Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Tutoria Neurologia I Vitória Trindade - 2020 TUTORIA 9 SENTIDOS: OLFATO E PALADAR - Gustação e olfato têm uma tarefa similar: detectar substâncias químicas do ambiente. Eles têm uma conexão forte e direta com as nossas mais básicas necessidades internas, incluindo sede, fome, emoção, sexo e certas formas de memória. - Entretanto, os sistemas de gustação e olfato são separados e diferentes, desde as estruturas e os mecanismos de seus receptores químicos até a organização de suas conexões centrais e seus efeitos sobre o comportamento. GUSTAÇÃO - Os humanos se desenvolveram como onívoros comendo, conforme as circunstâncias, com isso, um sensível e versátil sistema de gustação foi necessário para distinguir entre novas fontes de alimentos e possíveis toxinas. - Com isso podemos perceber que, temos uma preferência inata por alimentos doces, satisfeita pelo leite materno e uma rejeição por substâncias amargas, pois muitos tipos de venenos são amargos. - Entretanto, a experiência pode ser modificada fortemente e podemos aprender a tolerar e gostar do amargor de substâncias. - Outro ponto é que o corpo tem a capacidade para reconhecer a deficiência de certos nutrientes e desenvolver um apetite por eles (privação de sal → desejo por comida salgada). ➢ OS SABORES BÁSICOS: - Os quatro sabores básicos são: salgado, azedo (ácido), doce e amargo. Um quinto sabor, menos familiar, seria o umami, que, em japonês, significa “delicioso”. Ele é definido pelo gosto do aminoácido glutamato, mais conhecido na culinária como glutamato monossódico. - Como podemos perceber os incontáveis sabores dos alimentos? → Cada alimento ativa uma diferente combinação de sabores básicos, ajudando a torna-lo único. - Muitos alimentos têm um sabor distinto como resultado da soma de seus sabor e aroma, percebidos simultaneamente. - Sem o sentido do olfato, a mordida em uma cebola pode ser facilmente confundida com uma mordida em uma maçã. Outras modalidades sensoriais podem contribuir para uma experiência gustativa única, como, textura, temperatura e a sensação de dor, essencial para se perceber o sabor picante e estimulante. - Para distinguir o sabor único de um alimento, nosso cérebro combina informações sensoriais acerca de seu sabor, aroma e tato. ÓRGÃOS DA GUSTAÇÃO - A experiência nos diz que degustamos com a língua, mas outras áreas da boca, como o palato, a faringe e a epiglote, também estão envolvidas. - A ponta da língua é a mais sensível para o sabor doce, o fundo para o amargo, e as bordas laterais para o salgado e o azedo. Entretanto, isso não significa que sentimos o sabor “doce” apenas na ponta da língua. - Espalhados sobre a superfície da língua, estão pequenas projeções denominadas papilas: filiformes, valadas e fungiformes. Cada papila tem de um a vários botões gustativos. 2 Tutoria Neurologia I Vitória Trindade - 2020 - Uma pessoa, normalmente possui entre 2.000 e 5.000 botões gustativos. - Cada botão gustativo tem de 50 a 150 células receptoras gustativas, que constituem apenas 1% do epitélio lingual. - No botão gustativo também encontramos as células basais e um conjunto de axônios aferentes. ➢ ESTIMULAÇÃO DOS BOTÕES GUSTATIVOS: - Concentrações muito baixas de alimento não são percebidas pelos botões gustativos, porém, a partir de uma concentração crítica, que é chamada de limiar de concentração, o estímulo passa a evocar uma percepção do sabor. - Em concentrações um pouco acima do limiar, as papilas tendem a ser sensíveis a apenas um sabor básico, por exemplo, doce e amargo. - Entretanto, quando as concentrações dos estímulos gustativos são aumentadas, a maioria das papilas torna-se menos seletiva. - Uma papila que responde apenas ao doce quando todos os estímulos são fracos, ela pode também responder ao ácido e ao salgado, se os estímulos se tornarem mais fortes. ➢ CÉLULAS RECEPTORAS GUSTATIVAS: - A parte quimicamente sensível de uma célula gustativa é seu terminal apical, onde possuem finas extensões, denominadas microvilosidades, que se projetam ao poro gustativo (uma pequena abertura na superfície da língua onde a célula gustativa é exposta aos conteúdos da boca). - As células receptoras gustativas não são consideradas neurônios. Entretanto, elas fazem sinapses com os terminais dos axônios gustativos aferentes, na base dos botões gustativos. - As células do botão gustativo sofrem um constante ciclo de crescimento, morte e regeneração; a vida média de uma célula gustativa é de cerca de 2 semanas. - Quando os receptores gustativos são ativados por uma substância química, seu potencial de membrana muda, geralmente por despolarização (potencial do receptor), podendo disparar potenciais de ação. - A despolarização da membrana promove a abertura de canais de Ca+ dependentes de voltagem. O cálcio entra no citoplasma, desencadeando a liberação de neurotransmissores (identidade desconhecida) que desencadeia um potencial de ação comunicando os sinais gustativos ao tronco encefálico. - Mais de 90% das células receptoras respondem a dois ou mais sabores básicos. 3 Tutoria Neurologia I Vitória Trindade - 2020 - Um exemplo é a célula 2, a qual produz uma despolarização, tanto ao estímulo salgado (NaCl), quanto ao ácido (HCl). Entretanto, as outras células gustativas e seus axônios correspondem a outras repostas preferenciais. - O fato é que a resposta depende do mecanismo particular de transdução presente em cada célula. TRANSDUÇÃO GUSTATIVA - Transdução: é o processo pelo qual um estímulo ambiental causa uma resposta elétrica em uma célula receptora sensorial. ➢ SABOR SALGADO: - O sabor do sal é principalmente o gosto do cátion Na+ e sua concentração precisa ser relativamente alta para que se possa percebê-lo. - Células gustativas sensíveis para salgado possuem um canal seletivo ao Na+. Como exemplo, quando você come uma sopa de galinha, a concentração de Na+ aumenta do lado de fora da membrana → O Na+ então se difunde a favor do gradiente, para dentro da célula → a entrada provoca a despolarização da membrana → causando a abertura dos canais de sódio e cálcio dependentes de voltagem → desencadeando a liberação do neurotransmissor sobre o axônio gustativo. ➢ SABOR AZEDO: • Segundo: os íons de hidrogênio podem ligar-se e bloquear os canais de K+. Quando a permeabilidade de membrana ao K+ decresce, a membrana despolariza. ➢ SABOR AMARGO: - Se um alimento tem sabor azedo, é por causa de sua alta acidez (baixo pH). Ácidos, como o HCl, dissolvem-se em água e liberam hidrogênio. Portanto, os prótons são os agentes causadores da sensação de acidez e azedume. - O hidrogênio afeta os receptores gustativos de duas maneiras: • Primeiro: os H+ podem entrar pelos canais de sódio sensíveis a amilorida (fármaco), pelo mesmo canal que medeia o sabor salgado (despolariza). Fármaco amilorida → anti-hipertensivo e diurético. Este fármaco bloqueia os canais de sódio da membrana, porém, não bloqueia os canais de sódio dependentes de voltagem. - Os estudos relacionados aos sabores doce, amargo e umami avançaram após a descoberta de duas famílias de genes – T1R e T2R. Esses genes codificam vários receptores gustativos acoplados a proteína G. - Devido ao fato de que cada célula gustativa pode enviar somente um tipo de sinal ao seu nervo aferente, a substância química que se liga a um dos 30 receptores para o sabor amargo, irá desencadear a mesma resposta que se ligar a outro receptor. 4 Tutoria Neurologia I Vitória Trindade - 2020 - A resposta gustativa leva ao encéfalo que a substância amarga é ruim e para não confiar. Logo, o sistema nervoso aparentemente não distingue uma substância amarga de outra.- Quando uma substância química se liga a um receptor para o sabor amargo, doce ou umami, ativa uma proteína G → essa estimula a enzima fosfolipase C → essa produz um mensageiro intracelular o IP3 (inositol trifosfato) → que ativa um tipo especial de canal iônico que se abre permitindo a entrada de Na+ → despolarizando a célula que → causa a abertura dos canais de cálcio dependentes de voltagem → desencadeando a liberação de um neurotransmissor → estimulando o axônio aferente. Obs. O IP3 também pode induzir a liberação de cálcio dos estoques intracelulares. ➢ SABOR DOCE: - Existem muitos estímulos doces diferentes, alguns naturais e outros artificiais. Surpreendentemente, todos são detectados pela mesma proteína receptora gustativa. - Os receptores para o estímulo doce assemelham-se aos receptores para o estímulo amargo, por serem receptores acoplados a proteínas G, mas eles diferem pelo fato de que os receptores para o estímulo doce são formados por duas proteínas associadas. - Um receptor para o estímulo doce requer dois membros muito da família de receptores T1R: T1R2 e T1R3. Se algum desses dois membros estiver ausente, um animal pode não perceber o sabor doce. - Depois da ligação aos dois receptores o processo que ocorre é o mesmo, ou seja, ativa exatamente o mesmo sistema de segundo mensageiro (fosfolipase C) que os receptores para o estímulo amargo. - Por esse motivo, não confundimos as substâncias químicas que estimulam o sabor amargo com as que estimulam o sabor doce. A razão é que as proteínas que formam o receptor estimulado pelo sabor amargo e aquelas que formam o receptor para o sabor doce são expressas em células gustativas diferentes. ➢ SABOR UMAMI: - Fazem parte os alimentos ricos em aminoácidos (proteínas). - O processo de transdução para o umami é idêntico ao que ocorre para o sabor doce, com uma exceção – o receptor para o estímulo umami, assim como o receptor para o estímulo doce, é composto por dois membros da família de proteínas T1R, mas, nesse caso, é T1R1 + T1R3. - Ambos os receptores para os estímulos umami e doce utilizam a proteína T1R3, portanto, é a outra proteína T1R que determina se o receptor é sensível a aminoácidos ou ao sabor doce. VIAS CENTRAIS DA GUSTAÇÃO - Fluxo da informação gustativa: botões gustativos → para os axônios gustativos → e daí para o tronco encefálico → depois subindo ao tálamo → finalmente, chegando ao córtex cerebral. - Três nervos cranianos contêm os axônios gustativos primários e levam a informação gustativa ao encéfalo: • Nervo facial (VII) – inerva os 2/3 anteriores da língua e o palato. • Nervo glossofaríngeo (IX) – parte posterior da língua. • Nervo vago (X) – inerva as regiões em volta da garganta, ou seja, glote, epiglote e faringe. - Todos os axônios dos nervos gustativos entram no tronco encefálicos e estabelecem sinapse no núcleo gustativo (parte do núcleo do trato solitário) no bulbo. - Neurônios do núcleo gustativo estabelecem sinapses com um subgrupo de neurônios do núcleo ventral póstero-medial (núcleo VPM) do tálamo → o VPM envia axônios ao córtex gustativo. vitor Realce 5 Tutoria Neurologia I Vitória Trindade - 2020 - As vias gustativas direcionadas para o tálamo e córtex são ipsilaterais (mesmo lado) aos nervos cranianos que as suprem. - Lesões no núcleo VPM do tálamo ou no córtex gustativo, como resultado de um acidente vascular cerebral, por exemplo, podem causar ageusia - perda da percepção gustativa. ➢ CODIFICAÇÃO NEURAL DA GUSTAÇÃO: - Receptores gustativos individuais são seletivamente sensíveis a classes particulares de estímulo. Entretanto, muitos deles são grosseiramente ajustados ao estímulo, isto é, eles não são muito específicos em suas respostas. - A resposta de uma única célula gustativa é frequentemente ambígua com relação ao alimento, ou seja, são pouco específicas. - Se um receptor gustativo tem dois mecanismos de transdução diferentes, ele irá responder a dois tipos de estímulos gustativos, embora ele ainda possa responder mais fortemente a um deles. - Cada célula receptora faz sinapse com o axônio gustativo primário, que recebe sinais de vários outros receptores, daquela papila e de papilas vizinhas. Isso significa que um axônio pode combinar a informação gustativa de várias papilas. - Se um desses receptores é mais sensível ao estímulo azedo, e outro, ao estímulo salino, então o axônio responderá ao sal e ao azedo. Esse padrão de resposta continua se repetindo até chegar ao encéfalo. - No caso da gustação, os receptores não são sensíveis a todos os estímulos gustativos; a maioria responde de forma ampla – ao salgado e ao azedo, mas não ao amargo e ao doce, por exemplo. - Um alimento ativa um determinado conjunto de neurônios, em que alguns respondem com disparos muito fortes, alguns com disparos moderados, e ainda outros não respondem. - Ainda é relevante na identificação do alimento, neurônios ativados pelo olfato, pela temperatura e por aspectos da textura do alimento; OLFATO - O olfato se combina com a gustação para ajudar-nos a identificar alimentos e aumentar nossa satisfação com muitos deles. Contudo, também pode alertar sobre o perigo de algumas substâncias (comida estragada) ou lugares (cheios de fumaça). - O olfato é também um modo de comunicação, ou seja, substâncias químicas liberadas pelo corpo, denominadas feromônios são importantes sinais para comportamentos reprodutivos e podem também ser usados para demarcar territórios. ÓRGÃO DO OLFATO - Nós cheiramos com uma pequena e fina camada de células no alto da cavidade nasal, denominada epitélio olfativo. - O epitélio olfativo tem três tipos celulares principais: • As células receptoras olfativas – são os locais da transdução, formada por axônios próprios que penetram o sistema nervoso central. • As células de suporte – são similares à glia e auxiliam na produção de muco. axônio dendrito 6 Tutoria Neurologia I Vitória Trindade - 2020 • Células basais – funcionam como células tronco, dando origem a novas células receptoras olfativas. - As células receptoras olfativas crescem, morrem e regeneram-se em um ciclo que dura cerca de 4 a 8 semanas. - O muco, produzido pelas células de suporte, consiste em uma solução aquosa contendo mucopolissacarídeos (longas cadeias de açúcares), uma variedade de proteínas (incluindo anticorpos, enzimas e proteínas capazes de ligar odorantes) e sais. → Os anticorpos são cruciais porque as células olfativas podem ser uma rota direta para alguns vírus (como o vírus da raiva) e bactérias entrarem no encéfalo. - A área da superfície do epitélio olfativo humano tem apenas cerca de 10 cm2. O epitélio olfativo de certos cães pode passar de 170 cm2, e os cães possuem 100 vezes mais receptores por centímetro quadrado do que os humanos. ➢ NEURÔNIOS RECEPTORES OLFATIVOS: - Parte de baixo - neurônios receptores olfativos têm um único dendrito fino, que termina com uma pequena dilatação na superfície do epitélio. A partir dessa dilatação, há vários cílios longos e finos que se estendem para dentro da camada de muco. - Parte de cima - há um axônio muito fino e não- mielinizado. Os axônios olfativos constituem o nervo olfativo (primeiro nervo craniano). Esses nervos, quando deixam o epitélio, penetram em uma fina placa óssea denominada placa cribiforme e, então, rumam para o bulbo olfatório. Os axônios olfativos são frágeis e, durante um traumatismo, como um soco no rosto, podem ser seccionados permanentemente pelas forças entre a placa cribiforme e os tecidos vizinhos, o resultado é a anosmia, a incapacidade de perceber odores. TRANSDUÇÃO OLFATIVA - Toda a transdução olfativa ocorre nos cílios das células receptoras olfativas:• Substâncias odoríferas presentes no muco → se ligam aos receptores odoríferos da membrana • Ocorre a estimulação da proteína G → que ativa a enzima adenilato ciclase. • A adenilato ciclase → ativa a formação de ATP em AMPc → o AMPc liga-se a canais de cátions específicos. • Ocorre a abertura dos canais de cátion e a entrada de Na+ e Ca2+ → O Ca2+ circulante regula a abertura dos canais de cloro, que saem da célula. • Esse fluxo leva a despolarização da membrana e um potencial receptor que irá se propagar ao longo do axônio até o SNC. - Mesmo na presença contínua da substância odorífera, a resposta olfativa diminui. Isso ocorre porque a resposta do receptor em si se adapta à substância odorífera em cerca de um minuto. A diminuição da resposta, apesar da presença continuada de um estímulo, é chamada de adaptação. - Os humanos têm aproximadamente 350 genes que codificam proteínas funcionais de receptores. Cada célula receptora olfativa expressa apenas uma pequena parte dos 1.000 tipos de receptores conhecidos. Logo, há cerca de 1.000 tipos de células vitor Realce 7 Tutoria Neurologia I Vitória Trindade - 2020 receptoras olfativas, cada uma identificada pelo gene de receptor que ela expressa. - O epitélio olfativo está organizado em algumas grandes zonas, e cada zona contém células receptoras que expressam um diferente subconjunto de genes para receptores. ➢ COMO AS CÉLULAS RECEPTORAS DIFERENCIAM OS DIFERENTES ESTÍMULOS ODORÍFEROS: - Cada proteína receptora liga-se a diferentes substâncias odoríferas e, portanto, a célula receptora é mais ou menos sensível a esses estímulos. - Algumas células são mais específicas para a estrutura química das substâncias odoríferas às quais elas respondem, mas, em geral, cada receptor é ativado de maneira bastante inespecífica. - A concentração da substância odorífera é também importante, e, quanto mais estímulos, mais fortes tendem a ser as respostas produzidas. VIAS CENTRAIS DO OLFATO - A camada que recebe os sinais em cada bulbo contém cerca de 2.000 estruturas esféricas denominadas glomérulos olfativos. - Dentro de cada glomérulo, cerca de 25.000 terminais de axônios olfativos primários (das células olfativas), que fazem contato com dendritos de 100 neurônios olfativos de segunda ordem. - Cada glomérulo recebe sinais de apenas um tipo determinado de células receptoras. Isso significa que o arranjo dos glomérulos dentro do bulbo é um mapa muito ordenado dos genes e, por consequência, um mapa da informação odorífera. - Muitas estruturas encefálicas recebem conexões olfativas. Os axônios de saída dos bulbos olfatórios estendem-se através dos tratos olfatórios e projetam- se diretamente para vários alvos - Entre os alvos mais importantes estão a região primitiva do córtex cerebral, denominada córtex olfativo, e algumas estruturas vizinhas no lobo temporal. ➢ CÓDIGO OLFATIVO DE POPULAÇÃO: 8 Tutoria Neurologia I Vitória Trindade - 2020 - O sistema olfativo, assim como o gustativo, usa as respostas de uma grande população de receptores para codificar um estímulo específico. - Quando apresentamos um odor cítrico, nenhuma das três células receptoras pode distingui-lo claramente de outros estímulos. Entretanto, examinando-se a combinação de respostas das três células, o encéfalo pode distinguir o odor cítrico do floral, da hortelã e da amêndoa. - Usando tal codificação, o sistema olfativo com 1000 receptores diferentes pode ser hábil para reconhecer dezenas de milhares de diferentes odores. DOENÇAS DO OLFATO - O olfato pode apresentar alguns distúrbios que afetam a sensibilidade e capacidade de percepção de cheiros e odores. - As doenças do olfato podem interferir na degustação dos aromas de bebidas e comidas, ou ainda na identificação de substâncias químicas e gases. - Patologias associadas ao olfato: • Anosmia: representa a perda total ou parcial do olfato. (perdeu, já era). • Hiposmia: é a baixa sensibilidade olfativa. (a sensibilidade diminui, mas pode voltar). • Hiperosmia: é a sensibilidade excessiva aos odores, afetando principalmente as mulheres grávidas. • Cacosmia: sensação de odores desagradáveis que pode ser subjetiva quando só o indivíduo sente ou objetiva quando o indivíduo e outras pessoas sentem. → A cacosmia é uma condição alterada de cheiro em que a pessoa aprecia ou se sente atraída por cheiros desagradáveis. O indivíduo em causa sente odores desagradáveis em situações em que o restante das pessoas percebe odores normais ou mesmo não percebem nenhum odor. • Fantosmia: sensação de odores que não existem, intermitente ou constante, os odores são geralmente descritos como pútridos (ovos podres ou fezes). Pode surgir como aura de epilepsia (momentos antes da epilepsia) ou em portadores de neurite gripal. (alucinação olfatória). Obs. A anosmia e hiposmia, podem ser classificadas de acordo com o acometimento: ✓ Intranasal: que impedem a passagem de partículas odoríferas até a zona olfatória, ou lesam as terminações nervosas olfatórias → (pólipos, hipertrofia dos cornetos, rinite alérgica crônica, atrofias de mucosa nasal e uso de cocaína); ✓ Extranasal intracraniana: → pode ser causada por um tumor de lobo frontal, trauma, meningite, oclusão vascular cerebral (AVC), esclerose múltipla, miastenia gravis, Parkinson, hidrocefalia e etc. ✓ Extranasal extracraniana: → Pode ser causada por diabetes melitus, hipoparatireoidismo, déficit de vitamina A, hipotireoidismo, hepatite e etc. - Apesar de inúmeras doenças, desordens, drogas e intervenções cirúrgicas podem influenciar a função olfatória, aproximadamente 2/3 dos casos de anosmia e hiposmia crônica são devidos a infecções de vias aéreas superiores, trauma nasal e doenças dos seios paranais. - Principais causas de doenças olfativas: • Doença nasal obstrutiva (23%) → É a causa mais comum de distúrbio olfatório. → A porção inferior do corneto médio funciona como reguladora do fluxo aéreo para a região olfatória, obstrução nesta área por edema, pólipos, tumores, deformidades ósseas ou cirurgias podem diminuir ou eliminar a habilidade olfatória. → Pode ocorrer, também, por com infecções agudas e exposição a alérgenos, onde os pacientes referem perda progressiva e gradual da olfação. → Também, existem pacientes com anosmia, cuja habilidade olfatória melhora com uso de esteróides sistêmicos. • Pós IVAS (infecção das vias áreas superiores) (19%) → Na maioria em indivíduos entre 40 e 60 anos de idade e se resolve em 1 a 3 dias. → Ocorre mais frequentemente hiposmia que anosmia, entretanto, em pequeno grupo de indivíduos a olfação não normaliza. 9 Tutoria Neurologia I Vitória Trindade - 2020 → Um terço recupera-se espontaneamente com ou sem tratamento. • Pós TCE (trauma crânio encefálico) (15%) → Em adultos a perda da olfação é de 5-10%, já em crianças é de 1,3-3,2%. → Em geral o grau de perda está associado à severidade do trauma. → O início da perda geralmente é imediata, alguns pacientes só percebem após alguns meses. • Envelhecimento → O limiar olfatório diminui com a idade (1% ao ano), sendo esse efeito menor nas mulheres que nos homens. → Os idosos tem uma taxa maior de declínio da olfação para uns odores do que para outros. → Esta diminuição olfatória se deve ao processo fisiológico de envelheciment • Exposição à tóxicos → a perda olfatória pode ocorrer em dias ou anos, pode ser reversível ou permanente. → O grau de lesão estar relacionado ao tempo de exposição, à concentração e toxicidade do agente. → São exemplos de drogas que afetam a olfação: Anfetaminas, Antibióticos, Cocaína, Derivados de petróleo Dióxido sulfúrico, Etanol, Formaldeido Metais pesados, Metanol, Monóxido de carbono, Nicotina e etc. DOENÇASDA GUSTAÇÃO - Doenças do paladar: • Ageusia: perda do paladar. • Disgeusia: distorção ou diminuição do paladar, podendo mesmo atingir a perda total do sentido do sabor. - A gustação pode afetar: • Afta • Deficiência de vitamina B12 • Deficiência de zinco • Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) • Herpes • Ingestão de medicamentos • Nariz entupido • Problemas de saúde bucal • Tabagismo - O paladar pode ser afetado em casos de lesões do nervo facial. Já no caso de distúrbios gustativos permanentes, estes podem sobrevir após paralisia facial de Bell. - Disfunções do paladar e do olfato frequentemente ocorrem juntas, pois as anormalidades do paladar se devem geralmente a disfunção olfativa. - Pacientes idosos desenvolvem por vezes disgeusia de origem obscura que pode ocasionar anorexia e perda de peso. - A sensibilidade gustativa aumentada ocorre em pacientes com doença de Addison, deficiência da hipófise e fibrose cística. Obs. Feromônios em Humanos ✓ Odores podem ter influência sobre as emoções e evocar memórias. ✓ Cada um de nós tem um diferente conjunto de odores que marca nossa identidade tão precisamente quanto o fazem nossas próprias impressões digitais ou nossos genes. Variações no odor corporal são provavelmente determinadas geneticamente. ✓ Cães de caça podem ter dificuldade para distinguir, pelo cheiro, gêmeos idênticos, mas não têm dificuldade para distinguir irmãos fraternos. ✓ Crianças já com seis dias de idade mostram uma clara preferência pelo cheiro do peito de sua própria mãe quando comparada a outras mães lactantes. ✓ Mulheres que passavam muito tempo juntas frequentemente tinham ciclos menstruais sincronizados. Esse efeito é possivelmente mediado por feromônios.
Compartilhar