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Milleny Duarte de Freitas UFMT-MEDICINA T66 O metabolismo oxidativo de lipídeos tem como principal objetivo a obtenção de energia, sendo que todos os lipídios com potencial energético são constituídos por triacilglicerol. A primeira parte do processo tem início no intestino, já que é lá que as moléculas de lipídio ingeridas serão emulsificadas pelos sais biliares. Após isso, enzimas lipases fazem a degradação da molécula de lipídio, permitindo sua absorção pela mucosa intestinal. Após a absorção os triacilgliceróis são incorporados com colesterol e outras substâncias. No entanto, essas moléculas lipídicas são insolúveis em água e por isso seu transporte pelo sistema linfático e corrente sanguínea só ocorre com o auxílio de um transportador, que é o quilomícron, que se trata de uma lipoproteína com função específica de transporte de lipídios. Na corrente sanguínea a lipoproteína lipase hidroxila os triacilgliceróis, convertendo-os em ácido graxo e glicerol que podem ser destinados a oxidação, pelas células que tem essa capacidade ou podem ser esterificados e armazenados em gotículas de gordura dentro dos adipócitos no tecido adiposo branco (TAB). *Tecido adiposo marrom: é histologicamente diferente do TAB, pois é constituído de células menores com inúmeras pequenas gotículas de gordura em seu interior, além de apresentar inúmeras mitocôndrias. A oxidação de lipídeos desse tecido não tem fins energéticos, mas sim de produção de calor sendo por isso um tecido importantíssimo na regulação térmica, principalmente de recém- nascidos. Lipogênese: Síntese hepática de lipídios. O excesso de carboidratos é convertido em triacilglicerol + colesterol que são transportados até o tecido adiposo pela lipoproteína transportadora VLDL, (produzida no fígado), no entanto o tecido adiposo vai armazenar apenas o triacilglicerol. Nesse sentido, a redução no consumo de carboidratos pode ser benéfica para diminuição de índices séricos de colesterol elevado. Lipólise: O receptor de membrana do adipócito, que é associado a uma proteína G, é ativado pelo hormônio Glucagon, desencadeando ativação da adenilato ciclase, que passa a produzir AMPc, acionando a quinase A, que termina fosforilando a pirilipina A. Essa molécula, pirilipina A, se encontra na superfície da gotícula de gordura e sua fosforilação favorece a atuação da enzima lipase que assim, pode entrar e hidrolisar a gotícula de gordura. Milleny Duarte de Freitas UFMT-MEDICINA T66 O glicerol formado pode ser utilizado na gliconeogênese e glicólise, enquanto o ácido graxo produzido é oxidado no processo de beta-oxidação. Beta-oxidação: Trata-se do processo de oxidação dos ácidos graxos que ocorre no interior das mitocôndrias (oxidação de ácidos graxos de cadeia curta e média) e nos peroxissomos (oxidação de ácidos graxos de cadeia longa e ramificada). Primeiramente, o ácido graxo se associa a uma molécula de acil coA, formando acil-coA graxo, esse complexo é transportado a até a mitocôndria, local com presença de enzimas específicas que realizam a quebra do ácido graxo na posição beta da cadeia. Complexos acil-coA graxo formados por cadeias mais curtas (até 12 carbonos) podem atravessar as duas membranas mitocondriais por difusão, já ácidos graxos mais longas necessitam de um transportador especial a carnitina para atravessar a membrana mitocondrial interna. Etapas da beta-oxidação: - Os carbonos da cadeia de ácido graxo são removidos de dois em dois e a cada clico de remoção tem-se a formação de uma molécula de acetil-coA, esta entra no ciclo de Krebs e termina produzindo ATP. A quantidade de acetil-coA formada irá depender da quantidade carbono da cadeia de ácido graxo, por exemplo, uma cadeia com 16 carbonos vai passar por 7 ciclos de beta- oxidação e vai dar origem a 8 moléculas de acetil-coA. *Ácidos graxos com número ímpar de carbonos passam pelas mesmas reações de beta- oxidação, no entanto a última molécula a ser liberada terá 3 carbonos (propinil-coA) e servirá de substrato para a glicogênese. Cetogênese: Ocorre principalmente durante o jejum prolongado, nessa condição o organismo passa a oxidar lipídios, consequentemente tem-se aumento de moléculas de acetil-coA, no entanto simultaneamente a beta-oxidação está acontecendo a glineogênese, isso faz com parte do acetil- coA formado na beta- oxidação não consiga reagir com os compostos do ciclo de Krebs e produzir ATP por essa via. Portanto, essa “sobra “de acetil-coA é direcionada ao fígado e lá ela será convertida Milleny Duarte de Freitas UFMT-MEDICINA T66 em corpos cetônicos que são uma fonte de energia alternativa, passível de ser usada por tecidos extra-hepáticos incluindo o Sistema Nervoso. O fígado tem a capacidade produzir os corpos cetônicos, mas não pode utiliza-lo como fonte energética, pois não possui a enzima tiofurase essencial para a efetivação da cetólise (quebra dos corpos cetônicos e produção de ATP). Entretanto, a cetólise em excesso no corpo pode ser prejudicial, pois o acumulo de corpos cetônicos na correte sanguínea e outros fluídos corporais pode resultar em cetonemia e cetonúria (quando ocorre acúmulo de corpos cetônicos na urina), por exemplo, situação comum durante dietas com restrição de carboidratos e hipocalóricas.
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