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1 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 Tutoria 2 – SÍNDROMES DEMENCIAIS E ALZHAIMER 1. MEMÓRIA: É a capacidade de adquirir, armazenar e recuperar informações que são relevantes. Se eventos passados não pudessem ser lembrados, seria impossível o desenvolvimento de linguagem, relacionamentos ou identidade pessoal. Áreas relacionadas com a memória: 1. Diencéfalo (corpo mamilar, trato mamilotalâmico e núcleos anteriores do tálamo). 2. Telencéfalo (lobo temporal, córtex cingular posterior, área pré-frontal dorsolateral e áreas de associação do neocórtex). *Lobo temporal: hipocampo, giro denteado, córtex entrorrinal e córtex parahipocampal. Tsien (2007, p.44-45) e colegas pesquisadores concentraram suas pesquisas sobre memória na região do hipocampo, com ênfase na região chamada CA1, que é importante na formação das lembranças de eventos e lugares. Esta região recebe dados de várias regiões do cérebro e sistemas sensoriais, isto influenciaria o tipo de informação um determinado clique codifica. O hipocampo recebe informações de diferentes partes do córtex e envia sua saída para diferentes partes do cérebro. A entrada vem de áreas sensoriais secundárias e terciárias que já processaram muito as informações. Danos no hipocampo também podem causar perda de memória e problemas com o armazenamento de memória. Obs. Memórias ao longo prazo não são armazenadas no hipocampo, apenas a de curto prazo. A memória é geralmente entendida como um sistema de processamento informacional, composto de um processador sensorial, memória de curto prazo (ou de trabalho) e memória de longo prazo. O processador sensorial permite que informações do mundo exterior sejam detectadas na forma de estímulos químicos e físicos e atendidas em vários níveis de foco e intenção. A memória de trabalho (ou curto prazo) serve como um processador de codificação e recuperação. As informações na forma de estímulos são codificadas pelo processador da memória de trabalho. A memória de trabalho também recupera informações de material armazenado anteriormente. 2 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 Finalmente, a função da memória de longo prazo é armazenar dados através de vários modelos ou sistemas categóricos. Em geral, quanto mais carregado emocionalmente um evento ou experiência, melhor é lembrado (associação com a amígdala) – esse fenômeno é conhecido como efeito de aprimoramento de memória. O estresse excessivo ou prolongado (com cortisol prolongado) pode prejudicar o armazenamento da memória. → FISIOLOGIA DA MEMÓRIA: MEMÓRIA SENSORIAL • Responsável pelo processamento inicial da informação ambientais (feita pelos sentidos). Estímulos sensoriais → sinapses → córtex cerebral → estimulo codificado → armazenado • A memória sensorial adquirida dura ente 0,1 a 0,5 segundos, passando disso são esquecidas. Para que essas informações sejam retidas elas precisam passa para a memória de curto prazo. MEMÓRIA DE CURTO PRAZO • Responsável pelo segundo processo: retenção da informação. • A memória de curto prazo contém as informações que você está pensando atualmente. Essa informação será rapidamente esquecida, a menos que você faz um esforço consciente para retê-la. • Esse processo de armazenamento é limitado e dura de 15 a 30 segundos. • Processar a informação para que seja encaminhada para o próximo estágio inclui o julgamento da informação, assim como, atividade mentais para mover as partes importantes para a memória de longo prazo. • Capacidade limitada: a memória de curto prazo consegue lembrar em torno de 7 itens MEMÓRIA DE LONGO PRAZO • Possui capacidade ilimitada de armazenamento. • A consolidação mínima do arquivo ocorre de 5 a 10 minutos e cerca de uma hora para consolidação forte. • Algumas informações podem ser perdidas fisiologicamente ao longo do tempo (passagem do tempo). • Existe dois tipos de memória de longo prazo: explicita e implícita Memória explícita/ declarativa: lembrada conscientemente. - Episódica: experiências e eventos da vida. - Semântica: conhecimento de fatos e conceitos do mundo. Exemplo do nome dos presidentes. Memória Implícita/ processual: lembrar sem acesso a consciência. Exemplo: anda de bicicleta. → FATORES QUE AFETAM A MEMÓRIA: ENVELHECIMENTO: Uma das principais preocupações dos idosos é a experiência de perda de memória, principalmente por ser um dos sintomas característicos da doença de Alzheimer. No entanto, a perda de memória é qualitativamente diferente no envelhecimento normal. A pesquisa revelou que o desempenho dos indivíduos em tarefas de memória que dependem de regiões frontais diminui com a idade. Os idosos tendem a 3 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 apresentar déficits em tarefas que envolvem conhecer a ordem temporal em que aprenderam informações; tarefas de memória de origem que exigem que elas se lembrem das circunstâncias ou do contexto específico em que aprenderam informações; e tarefas de memória em potencial que envolvam a lembrança de realizar um ato no futuro. Os adultos mais velhos podem gerenciar seus problemas com a memória em potencial usando agendas, por exemplo. Numerosos genes foram identificados com expressão reduzida após os 40 anos, e especialmente após os 70 anos. Os genes que desempenham papéis centrais na memória e na aprendizagem estavam entre os que apresentaram a redução mais significativa com a idade. ESTRESSE O estresse tem um efeito significativo na formação e aprendizado da memória. Em resposta a situações estressantes, o cérebro libera hormônios e neurotransmissores que afetam os processos de codificação da memória no hipocampo. Experiências de vida estressantes podem ser uma causa de perda de memória à medida que a pessoa envelhece. Os glicocorticóides liberados durante o estresse danificam os neurônios localizados na região hipocampal do cérebro. Experiências estressantes da vida também podem causar repressão das memórias, onde uma pessoa move uma memória insuportável para a mente inconsciente. Isso se relaciona diretamente a eventos traumáticos no passado, como sequestros, prisioneiros de guerra ou abuso sexual quando criança. DORMIR O sono afeta a consolidação da memória. Durante o sono, as conexões neurais no cérebro são fortalecidas. Isso melhora as habilidades do cérebro para estabilizar e reter memórias. A consolidação do sistema ocorre durante o sono de ondas lentas. Esse processo implica que as memórias são reativadas durante o sono, mas que o processo não aprimora todas as memórias. Isso também implica que mudanças qualitativas são feitas nas memórias quando elas são transferidas para um armazenamento prolongado durante o sono. Durante o sono, o hipocampo repete os eventos do dia pelo neocórtex. O neocórtex então revisa e processa memórias, que as movem para a memória de longo prazo. Quando não se dorme o suficiente, fica mais difícil aprender, pois essas conexões neurais não são tão fortes, resultando em uma menor taxa de retenção de memórias. Além disso, alguns estudos demonstraram que a privação do sono pode levar a falsas memórias, pois as memórias não são adequadamente transferidas para a memória de longo prazo. → PERDA DE MEMÓRIA O principal sintoma da amnésia é a perda de memória ou a incapacidade de formar novas memórias. Se você tiver amnésia, terá dificuldade em recordar fatos, eventos, locais ou detalhes específicos. Você ainda manterá suas habilidades motoras, como a capacidade de andar, bem como a fluência nos idiomas que fala. • Amnésia retrógrada: perde-se as memórias existentes, criadas anteriormente, mas a pessoa se lembra de coisas após o trauma. Esse tipo de amnésia tende a afetarprimeiro as memórias formadas recentemente, as mais antigas, como as da infância, geralmente são afetadas mais lentamente. Doenças como demência causam amnésia retrógrada gradual. • Amnésia anterógrada: não se consegue formar novas memórias. Este efeito pode ser temporário, por exemplo, você pode experimentar isso durante um blecaute causado por muito álcool. Também pode ser permanente. Ocorre quando a área do seu cérebro conhecida como hipocampo está danificada. • Amnésia transitória global: É uma forma de amnésia que dura um curto período de tempo e envolve a amnésia anterógrada acompanhada pela retrógrada. Este tipo de amnésia é causado por isquemia cerebral (redução temporária do suprimento sanguíneo). 4 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 2. DEMÊNCIAS: Corresponde a uma alteração do domínio cognitivo com prejuízo funcional para o portador. (declínio cognitivo + prejuízo funcional). Primeiro é preciso entender: • Domínios cognitivos: memória, orientação temporo-espacial, linguagem, função executiva, praxia (movimentos coordenados), velocidade de pensamento, conhecimento espacial. • Prejuízo funcional: o paciente não consegue realizar suas atividades sozinho. (falado melhor na parte do diagnóstico). → EPIDEMIOLOGIA: A incidência e prevalência dessa condição, é extremamente associada com a idade avançada e, com o aumento da expectativa de vida, mesmo em países em desenvolvimento. → TIPOS DE DEMÊNCIA: DEMÊNCIA POR CORPOS DE LEWY Sua característica anatomopatológica é a presença de corpos de Lewy com distribuição cortical, também podem ser encontrados na substancia negra, porém em menor intensidade que na doença de Parkinson. O quadro clínico consiste basicamente em: • Parkinsonismo; • Síndrome demencial; • Alucinações visuais e flutuação cognitiva. • Distúrbio comportamental do sono REM (reage ao sonho como se estivesse vivenciando). DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL Caracterizado por sintomas neuropsiquiátricos (mudança na personalidade, radicalismo, impulsividade) + síndrome demencial. Degeneração cerebral focal: lobo temporal e frontal. DEMÊNCIA VASCULAR Acomete pacientes com fatores de risco cerebrovasculares: HAS, diabetes, dislipidemia, obesidade e tabagismo. Demência pós-AVC é, possivelmente, a mais comum causa de demência vascular. Nesses casos, o paciente que está hígido, tem um AVC e apresenta um declínio cognitivo correspondente à área cerebral acometida. Esta demência pode se manifestar em até 6 meses após o AVC. Demência por múltiplos infartos é aquela onde o paciente apresenta uma instalação em degraus, perdendo a cognição com pioras bem demarcadas, pois em cada infarto ele perde a cognição do domínio cognitivo específico de onde o acometimento vascular ocorreu. → TRATAMENTO: O tratamento de quase todas as demências consiste num suporte multidisciplinar associado à terapia farmacológica. No entanto, os quadros com demência já instalada, costumam não apresentar boa resposta ao tratamento medicamentoso, sendo usado apenas para controle de sintomas. 3. DOENÇA DE ALZHEIMER: → EPIDEMIOLOGIA: A doença de Alzheimer é mais prevalente entre os indivíduos acima de 65 anos, sem relação aparente com diferença étnicas e raciais. → FATORES DE RISCO: • Portar o alelo APOE4 • Fatores de risco vasculares • Insônia, síndrome da apneia obstrutiva do sono • Traumatismo cranioencefálico • Depressão • Tabagismo, etilismo • Pouca atividade intelectual 5 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 → FISIOPATOLOGIA: Proteinopatia – causada pela deposição anormal de proteínas (B-amiloide) que leva a formação de placas amiloides. Essas proteínas levam a uma inflamação com morte das células nervosas e redução da sinapse e liberação de radicais livre. Proteína TAU – produzida em grande quantidade em cérebros normais e tem a função de estabilizar os microtúbulos dos neurônios. Na doença de Alzheimer a proteína é hiperfosforilada, formando emaranhados neurofibrilares. As placas amiloides e os emaranhados neurofibrilares tendem a se espalhar por todo o córtex do indivíduo de acordo com o avanço da doença de Alzheimer. Progressão: ESTÁGIOS INICIAIS ESTÁGIO DE LEVE A MODERADO ESTÁGIO GRAVE As placas se formam nas regiões envolvidas em aprendizado e memória. As placas se espalham para regiões envolvidas com a fala, compreensão, percepção de onde o corpo e os objetos ao redor estão. Perde a capacidade de se comunicar, reconhecer a famílias e de cuidar de si mesmo. → QUADRO CLÍNICO: • Perda da memória episódica – amnesia anterógrada • Orientação temporo-espacial (o dia, ano, hora, onde você está) • Linguagem – se expressar e compreender • Função executiva – planejar e executar uma função (cozinhar) • Praxia – ordenar os movimentos (abotoar camisa) • Redução da velocidade de pensamento • Função visuoespacial (se orientar na rua, encontrar os cômodos da casa). • Outros sintomas: o Depressão, apatia, irritabilidade. o Anosognosia - incapacidade de uma pessoa ter consciência de sua própria doença. o Alterações comportamentais (agressivo, impulsivo) o Agitação psicomotora – estágios finais da doença → DIAGNÓSTICO: Alterações cognitivas, comportamentais e funcionais + exclusão de outras causas. Avaliação de alterações cognitivas: • Mini exame do estado mental • Exame de imagem – ressonância magnética → TRATAMENTO: Não farmacológico: • Contato social • Atividades produtivas • Exercícios físicos • Recreação Farmacológicos: • Donepezila • Galantamina • Rivastigmina • Memantina • Tratamento de sintomas comportamentais
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