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Apostila Assistência Social - Módulo I

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1 
 
 
 
2 
SUMÁRIO 
ASSISTÊNCIA SOCIAL ........................................................................................... 03 
ORIGEM DA QUESTÃO SOCIAL ........................................................................... 04 
SERVIÇO SOCIAL E A ESCOLA ............................................................................ 08 
ASSISTÊNCIA SOCIAL E SAÚDE .......................................................................... 13 
RESPONSABILIDADES DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE PÚBLICA.......... 13 
POR QUE A INTERSETORIALIDADE É IMPORTANTE? ...................................... 15 
O HOMEM E A SOCIEDADE ................................................................................... 16 
A DESIGUALDADE SOCIAL ................................................................................... 19 
OS FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS ..................................................... 25 
 DIRETOS HUMANOS ............................................................................................. 27 
COMO SURGIRAM OS DIREITOS HUMANOS? .................................................... 37 
MITOS E VERDADES SOBRE OS DIREITOS HUMANOS......................................38 
A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS ................................ 39 
OS DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA ............................. 46 
A DECLARAÇÃO UNIVERSAL E A CONSTITUIÇÃO DE 1988 ............................ 52 
 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 64 
 
 
3 
ASSISTÊNCIA SOCIAL 
 
A Assistência Social é uma política pública, ou seja, um 
direito de todo cidadão que dela necessitar. Ela está 
organizada por meio do Sistema Único de Assistência 
Social (SUAS), que está presente em todo o Brasil. Seu 
objetivo é garantir a proteção social aos cidadãos, por 
meio de serviços, benefícios, programas e projetos que se 
constituem como apoio aos indivíduos, famílias e para a 
comunidade no enfrentamento de suas dificuldades. 
 
Sistema Único de Assistência Social - SUAS 
O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é um sistema público que organiza, 
de forma descentralizada, os serviços socioassistenciais no Brasil. Com um modelo 
de gestão participativa, ele articula os esforços e recursos dos três níveis de governo 
para a execução e o financiamento da Política Nacional de Assistência Social 
(PNAS), envolvendo diretamente as estruturas e marcos regulatórios nacionais, 
estaduais, municipais e do Distrito Federal. 
O SUAS organiza as ações da assistência social em dois tipos de proteção social. A 
primeira é a Proteção Social Básica, destinada à prevenção de riscos sociais e 
pessoais, por meio da oferta de programas, projetos, serviços e benefícios a 
indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade social. A segunda é a Proteção 
Social Especial, destinada as famílias e indivíduos que já se encontram em situação 
de risco e que tiveram seus direitos violados por ocorrência de abandono, maus-
tratos, abuso sexual, uso de drogas, entre 
outros. 
No SUAS também há a oferta de Benefícios 
Assistenciais, prestados a públicos 
específicos de forma integrada aos serviços, 
contribuindo para a superação de situações 
de vulnerabilidade. Também gerencia a 
vinculação de entidades e organizações de 
assistência social ao Sistema, mantendo 
atualizado o Cadastro Nacional de Entidades 
e Organizações de Assistência Social e 
concedendo certificação a entidades 
beneficentes. 
Criado pelo então Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), o Sistema é 
 
 
4 
composto pelo poder público e sociedade civil, que participam diretamente do 
processo de gestão compartilhada. A gestão das ações e a aplicação de recursos do 
SUAS são negociadas e pactuadas nas Comissões Intergestores Bipartite (CIBs) e 
na Comissão Intergestores Tripartite (CIT). Esses procedimentos são 
acompanhados e aprovados pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) e 
seus pares locais, que desempenham um importante trabalho de controle social. 
Criado a partir das deliberações da IV Conferência Nacional de Assistência Social e 
previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), o SUAS teve suas bases de 
implantação consolidadas em 2005, por meio da sua Norma Operacional Básica do 
SUAS (NOB/SUAS), que apresenta claramente as competências de cada órgão 
federado e os eixos de implementação e consolidação da iniciativa. 
 
ORIGEM DA QUESTÃO SOCIAL 
 
O aparecimento da questão social está ligado à mudança do trabalho escravo para o 
trabalho livre. Tratando-se agora de uma 
sociedade capitalista (com um mercado 
regido por relações dominadas pelo 
controle do capital), surgem como 
personagens principais: 
 O capitalista que exerce o domínio 
nesta relação social de produção 
por ser o dono dos meios de 
produção; e 
 O proletariado que é proprietário da sua força de trabalho, tornada agora 
mercadoria que precisa ser vendida ao capitalista para que o proletário possa 
garantir a sua sobrevivência. 
Devido à exploração existente nesta relação, o proletariado, na sua luta por 
melhores condições de vida, passa a incomodar o sossego do capitalista, sendo 
necessária a intervenção do Estado para mediar esta situação, por meio da 
imposição de dispositivos legais para regular a relação capital-trabalho. O Serviço 
Social surge como uma resposta dos grupos dominantes. 
Datas importantes para o Brasil ocasionaram mudanças em toda a sociedade 
brasileira, como o ano de 1929, ano da crise do comércio internacional. É a crise da 
bolsa de valores de Nova York que também afeta o Brasil, assim como o movimento 
de 1930. Esses acontecimentos geram mudança na estrutura política e econômica. 
O Brasil nesta época, principal exportador de café, e um dos principais exportadores 
de açúcar, passa a investir em sua industrialização interna com o objetivo de 
 
 
5 
substituir as importações. Passa, assim, a ser alterado o meio da acumulação do 
Capital, transferido da agroexportação para a área da indústria. Eram degradantes 
as condições de vida e de trabalho da classe operária. Moravam em péssimas 
condições, e em ambientes propícios a doenças. 
Faltavam muitos itens necessários à sobrevivência e os salários eram muito baixos 
por causa até da grande quantidade de pessoas desempregadas à procura de uma 
oportunidade de emprego, sendo conhecido também como o grande exército 
industrial de reserva. 
 
O salário era insuficiente para possibilitar a digna sobrevivência do trabalhador e da 
sua família. Embora grande parte dos componentes da família trabalhasse, incluindo 
mulheres e crianças muito novas, e se esforçassem, ainda assim o salário era 
insuficiente para o atendimento das suas necessidades básicas. Contavam, também, 
com péssimas condições no local de trabalho, ambientes sem segurança e higiene. 
Altas jornadas de trabalho, inclusive de forma igual para mulheres e crianças, sem 
direitos como, por exemplo, a final de semana remunerado. 
Em meio a tudo isso, surgiu a necessidade da classe trabalhadora unir-se, 
organizar-se em prol de melhores condições de vida. Surgem por exemplo, mediante 
esta necessidade, as Ligas Operárias que vão dar origem aos Sindicatos e as 
Sociedades de Resistência. E até organizações mais avançadas como Congressos 
Operários e Confederações Operárias, contando 
inclusive com uma imprensa operária. 
No entanto, essas entidades só tiveram o 
reconhecimento dos operários quando foram 
combatidos, reprimidos e seus líderes 
perseguidos e presos. Aos poucos, a classe 
trabalhadora alcançaria algumas conquistas. 
 
 
6 
O Conselho Nacional do Trabalho é criado em 1925, e em 1926 são aprovadas leis 
de proteção ao trabalho, como a lei de férias, código de menores, seguro-doença, 
etc. Entretanto, na primeira República é pequeno o resultado do número de 
conquistasconseguidas pelo movimento operário, por meio das suas reivindicações. 
A resposta do Estado às manifestações e às lutas da classe operária eram a 
repressão e a violência. 
A burguesia, que tem o 
crescimento do seu lucro na 
exploração da força de trabalho, 
vai procurar impedir qualquer 
inovação que possa constituir-
se como entrave à sua 
possibilidade de explorar o 
máximo possível o trabalho 
excedente. 
A classe burguesa só reconheceu a legitimidade dos Sindicatos no período ditatorial 
de Getúlio Vargas e permaneceu em constantes atritos com estes. Uma das 
questões interessantes levantadas pelos capitalistas e responsáveis pela 
implantação do Serviço Social diz respeito às conquistas sociais adquiridas pelos 
trabalhadores, com respeito à diminuição da sua jornada de trabalho e como as leis 
de férias, por exemplo. 
 
Os capitalistas argumentavam que era necessário disciplinar o tempo livre do 
proletariado, pois como este não teve acesso à educação, nas horas de folga estará 
sujeito aos vícios e coisas erradas. 
Apesar de sempre aparecerem sob uma aura paternalista e benemerente, 
 
 
7 
constituiam-se numa atividade extremamente racionalizada, que buscava aliar 
controle social ao incremento da produtividade e aumentar a taxa de exploração. Em 
1869, foi fundada a Sociedade de Organização da Caridade em Londres, marco 
para a organização da Assistência Social. Além de levantar a questão da 
necessidade de haver instituições que formassem profissionais para atuar na área 
da Assistência Social. 
A primeira escola de Serviço Social do mundo surge em Amsterdã, em 1899. Em 
1936, surge em São Paulo a primeira Escola do Serviço Social do Brasil. Para 
resolver a questão do disciplinamento do tempo do operário, as Ligas das Senhoras 
Católicas, em São Paulo, e a Associação das Senhoras Brasileiras, no Rio de 
Janeiro, vão ficar responsáveis pela educação dos trabalhadores. 
Os meios de produção são os elementos pelo qual a sociedade evolui, ou seja, 
investindo, transformando, as matérias da velha produção para a produção nova. Os 
meios de produção precisam ser substituídos, se faz necessário dentro do sistema 
capitalista, que produza mais para obter lucros. 
 
 
 
8 
SERVIÇO SOCIAL E A ESCOLA 
 
A seguir, falaremos das diversas expressões 
da questão social que podem se manifestar no 
espaço da escola. Para isso, consideraremos 
as especificidades das ações dos profissionais 
de Serviço Social, os assistentes sociais, 
diante das demandas da área da educação. 
Em outras palavras, será pressuposto que 
esses profissionais podem auxiliar os 
professores em sua atuação em sala de aula, 
considerando os limites de atuação proporcionados pelas diferentes formações. 
A escola é também o espaço e o lugar do assistente social. O espaço é um lugar 
praticado, ou seja, um espaço no qual se determinam as percepções resultantes do 
lugar e das relações estabelecidas nele, dando-lhe significado. Em consequência, é 
a atividade que qualifica o espaço. É com base nesse conceito de compreensão de 
lugar praticado que se fundamenta a discussão do cotidiano escolar e do lugar do 
assistente social. 
O acesso e o uso das políticas sociais ocorrem em espaços nos quais os serviços e 
programas são executados. Identidades e significações são impressas por meio 
daquilo que historicamente as definiu. Entretanto, a escola não é um espaço natural, 
mas o segundo lugar ocupado pela criança depois da casa/família. Sendo assim, 
essa instituição demandou diversos processos de transformação, de maneira que as 
escolas e os princípios sobre os quais elas foram construídas abrangem histórias 
que perpassam diferentes contextos sociais e culturais, diversas noções sobre 
educação e as necessidades de uma pessoa ainda em desenvolvimento de sua 
identidade. 
 A busca por uma identidade é um desafio cotidiano. Desde o momento em que 
nascemos, ocupamos um espaço que 
está em constante interação com 
outros lugares. E o espaço forma uma 
história de múltiplos sentidos, 
constituída de fragmentos de 
trajetórias diversas, sem autor, mas 
com interações de espaços. Desse 
modo, o ambiente educacional pode 
ser um local de trocas de valores, de 
pontos de vista, de culturas. 
 
 
9 
Apesar de poderem existir riscos de a escola perder sua capacidade de criar 
vínculos, ela ainda é um espaço de ação social, pois oferece dados e referências 
sobre a vida das crianças. Além disso, pode ser reconhecida como uma agência 
social, pois prepara os alunos para a vida por meio de atividades. Inserida na 
sociedade e existente desde o início da 
Modernidade, a escola se constituiu à 
partir das demandas econômicas, 
políticas e culturais de uma classe social 
emergente: a, então, burguesia. Por isso, 
a educação formal e o acesso à escola 
estavam profundamente ligados à 
condição econômica das famílias. 
No Brasil, a universalização do acesso à 
escola ocorreu de forma lenta e ainda permanece incompleta em muitos sentidos. 
Esse processo caracterizou-se pela ampliação das especificidades existentes no 
espaço escolar, cujo contexto passou a produzir desafios que demandam soluções 
cotidianas e que são fundamentais para o êxito dos professores e dos alunos nos 
processos de ensino e de aprendizagem. Mesmo considerando que o objetivo da 
escola seja a transmissão do conhecimento científico, artístico e filosófico 
acumulado pela humanidade, devemos considerar que a escola é mais do isso. Nela 
se reúnem também as mais diversas demandas do desenvolvimento dos alunos e 
dos professores. Por isso, a escola é um lugar onde emergem os mais variados 
conflitos, frutos da interação entre diferentes sujeitos. 
Os alunos vão para a escola e levam consigo sua história de vida, sua cultura e seus 
sonhos, por exemplo. Quando chegam a esse ambiente educacional, muitas vezes 
deparam-se com uma realidade de descaso de seus direitos básicos: ensino de 
qualidade, merenda escolar, material escolar, entre outros. Pode-se dizer que a 
inserção dos alunos de população socioeconômica precária ou vulnerável altera o 
contexto sociopolítico que envolve o ambiente escolar. O ensino passa a requerer 
habilidades e competências diversas dos profissionais envolvidos nesse trabalho. É 
necessário um profissional que estabeleça uma relação de intervenção efetiva junto 
a essa realidade. 
 
 
10 
 
Dessa forma, o trabalho dos assistentes sociais nas escolas não deve ser 
confundido com aquele sob responsabilidade dos professores. Mesmo se consider a 
dimensão socioeducativa resultante do trabalho do assistente social, sua atividade 
está mais intimamente vinculada ao fortalecimento das redes de sociabilidade e à 
efetivação do acesso aos serviços sociais e processos socioinstitucionais. 
Assim como existe uma dimensão educativa na ação do assistente social, mesmo 
não sendo o centro de sua atuação, o processo de trabalho no qual se ele se insere 
não é exclusivo dele. O professor, como profissional do ensino, participa de certa 
maneira dos processos que envolvem a questão social. No entanto, o espaço de 
atuação do assistente social representa uma peculiaridade e existe a necessidade 
da autonomia técnica desse profissional, pois sua formação se fundamenta na 
intervenção direta nos problemas sociais. 
 
A presença do assistente social no ambiente da escola deve facilitar o acesso aos 
serviços socioassistenciais, por meio das informações, encaminhamentos, inserção 
e atendimento em programas, sejam da própria escola, sejam dos diferentes setores 
que compõem a rede de atendimento à família e seus sujeitos. Portanto, o assistente 
social é um articulador estratégico no atendimento aos alunos e as suas famílias, por 
 
 
11 
um conjunto de ações integradas de orientações que podem contribuir para 
promover melhoria no desempenho escolar dos alunos. 
Ao assistente social compete o reconhecimento e o fortalecimentodos espaços de 
formulação e construção coletiva em que, juntamente com outros profissionais, seja 
capaz de elaborar estratégias políticas e técnicas para modificar a realidade. Esse 
profissional pode produzir, por suas ações e intervenções, resultados concretos nas 
condições materiais, culturais e sociais de vida dos sujeitos sobre os quais incidem 
suas ações. Como agente de ligação entre a família, a sociedade e a escola, o 
assistente social representa importante papel na ação educacional, criando um 
conjunto de medidas de auxílio e suporte às famílias por meio do provimento de 
necessidades básicas de subsistência. 
Compete destacar que as ações do 
assistente social, no âmbito da escola, 
devem ser pensadas e efetivadas em 
conjunto com a equipe escolar, na qual o 
profissional do Serviço Social é um parceiro 
das ações desenvolvidas pelos demais 
profissionais. As ações e reações são 
resultado do trabalho realizado em conjunto 
por essa equipe, que tem como objetivo em comum a garantia não somente da 
permanência do aluno na escola, mas principalmente da qualidade do ensino, 
especialmente se considerarmos a promoção dos alunos como sujeitos inseridos na 
sociedade. 
Além da ação diretamente na escola, no âmbito familiar faz-se necessário um 
trabalho interventivo de orientação e sensibilização para a aproximação da família à 
escola, pois dessa forma se 
efetivam muitas ações que 
podem promover com mais 
eficácia os objetivos da escola, 
pois, segundo o Estatuto da 
Criança e do Adolescente, ―é 
direito dos pais ou responsáveis 
ter ciência do processo 
pedagógico‖ (Lei nº 8069/90). 
No entanto, com o crescimento acelerado da sociedade e o desenvolvimento global 
do sistema econômico capitalista, tornou-se comum que muitas famílias depositem 
na escola a responsabilidade pela condução absoluta do processo educacional de 
seus filhos. A construção das ações de ensino deve ser realizada em conjunto entre 
 
 
12 
a escola e a família. O desenvolvimento e o crescimento do aluno em sua vida 
escolar dependerão e muito do envolvimento familiar no processo, mas o tempo para 
diálogo, orientação e acompanhamento das famílias com os filhos sobre suas 
responsabilidades escolares têm sido cada vez menor. Esse é um fenômeno no qual 
o assistente social pode e deve atuar. 
Há ainda outro desafio posto ao profissional do Serviço Social na educação: 
compete a ele, no exercício de suas habilidades e competências, colaborar para o 
fortalecimento de uma gestão democrática dentro da escola. Estimulando a 
comunidade escolar na participação do processo educacional, sob a compreensão 
de que a comunidade escolar se concretiza nas ações dos educadores, sejam 
alunos, professores, responsáveis familiares, técnicos administrativos, porteiros, 
entre outros que compõem a dinâmica escolar. 
Entre as atribuições técnicas do assistente 
social está a articulação com as 
instituições assistenciais privadas e/ou 
públicas em caráter estratégico no 
atendimento às demandas 
socioeconômicas, especificamente no 
âmbito da educação. Essa atuação é 
constituída pelo conjunto de ações de 
orientação executadas com vista ao aprimoramento do desempenho acadêmico do 
aluno e, por conseguinte, da sua qualidade de vida. 
A formação educacional das crianças e adolescentes não se realiza exclusivamente 
na sala de aula. Compreende um conjunto de atividades que, desempenhadas pela 
escola e na sala de aula, viabiliza a qualidade de 
vida (atual e futura) deles como sujeitos e cidadãos 
de direito. Equidade e justiça social, na 
universalização de acesso aos bens e serviços, são 
os princípios fundamentais seguidos pelo assistente 
social no exercício das suas funções. Nesse 
contexto reside a importância de um profissional 
que identifique as necessidades dos alunos como figura capaz de viabilizar a 
igualdade de condições e a promoção de uma perspectiva autônoma de garantia de 
direitos e cidadania plena. 
A escola é um espaço apropriado para a ação do assistente social. Sua presença 
nas escolas pode contribuir para a efetivação dos objetivos do sistema educacional. 
Diversas situações que ocorrem cotidianamente nas escolas e em suas salas de 
aula dificultam o ensino e a aprendizagem. Muitas delas originam-se em questões 
 
 
13 
sociais que escapam da competência profissional do professor. O assistente social 
pode auxiliar a construção de uma escola que permita a identificação dos alunos 
com esse ambiente, de maneira que ela se torne realmente um lugar onde se deseje 
estar. 
 
ASSISTÊNCIA SOCIAL E SAÚDE 
 
Os trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social precisam ter amplo 
conhecimento sobre diversas áreas. Afinal, é 
comum sua articulação com outras políticas 
públicas. Uma das dúvidas mais frequentes 
sobre esse tema é o papel do assistente 
social na saúde. 
É comum surgirem demandas da Saúde na 
Assistência Social. Quando isso ocorre, o 
assistente social encaminha o usuário, por 
exemplo, a um ambulatório. Porém, pode 
existir uma superlotação nesses lugares. O 
atendimento pode demorar e, quando finalmente ele acontece, o paciente pode ser 
encaminhado para outro profissional da Saúde. 
Esse fluxo não é eficiente. Em várias etapas, pode não existir acolhimento. O 
usuário, fragilizado, acaba desistindo do tratamento, por exemplo. É desgastante 
para o indivíduo e caro para o poder público. 
Como política garantidora do direito à proteção social, a Assistência Social, 
materializada através do trabalho do assistente social e de outros profissionais, tem 
papel fundamental no processo descrito acima, bem como na melhoria dele. 
 
Responsabilidades do assistente social na saúde pública 
Primeiro, os profissionais da Assistência Social precisam superar o sentimento de 
subalternidade (dependência ou inferioridade) ainda 
comum em muitos municípios brasileiros. É necessário 
que se posicionem, já que as leis lhes garantem 
autonomia e poder de decisão para o exercício de seu 
trabalho. 
O papel do assistente social na saúde é determinante 
para melhorar o serviço de ambas as políticas 
públicas. Afinal, o processo saúde-doença é, antes de 
tudo, uma definição social. E, apenas o profissional da 
 
 
14 
Assistência Social domina os fenômenos socioculturais e econômicos de seus 
usuários. 
Segundo o Ministério da Saúde, as responsabilidades do assistente social na saúde 
pública são: 
 Através do atendimento ao usuário, compreender sua situação e realizar o 
encaminhamento adequado; 
 Informar e mobilizar o usuário acerca de seus direitos e de seu papel como 
cidadão. Conscientizando-o de que a Assistência Social não oferece favores, 
mas garante seu direito à proteção social; 
 Facilitar o acesso aos serviços de saúde, cumprindo com a universalidade e 
a equidade dos direitos sociais dos usuários; 
 Debater sobre a situação social do usuário/paciente com os profissionais de 
saúde; 
 Participar, sempre que possível, de encontros interdisciplinares; 
 Acompanhar e estimular o tratamento de saúde do usuário; 
 Envolver os familiares e alertá-los sobre a importância de seu apoio no 
tratamento. 
 
 Além das atribuições acima, o assistente social pode, de uma forma mais ampla: 
 Organizar espaços, junto com os profissionais de saúde, com o objetivo de 
estimular a participação popular nas decisões de ambas as políticas públicas; 
 Da mesma forma, estimular a participação crítica de todos os funcionários 
(tanto da Assistência Social, quanto da Saúde) nesses espaços; 
 Ter uma postura de curiosidade. Estudar e se atualizar, sempre que possível, 
sobre temas relacionados à área da Saúde. 
 
 
http://www.blog.saude.gov.br/
 
 
15 
POR QUE A INTERSETORIALIDADE É IMPORTANTE? 
 
É importante conceitualizar o que é intersetorialidade. Trata-se do trabalho conjunto 
de diferentes áreas envolvendo desde compartilhamento de conhecimento, gestão eações com o objetivo de enfrentar de maneira articulada e eficiente problemas que 
possuam em comum. Imagine cruzar dados da Assistência Social, Saúde e 
Educação e gerar, de forma automática, informações ricas para embasar o trabalho 
dos profissionais dessas áreas? 
Seria muito mais fácil encontrar soluções para os inúmeros problemas sociais que 
temos no país e que, na maioria das vezes, são multifacetados. Por exemplo, o 
indivíduo pode estar constantemente doente por conta da precariedade onde vive. 
Essa é uma situação que os profissionais de saúde, sozinhos, não conseguirão 
resolver. 
Sem contar que as ações coletivas têm maiores chances de serem efetivas. Ao 
trabalhar isoladamente, informações importantes se perdem, impedindo um olhar 
amplo e, em consequência, resultados expressivos. 
 
O papel do assistente social no processo de intersetorialização é fundamental. Ao 
realizar as ações descritas anteriormente, como debater sobre a situação social do 
usuário com o profissional de saúde, estará contribuindo para a efetivação do 
 
 
16 
trabalho em conjunto com outras áreas. 
A articulação entre as políticas ajuda, inclusive, na construção de novas posturas e 
ações. Tomando, como base, dificuldades em comum das duas áreas. Por ser uma 
política garantidora de direitos, a Assistência Social é atuante na luta pela 
desfragmentação dos serviços públicos. Mas existem muitos desafios para que a 
intersetorialidade se concretize. O tema é relativamente novo. Exige muito debate, 
reestruturação e gestores e profissionais abertos a essas mudanças. 
É preciso um olhar amplo e analítico de todos os envolvidos, pois a estrutura deve 
ser repensada coletivamente. Principalmente quando se falam de áreas que 
deveriam ser muito mais próximas, como a 
Assistência Social e a Saúde. 
O trabalho do assistente social na saúde, devido à 
estrutura atual, é complexo. Ações separadas em 
―caixinhas‖ já não resolvem mais. 
A efetividade das ações do governo e seu impacto 
social estão diretamente relacionados à articulação 
de todas as políticas públicas. 
 
O HOMEM E A SOCIEDADE 
 
O horizonte ético é o que dá sentido a um processo de mobilização num país que 
explica seu horizonte, seu projeto de nação, sua atuação e sua Constituição. 
Nele, se definem suas próprias escolhas. Quando o homem na sua determinação 
enquanto ser social pertencente a um Estado Democrático de Direitos, os seus 
fundamentos são: 
 A soberania. 
 A cidadania. 
 A dignidade da pessoa Humana. 
 Os valores dos trabalhos e da livre iniciativa. 
 O pluralismo político. 
 
Toda ordem de convivência é constituída. As ordens de convivência são naturais. O 
que é natural é a nossa tendência a viver em sociedade. 
 
 
17 
 
Quando as pessoas assumem que têm nas mãos o seu destino e descobrem que a 
construção da sociedade depende de sua vontade e de suas escolhas, a 
democracia pode tornar-se uma realidade. Como a ordem social é criada pelo povo, 
o agir ou não agir de cada um contribui para a formação e consolidação da ordem 
em que se vive. 
Pode-se dizer, também, que houve uma inversão da lógica que por séculos moveu a 
humanidade: ―aparecendo à necessidade se cria o produto‖. Nos dias de hoje é ao 
contrário: ―crie o produto e depois estimule o desejo, a necessidade não é 
importante‖. 
Visto que é uma sociedade que vive do poder da informação, tendo como base as 
novas tecnologias, ela 
poderá ser muito 
discriminatória entre países, 
internamente, entre 
empresas ou entre pessoas. 
Até um tempo atrás, o saber 
ler e interpretar textos, bem 
como efetuar cálculos 
matemáticos simples, era 
obrigatório para se viver em 
harmonia e bem estar na 
sociedade, este novo 
cenário mudou e as necessidades de qualificações profissionais e acadêmicas 
aumentaram consideravelmente. 
Agora, a escola assume um papel fundamental na Sociedade da Informação, dotar o 
homem de capacidades para competir com o avanço tecnológico, condicionando-o 
de maneira a que este avanço não seja autônomo. Possa ser controlado de modo a 
corresponder as necessidades com o desenvolvimento tecnológico e não o 
 
 
18 
desenvolvimento tecnológico a moldar as necessidades. 
 
 
A convivência social tem que ser ensinada, aprendida e desenvolvida todos os dias. 
Essa é uma tarefa de toda a vida de uma pessoa ou de uma sociedade. São sete 
tipos de convivências básicas para se conviver numa sociedade, que são: 
 Aprender a não agredir o semelhante: fundamento de todo modelo de 
convivência social. 
 Aprender a comunicar- se: base da autoafirmação pessoal do grupo. 
 Aprender a interagir: base dos modelos de relação social. 
 Aprender a decidir em grupo: base da política e da economia. 
 Aprender a cuidar de si mesmo: base dos modelos de saúde e seguridade 
social. 
 Aprender a cuidar do entorno: fundamento da sobrevivência. 
 Aprender a valorizar o saber social: base da evolução social e cultural. 
 
Nem toda ordem de convivência é realmente democrática. A monarquia é uma 
ordem de convivência, mas não é democrática. Nela, um monarca, por laços de 
sangue ou divindade, coloca-se fora da sociedade, diferente dos outros, cria as leis 
e as normas que vão regê-la. 
Numa sociedade da informação, os aspectos positivos são visíveis, tal como a 
melhoria da nossa qualidade de vida. Com a introdução de máquinas e robôs nas 
indústrias, tem-se aumentado a taxa de desemprego, mas a transição por vezes tem 
estas consequências. 
 
 
19 
 
A taxa de desemprego continua a aumentar com o desaparecimento de algumas 
profissões, entre outros fatores. A perda de postos de trabalho, a extinção de 
algumas profissões, e a reconversão de outras até serem substituídas por novas, 
decorre um longo período de adaptação. 
A democracia supõe a construção da equidade social, economia, política e cultura. 
Como a ordem democrática é uma ordem construída, não existe um modelo ideal de 
democracia que se possa copiar ou imitar. Pode-se aprender com outras sociedades 
que constroem sua própria ordem democrática, mas é responsabilidade das pessoas 
contribuírem para uma sociedade melhor. 
 
A DESIGUALDADE SOCIAL 
 
A desigualdade social é a diferença existente entre as classes sociais ou castas 
dominantes e as classes sociais ou castas dominadas. Ao longo dos tempos, os 
sistemas econômicos e políticos das cidades foram criando mecanismos de 
distinção entre as pessoas. Nas chamadas sociedades estratificadas, esses 
mecanismos são as divisões de castas, como os nobres na Europa feudal e as 
castas indianas, predominantes como sistema de distinção até o século XX. 
Nessas sociedades, a possibilidade de mobilidade social (sair de uma casta inferior 
e passar para uma superior) é nula ou 
quase nula, sendo que a origem familiar 
determina a casta. 
O republicanismo e o capitalismo 
criaram outro sistema de distinção 
baseado na capacidade de acúmulo de 
capital. Esse sistema tem uma 
possibilidade maior de mobilidade, mas 
ocorre uma grande desigualdade social, 
 
 
20 
que é uma barreira para o pleno desenvolvimento das sociedades capitalistas 
contemporâneas. 
 
Breve histórico sobre a desigualdade social no mundo 
A desigualdade social não é um fenômeno novo, mas as formas mais avançadas do 
capitalismo (industrial e financeiro) resultaram numa intensificação dela no mundo a 
partir do século XIX. Outro fenômeno que a intensificou foi o colonialismo europeu 
sobre os países do Hemisfério Sul. 
A colonização europeia, sobretudo sobre as Américas Central e Sul, sobre a África e 
sobre partes da Ásia, foi movida pelo interesse na exploração de recursos naturais. 
A retirada desses recursos desses locais, a exploração da mão de obra escrava ou 
de baixo custo e a ida de colonos para os territórios colonizados geraram um 
sistema desigual que perdura até hoje. 
Portanto, os dados sobre a desigualdade social no mundo demonstrama existência 
de um verdadeiro abismo entre a minoria mais rica e a maioria mais pobre, sendo 
que os países mais pobres são campeões nos rankings sobre a desigualdade social. 
 
A desigualdade social causa uma distorção econômica que afeta negativamente a maioria pobre da população. 
 
Como é medida a desigualdade social? 
Existe um padrão de medida criado pelo matemático e estatístico italiano Conrado 
Gini, chamado coeficiente de Gini (ou índice de Gini), que mede a desigualdade em 
um determinado local e é comumente utilizado para medir a desigualdade de renda. 
O índice de Gini é expressado por um número que variam de zero a um, sendo zero 
o marco da ausência de desigualdade de renda, enquanto o numeral um representa 
o máximo possível dela. 
 
 
21 
 
 
Dados sobre a desigualdade social no mundo 
Além do coeficiente de Gini, existem dados de pesquisas variadas que mostram a 
alta desigualdade social no mundo. Segundo matéria publicada, em 2015, no 
periódico El País, 1% da população mundial concentrava metade de toda a riqueza 
do planeta. 
Na mesma matéria há uma pirâmide de renda demonstrando que 0,7% da 
população mundial possui renda de mais de um milhão de dólares mensais, 7,4% 
possuem renda entre 100 mil e um milhão, 21% possuem renda entre 10 mil e 100 
mil dólares, e 71% possuem renda menor que 10 mil dólares mensais. O maior 
problema é que grande parte desses 71% mais pobres do planeta possui rendas 
extremamente baixas ou está abaixo da linha da pobreza, tendo dificuldades para 
manter alimentação e moradia dignas. 
 
A desigualdade social separa as camadas mais ricas e poderosas das camadas mais pobres da população. 
 
 
22 
Desigualdade social no Brasil 
Segundo um estudo de 2017, divulgado pelo Pnud (Programa das Nações Unidas 
para o Desenvolvimento), o Brasil era, então, o sétimo país mais desigual do mundo, 
ficando atrás apenas de nações do continente africano. 
 
A favela de Paraisópolis (São Paulo) está localizada ao lado de condomínios de luxo. A paisagem ilustra a 
desigualdade social brasileira. 
 
Outro estudo, em 2015, havia classificado o Brasil como o 10º país com maior 
desigualdade social em um ranking de 140 países. A pesquisa apresentada na 
matéria foi coordenada pelo ex-diretor do Ipea e professor da Fundação Getúlio 
Vargas (FGV). 
A matéria apontava que dados levantados pela Oxfam (uma confederação 
internacional com mais de 3000 membros que estuda e luta contra a pobreza no 
mundo) mostravam que os seis maiores bilionários brasileiros concentravam, juntos, 
a riqueza da metade da população brasileira. Isso significa que, em um país com 
aproximadamente 210 milhões de habitantes, seis deles possuíam a riqueza 
equivalente a de outros 105 milhões. 
O Brasil é o país que mais concentra riqueza entre o 1% mais rico na América 
Latina, tendo seu coeficiente de Gini mais baixo entre os países latino americanos, 
ficando atrás apenas de Colômbia e Honduras. 
O distanciamento entre as camadas sociais pode ser percebido em outra 
discrepância: enquanto metade da população recebia, em média, R$ 850, 1% dos 
brasileiros tinha rendimento médio mensal de R$ 28.659. 
A falta de infraestrutura e a má distribuição de renda são coisas que agravam a 
situação. A PNADC (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) 
 
 
23 
permite olhar isso no universo do Brasil como um todo. Os problemas mudam de 
acordo com a região. Brasília, por exemplo, tem a maior renda, mas também a maior 
desigualdade. 
 
 
Como acabar com a desigualdade social? 
Ao longo da história moderna, a preocupação com a desigualdade social começou a 
surgir, dando lugar a teorias que visavam reduzir ou eliminar as diferenças 
econômicas entre ricos e pobres. Assim tiveram origens os ideais socialistas, que 
visavam uma forma de organização estatal capaz de promover a igualdade 
econômica. 
As primeiras formas de socialismo, hoje chamadas de socialismo utópico, não 
expressaram qualquer indício de prática. O socialismo científico foi a forma mais 
desenvolvida de economia socialista proposta no século XIX pelo filósofo, sociólogo 
e economista alemão Karl Marx e pelo economista e escritor alemão Friedrich 
Engels. 
Existe também a perspectiva anarquista, embasada principalmente nos estudos do 
filósofo, sociólogo e economista francês Pierre-Joseph Proudhon e do filósofo e 
teórico político russo Mikhail Bakunin. Segundo a teoria anarquista, o Estado deve 
ser abolido completamente e, junto a ele, abole-se o capitalismo. As entidades 
estatais seriam substituídas por sistemas de assembleias e pela autogestão popular 
para a tomada de decisões políticas. A economia capitalista daria lugar ao sistema 
de cooperativismo. 
Outras perspectivas ganharam destaque no século XX e ainda se mantêm no século 
XXI. Trata-se do conjunto de ideias chamado de reformismo, que são perspectivas 
políticas que colhem elementos socialistas e capitalistas, visando manter a economia 
 
 
24 
regida pelo sistema capitalista, mas com ideias de redução da desigualdade social e 
de redistribuição de renda via atuação estatal. Uma dessas perspectivas é a social-
democracia, sistema político econômico adotado em países europeus, como 
Noruega, Finlândia e Suécia. 
 
Desigualdade social para Karl Marx 
Marx e Engels fundaram uma teoria baseada na abolição do capitalismo com o 
aparelhamento do Estado em favor do proletariado e na estatização de toda a 
propriedade privada. 
 
Para Marx, havia uma absurda exploração da classe trabalhadora (o proletariado) 
por parte da classe dominante (a burguesia, ou seja, os donos dos meios de 
produção). 
A teoria marxista foi classificada como socialismo científico por apresentar, pela 
primeira vez, uma base de estudos para justificar e amparar o pensamento 
socialista. No século XX, várias tentativas de implantação do socialismo de viés 
marxista foram postas em prática, porém críticos apontam o fracasso delas por não 
acabarem com a desigualdade (em alguns casos até acirrá-la pela corrupção) ou por 
criarem situações de extrema miséria. 
No entanto, outros críticos rebatem essas visões alegando que as experiências 
socialistas iniciadas no século XX desviaram-se dos ideais marxistas. Podem-se 
elencar como os maiores exemplos de experiências de socialismo com 
embasamento marxista os casos da União Soviética, da China e de Cuba. 
 
 
 
25 
OS FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
 
A capacidade racional do homem o diferencia do animal. Sua capacidade de pensar, 
articular ideias e expressá-las por meio da linguagem permite a produção do 
conhecimento. 
 
 
Formas de conhecimento 
Têm-se como formas de adquirir conhecimento: mito, conhecimento religioso, 
conhecimento filosófico, senso comum e o conhecimento científico. A seguir 
veremos cada uma dessas formas. 
 Mito: é a narrativa em forma de fábula. Transmite conhecimento por gerações 
por meio de lendas e histórias mitológicas. 
 Conhecimento religioso: conhecimento produzido a partir da fé e da religião. 
Geralmente a narrativa religiosa pode garantir a salvação para aqueles que 
têm fé. 
 Conhecimento filosófico: traduz a busca e amor pelo conhecimento. Suas 
conclusões são especulativas e não necessitam de provas materiais. Este 
conhecimento orienta a atividade intelectual. 
 Senso Comum: é o conhecimento produzido a partir das observações diárias, 
estabelece relações de causa e efeito sem a utilização de uma metodologia 
científica, suas conclusões são empíricas sem nenhum fundamento científico 
e nem sempre representam a realidade. Características: assistemático, 
subjetivo, empírico, parcial. 
 Conhecimento científico: é o conhecimento produzido por meio do método 
científico. As conclusões são resultado de um método específico e podem ser 
reproduzidas por qualquer pessoa, em qualquer lugar, se forem respeitadas 
 
 
26 
as mesmas condições do experimento. O objetodo estudo da ciência é 
delimitado e suas conclusões buscam generalidade (buscam descrever as leis 
universais que regem o universo) e objetividade (regras bem definidas). 
Características: metódico, objetivo, geral, imparcial. 
 
O que são as Ciências Sociais? 
Conjunto de saberes que abrangem a antropologia, sociologia e ciência política. 
Ajudam a ―limpar a lente‖ através da qual enxergamos as diferentes realidades em 
que vivemos. 
Antropologia: Estuda a cultura e a sua influência no comportamento humano. Nesta 
ciência o estudioso deve aprender a desconfiar de tudo aquilo que é normal e 
transformar o que exótico em familiar. O antropólogo se insere em outra sociedade, 
se despe de seus valores morais, éticos e culturais, e passa a conviver nessa nova 
sociedade como observador. 
 
Sociologia: Estuda as inter-relações humanas e suas influências sobre o 
comportamento. O sociólogo trabalha com os fatos sociais como objeto de estudo, 
verificando a influência destes fatos sobre o comportamento humano. 
Ciência Política: Estuda as relações de poder na sociedade, as relações de 
autoridade, relações entre governantes e governados e a política. 
 
Diferença entre enfoque das Ciências Sociais e Naturais 
As ciências sociais diferem das ciências naturais quanto ao foco de estudo, pois seu 
objeto de estudo é complexo. Enquanto as ciências naturais se preocupam em 
observar a realidade e descrever as leis que a descrevem, as ciências sociais 
buscam uma interpretação dessa realidade. As ciências sociais não são exatas e 
seu método é específico, diferente do método científico das ciências naturais. Além 
disso, o observador se insere no contexto, já que seus valores interiores poderão 
influenciar em sua observação. 
 
Conceitos importantes 
Cultura Eurocentrista: A construção científica ocidental teve seu berço na Europa. 
Com o imperialismo europeu e a expansão da cultura europeia para outros 
 
 
27 
continentes, o modelo do homem branco europeu e sua sociedade se tornaram o 
padrão a ser seguido por outros povos. Tudo aquilo que era estranho ou estrangeiro 
era considerado mal e selvagem, devendo ser trazido, ainda que à força, ao padrão 
da época. 
Etnocentrismo: Achar que a cultura de determinada sociedade é superior as demais 
culturas. Este posicionamento permite a imposição da cultura tida como ―superior‖ ou 
mais evoluída à sociedade ―inferior‖ ou menos evoluída. Passo a observar o mundo 
com os padrões e valores da cultura etnocentrista, passo a observar o mundo 
através da ―minha própria lente‖. 
Relativismo Cultural: É a postura de observar a cultura de uma outra sociedade 
despido dos valores da sociedade ou grupo ao 
qual pertenço. É estudar e entender a cultura 
alheia sem pré-conceitos ou julgamentos 
prévios. Colocamos-nos no lugar do outro e 
passamos a compreender a sociedade dele, sob 
a ótica de um indivíduo que pertence àquela 
sociedade 
Diversidade Cultural: É a existência de diversas culturas, hábitos, costumes, regras e 
formas de expressão distintas no mundo. Com a globalização e a informática, maior 
é a consciência desta diversidade cultural. 
Multiculturalismo: é a interação positiva de diversas culturas, não havendo 
hierarquias entre elas. Há a formação de uma sociedade multicultural. 
 
PRINCIPAIS FILÓSOFOS 
 
Auguste Comte 
 
O Positivismo foi a matriz filosófica desenvolvida por Augusto Comte com intuito de 
estabelecer o racionalismo científico em detrimento do conhecimento religioso ou 
 
 
28 
metafísico. O método científico e racional seria o caminho correto para o 
esclarecimento. A razão humana prevaleceria e resultaria em leis naturais que 
descreveriam o funcionamento do homem, da natureza e do universo. O Positivismo 
deu a base científica à Sociologia, estabelecendo-a como uma ciência. A Sociologia 
seria, analogamente à Física, uma Física Social que buscaria compreender e 
descrever as leis que regem a sociedade. Assim como a Física é dividida em 
Estática e Dinâmica, a Física Social é dividida em Estática Social (características 
permanentes – propriedade, família, linguagem) e Dinâmica Social (evolução social). 
Leis dos Três Estados: Como a ciência se preocupa em descrever as leis que regem 
o universo, a Sociologia também teria suas leis. Para Comte, a lei dos Três Estados 
descreveria os estágios de evolução de uma sociedade. Primeiramente, o estado 
teológico, onde todas as explicações eram baseadas nas crenças religiosas, tendo 
como base o divino e o profano; em um segundo patamar teríamos o estado 
metafísico, onde todo o conhecimento seria baseado em princípios abstratos; em 
último degrau teríamos o estado positivo, quando todo saber humano seria baseado 
no método científico, no qual prevaleceria a razão. 
 
O Darwinismo Social: surge em um cenário neocolonialista, quando os mercados 
europeus, crescendo enormemente com as revoluções industriais, necessitam 
buscar mercado consumir, mão-de-obra e matéria prima em outros países. Os alvos 
principais do neocolonialismo foram dois continentes, o africano e o continente 
asiático. 
O Darwinismo Social foi uma analogia à teoria Darwinista de Charles Darwin. 
Para Darwin existe uma lei natural que regula a sobrevivência da espécie mais 
adaptada ao ambiente, analogamente, teríamos nas sociedades humanas a 
dominação das nações mais desenvolvidas e adaptadas. 
 
 
29 
O Darwinismo Social justificou o neocolonialismo como uma evolução natural da 
sociedade, explicando esse fenômeno social. As sociedades que já estavam no 
estado Positivo, dominariam as sociedades ―inferiores‖. O Darwinismo Social 
justificava também as idéias positivistas de Comte e sua Física Social. 
 
Crítica ao Positivismo: Comte tinha as noções gerais de Estática e Dinâmica Social. 
Para ele a Estática Social eram os conceitos que mantinham a sociedade coesa, e a 
partir de uma unidade coesa se alcançaria a Estática Social em direção ao 
progresso (amor por base, ordem por meio, progresso por fim). Neste sentido o 
Positivismo torna-se antagônico, pois apesar de estar fundado nos métodos 
científicos, era altamente conservador, justificando uma sociedade desigual. Além 
disso, o positivismo acreditava que todas as sociedades evoluem com o tempo, e 
isto não é uma verdade absoluta já que algumas sociedade se extinguiram e outras 
permaneceram estáticas no decorrer da história. Outro ponto negativo aborda as 
vantagens do progresso. Para os positivistas o progresso apenas gera vantagens, 
sem se preocupar com os malefícios que também são gerados pelos mesmos 
avanços. Ex; poluição, engarrafamentos, banditismo, violência, desordem urbana, 
etc. 
 
Durkheim 
 
Durkheim e a Sociologia Científica: Apesar de ser discípulo de Comte, Durkheim foi 
um crítico à metodologia de seu mestre. Para ele a Sociologia de Comte apenas 
tentava explicar a Física Social de forma especulativa e vaga (tratava a sociedade 
 
 
30 
como um organismo vivo), sem se fixar no objeto real a ser observado, critica 
ainda a religião da humanidade desenvolvida por Comte. A ciência positivista de 
Comte é construída sob um ideal de progresso, com base em uma ordem, por vezes 
autoritária. Para Durkheim a Sociologia deveria realizar uma análise criteriosa 
dos fatos sociais, que seriam o objeto de estudo da Sociologia. A ciência 
fundamentalista de Durkheim era construída com base em uma observação concreta 
dos fatos sociais. 
Lembrando que os fatos sociais são regras que regem o comportamento e as 
maneiras de se conduzir em sociedade. 
Características dos fatos sociais: gerais, externos e coercitivos. 
Gerais: são formas de pensar ou agir coletivos de uma sociedade, são observações 
individuais que se repetem no inconsciente coletivo (maneira de agir/ maneira de 
ser) 
Externos: são influências externas aos indivíduos, são valores, regras, normas que 
se apresentam ou se impões a certo indivíduo. São internalizadospela socialização 
Coercitivos: impõem uma conduta, sancionado aqueles que a desrespeitam. 
Quanto à socialização: processo pelo qual os seres humanos são induzidos a adotar 
posturas padrões, comportamentos socialmente esperados, normas, regras e 
valores. Basicamente o processo de socialização é feito por meio da educação, leis, 
costumes e relações sociais. 
 
Diferença entre Patológico e Normal: Para Durkheim, assim como um organismo 
vivo, a sociedade poderá sofre de algum mal ou doença. Diferenciamos este estado 
patológico quando um comportamento está fora da média social de determinada 
sociedade. Identificamos um fenômeno social normal quando um comportamento é 
generalizado, unânime, representa a vontade coletiva, é útil à saúde social. Quando 
um comportamento fica fora dos padrões normais é considerado patológico. 
 
 
31 
Anomia Social: O termo anomia foi criado por Durkheim em seu estudo sobre 
suicídio e significa na acepção da palavra falta, privação, inexistência de lei. É um 
estado onde os indivíduos se encontram com a inexistência de padrões normativos 
ou leis, levando-os a tomar condutas por vezes violentas e que geram conflitos. 
Consciência Coletiva x Consciência Individual: para Durkheim cada indivíduo possui 
sua própria consciência, no entanto, é possível perceber no interior de qualquer 
grupo ou sociedade, formas padronizadas de conduta e pensamento coletivos. É, 
em certo sentido, a forma moral vigente na sociedade. Ela aparece como um 
conjunto de regras fortes e estabelecidas que atribuem valor e delimitam os atos 
individuais. É a consciência coletiva que define o que, em uma sociedade, é 
considerado imoral, reprovável ou criminoso. 
Solidariedade social, este último é definido por Durkheim como os laços que unem 
os indivíduos entre si formando a coesão social. 
Solidariedade Mecânica x Solidariedade Orgânica: Para Durkheim a solidariedade 
social pode evoluir de uma forma mecânica para uma forma orgânica. Na mecânica, 
a coesão social é forte, pois a consciência coletiva é mais forte do que a individual, 
os indivíduos se unem, pois se identificam uns com os outros. Na orgânica há uma 
coesão, no entanto a consciência coletiva é atenuada, havendo uma maior 
consciência individual. Há interdependência. Nela os indivíduos visualizam a 
necessidade de dividir os trabalhos, cada um depende do conhecimento específico 
do outro, havendo assim um sentimento de dependência mútua. 
Solidariedade Mecânica: há maior consciência coletiva, pois os indivíduos se 
identificam um com os outros, gerando uma coesão social. 
 
Solidariedade Orgânica: há maior consciência individual, no entanto há a relação de 
interdependência entre os indivíduos, já que há maior especialização e divisão de 
 
 
32 
trabalho. Isto gera a coesão social deste tipo de sociedade. 
Direito Repressivo x Direito Restitutivo: Direito repressivo está ligado às sociedades 
onde a consciência coletiva é mais forte, pune-se as condutas irregulares já que elas 
prejudicam o coletivo. O Direito restitutivo está ligado às sociedades onde a 
consciência individual é mais forte, já que ele busca trazer, individualmente, a 
conduta irregular específica ao padrão de correção, ao causador do dano cabe 
apenas restituí-lo. 
 
Comte x Durkheim – De forma resumida a diferença entre eles é a seguinte: 
Comte: para ele a sociologia é uma ciência positivista, construída sob um ideal de 
sociedade, ideal de progresso. Ele estudou a física social. 
Durkheim: para ele a sociologia deveria ser mais fundamentalista, construída com 
base nas observações concretas e empíricas dos fatos sociais. 
 
Karl Marx 
 
Karl Marx viveu em um período onde a Revolução Industrial transforma a sociedade 
em função do surgimento da Economia de Mercado. Tudo que envolve 
 
 
33 
a produção se torna um fator de produção: mão de obra, tecnologia, matéria prima e 
a terra, tudo se tornou de certa forma uma mercadoria para o mercado industrial 
emergente, e passou a ser comercializado como tal. 
A crítica de Marx era com relação ao Idealismo. Em termos sociológicos, o idealismo 
consiste na alegação de que as ideias humanas, crenças e valores, moldam a 
sociedade. Marx defende o Materialismo dialético, que é uma concepção filosófica 
que defende que o ambiente, o organismo e fenômenos físicos tanto modelam os 
animais e os seres humanos, sua sociedade e sua cultura quanto são modelados 
por eles. E no Liberalismo acreditavam que apenas o mercado poderia regular o 
próprio mercado, ou seja, quanto menos o governo se intrometesse na Economia, 
melhor. E o Socialismo utópico para Marx se tratava dos ideais em prol de uma 
sociedade mais justa, que pareciam irrealizáveis. 
 
Forças Produtivas x Relações Sociais de Produção à Estrutura + 
Superestrutura: 
Para Marx as relações sociais de produção surgem do trabalho, da necessidade do 
homem de sobreviver. Sendo o trabalho o modo de organização dos fatores de 
produção (forças produtivas), dele surgem às relações sociais de 
produção (Economia), que produzem a estrutura da sociedade. 
O embate dos interesses nessa estrutura produz a superestrutura da sociedade, 
cultura, política, religião, justiça, etc. A superestrutura surge como reflexo do que 
acontece em sua estrutura. 
 
―Quer entender a cultura, o direito, a religião, enfim, os fenômenos políticos e sociais 
de uma sociedade? Olhe para a sua Economia, ou melhor, para as relações sociais 
de produção vigentes nesta sociedade‖ 
 
 
34 
Vamos entender o conceito de valor. Valor de Uso é valor de usabilidade de certa 
mercadoria, o Valor de Troca é o valor que pode ser usado para substituir por outra 
mercadoria e Mais-Valia é diferença entre o valor do produto na prateleira e a soma 
dos valores dos meios de produção e trabalho utilizados. 
Alienação: o homem é utilizado como um simples fator de produção, ele passa a ser 
visto como uma mercadoria, já que produz seu trabalho. Ele é separado das outras 
etapas de produção, não participa de todas as fases e passa a não ter relação com 
aquilo que produz. 
 
Alienação política: na visão de Marx, o Estado não era um órgão político imparcial, 
como gostavam de sugerir os liberais. Na verdade, o Estado representava 
principalmente os interesses da burguesia, não os do povo. O Estado era um 
instrumento de dominação da classe dominante, razão pela qual os trabalhadores, 
os operários explorados, estavam também separados (alienados) dos processos de 
tomada de decisões política. 
A noção de participação popular é importante para o argumento marxista: a 
ausência de participação tornaria evidente o caráter excludente e classista da 
organização do Estado. 
A luta de classes cumpre uma função importante. É ela que faz as mudanças sociais 
acontecerem. É, portanto o motor da história. Se a luta de classes nasce sempre do 
desejo do oprimido de livrar-se da opressão, então é evidente que o proletário, a 
classe explorada, é o principal agente da transformação histórica. Mas, para isso, é 
preciso que tenham consciência de classe, isto é, que vejam a si próprios como 
partes integrantes de um conjunto, um grupo social poderoso. 
Fetichismo da mercadoria: As pessoas pagam caro por uma coisa que custa barato 
porque acreditam que, ao vestir esta camisa de grife, estão se diferenciando. Elas 
acham que a marca da grife possui um valor intrínseco, isto é, um valor que seria 
 
 
35 
dela, da grife. 
A relação que aparenta ser somente entre coisas (o dinheiro e o camisa de grife) é 
na verdade uma relação entre pessoas, ou seja, é uma relação entre todos os 
trabalhadores envolvidos na produção e comercialização da camisa, e você, que 
trabalhou para ter o dinheiro necessário para comprá-lo. 
No entanto, diz Marx, as pessoas são incapazes de perceber que, em função do 
trabalho que fazem, estão constituindo uma relação social. É isto que o autor chama 
de fetichismo da mercadoria(transformar um atributo subjetivo em objetivo). 
Crítica a ideologia burguesa: ―As ideias dominantes de uma época sempre foram as 
ideias da classe dominante.‖ Aí o gesto ideológico de apresentar o que era fruto de 
uma posição particular na sociedade (a posição da classe burguesa) como sendo 
algo de validade universal, isto é, válido para todas as pessoas. Teoricamente a 
burguesia defendia a liberdade, no entanto, a liberdade que defendiam favorecia 
apenas a burguesia, pois em sua visão (ideologia), esta forma de agir era a correta 
(o trabalho do 
proletariado era uma 
simples mercadoria). 
Dessa forma, percebe-
se que a luta entre 
classes é o que faz as 
mudanças sociais 
acontecerem, e Marx 
apostava que a vitória 
do proletariado levaria 
ao início de uma época socialista, sem classes, exploração ou desigualdade. 
 
Max Weber 
 
Weber x Marx: Weber busca compreender por que a história se transforma, para 
isso devem ser considerados outros fatores além do conflito entre dominadores e 
dominados. Seria preciso observar certos aspectos da realidade social que Marx 
 
 
36 
teria ignorado. Para Weber, o cientista social deveria agir intelectualmente de acordo 
com as exigências científicas, diferentes, das exigências do exercício da ação 
política, ele deveria adotar a neutralidade. 
Weber x Durkhein: Weber não se preocupa com coercitividade dos fatos 
sociais sobre o indivíduo, mas sim em perceber que as normas sociais se tornam 
concretas quando se apresentam como motivação que impulsiona o indivíduo a agir 
no meio social. 
Weber parte sempre da observação das ações dos indivíduos, e não de alguma 
totalidade (seja um fato social ou uma estrutura) que existiria anteriormente a eles. 
Ação Social: É a conduta humana dotada de um significado atribuído pelo agente (o 
indivíduo que a pratica) e tem relação com a conduta de outros indivíduos. Para 
Weber, o objetivo da Sociologia é compreender os sentidos (significado) das ações 
sociais. 
 
Tipos de ações: 
Weber é um individualista metodológico, pois seu método de trabalho consiste em 
partir do estudo das ações dos indivíduos para então buscar compreender seu 
sentido, isto é, compreender o que os indivíduos pensam que estão fazendo quando 
agem de uma determinada forma, e que resultados (intencionais ou imprevistos) 
acabam produzindo. 
Destaca-se então o estudo das relações sociais. A relação social se estabelece 
quando os agentes partilham o sentido de suas ações e agem reciprocamente de 
acordo com certas expectativas que possuem do outro. 
Weber afirma que o cientista deve ser motivado por suas paixões, mas, ao identificar 
objeto de seus estudos, deverá fazê-lo de forma objetiva. Mas como fazer a ponte, a 
passagem entre a subjetividade (crenças e valores do cientista) e a objetividade (a 
necessidade de deixá-los fora do trabalho)? A resposta é por meios dos Tipos 
Ideais. 
O Tipo ideal é instrumento puramente formal, elaborado através da intensificação 
unilateral de alguma característica do fenômeno observado. Ou seja, o tipo ideal não 
existe de fato, é construído pelo pesquisador com o objetivo de facilitar a 
compreensão do fenômeno que ele pretende analisar. 
Weber argumentou que o capitalismo foi a consequência, na esfera da Economia, de 
um processo de racionalização que teve na ética do trabalho protestante, um dos 
seus principais motores. 
Mas o que garantiria a obediência das pessoas? Para responder a esta pergunta, 
Weber irá distinguir três tipos de dominação: 
A dominação Racional-legal: Está baseada no respeito a uma regra ou norma vista 
 
 
37 
como legítima. A obediência à Constituição do país é um exemplo de dominação 
racional-legal: o indivíduo reconhece a legitimidade das leis e vive de acordo com 
elas. 
A dominação Tradicional: Por outro lado, está baseada no respeito a uma ordem 
antiga, a uma tradição. Quando, por exemplo, um indivíduo vive de acordo com as 
regras de uma religião, de uma dinastia, de um poder familiar ou historicamente 
perpetuado. 
A dominação Carismática: O indivíduo admira ou obedece a um chefe ou líder que 
considera excepcional 
Para Marx o mundo é instável e vive em um constante embate entre classes. Para 
Weber há uma relativa estabilidade, onde predomina o racionalismo e a burocracia 
moderna, que pode ser abalada periodicamente por fenômenos irracionais 
carismáticos. 
 
Dessa forma a obra de Weber nos ajudou a ver que as ideias, as práticas culturais e 
religiosas, não eram meros reflexos das condições materiais em que os indivíduos 
viviam. Ele fez distinção entre Ciência e Política, importante no contexto em que foi 
formulada. Desenvolveu importantes ferramentas para a sociologia (tipos de ação, 
tipo ideal e dominação). 
 
DIRETOS HUMANOS 
 
Direitos Humanos são uma categoria de direitos básicos assegurados a todo e 
qualquer ser humano, não importando a classe social, raça, nacionalidade, religião, 
cultura, profissão, gênero, orientação sexual ou qualquer outra variante possível que 
possa diferenciar os seres humanos. 
 
 
38 
Apesar de o senso comum acreditar que Direitos Humanos são uma espécie de 
entidade que dá suporte a algumas pessoas ou que são uma invenção para proteger 
alguns tipos de pessoas, eles, na verdade, são muito mais do que isso. Para 
entender melhor, precisamos fazer algumas distinções conceituais necessárias 
antes de nos aprofundar no assunto. 
 
 
MITOS E VERDADES SOBRE OS DIREITOS HUMANOS 
 
1. Os Direitos Humanos não foram criados por alguém. 
Em primeiro lugar, os Direitos Humanos não são uma invenção, e sim o 
reconhecimento de que, apesar de todas as diferenças, existem aspectos básicos da 
vida humana que devem ser respeitados e garantidos. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi redigida a fim de resguardar os 
direitos já existentes, desde que houve qualquer indício de racionalidade nos seres 
humanos. Assim sendo, ela não criou ou inventou direitos em seus artigos, mas se 
limitou a escrever oficialmente aquilo que, de algum modo, já existia anteriormente à 
sua redação. Portanto, quando o senso comum fala que ―os Direitos Humanos foram 
criados para...‖, já podemos identificar algo de errado no comentário. Os Direitos 
Humanos são assegurados a toda e qualquer pessoa. 
 
2. Os Direitos Humanos são universais 
Em segundo lugar, a extensão dos Direitos Humanos é universal, aplicando-se a 
todo e qualquer tipo de pessoa. Portanto, eles não servem para proteger ou 
beneficiar alguém e condenar outros, mas têm aplicação geral. Então, frases 
repetidas pelo senso comum, como ―Direitos Humanos servem para proteger 
bandidos‖, não estão corretas, visto que os Direitos Humanos são uma proteção a 
todos os humanos. 
Alegações com base na Declaração Universal dos Direitos Humanos podem ser 
feitas para evitar ações que violem os direitos de réus ou criminosos, como o cárcere 
 
 
39 
injustificado, a tortura ou o assassinato. 
3. Os Direitos Humanos não são uma pessoa. 
Por último, os Direitos Humanos não são uma entidade, uma ONG ou uma pessoa 
que se apresenta fisicamente e tem vontade própria. Portanto, a frase repetida pelo 
senso comum ―Mas quando morre um policial, os Direitos Humanos não vão dar 
apoio à família.‖ está duplamente incorreta, visto que os Direitos Humanos não são 
entidade ou pessoas e que eles se estendem a todos, inclusive policiais. 
 
 
COMO SURGIRAM OS DIREITOS HUMANOS? 
 
Podemos fazer uma primeira incursão na Revolução Americana, em que a carta Bill 
of Rights (ou Declaração dos Direitos dos Cidadãos dos Estados Unidos) assegura 
certos direitos aos nascidos no país. Entre eles, garante o direito à vida, à liberdade, 
à igualdade e à propriedade. Assim, o governo não poderia atacar um desses 
direitos de alguém sem o devido processo e julgamento dentro dos parâmetros da 
lei. 
Na mesma época em que essa emenda americana foi oficialmente aceita, estouroua Revolução Francesa, em 1789, e foi redigida a Declaração dos Direitos do Homem 
e do Cidadão. De cunho liberal e baseada nos ideais iluministas que pregavam 
a igualdade, a liberdade e a fraternidade, essa declaração tinha por objetivo 
assegurar que nenhum homem deveria ter mais poder ou direitos que outro, o que 
representava o ideal republicano e democrata, que à época ameaçava o Antigo 
Regime, no qual apenas uma pessoa concentrava poderes. 
Nesse primeiro momento, tanto a declaração americana quanto a francesa não 
asseguravam direitos amplos a todos os membros da raça humana, pois, no 
 
 
40 
período, mulheres ainda não possuíam todos os seus direitos civis garantidos e 
ainda havia escravidão. 
 
Somente em 1948 foi publicada a carta oficial contendo a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos, a qual asseguraria, para todos e todas, os seus direitos básicos. 
A história desse documento acompanha a história do início da Organização das 
Nações Unidas (ONU), que iniciou suas atividades em fevereiro de 1945. 
O que se queria naquele ano era evitar novas tragédias, como as ocorridas durante 
a Segunda Guerra Mundial, por exemplo, a chamada ―solução final‖ do governo 
nazista contra o povo judeu ou os atos anteriores ao início oficial da guerra, como as 
prisões arbitrárias e o exílio de judeus, bem como a escravização de povos, outros 
genocídios etc. Com o fim da Segunda Guerra, o cenário resultante continha milhões 
de mortos, milhões em situação de miséria e fome, e milhares de civis que tiveram 
algum direito violado por ataques, ações ou crimes de guerra. 
Para elaborar estratégias que evitassem novas tragédias, representantes de 50 
países reuniram-se para elaborar um organismo mundial que visava a garantir a paz 
e o respeito entre os povos. A primeira ação elaborada foi a formação de 
uma Comissão de Direitos Humanos da ONU, que 
ficaria responsável pela redação de um 
documento prescritivo para listar todos os direitos 
fundamentais dos seres humanos. A declaração 
foi concluída em 18 de junho de 1948 e aprovada 
pela Assembleia Geral da ONU em 10 de 
dezembro de 1948. 
Hoje, 193 países são signatários da ONU. Isso significa que, entre outras coisas, 
eles devem garantir em seus territórios o respeito aos direitos básicos dos cidadãos. 
Não há uma maneira expressa e objetiva da organização fiscalizar e regular o 
cumprimento dos Direitos Humanos, mas as legislações da maioria dos países 
ocidentais democráticos, bem como seus sistemas judiciários, recorrem aos artigos 
 
 
41 
expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos para formularem seus 
textos legais e aplicarem as decisões e medidas jurídicas. 
 
Direitos humanos e a ONU 
Além de ter redigido o documento central que trata dos Direitos Humanos no 
mundo, a ONU tem a tarefa de garantir a 
aplicação de tais direitos. Porém, a 
organização não pode atuar como 
uma fiscal ou central reguladora ordenando 
ações dentro dos países e dos governos. O 
que a ONU pode fazer é, no máximo, 
recomendações para que os países 
signatários sigam os preceitos estabelecidos 
no documento. 
Além de recomendações, são comuns ações estratégicas envolvendo os 
países signatários para pressionar governos para que respeitem os Direitos 
Humanos dentro de seus territórios, como embargos econômicos, cortes de 
relações comerciais, restrições em zonas de livre comércio e restrições ou 
cortes de relações exteriores. 
 
Direitos Humanos no Brasil 
Ao longo do tempo, as constituições foram 
gradativamente adequando-se e sendo 
aperfeiçoadas quanto às garantias dos Direitos 
Humanos dos cidadãos brasileiros. Tomam-se, 
como exemplo, os saltos qualitativos 
representados pela Constituição Federal de 
1934, que garantiram avanços para a classe 
trabalhadora e estabeleceu o sufrágio 
feminino, e pela Constituição Federal de 1988, 
que está totalmente alinhada com a Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Apesar de avanços, o país teve períodos como a Ditadura Militar, ocorrida entre 
1964 e 1985, quando, em seus anos mais pesados, centenas de pessoas foram 
presas, exiladas, torturadas e até mortas por causas das suas orientações políticas 
ou pela afronta ao governo ditatorial. 
Também existem alguns problemas em relação à garantia dos Direitos Humanos em 
território brasileiro hoje. Os principais fatores que evidenciam essas falhas são as 
altas taxas de homicídios; as execuções cometidas por milícias; o falho sistema 
 
 
42 
prisional, que se encontra em crise; as ameaças aos defensores dos Direitos 
Humanos; a miséria e a alta desigualdade social; a violência contra a mulher; e o 
trabalho em situações análogas à escravidão. 
 
A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS 
 
O documento oficial da ONU chamado Declaração Universal dos Direitos Humanos 
possui 30 artigos antecedidos por um preâmbulo. O preâmbulo traz as justificativas 
para a redação de tal documento e estabelece as bases sobre as quais os artigos 
foram pensados. Abaixo, cada um dos artigos da Declaração Universal dos Direitos 
Humanos: 
 
 
Artigo 1º — trata da liberdade e da igualdade, que devem estender-se a todos os 
seres humanos. 
Artigo 2º — todas as pessoas podem requerer para si os direitos apresentados no 
documento. Nenhuma discriminação, de qualquer origem, pode ser feita. 
 
 
43 
Artigo 3º — são apresentados os direitos mais 
fundamentais: à vida, à liberdade e à segurança 
pessoal. 
Artigo 4º — diz que ninguém pode ser mantido em 
regimes de escravidão ou servidão. 
Artigo 5º — diz que ninguém pode ser submetido à 
tortura, à crueldade ou a qualquer tipo de tratamento 
degradante. 
Artigo 6º — a personalidade jurídica (ou seja, o reconhecimento legal e jurídico de 
todos como cidadãos) deve ser reconhecida em todo e qualquer lugar. 
Artigo 7º — a lei deve ser igual para todos, deve proteger a todos, e o documento da 
declaração também vale para todos, não importando as diferenças. 
Artigo 8º — toda pessoa pode recorrer ao sistema de justiça contra as violações da 
lei que as atingirem. 
Artigo 9º — proíbe as prisões, detenções ou exílios arbitrários, ou seja, que não 
foram resultados de um processo legal que comprove o ato como determinação de 
uma sentença judicial ou de algum tipo de medida judicial válida. 
Artigo 10º — todo mundo tem direito a um julgamento oficial, público, imparcial e 
justo. 
 
Artigo 11º — com dois incisos, o artigo afirma que alguém que é acusado de um 
delito é inocente até que se prove o contrário e que não se pode condenar alguém 
por uma ação que, no momento em que foi cometida, não era crime em âmbito 
nacional ou internacional. 
Artigo 12º — a lei deve proteger para que ninguém sofra intromissões no âmbito 
privado de suas vidas. 
Artigo 13º — tratando de fronteiras e territórios, os dois incisos desse artigo falam 
que todo mundo tem o direito de residir onde quiser dentro de um Estado e que 
todos podem abandonar ou retornar ao seu Estado de origem quando quiserem. 
Artigo 14º — os dois incisos desse artigo garantem o direito à busca de asilo em 
outros países por perseguição, salvo em caso de processo legal legítimo. 
Artigo 15º — os dois incisos desse direito dizem que a nacionalidade é um direito de 
 
 
44 
todos e que ninguém pode ser privado dele. 
Artigo 16º — os três incisos desse artigo dizem que: a partir da idade em que o 
casamento é permitido, todos têm o direito de se casar, independente de qualquer 
diferença existente entre eles, desde que haja o consentimento de ambas as partes; 
e que o Estado deve garantir a proteção à família, entendendo que essa é o 
elemento fundamental da sociedade. 
Artigo 17º — diz que toda pessoa tem direito à propriedade e que ninguém pode ser 
arbitrariamente privado dela. 
Artigo 18º — trata da liberdade religiosa, garantindo o direito a todos de escolherem 
e mudarem seus credos religiosos, bem como manifestá-los em âmbitopúblico ou 
privado. 
Artigo 19º — diz que todos têm o direito à liberdade de expressão, ninguém pode ser 
censurado ou discriminado por suas opiniões, e todos têm o direito de divulgá-las. 
Artigo 20º — todo mundo pode reunir-se pacificamente, e ninguém pode ser 
obrigado a participar de qualquer tipo de reunião. 
 
Artigo 21º — todo mundo pode participar da política e da vida pública de seu país, 
seja diretamente, seja por meio de representantes eleitos por votação. O terceiro 
inciso desse artigo diz ainda que a vontade popular é o fundamento primeiro que 
confere legitimidade aos poderes públicos. 
Artigo 22º — todos têm direito à segurança e à seguridade social e podem exigir 
esses direitos em suas diversas formas possíveis. 
Artigo 23º — tratando do trabalho, os quatro incisos desse artigo garantem a todas 
as pessoas: a possibilidade de escolha do trabalho; o trabalho digno; a remuneração 
compatível, justa e digna por qualquer tipo de trabalho; a remuneração igual pelo 
trabalho igual; e a possibilidade de fundação e filiação a sindicatos. 
Artigo 24º — todo mundo tem direito ao descanso, ao lazer, a uma jornada de 
trabalho compatível com o descanso e a férias remuneradas periódicas. 
Artigo 25º — o primeiro inciso diz que todo mundo tem direito a condições básicas 
de vida que garantam, para si e para a sua família, as condições básicas de 
 
 
45 
subsistência (saúde, bem-estar, alimentação, vestuário, moradia e serviços sociais 
necessários). No caso de perda dos meios de subsistência involuntária, também é 
assegurada a assistência social. O segundo inciso garante o amparo à maternidade 
e à infância, que devem ser protegidas. 
 
Artigo 26º — tratando da educação, esse artigo diz que todas as pessoas têm o 
direito ao ensino elementar, universal e gratuito. Diz também que o ensino superior 
deve estar aberto a todos em igualdade, que a educação deve promover o respeito e 
os Direitos Humanos, e que cabe aos pais a escolha do tipo de educação que seus 
filhos vão receber. 
Artigo 27º — todos têm o direito de participar e usufruir da cultura, das artes e da 
ciência produzidas em sua comunidade. 
Artigo 28º — todos, sem distinção, têm direito à ordem e à garantia dos direitos 
estabelecidos na Declaração. 
Artigo 29º — todos têm deveres para com as comunidades e, seguindo o 
cumprimento dos deveres, têm seus direitos garantidos. 
Artigo 30º — os direitos e garantias apresentados na Declaração não podem ser 
utilizados para destruir ou atacar qualquer direito fundamental. 
 
Em resumo, os Direitos Humanos são uma categoria de direitos básicos e 
inalienáveis. Garantem direitos básicos a todos os membros da espécie humana. 
Seus primeiros reconhecimentos ocorreram na Revolução Americana e na 
Revolução Francesa. Foram oficializados, no século XX, por meio da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, da ONU. Possuem como objetivo garantir direitos 
fundamentais, como a vida, a liberdade, a saúde e a segurança das pessoas, bem 
como o direito à defesa e ao justo julgamento a quem seja acusado de um crime. 
Direitos Humanos são uma categoria de direitos que se estendem a qualquer 
membro da espécie humana, não importando qualquer tipo de classificação. 
 
 
 
46 
OS DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA 
 
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana 
A dignidade da pessoa humana pode ser considerada como o fundamento último do 
Estado brasileiro. Ela é o valor-fonte a determinar a interpretação e a aplicação da 
Constituição, assim como a atuação de todos os poderes públicos que compõem a 
República Federativa do Brasil. Em síntese, o Estado existe para garantir e 
promover a dignidade de todas as pessoas. É nesse amplo alcance que está à 
universalidade do princípio da dignidade humana e dos direitos humanos. 
 
Como valor-fonte, é da dignidade da pessoa humana que decorrem todos os demais 
direitos humanos. A origem da palavra dignidade ajuda-nos a compreender essa 
idéia essencial. Dignus, em latim, é um adjetivo ligado ao verbo decet (é 
conveniente, é apropriado) e ao substantivo decor (decência, decoro). Nesse 
sentido, dizer que alguém teve tratamento digno significa dizer que essa pessoa teve 
tratamento apropriado, adequado, decente. 
Se pensarmos em dignidade da vida humana ou o que é necessário para se ter uma 
vida digna, começaremos a ver com mais clareza como todos os direitos humanos 
decorrem da dignidade da pessoa humana. Para que uma pessoa, desde sua 
infância, possa viver, crescer e desenvolver suas potencialidades decentemente, ela 
precisa de adequada saúde, alimentação, educação, moradia, afeto; precisa 
também de liberdade para fazer suas opções profissionais, religiosas, políticas, 
afetivas, etc. Esse conjunto de necessidades e capacidades nada mais é que o 
conteúdo dos direitos humanos, reconhecidos, por essa razão, como princípios e 
direitos fundamentais na Constituição Brasileira. 
A dignidade é atributo essencial do ser humano, quaisquer que sejam suas 
 
 
47 
qualificações. Em última instância, a dignidade humana reside no fato da existência 
do ser humano ser em si mesma um valor absoluto, ou como disse o filósofo alemão 
Kant: ―o ser humano deve ser compreendido como um fim em si mesmo e nunca 
como um meio ou um instrumento para a consecução de outros fins‖. 
O Estado deve ser instrumento a serviço da dignidade humana e não o contrário. 
Por essas razões, o princípio da dignidade da pessoa humana exige o firme repúdio 
a toda forma de tratamento degradante (indigna) do ser humano, tais como a 
escravidão, a tortura, a perseguição ou o mau trato por razões de gênero, etnia, 
religião, orientação sexual ou qualquer outra. 
 
É em decorrência do princípio da dignidade da pessoa humana que a Constituição 
de 1988, no seu Título II, ―Dos Direitos e Garantias Fundamentais‖, afirma uma 
extensa relação de direitos individuais e coletivos (Capítulo I, Artigo 5º), de direitos 
sociais (Capítulo II, Artigos 6º a 11º), de direitos de nacionalidade (Capítulo III, 
Artigos 12º e 13º) e de direitos políticos (Capítulo IV, Artigos 14º a 16º). 
 
Prevalência dos Direitos Humanos nas Relações Internacionais 
A Constituição de 1988, em seu Artigo 4º, inciso II, é a primeira em nossa história a 
estabelecer a prevalência dos direitos humanos como princípio do Estado brasileiro 
em suas relações internacionais. 
Se a dignidade da pessoa humana, com todos os direitos humanos dela 
decorrentes, deve orientar a atuação do Estado no âmbito nacional, seria 
contraditório renegar esses princípios no âmbito internacional. Afinal, não são 
apenas os brasileiros que devem ter sua dignidade humana respeitada e promovida, 
mas todas as pessoas, todos os seres humanos, pelo fato único e exclusivo de 
 
 
48 
serem pessoas. Negar a prevalência desse princípio nas relações internacionais 
seria negar a humanidade dos que não são brasileiros. 
Assim, ao afirmar esse princípio, o Estado brasileiro compromete-se a respeitar e a 
contribuir na promoção dos direitos humanos de todos os povos, 
independentemente de suas nacionalidades. 
A prevalência dos direitos humanos nas relações internacionais, ganha maior 
relevância no momento histórico em que vivemos, no qual, em virtude do 
desenvolvimento tecnológico, as distâncias entre as nações tendem a se encurtar 
cada vez mais e todas as pessoas tendem a se tornar verdadeiras cidadãs do 
mundo. 
Um estado regido pelo princípio fundamental da dignidade da pessoa humana não 
pode desprezar as violações dos direitos humanos praticadas por ou em outros 
estados. Com a adoção desse princípio, o Brasil une-se à comunidade internacional, 
assumindo com ela e perante ela a responsabilidade pela dignidade de toda pessoa 
humana. 
 
A Carta de 1988 é a primeira constituição nacional a consagrar um universo de 
princípios que guiam o Brasil no cenário internacional, fixando valores que orientam 
a agenda internacional

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