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Avaliação Nutricional . (Mayara Vianna de Menezes) ➢ Objetivo: identificar distúrbios nutricionais e auxiliar na conduta para recuperar/manter o estado de saúde. ➢ Divididos em métodos objetivos e subjetivos, que devem ser usados em conjunto para determinar o estado nutricional de forma mais precisa; Métodos objetivos Métodos subjetivos Antropometria Exame físico Composição corporal Avaliação global subjetiva Exames bioquímicos Inquéritos alimentares 1. ANTROPOMETRIA: Avalia a composição corporal e suas proporções, sendo um método objetivo direto (que identifica a manifestação orgânica). - Medidas mais utilizadas: peso, altura, pregas cutâneas (PCB, PCT, PCSE, PCSI) e circunferências do braço, cintura, quadril, abdome e panturrilha. PESO: somatório de todos os componentes corporais, sendo reflexo do equilíbrio energético do indivíduo. Possui algumas variações (tabela): (CUPPARI, 2019) ESTATURA: mede-se usando estadiômetro ou antropômetro. O indivíduo deve ficar em pé, descalço, com calcanhares juntos, costas retas e braços estendidos ao lado do corpo. Na impossibilidade de fazer dessa forma, existem métodos alternativos para estimativa: (CUPPARI, 2019) ★ ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC): Indicador simples de estado nutricional, obtido a partir da divisão: peso (kg) ÷ estatura (m)². Apesar de ser um indicador de estado nutricional, não é um bom parâmetro porque não distingue massa magra de gordura corporal. CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO (CB): soma das áreas do braço (tecido ósseo + muscular + gorduroso). Instrução: dobrar o braço num ângulo de 90° e tirar o ponto médio entre o acrômio (ombro) e o olécrano (cotovelo). Estender o braço ao longo do corpo e medir a circunferência do braço na altura do ponto marcado, evitando compressão ou folga da fita. - Faz-se a comparação com os valores de referência para localizar o percentil, ou o cálculo da adequação CIRCUNFERÊNCIA MUSCULAR DO BRAÇO (CMB): avalia a reserva muscular do braço, sem correção do tecido ósseo (exclui apenas gordura). O resultado é interpretado usando valores de referência, comparando com a Tabela 6.7 ou fazendo a adequação ÁREA MUSCULAR DO BRAÇO CORRIGIDA (AMBc): avalia a reserva muscular, removendo a área óssea. Parâmetro que reflete mais fielmente as alterações de tecido muscular. O resultado é interpretado usando valores de referência, comparando com a Tabela 6.7. ÁREA DE GORDURA DO BRAÇO (AGB): avalia a reserva de tecido adiposo O resultado é interpretado usando valores de referência, comparando com a Tabela 6.7 PREGAS CUTÂNEAS: a PCT é a mais utilizada, porque é utilizada para outros cálculos. O resultado é interpretado usando valores de referência, ou fazendo a adequação: ➢ Avaliação das pregas cutâneas deve ser feita com cuidado porque pode haver variabilidade intra e inter-avaliadores (necessidade de constante treinamento e padronização). ○ Não são utilizadas em situações de obesidade grave e edema. (CUPPARI, 2019) DISTRIBUIÇÃO DA GORDURA CORPORAL: a forma como a gordura está distribuída é mais importante do que a quantidade total para a predição de risco de determinadas patologias. Existem 2 padrões: - Androide (obesidade abdominal): tecido adiposo concentrado na região abdominal. Maior relação com desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas. Composta de gordura abdominal subcutânea e visceral (dependendo da predominância do tipo de gordura, classifica-se em obesidade abdominal subcutânea ou visceral) A visceral é de maior risco para a saúde porque apresenta mais alterações metabólicas, como produção estimulada de VLDL, glicogênese e redução na captação de glicose (resultado: hiperglicemia e hiperinsulinemia - risco para DM e aterosclerose). - Ginoide (obesidade inferior): tecido adiposo concentrado na região do glúteos, quadris e coxas. ● Circunferência da cintura (CC): possui correlação com IMC e é fator preditor de risco metabólico decorrentes da obesidade. A medição deve ser realizada no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca, no momento da expiração. ➢ A razão cintura-altura tem sido apontada como indicador de obesidade abdominal (divisão da CC pela altura). O ponto de corte é 0,5 (a CC deve ser menor que a metade da altura). (CUPPARI, 2019) ● Circunferência do quadril (CQ): deve ser medida na região de maior perímetro do quadril, entre a cintura e a coxa ★ RAZÃO CINTURA-QUADRIL (RCQ): indicador mais utilizado para identificar o tipo de distribuição da gordura. Valores >1 (homens) e >0,85 (mulheres) é fator de risco de doenças. Limitações da RCQ: influência da estrutura óssea pélvica, grau de obesidade, não distinguir gordura visceral ou subcutânea, necessidade da CQ. ● Diâmetro abdominal sagital (DAS): estima a gordura visceral. É simples e não invasivo. Princípio: a gordura visceral mantém o aumento do abdome na direção sagital (pra frente) enquanto a gordura subcutânea diminui a altura por conta da gravidade. Valores >20cm é considerado fator de risco para alterações metabólicas. ➢ Alterações no idoso: - perda de massa muscular e aumento do tecido adiposo (sarcopenia, quando associada a perda de força/função muscular) - redistribuição do tecido adiposo (diminui nos membros e aumenta no abdome - principalmente visceral) - redução da elasticidade e hidratação da pele, com redução do tamanho dos adipócitos. Uso da CB para avaliar reserva energético-proteica e CMB para avaliação da reserva muscular, usando a referência do NHANES III, e circunferência da panturrilha, que é um bom indicador de sarcopenia. Ponto de corte do IMC é maior devido à maior suscetibilidade a doenças, o que necessita maior reserva tecidual para evitar desnutrição. O uso do IMC + CC pode definir diagnóstico de obesidade no idoso. OBS: a estatura deve ser estimada quando houver problemas posturais (escoliose, arqueamento dos membros inferiores, cifose, etc). COMPOSIÇÃO CORPORAL: - Sua avaliação permite o diagnóstico de anormalidades nutricionais. Quando acompanhada, permite a avaliação de modificações e a identificação precoce de riscos relacionados a aumento ou redução da gordura corporal e massa muscular. Correlaciona-se o valor obtido do somatório das 4 pregas cutâneas com valores de referência, de acordo com idade e sexo. Valor de referência: até 25% (mulher) e até 30% (homem) do peso total. Para obter o valor da massa magra, basta subtrair a gordura corporal do peso total. 2. CONSUMO ALIMENTAR: Validade e reprodutibilidade dependem tanto da habilidade do investigador como da cooperação do investigado. A população-alvo e o tipo de informação que se deseja obter são fatores que devem ser considerados na escolha dos métodos. São classificados em retrospectivos e prospectivos. RETROSPECTIVOS: ● RECORDATÓRIO DE 24 HORAS: indivíduo recorda e descreve todos os alimentos e bebidas ingeridos no período de 24h. Uso de medidas caseiras para estimar quantidades. VANTAGENS DESVANTAGENS -Fácil e rápido de aplicar -Baixo custo -Quando realizado em série, fornece estimativas da ingestão usual -Não altera a dieta usual -Pode ser aplicado em grupos de baixa escolaridade -Pode ser usado para estimar o VET da dieta e ingestão de macros -Depende da memória -Requer treinamento do investigador para evitar indução -A ingestão pode ser atípica -Bebidas e lanches tendem a ser omitidos -Não fornece dados quantitativos precisos -Não reflete as diferenças entre ingestão do dia de semana e final de semana -Pode haver sub ou superestimação ➢ Insistir sem induzir principalmente na forma de preparo; não esquecer de questionar sobre bebidas alcoólicas, balas, doces, café, suplementos, consumo à noite, ser imparcial nas expressões. ● QUESTIONÁRIO DE FREQUÊNCIA ALIMENTAR: indivíduo registra ou descreve a ingestão usual, utilizando uma lista de alimentos e a sua frequência de consumo. Fornece informações qualitativas sobre o consumo alimentar. Quando háestimativa com uso de medidas caseiras, é chamado de Questionário de Frequência Alimentar Semiquantitativo. VANTAGENS DESVANTAGENS -Pode ser auto-administrado ou usado por outros profissionais -Baixo custo e rápido -Pode descrever padrões de ingestão alimentar -Gera resultados padronizados -Pode ser usado para estudar associação de alimentos/nutrientes específicos com alguma doença -Não fornece informações de quantidades -Não é possível saber a hora ou circunstância do consumo -Pode ocorrer subestimação porque pode faltar alimentos na lista -Análise fica difícil sem uso de computadores e programas especiais. ● HISTÓRIA DIETÉTICA: extensa entrevista para fornecimento de informações sobre os hábitos alimentares. Além das informações dos métodos anteriores, fornece informações sobre intolerâncias, aversões, preferências, apetite, número de refeições diárias, local e horário, atividade física, etc, tornando a avaliação mais completa. VANTAGENS DESVANTAGENS -Fornece descrição completa e detalhada da ingestão usual -Minimiza variações do dia -Requer nutricionista treinado -Depende da memória -Exige tempo PROSPECTIVOS: ● REGISTRO ALIMENTAR ESTIMADO: indivíduo registra, no momento do consumo, todos os alimentos e bebidas ingeridos em um período de dias (3 dias é o mais usado, incluindo um dia do fim de semana). VANTAGENS DESVANTAGENS -Não depende da memória -Maior acurácia e precisão -Identifica tipos de alimentos e preparações consumidos e o horário -Pode interferir no padrão alimentar -Requer tempo -Exige que o indivíduo saiba ler e escrever -Subestimação é comum -Alto nível de colaboração -Dificuldade para estimar quantidade ingerida ● REGISTRO ALIMENTAR PESADO: semelhante ao estimado mas o s alimentos são pesados, o que aumenta a acurácia das quantidades. No entanto, exige mais tempo e pode ser difícil de aplicar na rotina, além de poder haver subestimação. 3. EXAME FÍSICO: Utilizado para detectar sinais e sintomas que sejam associados à desnutrição, que não deve ser baseado apenas a esse método porque às vezes os sinais só aparecem quando a depleção já está grave. 4. AVALIAÇÃO GLOBAL SUBJETIVA (AGS): desenvolvida para avaliação de pacientes hospitalizados no pós-operatório, mas vem sendo utilizada em diversas condições. Baseia-se na história clínica e exame físico. Avalia: redução de peso nos últimos 6 meses, alterações na ingestão dietética, sintomas gastrintestinais (náuseas, vômitos, diarreia, anorexia), capacidade funcional, exame físico (perda de gordura subcutânea, perda muscular, presença de edema e ascite). Paciente é classificado como bem nutrido, em risco de desnutrição ou desnutrido grave. 5. PARÂMETROS BIOQUÍMICOS: auxiliam na avaliação do estado nutricional, pois alterações bioquímicas precoces aparecem antes de ocorrer lesões orgânicas e/ou celulares. ● PROTEÍNAS PLASMÁTICAS: bom índice de desnutrição proteico-energético, pois a redução pode indicar desnutrição na síntese hepática pela falta de substrato energético e proteico. Outros fatores, que não nutricionais, podem interferir: grau de hidratação, inflamação, infecções, hepatopatias, etc. ● ÍNDICE CREATININA-ALTURA (ICA): a dosagem de creatinina urinária de 24h tem correlação com o músculo esquelético, e pode ser usada para avaliar a massa muscular. Um ICA de 60-80% indica depleção moderada de massa muscular e valores <60% indicam depleção grave. ● AVALIAÇÃO DA COMPETÊNCIA IMUNOLÓGICA: mostra a relação entre imunidade e estado nutricional. À medida que a desnutrição progride, há depleção da imunidade celular e humoral. Uma alimentação inadequada pode levar a falta de substrato para produção das imunoglobulinas. A contagem total de linfócitos (CTL) é um dos métodos mais utilizados. A CTL mede as reservas imunológicas momentâneas. Interpretação do resultado: Depleção leve: 1200-2000/mm³ Depleção moderada: 800-1199/mm³ Depleção grave: <800/mm³ BALANÇO NITROGENADO: Após a determinação do estado nutricional e da conduta, é necessário que seja avaliado cada caso para ver se está havendo maior catabolismo ou anabolismo no organismo. A excreção urinária de nitrogênio pode ser usada para essa avaliação. É usado para avaliar se a reposição proteica está adequada. Quando N2 total diário excretado na urina juntamente com as perdas nitrogenadas que ocorrem na pele e fezes (cerca de 4g) é igual ao valor liberado no metabolismo proteico, esse indivíduo está em balanço neutro. Quando há maior ingestão do que excreção, significa que está em balanço positivo (anabolismo > catabolismo), o que pode ser visto no crescimento, gravidez e na formação de tecidos após lesões e cirurgias. E se a ingestão for menor, o catabolismo proteico está maior que o anabolismo (balanço negativo), que pode ser visto em situações de baixa ingestão de proteínas.
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