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DIREITO PROCESSUAL PENAL II 1 ANA PAULA OLIVEIRA Falar sobre o poder geral de cautela, após as decisões do STF e STJ sobre as prisões preventivas ex ofício. A princípio cabe-nos analisar o que seria o poder geral de cautela, posto que o código de processo penal com o advento das alterações trazidas pela lei 12.403/2011 ampliou de forma significativa as hipóteses de medidas cautelares que podem ser aplicadas, de forma que o rol passou a ter caráter taxativo abrangendo variadas situações cautelares, o que já era motivo de discussão acerca do tema, posto que ao se tratar de restrição no âmbito dos direitos das liberdades individuais consagrados pela constituição federal de 1988, não era visto como conveniente nem proporcional sua interpretação ampla, no sentido discricionário e não legislativo em sentido estrito. Sob este aspecto, leciona o prof. Aury Lopes Jr. “No processo penal, forma é garantia. Logo, não há espaço para 'poderes gerais', pois todo poder é estritamente vinculado a limites e à forma legal. O processo penal é um instrumento limitador do poder punitivo estatal, de modo que ele somente pode ser exercido e legitimado a partir do estrito respeito às regras do devido processo." Dadas as explanações gerais sobre o tema proposto, vejamos as alterações provocadas no código de processo penal trazidas pela lei 13.964/2019 (pacote anticrime). Antes da lei em comento, a redação do código de processo penal, trazia sobre as medidas cautelares, a seguinte redação: Art.282 – As medidas cautelares previstas neste título deverão ser aplicadas observando-se a: § 2o As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). - REVOGADO INSTITUIÇÃO UNINASSAU – GRUPO SER CURSO DIREITO SEMESTRE 6º - NOITE ALUNO ANA PAULA DA SILVA OLIVEIRA DIREITO PROCESSUAL PENAL II 2 ANA PAULA OLIVEIRA § 4o No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, de ofício ou mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva (art. 312, parágrafo único). (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). REVOGADO Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. REVOGADO Após a lei 13.964/2019, os textos dos trechos acima sofreram mudanças com a supressão do termo “de ofício”, ou seja, houve a retirada da previsão de conversão da prisão em flagrante em preventiva pelo juiz de ofício. Ver como consta a atual redação: “Art. 282. ................................................................................................. .................................................................................................................. § 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público. § 4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312 deste Código. “Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. ” (NR) O atual texto retira do magistrado a possibilidade de mesmo verificadas as hipóteses trazidas no art. 312, decretar a prisão preventiva de oficio, deixando assim, claro a primazia do sistema acusatório. Vejamos abaixo, de forma esquematizada as mudanças trazidas com o advento da lei 13.964/2019 DIREITO PROCESSUAL PENAL II 3 ANA PAULA OLIVEIRA Neste diapasão pacificou-se o entendimento entre os tribunais (STJ) e (STF) no sentido que o poder de cautela dos magistrados restringe-se ao que está imposto estritamente na lei, respeitando a nova redação, prevalecendo que atualmente o juiz somente poderá decretar prisão preventiva mediante provocação, não mais usando de discricionariedade mesmo que respeitando todos os requisitos do Art. 312, do CPP. Não há que se falar em poder geral de cautela, em virtude dessa generalidade ora já mitigada com a lei 12.403, de 2011, tornou-me mais estrita ainda com as novas medidas trazidas pela lei 13.964/2019, do pacote anticrime que impõe aos juízes maiores limites quanto a estas medidas. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL Antes da lei 13.964/2019 Atualmente depois da lei 13.964/2019 Art. 282 § 2o As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). Art 282 § 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público. § 4o No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, de ofício ou mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva (art. 312, parágrafo único). (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). § 4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312 deste Código. Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial “Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial.” DIREITO PROCESSUAL PENAL II 4 ANA PAULA OLIVEIRA Fontes: 682: Turmas do STJ divergem sobre a possibilidade de o juiz converter de ofício a prisão em flagrante em preventiva - Meu site jurídico (editorajuspodivm.com.br), O poder geral de cautela no processo penal - Migalhas, STJ - Notícias: Quinta Turma altera entendimento e anula conversão de ofício da prisão em flagrante para preventiva https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2020/12/09/682-turmas-stj-divergem-sobre-possibilidade-de-o-juiz-converter-de-oficio-prisao-em-flagrante-em-preventiva/ https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2020/12/09/682-turmas-stj-divergem-sobre-possibilidade-de-o-juiz-converter-de-oficio-prisao-em-flagrante-em-preventiva/ https://www.migalhas.com.br/depeso/265851/o-poder-geral-de-cautela-no-processo-penal https://www.migalhas.com.br/depeso/265851/o-poder-geral-de-cautela-no-processo-penal https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/22102020-Quinta-Turma-altera-entendimento-e-anula-conversao-de-oficio-da-prisao-em-flagrante-para-preventiva.aspxhttps://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/22102020-Quinta-Turma-altera-entendimento-e-anula-conversao-de-oficio-da-prisao-em-flagrante-para-preventiva.aspx
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