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F e b r e , i n f l a m a ç ã o e i n f e c ç ã o | 1 FEBRE E TERMORREGULAÇÃO 1. Explicar a termorregulação: PARTE 1 – CONCEITOS INICIAIS → TEMPERATURA CORPORAL NORMAL: Temperatura central: a temperatura dos tecidos profundos do corpo (temperatura central) permanece em níveis bastante constantes dia após dia, exceto quando a pessoa desenvolve doença febril. A pessoa nua pode ser exposta a temperaturas que variam de 13 a 60°C, no ar seco, e ainda manter sua temperatura central quase constante. A temperatura corporal se eleva durante o exercício e varia com as temperaturas extremas do ambiente. Temperatura da pele: A temperatura da pele, em contraste com a temperatura central, se eleva e diminui de acordo com a temperatura a seu redor. → PRODUÇÃO DE CALOR: Quando a velocidade da produção de calor no corpo é superior à da perda de calor, o calor se acumula no corpo e a temperatura corporal se eleva. Inversamente, quando a perda de calor é maior, tanto o calor corporal como a temperatura corporal diminuem. Fatores envolvidos com a produção de calor corporal: • Intensidade do metabolismo basal de todas as células do corpo; • Intensidade do metabolismo causada pela atividade muscular; • Metabolismo extra causado pelo efeito da tiroxina (tireoide). • Metabolismo extra causado pelo efeito da epinefrina, norepinefrina e pela estimulação simpática sobre as células; • Metabolismo extra necessário para digestão, absorção e armazenagem de alimentos (efeito termogênico dos alimentos). → PERDA DE CALOR: Grande parte do calor produzido pelo corpo é gerada nos órgãos profundos, especialmente no fígado, no cérebro e no coração, e nos músculos esqueléticos durante o exercício. A seguir, esse calor é transferido dos órgãos e tecidos profundos para a pele, onde ele é perdido para o ar e para o meio ambiente. → SISTEMA DE ISOLAMENTO DE CALOR NO CORPO: A pele, os tecidos subcutâneos e, em especial, o tecido adiposo, atuam em conjunto como isolantes do corpo. O tecido adiposo é importante porque conduz apenas um terço do calor conduzido pelos outros tecidos, ou seja, mantendo a temperatura corporal/ aquecendo. Esse isolamento realizando pela pele e anexos é um meio eficiente de manter a temperatura central normal, mesmo que a temperatura da pele se aproxime da temperatura do ambiente. → A IMPORTÂNCIA DO FLUXO SANGUÍNEO NA TERMORREGULAÇÃO: Vasos sanguíneos estão profusamente distribuídos por baixo da pele. Sendo que, a velocidade do fluxo sanguíneo no plexo venoso da pele pode variar imensamente —de valores próximos a zero, até cerca de 30% do débito cardíaco. A alta velocidade do fluxo (vasoconstrição) na pele faz com que o calor seja conduzido do centro do corpo para a pele com grande eficiência. Enquanto a redução da velocidade do fluxo (vasodilatação) para a pele, diminui a condução do calor do centro para as periferias. → ATUAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO: A condução de calor para a pele pelo sangue é controlada pelo grau de vasoconstrição das arteríolas e das anastomoses arteriovenosas que suprem sangue para os plexos venosos da pele. Essa vasoconstrição é controlada quase completamente pelo sistema nervoso simpático, em resposta às alterações da temperatura central do corpo e alterações da temperatura ambiente. F e b r e , i n f l a m a ç ã o e i n f e c ç ã o | 2 PARTE 2 – TERMORREGULAÇÃO → PAPEL DO HIPOTÁLAMO: No hipotálamo (especificamente as regiões dos nervos pré-ópticos do hipotálamo anterior e o hipotálamo posterior) situa-se o sistema de controle central, que regula a temperatura do corpo ao integrar os impulsos térmicos provenientes de quase todos os tecidos do organismo (temperatura central + temperatura da pele), o que é considerado como temperatura corporal média. Quando esse valor excede ou fica abaixo da faixa limiar de temperatura, ocorrem respostas termorreguladoras autonômicas, que mantêm a temperatura do corpo em valor adequado. Esse controle termorregulatório é semelhante no homem e na mulher, mas diminui no idoso e em pacientes gravemente enfermos. De acordo com a temperatura corporal o hipotálamo se dirigi impulsos para o córtex cerebral, levando a modificações comportamentais e autonômicas no indivíduo: • Calor: quando ocorre aquecimento da área pré- óptica do hipotálamo as reações autonômicas são vasodilatação cutânea (regulada pela bradicinina e óxido nítrico, facilitando a transferência de calor central para a pele) e a sudorese mediada por inervação colinérgica. • Frio: quando no termostato hipotalâmico há indicação de temperatura corporal fria, impulsos do hipotálamo se dirigem para o córtex cerebral, dando ao indivíduo a sensação de frio, logo, o resultado é uma modificação comportamental levando o individuo procurar se aquecer. Também ocorre respostas autonômicas como atividades motoras (tremores) gerando calor e aumento do metabolismo (liberação de T3 e T4) que também realizam a produção de calor. → RECEPTORES CUTÂNEOS E INTERNOS LEVANDO INFORMAÇÃO DA TEMPERATURA PARA O HIPOTÁLAMO: Receptores cutâneos: a pele, é mais rica em receptores para o frio, portanto a pele é mais importante na identificação de temperaturas mais baixas. Quando a pele é resfriada, alguns reflexos corporais são iniciados: • Calafrios, aumentando a contração muscular e gerando calor; • Inibição da sudorese; • Vasoconstrição da pele. Receptores dos órgãos internos: há também termorreceptores em órgãos internos como a medula espinhal, vísceras abdominais ou ao redor de grandes veias da região superior do abdome e do tórax. Assim como os receptores da pele, são mais sensíveis a temperaturas mais baixas, provavelmente pois são adaptados a identificarem com mais precisão ocasiões de hipotermia. Contudo, esses receptores identificam apenas a temperatura central do corpo, e não a temperatura cutânea. Resposta ao hipotálamo: Os sinais advindos tanto dos receptores periféricos (cutâneo e central)) vão da área pré-óptica até a região posterior do hipotálamo. Nesse local os sinais são combinados e integrados a fim de controlar as reações de produção e de conservação de calor do corpo. Quando os centros hipotalâmicos de temperatura detectam que a temperatura do organismo está muito alta ou muito baixa, eles instituem os procedimentos apropriados para a diminuição ou para a elevação dessa temperatura. • Mecanismos de diminuição da temperatura: ▪ Vasodilatação dos vasos cutâneos: os vasos sanguíneos da pele se dilatam intensamente. Essa dilatação é causada pela inibição dos centros simpáticos no hipotálamo posterior. A dilatação total pode aumentar a transferência de calor para a pele por até oito vezes. ▪ Sudorese: ocorre pela estimulação da área pré-óptica hipotalâmica anterior, por meio do calor excessivo. Com isso, as fibras nervosas F e b r e , i n f l a m a ç ã o e i n f e c ç ã o | 3 colinérgicas liberam acetilcolina que agem nas glândulas sudoríparas. ▪ Diminuição da produção de calor: redução dos processos que produzem o calor, como calafrios, que levam aos tremores musculares e termogênese química. • Mecanismos de aumento da temperatura: ▪ Vasoconstrição dos vasos cutâneos: essa vasoconstrição é causada pela estimulação dos centros simpáticos hipotalâmicos posteriores. ▪ Piloereção: significa “pelos eriçados”. O estímulo simpático faz com que os músculos eretores dos pelos se contraiam, colocando os pelos na posição vertical. Esse mecanismo não é tão importante em seres humanos, mas permite que eles retenham uma espessa camada de “ar isolante” próximo à pele, de modo que a transferência de calor para o meio ambiente, diminui significativamente. ▪ Aumento da termogênese (produção de calor):a produção de calor pelos sistemas metabólicos é aumentada, como na promoção de calafrios, excitação simpática e secreção de tiroxina (tireoide). • Controle comportamental da temperatura: Além dos mecanismos subconscientes para o controle da temperatura corporal, o corpo tem outro mecanismo de controle da temperatura ainda mais potente. Este é o controle comportamental da temperatura (consciente). Sempre que a temperatura corporal interna se eleva, sinais oriundos das áreas de controle da temperatura no cérebro dão à pessoa sensação física de hiperaquecimento, com isso a pessoa faz os ajustes ambientais apropriados para restabelecer o conforto, como sair de ambiente quente Inversamente, sempre que o corpo se esfria, sinais da pele e, provavelmente, também de receptores corporais profundos desencadeiam a sensação de desconforto pelo frio, com isso a pessoa faz os ajustes ambientais apropriados para restabelecer o conforto, como o uso de roupas bem isoladas em tempos frios. PARTE 3 – PONTO DE AJUSTE O “ponto de ajuste” corresponde à temperatura na qual, acima dela, os mecanismos de perda de calor prevalecerão; e abaixo dela, os mecanismos de ganho de calor. Em humanos, a temperatura considerada normal para adultos saudáveis compreende valores próximos aos 37 ºC (ponto de ajuste). 2. Analisar a febre: → CONCEITO: Febre significa temperatura corporal acima da faixa normal de variação (36°C até 37,5°C) – axilar, podendo ser causada por anormalidades no cérebro propriamente dito ou por substâncias tóxicas que afetam os centros reguladores da temperatura (hipotálamo). Elas incluem doenças bacterianas, tumores cerebrais e condições ambientais que podem resultar em uma internação do paciente. → PIROGÊNIOS: Pirogênios são substâncias que podem fazer com que o ponto de ajuste do termostato hipotalâmico se eleve, causando a febre. As substâncias principais são proteínas, produtos da degradação das proteínas, e algumas outras substâncias, especialmente toxinas. Os pirogênios podem ser classificados em exógenos ou endógenos: • Pirógenos exógenos: substâncias que não fazem parte do organismo normal, como microrganismos, seus produtos e toxinas. Esses produtos estimulam as células do nosso organismo a produzirem os pirógenos endógenos (componentes endógenos). • Pirógenos endógenos: são polipéptides produzidos pelo por monócitos e macrófagos no local na lesão/ inflamação ou sistematicamente, e percorrem o corpo até atingirem o centro termorregulador do hipotálamo. Como exemplo desse tipo de pirógenos tem-se a IL-1 alfa e beta. F e b r e , i n f l a m a ç ã o e i n f e c ç ã o | 4 A interleucina 1 (IL-1) é uma interleucina pró- inflamatória. Existem duas formas de IL-1: IL-1 alfa e IL- 1 beta com atividades biológicas quase indistinguíveis, sendo um importante agente do grupo das citocinas e o principal agente mediador na resposta imune contra invasão bacteriana, inflamação e infecções. → FISIOLOGIA DA FEBRE: Alguns experimentos em animais demonstraram que alguns pirogênios, quando injetados no hipotálamo, podem atuar diretamente sobre o centro de regulação da temperatura no hipotálamo e aumentar seu ponto de ajuste. Ou de forma indireta, os pirogênios podem necessitar de várias horas de latência antes de causar seus efeitos. Esse fato é válido para vários pirogênios bacterianos, especialmente as endotoxinas das bactérias gram- negativas. ---------------------------- PARTE 1 – liberação de citocinas: Quando as bactérias ou os produtos da degradação das bactérias estão presentes nos tecidos ou no sangue, eles são fagocitados pelos leucócitos do sangue. Após digerem os produtos bacterianos os leucócitos (macrófagos e células killers) liberam citocinas, grupo diferenciado de moléculas peptídicas de sinalização. Sendo uma das mais importantes dessas citocinas a interleucina-1 (IL-1). PARTE 2 – ativação do hipotálamo: A interleucina-1 é liberada pelos macrófagos para os líquidos corporais e, ao chegar ao hipotálamo, quase imediatamente ativa os processos produtores de febre aumentando, por vezes, a temperatura corporal, por valor significativo em apenas 8 a 10 minutos. A interleucina-1 inicialmente cause febre pela indução da formação de prostaglandinas (principalmente a prostaglandina E2), que atua no hipotálamo para desencadear a reação da febre. PARTE 3 – hipotálamo ativado: Com o novo set point (ponte de ajuste) da temperatura, nervos eferentes, principalmente simpáticos, inervam os vasos periféricos. Há, então, vasoconstrição que impede a perda de calor. Há acionamento de musculo e gordura para produzir calor. O hipotálamo envia sinais ao córtex cerebral com mensagens comportamentais, como a busca por lugares aquecidos, roupas e atitudes posturais. Tudo isso para que a periferia atinja a nova temperatura do hipotalâmica. Com isso, a temperatura pode elevar de 2 a 3 graus Celsius. Caso não seja suficiente, tremores são ativados para aumentar a produção de calor. → CARACTERÍSTICAS DA FEBRE: • Calafrios: Quando o ponto de ajuste do centro de controle de temperatura no hipotálamo é subitamente alterado do nível normal para um nível mais alto do que o normal, a temperatura corporal geralmente leva várias horas para atingir o novo ponto de ajuste da temperatura. Como a temperatura do sangue agora é menor do que o ponto de ajuste do controlador hipotalâmico da temperatura, ocorrem as respostas usuais que causam a elevação da temperatura. Durante esse período, a pessoa experimenta calafrios e sente frio intenso, mesmo que sua temperatura já esteja acima do normal. Além disso, a pele fica fria devido à vasoconstrição e a pessoa treme. Os calafrios continuam até que a temperatura corporal chegue ao ponto de ajuste Microrganismos (ag. pirogênicos exogenos) são fagocitados por macrófagos e linfócitos Com isso ocorre a liberação de pirógenos endogenos (IL-1, IL- 6, TNF) Essas citocinas pirogênicas chegam as fibras pré-óptica do hipotalamo anterior E no endotélio do sangue que banha essa região libera o acido araquidonio, que realiza a síntese de prostaglandina E2 A prostaglandina E2 se difunde pela área pré-optica, ativa o AMP cíclico Com isso, muda o ponto de ajuste da temperatura no hipotalamo e provoca a febre. F e b r e , i n f l a m a ç ã o e i n f e c ç ã o | 5 hipotalâmico de 39,4°C. A partir desse ponto, a pessoa não apresenta mais calafrios e não sente frio ou calor. • Crise ou rubor: Se o fator que está causando a alta da temperatura for removido, o ponto de ajuste do controlador da temperatura hipotalâmico será reduzido para valor mais baixo, e talvez volte ao normal. Com isso, ocorre sudorese intensa e o desenvolvimento súbito de aquecimento da pele por causa da vasodilatação generalizada. Essa mudança súbita de eventos no estado febril é conhecida como “crise” ou, mais apropriadamente, “rubor”. • Intermação: Quando a temperatura corporal se eleva além de temperatura crítica, na variação entre 40,5 e 42,2°C, a pessoa, provavelmente, desenvolverá uma intermação. Os sintomas incluem desorientação, desconforto abdominal, algumas vezes, acompanhado por vômitos, às vezes, delírios, com eventual perda da consciência se a temperatura corporal não for rapidamente diminuída. → CARACTERÍSTICAS DA FEBRE: • Início: ▪ Súbito: percebe-se de um momento para outro a elevação da temperatura. Nesse caso, a febre se acompanha quase sempre dos sinais e sintomas que compõem a síndrome febril. ▪ Gradual: a febre pode instalar-se de maneira gradual e o paciente nem perceber seu início. Em algumas ocasiões, predomina um ou outro sintoma da síndrome febril, prevalecendo cefaleia, a sudorese e a inapetência.• Intensidade: (temperatura axilar) ▪ Febre leve ou febrícula: até 37,5°C; ▪ Febre moderada: de 37,6° a 38,5°C; ▪ Febre alta ou elevada: acima de 38,6°C. • Evolução: ▪ Febre contínua: aquela que permanece sempre acima do normal com variações de até 1 °C e sem grandes oscilações; ▪ Febre irregular ou séptica: registram-se picos muito altos intercalados por temperaturas baixas ou períodos de apirexia; ▪ Febre remitente: há hipertermia diária, com variações de mais de 1 °C e sem períodos de apirexia; ▪ Febre intermitente: a hipertermia é ciclicamente interrompida por um período de temperatura normal; isto é, registra-se febre pela manhã, mas esta não aparece à tarde; ou então, em 1 dia ocorre febre, no outro, não. ▪ Febre recorrente ou ondulante: caracteriza-se por período de temperatura normal que dura dias ou semanas até que sejam interrompidos por períodos de temperatura elevada. • Término: ▪ Crise: quando a febre desaparece subitamente. Neste caso costumam ocorrer sudorese profusa e prostração. ▪ Lise: significa que a hipertermia vai desaparecendo gradualmente, com a temperatura diminuindo dia a dia, até alcançar níveis normais. 3. Descrever os locais de aferição da temperatura corporal: É possível medir a temperatura em três locais do corpo: • Oral (na boca): coloca-se o termômetro sob a língua e, com os lábios, mantém-se o termômetro fixo, que deve ser mantido nessa posição durante três minutos. (padrão normal: 36,3°C a 37,4°C) F e b r e , i n f l a m a ç ã o e i n f e c ç ã o | 6 • Retal: para esse método, utiliza-se um termômetro retal. Esse é recomendado para bebês, pois não são capazes de segurar o termômetro na boca de forma segura. (padrão normal: 37°C a 38°C) • Axilar (sob a axila): é o método mais utilizado. Coloque o termômetro sob a axila, com o braço pressionado contra o corpo, durante cinco minutos antes da leitura. (padrão normal: 35,8°C a 37°C). 4. Diferenciar febre de hipertemia e hipotemia: → FEBRE: Alteração do ponto de ajuste hipotalâmico. A febre é uma elevação da temperatura corporal que ultrapassa a variação diária normal e ocorre associada ao aumento do ponto de ajuste hipotalâmico, de 37ºC para 39ºC. Essa elevação ocorre em resposta a um sinal químico (pirógeno endógeno) lançado como parte da resposta inflamatória, com liberação de mediadores como a interleucina-1B e interleucina-6. → HIPERTEMIA: O ponto de ajuste hipotalâmico está normal, porém o calor não pode ser dissipado ou está sendo mais produzido. A hipertermia é o aumento da temperatura corporal devido a um desequilíbrio entre a produção e a dissipação de calor. A hipertermia diferencia-se do estado febril porque nela o limiar térmico hipotalâmico está preservado e o aumento da temperatura corporal ocorre por excesso de produção ou falência na dissipação de calor ou, ainda, por disfunção do centro termorregulador A hipertermia pode ser causada tanto por fatores externos, como exposição ao sol, permanência numa banheira quente por longo tempo, proximidade a locais muito aquecidos ou por fatores internos, em virtude de alguma doença. → HIPOTEMIA: Hipotermia é a temperatura corporal reduzida que acontece quando um corpo dissipa mais calor do que produz internamente durante tempo suficientemente prolongado. Nos seres humanos, é definida como uma temperatura padrão do corpo abaixo de 35,0 ºC. Na hipotermia pode haver de arrepios, confusão mental até paradas cardíacas. 5. Descrever a farmacodinâmica e a farmacocinética dos anti-térmicos: Antipirético ou antitérmico é um medicamento que previne ou reduz a febre, diminuindo a temperatura corporal que está acima do normal. Entretanto, eles não vão afetar a temperatura normal do corpo se uma pessoa que não tiver febre o ingerir. Os alvos dos antitérmicos: F e b r e , i n f l a m a ç ã o e i n f e c ç ã o | 7 • Reduz a produção de mediadores pró- inflamatórios (prostaglandina E2, por meio da inibição da ciclooxigenase); • Aumenta a produção local de moléculas anti- inflamatórias; → ASPIRINA: Além de sua ação antitérmica possui também ação anti-inflamatória e analgésica. • Dosagem: o Crianças: 50-75 mg/kg/dia, de 4/4 horas ou de 6/6 horas. ▪ Melhor ação anti-inflamatória, recomenda-se a dose de 75- 100 mg/kg/dia, de 6/6 horas. o Adultos: para adultos a dose indicada é de 300-900 mg, de 4/4 horas ou de 6/6 horas. • Reações adversas: o úlcera gástrica, hemorragia digestiva; o quadros de anafilaxia, asma, rinite, urticária. Síndrome de Reye: A causa da síndrome de Reye ocorre geralmente depois de uma infecção por determinados vírus, como os da influenza ou catapora, sobretudo em crianças que tomam aspirina durante essas infecções. Devido a esse aumento no risco de desencadear a síndrome de Reye, aspirina não é recomendada para crianças, exceto para o tratamento da doença de Kawasaki. Na atualidade, raramente, a aspirina é utilizada para o combate à febre em crianças. Com a diminuição do seu uso, praticamente não mais se observa a Síndrome de Reye. → DIPIRONA: Trata-se de medicamento com potente ação antitérmica e analgésica, mas destituído de ação anti- inflamatória. • Dosagem: o Crianças: 10-12 mg/kg, ou 0,4-0,6 gota/kg. (Na prática tem-se observado que a dose usada é de uma gota por/kg, o que vale dizer, quase que o dobro da dose preconizada). o Adultos: 0,5-1g três vezes ao dia. • Reações adversas: o hipotensão, broncoespasmo, urticária, o sonolência, cansaço, cefaléia, anafilaxia. → IBUPROFENO: É um anti-inflamatório não hormonal que possui, além da ação anti-inflamatória, ação antitérmica e analgésica. Foi liberado nos EUA para uso em crianças maiores de seis meses de idade. • Dosagem: o Crianças: 5-10 mg/kg de 6/6 horas. • Reações adversas: o úlcera gástrica, hemorragia digestiva e perfuração tem sido relatada, sendo, entretanto, raras na criança; o Outras reações são a inibição reversível da função plaquetária. → PARACETAMOL: Quando indicada, a droga pode ser dada a recém- nascidos e às gestantes, sendo o medicamento o mais indicado nestas situações. • Dosagem: o Crianças: 10-15 mg/kg de 6/6 horas ou até de 4/4 horas, tomando-se o cuidado de não ultrapassar a dose de 75 mg/kg/dia. o Adultos: 1 comprimido (de 500mg ou de 750 mg) de 6/6 horas ou até de 4/4 horas. • Reações adversas: o O paracetamol é considerado o antitérmico mais seguro, com pouquíssimos eventos adversos como erupções cutâneas, urticária, angioedema e anafilaxia. o As contraindicações são: não utilizar o paracetamol em pacientes com desidratação importante, desnutrição grave, jejum prolongado e em pacientes com hepatopatias crônicas. F e b r e , i n f l a m a ç ã o e i n f e c ç ã o | 8 6. Explicar convulsão febril: É toda convulsão que ocorre em vigência de doença infecciosa febril com temperatura maior ou igual 38 °C. Excluindo-se as infecções do SNC, como meningites e encefalites e os desequilíbrios hidroeletrolíticos. → EPIDEMIOLOGIA: • É mais comum em lactentes e pré-escolares. • Relacionado à história familiar com um padrão autossômico dominante já demonstrado. Obs. O pico de incidência varia de 9 a 18 meses, independentemente de localização geográfica, raça, sexo ou condições socioeconômicas. Cabe lembrar que CF raramente podem ocorrer antes dos 3 meses e após os 5 anos de idade. → FISIOLOGIA: • A origem da CF ainda não é compreendida, sabe- se, no entanto, que a febre, a idade e a predisposição genética são os fatores importantes. • Hipótese: acredita-se que o desencadeamento da convulsão pela febre esteja associado à imaturidade natural do cérebro, que apresenta um limiar mais baixo de resistência à hipertermiae excitabilidade neuronal elevada. • O modo de herança não é claro, mas evidenciando ligação com vários cromossomos, por exemplo, os cromossomos 19p e 8q 13-21. → CLÍNICA: • A convulsão febril é tônico-clônica com duração de alguns segundos até 15 minutos. • O período pós ictal é marcado por sonolência passageira. • O exame neurológico da criança é inteiramente normal após a crise. • A investigação clínica deve visar a localização da infecção, seja ela uma amigdalite, otite ou doença exantemática. Convulsão Febril Típica: • curta duração, únicas e precoces em uma mesma doença febril; • não se acompanham por fenômenos neurológicos. Convulsão Febril Atípica: • Também chamadas de complexas ou complicadas: • São crises com duração > 10 min, parciais, que se repetem durante o mesmo episódio febril, e acompanhadas por sinais neurológicos. → DIAGNÓSTICO: • O diagnóstico da CF é clínico, porém não é fácil de definir na primeira apresentação. • A hipótese é reforçada quando a crise é típica, o exame neurológico é normal, o paciente já apresentou uma ou mais CF e há relato de casos semelhantes em parentes de 1o grau. • Criança com < 6 meses com convulsão + febre, a punção lombar (PL) deve ser SEMPRE realizada. Mesmo que uma otite média seja identificada no exame físico, não é possível excluir a possibilidade de meningite sem a punção lombar. → TRATAMENTO: • O tratamento da CF, na maioria das vezes, é limitado à fase aguda, quando estão indicados antitérmicos e medicação específica para a doença febril. • Nos casos de crise prolongada, a criança deverá ser levada a um serviço de emergência. O tratamento anticonvulsivante com benzodiazepínicos (Diazepam) é considerado na emergência para as crianças que apresentam crise convulsiva com duração superior a cinco minutos.
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