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1 Tutoria Neurologia I Vitória Trindade - 2020 TUTORIA 3 TRONCO ENCÉFALICO – BULBO ANATOMIA DO BULBO - O tronco encefálico fica entre a medula espinhal e o diencéfalo. - O tronco encefálico é dividido em três: • Mesencéfalo • Ponte • Bulbo RETORNANDO AO ESTUDO DO BULBO: - O bulbo é uma continuação da medula espinhal e é separado da ponte por um sulco, o sulco pontinho- bulbo. - Sulcos que fazem parte da anatomia bulbar: ➢ TUBERCULO/ NÚCLEO GRÁCIL E CUNEIFORME: - Na medula espinhal estão localizados o fascículo grácil e o fascículo cuneiforme (funículo posterior), que trazem informações sensoriais a cerca estereognosia e sensibilidade vibratória. - No bulbo, encontra-se o tubérculo/ núcleo grácil e cuneiforme que é uma estrutura que permite a comunicação entre medula e encéfalo; e também onde se encerra o fascículo. - Acima desses tubérculos, encontra-se o IV ventrículo: que liga o canal central da medula e passa por dentro do bulbo, até chega ao IV ventrículo (abertura onde se B u lb o Anterior fissura mediana anterior sulco lateral anterior Poterior sulco mediano posterior (preto) Sulco intermedio posterior (azul) Sulco lateral posterior (amarelo) 2 Tutoria Neurologia I Vitória Trindade - 2020 encontra o líquor e favorece sua circulação). – Revestido pelo cerebelo. ➢ PIRÂMIDES BULBARES: - PIRÂMIDE: feixe de fibras nervosas descendentes, que vão ligar as áreas motoras do cérebro com as áreas motoras da medula (trato cortico-espinhal). - DECUSSAÇÃO DAS PIRÂMIDES → local onde as fibras motoras originadas no córtex vão cruzar. - OLIVAS: são formadas por uma massa de substância cinzenta (núcleo olivar inferior). ➢ QUAIS AS DIFERENÇAS ENTRE BULBO E MEDULA? - No bulbo a substância cinzenta começa a ficar mais fragmentada (a borboleta cinzenta na medula passa a ser vista como pequenas ilhas (os núcleos bulbares) rodeadas por substancia branca) - O bulbo se abre para formar o IV ventrículo. - Formação dos núcleos de substância cinzenta própria do tronco encefálico. ➢ NERVOS CRANIANOS: - 4 pares nervos cranianos emergem no bulbo: • Nervo glossofaríngeo (IX) • Nervo vago (X) • Nervo acessório (XI) - (parte bulbar): o nervo acessório possui uma parte bulbar e uma parte espinhal que se unem formando o nervo acessório. • Nervo hipoglosso (XII): emerge do sulco lateral anterior SUBSTÂNCIA CINZENTA - Dividida em duas: • Substância cinzenta homologa a medula – axônios aferentes e eferentes relacionados a nervos espinhais. • Substância cinzenta própria do bulbo – não tem correspondência na medula, mas sim aos nervos cranianos (núcleo grácil, cuneiforme, olivar inferior) ➢ SUBSTÂNCIA CINZENTA HOMOLOGA A MEDULA: - Núcleo ambíguo: inervação da laringe e faringe, com a função da deglutição. - Núcleo do hipoglosso: dará origem ao nervo hipoglosso (motor) → motricidade da língua. - Núcleo dorsal do vago → da origem ao nervo vago (motor), com função autonômica parassimpática. - Núcleos vestibulares → formado por 4 núcleos separados, relacionados a sensação de equilíbrio e postura. - Núcleo do trato solitário → relacionado ao sabor dos alimentos, ou seja, gustação (sensitivo). - Núcleo espinhal do trigêmeo → sensibilidade geral de boa parte da cabeça (aferentes e eferentes). - Núcleo salivatório inferior → parte da função do músculo salivatório (parótida). ➢ SUBSTÂNCIA CINZENTA PRÓPRIA DO BULBO: 3 Tutoria Neurologia I Vitória Trindade - 2020 - Núcleo grácil e cuneiforme → formam o lemnisco medial e são responsáveis pela esteregnosia, tato epicrítico e sensibilidade vibratória. - Complexo olivar inferior → recebe fibras do córtex, da medula e do núcleo rubro (mesencéfalo) e as enviam para o cerebelo, estando relacionados ao aprendizado motor. SUBSTÂNCIA BRANCA - São tratos que em grande maioria já originaram na medula e seguem caminho, muitos terminam no próprio bulbo. São divididos em duas categorias: - SENSITIVOS: • Fascículo grácil e cuneiforme* • Lemnisco medial – o fasc. grácil e cuneiforme se fundem quando atingem seus respectivos núcleos e formam o lemnisco medial. • Trato espino-talâmico lateral* - seguirá até atingir o tálamo. • Trato espino-talamico anterior* • Trato espino-cerebelar anterior* - seguirá até o mesencéfalo por onde entrar ao cerebelo pelo pedúnculo cerebelar superior. • Trato espino-cerebelar posterior* - entrará no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar inferior (conecta bulbo e cerebelo) • Pedúnculo cerebelar inferior – faz a ligação do bulbo com o cerebelo. Obs. Os tratos marcados com asterisco, advém da medula espinhal, logo, sua função já foi discutida. - MOTORES: • Trato cortico-espinhal • Trato rubro-espinhal • Trato teto-espinhal • Trato vestíbulo-espinhal • Trato retículo-espinhal • Trato cortico-nuclear – nasce no córtex e termina em núcleos específicos do tronco encefálico (no bulbo: hipoglosso e ambíguo). • Trato espinhal do trigêmeo - • Trato solitário • Trato extra-piramidal - VIAS DE ASSOCIAÇÃO: • Fascículo longitudinal medial – tem função de ligar os tratos dentro do bulbo, de forma que eles ajam em conjunto. • Substância reticular – típica do tronco encefálico, sendo uma rede de neurônios dispersos e não compactados na forma de núcleo. No bulbo, tem-se três centros principais de formação reticular: 4 Tutoria Neurologia I Vitória Trindade - 2020 ▪ Centro do vômito – gera o reflexo do vômito (exemplo, uma irritação na mucosa do estômago). ▪ Centro vasomotor – regulação da pressão arterial, possui receptores nas paredes dos vasos sanguíneos, medindo o tempo todo a pressão arterial e coordenação suas alterações. ▪ Centro respiratório – controla o ritmo respiratório. Uma lesão no bulbo que afeta o centro respiratório é fatal. LESÕES DO BULBO ➢ LESÃO DA BASE DO BULBO: - O bulbo é dividido em duas partes: • Base (frente) • Tegmento (atrás) - Na base do bulbo encontramos duas estruturas principais: • Pirâmide (com os tratos cortico-espinhais e sua decussação). • Nervo Hipoglosso – responsável pela motricidade da língua. - Quando temos uma lesão no bulbo, acima da decussação das pirâmides, as duas estruturas são atingidas, sendo assim: • Lesão no lado Direito → atinge o trato cortico- espinhal antes da decussação, causando perda da motricidade no lado esquerdo (contralateral a lesão), levando a hemiplegia ou hemiparesia. • Lesão do nervo vago → paralisia do músculo que irriga a língua e ocorre do mesmo lado da lesão, ou seja, ipisilateral. ▪ Os sintomas clássicos são semelhantes ao da síndrome do NMI (hipotonia, hipo/arreflexia e fasciculações). ▪ No exame físico, quando o doente faz a protusão da língua, a musculatura ado lado normal desvia a língua para o lado lesado. ➢ SÍNDROME DE WALLEMBERG: - Também chamada de síndrome da artéria cerebelar inferior posterior, devido a fisiopatologia que envolve essa artéria (localizada na parte dorsolateral do bulbo), ou seja, tromboses dessa artéria pode comprometer diversas estruturas. • Lesão do pedúnculo cerebelar inferior – acabar por lesionar o trato espino-cerebelar posterior, que chega ao cerebelo pelo pedúnculo cerebelar inferior, levando a incoordenação de movimentos no lado ipsilateral a lesão. • Lesão do trato espinhal do trigêmeo – o nervo trigêmeo está relacionado a boa parte da sensibilidade e motricidade da cabeça, logo, sua lesão leva a perda de sensibilidade termica 5 Tutoria Neurologia I Vitória Trindade - 2020 e dolorosa na metade da face ipisilateral a lesão. • Lesão do trato espino-talâmico lateral – perda de sensibilidade térmica e dolorosa de metade do corpo, contralateral a lesão (devido o cruzamentodos tratos sensitivos na medula). • Lesão do núcleo ambíguo – o núcleo ambíguo está relacionado a inervação da laringe e faringe, com a função da deglutição. Logo, lesão nesse núcleo causa disfagia (dificuldade de deglutição) e disfonia (dificuldade da fonação). NERVOS CRANIANOS 1. NERVO GLOSSOFARÍNGEO (IX) • É um nervo misto (sensitivo e motor). • Responsável pela sensibilidade da língua (terço posterior) – sensação gustativa amarga e azeda. • Também inerva a faringe, úvula, tuba auditiva e pressão arterial. • Também inerva a glândula parótida (saliva). 2. NERVO VAGO (X) • É um nervo misto (sensitivo e motor). • Tem como função realizar a inervação parassimpática das vísceras torácicas e abdominais. • Inerva também os músculos da laringe e faringe. • Auxilia o fechamento da glote na deglutição e regula a tensão das cordas vocais, sendo essencial para a produção de som pelas cordas vocais. Obs. Sinal da Cortina: O IX e o X par são testados juntamente em alguns testes. Um desses é o teste para avaliação da inervação do palato mole. Logo, o paciente deve abrir a boca e o examinador observa o palato e úvula, que deve estar centralizada. Depois pede-se que o paciente fale “Ah”, o normal é que a úvula se mantenha centralizada. Se houver lateralização da úvula, indica uma lesão do lado oposto ao desvio da úvula. Isso é conhecido como “sinal da cortina”. 3. NERVO ACESSÓRIO (XII): • É um nervo essencialmente motor. • Origina-se por duas raízes, uma no bulbo outra que se origina nos 5 ou 6 seguimentos cervicais da medula espinal. • O nervo se divide em 2 ramos: interno e externo. Sendo sua principal função, realizar flexão e lançar a cabeça para a frente quando agem em conjunto, e a ação unilateral realiza inclinação e rotação da cabeça – e inervação, também motora, da porção superior do músculo Trapézio. • O ramo interno do nervo acessório auxilia o nervo vago. Juntos, inervam músculos da laringe (pelo nervo laríngeo recorrente) e inervam também vísceras torácicas. 4. NERVO HIPOGLOSSO (XII): • Relacionado com a motricidade da língua. • Lesão nesse nervo é observado quando o doente faz a protusão da língua, pois, a musculatura do lado normal desvia a língua para o lado lesado. • Nervo que é lesado durante uma lesão na base do bulbo. SÍNDROME DE VERNET É caracterizada pela paresia dos IX, X e XI pares cranianos simultaneamente associada ou não à parésia do XII par.
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