Buscar

Apostila: crimes previstos no ECA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Livro Eletrônico
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso
Regular)
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
 
Aula 
 
 
 
 2 
 
AULA 
CRIMES DESCRITOS NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE 
 
Sumário 
 
1 - Dos crimes descritos no ECA.....................................................................................................03 
2 - Lista de Questões sem comentários............................................................................................44 
3 - Lista de Questões com comentários...........................................................................................47 
4 - Resumo.................................................................................................................................52 
5 - Gabarito................................................................................................................................55 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 3 
 
1 – Crimes definidos no Estatuto da Criança e do 
Adolescente 
 
 A extensa lei nº 8069/90 (também conhecida como Estatuto da Criança 
e do Adolescente) também se dedicou a incriminar condutas criminosas 
praticadas em desfavor de criança e de adolescente. Esse assunto foi tratado no 
Título VII (Dos crimes e das infrações administrativas) com os arts. 225 a 244-B 
do ECA. 
 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
 
 
 
 Inicialmente, repare que esse artigo reforça o princípio da especialidade, 
ou seja, aplica-se o Estatuto da Criança e do Adolescente quando o delito for 
praticado em face da criança e do adolescente e tiver previsão na Lei 8069/90. 
O elemento especializante é justamente a vítima do delito (criança e 
adolescente1). Exemplo: É crime de abuso de autoridade se o agente atentar 
contra a liberdade de locomoção de alguém (art. 3º, “a”, da Lei 
4898/65).Todavia, se a vítima for criança ou adolescente, o crime será do 230 
do ECA (Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua 
apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita 
da autoridade judiciária competente. Pena: detenção de 6 meses a 2 anos). 
 
 Insta ainda destacar que os crimes previstos no ECA podem ser 
comissivos (Ex: 230 do ECA: Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, 
procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou 
inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente) ou omissivos 
(Ex: art. 229 do ECA: Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de 
 
1 Art. 2º da Lei nº 8069/90: Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze 
anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. 
 
Art. 225 da Lei nº 8069/90. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados 
contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do 
disposto na legislação penal. 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 4 
 
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o 
neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos 
exames referidos no art. 10 desta Lei). 
 
 E se o crime não tiver previsão no ECA? 
 
 Nessa situação aplica-se o Código Penal, conforme ressalva expressamente 
feita contida no art. 225 do Estatuto da Criança e do Adolescente, em sua parte 
final. 
 
 Em resumo, se determinado fato não tiver previsão no ECA, aplica-se as 
regras da legislação penal, conforme previsto no art. 12 do CP. Exemplo: O ECA 
não tratou do tema prescrição nas medidas socioeducativas. Assim, terá 
incidência as regras prescricionais previstas no Código Penal, conforme 
entendimento consagrado na súmula 338 do STJ: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Como se vê, o artigo em questão determina a aplicação subsidiária do 
Código Penal e do Código de Processo Penal aos crimes preconizados no Estatuto 
da Criança e do Adolescente. 
 
 
 
 
 
 
Súmula 338 do STJ: A prescrição penal é aplicável nas suas medidas 
socioeducativas. 
Art. 226 da Lei nº 8069/90. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as 
normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as pertinentes 
ao Código de Processo Penal. 
 
Art. 227 da Lei nº 8069/90. Os crimes definidos nesta Lei são de ação 
pública incondicionada. 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 5 
 
 Segundo artigo 227 da Lei nº 8069/90, a ação penal nos crimes definidos 
no Estatuto da Criança e do Adolescente é sempre pública e incondicionada. Vale 
dizer, a legitimidade para intentar a ação penal é do Ministério Público e 
independente de qualquer condicionante. 
 
 Chamo ainda a atenção de vocês para ressaltar que esse dispositivo legal 
era desnecessário, porquanto na ausência de qualquer previsão expressa em lei 
aplica-se a regra geral do art. 100 do Código Penal, ou seja, a ação penal é 
pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. 
 
 
DOS CRIMES EM ESPÉCIE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma 
qualidade especial do sujeito ativo, qual seja, ser encarregado de serviço ou 
dirigente de estabelecimento de atenção à saúde da gestante, com o dever de 
cumprir as obrigações descritas no art. 10 do ECA2. 
 
2 Art. 10 da Lei nº 8068/90: Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de 
gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: 
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo 
de dezoito anos; 
Art. 228 da Lei nº 8069/90: Deixar o encarregado de serviço ou o 
dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter 
registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 
desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por 
ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as 
intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único. Se o crime é culposo: 
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. 
 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 6 
 
Sujeito passivo: É a criança. 
Elemento objetivo: Deixar de cumprir com as obrigações estabelecidas no 
art. 10 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Cuida-se de um crime omissivo 
próprio (a omissão consta no tipo penal). Assim, o crime consuma-se com a 
simples omissão do agente. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla as modalidades dolosa e 
culposa. A pena será de 2 a 6 meses, ou multa, se o delito for culposo. 
Pena: Detenção, de 6 a 2 anos (crime doloso). É compatível com os 
institutos despenalizadores da transação penal e da suspensão condicional do 
processo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da 
impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade 
administrativa competente; 
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo 
do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais; 
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do 
parto e do desenvolvimento do neonato;V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe. 
VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando orientações quanto à técnica 
adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já 
existente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017) (Vigência) 
 
Art. 229 da Lei nº 8069/90: Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou 
dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar 
corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como 
deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único. Se o crime é culposo: 
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 7 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma 
qualidade especial do sujeito ativo, qual seja, ser médico, enfermeiro ou dirigente 
de atenção à saúde de gestante, com o dever de identificar corretamente o 
neonato e a parturiente, por ocasião do parto ou o dever de proceder aos exames 
descritos no art. 10 do ECA3. 
Sujeito passivo: É a parturiente e a criança. 
Elemento objetivo: Deixar de identificar corretamente o neonato e a 
parturiente, por ocasião do parto ou o dever de proceder aos exames descritos 
no art. 10 do ECA. Cuida-se de um crime omissivo próprio (a omissão consta no 
tipo penal). Assim, o crime consuma-se com a simples omissão do agente. A 
mens legis é evitar a troca de recém-nascidos. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla as modalidades dolosa e 
culposa. A pena será de 2 a 6 meses, ou multa, se o delito for culposo. 
Pena: Detenção, de 6 a 2 anos (crime doloso). É compatível com os 
institutos despenalizadores da transação penal e da suspensão condicional do 
processo. 
 
3 Art. 10 da Lei nº 8068/90: Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de 
gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: 
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo 
de dezoito anos; 
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da 
impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade 
administrativa competente; 
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo 
do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais; 
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do 
parto e do desenvolvimento do neonato; 
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe. 
VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando orientações quanto à técnica 
adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já 
existente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017) (Vigência) 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 8 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser cometido por 
qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: É a criança e o adolescente. 
Elemento objetivo: Privar a liberdade é suprimir o direito de locomoção 
sem estar amparado em ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária 
competente ou em situação de apreensão em flagrante de ato infracional, tudo 
em conformidade com o art. 5º, LXI, da Constituição Federal4. No mesmo sentido 
é a redação do art. 106 do ECA: “nenhum adolescente será privado de sua 
liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e 
fundamentada da autoridade judiciária competente. Parágrafo único. O 
adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, 
devendo ser informado acerca de seus direitos.” 
Resumindo, o adolescente somente pode ser privado da liberdade em 2 
hipóteses: a) flagrante de ato infracional; b) ordem escrita da autoridade 
judiciária competente. A autoridade judiciária competente é o Juízo da Vara da 
Infância e Juventude. 
Como já falamos, o crime em estudo é 
especial em relação ao crime do art. 3º, ”a”, 
da Lei nº 4898/65), que preconiza ser abuso de 
autoridade qualquer atentado à liberdade de 
locomoção. Logo, se a vítima for criança ou adolescente, a conduta típica é aquela 
prevista no art. 230 do ECA. 
 
4 Art. 5º, LXI, da CF: “ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou 
crime propriamente militar, definidos em lei.” 
Art. 230 da Lei nº 8069/90. Privar a criança ou o adolescente de sua 
liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato 
infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão 
sem observância das formalidades legais. 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 9 
 
 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
 
Pena: Detenção, de 6 a 2 anos. É compatível com os institutos 
despenalizadores da transação penal e da suspensão condicional do processo. 
Figura equiparada: Também é responsabilizado criminalmente quem 
procede à apreensão sem observância das formalidades legais. Nessa situação a 
privação da liberdade é lícita (em flagrante de ato infracional ou com ordem 
judicial da autoridade judicial competente), porém não há observância de outras 
regras legais (exemplos: arts. 107, 108 e 109 do ECA5). Essa figura típica é 
especial em relação ao crime de abuso de autoridade descrito no art. 4º, “a”, da 
Lei 4868/65 (constitui também abuso de autoridade: a) ordenar ou executar 
medida privativa de liberdade individual, sem as formalidades legais ou com 
abuso de poder). 
 
 
 
 
 
 
5 Art. 107 da Lei nº 8069/90. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra 
recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do 
apreendido ou à pessoa por ele indicada. Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena 
de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata. 
Art. 108 da Lei nº 8069/90. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo 
máximo de quarenta e cinco dias. Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-
se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da 
medida. 
Art. 109 da Lei nº 8069/90. O adolescente civilmente identificado não será submetido a 
identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de 
confrontação, havendo dúvida fundada. 
 
Art. 231 da Lei nº 8069/90. Deixar a autoridade policial responsável pela 
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à 
autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por 
ele indicada: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 10 
 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma 
qualidade especial do sujeito ativo, qual seja, ser a autoridade policial 
responsável pela apreensão da criança ou do adolescente.Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
Elemento objetivo: Deixar de comunicar imediatamente à autoridade 
judiciária competente, à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada. 
Cuida-se de um crime omissivo próprio (a omissão consta no tipo penal). Assim, 
o crime consuma-se com a simples omissão do agente. A mens legis é garantir a 
observância dos direitos do menor infrator de comunicação imediata do ato 
infracional ao Juiz Natural e a alguém de sua família ou à pessoa por ele indicada, 
nos exatos termos do art. 107 do ECA (A apreensão de qualquer adolescente e o 
local onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade 
judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada. 
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a 
possibilidade de liberação imediata) e do art. 5º, LXII, da Constituição Federal (a 
prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele 
indicada). 
 
Questão: O Delegado de Polícia responde por esse delito se realizar apenas 
a comunicação à autoridade judiciária? 
A resposta é positiva, porquanto o tipo penal exige a dupla comunicação 
(o fato deve ser noticiado ao juiz e também a algum familiar do infrator ou pessoa 
por ele indicada) 
 
Esse delito consuma-se com a simples omissão do agente. 
O crime em estudo é especial em relação ao crime do art. 4º, ”c”, da 
Lei nº 4898/65), que preconiza ser abuso de autoridade deixar de comunicar, 
imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa. 
Logo, se a vítima for criança ou adolescente, a conduta típica é aquela prevista 
no art. 231 do ECA. 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 11 
 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
Pena: Detenção, de 6 a 2 anos. É compatível com os institutos 
despenalizadores da transação penal e da suspensão condicional do processo. 
 
 
 
 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma 
qualidade especial do sujeito ativo, qual seja, o agente deve ter a autoridade, a 
guarda ou a vigilância sobre a criança ou o adolescente. 
 
Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
 
Elemento objetivo: Submeter a vexame ou a constrangimento significa 
colocar a criança ou o adolescente em situação humilhante, de forma a ferir sua 
dignidade ou honra. Exemplo: Diretor de escola que expulsa o aluno da sala de 
aula em virtude de seus pais estar em débito com o colégio. 
 
Autoridade diz respeito às relações privadas (ex: relação entre tutor e 
tutelado; entre pais e filhos). Guarda quer dizer vigilância permanente. Vigilância 
significa proteger alguém. 
 
Esse delito consuma-se com a mera prática de qualquer ato que coloque a 
criança ou adolescente em situação de vexame ou constrangimento. É crime 
plurissubsistente, isto é, aquele em que a conduta pode ser fracionada em dois 
ou mais atos executórios. Logo, a tentativa é perfeitamente admissível. 
 
Art. 232 da Lei nº 8069/90. Submeter criança ou adolescente sob sua 
autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 12 
 
O crime em estudo é especial em relação ao crime do art. 4º, ”b”, da 
Lei nº 4898/65), que preconiza ser abuso de autoridade submeter pessoa sob 
sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei. 
Logo, se a vítima for criança ou adolescente, a conduta típica é aquela prevista 
no art. 232 do ECA. 
 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
 
Pena: Detenção, de 6 a 2 anos. É compatível com os institutos 
despenalizadores da transação penal e da suspensão condicional do processo. 
 
 
 
 
 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma 
qualidade especial do sujeito ativo, qual seja, o agente deve ser magistrado do 
Juízo da Infância e da Juventude ou autoridade policial, porquanto o tipo penal 
exige que seja a autoridade competente para ordenar a imediata liberação de 
criança ou adolescente. 
Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
 
Elemento normativo do tipo: Corresponde a expressão “sem justa causa”, 
ou seja, quando não há motivo legal para não ordenar a imediata liberação da 
criança ou do adolescente ante a manifesta ilegalidade da apreensão. 
 
Art. 234 da Lei nº 8069/90. Deixar a autoridade competente, sem justa 
causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo 
tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 13 
 
Elemento objetivo: Deixar a autoridade competente de determinar a 
imediata liberação da criança ou adolescente diante de uma ilegal apreensão tão 
logo tome conhecimento. Cuida-se de um crime omissivo próprio (a omissão 
consta no tipo penal). Assim, o crime consuma-se com a simples omissão do 
agente. A mens legis é evitar que criança ou adolescente sejam apreendidos e 
mantidos diante de manifesta ilegalidade. 
O crime em estudo é especial em relação ao crime do art. 4º, ”d”, da 
Lei nº 4898/65), que preconiza ser abuso de autoridade deixar o Juiz de 
ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada. 
 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
 
Pena: Detenção, de 6 a 2 anos. É compatível com os institutos 
despenalizadores da transação penal e da suspensão condicional do processo. 
 
 
 
 
 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma 
qualidade especial do sujeito ativo, qual seja, o agente deve ter a obrigação de 
cumprir prazo estabelecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Exemplos: 
Art. 108 do ECA: A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo 
prazo máximo de 45 dias; Art. Art. 121, §2º, do ECA: A internação constitui 
medida privativa de liberdade, sujeita aos princípios da brevidade, 
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. 
§2. A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser 
reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses. 
Sujeito passivo: É o adolescente. 
Art. 235 da Lei nº 8069/90. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado 
nessa Lei em benefício de adolescente privado de liberdade: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 14 
 
 
Elemento normativo do tipo: Corresponde a expressão 
“injustificadamente”, ou seja, quando não há razão plausível para o 
descumprimento do prazo descrito na Lei nº 8069/90. 
 
Elemento objetivo: Descumprir prazo fixado no Estatuto da Criança e do 
Adolescente em benefício de adolescente privado de liberdade. Cuida-se de um 
crime omissivo próprio (a omissão consta no tipo penal). Assim, o crime 
consuma-se com a simples omissão do agente. A mens legis é evitar que 
adolescente privado da liberdade não tenha um direito assegurado no prazo legal. 
Por ser um crime unissubsistente (a conduta não pode ser fracionada em 
vários atos executórios), não há que se falar em tentativa. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
Pena: Detenção, de 6 a 2 anos.É compatível com os institutos 
despenalizadores da transação penal e da suspensão condicional do processo. 
 
 
 
 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: É o Estado que tem um de seus agentes impedidos de 
exercer função descrita no ECA. 
 
Elemento objetivo: Impedir é obstar, não permitir a prática do ato. 
Embaraçar é criar dificuldade. É um tipo penal misto alternativo (crimes de 
ação múltipla ou de conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma 
Art. 236 da Lei nº 8069/90. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade 
judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério 
Público no exercício de função prevista nesta lei: 
Pena – detenção de seis meses a dois anos. 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 15 
 
conduta descrita no tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao 
princípio da alternatividade, incorrerá num único delito. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
Pena: Detenção, de 6 a 2 anos. É compatível com os institutos 
despenalizadores da transação penal e da suspensão condicional do processo. 
 
 
 
 
 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
 
Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
 
Elemento objetivo: Subtrair é pegar, retirar, remover criança ou 
adolescente de quem tem a guarda mediante lei ou ordem judicial. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
Exige-se ainda o especial fim de agir, qual seja, de colocar essa criança ou 
adolescente em um lar substituto. 
 
O crime em estudo é especial em relação 
ao crime do art. 249 do Código Penal6. Em 
 
6 Art. 239 do CP: Subtrair menor de dezoito anos ou interdito ao poder de quem o tem sob sua 
guarda em virtude de lei ou de ordem judicial: 
Pena – detenção, de dois meses a dois anos, se o fato não constitui elemento de outro crime. 
Art. 237 da Lei nº 8069/90. Subtrair criança ou adolescente ao poder de 
quem tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de 
colocação em lar substituto: 
 Pena – reclusão de dois a seis anos, e multa. 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 16 
 
resumo, se o agente pratica sem o dolo específico de colocar essa criança ou 
adolescente em lar substituto o crime será do art. 237 do ECA. Caso não exista 
esse especial fim de agir, o crime será o do art. 249 do Código Penal. 
 
 Pena: Reclusão, de 2 a 6 anos. É inadmissível a concessão de sursis 
processual (art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima é superior a 1 ano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma 
qualidade especial do sujeito ativo, qual seja, o agente deve ser o pai, o tutor ou 
o guardião. 
Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
 
Elemento objetivo: Prometer é assumir o compromisso de fazer algo no 
futuro. Efetivar a entrega é praticar de fato a entrega da criança ou adolescente. 
É um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo 
variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, 
no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, 
incorrerá num único delito. A mens legis é impedir a indevida prática do tráfico 
de crianças, em que criança e adolescente são retirados de sua família biológica 
para viver em outro núcleo familiar. 
 
§1ºº O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou curador do interdito não o exime de pena, 
se destituído ou temporariamente privado do pátrio poder, tutela, curatela ou guarda. 
§2º No caso de restituição do menor ou do interdito, se este não sofreu maus-tratos ou privações, 
o juiz pode deixar de aplicar pena. 
Art. 238 da Lei nº 8069/90. Promoter ou efetivar a entrega de filho ou 
pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa: 
 Pena – reclusão de um a quatro anos, e multa. 
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a 
paga ou recompensa. 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 17 
 
O crime é efetuado mediante paga quando há o efetivo pagamento no 
instante da entrega do filho ou do pupilo. Já no crime praticado mediante 
recompensa há uma promessa de posterior pagamento após entrega da 
criança/adolescente. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
 
O crime em estudo é especial em relação 
ao crime do art. 245 do Código Penal7. Assim, 
incorrerá no crime do art. 238 do ECA se a “venda 
da criança/adolescente” ocorrer de forma definitiva. De outro lado, se essa 
entrega for desse menor for de caráter transitório (efêmero), o crime será do art. 
245 do Código Penal (entrega de filho menor à pessoa inidônea). 
 
 Pena: Reclusão, de 1 a 4 anos. É admissível a concessão de sursis 
processual (art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima não é superior a 1 
ano. 
 Figura equiparada. Também responderá com a mesma pena quem 
oferece ou efetiva a paga ou recompensa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 Art. 245 do CP: Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a pessoa em cuja companhia saiba 
ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. 
§1º A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de reclusão, se o agente pratica delito para obter lucro, 
ou se o menor é enviado para o exterior. 
§2º Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem, embora excluído o perigo moral ou 
material, auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor para o exterior, com o fito de 
obter lucro. 
Art. 239 da Lei nº 8069/90. Promover ou auxiliar a efetivação de ato 
destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com 
inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro: 
 Pena – reclusão de quatro a seis anos, e multa. 
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude: 
Pena – reclusão, de seis a oito anos, além da pena correspondente à 
violência. 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 18 
 
 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
 
Elemento objetivo: Promover significa encaminhar de fato o menor ao 
exterior, ou seja, conseguir transpor as fronteiras nacionais para inserir a criança 
ou adolescente em outro país. Auxiliar é prestar auxílio com a prática de algum 
ato material que coopere para o menor seja encaminhado ao exterior. É um tipo 
penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado). 
Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, no 
mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, incorrerá 
num único delito. A mens legis é impedir a indevida prática de tráfico 
internacional de crianças. 
 
Elemento normativo: Corresponde a expressão “inobservância das 
formalidades legais”, ou seja, somente haverá o crime do art. 239 do ECA se o 
envio do menor não tiver amparo legal. 
 
 
OBS: O crime em estudo revogou tacitamente o art. 245, §2º, do Código 
Penal (incorre, também, na pena do parágrafo anterior que, embora excluído o 
perigo moral ou material, auxilia a efetivação de ato destinado ao enviode menor 
para o exterior, com o fito de obter lucro), pois cuida-se de lei posterior que 
regulou inteiramente a matéria tratada no CP. 
 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
Exige-se ainda o especial fim de agir, qual seja, de visar a obtenção de lucro com 
a prática das condutas descritas no caput. 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 19 
 
 
Questão: Qual é o órgão jurisdicional 
competente para apreciar essa conduta criminosa? 
 
 
 Esse crime deve ser processado e julgado na Justiça Federal, nos exatos 
termos do art. 109, V, da Constituição Federal. Esse, aliás, é o entendimento do 
STF: 
 
 
 
Habeas corpus. Tráfico internacional de 
crianças. Artigo 239 da Lei nº 8.069/90. 
Nulidade do processo. Reconhecimento 
pretendido. Alegada incompetência funcional 
do juiz estadual que declinou da competência para a Justiça Federal. 
Questão não analisada pelo Superior Tribunal de Justiça. Apreciação per 
saltum. Impossibilidade. Supressão de instância configurada. 
Precedentes. Inexistência de flagrante ilegalidade ou teratologia que 
justifique a superação do apontado óbice processual. Hipótese de 
nulidade relativa, que não gerou prejuízo algum nem foi arguida em 
tempo oportuno, operando-se a preclusão. Questão, ademais, irrelevante 
e superada, diante da remessa do processo à Justiça Federal, competente 
para processar e julgar o delito (art. 109, V, Constituição Federal). 
Habeas corpus extinto. 
1. Como o Superior Tribunal de Justiça não se pronunciou sobre a alegada 
nulidade do processo, sua apreciação, de forma originária, pelo Supremo Tribunal 
Federal, configura inadmissível supressão de instância. Com efeito, não pode esta 
Suprema Corte, em exame per saltum, analisar questão não apreciada pelas 
instâncias antecedentes. 
2. A suposta incompetência funcional do juiz estadual que, despachando processo 
de outra vara, determinou sua redistribuição à Justiça Federal, constitui nulidade 
relativa, a qual não gerou prejuízo algum ao paciente nem foi arguida em tempo 
oportuno, tornando-se preclusa. Questão, ademais, irrelevante e superada, 
diante da remessa do processo à Justiça Federal, competente para processar e 
julgar o crime descrito no art. 239 do Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 20 
 
109, V, Constituição Federal). Inexistência de flagrante ilegalidade ou teratologia 
que justifique a superação do óbice processual ao conhecimento da impetração. 
3. Habeas corpus extinto. (HC 121472, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Primeira 
Turma, julgado em 19/08/2014) 
 
 Pena: Reclusão, de 4 a 6 anos. É inadmissível a concessão de sursis 
processual (art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima é superior a 1 ano. 
 
 Qualificadora. A pena será de 6 a 8 anos de reclusão, além da 
correspondente à violência, se existir emprego de violência, grave ameaça ou 
fraude. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 240 da Lei nº 8069/90. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou 
registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, 
envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 
2008) 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela 
Lei nº 11.829, de 2008) 
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de 
qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas 
cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses 
contracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) 
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o 
crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) 
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la; 
(Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) 
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) 
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo ou afim até o 
terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da 
vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou 
com seu consentimento. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 21 
 
 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
 
Elemento objetivo: O tipo penal contempla 6 condutas relacionadas à 
pedofilia (Produzir, Reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por 
qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfico, envolvendo criança ou 
adolescente). É um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou 
de conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita 
no tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da 
alternatividade, incorrerá num único delito. A mens legis é impedir pedofilia 
(desejo de um adulto de realizar atos sexuais com criança e adolescente). Para 
a caracterização desse delito o tipo penal não fez exigência de qualquer contato 
físico entre o adulto e a criança/adolescente. 
Questão: O que deve ser entendido como cena de sexo explícito ou 
pornográfica? 
A expressão cena de sexo explícito ou pornográfica compreende 
qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais 
explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou 
adolescente para fins primordialmente sexuais (art. 241-E do ECA). 
 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
 
 Pena: Reclusão, de 4 a 8 anos, e multa. É inadmissível a concessão de 
sursis processual (art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima é superior a 1 
ano. 
 
 Figura equiparada. A pena também será de 4 a 8 anos de reclusão, e 
multa, para quem agencia, facilita ou recruta, coage, ou de qualquer modo 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 22 
 
intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput 
deste artigo, ou ainda quem com esses contracena. 
 
 Causa de aumento. Incide a fração de 1/3 se o agente comete o crime 
nas 3 seguintes situações: 
 
a) no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la; 
 
b) prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade. Relação doméstica é aquele que ocorre entre pessoas da 
mesma família ou entre empregados e patrões. Coabitação é a morada 
duradoura sob o mesmo teto. Hospitalidade é a recepção eventual (ex: 
receber uma visita para almoçar em casa); 
 
c) prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo ou afim até o 
terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador 
da vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre 
ela, ou com seu consentimento. 
 
 
 
 
 
 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
 
Elemento objetivo: O tipo penal contempla 2 condutas relacionadas à 
pedofilia (Vender e expor à venda material com conteúdo de pedofilia). É um tipo 
penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado). 
Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, no 
Art. 241 da Lei nº 8069/90: Vender, exporà venda, fotografia, vídeo ou outro 
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo 
criança ou adolescente: 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela 
Lei nº 11.829, de 2008) 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 23 
 
mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, incorrerá 
num único delito. A mens legis é impedir o indevido comércio de produtos com 
teor de pedofilia. 
A expressão cena de sexo explícito ou pornográfica compreende 
qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais 
explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou 
adolescente para fins primordialmente sexuais (art. 241-E do ECA). 
 
Questão: Qual é o órgão jurisdicional competente para julgar esse tipo de 
delito? 
 
 Em regra, esse delito será processado e julgado pela Justiça Estadual. 
Contudo, se o fato ultrapassar as fronteiras do território nacional estaremos 
diante de um crime de competência da Justiça Federal, nos exatos termos do art. 
109 da Constituição Federal. Exemplo: Quando a venda ou exposição à venda de 
fotografia, vídeo ou outro registro de material com conteúdo de pedofilia for 
praticada pela rede mundial de computadores. Esse é o entendimento do STF: 
 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 
REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. PENAL. 
PROCESSO PENAL. CRIME PREVISTO NO 
ARTIGO 241-A DA LEI 8.069/90 (ESTATUTO 
DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE). COMPETÊNCIA. DIVULGAÇÃO E 
PUBLICAÇÃO DE IMAGENS COM CONTEÚDO PORNOGRÁFICO 
ENVOLVENDO CRIANÇA OU ADOLESCENTE. CONVENÇÃO SOBRE 
DIREITOS DA CRIANÇA. DELITO COMETIDO POR MEIO DA REDE 
MUNDIAL DE COMPUTADORES (INTERNET). INTERNACIONALIDADE. 
ARTIGO 109, V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA 
FEDERAL RECONHECIDA. RECURSO DESPROVIDO. 
1. À luz do preconizado no art. 109, V, da CF, a competência para 
processamento e julgamento de crime será da Justiça Federal quando 
preenchidos 03 (três) requisitos essenciais e cumulativos, quais sejam, que: a) 
o fato esteja previsto como crime no Brasil e no estrangeiro; b) o Brasil seja 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 24 
 
signatário de convenção ou tratado internacional por meio do qual assume o 
compromisso de reprimir criminalmente aquela espécie delitiva; e c) a conduta 
tenha ao menos se iniciado no Brasil e o resultado tenha ocorrido, ou devesse ter 
ocorrido no exterior, ou reciprocamente. 
2. O Brasil pune a prática de divulgação e publicação de conteúdo pedófilo-
pornográfico, conforme art. 241-A do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
3. Além de signatário da Convenção sobre Direitos da Criança, o Estado 
Brasileiro ratificou o respectivo Protocolo Facultativo. Em tais acordos 
internacionais se assentou a proteção à infância e se estabeleceu o compromisso 
de tipificação penal das condutas relacionadas à pornografia infantil. 
4. Para fins de preenchimento do terceiro requisito, é necessário que, do 
exame entre a conduta praticada e o resultado produzido, ou que deveria ser 
produzido, se extraia o atributo de internacionalidade dessa relação. 
5. Quando a publicação de material contendo pornografia infanto-juvenil 
ocorre na ambiência virtual de sítios de amplo e fácil acesso a qualquer sujeito, 
em qualquer parte do planeta, que esteja conectado à internet, a constatação da 
internacionalidade se infere não apenas do fato de que a postagem se opera em 
cenário propício ao livre acesso, como também que, ao fazê-lo, o agente comete 
o delito justamente com o objetivo de atingir o maior número possível de 
pessoas, inclusive assumindo o risco de que indivíduos localizados no estrangeiro 
sejam, igualmente, destinatários do material. A potencialidade do dano não se 
extrai somente do resultado efetivamente produzido, mas também daquele que 
poderia ocorrer, conforme própria previsão constitucional. 
6. Basta à configuração da competência da Justiça Federal que o material 
pornográfico envolvendo crianças ou adolescentes tenha estado acessível por 
alguém no estrangeiro, ainda que não haja evidências de que esse acesso 
realmente ocorreu. 
7. A extração da potencial internacionalidade do resultado advém do nível 
de abrangência próprio de sítios virtuais de amplo acesso, bem como da 
reconhecida dispersão mundial preconizada no art. 2º, I, da Lei 12.965/14, que 
instituiu o Marco Civil da Internet no Brasil. 
8. Não se constata o caráter de internacionalidade, ainda que potencial, 
quando o panorama fático envolve apenas a comunicação eletrônica havida entre 
particulares em canal de comunicação fechado, tal como ocorre na troca de e-
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 25 
 
mails ou conversas privadas entre pessoas situadas no Brasil. Evidenciado que o 
conteúdo permaneceu enclausurado entre os participantes da conversa virtual, 
bem como que os envolvidos se conectaram por meio de computadores instalados 
em território nacional, não há que se cogitar na internacionalidade do resultado. 
9. Tese fixada: “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes 
consistentes em disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo 
criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e 241-B da Lei nº 8.069/1990) quando 
praticados por meio da rede mundial de computadores”. 
10. Recurso extraordinário desprovido. (RE 628624, Relator: Min. MARCO 
AURÉLIO, Relator p/ Acórdão: Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 
29/10/2015) 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
 Pena: Reclusão, de 4 a 8 anos, e multa. É inadmissível a concessão de 
sursis processual (art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima é superior a 1 
ano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 241-A da Lei nº 8069/90. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, 
distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de 
sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que 
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou 
adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela 
Lei nº 11.829, de 2008) 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, 
de 2008) 
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, 
cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo; (Incluído pela 
Lei nº 11.829, de 2008) 
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às 
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste 
artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
 § 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste artigo são 
puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente 
notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata 
o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 26 
 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
 
Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
 
Elemento objetivo: O tipo penal contempla 7 condutas relacionadas à 
pedofilia (Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou 
divulgar por qualquer meio material com conteúdo de pedofilia). É um tipo penalmisto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado). Assim, se 
o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, no mesmo contexto 
fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, incorrerá num único 
delito. A mens legis é impedir a indevida circulação de produtos com teor de 
pedofilia. 
A circulação de material com conteúdo de pedofilia não se dá tão somente 
por vídeos, fotografias, mas sim por qualquer outro meio que contenha esse teor. 
A expressão cena de sexo explícito ou pornográfica compreende 
qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais 
explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou 
adolescente para fins primordialmente sexuais (art. 241-E do ECA). 
 
Questão: Qual é o órgão jurisdicional competente para julgar esse tipo de 
delito? 
 
 Em regra, esse delito será processado e julgado pela Justiça Estadual. 
Contudo, se o fato ultrapassar as fronteiras do território nacional estaremos 
diante de um crime de competência da Justiça Federal, nos exatos termos do art. 
109 da Constituição Federal. Exemplo: Quando a circulação de fotografia, vídeo 
ou outro registro de material com conteúdo de pedofilia for praticada pela rede 
mundial de computadores. Esse é o entendimento do STF: 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 27 
 
 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 
REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. PENAL. 
PROCESSO PENAL. CRIME PREVISTO NO 
ARTIGO 241-A DA LEI 8.069/90 (ESTATUTO 
DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE). COMPETÊNCIA. DIVULGAÇÃO E 
PUBLICAÇÃO DE IMAGENS COM CONTEÚDO PORNOGRÁFICO 
ENVOLVENDO CRIANÇA OU ADOLESCENTE. CONVENÇÃO SOBRE 
DIREITOS DA CRIANÇA. DELITO COMETIDO POR MEIO DA REDE 
MUNDIAL DE COMPUTADORES (INTERNET). INTERNACIONALIDADE. 
ARTIGO 109, V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA 
FEDERAL RECONHECIDA. RECURSO DESPROVIDO. 
1. À luz do preconizado no art. 109, V, da CF, a competência para 
processamento e julgamento de crime será da Justiça Federal quando 
preenchidos 03 (três) requisitos essenciais e cumulativos, quais sejam, que: a) 
o fato esteja previsto como crime no Brasil e no estrangeiro; b) o Brasil seja 
signatário de convenção ou tratado internacional por meio do qual assume o 
compromisso de reprimir criminalmente aquela espécie delitiva; e c) a conduta 
tenha ao menos se iniciado no Brasil e o resultado tenha ocorrido, ou devesse ter 
ocorrido no exterior, ou reciprocamente. 
2. O Brasil pune a prática de divulgação e publicação de conteúdo pedófilo-
pornográfico, conforme art. 241-A do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
3. Além de signatário da Convenção sobre Direitos da Criança, o Estado 
Brasileiro ratificou o respectivo Protocolo Facultativo. Em tais acordos 
internacionais se assentou a proteção à infância e se estabeleceu o compromisso 
de tipificação penal das condutas relacionadas à pornografia infantil. 
4. Para fins de preenchimento do terceiro requisito, é necessário que, do 
exame entre a conduta praticada e o resultado produzido, ou que deveria ser 
produzido, se extraia o atributo de internacionalidade dessa relação. 
5. Quando a publicação de material contendo pornografia infanto-juvenil 
ocorre na ambiência virtual de sítios de amplo e fácil acesso a qualquer sujeito, 
em qualquer parte do planeta, que esteja conectado à internet, a constatação da 
internacionalidade se infere não apenas do fato de que a postagem se opera em 
cenário propício ao livre acesso, como também que, ao fazê-lo, o agente comete 
o delito justamente com o objetivo de atingir o maior número possível de 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 28 
 
pessoas, inclusive assumindo o risco de que indivíduos localizados no estrangeiro 
sejam, igualmente, destinatários do material. A potencialidade do dano não se 
extrai somente do resultado efetivamente produzido, mas também daquele que 
poderia ocorrer, conforme própria previsão constitucional. 
6. Basta à configuração da competência da Justiça Federal que o material 
pornográfico envolvendo crianças ou adolescentes tenha estado acessível por 
alguém no estrangeiro, ainda que não haja evidências de que esse acesso 
realmente ocorreu. 
7. A extração da potencial internacionalidade do resultado advém do nível 
de abrangência próprio de sítios virtuais de amplo acesso, bem como da 
reconhecida dispersão mundial preconizada no art. 2º, I, da Lei 12.965/14, que 
instituiu o Marco Civil da Internet no Brasil. 
8. Não se constata o caráter de internacionalidade, ainda que potencial, 
quando o panorama fático envolve apenas a comunicação eletrônica havida entre 
particulares em canal de comunicação fechado, tal como ocorre na troca de e-
mails ou conversas privadas entre pessoas situadas no Brasil. Evidenciado que o 
conteúdo permaneceu enclausurado entre os participantes da conversa virtual, 
bem como que os envolvidos se conectaram por meio de computadores instalados 
em território nacional, não há que se cogitar na internacionalidade do resultado. 
9. Tese fixada: “Compete à Justiça Federal processar e julgar os 
crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material pornográfico 
envolvendo criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e 241-B da Lei nº 
8.069/1990) quando praticados por meio da rede mundial de 
computadores”. 
10. Recurso extraordinário desprovido. (RE 628624, Relator: Min. MARCO 
AURÉLIO, Relator p/ Acórdão: Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 
29/10/2015) 
 
 Por oportuno, vejamos um julgado do STJ que solucionou um conflito de 
competência entre a Justiça Estadual e a Justiça Federal acerca da divulgação de 
imagem pornográfica de adolescentes via whatsapp e em chat no facebook. 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 29 
 
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. 
JUSTIÇA FEDERAL X JUSTIÇA ESTADUAL. 
INQUÉRITO POLICIAL. DIVULGAÇÃO DE 
IMAGEM PORNOGRÁFICA DE ADOLESCENTE 
VIA WHATSAPP E EM CHAT NO FACEBOOK. ART. 241-1 DA LEI 8.069/90. 
INEXISTÊNCIA DE EVIDÊNCIAS DE DIVULGAÇÃO DAS IMAGENS EM 
SÍTIOS VIRTUAIS DE AMPLO E FÁCIL ACESSO. COMPETÊNCIA DA 
JUSTIÇA ESTADUAL. 
1. A Justiça Federal é competente, conforme disposição do inciso V do art. 109 
da Constituição da República, quando se tratar de infrações previstas em tratados 
ou convenções internacionais, como é caso do racismo, previsto na Convenção 
Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial, da 
qual o Brasil é signatário, assim como nos crimes de guarda de moeda falsa, de 
tráfico internacional de entorpecentes, de tráfico de mulheres, de envio ilegal e 
tráfico de menores, de tortura, de pornografia infantil e pedofilia e corrupção 
ativa e tráfico de influência nas transações comerciais internacionais. 
2. Deliberando sobre o tema, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no 
julgamento do Recurso Extraordinário n. 628.624/MG, em sede de repercussão 
geral, assentou que a fixação da competência da Justiça Federal para o 
julgamento do delito do art. 241-A do Estatuto da Criança e do Adolescente 
(divulgação e publicação de conteúdo pedófilo-pornográfico) pressupõe a 
possibilidade de identificação do atributo da internacionalidade do resultado 
obtido ou que se pretendia obter. 
Por sua vez, a constatação da internacionalidade do delito demandaria apenas 
que a publicação do material pornográfico tivesse sido feita em "ambiência virtual 
de sítios de amplo e fácil acesso a qualquer sujeito, em qualquer parte do planeta, 
que esteja conectado à internet" e que "o material pornográficoenvolvendo 
crianças ou adolescentes tenha estado acessível por alguém no estrangeiro, ainda 
que não haja evidências de que esse acesso realmente ocorreu." (RE 628.624, 
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. EDSON FACHIN, 
Tribunal Pleno, julgado em 29/10/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO 
GERAL - MÉRITO DJe-062 DIVULG 05-04-2016 PUBLIC 06-04-2016) 3. Situação 
em que os indícios coletados até o momento revelam que as imagens da vítima 
foram trocadas por particulares via Whatsapp e por meio de chat na rede social 
Facebook. 
4. Tanto no aplicativo WhatsApp quanto nos diálogos (chat) estabelecido na rede 
social Facebook, a comunicação se dá entre destinatários escolhidos pelo emissor 
da mensagem. Trata-se de troca de informação privada que não está acessível a 
qualquer pessoa. 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 30 
 
5. Diante de tal contexto, no caso concreto, não foi preenchido o requisito 
estabelecido pela Corte Suprema de que a postagem de conteúdo pedófilo-
pornográfico tenha sido feita em cenário propício ao livre acesso. 
6. A possibilidade de descoberta de outras provas e/ou evidências, no decorrer 
das investigações, levando a conclusões diferentes, demonstra não ser possível 
firmar peremptoriamente a competência definitiva para julgamento do presente 
inquérito policial. Isso não obstante, tendo em conta que a definição do Juízo 
competente em tais hipóteses se dá em razão dos indícios coletados até então, 
revela-se a competência do Juízo Estadual. 
7. Conflito conhecido, para declarar a competência do Juízo de Direito da Vara 
Criminal e Execução Penal de São Sebastião do Paraíso/MG, o Suscitado. 
(CC 150.564/MG, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, TERCEIRA 
SEÇÃO, julgado em 26/04/2017, DJe 02/05/2017) 
 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
 
 Pena: Reclusão, de 3 a 6 anos, e multa. É inadmissível a concessão de 
sursis processual (art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima é superior a 1 
ano. 
 
 Figuras equiparadas. A pena também será de 3 a 6 anos de reclusão, e 
multa, para: a) quem assegura os meios ou serviços para o armazenamento das 
fotografias, cenas ou imagens de pedofilia. Em resumo, cuida-se do 
armazenamento do material contendo pedofilia. É um crime permanente; 
b) quem assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às 
fotografias, cenas ou imagens de pedofilia. Em resumo, trata-se do garantidor 
do acesso ao material de pedofilia pela rede mundial de computadores. É 
um delito permanente. 
 
OBS: Essas condutas equiparadas são puníveis quando o responsável legal 
pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso 
ao conteúdo ilícito de pedofilia. Cuida-se de uma condição objetiva de 
punibilidade, ou seja, apenas depois dessa notificação é que se pode deflagrar 
a persecução criminal. 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
 
Elemento objetivo: O tipo penal contempla 3 condutas relacionadas à 
pedofilia (Adquirir, possuir e armazenar). Adquirir é obter o material com 
conteúdo de pedofilia. Possuir é ter a posse de material com conteúdo de 
pedofilia. Armazenar é guardar material com conteúdo de pedofilia. É um tipo 
Art. 241-B da Lei nº 8069/90. Art. 241-B. Adquirir, possuir ou 
armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro 
que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou 
adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
 Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído 
pela Lei nº 11.829, de 2008) 
 § 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena 
quantidade o material a que se refere o caput deste artigo. (Incluído 
pela Lei nº 11.829, de 2008) 
 § 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de 
comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas 
nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita 
por: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
 I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela 
Lei nº 11.829, de 2008) 
 II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas 
finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e o 
encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste 
parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
 III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de 
acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, até o 
recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao 
Ministério Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, 
de 2008) 
 § 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão manter sob sigilo 
o material ilícito referido. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 32 
 
penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado). 
Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, no 
mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, incorrerá 
num único delito. A mens legis é impedir a indevida manutenção de material com 
teor de pedofilia. Esse armazenamento de produto com teor de pedofilia pode se 
dar de maneira física ou virtual. 
A expressão cena de sexo explícito ou pornográfica compreende 
qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais 
explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou 
adolescente para fins primordialmente sexuais (art. 241-E do ECA). 
 
Questão: Qual é o órgão jurisdicional competente para julgar esse tipo de 
delito? 
 
 Em regra, esse delito será processado e julgado pela Justiça Estadual. 
Contudo, se o fato ultrapassar as fronteiras do território nacional estaremos 
diante de um crime de competência da Justiça Federal, nos exatos termos do art. 
109 da Constituição Federal. Vejamos um julgado do STJ que explicita bem esse 
assunto: 
 
PROCESSUAL PENAL. CONFLITO DE 
COMPETÊNCIA. CRIME PREVISTO NO ART. 
241, CAPUT, E § 1º, II, DA LEI 8.069/90 (NA 
REDAÇÃO ANTERIOR À DA LEI 11.829/2008). 
CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA, SUBSCRITA PELO 
BRASIL. INEXISTÊNCIA DE TRANSNACIONALIDADE DO CRIME DE 
CAPTAÇÃO E ARMAZENAMENTO, EM COMPUTADORES DE ESCOLAS 
MUNICIPAIS, DE VÍDEOS DE CONTEÚDO PORNOGRÁFICO DE CRIANÇAS 
E ADOLESCENTES, ADVINDOS DA REDE INTERNACIONAL DE 
COMPUTADORES (INTERNET). COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 
I. O art. 109, V, da Constituição Federal estabelece que compete aos Juízes 
Federais processar e julgar "os crimes previstos em tratado ou convenção 
internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse 
ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente". 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 33 
 
II. Para fixar a competência da Justiça Federal, não basta o Brasil ser signatário 
de tratado ou convenção internacional que prevê o combate a atividades 
criminosas relacionadas a pedofilia, inclusive por meio da Internet. O crime há 
de se consumar com a publicaçãoou divulgação, ou quaisquer outras ações 
previstas no tipo penal do art. 241, caput e §§ 1º e 2º, da Lei 8.069/90, na rede 
mundial de computadores (Internet), de fotografias ou vídeos de pornografia 
infantil, dando o agente causa ao resultado da publicação, legalmente vedada, 
dentro e fora dos limites do território nacional. 
Precedentes do STF e do STJ. 
III. Na hipótese dos autos, e pelo que se apurou, até o presente momento, o 
material de conteúdo pornográfico, em análise no apuratório, não ultrapassou os 
limites dos estabelecimentos escolares, nem tampouco as fronteiras do Estado 
brasileiro. 
IV. Não obstante a origem do material em questão seja, em tese, advinda da 
Internet, a conduta que se pretende apurar consiste no download realizado, pelo 
investigado, e na armazenagem de vídeos, em computadores de escolas 
municipais - o que se amolda ao crime previsto no art. 241, § 1°, II, da Lei 
8.069/90, cuja redação, vigente ao tempo dos fatos, é anterior a Lei 11.829/2008 
-, inexistindo, por ora, como destacou o Ministério Público Federal, indícios de 
que o investigado tenha divulgado ou publicado o material pornográfico além das 
fronteiras nacionais. 
V. Assim, não estando evidenciada a transnacionalidade do delito - tendo em 
vista que a conduta do investigado, a ser apurada, restringe-se, até agora, à 
captação e ao armazenamento de vídeos, de conteúdo pornográfico, ou de cenas 
de sexo explícito, envolvendo crianças e adolescentes, nos computadores de duas 
escolas -, a competência, in casu, é da Justiça Estadual. 
VI. Conflito conhecido, para declarar a competência do Juízo de Direito da Vara 
de Crimes contra Criança e Adolescente da Comarca de Curitiba/PR , o suscitante. 
(CC 103.011/PR, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, TERCEIRA SEÇÃO, 
julgado em 13/03/2013, DJe 22/03/2013) 
 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
 
 Pena: Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. É admissível a concessão de sursis 
processual (art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima não é superior a 1 
ano. 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 34 
 
 Causa de diminuição da pena. A pena é reduzida de 1/3 a 2/3 se o 
material com conteúdo de pedofilia for de pequena quantidade. Considerando que 
a lei não estabeleceu o que seria material com conteúdo de pedofilia de pequena 
quantidade, restou ao magistrado decidir isso diante do caso concreto. 
 Causa de exclusão da tipicidade. O fato é atípico, ou seja, não há crime 
se a posse ou armazenamento tem a finalidade de comunicar às autoridades 
competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 
241-C do ECA, quando a comunicação for feita em uma das seguintes situações: 
a) agente público no exercício de suas funções; b) membro de entidade, 
legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades institucionais, o 
recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes 
referidos; c) representante legal e funcionários responsáveis de provedor de 
acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento 
do material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou 
ao Poder Judiciário. Todavia, essas pessoas têm o dever de manter sigilo sobre 
esse material ilícito de pedofilia, sob pena de cometer o art. 241-A do ECA se 
ocorrer circulação ou movimentação indevida desse material. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: É o adolescente e a criança. 
 
Art. 241-C da Lei nº 8069/90: Simular a participação de criança ou 
adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de 
adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra 
forma de representação visual: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa (incluído pela Lei 11.829, 
de 2008). 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, 
disponibiliza, distribui, publica, divulga por qualquer meio, adquire, possui ou 
armazena o material produzido na forma do caput deste artigo (incluído pela 
Lei 11.829, de 2008). 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 35 
 
Elemento objetivo: Simular é fingir, encenar, imitar. De fato, a criança ou 
o adolescente não participa de cena de sexo explícito ou pornográfica, porém o 
agente simula (imita) essa participação por meio de adulteração, montagem ou 
modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual. 
A expressão cena de sexo explícito ou pornográfica compreende 
qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais 
explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou 
adolescente para fins primordialmente sexuais (art. 241-E do ECA). 
 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
 Pena: Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. É admissível a concessão de sursis 
processual (art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima não é superior a 1 
ano. 
 Figura equiparada. A pena também será de reclusão de 1 a 3 anos, e 
multa para quem vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga 
por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido com teor 
de pedofilia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de 
comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso: (Incluído pela 
Lei nº 11.829, de 2008) 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 
11.829, de 2008) 
 Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 
11.829, de 2008) 
 I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito 
ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso; (Incluído pela 
Lei nº 11.829, de 2008) 
 II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança 
a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita. (Incluído pela Lei 
nº 11.829, de 2008) 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 36 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: É a criança. Repare que esse tipo penal não incluiu o 
adolescente como vítima. 
Elemento objetivo: Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer 
meio de comunicação. São condutas ilícitas que representam meios empregados 
pelo agente para conseguir a prática de atos libidinosos com a criança. É um tipo 
penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado). 
Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, no 
mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, incorrerá 
num único delito. A mens legis é incriminar quem seduz, atrai criança a fim de 
que com ele pratique ato libidinoso. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
Exige-se ainda o especial fim de agir, qual seja, o agente deve visar a prática de 
ato libidinoso com criança. 
 Pena: Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. É admissível a concessão de sursis 
processual (art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima não é superior a 1 
ano. 
 Figura equiparada. A pena também será de reclusão de 1 a 3 anos, e 
multa para: a) quem facilitar ou induzir o acesso à criança de material contendo 
cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com elapraticar ato 
libidinoso; b) quem praticar as condutas de aliciar, assediar, instigar ou 
constranger, por qualquer meio, com o fim de induzi-la a exibir-se de forma 
pornográfica ou sexualmente explícita. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 242 da Lei nº 8069/90: Vender, fornecer ainda que gratuitamente 
ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou 
explosivo: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela 
Lei nº 10.764, de 12.11.2003) 
 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 37 
 
 OBS: Esse tipo penal representa a incriminação da violação ao previsto no 
art. 81, I, do ECA8. 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: É a criança ou o adolescente. 
Elemento objetivo: Vender significa trocar arma, munição ou explosivo por 
dinheiro ou algo de valor econômico. Fornecer é abastecer. Entregar é passar às 
mãos. É um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de 
conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no 
tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da 
alternatividade, incorrerá num único delito. A mens legis é impedir que criança 
ou adolescente tenham acesso a arma, munição ou explosivo. 
Conflito aparente de norma com o crime descrito no art. 16, § único, 
do Estatuto do Desarmamento. Dispõe o art. 16, § único, da Lei 10826/03: 
Nas mesmas penas incorre quem: V – vender, entregar ou fornecer, ainda que 
gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou 
adolescente. Inicialmente, vale destacar que o crime do Estatuto do 
Desarmamento, por ser posterior, derrogou o art. 242 do Estatuto da Criança e 
do Adolescente9, que continua aplicável a arma de outra natureza, que não seja 
de fogo. Exemplo: Armas brancas (espada, punhal, faca, martelo, etc.). 
 
(CESPE/Delegado de Polícia de Goiás/ 2017) Analise o item a 
seguir: Aquele que fornece a adolescente, ainda que 
gratuitamente, arma de fogo, acessório, ou munição de uso restrito 
ou proibido fica sujeito à sanção prevista no ECA, em decorrência do princípio da 
especialidade. 
 
 Comentário: O item está errado. A questão é resolvida pela sucessão de 
leis no tempo. Na espécie, a lei posterior (lei 10826/03) derroga (revoga 
parcialmente) o artigo 242 do ECA (lei anterior) para obstar a aplicação desse 
último diploma legal quanto à arma for de fogo. 
 
8 Art. 81 do ECA: É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: 
I – armas, munições e explosivos. 
9 Art. 242 do ECA: Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a 
criança ou adolescente arma, munição ou explosivo. 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 38 
 
 
Em resumo, o delito do art. 242 do ECA continua em vigor apenas para a 
hipótese de o agente vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de 
qualquer forma, a criança ou adolescente arma branca. 
Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
 Pena: Reclusão, de 3 a 6 anos. É inadmissível a concessão de sursis 
processual (art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima é superior a 1 ano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: É a criança ou o adolescente. 
Elemento objetivo: Vender significa trocar bebida alcoólica ou outros 
produtos que possam causar dependência física ou psíquica por dinheiro ou algo 
de valor econômico. Fornecer é abastecer. Servir é acolher o pedido. Ministrar é 
introduzir tal substância em organismo de outrem. Entregar é passar às mãos. É 
um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo 
variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, 
no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, 
incorrerá num único delito. A mens legis é impedir que criança ou adolescente 
tenham acesso a bebidas alcoólicas ou outros produtos que possam causar 
dependência física ou psíquica. 
Conflito aparente de norma com o crime de tráfico de drogas (art. 33 
da Lei 11343/06): Se o objeto material for substância entorpecente descrita 
Art. 243 da Lei nº 8069/90: Vender, fornecer, servir, ministrar ou 
entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a 
adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos 
componentes possam causar dependência física ou psíquica: (Redação dada 
pela Lei nº 13.106, de 2015) 
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não 
constitui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 39 
 
na Portaria nº 344/98 da ANVISA, o crime será o de tráfico de drogas, nos termos 
do art. 33 da Lei de Drogas. 
 OBS: Esse tipo penal revogou expressamente a contravenção penal de 
servir bebidas alcoólicas a menor de 18 anos (art. 63, I, da Lei de Contravenções 
Penais). 
 
 Questão: Por qual delito responde o agente que forneceu bebida alcoólica 
a criança que ingeriu tal líquido e morreu? 
 
 O agente responderá apenas pelo delito de homicídio (art. 121 do CP). 
Reparem que o crime em estudo adotou em seu preceito secundário o princípio 
da subsidiariedade expressa. 
 
 Elemento subjetivo: O tipo penal contempla apenas a modalidade dolosa. 
 Pena: Reclusão, de 2 a 4 anos. É inadmissível a concessão de sursis 
processual (art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima é superior a 1 ano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 OBS: Esse tipo penal representa a incriminação da violação ao previsto no 
art. 81, IV, do ECA10. 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
 
10 Art. 81 do ECA: É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: 
IV – fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam 
incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida. 
Art. 244 da Lei nº 8069/90: Vender, fornecer ainda que gratuitamente 
ou entregar, de qualquer forma, a criança ou a adolescente fogos de 
estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, 
sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização 
indevida. 
Pena - detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 12
Legislação Penal Especial p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
www.estrategiaconcursos.com.br
 
Aula 
 
 
 
 40 
 
Sujeito passivo: É a criança ou o adolescente. 
Elemento objetivo: Vender significa trocar fogos de estampido ou de 
artifício por dinheiro ou algo de valor econômico. Fornecer é abastecer. Entregar 
é passar às mãos. É um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla 
ou de conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta 
descrita no tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio 
da alternatividade, incorrerá num único delito. A mens legis é impedir que criança 
ou adolescente tenham acesso a fogos de estampido ou de artifício (exemplos: 
foguetes, rojões, bombinhas, etc.). 
 
Não há que se falar nesse delito se o objeto material (fogos de 
estampido ou de artifício) for de reduzido potencial ofensivo, ou seja, se 
o objeto material for incapaz de provocar danos físicos

Outros materiais