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MANUAL DE ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES MA.UNC.007 V.1 CAJAZEIRAS-2020 Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 2/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO 1. APRESENTAÇÃO A alimentação tem papel fundamental em todas as fases da vida, especialmente nos primeiros anos. Assim, uma alimentação saudável na infância e adolescência é essencial para o crescimento e desenvolvimento, a formação de hábitos saudáveis e para a manutenção da saúde e bem-estar, prevenindo o surgimento das doenças crônicas não transmissíveis (BRASIL, 2019). Os cuidados relativos à alimentação e nutrição voltados à promoção e proteção da saúde, à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento de agravos exercem influência direta sobre a condição de saúde de crianças e adolescentes que já apresentam alguma patologia ou alimentam- se por via enteral, sendo parte fundamental no tratamento de diabetes, hipertensão, obesidade, dislipidemias; alergias alimentares; prematuridade; doenças renais; doenças hepáticas; neuropatias; fibrose cística; desnutrição; erros inatos do metabolismo, entre outras (BRASIL, 2016). Nesse contexto, o cuidado nutricional ambulatorial emerge como uma ferramenta para promoção da alimentação saudável na infância, bem como para melhoria da qualidade de vida de pacientes com alguma condição que necessite de manejo dietoterápico específico. Para esse público, não se recomenda o uso de dietas rígidas nem padrões alimentares engessados, tendo em vista as características inerentes à cada fase do desenvolvimento infantil e o risco de desenvolvimento de transtornos alimentares (FIGUEIREDO et al., 2015). Assim, é indispensável o uso de técnicas de aconselhamento nutricional capazes de estabelecer uma relação de confiança entre o nutricionista, a criança e seu cuidador, com consequente adoção de estilos de vida e práticas alimentares saudáveis (FIGUEIREDO et al., 2015). É nessa perspectiva que o Ambulatório Especializado de Nutrição na Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente do Hospital Universitário Júlio Bandeira (HUJB) trabalha, visando a melhoria dos hábitos alimentares desse público, por meio de estratégias flexíveis capazes de sensibilizar a rede familiar e instigar as crianças e adolescentes a adotarem escolhas mais saudáveis. Isso viabiliza o tratamento adequado de condições como obesidade infantil, dislipidemias, alergias alimentares, fibrose cística, dentre outras. 2. OBJETIVOS Descrever a sistematização do atendimento nutricional a crianças e adolescentes no ambulatório especializado de nutrição do HUJB/EBSERH/UFCG. 3. DESCRIÇÃO Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 3/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO 3.1. Fluxo de encaminhamento e agendamento para atendimento ambulatorial com nutricionista 3.1.1. Encaminhamento e agendamento de consultas ambulatoriais de nutrição O agendamento de consultas ambulatoriais de nutrição é realizado pela recepção, mediante referência das Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou encaminhamento do médico/nutricionista do HUJB para aquelas crianças e adolescentes internas que receberam alta e necessitam de acompanhamento nutricional ambulatorial especializado. São pacientes elegíveis para o atendimento nutricional, crianças e adolescentes que apresentem, sem resposta ao tratamento realizado na atenção primária: ✓ Doenças crônicas – diabetes, hipertensão, obesidade, dislipidemias ✓ Alergias alimentares ✓ Desnutrição ✓ Doenças hepáticas ✓ Doenças renais ✓ Erros inatos do metabolismo ✓ Fibrose cística ✓ Neuropatias ✓ Prematuridade ✓ Outras condições raras OBSERVAÇÃO: crianças e adolescentes que, durante a 1ª consulta, sejam identificados apenas com erro alimentar ou outra condição não listada acima, serão atendidas, feita orientação alimentar e será dada a alta nutricional. 3.1.2. Procedimentos de consulta e retornos De acordo com a Resolução CFN nº 600, de 23 de maio de 2018, uma consulta inicial deverá durar em média 40 minutos e retornos 20 minutos. Dessa forma, estipulam-se, por dia, 4 pacientes de primeira vez e 2 retornos. ✓ 1ª consulta – anamnese, avaliação e diagnóstico nutricional e orientação alimentar. ✓ 2ª consulta – retorno em 30 dias, com elaboração de cardápio, de acordo com necessidade. ✓ 3ª consulta – retorno com 60 dias para acompanhamento. Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 4/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO ✓ 4ª consulta – retorno com 60 dias, será avaliada a necessidade de alta, agendar 5ª consulta caso haja necessidade de acompanhamento. OBSERVAÇÃO: o intervalo para retorno poderá ser maior ou menor, a depender da necessidade identificada pelo nutricionista. 3.2. Passos para atendimento nutricional ambulatorial em pediatria 3.2.1. Coleta de informações sobre a História da Doença Atual (HDA) e motivo do encaminhamento As informações sobre a HDA do paciente devem ser coletadas por meio de entrevista no início do atendimento, a fim de nortear o tipo de avaliação necessária e as condutas nutricionais. O motivo do encaminhamento deve estar descrito no formulário de encaminhamento entregue ao paciente pelo profissional que o encaminhou e o paciente deve portar este formulário durante a primeira consulta nutricional. 3.2.2. Avaliação do estado nutricional A avaliação do estado nutricional deve contemplar: exame físico nutricional, anamnese alimentar, antropometria e exames laboratoriais. ✓ Exame físico nutricional: deverá ser feito, buscando sinais clínicos relacionados a distúrbios nutricionais, conforme quadro 1. Quadro 1 - Sinais mais frequentes de carências nutricionais específicas SINAIS CLÍNICOS INDICATIVO DE DEFICIÊNCIA/DIAGNÓSTICO Cabelo Perda de brilho natural: seco e feio; fino e esparso; quebradiço, despigmentado; fácil de arrancar; sinal da bandeira Kwashiorkor e, menos frequentemente, marasmo Face Seborréia nasolabial Edemaciada Palidez Riboflavina Kwashiorkor Ferro Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 5/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO Olhos Conjuntiva pálida Membranas vermelhas Mancha de Bitot Xerose conjuntival Xerose de córnea Ceratomalácia Vermelhidão e fissura nos epicantos Arco córneo (anel branco ao redor dos olhos) Xantelasma (bolsas pequenas amareladas ao redor dos olhos) Anemia Anemia Vitamina A Vitamina A Vitamina A Vitamina A Riboflavina, piridoxina Hiperlipidemia Hiperlipidemia Lábios Estomatite angular (lesões róseas ou Brancas nos cantos da boca) Escaras do ângulo Queilose (avermelhamento ou edema dos lábios) Riboflavina Língua Língua escarlate e inflamada Língua magenta (púrpura) Língua edematosa Papila filiforme, atrofia, hipertrofia Ácido nicotínico Riboflavina Niacina Ácido fólico e vitamina B12 Dentes Esmalte manchado Flúor Gengivas Esponjosas: sangrando Vitamina C Pele Xerose Hiperceratose folicular Petéquias Dermatose, pelagra Vitamina A Vitamina A Vitamina C Ácido nicotínico Fonte: DUARTE, 2007. ✓ Anamnese alimentarLactentes: avaliar o tipo de aleitamento, a oferta de outros alimentos e bebidas, respeitando as seguintes especificidades: o Aleitamento Materno Exclusivo (AME) – crianças que recebem apenas leite materno, diretamente da mama ou ordenhado. Verificar: pega correta, horários e duração das mamadas, técnicas de ordenha, administração do leite (mamadeira, copo, colher). Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 6/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO o Aleitamento Materno Predominante (AMP) – quando o lactente recebe, além de leite materno, outros alimentos como água, chás e sucos (exceto outros tipos de leite). Verificar: início da introdução desses alimentos; tipos e quantidades, administração (mamadeira, copo, colher), higienização dos utensílios e horários. o Aleitamento Materno (AM) – quando a criança recebe leite materno independentemente de estar recebendo outros tipos de alimentos. Verificar: tipo de fórmula ou leite ofertado, diluição, modo de preparo (adição de açúcar, mucilagem, amido de milho e outros engrossantes), higienização dos utensílios, horário e volume ofertado. Pré-escolares, escolares e adolescentes: de maneira geral, as crianças devem estar acompanhadas dos responsáveis, para que respondam aos questionamentos quanto à alimentação. o Utilizar Recordatório de 24 horas. o Crianças < 7 anos: informações sobre consumo alimentar devem ser respondidas pela mãe ou responsável. o Escolares e adolescentes (sem limitação cognitiva): informações sobre consumo alimentar devem ser respondidas pela criança ou adolescente. ✓ Antropometria Os dados que devem ser obtidos para iniciar a avaliação antropométrica da criança ou adolescente são: peso habitual, peso atual e estatura/comprimento. o Peso atual: deve ser verificado em todas as consultas. o Estatura: deve ser verificada em todas as consultas. Obter altura da criança em estadiômetro fixo à balança ou comprimento com fita métrica. o Cálculo do IMC: IMC = peso atual (altura)² Após a verificação das medidas, a classificação do estado nutricional deve ser de acordo com os índices antropométricos recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) para cada faixa etária, conforme quadro 2 e detalhado no apêndice 1. Quadro 2 - Índices antropométricos para crianças e adolescentes Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 7/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO FAIXA ETÁRIA CRIANÇAS DE 0 A 5 ANOS INCOMPLETOS CRIANÇAS DE 5 A 10 ANOS INCOMPLETOS ADOLESCENTES DE 10 A 19 ANOS Índice antropométrico Peso para idade Peso para idade - Peso para estatura - - IMC para idade IMC para idade IMC para idade Estatura para idade Estatura para idade Estatura para idade Fonte: SBP, 2009. Os cálculos do percentil e do escore-z deverão ser realizados por intermédio das curvas de crescimento divulgadas e disponibilizadas pela World Health Organization (WHO). Nos casos de lactentes prematuros, antes de ser realizada a avaliação nutricional antropométrica e consequente classificação pelas curvas da OMS, deverá ser calculada a idade corrigida (até os 2 anos de idade) da seguinte forma: IDADE CORRIGIDA = Idade cronológica (em semanas) – (40 – Idade gestacional) 4 Nos casos de impossibilidade da aferição do peso, este deve ser estimado por meio das seguintes equações: Quadro 3 - Equações de estimativa de peso para crianças e adolescentes FAIXA ETÁRIA EQUAÇÃO DE ESTIMATIVA DA ALTURA 0 a 12 meses Peso (em Kg) = (idade em meses + 9)/2 1 a 5 anos Peso (em Kg) = 2 x (idade em anos + 5) 5 a 14 anos Peso (em Kg) = 4 x idade (em anos) Fonte: TINNING; ACWORTH, 2007. A perda de peso deve ser monitorada, estando relacionada à baixa aceitação alimentar, aos quadros de intolerância, como vômito, distensão abdominal e aos períodos de jejum para exames e procedimentos. Na prática clínica pediátrica, a perda de 2% do peso, independentemente do tempo, já é considerada uma perda grave (GOMES et al., 2019). O cálculo para a perda de peso deve ser feito da seguinte forma: % Perda de peso = Peso usual (Kg) – Peso atual (kg)/Peso usual (Kg) x 100 O percentual de perda de peso pode ser avaliado através dos parâmetros descritos no quadro 4. Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 8/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO Quadro 4 – Nível de perda de peso SIGNIFICADO DAS PERDAS DE PESO TEMPO Perda significativa de peso (%) Perda grave de peso (%) 1 semana 1 a 2 > 2 1 mês 5 >5 3 meses 7,5 >7,5 6 meses 10 >10 Fonte: BLACKBURN et al., 1997. Para crianças com limitações físicas, a estatura este deverá ser estimada por meio das equações descritas no quadro abaixo: Quadro 5 – Equações de estimativa da altura em crianças e adolescentes IDADE SEGMENTO EQUAÇÃO 2 a 12 anos com paralisia cerebral (Stevenson, 1995) Comprimento da tíbia (CT) E = (3,26 x CT) +30,8 Altura de joelho (AJ) E = (2,69 x AJ) + 24,2 Comprimento superior do braço (CSB) E = (4,35 x CSB) + 21,8 6 a 18 anos (Chumlea et al., 1994) Altura do joelho (AJ) Meninas brancas = 43,21 + (2,15 x AJ) Meninas negras = 46,69 + (2,02 x AJ) Meninos brancos = 40,54 + (2,22 x AJ) Meninos negros = 39,60 + (2,18 x AJ) Fonte: Adaptado de SILVA; NASCIMENTO; ZAMBERLAN, 2014. ✓ Exames bioquímicos Na primeira consulta, investigar resultados de exames bioquímicos específicos que já tenham sido solicitados anteriormente pelo profissional que encaminhou o paciente ao ambulatório. Caso seja necessário, solicitar exames complementares para fechar o diagnóstico nutricional da criança ou para acompanhar a evolução do tratamento em consultas posteriores. 3.2.3. Diagnóstico nutricional Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 9/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO Os diagnósticos de nutrição deverão ser elaborados com base nos dados clínicos, bioquímicos, antropométricos e dietéticos e estar de acordo com três domínios: ingestão, nutrição clínica, comportamento/ambiente nutricional, de acordo com o anexo 1. 3.2.4. Intervenção nutricional O atendimento nutricional ambulatorial em pediatria é pautado na reeducação alimentar e mudança de estilo de vida, respeitando os hábitos alimentares e as condições socioeconômicas das famílias. Para tanto, devem ser dadas orientações nutricionais objetivas e possíveis de serem executadas, conforme padronizado pela Unidade de Nutrição Clínica – UNC (apêndice 1). Em casos específicos, o nutricionista deverá identificar se há necessidades dietoterápicas diferenciadas para a doença de base e deverá ser calculada a dieta. Para isso, o Valor Energético Total (VET) recomendado para o paciente em questão deverá ser calculado e distribuídos os macronutrientes, respeitando as características fisiopatológicas da doença de base, de acordo com as referências fixadas para o setor. ✓ Recomendações e cálculo das necessidades nutricionais Necessidades nutricionais para lactenteso Capacidade gástrica do lactente: 25 a 30mL/Kg/mamada (ACCIOLY, 2010). o Os valores médios de ganho de peso para lactentes podem ser observados no quadro 6. Quadro 6 – Valores médios de ganho de peso para lactentes (NCHS) VALORES MÉDIOS DE GANHO DE PESO MENSAL DIÁRIO 1º trimestre 700 g 25 a 30 g 2º trimestre 600 g 20 g 3º trimestre 500 g 15 g 4º trimestre 300 g 10 g Fonte: SBP, 2007. Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 10/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO o As necessidades energéticas para lactentes podem ser calculadas através de um dos métodos descritos nos quadros 7 e 8. Quadro 7 – Cálculo das necessidades energéticas para lactentes Fonte: FAO/OMS, 2001; ACIOLLY, 2010. Quadro 8 – Recomendações Nutricionais Diárias de Energia para Lactentes DRI PARA LACTENTES 0-3 meses (89 x Peso bebe* - 100) + 175 kcal 4-6 meses (89 x Peso bebe* - 100) + 56 kcal 7-12 meses (89 x Peso bebe* - 100) + 22 kcal 13-36 meses (89 x Peso bebe* - 100) + 20 kcal Fonte: DIETARY REFERENCE INTAKE (DRI), 2005. Diante da impossibilidade do aleitamento materno, deve-se utilizar uma fórmula infantil que satisfaça as necessidades do lactente, conforme recomendado por sociedades científicas nacionais e internacionais (ESPGHAN, AAP e SBP). No primeiro semestre de vida, deverá ser utilizada uma fórmula infantil de partida para lactentes; a partir do sexto mês, recomenda-se uma fórmula infantil de seguimento para lactentes (SBP, 2018). O quadro 9 apresenta algumas das fórmulas lácteas mais comuns disponíveis no mercado brasileiro, entretanto é relevante mencionar que existem diversos outros tipos de fórmulas, com variações e adaptações para condições específicas, como: à base de proteína de soja, NECESSIDADES ENERGÉTICAS IDADE (meses) Meninos Meninas Kcal/dia Kcal/Kg/dia Kcal/dia Kcal/Kg/dia 0-1 518 113 464 107 1-2 570 104 517 101 2-3 596 95 550 94 3-4 569 82 537 84 4-5 608 81 571 83 5-6 639 81 599 82 6-7 653 79 604 78 7-8 680 79 629 78 8-3 702 79 652 78 9-10 731 80 676 79 10-11 752 80 694 79 11-12 775 81 712 79 Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 11/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO isentas de lactose, anti-regurgitação, semi-elementares, elementares, hipercalóricas, hipoalergênicas, para recém nascidos pré-termo (RNPT) ou com baixo peso (RNBP). Quadro 9 – Fórmulas lácteas que podem ser recomendadas para os lactentes não amamentados IDADE FÓRMULA LÁCTEA RNPT / RNBP Pré NAN Aptamil ProNutra/Pró Expert Enfamil Prematuros/Enfacare Infatrini De 0 a 6 meses Aptamil 1 Nestogeno 1 Nan 1 Similac 1 Novamil AC 1 Milupa 1 Enfamil 1 De 6 a 12 meses Aptamil 2 Nestogeno 2 Nan 2 Similac 2 Novamil AC 2 Milupa 2 Enfamil 2 Fonte: UNC, 2020. No quadro 10, estão definidos volume e número de refeições lácteas no primeiro ano de vida. Quadro 10 – Volume e número de refeições lácteas no primeiro ano de vida IDADE VOLUME/REFEIÇÃO NÚMERO DE REFEIÇÃO/DIA Do nascimento aos 30 dias 60 a 120mL 6 a 8 30 a 60 dias 120 a 150mL 6 a 8 2 a 3 meses 150 a 180mL 5 a 6 3 a 4 meses 180 a 200mL 5 a 6 >4 meses 180 a 200mL 2 a 3 Fonte: SBP, 2018. Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 12/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO Necessidades nutricionais para Recém-Nascidos Pré-termo (RNPT) e Recém- Nascidos com Baixo Peso (RNBP) As formas de calcular as necessidades de energia e carboidratos para RNPT e RNBP estão descritas no quadro 11. Quadro 11 – Necessidades energéticas e de carboidratos para RNPT e RNBP NECESSIDADES ENERGÉTICAS PARA RNPT E RNPB 1ª semana 2ª semana ENERGIA 50-100 Kcal/Kg/dia 110-150 Kcal/Kg/dia Na prática clínica, em geral, o aporte de 120 Kcal/Kg dia é suficiente para promover ganho de peso satisfatório em RNPB, em outros casos são necessárias 200 Kcal/Kg/dia. RECOMENDAÇÕES DE CARBOIDRATOS PARA RNPT NÍVEIS RECOMENDADOS g/100Kcal Mínimo 12,6 Médio 13,3 Máximo 14 Fonte: ACCIOLY, 2010. Necessidades nutricionais para crianças e adolescentes As formas para calcular as necessidades nutricionais para crianças e adolescentes estão descritas nos quadros abaixo. Quadro 12 – Necessidades energéticas para crianças e adolescentes NECESSIDADES ENERGÉTICAS IDADE (anos) Meninos Meninas Kcal/dia Kcal/Kg/dia Kcal/dia Kcal/Kg/dia 1-2 948 82,4 865 80,1 2-3 1129 83,6 1047 80,6 3-4 1252 79,7 1156 76,5 4-5 1360 76,8 1241 73,9 5-6 1467 74,5 1330 71,5 6-7 1573 72,5 1428 69,3 7-8 1692 70,5 1554 66,7 8-9 1830 68,5 1698 63,8 9-10 1978 66,6 1854 60,8 Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 13/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO 10-11 2150 64,6 2006 57,8 11-12 2341 62,4 2149 54,8 12-13 2548 60,2 2276 52 13-14 2270 57,9 2379 49,3 14-15 2990 55,6 2449 47 15-16 3178 53,4 2491 45,3 16-17 3322 51,6 2503 44,4 17-18 3410 50,3 2503 44,1 Fonte: FAO/OMS, 2001. Quadro 13 – DRI para crianças e adolescentes de 3 a 18 anos DRI PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE 3 A 18 ANOS Sexo Masculino 88,5 - 61,9 x I + FA x (26,7 x P + 903 x A) + 25kcal Sexo Feminino 135,3 – 30,8 x I + FA x (10 x P + 934 x A) + 25kcal I: idade / FA: fator atividade / P: peso em Kg / A: altura em metros FATOR ATIVIDADE Sexo Masculino Sedentário: 1,0 Pouco ativo: 1,13 Ativo: 1,26 Muito ativo: 1,42 Sexo Feminino Sedentário: 1,0 Pouco ativo: 1,16 Ativo: 1,31 Muito ativo: 1,56 Fonte: DIETARY REFERENCE INTAKE (DRI), 2005. Quadro 14 – Recomendações calóricas por faixa etária e sexo RECOMENTAÇÕES CALÓRICAS (KCAL) POR FAIXA ETÁRIA E SEXO SEXO 2-3 ANOS 4-8 ANOS 9-13 Feminino 1000 1200 1600 Masculino 1000 1400 1800 Fonte: ADA, 2008. O quadro abaixo aponta a distribuição percentual de macronutrientes de acordo com a faixa etária. Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 14/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO Quadro 15 – Distribuição de macronutrientes para crianças e adolescentes DRI DE MACRONUTRIENTES PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES MACRONUTRIENTE CRIANÇA DE 1-3 ANOS CRIANÇA 4-18 ANOS Proteínas 5-20% 10-30% Lipídeos 30-40% 25-35% Carboidratos 45-65% 45-65% Fonte: DIETARY REFERENCE INTAKE (DRI), 2005. Crianças neuropatas Quadro 16 – Estimativas de necessidades energéticas para crianças neuropatas APOIO NUTRICIONAL PARA CRIANÇAS NEUROPATAS Methods to determine dietary energy needs in neurologically impaired children Height 15 kcal/cm in children without motor dysfunction 14 kcal/cm in children with motor dysfunction who are ambulatory 11 kcal/cm in children who are nonambulatory Fonte: MARCHAND; MOTIL, 2006. Diabetes A diabetes mellitus (DM) é um distúrbio metabólico caracterizado por hiperglicemia persistente, decorrente de deficiência na produção de insulina ou na sua ação, ou em ambos os mecanismos, ocasionando complicações em longo prazo. Está associada a complicaçõescrônicas micro e macro vasculares, aumento de morbidade, redução da qualidade de vida e elevação da taxa de mortalidade (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES - SBD, 2017). A classificação da DM tem sido baseada em sua etiologia, o tipo 1 (DM1), mais frequentemente diagnosticado em crianças, adolescentes e, em alguns casos, em adultos jovens é uma doença autoimune, poligênica, decorrente de destruição das células β pancreáticas, ocasionando deficiência completa na produção de insulina. Estima-se que mais de 30 mil brasileiros sejam portadores de DM1 e que o Brasil ocupe o terceiro lugar em prevalência de DM1 no mundo (SBD, 2017). Quadro 17 – Estimativa energética para crianças com Diabetes ESTIMATIVAS ENERGÉTICAS PARA CRIANÇAS COM DIABETES 1000 Kcal/Kg até 10 Kg de peso corpóreo Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 15/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO 1000 + (Kg – 10) x 50 em crianças com massa entre 10 e 20 Kg 1500 + (Kg – 20) x 20 em crianças com mais de 20 Kg Fonte: SBD, 2009. O acompanhamento laboratorial da Diabetes Mellitus (DM) pode ser realizado por meio de glicemia de jejum, glicemia 2 horas após teste oral de tolerância à glicose (TOTG) e hemoglobina glicada (HbA1c), que são atualmente os testes laboratoriais validados e recomendados para diagnóstico e acompanhamento dessa patologia. Outros exames podem ser utilizados no acompanhamento da DM como forma de acrescentar informação às estimativas da glicemia média por determinado período e/ou mensurar a variabilidade glicêmica, dentre eles, o mais comumente utilizado é a glicemia pós-prandial (SBD, 2017). Outros exames laboratoriais devem ser realizados periodicamente para avaliar a eficácia do tratamento e a necessidade de ajustes, as possíveis complicações e até mesmo outras doenças autoimunes que podem ocorrer, tais como: TSH, T4 livre (função tireoidiana), anticorpos anti-tireoperoxidase (para diagnóstico da tireoidite de Hashimoto), anticorpos para detecção de doença celíaca (intolerância ao glúten), ureia, creatinina (função renal), colesterol total/frações, triglicérides (perfil lipídico). A monitorização da glicemia capilar diariamente por indivíduos com DM1 traz grandes benefícios, por diminuir o risco de complicações agudas, tais como cetoacidose e hipoglicemia, e por permitir que o paciente entenda os determinantes de sua glicemia ao correlacionar os resultados glicêmicos em tempo real com a ingestão de alimentos ou com a prática de atividade física, por exemplo. As metas glicêmicas a serem atingidas em crianças e adolescentes com DM1 estão apresentadas no quadro 18. Quadro 18 – Metas glicêmicas para crianças e adolescentes com DM1 GLICEMIA CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DM1 (MG/DL) Jejum ou pré-prandial 70 a 145 Pós-prandial 90 a 180 Ao deitar 120 a 180 Na madrugada 80 a 162 Fonte: SBD, 2017. A contagem de carboidratos é uma estratégia nutricional que permite à pessoa com diabetes maior flexibilidade em sua alimentação, de acordo com seu estilo de vida e tem como Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 16/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO principal objetivo encontrar o equilíbrio entre a glicemia, a quantidade de carboidratos ingerida e a quantidade de insulina necessária. Para utilizar essa estratégia é necessário conhecer os efeitos dos alimentos na glicemia. O carboidrato, é o nutriente que tem maior efeito sobre a glicemia, já que a totalidade (100%) do que é ingerido transforma-se em glicose. Por outro lado, quanto a proteína, um valor entre 30% e 60% pode ser transformado em glicose e da gordura, somente 10%. O quadro 19 aponta o tempo de resposta do alimento na glicemia. Quadro 19 – Tempo de resposta do alimento na glicemia MACRONUTRIENTE PERCENTUAL DE CONVERSÃO EM GLICOSE TEMPO DE RESPOSTA NA GLICEMIA Carboidratos 100% 15 minutos a 2 horas Proteínas 30 a 60% 3 a 4 horas Lipídeos 10% 5 horas Fonte: SBD, 2016. A contagem de carboidratos pode fazer parte do plano alimentar, pois possibilita manter as glicemias próximas da normalidade e preservar a flexibilidade na escolha da qualidade e quantidade de alimentos. Os passos para realizar a contagem de carboidratos estão descritos a seguir. o Calcular as necessidades energéticas do indivíduo. o Realizar a distribuição de macronutrientes por dia e destinar 45 a 60% de carboidratos totais. o Distribuir a quantidade de carboidratos por refeição, como no seguinte exemplo: desjejum (20%), colação e lanche (10%), almoço (30%), jantar (25%) e ceia (5%), ou de acordo com a necessidade ou hábito do paciente. o Conhecer a Razão Insulina x Carboidrato que expressa quantas unidades de insulina são necessárias para metabolizar determinada quantidade de carboidratos (1 unidade de insulina rápida ou ultrarrápida cobre 20 a 30g de carboidratos para crianças e 10 a 20g de carboidratos para adolescentes). o Calcular o Fator de Sensibilidade através do somatório da quantidade total de insulina utilizada por dia, dividido por 1800 (se usar insulina ultrarrápida) ou por 1500 (se usar insulina rápida). A sensibilidade à insulina consiste na resposta glicêmica a insulina, ou quantos pontos 1 unidade de insulina baixa sua glicemia. o Calcular o Bolus de Alimentação, a fim de determinar a dose de insulina necessária para cobrir uma refeição. Desta forma: Bolus alimentar = quantidade de carboidratos da refeição (g) / razão insulina x carboidrato definida. Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 17/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO o Calcular o Bolus de Correção = Glicemia do momento – Meta glicêmica Fator de sensibilidade A partir desses cálculos é possível mensurar a quantidade de insulina necessária para regular a glicemia em cada refeição. É relevante mencionar que em algumas situações, quando o paciente apresentar hipoglicemia (glicemia <70mg/dL), pode ser realizada a seguinte correção: 200mL de água + 1 colher de sopa de açúcar ou 200mL de suco de laranja. Nesses casos, deve-se aguardar 15min e refazer a glicemia, caso ainda esteja <100mg/dL, repete o processo de correção (SBD, 2016). A tabela com a quantidade de carboidratos por porção de alimentos pode ser encontrada no Manual de Contagem de Carboidratos (SBD, 2016) das páginas 48 a 106, disponível no endereço https://www.diabetes.org.br/publico/images/manual-de-contagem-de- carboidrato2016.pdf e a tabela com o índice glicêmico de alguns alimentos está disponível no anexo 2. Além disso, para facilitar o acompanhamento do índice glicêmico dos alimentos, existem alguns aplicativos como o gliconline. Obesidade e síndrome metabólica A obesidade é uma doença crônica, complexa, de etiologia multifatorial, resulta de balanço energético positivo e é definida como excesso de gordura corporal e não somente excesso de peso. O seu desenvolvimento ocorre, na grande maioria dos casos, pela associação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais. O excesso de gordura corporal está associado a um conjunto de alterações que caracterizam a síndrome metabólica como dislipidemia, hipertensão arterial, hiperinsulinemia, aumento do risco cardiovascular e a associação entre obesidade e síndrome metabólica é ainda mais forte quando há excesso de adiposidade abdominal (SBP, 2019). Quadro 20 - Classificação do estado nutricionalde acordo com IMC/IDADE por percentil e escore-Z PERCENTIL ESCORE-Z 0 – 5 ANOS INCOMPLETOS 5 - 20 ANOS INCOMPLETOS > 85 e ≤ 97 > +1 e ≤ +2 Risco Sobrepeso Sobrepeso > 97 e ≤ 99,9 > +2 e ≤ +3 Sobrepeso Obesidade > 99,9 > +3 Obesidade Obesidade grave Fonte: WHO, 2006. https://www.diabetes.org.br/publico/images/manual-de-contagem-de-carboidrato2016.pdf https://www.diabetes.org.br/publico/images/manual-de-contagem-de-carboidrato2016.pdf Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 18/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO Os exames laboratoriais complementares para avaliação de crianças e adolescentes obesos devem ser criteriosamente escolhidos e interpretados de acordo com os pontos de corte específicos para a faixa etária pediátrica. É relevante mencionar que, mesmo que não haja obesidade grave, várias comorbidades já podem estar presentes, pois outros fatores (genéticos, padrão alimentar, atividade física) colaboram de forma importante para o desenvolvimento de complicações, assim, é recomendada a realização dos exames subsidiários, mostrados no quadro 21, como triagem universal para crianças e adolescentes com excesso de peso. Quadro 21 - Exames complementares para avaliação laboratorial de crianças e adolescentes obesos EXAME VALORES DE REFERÊNCIA INTERPRETAÇÃO DOS VALORES Glicemia de jejum (feita com mínimo de 8 horas e máximo de 12 horas de jejum) < 100 mg/dL Adequado 100-126 mg/dL Alterada (ampliar a investigação com teste de tolerância oral à glicose) ≥ 126 mg/dL Diabetes melittus Teste Tolerância oral a glicose (TTOG) 2 h após 75 g de glicose < 140 Adequado ≥ 140 a < 200 Diminuída – Intolerância à glicose ≥ 200 Diabetes melittus Glicemia casual* ≥ 200 Diabetes melittus Perfil lipídico (jejum de 12 horas) Colesterol total < 150 mg/dL Desejável 150-169mg/dL Limítrofe ≥ 170 mg/dL Aumentado LDL-c < 100 mg/dL Desejável 100-129mg/dL Limítrofe ≥ 130 mg/dL Aumentado HDL-c ≥ 45 mg/dL Desejável Triglicerídios < 100 mg/dL Desejável 100-129mg/dL Limítrofe ≥ 130 mg/dL Aumentado Alanina aminotransferase (ALT, ou TGP) < 40 U/L Alguns estudos propõem valores inferiores, especialmente para crianças, sendo importante o acompanhamento longitudinal desses valores. Fonte: SBP, 2019. *Glicemia plasmática casual é aquela realizada a qualquer hora do dia, sem se observar o intervalo desde a última refeição. Devendo ser confirmada. Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 19/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO O tratamento dietoterápico da obesidade infantil deve ser realizado com uma abordagem em estágios para o manejo do peso em crianças, conforme o quadro abaixo: Quadro 22 – Estágios de intervenção para crianças e adolescentes obesos ESTÁGIOS RECOMENDAÇÕES Estágio 1 - Dieta e atividade física, incluindo aumento no consumo de frutas e vegetais. - Atividades sedentárias limitadas, como assistir televisão, jogar vídeo games e uso de computadores e tablets. - Se não houver melhora no IMC em 3 a 6 meses passar para o próximo estágio. Estágio 2 - Ingestão de alimentos com baixa densidade calórica e dieta balanceada, refeições estruturadas. - Atividade física supervisionada de no mínimo 60 minutos por dia. - 1 hora ou menos de televisão e/ou computadores e tablets. - Auto monitoramento por meio de recordatórios alimentares e de atividade física. - Acompanhamento com nutricionista com retornos mensais ajustados a necessidade do paciente e família. - Avaliar a necessidade de seguir para o próximo estágio, levando em consideração os riscos à saúde do paciente, idade e motivação do paciente e da família. Estágio 3 - Contato mais próximo com os profissionais da saúde e uso de mais estratégias comportamentais e monitoramento. Retornos semanais nas primeiras 8 a 12 semanas seguidas por retornos mensais. - Envolvimento dos pais de forma mais efetiva para crianças menores de 12 anos. - Envolvimento de equipe multidisciplinar experiente em obesidade infantil. - Crianças com resposta inadequada ao estágio 3, com riscos aumentados a saúde e baixa motivação devem ser considerados para o estágio 4. Estágio 4 - Dietas com baixa calorias, uso de medicações e/ou cirurgia. - Requer uma equipe multidisciplinar especialista em obesidade infantil em um centro pediátrico contendo protocolos clínicos e pesquisa de avaliação e evolução dos resultados e riscos no manejo de obesidade infantil. Fonte: Adaptado de SBP, 2019. As estratégias comportamentais para o manejo ponderal em pediatria devem ter como objetivo a diminuição no consumo total de calorias, diminuição do tempo sedentário e aumento de atividade física. Além de abordagens comportamentais fundamentadas na família que incluem os pais da criança ou responsáveis, já que a participação dos pais no tratamento da obesidade infantil mostra melhores resultados na evolução do paciente. É necessário avaliar quais as barreiras para uma alimentação saudável e atividade física, incluindo as financeiras e culturais, a fim de identificar comportamentos específicos e promover mudanças. Intervenções para modificação comportamental incluem auto monitoração Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 20/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO da alimentação e da atividade física, assim como o controle de estímulos que contribuem e ou incitam comportamentos não saudáveis. Abordagens dietéticas que objetivam encorajar as crianças e os familiares a selecionarem grupos alimentares com menor densidade energética e a diminuírem o tamanho das porções são boas estratégias para a perda de peso na infância, pois têm maior adesão que as dietas com muitas restrições. Além disso, as metas para atividade física devem ser determinadas de acordo com a idade da criança, preferências pessoais pelo tipo de atividade física e tolerância ao exercício. É recomendado que crianças maiores de 6 seis anos pratiquem 60 minutos ou mais de atividade física por dia, como brincadeiras para crianças mais novas e esportes após horário de aula para crianças mais velhas. É recomendado também que o tempo na frente de televisão, tablets e computadores não ultrapassem 2 horas por dia para maiores de 2 anos, além de uma boa qualidade e quantidade de sono no período noturno (10-13 horas durante a noite para pré-escolares e 8-10h para adolescentes) (SBP, 2019). Dislipidemias A obesidade é a causa mais frequente de dislipidemia secundária na infância e na adolescência. Nesse contexto, o perfil lipídico mais encontrado consiste em elevação de triglicérides, VLDL-C e remanescentes, das partículas pequenas e densas do LDL-C, além de redução da fração HDL do colesterol. O LDC-C e o colesterol total, geralmente, estão dentro dos valores desejáveis. As alterações do perfil lipídico, na obesidade, estão diretamente associadas à presença da resistência insulínica e a presença de adiposidade visceral e o aumento da circunferência abdominal têm associação negativa com a concentração sérica de HDL-C. O perfil lipídico deve ser colhido após 12 horas de jejum e dosado em laboratório confiável. A Academia Americana de Pediatria, recomenda a seguinte triagem para o perfil lipídico: Quadro 23 - Triagem para perfil lipídico FAIXA ETÁRIA RECOMENDAÇÕES Até 2 anos Sem triagem para perfil lipídico.2 a 8 anos Perfil lipídico somente nas condições de risco CV. 9 a 11 anos Triagem universal com não-HDL-C. Se estiver aumentado (≥ 145 mg/dL), fazer o perfil lipídico completo. 12 a 16 anos Perfil lipídico somente nas condições de risco CV. 17 a < 20 anos Triagem universal com não-HDL-C. Se estiver aumentado (≥ 145 mg/dL), fazer o perfil lipídico completo. Fonte: Adaptado de SBP, 2019. Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 21/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO O não HDL-C (CT-HDL-C) pode ser determinado sem jejum, considerando-se valores aceitáveis aqueles abaixo de 120 mg/dL; limítrofes de 120 a 144 mg/dL e elevados a partir de 145 mg/dL. São considerados como tendo risco cardiovascular, as crianças e os adolescentes com as seguintes situações: o Obesidade e comorbidades, doenças metabólicas, renais, hepáticas, uso regular de medicações que podem alterar o perfil lipídico, estilo de vida e hábitos alimentares inadequados. o História familiar positiva para DCV precoce (<55 anos no homem e <65 anos na mulher) ou história familiar desconhecida. o Pais com LDL-C ≥ 240mg/dL ou outra dislipidemia conhecida. Os valores do perfil lipídico para crianças e adolescentes, segundo a Academia Americana de Pediatria - AAP, estão no quadro 24. Quadro 24 - Triagem para perfil lipídico CATEGORIA ACEITÁVEL LIMÍTROFE ELEVADO CT <170 170-199 >200 LDL-C <110 110-129 >130 Não-HDL-C <120 120-144 >145 TG 0-9 anos 10-19 anos <75 <90 75-99 90-129 >100 >130 CATEGORIA ACEITÁVEL LIMÍTROFE BAIXO HDL-C >45 45-40 <40 Fonte: AAP, 2011. A intervenção nutricional nas dislipidemias necessita de estratégias baseadas na adoção de hábitos alimentares saudáveis, com a promoção do equilíbrio energético para assegurar a adequação do ritmo de crescimento e a maturação sexual. A dislipidemia secundária à obesidade tende a desaparecer com a adequação do IMC, assim, o controle do peso é o primeiro objetivo da terapia nutricional na dislipidemia consequente à obesidade bem como a prática de atividade física regular. Para crianças acima de dois anos de idade, as recomendações nutricionais estão descritas no quadro abaixo: Quadro 25 - Triagem para perfil lipídico Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 22/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO NUTRIENTES RECOMENDAÇÕES Lipídeos < 30 % do VET < 10% de gorduras saturadas Aproximadamente 10% de gorduras monoinsaturadas Evitar as gorduras trans < 300 mg/dia de colesterol Fibras Fórmula: Idade + 5 g/dia (até no máximo 20 g/dia) Sódio No máximo 2,3g/dia, aproximadamente 5 g de sal Fonte: AAP, 2011. Dietas mais restritivas são indicadas após três meses de intervenção dietética, sem diminuição dos níveis de LDL-C. Nesses casos, as fibras solúveis e os alimentos ricos em fitosteróis também podem ser incluídos na dieta para o controle do perfil lipídico. Na hipertrigliceridemia, deve-se restringir a ingestão de carboidratos simples e estimular a de ácidos graxos ômega-3, com o consumo de peixes ricos em DHA e EPA duas a três vezes/semana. O total das calorias provenientes de lipídios deve ser: Quadro 26 - Triagem para perfil lipídico NUTRIENTES RECOMENDAÇÕES Lipídeos 25 a 30 % do VET < 7% de gorduras saturadas < 200 mg/dia de colesterol Fonte: AAP, 2011. Desnutrição energético-proteica na infância A desnutrição energético-proteica na infância, causada pela deficiência primária e/ou secundária de energia e proteínas, representa uma síndrome carencial que reúne variadas manifestações clínicas, antropométricas e metabólicas. A abordagem da desnutrição deve considerar a insegurança alimentar e as disparidades socioeconômicas (ACIOLLY, 2010). Quadro 27 – Recomendações nutricionais para desnutrição energético-proteica na infância FASE DE ESTABILIZAÇÃO FASE DE REABILITAÇÃO Energia: 80 -100 Kcal/Kg/dia 150 A 220 Kcal/Kg/dia PTN: 1 a 1,5 g/Kg/dia 4 a 6 g de proteína/Kg/dia Volume: 120 a 140 mL/Kg/dia Até 200 mL/Kg/dia Baixa osmolalidade (280 mmol/L) e Ganho de peso esperado: 10 g/Kg/dia Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 23/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO baixo teor de lactose (13g/L) Pequenos volumes e intervalos frequentes, de 2 em 2 horas Refeições frequentes de acordo com aceitação Via Oral/SNG: se aceitação for <80 Kcal/Kg/dia Via oral Fonte: ACIOLLY, 2010. Quadro 28 – Classificação e conduta para ganho de peso em crianças desnutridas CLASSIFICAÇÃO E CONDUTA PARA GANHO DE PESO Classificação do valor de conduta Ganho de peso Referência Insuficiente < 5g/Kg de peso/dia A criança necessita de reavaliação completa. Moderado 5-10g/Kg de peso/dia Verifique se a meta de ingestão calculada está sendo atingida ou se existe infecção. Bom > 10g/Kg de peso/dia A criança está evoluindo bem, continue com os mesmos procedimentos. Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005. Fibrose cística A Fibrose Cística é uma doença hereditária, caracterizada por uma doença pulmonar supurativa crônica, insuficiência pancreática e aumento dos níveis de sódio e cloro no suor, que incide em crianças e adultos jovens e aumentam o gasto energético em até 20% devido ao aumento do trabalho respiratório (CUPPARI, 2006). Quadro 29 – Necessidades nutricionais para pacientes com Fibrose Cística NECESSIDADES NUTRICIONAIS FIBROSE CÍSTICA VCT: 110 a 200% da RDA LIPÍDIOS: 35 a 40 % do VCT CARBOIDRATOS: 40 a 50 % do VCT USO DE TCM/ TCL Fonte: CUPPARI, 2006. Hepatopatias crônicas Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 24/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO Independente do agente etiológico, as hepatopatias podem ser caracterizadas por agressão e necrose celular, resposta imunológica e regeneração nodular que comprometem a estrutura hepática e a capacidade funcional dos hepatócitos. A encefalopatia hepática é uma das manifestações clínicas da insuficiência hepática, é multifatorial e depende da ruptura da barreira hematoencefálica. As hepatopatias causam alterações no metabolismo dos nutrientes, relacionadas ao grau de comprometimento funcional do fígado, afetando o equilíbrio dos processos anabólicos e catabólicos do organismo (CUPPARI, 2006). Quadro 30 – Recomendações nutricionais para crianças com Hepatopatia Crônica RECOMENDAÇÕES DE APORTE NUTRICIONAL PARA CRIANÇAS COM HEPATOPATIA CRÔNICA Calorias 1,2 a 1,5 x a necessidade de uma criança saudável Carboidratos 50 a 60% do VCT Proteínas 12 a 15% do VCT (2,5 a 3 g/Kg/dia) Lipídeos 30 a 35% do VCT (AGE: 5% do VCT; TCM: 25 a 30% do VCT) Vitamina A Forma lipossolúvel: 50.000 UI/mês/IM ou Forma lipossolúvel: 5.000 a 25.000 UI/dia/IV Vitamina D Colecalciferol: 800 a 5000 UI/dia/VO 25 OHD3: 3 a 10 L/Kg/dia/VO 1,25 (OH)2:0,04 a 0,2L/Kg/dia/VO Vitamina E a-tocoferol: 1 a 2 UI/dia/IM ou 25 a 50 UI/dia/VO TPGS: 15 a 25 UI/Kg/dia Vitamina K 5 mg de 5/5 dias IM ou 2,5 mg/2x/semana ou 1,5 mg/dia/VO Vitaminas hidrossolúveis Dobro das DRIs Zinco 5 mg/Kg/dia em solução de sulfato de zinco Cálcio 25 a 100 mg/Kg/dia Ferro 5 a 6 mg/Kg/dia de Ferro elementarSelênio 25 a 50mg/ Kg/dia Fonte: VASCONCELOS, 2010. Quadro 31 – Recomendações nutricionais para crianças com Encefalopatia Crônica NECESSIDADES NUTRICIONAIS PARA CRIANÇAS EM ENCEFALOPATIA CRÔNICA Recomendação calórica Recomendação proteica Recomendação glicídica Recomendação lipídica Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 25/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO 130% a 150% do recomendado pela RDA Crianças (90 a 100 Kcal/Kg*) Adolescentes (40 Kcal/Kg*) Proteína de alto valor biológico: 10 a 15% Fase inicial da hepatopatia crônica: Crianças (2,5 a 3,0 g/Kg*) Adolescentes (1,0 a 1,5 g/Kg*) Encefalopatia: (0,5 a 1,0 g/Kg*) 50% a 60% do valor calórico total 25 a 30% do valor calórico total *peso seco ou ideal Fonte: VASCONCELOS, 2010. Doença Renal Crônica A Insuficiência Renal Crônica é decorrente da perda progressiva e irreversível das funções renais, dentre elas a perda da capacidade excretória renal. Assim, uma variedade de solutos tóxicos, sobretudo provenientes do metabolismo de proteínas se acumulam no plasma. A intervenção dietética não apenas visa não apenas ao controle da sintomatologia urêmica e distúrbios hidroeletrolíticos, mas também no hiperparatireoidismo secundário, desnutrição energético-proteica e nas várias alterações metabólicas que esses pacientes apresentam (CUPPARI, 2006). Quadro 32 – Recomendações nutricionais na Doença Renal Crônica NECESSIDADES NUTRICIONAIS NA DOENÇA RENAL CRÔNICA Tratamento Faixa etária Energia (kcal/kg/dia) Proteínas (g/kg/dia) PRÉ – DIÁLISE Prematuros 120-180 2,5-3 0-6 meses 115-150 1,5-2,1 6 meses a 1 ano 95-150 1,5-1,8 1-2 anos 95-120 1-1,8 Mais de 2 anos Mínimo da EER em A/I 1-1,5 DIÁLISE PERITONEAL Prematuros 120-180 3-4 0-6 meses 115-150 2,9-3 6 meses a 1 ano 95-150 2,3-2,4 1-3 anos 95-120 1,9-2 4-6 anos 90 1,9-2 Meninos 7 -10 anos 1970 Kcal/dia 1,7-1,8 11-14 anos 2220 Kcal/dia 1,7-1,8 Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 26/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO 15-18 anos 2755 Kcal/dia 1,4-1,5 Meninas 7 -10 anos 1740 Kcal/dia 1,7-1,8 11-14 anos 1845 Kcal/dia 1,7-1,8 15-18 anos 2110 Kcal/dia 1,4-1,5 HEMODIÁLISE Prematuros 120-180 0-6 meses 115-150 2,6 6 meses a 1 ano 95-150 2,0 1-3 anos 95-120 1,6 4-6 anos 90 1,6 Meninos 7 -10 anos 1970 Kcal/dia 1,4 11-14 anos 2220 Kcal/dia 1,4 15-18 anos 2755 Kcal/dia 1,3 Meninas 7 -10 anos 1740 Kcal/dia 1,4 11-14 anos 1845 Kcal/dia 1,4 15-18 anos 2110 Kcal/dia 1,2 Fonte: VASCONCELOS, 2011. Quadro 33 – Recomendações proteicas em crianças e adolescentes em Terapia Dialítica RECOMENDAÇÕES PROTÉICAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM TERAPIA DIALÍTICA IDADE DRI RECOMENDAÇÃO HD RECOMENDAÇÃO DP (g/Kg/dia) (g/Kg/dia) (g/Kg/dia) 0-6 meses 1,5 1,6 1,8 7-12 meses 1,2 1,3 1,5 1-3 anos 1,05 1,15 1,3 4-13 anos 0,95 1,05 1,1 14-18 anos 0,85 0,95 1,0 Fonte: VASCONCELOS, 2011. Síndrome Nefrótica A síndrome nefrótica é um distúrbio complexo e multifatorial caracterizado pelo aumento grave e prolongado da permeabilidade glomerular às proteínas plasmáticas que ocasiona proteinúria maciça associada à hipoalbuminemia, dislipidemia e edema. É a glomerulopatia mais recorrente na infância, podendo ocorrer em qualquer idade e sexo, sendo mais frequente em meninos entre dezoito meses e quatro anos e pode ter como consequências, hipertensão arterial, anemia, desnutrição de macro e micronutrientes, entre outras. O agravamento do quadro pode Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 27/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO levar à piora e à continuidade das complicações e, ainda, gerar danos no desenvolvimento e no crescimento da criança (LAGE, 2014). O cálculo da ingestão calórica deve ser feito de acordo com a RDA, levando-se em consideração a situação clínica e nutricional de cada criança. o Ingestão alimentar excessiva durante o período de tratamento com doses elevadas de corticoides: recomenda-se que a prescrição de calorias não exceda 100% da RDA. o Ingestão calórica limitada geralmente pela anorexia e pela dispepsia (atribuídas ao edema do trato gastrointestinal, o qual também pode causar a má-absorção de nutrientes): as necessidades calóricas para a manutenção de peso devem ser em torno 100 a 150 kcal/kg/dia para crianças. A recomendação de macronutrientes para Síndrome Nefrótica em pediatria está descrita no quadro 34. Quadro 34 – Recomendações de macronutrientes para crianças e adolescentes com Síndrome Nefrótica CARBOIDRATOS PROTEÍNAS LIPÍDEOS (%) (g/Kg/dia) (%) 50 a 60 1,0 a 2,0 < 30 Dependendo do grau e evolução da hiperlipidemia, a restrição de ácidos graxos saturados pode ser introduzida. Fonte: LAGE, 2014. De modo geral, a dieta do paciente que mantém a função renal normalizada deve ser hipossódica e normoproteica. Síndrome Nefrítica A dieta do paciente pediátrico com Síndrome Nefrítica deve ter o objetivo apenas de manter um bom estado nutricional, seguindo as recomendações nutricionais para a idade. Não há indicações para dieta hipoproteica e deve haver restrição de sódio em casos de hipertensão. Atentar quanto à necessidade de restrição hídrica (400 ml/m2/dia, associada a um terço ou metade da diurese do dia anterior). Intolerância à lactose e Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) A intolerância à lactose é a impossibilidade de digerir leite e seus derivados. Ocorre em pessoas que não produzem a enzima lactase, ou não a produzem em quantidade suficiente para digerir a lactose e pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais recorrente em adultos e idosos. Também pode surgir como consequência, às vezes temporária, em casos de diarreia prolongada ou doenças inflamatórias intestinais. A intolerância à lactose, portanto, envolve o sistema digestivo, e Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 28/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO não o sistema imune. Em vez de digerir normalmente a lactose no estômago e intestino delgado, a substância se move para o cólon, onde é decomposta por bactérias, causando inchaço e gases. A alergia à proteína do leite de vaca é uma reação do sistema imunológico às proteínas presentes no leite de vaca e em seus derivados, é muito mais comum em crianças – especialmente em bebês, os adultos raramente têm APLV. Assim, quando a criança alérgica ingere o leite de vaca, o seu sistema de defesa irá reconhecer as proteínas como prejudiciais e produzirá anticorpos IgE específicos e/ou células inflamatórias que acarretarão reações alérgicas. A introdução da alimentação complementar em crianças com APLV deve seguir os mesmos princípios do preconizado para crianças sem alergia, a partir do sexto mês em crianças amamentadas ao seio até essa fase, ou que recebem fórmulas infantis. Reforça-se que não há necessidade de restrição de alimentos contendo proteínas potencialmente alergênicas (p.ex. ovo, peixe, carne bovina, de frango ou porco). Deve-se evitar apenas a introdução simultânea de dois ou mais alimentos fontes de novas proteínas. As fórmulas atualmente disponíveis no mercadoadequadas para crianças menores de um ano e que podem ter indicação no tratamento dietético da alergia às proteínas do leite de vaca são: Quadro 35 – Fórmulas indicadas no tratamento dietoterápico da APLV FÓRMULA DESCRIÇÃO Alfaré® Recomendado para lactentes e crianças de primeira infância, 0-36 meses de idade. Destinada a necessidades dietoterápicas específicas com restrição de lactose, à base de proteína extensamente hidrolisada. Com DHA e ARA. Althera® Recomendado para lactentes e crianças de primeira infância, 0-36 meses de idade. Destinada a necessidades dietoterápicas específicas, à base de proteína extensamente hidrolisada. Com DHA e ARA. Possui lactose. Alfamino® Recomendado para lactentes e crianças de primeira infância, 0-36 meses de idade. Destinada a necessidades dietoterápicas específicas com restrição de lactose e à base de aminoácidos. Com DHA e ARA. Peptamen Jr® Recomendado para crianças de 1 a 10 anos de idade, que necessitem de nutrição adequada para recuperação e/ou manutenção do estado nutricional. Possui 100% de proteína do soro do leite hidrolisada (peptídeos), que facilita a tolerância gastrintestinal e contribui para a melhor absorção dos nutrientes. Normocalórica na diluição padrão. Pregomin® Recomendado para alimentação de lactentes e crianças, desde o nascimento, que apresentem alergia à proteína do leite de vaca e / ou soja, distúrbios absortivos ou outras condições clínicas que Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 29/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO requerem uma terapia nutricional com dieta ou fórmula semi- elementar e hipoalergênica, à base de proteína extensamente hidrolisada de soro do leite. Isento de lactose, sacarose, frutose e glúten. Neocate® Fórmula infantil para lactentes e de seguimento para lactentes e crianças de primeira infância destinado a necessidades dietoterápicas especificas com restrição de lactose e à base de aminoácidos livres Aptamil ProExpert Soja 2® Fórmula infantil à base de soja para lactentes a partir dos 6 meses de vida. Não contém proteínas lácteas. Sua fórmula é livre de lactose e sacarose. Enfamil Soja® Nan Soja® Fórmula infantil à base de soja para lactentes a partir dos 6 meses de vida. Não contém proteínas lácteas. Sua fórmula é livre de lactose, sacarose e glúten. NAN SL® Aptamil SL® Enfamil 0-Lac® Recomendações de 0 aos 12 meses, para lactentes destinada a necessidades dietoterápicas específicas com restrição de lactose. Com DHA, ARA e Nucleotídeos. Não contém glúten. Fonte: UNC, 2020. 3.2.5. Registro das informações em prontuário As informações sobre avaliação nutricional e conduta devem ser preenchidas eletronicamente, no AGHU, contendo os seguintes tópicos e nessa sequência: ✓ Histórico da Doença Atual ✓ Dados antropométricos ✓ Anamnese alimentar ✓ Exames laboratoriais ✓ Exame físico ✓ Prática de atividade física ✓ Uso de medicamentos ✓ Diagnóstico nutricional ✓ Conduta dietoterápica ✓ Programação 4. REFERÊNCIAS AAP. Expert Panel on integrated guidelines for cardiovascular health and risk reduction in children and adolescents: Summary Report. Pediatrics, v.128, n.5, p. S213-S256, 2011. Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 30/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO ACCIOLY, E.; SAUNDERS, C.; LACERDA, E.M.A. Nutrição em obstetrícia e Pediatria. 2.ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica – Guanabara Koogan, 2010. American Dietetic Association. Identifying patients at risk: ADA´s definitions for nutrition screening and nutritional assessment. J Am Diet Assoc, v.94, n.8, p. 838-839, 1994. BLACKBURN, G. L.; BISTRIAN, B. R.; MAINI, B.S.; SCHLAMM, H.T.; SMITH, M.F. Nutritional and metabolic assessment of the hospitalized patient. JPEN, v.1, p. 11-22, 1977. BRASIL. Conselho Federal de Nutricionistas. Resolução CFN nº 600, de 25 de fevereiro de 2018. Dispõe sobre a definição das áreas de atuação do nutricionista e suas atribuições, indica parâmetros numéricos mínimos de referência, por área de atuação, para a efetividade dos serviços prestados à sociedade e dá outras providências. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. 1.ed. Brasília – DF, 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Terapia Nutricional na Atenção especializada hospitalar no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS. 1.ed. Brasília – DF, 2016. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Manual de atendimento da criança com desnutrição grave em nível hospitalar. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 144 p. CUPPARI, L. Guia de Nutrição: Nutrição Clínica no Adulto. 2.ed. rev. e ampl. Barueri, SP: Manole, 2006. DUARTE, A.C.G. Avaliação Nutricional - Aspectos Clínicos e Laboratoriais. Editora: Atheneu. 1. ed, 2007. FIGUEIREDO, M. C. D.; HUNGER, R.; MATOS, S. H.; RODRIGUES, A. M. Consulta de nutrição na primeira infância: uma proposta de protocolo de atendimento. Nutrire, v.40, n.2, p. 162-172, 2015. Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 31/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO GOMES, D. F.; GANDOLFO, A. S.; OLIVEIRA, A. C.; POTENZA, A. L. S.; MICELLI, C. L. O. et al. Campanha “Diga não à desnutrição Kids”: 11 passos importantes para combater a desnutrição hospitalar. BRASPEN J, v.34, n.1, p. 3-23, 2019. IOM. Institute of Medicine. Dietary reference intakes for energy, carbohydrate, fiber, fat, fatty acids, cholesterol, protein, and amino acids. Washington (DC): National Academy Press; 2005. LAGE, F. B. Recomendação proteica para crianças com síndrome nefrótica. Rev Bras Nutr Clin, v.29, n.4, p. 360-6, 2014. LOPEZ, F. A.; CAMPOS JR., D. Tratado de Pediatria SBP. 2.ed. Manole, 2007. MARCHAND, V.; MOTIL, K. J. Nutrition Support for Neurologically Impaired Children: A Clinical Report of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition. J PediatrGastroenterolNutr, v.43, n.1, 2006. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. FAO. Human energy requirements: report of a joint FAO/WHO/UNU expert consultation. Itália, 2001. RAKE, J. P.; VISSER, G.; LABRUNE, P.; LEONARD, J. V.; ULLRICK, K. et al. Resultados do Estudo Europeu sobre Doença de Armazenamento de Glicogênio Tipo I (ESGSD I). Eur J Pediatr, v.161, n.1, p. S20- 34, 2002. SILVA, A. P. A.; NASCIMENTO, A. G.; ZAMBERLAN, P. Manual de dietas e condutas nutricionais em pediatria. Editora Atheneu. Edição 1. 2014. 476p. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. SBD. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. Edição 3. Itapevi, SP: A. Araújo Silva Farmacêutica, 2009. 400p. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. SBD. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. SP: Editora Clannad, 2017. 383p. Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 32/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. SBD. Manual de Contagem de Carboidratos para pessoas com Diabetes. Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2016. 109p. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA.SBP. Avaliação nutricional da criança e do adolescente – Manual de Orientação. Departamento de Nutrologia. – São Paulo: Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia, 2009. 112 p. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. SBP. Manual de Alimentação da Infância à Adolescência Departamento de Nutrologia. – São Paulo: Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia, 2018. 172 p. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. SBP. Manual de Orientação – Obesidade na infância e adolescente. Departamento de Nutrologia. – São Paulo: Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia, 2019. 236 p. TINNING, K.; ACWORTH, J. Make your Best Guess: An updated method for paediatric weight estimation in emergencies. Emergency Medicine Australasia, v.19, n.6, p. 528–534, 2007. VASCONCELOS, M.J.O.B.; BARBOSA, J.M.; PINTO, I.C.S.; LIMA, T.M.; ARAÚJO, A.F.C. Nutrição Clínica – Obstetrícia e Pediatria. RJ: Medbook, 2011. World Health Organization. WHO. Child Growth Standards, 2006. Disponível em: <http://www.who.int/childgrowth/en/> 5. HISTÓRICO DE REVISÃO VERSÃO DATA DESCRIÇÃO DA ALTERAÇÃO 1.0 31/08/2020 Organização do documento na Norma Operacional EBSERH. Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 33/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO Elaboração Renata Layne Paixão Vieira Nataly Cézar de Lima Lins Walnara Arnaud Moura Formiga José Eliton Pereira Data: 31/08/2020 Validação Ocilma Barros De Quental - Enfermeiro /Setor de Vigilância em Saúde e Segurança do Paciente Data: 11/09/2020 Conforme Processo SEI N° 23771.005821/2020-69 Aprovação Renata Layne Paixão Vieira – Chefe da Unidade de Nutrição Clínica Data: 18/09/2020 Conforme Processo SEI N° 23771.005821/2020-69 Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 34/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO Apêndice 1 – Índices Antropométricos Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 35/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO Anexo 1 – Diagnósticos de nutrição Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 36/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 37/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO Apêndice 2 – Orientações nutricionais ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS PARA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL ▪ Realizar de 5 a 6 refeições por dia. ▪ Consumir uma alimentação variada e colorida. Experimente novos sabores! ▪ O plano alimentar começa com as compras. Adquirir alimentos naturais como frutas, verduras e evitar comprar alimentos industrializados como sopas (miojo® e sopão®) sucos em pó e guloseimas (salgadinhos, refrigerantes, doces, biscoitos recheados, achocolatados encaixados), pois contém uma quantidade grande de açúcar e sódio. ▪ Evitar comprar alimentos pré-prontos/congelados (Exemplos: empanado de frango, lasanhas congeladas, entre outros). ▪ Evitar alimentos como salsicha, mortadela, presunto, carnes enlatadas (Kitut®), Knor®, Sazón®, tempero completo, pois contêm quantidades exageradas de sódio. Tempere a comida com alho, cebola, coentro, pimentão, cominho, orégano ou outros temperos naturais de sua preferência. ▪ O plano alimentar permite o uso de todas as frutas, verduras e legumes para a construção de um cardápio variado e saudável. Devem ser consumidas de 5 a 6 porções de frutas por dia e duas porções de verduras e legumes. ▪ Evitar as frituras. Dar preferência aos alimentos cozidos, assados ou grelhados. ▪ Comer devagar, mastigando bem os alimentos. Procurar alimentar-se em ambiente tranquilo e não se alimente realizando outras atividades (ex.: assistindo televisão, brincando, lendo, estudando). ▪ Praticar atividade física (caminhada, bicicleta, natação, futebol, correr, entre outras) regularmente. ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS PARA ALIMENTAÇÃO ATÉ 6º MÊS DE VIDA Até os 6 meses, o bebê não precisa de nenhum outro alimento (chá, suco, água ou outro leite), o leite materno é um alimento compl0eto, com quantidades adequadas de água e nutrientes para o crescimento do seu bebê. • O leite materno é de mais fácil digestão; funciona como uma vacina, pois é rico em anticorpos, protegendo a criança de muitas doenças como diarreia, infecções respiratórias, alergias, diminui o risco de hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade. Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 38/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO • O leite materno é um alimento limpo, seguro, está sempre pronto e quentinho, além de ser de graça. A amamentação favorece um contato mais íntimo entre a mãe e o bebê. • Sugar o peito é um excelente exercício para o desenvolvimento da face da criança, ajuda a ter dentes bonitos, a desenvolver a fala e a ter uma boa respiração. • A criança deve ser amamentada sob livre demanda, ou seja, o peito deve ser oferecido na hora e quantas vezes a criança quiser. Em geral, um bebê em aleitamento materno exclusivo mama de 8 a 12 vezes ao dia. Isso não significa que o leite é fraco, mas sim que ele é fácil de ser digerido pela criança. • O leite do início da mamada tem mais água e mata a sede; e o do fim da mamada tem mais gordura e por isso mata a fome do bebê e faz com que ele ganhe mais peso. Por isso, a mãe deve deixar o bebê mamar até que fique satisfeito, esperando ele esvaziar uma das mamas para então oferecer a outra, se ele quiser. • O uso de mamadeiras e chupetas devem ser evitadas, pois são importantes fontes de contaminação, além de influenciarem negativamente na amamentação e no desenvolvimento dentário do bebê. • O aumento na produção de leite pode ser conseguido com elevação no consumo de água pela mãe; aumento na frequência das mamadas (quanto mais o bebê sugar, mas leite é produzido); amamentar em ambiente tranquilo, sem estresse nem barulho; Evitar o uso de mamadeiras, chupetas e protetores (intermediários) de mamilos. • Só fazer uso de fórmula infantil de partida até os 6 meses de idade apenas sob orientação de nutricionista ou pediatra. ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS PARA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR A PARTIR DOS 6 MESES DE IDADE Alimentação complementar é o período da introdução de novos alimentos (DEVE SER FEITA SOMENTE COM 6 MESES COMPLETOS DE IDADE), além do leite materno ou artificial. Ela é muito importante, pois a partir dos seis meses de vida só o leite da mãe ou artificial já não atende mais sozinho às necessidades da criança. • Algumas crianças se adaptam facilmente a essa nova etapa e aceitam bem os novos alimentos. Outras precisam de mais tempo, mas não se preocupe. Se o seu filho não conhece um alimento, Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007– Página 39/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO faça com que ele prove um pedacinho. Caso ele não queira comer e cuspa o alimento, não insista. Espere uns dias e prepare o alimento que a criança não gostou de outra maneira, faça outra receita, tente pelo menos de 8 a 10 vezes (em dias diferentes e preparados de outras formas) até que a criança aceite o alimento. • A quantidade de comida é a criança que decide, de acordo com o seu apetite. No início, poucas colheradas já são suficientes e, aos poucos, esta quantidade irá aumentando naturalmente. • A alimentação complementar deve ser oferecida de acordo com os horários de refeição da família, em intervalos regulares e de forma a respeitar o apetite da criança. • A partir dos 6 meses devem ser oferecidas 4 refeições por dia. Essas refeições se constituem de dois purês de fruta (fruta amassada – lanche no meio da manhã e tarde) e duas papas salgadas (almoço e jantar), preparada com verduras e legumes, cereal (arroz, cuscuz) ou tubérculo (batata, aipim, inhame), carne ou peixe ou frango ou ovo, vísceras (fígado) e leguminosas (feijão, lentilha, soja, grão de bico ou ervilha verde seca). • CUIDADO: não deixe seu filho trocar as refeições principais por leite ou mingaus. • Não há necessidade de adicionar açúcar. O melhor é habituar a criança com os sabores naturais das frutas, pois elas passam a gostar dos alimentos da maneira como são apresentados pela primeira vez. • Para a papa salgada não se adiciona sal até 1 ano de idade, os alimentos devem ser cozidos em pouca água, oferecidos AMASSADOS COM UM GARFO (não passar em liquidificador ou peneira) de modo separado, não devem ser todos misturados no prato. A papa batida no liquidificador ou peneirada não estimula a mastigação e nem permite que a criança aprenda a conhecer os diferentes sabores. • Procure variar a comida do seu filho, isso garantirá quantidades adequadas de vitaminas e minerais para manter a boa saúde e o crescimento adequado do seu filho. • NÃO OFEREÇA açúcar, sal, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinho CHAMBINHO®, IOGURTE® e outras guloseimas, no primeiro ano de vida. Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 40/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO • Mel de abelha não deve ser ofertado antes de 1 ano de idade, pois há risco de intoxicação alimentar. • Não utilizar caldos ou tabletes de carne industrializados, legumes ou quaisquer condimentos industrializados nas preparações (sazon, knor, tempero completo, entre outros). • Os sucos (naturais e artificiais) devem ser evitados pelo risco de predispor à obesidade devido ao maior consumo de calorias e não ingestão das fibras das frutas que contribuem para diminuir a absorção do açúcar. • As refeições lácteas, a partir dos 6 meses, deve ter um volume de 180mL a 200mL e não deve ultrapassar 2 a 3 ofertas por dia. • Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos. Os mesmos também devem ser armazenados corretamente para evitar a contaminação dos alimentos e a transmissão de doenças. Opte sempre por alimentos frescos. LEMBRE-SE: O hábito alimentar e o estilo de vida saudável devem ser praticados por todos os membros da família, pois vocês são modelos para seus bebês. Lembre-se que a criança tem capacidade de regular sozinha a sua ingestão alimentar. ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS PARA DIABETES A Diabetes tipo 1 é uma doença decorrente da falta de produção de insulina pelo pâncreas. A insulina leva o açúcar (glicose) do sangue para dentro das células, produzindo, então energia para que você possa correr, brincar e fazer suas atividades. Com a falta de produção da insulina há um acúmulo de glicose no sangue, o que caracteriza a hiperglicemia. As principais formas de controlar a diabetes são a utilização da insulina, prática de atividade física e alimentação saudável. As principais orientações nutricionais são: ▪ Comer de 3 em 3 horas, realizar 6 refeições/dia. Não pular nenhuma refeição ou repetir refeições. Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 41/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO ▪ Evitar longos períodos em jejum (não fique sem se alimentar por mais de 3 horas), para evitar hipoglicemias. ▪ Substituir o açúcar por adoçante (exemplo: estévia – 8 gotas equivalem a 2 colheres de chá de açúcar). ▪ Substituir os leites e derivados que você toma pelos desnatados ou na versão light. ▪ Consumir uma alimentação variada e colorida. Experimente novos sabores! ▪ Tudo começa com as suas compras. Adquira alimentos menos gordurosos e evite comprar guloseimas (salgadinhos, refrigerantes, doces, biscoitos recheados). ▪ Evitar comprar alimentos pré-prontos/congelados (Exemplos: empanado de frango, sopas industrializadas, lasanhas congeladas, entre outros). ▪ Atenção: não é porque o alimento é diet ou light que ele é saudável ou pode ser consumido à vontade. ▪ Dar preferência aos cereais integrais (pães, biscoitos, macarrão, arroz), eles contêm fibras que melhoram o funcionamento do intestino, ajudam a manter bons níveis de colesterol e glicemia. ▪ O plano alimentar permite o uso de todas as frutas, verduras e legumes para a construção de um cardápio variado e saudável. Mas converse com o nutricionista sobre as frutas e verduras que apresentam menores teores de açúcar. ▪ Dar preferência às verduras cruas e consumir as frutas com casca para aumentar o consumo de fibras. ▪ Evitar as frituras. Dar preferência aos alimentos cozidos, assados ou grelhados. ▪ Dar preferência às carnes brancas (peixes e aves). ▪ Temperar as saladas com 1 colher de azeite extra virgem. ▪ Comer devagar, mastigando bem os alimentos. Procure alimentar-se em ambiente tranquilo e não se alimente realizando outras atividades (ex.: assistindo televisão, brincando, lendo, estudando). ▪ Gorduras: no preparo dos alimentos utilize óleo de girassol, canola ou azeite de oliva. ▪ Praticar uma atividade física (caminhada, bicicleta, natação, futebol, etc) 5x/semana. Consulte seu médico antes de fazê-la. Atenção para o consumo dos seguintes alimentos: Alimentos Alimentos Recomendados Alimentos Evitados Tipo do Documento MANUAL MA.UNC.007 – Página 42/54 Título do Documento ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Emissão: 24/09/2020 Próxima revisão: 24/09/2022 Versão: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO BANDEIRA DE MELLO Leite, Queijos e Iogurtes Desnatados e sem açúcar. Leite e iogurte integrais e com açúcar, queijos gordurosos, como os amarelos. Carnes Carne bovina magra, frango e peixes. Retirar a pele do frango antes de assar. Embutidos, carnes gordas, aves com pele, defumados, vísceras. Gorduras e óleos (Evite as frituras) Óleo vegetal como soja, canola, azeite de oliva moderadamente. Manteiga, margarinas duras, bacon, torresmos, creme de leite, gordura hidrogenada, entre outras. Doces Alimentos Diet com stévia, sucralose, pois não contém açúcar. Deve ser evitados açúcar e alimentos que contenham açúcar, como balas, mel, geléias, leite condensado, refrigerantes, chocolates, bolos, broas, entre outras (a não ser que sejam Diet e quando orientado pelo nutricionista). ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS PARA DIETA HIPOSSÓDICA
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