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Artrite Reumatóide Definição Doença autoimune de etiologia desconhecida. Alvo principal: MEMBRANA SINOVIAL. Características Poliartrite periférica Simétrica Deformidade Destruição das articulações, por erosão do osso e da cartilagem. Epidemiologia Mulheres são 2x mis acometidas do que os homens. Incidência aumenta com a idade (pico 50-75 anos). * Em idosos importante pesquisar paraneoplasias! Prevalência de 1% da população mundial. O desenvolvimento das DAI's é influenciado por fatores ambientais, hormonais e imunológicos, que atuam em conjunto sobre indivíduos geneticamente suscetíveis. - Estudos ao longo do tempo têm mostrado que a superexposição desses fatores é determinante para o desenvolvimento da AR, já que o efeito isolado dos mesmos não causa DAI. Fisiopatologia Estudos sugerem a influência de infecções por microorganismos na fisiopatologia da AR, por meio de mecanismos de mimetismo molecular. Entre os microorganismos mais estudados estão o Proteus mirabilis e o vírus Epstein-Barr. Prevalência elevada de PERIODONTITE e perda dentária em pacientes com AR - bactérias realizam a citrulinização, transformando arginina em citrulina, que desequilibra a tolerância imunológica. Sugere-se ainda a periodontite como um possível fator desencadeante e mantenedor da resposta inflamatória autoimune na AR (aumenta atuação dos osteoclastos, piorando a erosão óssea). CÉLULAS TH17 parecem conferir proteção contra infecções, promovendo a eliminação do microorganismo por meio do recrutamento de neutrófilos e da ativação de macrófagos no sítio da infecção. Microbiota intestinal e dentária Fatores ambientais (tabagismo, obesidade, vit.D) Risco Genético Alelos Epigenética Exacerbação de peptídeos de resposta adaptativa Produção/ação de anticorpos (ex: ACCP Complemento; Citocinas/Quimicinas; Alteração Metabólica) Ativação de células do estroma levam a A.R Clínica precoce Fase Pré- Clínica A.R CRÔNICA ESTABELECIDA Looping auto- inflamatório Células mesenquimais; Leucócitos; Osteoclastos/condrócitos; Citocinas/quimiocinas; Auto-anticorpos (ACCP/FR)/imunocomplexos; Mediadores de pequenas moléculas Ativação de resposta inata, citocinas e complemento 1ª VIA 2ª VIA A ocorrência de casos em uma mesma família é comum. Os riscos estimados são: 4% para irmãos; 4,7% para pais e filhos; 1,9% para familiares de segundo grau. Os fatores genéticos estão fortemente associados à positividade do anticorpo antipeptídeo cíclico citrulinado (anti-CCP) e à resposta do paciente ao tratamento. Diversos locci já foram relacionados com o desenvolvimento da AR, sendo os alelos HLA-DRB1 a principal associação genética, estando também associado ao desenvolvimento de formas mas graves da doença. A doença se desenvolve na sinóvia, com um espessamento mais flogístico (inflamação mais evidente, derrame articular mais importante e erosão óssea mais adjascente à sinóvia do que na osteoartrite). Dentro da sinóvia com A.R: -Ativação de fibroblastos que estimulam os osteoblastos a manterem-se ativos, valendo-se do anti-CCP para isso. -Macrófagos migram para sinóvia aumentando o processo de tolerância imunológica, com maior liberação de TNF-Alfa e IL-1 -Célula dendrítica vai lembrar mastócito e macrófago de funcionarem constantemente. -Linfócito T produz quimiocinas e interleucinas que amplificam essa resposta inflamatória. -Liberação de citocinas estimulam a retro-alimentação do processo inflamatório e hipertrofia da sinóvia, que depende da formação de novos vasos sanguíneos. *É possível diferenciar uma sinovite ativa de uma em remissão por meio de US Doppler. Mesmo com provas inflamatórias duvidosas, se identificar micro- angiogênese no sentido de crescimento da sinóvia = ATIVA!! A A.R é resultante da ação das células T e B autorreativas, que levam à sinovite e à infiltração celular e a um processo desorganizado de destruição e de remodelação óssea. A membrana sinovial é a principal fonte de citocinas pró-inflamatórias e proteases que, em conjuntos com osteoclastos e condrócitos, promove a destruição articular. Projeções de tecido proliferativo penetram na cavidade articular, invadindo a cartilagem e o tecido ósseo, formando o pannus (sinóvia hipertrofiada) característico. Em consequência da exposição prolongada ao cigarro ou a outros estímulos ambientais, a resposta do sistema imunológico adaptativo aos peptídeos citrulinados pode preceder em anos o aparecimento dos sintomas clínicos da A.R. Tanto o fibrinogênio quanto a vimentina citrulinados já foram identificados nas articulações de pacientes com A.R e é provável que outras proteínas além dessas sofram reações de citrulinização. Apesar de a relação entre a positividade para o fator reumatóide (FR) e o desenvolvimento da A.R não estar totalmente esclarecida, ambos estão intimamente relacionados. A presença de agregados de imunoglobulina do tipo G (IgG) ou de complexos de IgC-FR ativa o sistema complemento e resulta em diversos fenômenos inflamatórios. Líquido sinovial com predominância de NEUTRÓFILOS! Sinóvia inflamada leva a perda da capacidade de congruência óssea e a força da musculatura desvia a articulação, levando às DEFORMIDADES ARTICULARES. Dor (inflamação + maior quantidade de nociceptores) diminui a movimentação, causando a ATROFIA MUSCULAR. Manifestações Articulares Poliartrite crônica. Erosiva. Mãos e punhos (polpa as interfalangianas distais). Grandes e pequenas articulações. Simétrica e aditiva. Sinais inflamatórios. HLA-DRB1 Epítopo compartilhado Apresentação de peptídeos citrulinados Linfócitos T Autorreativos Rigidez matinal >1 hora. Melhora com esforço físico. Evolução: deformidade e incapacidade funcional. Axial: Cervical (C1 e C2 - tem membrana sinovial) Pescoço de cisne. Dedo em Boutonniere ou casa de botão. Manifestações Extra-Articulares Pior prognóstico. Potencial grave. Presença de FR elevado! NÓDULOS REUMATÓIDES: Mais comum. Podem variar de tamanho ou apresentar aspecto coalescente. VASCULITES REUMATÓIDES: A ativação do sistema complemento pelos imunocomplexos pode iniciar uma inflamação vascular com depósitos de FR em arteríolas, originando vasculites, cujo impacto na qualidade e na expectativa de vida do paciente é significativo. -Vasculite Cutânea Leucocitoclástica: Pequenos infartos nas unhas e polpas digitais, que aparecem sob forma de lasca. -Vasculite Necrozante Grave: Das pequenas e médias artérias. Produção de anticorpos que agem nas glândulas que geram lubrificação para as superfícies, ocasionando a Síndrome Sicca. Por isso, ALTERAÇÕES OCULARES podem ocorrer: - Conjuntivite sicca (Sínd. Sjogren); - Esclerites; - Úlceras corneanas. SEROSITE e DERRAME PLEURAL: Líquido pleural na AR é um exsudato linfocítico com glicose muito baixa. PNEUMONITE INTERSTICIAL: Inflamação do parênquima vascular. NÓDULOS REUMATÓIDES NO PARÊNQUIMA PULMONAR (FIBROSE) Nódulos Intrapulmonares + Processo inflamatório perinodular = Síndrome de Caplan (AR+Pneumoconiose+Nódulos). - DISPNEIA SÍNDROME DE FELTY: AR + Esplenomegalia + Neutropenia. Muito grave, elevado risco de infecção! Inflamação gasta energia, diminui suprimento para tecidos, >resistência a insulina, sedentarismo, oxidação da camada íntima dos vasos, etc. Alterações Radiográficas Osteopenia peri-articular. Aumento de partes moles. Diminuição do espaço articular simétrico. Erosões ósseas justa-articulares. Desvio ulnar e subluxações. Classificação 1) ACOMETIMENTO ARTICULAR (0-5) O envolvimento articular se refere a qualquer articulação edemaciada ou dolorosa ao exame físico (dor de ritmo inflamatório, tanto no movimento quanto no repouso) e podeser confirmado por evidências de sinovite detectada por um método de imagem. As articulações interfalangianas distais (IFDs), primeira carpometacarpiana (CMTC) e primeira metatarsofalangeana (MTF) são excluídas da avaliação!! As diferentes categorias de acometimento articular são definidas de acordo com a localização e o número de articulações envolvidas (padrão ou distribuição do acometimento articular). São consideradas GRANDES ARTICULAÇÕES: ombros, cotovelos, quadris, joelhos e tornozelos. São consideradas PEQUENAS ARTICULAÇÕES: punhos, MTCF, IFP, interfalangiana do primeiro quirodáctilo e articulações MTF. Na categoria >10 articulações, pelo menos uma das articulações envolvidas deve ser uma pequena articulação. 2) SOROLOGIA (0-3) Negativo refere-se a valores (Unidade Internacional-UI) menores ou iguais ao limite superior normal (LSN) para o método e laboratório. Título positivo baixo corresponde aos valores (UI) maiores que o LSN, mas menores ou iguais a 3x o LSN para o método e laboratório. Título positivo alto: valores maiores que 3x o LSN para o método e o laboratório. Quando o FR só estiver disponível como positivo ou negativo, um resultado positivo deve ser marcado como "positivo em título baixo". Normal/Anormal é determinado por padrões laboratoriais locais (outras causas de elevação das provas de fase aguda devem ser excluídas). 3) DURAÇÃO DOS SINTOMAS A duração dos sintomas refere-se ao relato do paciente quanto à duração dos sintomas ou sinais de sinovite (ex: dor, inchaço nas articulações). Avaliar as articulações que estão clinicamente envolvidas no momento da avaliação, independentemente do status do tratamento já que essa classificação pode ser útil para reavaliar a doença.. FR = Fator Reumatóide AAPC = Anticorpos antiproteína/peptídeos citrulinados VHS = Velocidade de Hemossedimentação PCR = Proteína C-Reativa Diagnóstico História clínica (duração > 6 semanas; Excluir etiologias infecciosas; Não confundir com fibromialgia) Exames laboratoriais (FR; Anti-CCP; VHS; PCR) Exames radiológicos (RX) Diagnóstico Diferencial Chicungunya!! Prognóstico FATORES DE MAU PROGNÓSTICO: 1. Início em idade precoce; 2. FR altos títulos 3. Anti-CCP+ 4. VHS e/ou PCR persistentemente elevados 5. Artrite > 20 articulações 6. Acometimento extra-articular 7. Erosões nos 2 primeiros anos de doença Acompanhamento Livro fala: 3 em 3 meses/ Raposo fala: Mensalmente. PCR e VHS (índices de atividade) HMG Função Hepática (TGO/TGP) Função Renal (ureia e creatinina) Metabolismo ósseo LDL com meta em 80dL ** NÃO PEDIR FR e ANTI-CCP!! ÍNDICES DE ATIVIDADE: Avaliar remissão ou baixa atividade. 1. DAS 28: Mais usado. -Graduação da dor de 0 a 100; -Nº de articulações edemaciadas; -Nº de articulações dolorosas; -Valor do PCR; -Baixa atividade <3,2 -Remissão<2,6 2. CDAI 3. SDAI Tratamento Educação e suporte ao paciente Fisioterapia e terapia ocupacional Perda de peso Exercícios Vitamina D Atualizar calendário vacinal Uso de vermífugo Verificar tuberculose, hanseníase, mycoplasma (risco de reduzir imunidade de um paciente com tuberculose ativa). Imobilização temporária Uso de órteses Uso de compressas quentes ou frias Controle dos sintomas de dor e inflamação (uso de AINES, salicilatos, glicocorticóides) Drogas Modificadoras da Doença (DARMDs) AINES Aspirina 80-120mg/kg/dia dividida em 4 tomadas. Dipirona ou Opiáceo Glicocorticóides Prednisona 5-15mg/dia Fazer profilaxia da osteoporose por uso de glicocorticóides com cálcio e vit.D. DARMDS Sintéticos 1. METOTREXATO É um inibidor da diidrofolato redutase. Droga de escolha para tratamento da AR Oral ou subcutâneo 7,5mg a 25 mg/semanal Ácido fólico 5mg no dia seguinte Ação mais rápida do que a dos outros DARMDS (3-6 semanas). Contraindicações: - Gestação ou em quem pode engravidar sem controle devido ao alto risco teratogênico. - Insuficiência renal, hepática ou medular. Principais efeitos adversos: estomatite, intolerância TGI, ulcerações orais, piora de nodulose, pneumopatia, hepatotoxicidade, queda capilar, mielotoxidade. 2. HIDROXICLOROQUINA 400mg VO 1x/dia Demora para fazer efeito (1-2 meses) 3. SULFASSALAZINA 2-3gr/dia Usado principalmente para gestantes 4. LEFLUNOMIDA 5. MOLÉCULAS SINTÉTICAS ALVO-ESPECÍFICAS Raposo usa: METOTREXATE + SULFASSALAZINA + CLOROQUINA. DARMDS Biológicos Terapia de 2º linha Refratariedade a 2 DMARDS em associação dose máxima Acompanhamento com especialista Escolha conforme perfil de comorbidades e adesão Sem superioridade entre drogas. 1) ANTI-TNF Inflixamabe: 9mg/kg/dose (EV) Adalinumabe: 1 ampola/14 dias Diminuem ativação macrofágica e, consequentemente, reduzem danos articulares. 2) ANTI-IL6 Tocilizumabe Impede diferenciação do linfócito B em plasmócito. 3) INIBIDOR DA COESTIMULAÇÃO DO LINFÓCITO T Abatacept 4) ANTI-CD20 Rituximabe Atua inibindo ação do linfócito B.
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