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Estatuto do desarmamento Lei 10826/03 Critérios de Política Criminal Qual o objetivo do legislador? Desarmamento Em consonância com as recomendações de Direito Internacional adotadas pela ONU e pela OEA em diversas oportunidades, tais como o IX Congresso sobre Prevenção do Crime e Justiça Criminal realizado em Viena, em maio de 1995, o qual o Brasil foi um dos Estados participantes A Comunidade Internacional tem buscado Políticas Públicas com vistas à conscientização e sensibilização não só dos Poderes Públicos, mas, principalmente, da sociedade civil, acerca da necessidade da realização de um controle rígido sobre as armas de fogo e consequente desarmamento da população civil. Desta forma, pode-se afirmar que o espírito do estatuto é vedar o porte, só o admitindo nas hipóteses expressas em seu artigo 6o, assim como em algumas leis especiais. Já no que tange à posse de arma de fogo, o Estatuto é um pouco mais flexível, apenas permitindo ao possuidor que a arma seja mantida em sua residência ou dependências desta, ou em seu local de trabalho (apenas se for o titular ou responsável legal pelo estabelecimento), devendo, para isso, serem cumpridos os requisitos estabelecidos no artigo 4o do Estatuto. O Atual cenário sociopolítico e econômico de uma sociedade globalizada e as novas formas de controle social Crescimento da tipificação das condutas de perigo tutela de forma imediata a incolumidade pública e que, portanto, expõem a perigo de lesão toda a coletividade – número indeterminado de pessoas. Ponto relevante para questionamento é a opção legislativa de tipificar condutas de perigo abstrato ou presumido, tais como as que possuem como objeto material acessórios ou munições. ADI N. 3112/DF O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a inconstitucionalidade de três dispositivos do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/03). A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3112, proposta pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), conduziu o julgamento. Mas, ao todo, foram analisadas 10 ADIs ajuizadas contra o Estatuto do Desarmamento por partidos políticos, associações de delegados e uma confederação de vigilantes. Por maioria de votos, os ministros anularam dois dispositivos do Estatuto que proibiam a concessão de liberdade, mediante o pagamento de fiança, no caso de porte ilegal de arma (parágrafo único do artigo 14) e disparo de arma de fogo (parágrafo único do artigo 15). Nesses pontos, foi acolhido entendimento apresentado no parecer do Ministério Público Federal (MPF) sobre a lei, que apontou que o porte ilegal e o disparo de arma de fogo “constituem crimes de mera conduta que, embora reduzam o nível de segurança coletiva, não se equiparam aos crimes que acarretam lesão ou ameaça de lesão à vida ou à propriedade”. Também foi considerado inconstitucional o artigo 21 do Estatuto, que negava liberdade provisória aos acusados de posse ou porte ilegal de arma de uso restrito, comércio ilegal de arma e tráfico internacional de arma. A maioria dos ministros considerou que o dispositivo viola os princípios da presunção de inocência e do devido processo legal (ampla defesa e contraditório). “Não confio em uma disposição legal que restringe a liberdade provisória”, disse o ministro Cezar Peluso. O artigo 35 da lei foi considerado prejudicado por todos os ministros. Em outras palavras, ele não chegou a ser apreciado por ter perdido o objeto (não tem mais validade no mundo jurídico). Esse dispositivo condicionava, à realização de plebiscito, a proibição ou não da comercialização de arma de fogo e munição, em todo o território nacional. Realizado em outubro de 2005, o plebiscito determinou a manutenção do comércio. Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. Disparo de arma de fogo Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. o atual entendimento da Suprema Corte de que não é possível ao legislador infraconstitucional vedar, de forma absoluta, a aplicação de qualquer “direito subjetivo do réu e/ou benefício” protegido pelos princípios limitadores, norteadores e garantidores de Direito Penal. Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória. Informativo 465 STF O Tribunal, por maioria, julgou procedente, em parte, pedido formulado em várias ações diretas ajuizadas pelo Partido Trabalhista Brasileiro - PTB e outros para declarar a inconstitucionalidade dos parágrafos únicos dos artigos 14 e 15 e do art. 21 da Lei 10.826/2003 - Estatuto do Desarmamento, que dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas - Sinarm, define crimes e dá outras providências. Inicialmente, o Tribunal rejeitou as alegações de inconstitucionalidade formal, ao fundamento de que os dispositivos do texto legal impugnado não violam o art. 61, § 1o, II, a e e, da CF. Salientando-se que a Lei 10.826/2003 foi aprovada depois da entrada em vigor da EC 32/2001, que suprimiu da iniciativa exclusiva do Presidente da República a estruturação e o estabelecimento de atribuições dos Ministérios e órgãos da Administração Pública, considerou-se que os seus dispositivos não versam sobre a criação de órgãos, cargos, funções ou empregos públicos, nem sobre sua extinção, como também não desbordam do poder de apresentar ou emendar projetos de lei, que o texto constitucional atribui aos congressistas. Asseverou-se que a maior parte desses dispositivos constitui mera reprodução de normas contidas na Lei 9.437/97, de iniciativa do Poder Executivo, revogada pela lei em comento, ou são consentâneos com o que nela se dispunha. Ressaltou-se que os demais consubstanciam preceitos que mantêm relação de pertinência com a Lei 9.437/97 ou com o projeto de Lei 1.073/99, encaminhados ao Congresso Nacional pela Presidência da República, geralmente explicitando prazos e procedimentos administrativos, ou foram introduzidos no texto por diplomas legais originados fora do âmbito congressual (Leis 10.867/2004, 10.884/2004, 11.118/2005 e 11.191/2005), ou, ainda, são prescrições normativas que em nada interferem com a iniciativa do Presidente da República. Salientou-se, por fim, a natureza concorrente da iniciativa em matéria criminal e processual, e a possibilidade, em razão disso, da criação, modificação ou extensão de tipos penais e respectivas sanções, bem como o estabelecimento de taxas ou a instituição de isenções pela lei impugnada, ainda que resultantes de emendas ou projetos de lei parlamentares. Em seguida, relativamente aos parágrafos únicos dos artigos 14 e 15 da Lei 10.868/2003, que proíbem o estabelecimento de fiança, respectivamente, para os crimes de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e de disparo de arma de fogo, considerou-se desarrazoada a vedação, ao fundamento de que tais delitos não poderiam ser equiparados a terrorismo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes ou crimes hediondos (CF, art. 5o, XLIII). Asseverou-se, ademais, cuidar-se, na verdade, de crimes de mera conduta que, embora impliquem redução no nível de segurança coletiva, não podem ser igualados aos crimes que acarretam lesão ou ameaça de lesão à vida ou à propriedade. Quanto ao art. 21 da lei impugnada, que prevê serem insuscetíveis de liberdadeprovisória os delitos capitulados nos artigos 16 (posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito), 17 (comércio ilegal de arma de fogo) e 18 (tráfico internacional de arma de fogo), entendeu-se haver afronta aos princípios constitucionais da presunção de inocência e do devido processo legal (CF, art. 5o, LVII e LXI). Ressaltou-se, no ponto, que, não obstante a interdição à liberdade provisória tenha sido estabelecida para crimes de suma gravidade, liberando-se a franquia para os demais delitos, a Constituição não permite a prisão ex lege, sem motivação, a qual viola, ainda, os princípios da ampla defesa e do contraditório (CF, art. 5o, LV). Vencidos, parcialmente, os Ministros Carlos Britto, Gilmar Mendes e Sepúlveda Pertence, que julgavam improcedente o pedido formulado quanto aos parágrafos únicos dos artigos 14 e 15, e o Min. Marco Aurélio, que o julgava improcedente quanto ao parágrafo único do art. 15 e, em relação ao art. 21, apenas quanto à referência ao art. 16. O Tribunal, por unanimidade, julgou, ainda, improcedente o pedido quanto aos artigos 2o, X; 5o, §§ 1o, 2o e 3o; 10; 11, II; 12; 23, §§ 1o, 2o e 3o; 25, parágrafo único; 28; 29 e ao parágrafo único do art. 32, e declarou o prejuízo da ação em relação ao art. 35, todos da Lei 10.826/2003. Conceito de arma de fogo “Considera-se arma de fogo o dispositivo que impele um ou vários projéteis de um cano pela pressão de gases em expansão produzidos por uma carga propelente em combustão” (Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas – Diretoria do Fórum Ministro Henoch Reis, Depósito Judicial. Manual de Armamento e Manuseio Seguro de Armas de Fogo, Manaus, 2012, p. 4). Distinção entre arma de fogo de uso proibido, restrito e permitido Consoante o disposto nos art. 10 e 11, do no. 5.123 de julho de 2004, arma de fogo de uso permitido é aquela “cuja utilização é autorizada a pessoas físicas, bem como a pessoas jurídicas, de acordo com as normas do Comando do Exército e nas condições previstas na Lei no. 10.826/2003, de 2003”. Arma de fogo de uso restrito é aquela “de uso exclusivo das Forças Armadas, de instituições de segurança pública e de pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo Comando do Exército, de acordo com legislação específica.” E a arma de fogo de uso proibido? Posse ou porte de armas? uso permitido Uso Restrito Posse ou Porte – Artigo 16 Posse – Artigo 12 Porte – Artigo 14 Posse irregular de arma de fogo de uso permitido Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. O referido dispositivo abarca tanto a posse irregular, ou seja, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior ou dependência de residência ou, ainda, no local de trabalho, nos casos em que o agente seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa. Significa dizer que, mesmo que o proprietário de um estabelecimento comercial localizado em um bairro com alto índice de crimes violentos contra o patrimônio que não possua arma regularmente registrada não se encontra autorizado a possui-la livremente no interior do estabelecimento sob pena de ter sua conduta tipificada como incursa no art.12, da Lei no. 10.826/2003. Omissão de cautela Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade: Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato. A figura típica prevista no referido artigo consuma-se no momento em que o menor de 18 anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade, o que significa dizer que o delito é material, ou seja, necessita da ocorrência do resultado naturalístico que, neste caso, é a iminência de lesão decorrente do apoderamento da arma de fogo, sendo, ainda, caracterizado como delito culposo, especificamente na modalidade de negligência a partir da interpretação da expressão “Deixar de observar as cautelas necessárias” prevista no caput do referido dispositivo legal. À conduta de omissão de cautela, em relação ao disposto na revogada lei de arma de fogo, foi acrescida pelo Estatuto do Desarmamento, em seu parágrafo único, a conduta referente ao proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixar de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato. Situação 1: Manoel, proprietário de empresa de segurança que deixa de comunicar à autoridade pública furto de munição de seu estabelecimento à Polícia Federal, após o período de 24 horas de ocorrido o fato, terá sua conduta tipificada na figura típica equiparada à omissão de cautela, prevista no parágrafo único do art.13, da Lei no. 10.826/2003. Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1) A figura prevista no art.14, ao estabelecer a conduta de “porte ilegal”, caracterizada como tipo misto alternativo e diferencia-se do art. 12 em razão do local no qual o agente for encontrado com a posse irregular da arma de fogo de uso permitido. Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. Atualização Lei 13964/19 Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, aindaque gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: (Redação dada pela Lei no 13.964, de 2019) Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. § 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei no 13.964, de 2019) I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. § 2o Se as condutas descritas no caput e no § 1o deste artigo envolverem arma de fogo de uso proibido, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) Arma de brinquedo ou simulacro Com o advento da Lei no. 10.826/2003, o art. 26, vedou expressamente a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir. Dessa forma, diferentemente do disposto na revogada Lei no. 9.437/1997, art.10,§1o, II, não há que se falar em crime de porte de arma a posse de arma de brinquedo ou a utilização de qualquer outro instrumento simulador de arma de fogo – simulacro. Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir. Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os simulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do Exército. Por outro lado, é cediço, na doutrina e jurisprudência, que não obstante o simulacro não possua potencialidade lesiva por tratar-se de crime impossível, resta caracterizada a sua potencialidade intimidatória, razão pela qual, quando empregada para fins de subtração de coisa alheia móvel, caracterizará o emprego de grave ameaça e, portanto, a figura típica do roubo simples, previsto no art.157, caput do Código Penal. Por outro lado, não há que se cogitar da majorante prevista no §2o, inciso I do citado dispositivo legal face à absoluta ineficácia do objeto no que concerne à sua potencialidade lesiva, tendo sido cancelado o antigo enunciado 174 da súmula do STJ. Súmula 174/STJ - 26/10/2016. Roubo. Arma de brinquedo. Aumento da pena. CP, art. 157, § 2o, I. (Cancelada no Rec. Esp. 213.054-SP, j. em 24/10/2001, pela 3a Seção). «(CANCELADA. No crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena.)» Arma de fogo desmuniciada e adequação típica Informativo 699 STF Porte ilegal de arma e ausência de munição - 2 Em conclusão, a 2a Turma denegou habeas corpus no qual denunciado pela suposta prática do crime de porte ilegal de arma de fogo desmuniciada pleiteava a nulidade de sentença condenatória — v. Informativo 549. Asseverou-se que o tipo penal do art. 14 da Lei 10.826/2003 (“Art. 14 Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar”) contemplaria crime de mera conduta, sendo suficiente a ação de portar ilegalmente a arma de fogo, ainda que desmuniciada. Destacou-se que, à época, a jurisprudência oscilaria quanto à tipicidade do fato, questão hoje superada. O Min. Teori Zavascki participou da votação por suceder ao Min. Cezar Peluso, que pedira vista dos autos. HC 95073/MS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 19.3.2013. (HC-95073) Decreto 9847/19 Regulamenta a Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, para dispor sobre a aquisição, o cadastro, o registro, o porte e a comercialização de armas de fogo e de munição e sobre o Sistema Nacional de Armas e o Sistema de Gerenciamento Militar de Armas. Art. 60. Ficam revogados: I - os seguintes dispositivos do Anexo ao Decreto no 3.665, de 20 de novembro de 2000: a) o art. 183; e b) o art. 190; II - o art. 34-A do Decreto no 9.607, de 2018; III - o Decreto no 9.785, de 7 de maio de 2019; IV - o Decreto no 9.797, de 21 de maio de 2019; e V - o Decreto no 9.844, de 25 de junho de 2019.
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