro curtos, 
depois longos. 
 
Existe um mito de que o avestruz enterra a cabeça no chão quando amedrontada, que 
não é verdade. O comportamento defensivo destes animais é bem característico. Quando 
pegos de surpresa, os filhotes, os animais mais jovens e eventualmente algum adulto, 
agacham-se, esticando o pescoço rente ao chão procurando camuflar-se na vegetação. 
Somente quando no ninho, a fêmeas escondem a cabeça na areia, para não serem vistas 
a distância. Talvez venha daí o popular mito sobre o seu comportamento. 
 
 
A variedade doméstica atinge a maturidade sexual entre dois a três anos, sendo as 
fêmeas mais precoces do que os machos. O macho, quando adulto, é maior que a fêmea 
e tem plumagem diferenciada, plumas pretas pelo corpo e brancas nas pontas das asas e 
cauda. A fêmea possui plumagem acinzentada ou amarronzada. O dimorfismo sexual é 
evidente aos 6 a 10 meses de idade. 
 
 
 
 
Detalhes morfológicos entre avestruzes machos e fêmeas Avestruz macho Avestruz fêmea 
 
 
Detalhe dos Dedos 
 
O avestruz possui apenas dois dedos, diferindo da ema, que tem três. É dotado de um par 
de asas rudimentares, as quais não possui amplitude para vôo, mas auxiliam no equilíbrio 
do animal nas corridas. Esta ave pode alcançar velocidades de até 80 Km/h, conseguindo 
manter um ritmo de 30 Km/h durante 4 horas. Possui temperatura corporal entre 38,5 a 
39ºC (é uma temperatura baixa para uma ave; a galinha, por exemplo, tem uma 
temperatura corporal em torno de 41ºC). É dotado de um aparelho digestivo, que se inicia 
no bico, seguindo pela faringe, esôfago, não apresentando papo (comum nas aves 
Neognatas), com dois estômagos, um glandular e outro musculoso, um duodeno com 
intensa atividade microbiológica (o que promove um elevado aproveitamento da fibra 
vegetal), intestino delgado longo, intestino grosso (dotado de dois cecos bem 
desenvolvidos), encerrando na cloaca. As fezes são excretadas separadas da urina, a 
qual apresenta parte líquida e parte sólida. É um animal que não sente o paladar dos 
alimentos. 
 
 
 
 
Raio X. 
 
São aves sociáveis, vivem em bandos. Na natureza, vivem em conjunto com outros 
animais. Seu comportamento se modifica por ocasião do período reprodutivo, quando 
alguns machos e fêmeas dominantes tomam atitudes agressivas. Seu comportamento 
agressivo é manifestado através de chutes que são bastante perigosos. 
 
Podem ser agrupados para acasalamento em colônias, em pares ou trios (duas fêmeas e 
um macho), onde uma das fêmeas é dominante (o macho a escolhe). Há uma difícil 
coabitação entre machos adultos, ou seja, numa criação comercial, os grupos devem ficar 
em piquetes separados. Na natureza, os machos chocam os ovos à noite, as fêmeas 
durante o dia. 
 
A idade que exige maior atenção é do nascimento aos três meses, freqüentemente com 
maior taxa de mortalidade até as 4 semanas (DEEMING et al. 1993). Até os 3 meses de 
idade, devem ser alojados em galpão coberto, arejado, onde permanecerão durante a 
noite e por ocasião das chuvas. Anexo aos galpões, há a necessidade de piquetes para 
exercício das avezinhas, fundamental para o seu bom desenvolvimento. 
 
A avestruz é um animal que vive e se reproduz em áreas semi-áridas, podendo vir a ser 
criado nos campos, cerrados e caatingas, sem necessitar desmatamento. 
 
Os seus predadores na natureza são lagartos, gaviões, cachorro do mato, raposa e outros 
que poderiam pisar nos ninhos. 
 
 
CRIAÇÃO INTENSIVA - INSTALAÇÕES 
 
A criação de avestruzes é dividida em 3 fases: inicial, de crescimento e de reprodução. A 
fase inicial compreende do nascimento até os três meses de idade. Em seguida, a fase de 
crescimento que vai até os 24 a 30 meses. Finalizando, a fase de reprodução, quando as 
aves iniciam sua vida reprodutiva. 
 
Os filhotes até três meses de idade necessitam de calor artificial e abrigo durante a noite 
e nos dias de chuva. Depois dos 3 meses, já podem permanecer em piquete sem abrigo, 
pois já adquiriram resistência aos intempéries. Para que os filhotes possam exercitar-se e 
tomar sol, o ideal é que o abrigo seja anexo a um piquete cercado. 
 
Estudos mais recentes apontam para a criação de filhotes até 90 – 100 dias de idade em 
criadouros migratórios. Os criadouros migratórios são instalações simples, construídos em 
estrutura metálica, semelhantes a estufas agrícolas, e revestidos com lonas plásticas 
translúcida ou leitosa, colocada diretamente sobre área de pasto, revestindo o piso do 
abrigo e área de piquete com tela de sombrite, evitando o consumo do capim, porém 
proporcionando um piso confortável e boa drenagem da urina. Por se tratar de uma 
instalação de baixo peso, permite ao tratador a mudança do criadouro de lugar, 
promovendo a desinfecção da área anteriormente coberta através da luz solar e aeração. 
O período de permanência do criadouro no mesmo local é de 2 a 3 dias, devendo a área 
permanecer em descanso por um período mínimo de 7 dias. O criadouro nas dimensões 
4m por 4m, permite manter até 60 filhotes nos primeiros 45 dias e após este período, 
monte outro abrigo e divida a lotação. O piquete externo possui a mesma área do abrigo, 
delimitadocom tela de 80 cm de altura e parte do mesmo deve estar sombreada. Neste 
tipo de instalação, comedouros e bebedouros mais usados são os manuais. 
 
 
 
Detalhes de um criadouro migratório: abrigo e piquete externo 
 
Após os 3 meses de idade os avestruzes podem ser criadas em piquetes sem abrigo com 
área disponível de no mínimo 50m² por ave. Pode-se montar piquetes exclusivos para 
esta fase ou montar definitivamente os piquetes de reprodução, diminuindo a lotação dos 
mesmos com o crescimento das aves. 
 
 
Aves com 6 meses de idade. 
 
As instalações dos adultos exigem cercas bem mais simples, feitas de arame liso com 
quatro fios, de 1,5 a 1,8 m de altura, mourões espaçados a cada 4 metros, com um 
balancim entre os mourões. Os piquetes de casais reprodutores podem ser construídos 
um ao lado do outro, mas, mantendo um corredor separando os mesmos, com largura 
mínima de dois metros. O corredor tem o objetivo de evitar brigas de contato entre os 
machos e também facilitar o manejo entre os piquetes, já que a experiência vem 
mostrando uma criação mais eficiente em piquetes mais retangulares, e que o avestruz 
tem o hábito de caminhar principalmente no perímetro do piquete. Piquetes mais 
retangulares e mais estreitos apresentam maior metragem linear, o que aumenta o 
espaço de percurso da ave. Um Piquete de 50m x 20m tem 140 metros lineares e um 
piquete de 10m x 100m tem 220 metros lineares (e ambos são de 1000 metros 
quadrados). Cochos de água e ração devem ser instalados em posições opostas, o que 
evita o avestruz sujar a água com resíduos de alimento. Os cochos de água podem ser 
manuais ou automáticos, devendo lembrar sempre que as aves necessitam de água a 
vontade e de boa qualidade. 
 
 
Piquetes para reprodutores. 
 
À esquerda, modelo de cocho de água automático, construído com tambor de plástico, 
adaptado uma protegida por uma tábua; à direita, cocho de ração e volumoso construído com 
tambor de plástico. 
 
Não se deve usar arame farpado ou tela de alambrado na construção dos piquetes, pois o 
arame farpado pode causar lesões no animal, e na tela de alambrado o avestruz pode 
enroscar a cabeça no vão da tela podendo morrer por enforcamento. A prática demonstra 
também que piquetes feitos com arame liso com mais de 4 fios também podem causar 
acidentes por enforcamento. 
 
Avestruzes criadas em piquete com 
tela de alambrado. Atualmente, esta 
prática é pouco recomendada. 
 
MANEJO NAS INSTALAÇÕES: 
Os avestruzes comportam-se de forma imprevisível em diferentes situações de manejo. 
Os machos, em particular, durante a estação de reprodução podem ter comportamento 
muito agressivo, o mesmo podendo ocorrer com algumas fêmeas adultas, tornando-se tão 
agressivas quanto os machos. Lembrando sempre da imprevisibilidade do comportamento 
do animal, deve-se tomar os devidos cuidados: as pessoas não devem entrar nos 
piquetes sem um gancho de manejo para conter, caso se faça necessário, as aves 
agressivas. Os filhotes e a maioria das aves adultas são facilmente controlados por uma 
ou duas pessoas. 
 
Para o manejo dos adultos é importante a utilização do gancho de manejo e de um capuz 
colocado sobre a cabeça do avestruz porque, de olhos vedados, tornam-se mais dóceis. 
No entanto, o capuz deve permitir a entrada suficiente de ar para que a ave possa respirar 
livremente. O uso do capuz todas as vezes que for segurar as aves, desde filhotes, faz 
com que elas se habituem, reduzindo o stress. 
 
À esquerda, modelo de gancho de manejo para captura e defesa; à direita, gancho de manejo para captura; ambos 
modelos disponíveis no mercado. 
 
Por outro lado, é preciso evitar o stress, que é um dos fatores mais importantes a ser 
considerado na criação de avestruz. Para reduzir o stress, é necessário observar 
cuidadosamente a ventilação, a nutrição, a medicação em excesso, a densidade 
populacional, o transporte e o manejo. É comum os animais se habituarem com o tratador 
e com o ambiente onde estão alojados; portanto, deve-se evitar mudanças que possam 
levar a situações de stress e acidentes. Habituar o tratador a usar uniformes de mesma 
cor auxilia bastante contra o stress, principalmente nos períodos inicial e de postura. 
 
As aves podem ser presas, usando um brete ou capturadas com o gancho de manejo. Na 
hora de capturar, leve um grupo de aves para dentro do pátio de manejo, mesmo que 
apenas algumas delas devam ser capturadas. Elas devem ser tocadas e cercadas num 
canto do pátio. Então, a pessoa que vai fazer a captura deve se aproximar calmamente, 
com o gancho de manejo e com a ajuda de dois ou três auxiliares. A aproximação deve 
ser feita pela lateral ou por trás, para evitar os chutes defensivos do avestruz. Então, o 
pescoço é preso pelo gancho de manejo, na junção da cabeça, puxando, sem torcer, pois 
o pescoço quebra facilmente. 
 
 
Modelo de brete de contenção. 
 
Os auxiliares ajudam a segurar o animal, um na cauda e um em cada asa, enquanto é 
colocado o capuz na cabeça. Deve-se ter cuidado para que a ave não caia com o gancho 
em volta do pescoço. Faz-se então o manejo desejado ou o animal é conduzido ao 
transporte. 
 
Para um transporte mais seguro, algumas condições devem ser levadas em 
consideração: 
• Par de aves jovens - recomenda-se uma área de 1,2 m por 0,9 m, e altura suficiente 
para permitir que as aves fiquem de pé sem desconforto. Este recinto de transporte deve 
ser delimitado por grades, ou tabiques de madeira no formato de uma gaiola, sem 
saliências ou fendas que possam ferir as aves e com piso que não seja escorregadio, 
podendo ser forrado com uma boa camada de feno. 
• Cobrir a “gaiola” com lona durante todo o transporte para que seu interior fique o mais 
escuro possível e, ao mesmo tempo, permita uma ampla ventilação. Se for por poucas 
horas, não fornecer ração durante o transporte, apenas água para refrescar as aves que 
ficarem quentes e estressadas. 
• De preferência, o transporte das aves deve ser efetuado no período da noite, quando é 
mais fresco e as aves ficam mais calmas e descansam. Áreas intensamente iluminadas 
devem ser evitadas, pois a luz estimula as aves a pular subitamente, o que pode causar 
ferimentos. 
• Ao chegar ao destino, retira-se a lona para que os animais se acostumem com a luz, 
estimulando-os também a ficarem em pé durante 15 a 20 minutos antes do desembarque. 
Evitar introduzir as aves em piquetes estranhos durante a noite, pois, após serem soltas, 
elas podem correr em qualquer direção e ir ao encontro de objetos ou cercas. 
• Após o transporte, alimento e água devem estar disponíveis. 
• O transporte de ovos também requer alguns cuidados. Eles devem ser limpos e 
embrulhados individualmente em panos ou em papel macio, colocados numa caixa ou 
outro recipiente, com o lado da câmara de ar voltada para cima e transportado sob 
temperatura de aproximadamente 15 a 18ºC. O transporte descuidado dos ovos pode 
quebrá-los, ou causar deslocamento do embrião, levando a perdas por baixa 
eclodibilidade. 
 
Ao planejar a estrutura da propriedade, levar em consideração os cursos d’água, a 
direção dos ventos e outras influências naturais. Esses fatores são importantes na 
implantação de quebra-ventos, corredores entre piquetes, localização de abrigos, cochos 
e bebedouros e melhor utilização de outras facilidades, como disponibilidade de água. 
- Galpão e piquete de quarentena e manejo sanitário: o IBAMA e o Ministério da 
Agricultura exigem uma área para quarentena dos animais introduzidos na propriedade. 
Mesmo que a quarentena seja feita em outro local, é muito importante ter na propriedade 
instalações para alojar animais vindos de outros criatórios, animais doentes da 
propriedade e que estejam sob tratamento ou observação. Um ambulatório veterinário 
onde possam ser realizadas pequenas cirurgias e algumas análises clínicas ou preparado 
os materiais para encaminhamento para exames (fezes, sangue, animais mortos para 
necropsia, por exemplo). Destina-se, portanto, a múltiplos usos. Devepossibilitar o 
manejo, inspeção, tratamentos e outros atendimentos às aves com grande presteza e 
rapidez. 
- Incubatório: o incubatório deve ficar localizado distante dos animais jovens (recria) e 
dos reprodutores, conforme as normas do Ministério da Agricultura. É formado por área 
de recepção e estocagem dos ovos, incubação, nascimento e lavagem das bandejas. 
 
Avestruzes em piquete de engorda 
 
ALIMENTAÇÃO 
 
Segundo GROEBBELS, 1932, as ratitas são consideradas animais onívoros. Os 
avestruzes selvagens são consumidores oportunistas de alimentos, comendo uma grande 
variedade de plantas, sementes, frutas, flores, brotos novos e insetos. Sendo nômades, 
percorrem grandes distâncias a procura de alimento, freqüentemente agrupando-se 
próximos a uma fonte de água ou comida. Praticam o coprofagismo (ingestão de fezes) 
em todas as idades, devendo este hábito ser atentamente observado, pois, sabe-se que, 
em caráter depravado, pode estar relacionado com stress de manejo e deve-se identificar 
a causa do distúrbio, além do que as fezes podem ser uma fonte de contaminação. 
 
Com a exploração comercial do avestruz, teve início em meados do século passado, uma 
série de estudos e propostas de regimes alimentares para esta ave, conforme literatura 
sul-africana. Entretanto, enquanto para outras espécies de aves para carne, tais como os 
frangos e perus, as exigências nutricionais estão bem definidas, as informações sobre a 
alimentação de avestruzes em cativeiro ainda estão em fase de intenso estudo. Na tabela 
que segue, são apresentados os níveis de nutrientes das rações comerciais para 
avestruzes disponíveis no mercado: 
Tabela: níveis de nutrientes típicos de rações para avestruzes (segundo 
MUIRHEAD, 1995): 
 INICIAL CRECIM. / MANUT. REPRODUÇÃO 
Proteínas (%) 18 – 24 16 - 20 14 - 20 
Fibras (%) 8 - 10 10 - 12 9 - 12 
Gordura (%) 3 – 8 3 - 6 3 - 5 
EM Kcal/Kg 2300 – 2600 2000 - 2400 2000 - 2300 
Cálcio (%) 1,2 - 2,0 1,2 - 1,8 2,0 - 3,5 
Fósforo (%) 0,9 - 1,2 0,85 - 1,2 1,0 - 1,2 
 
FILHOTES 
A alimentação vai depender do tipo de manejo e qualidade do pasto nos piquetes. Como 
recomendação geral, pode ser utilizado o esquema apresentado a seguir: 
• 0 a 45 dias: ração balanceada com 19% de proteína, oferecida a vontade, estando o 
filhote com calor e iluminação artificiais. Iniciar a alimentação logo após o nascimento. A 
prática de fornecimento de uma fonte de probiótico logo após o nascimento até duas 
semanas de idade vem demonstrando uma excelente resposta quanto a redução da 
mortalidade dos filhotes. A suplementação com verde picado em partes bem pequenas (2 
a 3 mm), fornecido em quantidade a ser ingerida pelos filhotes em 15 minutos de 
exposição, 3 vezes ao dia, de preferência da mesma espécie de forrageira encontrada no 
piquete em que o avestruz será confinado após 45 dias de idade; 
• 45 a 90 dias: ração balanceada oferecida a vontade e suplementada com o pasto do 
piquete; 
• Após 3 meses: fornecimento de ração de forma controlada, suplementada com feno 
triturado de leguminosas, capim picado e pasto. 
 
O acesso ao verde picado oferecido por 15 minutos, 3 vezes ao dia, até os 45 dias de 
idade, ajuda a treinar os filhotes a pastar e ainda promover uma função intestinal sadia. O 
limite sugerido de alimentos ricos em fibras longas é para que não venha a desequilibrar 
seriamente a absorção de cálcio e fósforo. A alfafa, por exemplo, tem relação 
cálcio/fósforo = 6:1. A redução nos níveis de proteína é necessária para evitar excessivo 
ganho de peso nesta fase, o que pode contribuir para o aparecimento da síndrome do 
entortamento das pernas (teoria), apesar de que atualmente, acredita-se que o 
entortamento de pernas e o entortamento de dedos estejam relacionados mais com 
questões de piso das instalações do que alimentação isoladamente. 
 
Deverá ser oferecida, em todas as faixas etárias, granito ou pedrinhas (variando a 
granulação de acordo com o tamanho da ave) para auxiliar na digestão. Não deve ser 
utilizado farinha de ostras para não desequilibrar a relação Ca:P. Uma maneira prática de 
se determinar a granulometria das pedrinhas para cada faixa de idade, basta calcular pela 
metade do tamanho da unha do dedo da ave. 
 
A recusa dos filhotes ao alimento ou à água pode ser superada através de uma das 
seguintes técnicas: 
 
• Introduzir filhotes mais velhos (duas a três semanas de idade) junto aos recém-
nascidos; 
• Acrescentar alimento verde picado, como, por exemplo, o próprio pasto, grama, 
espinafre, beldroega, couve ou alfafa ao alimento; 
• Espalhar um punhado de ração no piso e ao redor do comedouro. Os filhotes preferem 
a cor verde e não sabem comer nos comedouros. Aos poucos, reduzir a área com 
alimento no chão para mais próximo do comedouro. 
 
 
AVES COM MAIS DE TRÊS MESES: 
 
É uma fase de crescimento muito rápida. O consumo de alimento é de 0,5Kg/dia as seis 
semanas de idade, aumentando gradativamente até os 2Kg/dia, com ganhos em peso 
variando de 100 a 400g/dia. Aproximadamente dos 14 aos 18 meses de idade, o avestruz 
deve atingir o pleno desenvolvimento de seu corpo, sendo que, a partir daí, será 
necessário alimento apenas para manutenção. Na tabela que segue, são apresentados os 
valores médios de ingestão de alimentos e ganho em peso de avestruzes de 6 a 50 
semanas de idade. 
 
Tabela: valores médios de ganho de peso e ingestão de alimentos: 
IDADE (SEMANAS) 6 8 10 14 18 22 26 30 34 38 42 46 50 
PESO (Kg) 5,9 11,3 16,1 28,6 40,4 51,5 61,2 71,2 79,4 86,2 91,9 96,6 99,8 
INGESTÃO (Kg/DIA) 0,5 0,7 0,8 1,1 1,5 1,8 2,0 1,9 2,0 1,9 1,9 2,0 2,0 
G. PESO (Kg/DIA) 0,27 0,34 0,45 0,41 0,38 0,34 0,34 0,30 0,25 0,18 0,16 0,11 0,10 
 
Na tabela seguinte, é verificado a média de altura do avestruz por idade. 
 
Tabela: média de altura do avestruz por idade: 
IDADE (MESES) 1 2 3 4 5 6 
ALTURA (m) 0,5 a 0,7 0,65 a 1,2 0,9 a 1,65 1,0 a 1,8 1,4 a 2,0 1,75 
 
Após atingir a maturidade sexual em aproximadamente dois anos, as aves reprodutoras 
devem receber uma ração especial. As taxas alimentares exigidas dependerão das 
condições de pastagem, mas, como uma orientação, os machos e as fêmeas que não 
estão acasalando podem consumir aproximadamente 1 a 1,5 Kg de ração peletizada ao 
dia, e as poedeiras até 2 a 3 Kg e livre acesso a um volumoso de qualidade. A ração deve 
conter no máximo 16% de proteína. Recomendam-se pesagens periódicas para controle 
do peso dos reprodutores, pois aves com excesso de gordura podem diminuir o 
desempenho reprodutivo e também vir a morrer. 
 
No final do período de postura, deve-se fazer a restrição alimentar. Trata-se da redução 
do consumo de ração para níveis de até 0,5 Kg / ave / dia, mantendo o volumoso e água 
sempre a vontade, desta forma, forçando uma redução no peso e conseqüente 
desaceleração do metabolismo, encerrando definitivamente o período da postura. Esta 
prática vem demonstrando bons resultados na questão da economia no consumo de 
ração e a interrupção da postura no final da estação, pois, geralmente estes ovos 
apresentam baixa eclodibilidade. Desta forma, poupamos o organismo da ave para o 
próximo período de postura. 
 
CONSELHOS ÚTEIS: 
 
O controle da taxa de crescimento é essencial; o ganho excessivo de peso corporal é um 
dos fatores para surgimento de problemas de entortamento das pernas nos avestruzes 
jovens. Algumas restrições alimentares podem ser adotadas a partir de três semanas de 
idade para reduzir o ganho de peso. Portanto, é necessário a pesagem periódica dos 
filhotes com registro destas e de outras informações em fichas zootécnicas para auxiliar 
no controle da alimentação e de todo o sistema de criação. O criador deve sempre: 
• Fornecer água em quantidade e qualidade (um avestruz adulta chega a beber até 10 
litros de água por dia); 
• Manter o alimento fresco e os cochos limpos; 
• Diminuir os desperdícios; 
• Manter a suplementação da ração com fibras e pedriscos, a fim de assegurar função 
digestiva sadia e apetite. 
 
REPRODUÇÃO 
 
Avestruzes selvagens podem não atingir a maturidadeantes dos quatro anos. 
Geralmente, as fêmeas em cativeiro, recebendo alimento de qualidade e em quantidades 
adequadas, atingem a maturidade sexual em dois anos, enquanto os machos, na maioria 
das vezes, levam mais tempo para atingir esta maturidade (2,5 a 3 anos de idade). 
 
Em algumas regiões, a estação chuvosa dá início a estação de reprodução. No Sudeste 
do Brasil, a postura inicia em Julho-Agosto. Embora o avestruz seja uma ave sazonal, não 
é raro a fêmea pôr ovos durante todo o ano. A postura atinge o máximo na primavera 
(Setembro a Dezembro, no Hemisfério Sul), e depois cai até Fevereiro, quando ocorre 
pequeno pico de produção. 
 
As últimas observações práticas e informações colhidas em propriedades de criadores no 
Estado de São Paulo mostram que, apesar de as aves dependerem do fotoperíodo longo 
e das altas temperaturas como estímulos externos para a ovoposição, elas vêm 
procurando períodos de maior concentração de estiagens (dias secos). 
Conseqüentemente, a concentração de ovos na região centro-sul do Brasil vem ocorrendo 
principalmente de Junho a Novembro. Já, na região nordeste, algumas informações 
apontam para uma maior postura de Dezembro a Maio, com mais locais incidentes de 
aves com postura anual. 
 
O macho e a fêmea podem acasalar duas ou três vezes diariamente. A fêmea põe um ovo 
em dias alternados até completar 15 a 20 ovos. Após pequena pausa, de 7 a 10 dias, o 
ciclo recomeçará. O peso médio do ovo é de 1100 a 1600g. 
 
Uma fêmea saudável deve pôr durante cerca de 35 a 40 anos ou mais, e com produção 
de 15 a 70 ovos por ano (nos primeiros anos a postura é menor, tendendo a aumentar 
com a idade). Portanto, um avestruz é capaz de produzir cerca de 1600 ovos com 
sobrevivência de 640 descendentes de um ano, enquanto que uma vaca de corte, no 
máximo 8 a 12 bezerros durante a sua vida produtiva. 
 
A esquerda, fêmea em posição para receber o macho; a direita, macho em estimulação. 
 
Algumas aves podem botar até 120 ovos numa estação prolongada de postura. 
Entretanto, alguns fazendeiros da África do Sul preferem interromper a postura destas 
aves porque, segundo eles, os ovos mais tardios são menos férteis e na estação 
seguinte, a produção total diminuirá. A média ideal seria de 60 a 70 ovos por ano com 
uma interrupção de 60 a 90 dias entre os ciclos de postura. Este intervalo permitiria um 
descanso para a ave e um número satisfatório de ovos na estação seguinte, com alta 
percentagem de fertilidade. 
 
 
Postura em ambiente selvagem. 
 
Os machos e fêmeas devem ser separados 8 a 12 semanas antes do início da estação de 
reprodução e submetidos a uma dieta nas duas últimas semanas previstas para o início 
da reprodução, para redução do peso corporal. Os avestruzes gordas não têm bom 
desempenho reprodutivo. 
 
Como regra geral, o avestruz é acasalada aos pares, embora freqüentemente um macho 
forte e vigoroso seja colocado com duas fêmeas (trio). Em áreas extensas, pode ser 
adotado o sistema de colônias. "Como no Brasil, ainda não temos reprodutores com idade 
superior a 10 anos, acredito que o pico de fertilidade de machos e fêmeas aconteça após 
este período, quando muito mais machos atenderão mais que duas fêmeas, já que a vida 
útil dos mesmos supera os 40 anos em cativeiro"(Matos, 1999). 
 
 
PRODUÇÃO DE OVOS 
 
MANEJO DOS OVOS: 
 
A coleta dos ovos deve ser feita cuidadosamente e com freqüência para evitar 
contaminação e danos físicos. Deve ser realizada logo após a fêmea deixar o ninho e a 
película de mucina que envolve o ovo estar seca. 
 
No momento da coleta deve-se utilizar luvas cirúrgicas ou saco plástico para evitar o 
manuseio direto, o que pode contaminar o ovo. Devido ao formato arredondado do ovo do 
avestruz, a posição da câmara de ar não pode ser determinada na ocasião da coleta, 
portanto poderão ser transportados na posição horizontal. 
 
Para verificar defeitos nos ovos, usa-se o ovoscópio, aparelho projetado para observação 
da casca e do interior do ovo. Há vários modelos de ovoscópios, caseiros ou industriais, 
inclusive um sofisticado sistema acoplado a uma câmera de vídeo: 
• Trincas ou pequenas rachaduras que geralmente só são visíveis quando passados pelo 
ovoscópio. Ovos de preços elevados com pequenos defeitos podem ser reparados com 
esmalte de unhas ou cera de vela. Não é vantajoso reparar ovos com vazamento de 
material, pois eles dificilmente eclodirão; 
• Ovos velhos, com câmara de ar maior do que o normal e a gema densa; 
• Ovos com manchas de sangue e coloração rosa-pálido na clara; 
• Gemas múltiplas ou duplas, que embora possam ser férteis, raramente chocam; 
• Massa escura, que é característica de ovo contaminado e que deve ser 
cuidadosamente manipulado, pois corre o risco de estourar e contaminar o ambiente. 
 
 
Ovoscópio 
 
Qualquer ovo que apresente defeito antes ou durante a incubação deve ser removido 
imediatamente. Deve-se ter especial cuidado com a origem dos ovos, pois manejo 
inadequado dos ninhos e falhas no controle sanitário do plantel pode originar ovos com 
altas taxas de contaminação por fungos e bactérias, que, além de reduzir a eclodibilidade, 
resultam em morte dos filhotes nas primeiras semanas de vida. Os ovos contaminados 
podem rapidamente espalhar as infecções para os sadios. 
 
LIMPEZA DOS OVOS: 
 
Qualquer método de limpeza removerá pelo menos um pouco do filme de mucina que 
protege o ovo, tornando-o mais suscetível a contaminação ou infecção durante a 
incubação. 
 
Sujeira leve pode ser removida através de limpeza seca com uma lixa fina, tendo cuidado 
para não esfregar excessivamente os ovos. 
 
O ideal seria manter limpo o ninho e coletar os ovos freqüentemente para não ter ovos 
sujos. A lavagem só deve ser efetuada quando absolutamente necessária e, neste caso, 
utiliza-se água limpa e um desinfetante, observando-se as seguintes recomendações: 
• Manter a temperatura da solução de lavagem 10ºC mais quente do que os ovos; 
• Imersão total dos ovos na solução, procedendo-se a lavagem o mais rápido possível; 
• Enxaguar numa segunda solução ainda não utilizada; 
• Secar ao ar. 
 
A solução apresentada a seguir é de custo reduzido e muito eficaz como desinfetante e 
detergente tanto para lavagem dos ovos quanto para os equipamentos. Contém amônia 
quaternária 250ppm e EDTA 10ppm, e pH 8,0, com adição de carbonato de sódio. 
 
Solução estoque: 
1. Amônia Quaternária 10% 75g/litro d’água
2. EDTA 0,4% (sal dissódico ou cloreto de sódio) 3g/litro d’água
3. Carbonato de Sódio 4,2% 32g/litro d’água
 
As soluções a serem utilizadas na limpeza dos ovos e equipamentos são preparadas com 
a Solução Estoque e água, conforme diluições apresentadas a seguir: 
• Lavagem dos ovos: use 20ml da solução estoque em 1 litro d’água; 
• Lavagem dos equipamentos: use 40ml da solução estoque em 1 litro d’água. 
 
 
 
 
Atualmente, em países como os Estados Unidos e Austrália, há disponibilidade de 
soluções patenteadas para lavagem dos ovos. Um exemplo é o PARVOCID R, usado em 
soluções de 10ml/litro d’água. Outro produto bastante eficiente para desinfecções, e de 
caráter natural, é uma solução a base de Citrex a 3000ppm (princípio extraído de 
sementes de laranja), a qual pode ser borrifada em toda a superfície dos ovos, sem risco 
de comprometimento do embrião, atuando como agente bactericida e fungicida. 
 
A fumigação pode ser feita com o gás formaldeído; porém, como ele potencialmente pode 
causar câncer, torna-se obrigatório uma ventilação adequada no ambiente onde é 
utilizado. A imersão dos ovos em antibiótico é uma prática que está se tornando 
amplamente empregada e pode ser útil no controle de doenças, embora não seja um 
substituto para a lavagem dos ovos. Uma solução recém preparada de mistura de 
antibióticos vai penetrar no ovo, através dos poros da casca, podendo ser usada tanto em 
tanque comum como a vácuo. 
 
ARMAZENAGEM: 
 
Os ovos podem ser armazenados com êxito por 5 a 10 dias, o que possibilita incubar de 
uma só vez a postura de uma semana. A concentração do nascimentouma vez por 
semana reduz as pressões de manejo. 
 
Na sala de estocagem ou armazenagem ou câmara fria, a temperatura deverá ser de 15 a 
18ºC e a umidade relativa mantida a 70 a 75%. Nas temperaturas superiores a 20ºC, o 
embrião pode começar a desenvolver-se, sendo elevada a mortalidade quando cai a 
temperatura. 
 
 
Estocagem de ovos na câmara fria. 
 
A sala de estocagem dos ovos deve ser arejada e provida com sistema de circulação de 
ar para evitar o crescimento de fungos, que podem ser letais aos embriões em 
desenvolvimento. 
 
É recomendável viragem dos ovos pelo menos uma vez ao dia, durante a armazenagem 
para evitar a aderência de seu conteúdo à casca. 
 
As pessoas que manipulam os ovos devem lavar bem as mãos antes de cada contato 
com eles, pois a higiene é fundamental durante todas as fases da operação. O ideal é que 
usem luvas descartáveis. As mesmas, jamais devem ter contato com as aves e em 
seguida manipular os ovos, pois correm o risco de contaminação. 
 
Ovos estocados a temperaturas baixas não devem ser colocados diretamente dentro de 
uma incubadora aquecida para evitar choque térmico. Recomenda-se o pré-aquecimento 
que pode ser facilmente efetuado, transferindo-se os ovos da câmara fria para a sala de 
incubação e expostos a temperatura ambiente por 8 a 12 horas, antes de serem 
colocados na incubadora. 
 
INCUBAÇÃO: 
 
Recomenda-se incubar os ovos após pelo menos 24 horas de postura. 
 
É muito importante realizar a desinfecção da incubadora antes de cada incubação. 
 
Há divergências entre especialistas quanto a colocar os ovos na posição vertical com a 
câmara de ar para cima ou horizontalmente. Pesquisas recentes indicam que os melhores 
resultados com ovos de avestruz são obtidos quando na posição vertical e com inclinação 
de 45 graus. 
 
AZEREDO, 1992, relata a possibilidade de eclosão de até 100% quando ovos de ratitas 
são incubados artificialmente. 
 
 
Modelos de incubadora para ratitas; à esquerda, uma incubadora-nascedora alemã e à direita, uma 
incubadora nacional. 
 
A temperatura na incubadora deve ser de 35,5 a 36,7ºC (36,4°C). Umidade Relativa (UR) 
de 20 a 45%, em função do peso, formato e número de poros na casca dos ovos, e 
deverá ser regulada de acordo com a perda de peso dos ovos durante o período de 
incubação. Quando há grande número de ovos com pesos e formatos diversos, 
recomenda-se ter de três a quatro incubadoras com regulagens diferentes de umidade. 
Semanalmente, os ovos serão pesados, e calculada a perda de peso que deverá ser de 
12 a 17% (ideal 15%). Ovos com perda maior ou menor que estes valores devem ser 
remanejados para incubadoras com maior ou menor umidade, conforme o caso. Em geral, 
requerem umidade maior os ovos de formato alongado, leves e de maior porosidade (30 a 
40% de UR), e menor umidade os ovos redondos, pesados e com menor número de 
poros (20 a 22% de UR). Uma das formas de calcular a perda de peso é aplicando a 
fórmula: 
 
%PP = {[(PI-PD)/nD]/PI} . 36 . 100 
 
Sendo: 
• PP = perda de peso; 
• PI = peso inicial, no dia do início da incubação; 
• PD = peso no dia da pesagem; 
• nD = número de dias do início da incubação até o dia da pesagem. 
 
Umidade muito alta, geralmente resulta em alta porcentagem de não eclosão e pintos 
maiores com aderências e sangue. Umidade baixa resulta em pintos muito pequenos, 
fracos, elevada mortalidade na casca e câmara de ar muito grande. 
 
O período de incubação dos ovos de avestruz é de aproximadamente 42 dias. Os ovos 
devem ser virados pelo menos três vezes ao dia. A viragem deve ser interrompida 
aproximadamente no 39º dia, quando o espaço da câmara de ar se encontrar bastante 
aumentado e o avestruzinho tiver perfurado a membrana da câmara de ar, o que deve ser 
determinado observando-se o ovo no ovoscópio. Nesta ocasião, os ovos são transferidos 
para o nascedouro. Aproximadamente no 41º dia, o pintinho passa a ocupar quase o ovo 
todo, perfurando a casca dentro de aproximadamente 24 horas. A ovoscopia, ou seja, a 
observação do embrião dentro do ovo deve ser feita semanalmente até o 39º e 
diariamente após, até a eclosão. 
 
A observação sistemática dos ovos na incubadora é muito importante. Ovos inviáveis 
podem adquirir tonalidade e temperatura diferentes, devendo ser descartados 
prontamente, de modo a não prejudicarem os demais. Toda manipulação de ovos, viáveis 
ou não, deve ser feita com cuidados de assepsia. Um ovo inviável é fonte de 
contaminação para todos os outros e para a incubadora. Os ovos viáveis devem ser 
poupados de substâncias contaminantes. 
 
 
 
 
Ovoscopia: detalhe na parte superior da 
câmara de ar e no lado direito a sombra 
do embrião. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fases de desenvolvimento do embrião. 
 
Os filhotes de avestruz abrem caminho através da casca, que é relativamente resistente, 
usando as pernas e os grandes dedos. É a diminuição do nível de oxigênio dentro do ovo 
que faz com que o pintinho tenha convulsões e quebre a casca. 
 
No 42º dia, o criador deve marcar aqueles ovos nos quais os filhotes já romperam a 
membrana da casca; porém, não deve tentar ajudar os outros que ainda não o fizeram. 
Ocorrem mais perdas de filhotes intervindo-se no processo de eclosão do que deixando 
os ovos eclodirem naturalmente. 
 
Ao final do 43º dia, uma pessoa qualificada deve examinar os ovos não eclodidos para 
então decidir quando ajudar neste processo. O auxílio consiste em dar pancadinhas de 
leve na parte superior até ouvir um som oco. Neste ponto, o operador cuidadosamente 
quebra a casca, removendo-a para ver se o pintinho está em posição normal, com o bico 
exatamente acima do dedo. Se estiver em posição normal, deve-se deixá-lo sair sozinho. 
Se não, deve-se auxiliar na liberação do pintinho. BURNING & DOLENSEK, 1986, citam 
que muitas pessoas ficam impacientes neste ponto e tentam descolar a casca e as 
membranas do filhote. Ao fazer isto, deve-se tomar muito cuidado, pois vasos sangüíneos 
podem se romper ou, perdendo a possibilidade de se esforçar, o filhote poderá não 
absorver totalmente o saco vitelino e morrer depois. 
 
Como parâmetro de melhoramento genético, deve-se anotar na ficha zootécnica da ave 
quando a mesma for auxiliada no momento da eclosão e descartá-la da reprodução. 
 
 
 
Etapas da eclosão. 
 
Durante a eclosão, a umidade relativa deve deverá ser mantida, no mínimo, em torno de 
80%. Se as membranas estiverem secando e aderindo ao filhote, os ovos devem ser 
borrifados com um fino spray d’água. Ao contrário da maioria das aves que, girando seu 
corpo vagarosamente dentro do ovo, desenham um círculo na ponta maior da casca até 
abrir uma calota, empurrando-a depois para nascerem, as aves ratitas não fazem a 
incisão circular. Após perfurarem a casca, os filhotes descansam um pouco, depois 
esticam suas pernas poderosas e “explodem” para fora do ovo, deixando-o em pedaços. 
 
Uma vez que eles tenham nascido, deve-se permitir que se enxuguem por algumas horas 
numa estufa ou incubadora a 32,2ºC. Depois serão colocados num recinto onde não 
possam distanciar-se muito de uma fonte de calor, geralmente uma resistência elétrica ou 
uma campânula a gás, jamais lâmpadas. As lâmpadas alteram o ritmo circadiano das 
avezinhas e podem provocar o surgimento de canibalismo. Criadeiras, cercados ou 
caixotes de 1m por 1,5m podem ser empregados no cativeiro para este fim, devendo-se 
tomar todo o cuidado em utilizar material apropriado para o piso dos locais onde se 
encontram os filhotes, principalmente nos primeiros dias de vida. Nunca se devem utilizar 
pisos lisos, para evitar escorregões e problemas com as pernas dos filhotes. Pisos 
cobertos com areia e serragem são proibidos, pois, ao serem ingeridos pelos 
avestruzinhos, provocam impactação e morte. 
 
Logo após o nascimento e durante três dias seguintes, recomenda-se tratar o umbigo com 
solução de álcool iodado para evitar infecções localizadas ou sistêmicas. 
 
Saco da gema infeccionado; dentre as 
possíveis causas, o não tratamento do 
umbigo."Imediatamente após o nascimento, a administração por via oral de uma fonte probiótica 
(iogurte natural, na quantidade de uma colher das de chá por ave, repetindo após por até 
20 dias), vem demonstrando uma sensível redução no número de aves que morrem nos 
primeiros dias de vida. Avestruzes precisam rapidamente povoar seu trato digestivo com 
bactérias benéficas, o que lhes garantirá uma resistência maior contra as doenças que 
podem ocorrer na fase inicial” (Matos, 2000). “Recentes práticas utilizando cupins 
macerados, oferecidos logo após o nascimento, vem apresentando um excelente 
resultado como agente probiótico” (Matos, 2004). 
 
 
CRIAÇÃO DOS FILHOTES 
 
Os filhotes podem sobreviver sem alimento e sem água por aproximadamente 6 a 10 dias, 
dependendo das reservas do saco da gema; mas esta característica não deve ser 
explorada na criação comercial, devendo fornecer água e alimento já no 1º dia de vida. 
Durante este período, as aves são ensinadas a encontrar alimento e água que devem 
estar acessíveis. 
 
Filhotes com 7 dias de idade, transferidos para 
o abrigo maternidade. Detalhe do cocho de 
ração e da fonte de calor (campânula a gás). 
 
 
O controle da temperatura ambiente é essencial para os filhotes jovens. Os mesmos tipos 
de fontes de calor empregados na criação de aves domésticas podem ser utilizados. Se a 
temperatura não está elevada o suficiente, o filhote ficará estressado e poderá sucumbir à 
infecção respiratória. Para evitar superaquecimento, é necessário que os filhotes sejam 
capazes de afastar da fonte de calor. 
 
A água, fornecida a vontade e de boa qualidade são fatores de extrema importância na 
criação. A falta da mesma causa desidratação, principalmente na fase inicial, quando a 
temperatura interna das instalações é mais elevada por causa do aquecimento artificial 
(cerca de 29ºC). Uma maneira de identificar a baixa hidratação em filhotes é “espichando” 
a pele do pescoço, que no caso de uma ave hidratada deve retornar imediatamente, e, 
em caso contrário, a mesma permanece esticada por alguns segundos. 
 
Após a eclosão, os filhotes comem qualquer alimento macio e podem ser alimentados 
com alfafa picadinha ou outro capim picado. O fornecimento de uma quantidade limitada 
de alimentos verdes em pequenos intervalos, usualmente permitirá aos filhotes comê-los 
antes que murchem. 
 
A aparência das fezes e da urina dos filhotes usualmente indica seu estado de saúde. As 
fezes devem ser macias, não muito secas ou granuladas como as de carneiro. A urina 
deve ser aquosa (rala) e não pegajosa. 
 
A cor da barriga é outra indicação de saúde. Ela deve ser amarelo cremoso. 
 
Os filhotes devem ser pesados regularmente. A perda de peso inicial deve se estabilizar 
em torno do 5º dia de vida, para depois iniciar um ganho de peso bem vagaroso. 
 
O exercício é muito importante para o bem estar dos filhotes e, se o tempo permitir, deve-
se deixar as aves no pátio externo à luz solar. 
 
Em nível de manejo, é importante também agrupá-las de acordo com o tamanho e idade. 
 
ALIMENTAÇÃO: 
Em alguns casos, os filhotes não começam a comer. Para estimulá-los, é recomendável 
colocar filhotes mais velhos juntamente com os filhotinhos e esparramar uns punhados de 
ração em volta do comedouro. Em alguns criatórios, também usam-se coelhos ou cabritos 
para estimularem os filhotes ao consumo de ração e também compensar a ausência dos 
pais, que para os avestruzes é bastante influente. 
 
A impactação proveniente de areia, pedregulho, cascalho ou vegetais, pode ser um 
problema para os filhotinhos. Ela está relacionada a tendência do avestruz em ingerir 
matéria estranha de seu ambiente. Há uma alta incidência de impactação em filhotes com 
menos de duas semanas de idade, provocada pelo capim. Os filhotes com menos de 5 
meses de idade, inclusive, não devem ficar em piquetes com árvores, pois eles apanham 
galhos. Para evitar a impactação, o material usado no piso dos piquetes de criação deve 
ser relativamente leve e fino. Práticas mais recentes apontam o uso de tela de sombrite 
ou similar cobrindo toda a área do piquete, para impedir o consumo de materiais diversos 
pelas aves jovens (até 90 – 100 dias de idade). Lembre-se que neste caso, deve-se 
manter o fornecimento de uma fonte de volumoso para os filhotes. 
 
No avestruz adulto, a impactação com areia e pedregulho (cascalho) é relativamente 
comum. Para impactações com areia, sujeira ou alimento, o tratamento é feito, utilizando-
se eletrólitos orais e suplementação de energia. Para prevenir impactação por corpos 
estranhos nas aves adultas, deve-se remover materiais estranhos dos piquetes, como 
pedaços de arames. 
 
Excluindo a ingestão de materiais brilhantes, prego, etc., está provado que o maior fator 
para a impactação por capins, areia e outros produtos normais nas instalações, ou seja, o 
consumo excessivo destes produtos seria um distúrbio na alimentação provocado por 
situações de stress. 
 
Para estimulação do desenvolvimento normal dos filhotes, é fundamental que eles tenham 
um espaço adequado no qual possam se exercitar. Nas savanas, os filhotes com menos 
de três meses de idade viajam 8 a 30 quilômetros por dia seguindo seus pais. 
 
 Empregar pais adotivos para motivar o exercício dos filhotes causa menos stress do que 
quando estes são forçados pelos proprietários das aves a se exercitarem. Na África do 
Sul, pais adotivos são usados para ajudar a criar os filhotes e assegurar exercício 
apropriado. Geralmente, as aves escolhidas como pais adotivos são mais velhas, dóceis, 
de fácil manejo e não ficam estressadas facilmente. Os filhotes mais velhos também 
tendem a ajudar os filhotes mais jovens introduzidos no rebanho. 
 
Os filhotes se acostumam com o tratador, reconhecendo o mesmo com um semelhante 
da sua espécie (memória por impressão), principalmente quando os filhotes nascem em 
cativeiro e não tiveram contato com animais adultos. Neste caso, observou-se que os 
filhotes ficam piando, principalmente a noite, sentindo a falta do tratador. Alguns estudos 
mostram que, mantendo um macacão do tratador, pendurado dentro do abrigo 
maternidade, transferem segurança às avezinhas, reduzindo o stress durante a noite. 
 
 
Um macacão do tratador pendurado na 
forma de um “espantalho” parece 
reduzir o stress dos filhotes pela 
ausência do pai adotivo. Foto tirada em 
criatório na África do Sul. 
 
 
SEXAGEM: 
Usualmente, o sexo dos filhotes é determinado aos três ou quatro meses de idade. Para 
facilitar a localização dos órgãos da ave dentro da cloaca, sem que seja necessária sua 
inversão, pode-se considerar o posicionamento conforme os ponteiros de um relógio. 
Com a ajuda de um assistente segurando a ave, que está normalmente em pé, o 
operador introduz o dedo indicador dentro da cloaca e passa o dedo na posição de 5 ao 9 
do relógio. Se a ave for fêmea, uma protuberância uniforme carnuda e macia, do tamanho 
de uma semente de ervilha, será percebido na posição de 6 horas. A protuberância é o 
clitóris. Se a ave for macho, um órgão firme e cartilaginoso será percebido na posição de 
7 horas. O órgão é o falo (pênis) que mede em torno de 2cm de comprimento, aos quatro 
meses de idade. 
 
Na técnica da sexgem pela reversão da cloaca, o pênis do macho geralmente projeta-se 
para fora, e curva-se para cima. Este método é mais fácil de ser executado em aves mais 
novas, nas primeiras semanas de vida, com acurácia de 90%, quando realizado por 
pessoas com certa prática, repetindo-se o exame aos 3 meses de idade para confirmação 
da sexagem. 
 
 
Sexagem de um filhote com cerca de 5 dias de 
idade; observe pela reversão da cloaca a exposição 
do falo (pênis), confirmando o sexo (macho). 
 
Freqüentemente, o sexo das aves com nove ou mais meses de idade, pode ser 
determinado pela observação dos atos de urinar e defecar, pois o pênis aparece ao 
desempenhar tais funções. 
 
Existe também disponível no mercado Norte Americano um método de sexagem pelo 
DNA através de amostra de sangue.Ao contrário de outras aves, no avestruz, as fezes e a urina são separadas. 
 
MARCAÇÃO: 
Os avestruzes podem ser marcadas por métodos provisórios e definitivos. Um método de 
marcação revolucionário é através da microchipagem, que consiste na implantação de um 
microchip no músculo da cabeça da ave, padronizando do lado esquerdo (feito no dia do 
nascimento), ou na cauda (feito em qualquer idade), o qual é reconhecido por um leitor, 
que informa a numeração do chip daquele animal. Este número, que nunca se repete, é a 
identidade da ave, onde através de planilhas de controle zootécnico (informatizadas ou 
não), fazemos o acompanhamento do manejo do animal sempre que necessário. Algumas 
vantagens do método podem ser citadas: facilidade de uso do sistema; marcação 
permanente, com baixíssimo risco de perder o chip (a vida-útil da bateria do chip é de 
cerca de 20 anos); fácil identificação em caso de roubo de um animal. O custo do uso 
deste método de marcação talvez viabilize apenas para animais reprodutores, mas, 
apesar de inicialmente ser caro (cerca de US$ 400.00 um leitor e cerca de US$ 10.00 um 
microchip), se encarado como custo fixo, a amortização anual é bastante baixa. 
 
À esquerda, foto detalhando o músculo da cabeça, hipertrofiado, logo nas primeiras horas de 
vida, momento mais adequado para a implantação do microchip; à direita, tratadora fazendo a 
leitura do microchip já implantado no filhote. 
 
O Ministério da Agricultura determina que todos os animais exóticos introduzidos no Brasil 
venham microchipados da sua origem. O avestruz importada enquadra-se nesta 
determinação. 
 
Outro método de marcação, e, certamente mais barato que o anteriormente citado, é a 
marcação com brinco de bovinos inserido na pele do pescoço, perto da base, o qual tem 
registrado um número que identifica o animal. Pode ser usado de duas cores diferentes, 
para distinção de machos e fêmeas. Dê preferência ao uso de brincos com tonalidade 
mais opaca, e não use o vermelho e nem o amarelo vivo. Uma grande vantagem deste 
método é o custo, e uma desvantagem é a chance de ficar mal colocado e cair 
posteriormente. Já se encontra no mercado brincos especiais para avestruzes (cuidado 
com a cor dos brincos, pois os fabricantes desconhecem este detalhe) e cintas para 
serem usadas acima da articulação da “canela”. 
 
O uso de fitas adesivas coloridas nas pernas dos animais seria um método de marcação 
provisório, com a intenção de identificar um animal em terapia, por exemplo, ou 
convalescente, etc. 
 
FICHAS ZOOTÉCNICAS OU DE CONTROLE: 
 
O uso de fichas de controle visam acompanhar o desenvolvimento dos avestruzes, além 
de registrar seu desenvolvimento ponderal e histórico veterinário. Existem vários modelos 
de fichas, as quais também podem ser criadas pelo fazendeiro, além de poder utilizar os 
recursos da informática e de possíveis programas de controle de planteis de avestruzes 
que podem ser desenvolvidos ou já existentes no mercado. 
 
 
CUIDADOS MÉDICOS 
 
“Consulte sempre um médico veterinário especializado para um correto diagnóstico” 
 
CONTENÇÃO: 
 
A contenção manual de ratitas é potencialmente perigosa, tanto para o tratador como para 
o animal. As aves ratitas reagem rapidamente quando se sentem ameaçadas e 
freqüentemente pulam e esperneiam, dando coices violentos para frente. As unhas e os 
dedos tornam-se então armas formidáveis, portanto o pessoal deve ser orientado a reagir 
apropriadamente. 
 
Os avestruzes jovens podem ser apanhadas segurando as pernas firmemente e elevando 
a ave acima do chão. No caso de animais adultos, a cabeça é apanhada e imediatamente 
encapuzada, para que a visão do animal seja bloqueada. O capuz pode ser feito com um 
pano escuro ou uma meia grossa, com elástico na extremidade mais larga e um orifício na 
extremidade oposta para o bico. Um gancho de manejo pode auxiliar a colocação do 
capuz e a condução da ave. Uma vez tendo a sua visão bloqueada, a ave sentir-se-á 
completamente dominada, podendo ser conduzida, agarrando-se suas asas e fazendo-se 
alguma pressão para baixo, para impedir que ela pule, especialmente quando passar de 
um tipo de piso para outro tipo com textura diferente. 
 
Uma pressão maior e contínua fará com que a ave se assente gradualmente. Deve-se 
lembrar que o avestruz não consegue chutar para os lados ou para trás. A dificuldade só 
existe quando se permite que a ave pule ou caia sobre um dos lados. Em todas as 
situações de contenção manual, deve-se instruir todos os auxiliares para que ajam de 
maneira coordenada, rápida e tranqüila. Deve-se ter todo empenho em não estressar os 
animais. 
 
Nunca se deve amarrar um avestruz para o transporte. O esforço violento da ave para se 
libertar acaba provocando lesões graves. A solução ideal consiste utilizar caixotes 
individuais de madeira ou madeirite, no tamanho da ave, com furos para a ventilação. O 
fundo destes caixotes pode ser revestido com capim seco. Os caixotes podem ser 
acondicionados em engradados, na carroceria de um caminhão ou caminhonete, jamais 
em caminhões-baú, em que a temperatura sobe demasiadamente e a ventilação é 
insatisfatória. O transporte deve ser feito na parte mais fresca do dia ou à noite. 
 
A utilização de drogas tranqüilizantes como os benzodiazepínicos (Diazepam, Valium, 
etc., na dose de 5 a 10mg/Kg de peso corporal) pode ser de grande valia para diminuir o 
stress dos animais durante o transporte. 
 
A administração intramuscular de hidrocloreto de ketamina, 25 a 50mg/Kg de peso 
corpóreo, e uma combinação de hidrocloreto de tiletamina e hidrocloreto de zolazepam, 2 
a 5 mg/Kg de peso corporal, têm sido utilizados em ratitas, principalmente para captura, 
algumas vezes utilizando-se dardos e pistolas. As aves geralmente se acalmam com 
doses menores e desmontam com doses maiores. O uso de ketamina isoladamente pode 
provocar efeito paradoxal com doses baixas, ou seja, a ave pode ficar excitada. MENDES, 
1990, comenta que em geral, a contenção química pode facilitar a movimentação de 
ratitas para dentro de gaiolas ou caixas de transporte, mas produz muitos problemas 
quando usada em dosagens maiores para imobilização total. 
 
ANESTESIA: 
O halotano é um agente satisfatório para produzir anestesia geral em ratitas. A dificuldade 
primária ocorre durante a indução ou recuperação, quando as aves precisam ser contidas 
para prevenir danos. O processo de indução por respiração na máscara precisa ser 
cuidadosamente observado porque o padrão de respiração rápida da ave estressada 
poderá resultar em rápida depressão. 
 
Uma vez que a ave tiver atravessado o período de indução, um tubo endotraqueal poderá 
ser facilmente passado e a anestesia mantida indefinidamente. Todas as espécies de 
aves irão experimentar quedas bruscas de temperatura corpórea, especialmente durante 
procedimentos prolongados. É recomendável que se isole o animal ou se providencie 
alguma fonte externa de calor para ajudar a manter a temperatura. Em algumas poucas 
situações, leituras cloacais de 34,5 a 35ºC, foram observadas durante procedimentos de 
uma a duas horas, sem que as aves desenvolvessem complicações pós-operatórias. 
 
Em aves previamente imobilizadas com hidrocloreto de ketamina a 25mg/Kg, via 
intramuscular, a ketamina dada via venosa pode produzir anestesia adequada em doses 
de 5 a 10mg/Kg. Doses adicionais de 5mg/Kg são requeridas a intervalos de 10 a 15 
minutos para manter uma profundidade adequada de anestesia. 
 
DOENÇAS: 
Quando se consideram as doenças de qualquer espécie de ave, é importante lembrar que 
algumas aves especiais podem desenvolver doenças infecciosas semelhantes àquelas 
encontradas em aves domésticas. A única diferença parece residir na incidência de uma 
determinada doença em uma dada espécie. 
 
• Rinites: acredita-se que a causa seja o Haemophilus gallinarum, embora possam 
ocorrer infecções mistas. Sinais clínicos incluem um balançar da cabeça e uma descarga 
nasal clara ou purulenta. 
As aves infectadas estarão alertas,porém freqüentemente alimentam-se menos e perdem 
peso. Esta condição é mais predominante nas aves com menos de um ano de idade e 
sujeitas a stress proveniente do clima frio ou de superpopulação. Sinusite, conjuntivite e 
saculite aérea são vistas freqüentemente como extensões das infecções riníticas. A 
infecção é usualmente complicada com infecções secundárias por micoplasma ou fungos 
resistentes à terapia. Um edema abaixo e anteriormente aos olhos, incluindo as 
pálpebras, e uma descarga copiosa de um ou ambos os olhos e das narinas são os sinais 
primários da sinusite. Um som chocalhante na expiração, quando as aves são forçadas a 
se mover também pode ser observado. 
• Aspergilose: enquanto a maioria dos animais expiram ar saturado de vapor d’água, o 
avestruz reduz a umidade relativa do seu ar expirado a 85%. Essa adaptação única para 
sobrevivência num meio árido pode ser uma desvantagem para os criadores de avestruz 
em áreas de umidade relativa alta. O fungo Aspergillus sp se beneficia o ambiente 
quente e úmido para o seu ótimo desenvolvimento. O mecanismo trapping para apanhar 
água, no avestruz localiza-se nos seios nasais e pode fornecer ambiente ideal para a 
incubação dos esporos do Aspergillus. 
O Aspergillus sp tem sido reportado como causa comum das doenças respiratórias de 
muitas aves. Em aves jovens, ele causa alta mortalidade e em aves adultas, a infecção 
usualmente é esporádica. O diagnóstico ante-mortem é difícil. Para o tratamento, 
recomenda-se o uso de antifúngicos utilizados normalmente em outras espécies aviárias. 
 
• Candidíase (sapinho, monilíase): O agente causal desta condição é o fungo 
Candida albicans. O organismo é facilmente identificado numa preparação de exsudato 
oral montado em meio líquido. O sinal clínico mais característico é uma pseudomembrana 
amarelada que se forma na mucosa oral. Em casos mais avançados, deformidades no 
bico são observadas devido a necrose extensa da parte superior. As aves afetadas 
apresentam crescimento inadequado e depauperação e podem estar apáticas. Se algum 
material alimentar estiver ocluindo as lesões, poderá ser facilmente removido para revelar 
a membrana amarelada. Antibioticoterapia prévia pode promover o desenvolvimento 
desta doença, mas casos de aparecimento espontâneo são muito comuns. As lesões 
orais devem ser limpas, retirando-se os debris necróticos e tratadas três vezes ao dia com 
nistatina líquida pediátrica (100.000 unidades). Loções de tiabendazol e anfotericina 
também tem sido usado com sucesso comparável. 
 
Recentemente, o ketoconazol tem sido usado com sucesso em doses de 6mg/Kg de peso 
corporal, duas vezes ao dia, em infecções que envolvem a orofaringe. 
 
• Doenças bacterianas: são causadas por Escherichia coli, Salmonella sp, Klebsiella 
sp, Clostridium sp, e outros agentes que levam principalmente a quadros de enterite. É 
listado abaixo, alguns antibióticos testados em ratitas, com suas respectivas dosagens, 
vias de aplicação e intervalo entre doses. 
 
ANTIBIÓTICO VIA DOSE INTERVALO ENTRE DOSES (HORAS) 
Ampicilina, triidratado (1) IM 15 a 20mg/Kg de PV 12 
Cefalotina (2) IM 100mg/Kg de PV 6 
Cefalexina (3) PO 35mg/Kg de PV 6 
Tilosin (4) IM 25mg/Kg de PV 8 
Legenda: IM = intramuscular 
 PO = oral 
 (1);(2);(3) - Bush et al., 1979; 
 (4) - Locke et al., 1982. 
 
 
Experiências práticas mais recentes mostram um bom resultado terapêutico com o uso de 
Enrofloxacina ou Norfloxacina para controle de E. coli, principalmente, na dose de 1g do 
produto comercial por 5 litros de água por 3 dias. 
Quando o uso do antibiótico é inevitável, associar ao tratamento, pelo mesmo tempo, 
iogurte natural misturado com levedura de cerveja para o restabelecimento da flora 
intestinal (colocar 1 colher de sopa de iogurte e 3 comprimidos macerados de levedura 
por litro de água no último trato do dia). 
 
• Doenças virais: a única doença viral relatada é a Bouba Aviária, embora as ratitas 
sejam provavelmente suscetíveis a outros vírus de aves, como o Myxovirus e Aerovirus, 
atingindo avestruzes de todas as idades. Alguns autores têm relatado infecções de 
avestruzes com o vírus da doença de Newcastle (Kloppel, 1963; Corrado, 1966; Samberg 
et al.,1989). 
 
• Doenças Parasitárias: causadas por protozoários, nematóides, trematóides, cestóides 
e ectoparasitas, responsáveis por muitas perdas no plantel. Na África do Sul, 
principalmente as aves jovens costumam ser infestadas por tênia (Houttuynia 
struthionis) que provoca a morte dos animais de forma extremamente dolorosa. 
O malation (organofosforado) de 1 a 4% em pó tem sido usado para controlar piolhos 
(BURNING & DOLENSEK,1986), tratando-se todas as aves em um determinado grupo, 
pois estes parasitas passam todo seu ciclo vital no hospedeiro. A desvantagem do 
tratamento com o malation é a elevada toxidez desta substância, que pode levar algumas 
aves ao óbito. Com Bolfo (metil-carbamato) em pó, aplicado sob as asas, os piolhos 
podem ser facilmente controlados. Aves vizinhas de outras espécies precisam ser 
examinadas ou tratadas se o problema persistir. Outros inseticidas como carbaril 
(carbamato) tem sido usados em aves domésticas com resultados igualmente 
satisfatórios. 
Ovos dos endoparasitos das superfamílias Ascaridoidea e Strongiloidea são mais 
usualmente observados em testes simples de flutuação de fezes de ratitas. Os filhotes 
das aves parecem ser mais sensíveis às infestações, em comparação aos adultos. 
Corretas medidas de higiene, manejo adequado e vermifugação regular são fundamentais 
na prevenção deste problema. Tratamento com piperazina de 50 a 100mg/Kg para 
ascarídeos e tiabendazol ou mebendazol, a 50mg/Kg e 15mg/Kg, respectivamente, são 
efetivos contra strongilídeos. 
 
Esta terapia deve ser repetida após 15 dias, com controle posterior do tratamento, pelo 
exame de fezes. A fim de proporcionar uma distribuição mais homogênea do vermífugo, 
quando administrado a um grupo de aves, é recomendável pulverizar a dose total, diluída 
em água, sobre o alimento a ser fornecido. Neste momento é interessante que as aves 
estejam em jejum, para que a quantidade de alimento fornecida como veículo para o 
vermífugo seja totalmente consumida. 
 
O uso do Ivermectin no controle de endo e ectoparasitas em avestruzes já começou no 
Brasil, mas demanda ainda de muito estudo. Sabe-se da sua eficácia contra a maioria dos 
ectoparasitas artrópodes e com relação aos endoparasitas sua ação é eficaz contra os 
nematóides. Sabe-se também que cestóides e trematóides não são afetados por esta 
droga. O ivermectin é um útil produto no tratamento de parasitas de aves, mas deve ser 
diluído precisamente antes da sua administração. Recomenda-se a dosagem de 
200mcg/Kg de peso vivo, aplicado via subcutânea. 
 
 
 
É importante ressaltar uma vez mais o papel desempenhado pelas medidas de higiene 
dos tratadores (uso de botas, macacões limpos, pedilúvios, restrição ao acesso de 
veículos e pessoas estranhas), pelo rodízio dos piquetes e recintos e sua desinfecção 
regular com desinfetantes (tipo hipoclorito de sódio a 1%, formaldeído ou formalina) ou 
com fogo (queimadas controladas nos pastos e lança-chamas nos recintos), na prevenção 
das verminoses e de outras doenças. 
A coccidiose, em todas as espécies aviárias, é encontrada primariamente em aves jovens 
ou em aves mais velhas, vivendo sob condições sanitárias inadequadas e 
superpopulação. O tratamento consiste no uso de sulfas ou amprolium e melhorias 
sanitárias. 
 
Vacinação: Até o ano de 2004, o Ministério da Agricultura ainda não publicara um 
programa de vacinação para avestruzes. Devido a este fato, e também à prática, que até 
agora não registrou nenhum caso de doença nesses animais, passível de vacinação. 
Então, a recomendação até este momento é NÃO VACINAR. 
 
DOENÇAS NÃO INFECCIOSAS: 
 
• As aves ratitas são afligidas pela diástese úrica (gota) de maneira semelhante à vista 
em outras espécies de aves. 
 
• Corpos estranhos: é quase impossível executar uma necrópsia em umaratita adulta e 
não encontrar corpos estranhos (vidro, pregos moedas, pedras ou outros materiais) no 
seu compartimento estomacal musculoso. Estes materiais agem como um abrasivo para 
possibilitar ao animal a quebra de materiais alimentares mais grosseiros. Em ratitas 
adultas, entretanto, ocasionalmente um corpo estranho poderá se alojar no trato intestinal 
e criar uma impactação. Objetos pontiagudos podem perfurar qualquer porção do trato 
gastrointestinal e isto freqüentemente leva a morte por peritonite. O diagnóstico de 
impactação ou perfuração em ratitas adultas raramente é feita em espécimes vivos, 
embora o diagnóstico radiográfico seja possível. Cirurgia para remoção do material 
ofensivo tem sido tentada em algumas aves, porém a maioria morre no pós-operatório, 
por peritonite ou choque. Corpos metálicos estranhos são uma fonte potencial de 
envenenamento por metais pesados em avestruzes. Em algumas áreas dos EUA, altos 
níveis de metais pesados e microelementos foram encontrados em avestruzes. Os 
sintomas reportados incluem anorexia, depressão e falta de coordenação. Algumas aves 
morreram. Os filhotes bicam e engolem toda a sorte de materiais durante suas primeiras 
semanas de vida É melhor mantê-los sobre um substrato simples (não derrapante!) até 
que tenham estabelecido seus hábitos alimentares e reconheçam a comida. 
 
Conforme descrito anteriormente, capins secos com folhas longas prestam-se bem como 
forro para o chão ou cama. Uma introdução gradual de novos materiais para cama, 
juntamente com observação rigorosa, poderá ser feito para diminuir a ingestão de material 
estranho. Pequenas impactações em filhotes causadas por areia, pedregulhos ou 
materiais de cama podem ser aliviadas pela administração de óleo mineral com um 
cateter gástrico, provavelmente devido ao aumento do peristaltismo provocado pelo óleo. 
Gravetos ou grandes acúmulos de pedregulhos só podem ser removidos cirurgicamente. 
A ingestão de objetos metálicos pode ser um perigo real, particularmente em ambientes 
confinados. Foi verificado que o estômago glandular de aves doentes ou mortas 
continham até 1Kg de fragmentos metálicos, além de areia, vidro e alumínio. Objetos 
comuns recuperados incluem: unhas, parafusos, porcas de parafusos, pinos arames, 
grampos, pregos, pedaços de solda, fragmentos de baterias, moedas e peças de chumbo. 
 
Os criadores devem posicionar suas instalações cuidadosamente e procurar minimizar o 
acesso das aves a objetos metálicos, além de fazer uma minuciosa vistoria nas 
instalações e piquetes após suas construções e repetir periodicamente. 
 
• Fraqueza nas pernas ou Síndrome do entortamento das pernas: a fraqueza nas 
pernas é um problema nos avestruzes jovens em crescimento, particularmente aqueles 
com idade abaixo de quatro meses. Esta fraqueza pode ser causada ou se desenvolver a 
partir de uma série de fatores, atuando sozinhos ou combinados. Para aves brandamente 
afetadas, deve-se restringir a alimentação. As aves severamente afetadas raramente se 
recuperam e o melhor neste caso é a eliminação. As causas prováveis para os 
problemas nas pernas são: 
1. Qualidade genética ruim ou endogamia (consangüinidade); 
2. Excesso de alimentação, especialmente dietas ricas em proteínas e pobres em 
fibras; 
3. Crescimento rápido de filhotes criados em fazendas (freqüentemente duas vezes 
o das aves selvagens); 
4. Desequilíbrio na relação cálcio: fósforo; 
5. Falta de exercícios; 
6. Stress; 
7. Dietas muito energéticas; 
8. Doenças infecciosas. 
O crescimento rápido pode ser prevenido pela restrição alimentar. 
 
• FRATURAS: fraturas dos segmentos superior ou inferior do bico requerem uma fixação 
rígida por quatro a seis semanas. Pode-se empregar uma combinação de suturas 
metálicas e materiais plásticos como metacrilato de metil, com bons resultados. As asas 
das ratitas não são necessariamente para locomoção, portanto a fixação ou amarração da 
asa junto ao corpo numa posição natural quase sempre resulta numa união satisfatória 
em três ou quatro semanas. Fraturas de ossos longos envolvendo as pernas são quase 
sempre associadas a danos extensos aos tecidos moles. A natureza emocional das 
ratitas, aliada à alavancagem e poder de suas pernas fragmenta o osso e o dirige através 
da pele. Estes mesmos fatores fazem o reparo difícil em aves adultas e a eutanásia é 
quase sempre recomendável para prevenir sofrimentos adicionais. Ocasionalmente, a 
consolidação óssea pode ser tentada, mas o stress físico sobre o osso e sua textura 
pobre ou os materiais de fixação utilizados tornam a recuperação improvável, mas não 
impossível. 
 
• PATOLOGIA CLÍNICA: amostras de sangue podem ser obtidas pela punção das 
artérias ou veias braquiais - radiais ou ulnares, ou da veia jugular (muitas ratitas têm 
somente uma jugular), com agulhas nº 20 ou 22. O tamanho relativamente grande da ave 
adulta permite a coleta de amostras grandes, portanto uma variedade de testes pode ser 
executada. Em filhotes, as amostras limitam-se a 2ml. Os valores de hemoglobina em 
ratitas saudáveis geralmente variam de 10 a 14mg/dl e o hematócrito entre 35 a 45%. 
Contagens de leucócitos elevadas devido a presença de doenças infecciosas estão 
usualmente entre 7.000 a 14.000/mm3; cerca da metade das células são heterófilos e a 
maioria das restantes são linfócitos. Valores bioquímicos séricos normais para ratitas 
encontram-se na tabela abaixo: 
 
 
 
 
 
COMPONENTE VALORES NORMAIS (mg/dl) 
Bilirrubina 0,1 - 0,3 
Cálcio 10,0 - 14,0 
Creatinina 0,4 - 0,8 
Colesterol 100 - 200 
Glicose 150 - 200 
Fosfatase alcalina 3 - 3000 
Proteínas séricas 3,6 - 4,6g/dl (25% de albumina) 
Ácido úrico 4 - 15 
Sódio 130 - 145 
Potássio 3,5 - 4,5 
SGOT 90 - 150 (unidades SF) 
SGPT 6 - 15 (unidades SF) 
Fonte: BURNING & DOLENSEK, 1986. 
 
 
• FARMÁCIA: esta relação é uma sugestão de produtos para compor uma pequena 
farmácia para atender ocorrências emergências. Obviamente a mesma pode ser 
equipada com maior número de produtos. Mas lembre-se: uma criação saudável se faz 
com um bom manejo, com boa alimentação e boa genética, e não com uma boa 
farmácia. 
 
ALGUNS MEDICAMENTOS IMPORTANTES: • Violeta Genciana; 
• Ampicilina veterinária; • Álcool; 
• Flotril: • Álcool iodado ou Iodo; 
• Azium; • Água Oxigenada; 
• Vitamina A-D-E; • Sal; 
• Terramicina; • Açúcar; 
• Nujol; • Fita crepe de fralda (várias 
cores); 
• Ungüento Pearson; • Atadura elástica; 
• Ringer Lactato; • Seringas de 5ml e 10ml; 
• Eletrolítico ou Enerstid; • Seringas de insulina; 
• Glicopan ou Amisol. • Agulhas; 
MATERIAIS • Esparadrapo; 
• Algodão; • Seringa de 20ml, acoplada a 
um garrote para fornecer soro. 
• Gaze; 
 
 
PRODUTOS DO AVESTRUZ 
 
• PRODUÇÃO DE CARNE: o avestruz é abatida entre os 10 e 12 meses de idade em 
abatedouros especializados; porém, também podem ser usados abatedouros para 
bovinos, adaptados. 
 
Antes do abate, as penas são cortadas e, em seguida, é feita a sangria após 
atordoamento elétrico. A fim de maximizar o aproveitamento das penas, do couro do 
corpo e das pernas, foram desenvolvidas tecnologias para o abate e esfola da avestruz. O 
processo exige retirada cuidadosa da pele, com técnica apurada. 
 
 
Um avestruz bem desenvolvida, com idade de 10 a 12 meses fornece entre 34 a 41Kg de 
carne. A carne das pernas e filé das coxas são processados separados e o resto da 
carcaça, em sua maioria, é usado para carnes processadas (hambúrgueres e embutidos) 
ou para carne seca. Os órgãos internos são usados para patês e farinha de carne. 
 
 
Carcaça Limpa 
 
Tabela: Aproveitamento da carne do animal abatido (14 meses de idade): 
TIPO DE CORTE PESO (Kg) % DA CARCAÇA 
Filé mignon 3,5 11,7 
Bife 6,3 21,0 
Biltong (presunto) 9,7 32,3 
Carne de segunda 10,5 35,0 
 
 
Na África do Sul, o charque constitui o mercado principal para a maior parte da carcaça 
do avestruz. As carnes de primeira são exportadas para a Europa, especialmente para a 
Suíça e, em menor volume, para França e Alemanha. A Suíça tem potencial para