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FARMACOLOGIA DO SISTEMA ADRENÉRGICO Introdução A ativação do sistema nervoso simpático ou adrenérgico promove a liberação do neurotransmissor chamado noradrenalina. Os medicamentos do sistema adrenérgico são utilizados para modular diversas funções do sistema nervoso autônomo, como: ● Controle da pressão arterial (PA); ● Insuficiência cardíaca; ● Hipertrofia prostática; ● Reduzir risco de aborto (inibindo a contração); ● Controle de asma, bronquite e quadros anafiláticos; ● Tratamento para depressão; ● Emagrecimento. Agonistas adrenérgicos Um exemplo clássico de fármaco agonista adrenérgico é a adrenalina, muito utilizada na urgência/emergência dos hospitais quando o paciente está em um quadro de choque. A adrenalina exógena é conhecida por seu nome comercial epinefrina. A adrenalina endógena é um agonista de receptores α e β, dessa forma ela apresenta diversas funções como: ● Aumento da pressão; ● Estimulação do coração; ● Aumento da frequência cardíaca; ● Vasoconstrição e etc. Logo, sabendo de todos esses efeitos da ativação do sistema nervoso simpático, é possível prever as ações dos medicamentos adrenérgicos. A musculatura lisa, exceto do trato gastrointestinal, contraem-se em resposta à estimulação dos receptores α1-adrenérgicos, e relaxam em resposta à estimulação de receptores β-adrenérgicos. Uso terapêutico dos fármacos dessa classe 1. Prolongar a ação de anestésico local: a adrenalina/epinefrina pode ser usada como hemostática e vasoconstritora durante uma cirurgia dentista. Os dentistas geralmente usam a anestesia associada a um vasoconstritor como a xilocaína (nome comercial) ou lidocaína associada a epinefrina, porque caso seja uma cirurgia demorada, quando a anestesia é associada com vasoconstritor, existem dois benefícios: a adrenalina (vasoconstritor) mantém o anestésico no local por um tempo maior porque ele faz vasoconstrição (diminuindo o fluxo de escoamento no processo de absorção) e, além disso, a epinefrina diminui a passagem do sangue uma vez que diminui o calibre dos vasos, logo ela funciona como hemostático e vasoconstritor prolongando a ação do anestésico. 2. Choque cardiogênico: nesse caso, quando o coração está parando, é necessário administrar adrenalina/epinefrina diluída, na forma de infusão contínua. A administração da adrenalina direto na corrente sanguínea provoca vasoconstrição generalizada e taquicardia, podendo levar até a morte do paciente. Dessa forma, em caso de choque cardiogênico, é necessário realizar uma infusão de adrenalina para que não se tenha uma vasoconstrição generalizada e taquicardia. 3. Choque anafilático/crise asmática: nesses dois casos tem broncoconstrição podendo matar o paciente por asfixia. Logo, nesses quadros é feita a infusão com adrenalina diluída porque ela faz broncodilatação. 4. Parada cardíaca: pode ser feito infusão ou injeção diluída diretamente no coração: intracardíaca, obtendo uma ação direta no local sem uma ação sistêmica pronunciada. Seletividade aos receptores adrenérgicos Tanto a noradrenalina quanto a adrenalina apresentam as mesmas funções, entretanto a diferença entre as duas está relacionada com a estrutura molecular. Essa pequena modificação molecular promove certa seletividade dos receptores adrenérgicos. ● Receptores α1 e α2: a noradrenalina é mais seletiva para esses receptores do que a adrenalina, ou seja, a noradrenalina possui mais pontos de encaixe com esses receptores que a adrenalina. Com isso, é necessário uma menor quantidade de noradrenalina para agir nesses receptores quando comparado com a adrenalina; ● Receptor β1: este receptor está presente em diversos tecidos, no coração e nos rins. Nesses dois locais a ativação do receptor β1 é igual para adrenalina e para noradrenalina. ● Receptor β2 e α2: estes receptores estão presentes principalmente no pulmão e nos vasos. Nesses dois locais de ativação dos receptores β2 e α2, a adrenalina é muito melhor na ativação do que a noradrenalina. Tanto é que no quadro de crise anafilática ou asma, é usado a adrenalina porque a seletividade da adrenalina é bem maior para esse receptor do que a noradrenalina. ● Receptor β3: a adrenalina também é mais seletiva que NOR. OBS: Tanto a adrenalina quanto a noradrenalina atua em todos os receptores adrenérgicos, porém com uma seletividade diferente. Isso é importante porque modifica a dose dessas substâncias uma vez que uma delas tem maior afinidade por certos receptores e consequentemente, a potência das duas substâncias é diferente. 1. Agonistas diretos A seletividade dos medicamentos a um determinado receptor é vantajosa quando se tem o objetivo de solucionar um problema específico. Ex: O paciente está com uma crise asmática, tem-se duas opções de tratamento, a primeira é usar a adrenalina (agonista adrenérgico não seletivo) e a segunda é o usar a isoprenalina (agonista β1 e β2). Neste caso, o ideal é escolher a isoprenalina porque o objetivo é promover broncodilatação com o mínimo de efeito colateral. Dessa forma, é necessário avaliar qual o medicamento mais seletivo para aquele receptor que precisa ser ativado. Nos quadros de choque anafilático, onde se tem broncoconstrição, vasodilatação e edema de glote, é melhor escolher a adrenalina porque esta promove broncodilatação, vasoconstrição e diminuição de edema. Enquanto que a isoprenalina promoveria apenas a broncodilatação. A dopamina faz parte da cadeia de síntese da noradrenalina e da adrenalina, dessa forma, a mesma dopamina ativa os próprios receptores dopaminérgicos e os receptores adrenérgico, principalmente beta-1. Por isso nos carrinhos de emergência/urgência têm noradrenalina, dopamina, adrenalina e dobutamina. Essas 4 drogas são consideradas drogas de ressuscitação, ou seja, quando o paciente está em choque, elas ativam o sistema nervoso simpático aumentando o batimento cardíaco, a força de contração e a vasoconstrição, com o intuito de tirar o paciente do choque e aumentar a sobrevida do paciente. Então, a dopamina ativa esses receptores, principalmente beta-1, aumentando a frequência cardíaca e a força de contração e promovendo a síntese de noradrenalina e adrenalina. A dobutamina é uma droga sintética muito indicada em caso de parada cardíaca, uma vez que é uma substância agonista beta-1, dessa forma não altera a pressão arterial do paciente. Se o paciente está com parada cardíaca e a PA inalterada, ele pode receber uma injeção intracardíaca de dobutamina porque essa droga no coração ativa receptor beta-1 aumentando a frequência e a força de contração, então é muito usado para parada cardíaca. Dessa forma, administrando dobutamina no paciente tem-se menor ocorrência de efeitos colaterais quando comparado com a utilização de adrenalina, noradrenalina e até mesmo de dopamina nos outros receptores que não são importantes no momento. Salbutamol e terbutalina são substâncias agonistas beta-2. Estão presentes em xaropes para tratamento de bronquite ou problemas respiratórios e muitas pessoas usam na forma de bombinhas para crise asmática. Quando a pessoa tem uma crise asmática a sensação é de sufocamento/asfixia,dessa forma usa-se a bombinha contendo esses compostos agonistas beta-2 que agem no pulmão promovendo broncodilatação e, consequentemente, proporcionando o alívio do quadro. Na bula ou prescrição do médico é recomendado bombear três vezes para resolver a crise asmática, porém muitas vezes no momento da crise acaba bombeando mais vezes, promovendo “batedeira” (o coração dispara). Isso ocorre porque o medicamento é um agonista beta-2 em dose terapêutica, à medida que sobe a dose tem-se a perda da seletividade. Dessa forma, esses fármacos além de ativar beta-2, ativam também beta-1 que está presente no coração, promovendo aumento da força de contração e frequência cardíaca, ocasionando a taquicardia. OBS: Logo, é importante lembrar que qualquer droga seletiva é em dose terapêutica, quando passa dessa dose ela perde a seletividade e ativa outros receptores. O salbutamol também é utilizado quando a gestante está em risco de perder o feto devido a contração do útero (colabora para a expulsão do feto). Nesse caso, esse fármaco não está sendo utilizado como broncodilatador, mas sim porque a musculatura do útero é rica em receptor beta-2 e, este, quando ativado promove o relaxamento da musculatura lisa do útero, diminuindo o risco do aborto. A clonidina é uma agonista alfa-2 que pode ser usada como um anti-hipertensivo. O único jeito de uma substância agonista, que ativa o receptor adrenérgico, diminuir sua pressão, é ativar o receptor agonista alfa-2. Esse receptor alfa-2 está presente no neurônio pré-sináptico. Quando este receptor é ativado, diminui a liberação de noradrenalina responsável por elevar a PA via receptores alfa-1 nos vasos (vasoconstrição) e via receptor beta-1 nos rins (adrenalina). Dessa forma, a clonidina é um medicamento sintético que ativa o receptor alfa-2 e manda um sinal para dentro da terminação para inibir a liberação de noradrenalina, gerando uma ação anti-hipertensiva. É importante ter em mente que a clonidina é um agonista com ação antagonista de efeito (diminuir a pressão arterial). O metildopa (aldomet) é um medicamento anti-hipertensivo de 1º escolha para gestantes, isso porque a estrutura desse fármaco é reconhecida pelo organismo devido a presença da “DOPA” e, portanto, é considerada mais parecida com a substância biológica, apresentando menos efeitos deletérios para o feto. Dessa forma, a metildopa entra na cascata de formação de neurotransmissores: metildopa, metildopamina, metilnoradrenalina e metil adrenalina. A metilnoradrenalina e metil adrenalina são substâncias que funcionam como agonistas parciais dos receptores adrenérgicos (menor ativação). Enquanto a metilnoradrenalina e metil adrenalina estiverem ativando os receptores adrenérgicos (capacidade de ativação inferior), a noradrenalina e a adrenalina da gestante não consegue se ligar nesses receptores, promovendo o efeito anti-hipertensivo. A metildopa também consegue ativar o receptor alfa-2, igual a clonidina, diminuindo noradrenalina. A etilefrina (efortil) é um agonista alfa-1, beta-1 e beta-2 com alta seletividade. É muito utilizado para o tratamento da hipotensão ortostática associada com sintomas como tonturas, sensação de fraqueza e desmaios. O seu mecanismo de ação consiste na ativação dos receptores alfa-1 dos vasos, promovendo vasoconstrição e elevando a pressão arterial. Além disso, promove a ativação dos receptores beta-1 nos rins (estimulando a liberação de renina e, consequentemente, liberação da angiotensina II, promovendo vasoconstrição) e promove aumento da atividade cardíaca via receptores beta-1. A maioria dos agonistas alfa-1 são utilizados como medicamentos antigripais e encontram-se em associação com analgésico, anti-histamínico para alergia, AAS, cafeína e fenilefrina. Os agonistas alfa-1 atuam nos vasos sanguíneos promovendo a vasoconstrição. Na mucosa nasal, eles atuam promovendo a vasoconstrição na região edematosa e, consequentemente, promovendo o descongestionamento nasal e diminuindo a permeabilidade. OBS: a fenilefrina é um agonista alfa-1 muito utilizada em casos de resfriados e gripes devido ao seu efeito de descongestionante nasal. Entretanto, o seu uso é contraindicado para pacientes com hiperplasia prostática benigna uma vez que ela interfere com o hábito urinário do paciente. Isso ocorre porque a fenilefrina atua nos receptores alfa-1 adrenérgicos (presentes em grande quantidade no tecido prostático) promovendo vasoconstrição, aumentando a resistência uretral e piorando a obstrução urinária. 2. Agonista indireto A tiramina é um aminoácido considerado agonista adrenérgico indireto uma vez que ela entra, no lugar da tirosina, na cascata de formação do neurotransmissor simpático, promovendo aumento da liberação de noradrenalina no organismo. A tiramina é uma substância presente em noite de “queijos e vinhos”. Produtos como queijo e vinho são ricos em tiramina, com isso tem-se o aumento da oferta de tiramina e, consequentemente aumento da cascata de produção de noradrenalina. Se, numa noite de queijos e vinhos, o indivíduo não é hipertenso, sua pressão vai ter uma pequena variação. Agora, se o indivíduo é hipertenso e, principalmente, não controlado, pode ocasionar uma crise hipertensiva gerando até um quadro de AVC (acidente vascular cerebral). OBS: quando o paciente está tomando antidepressivo e é hipertenso, deve-se se tomar cuidado se o antidepressivo utilizado for da classe dos iMAOs (a monoamina oxidase -MAO- é uma enzima presente dentro da terminação nervosa e responsável por degradar as catecolaminas). A MAO também está presente no intestino, dessa forma, quando o paciente ingere esses alimentos ricos em tiramina, uma parte desta tiramina é degradada pela MAO do intestino e a MAO dentro da terminação nervosa do sistema nervoso destrói uma outra parte. O problema é quando o paciente é hipertenso e depressivo e toma um antidepressivo que é inibidor dessa enzima, com isso, a MAO do intestino e a do SNC e SNA apresenta-se inibida. Logo, se o paciente tem uma noite de queijos e vinhos, aumenta a oferta de tiramina e, consequentemente, aumenta a síntese de noradrenalina e diminuição de sua degradação. O aumento de NOR provoca a ocorrência de uma crise hipertensiva e pode causar até um AVC, levando à morte. A anfetamina também é considerada um agonista de ação indireta uma vez que promove a inibição (bloqueio) da recaptação de noradrenalina, aumentando a oferta de NOR na fenda sináptica. A anfetamina era muito utilizada como: ● Medicamento para emagrecer de forma rápida e eram conhecidos como anorexígenos (tiram o apetite). Esses anfetamínicos atuam aumentando a oferta de NOR e Dopamina no SNC e, perifericamente, aumentando a oferta de adrenalina. Esses medicamentos promovem o bloqueio da recaptação de NOR, aumentando a concentração na fenda sináptica e essa NOR age no SNC e inibe o centro da fome, por isso promovem o emagrecimento. Porém essa mesma noradrenalina, pode causar irritação, nervosismo, agitação, stress e agressividade. ● Somado a isso, a pessoa fica mais apta a fazerexercício físico devido o aumento da capacidade respiratória (causada pela broncodilatação) e aumento do aporte sanguíneo na musculatura esquelética. ● A anfetamina também promove o aumento da atenção e cognição (captação das informações de uma maneira mais rápida por aumento das sinapses e liberação dos neurotransmissores adrenérgicos). OBS: Pessoas com problemas cardíacos, pós-AVC e pós-infarto são contraindicado o uso desses fármacos uma vez que podem provocar taquicardia, vasoconstrição levando a hemorragias ou isquemia. O uso desses fármacos podem provocar dependência psicológica e o uso indiscriminado pode levar a óbito. O metilfenidato, conhecido como Ritalina, é uma substância utilizada para tratamento do transtorno de déficit de atenção com ou sem hiperatividade (TDAH). Esse fármaco também é responsável por inibir o centro da fome, porém não é utilizada como remédio para emagrecer uma vez que a sua ação principal é o tratamento do déficit de atenção. Esse fármaco promove a inibição da recaptação de NOR e dopamina na fenda sináptica, com isso tem-se o aumento da noradrenalina e dopamina em determinadas regiões do SNC, promovendo o aumento do foco e concentração. Um dos efeitos colaterais/periféricos é a agitação, porém o foco é melhorar a capacidade cognitiva e motora. OBS: A ritalina não deve ser usada para não dormir, como muitos universitários fazem, uma vez que tem que levar em consideração o gasto energético do organismo. Associar um medicamento dessa classe a bebida alcoólica é como se fosse uma overdose de cocaína com bebida, isso porque a cocaína também bloqueia a captação de NOR aumentando este neurotransmissor na fenda sináptica e o álcool potencializa uma determinada resposta, levando a óbito. De modo geral, esses medicamentos podem provocar diversos efeitos colaterais, devido o aumento da atividade simpática de forma generalizada, como: ● Agitação; ● Desmaios; ● Convulsões; ● Hipertensão; ● AVC; ● Comportamento agressivo; ● Comportamento suicida; ● TOC motor; ● Elevação do humor; ● Maior energia e lucidez; ● Sensação de menor apetite; ● Depressão; ● Insônia; ● Diminuição da fadiga; ● Aumento da ansiedade; ● Alucinações e ilusões. Isso tudo devido ao excesso de excitabilidade neuronal devido ao acúmulo de NOR e/ou Dopamina, que são substâncias que ativaram seu sistema nervoso central e periférico. 3. Agonistas de ação mista Esses fármacos atuam tanto na ativação dos receptores adrenérgicos alfa e beta, como estimulam a liberação de mais NOR. A efedrina é um clássico exemplo de fármaco de ação mista, porém foi retirada do mercado. Alguns medicamentos antigripais contendo efedrina foram retirados do mercado uma vez que a efedrina é um agonista de ação mista, ou seja, ela ativa os receptores alfa-1 nos vasos promovendo a vasoconstrição e, além disso, aumenta a liberação de noradrenalina provocando taquicardia. Somado a isso, ela atravessa a barreira hematoencefálica e pode estimular o SNC. Dessa forma diminuiu a utilização deste medicamento, uma vez que se tem no mercado medicamentos que são mais específicos em cima do receptor que se deseja atuar, diminuindo efeitos colaterais. Antagonistas adrenérgicos Esses fármacos também são chamados de bloqueadores adrenérgicos ou simpatolíticos. Esses fármacos são responsáveis por bloquear/inibir um determinado efeito. Um exemplo de uso desses fármacos é devido ao efeito anti-hipertensivo (bloqueia a vasoconstrição) e outros efeitos. Os antagonistas são classificados em: 1. Antagonista alfa-adrenérgico Os fármacos alfa-adrenérgicos podem ser utilizados para diversas situações como: ● Controle da Hipertensão Arterial: os mais utilizados são os antagonistas seletivos alfa 1, uma vez que promovem o bloqueio da vasoconstrição. Exemplos de fármacos dessa classe são a prazosina, doxazosina e terazosina. Os antagonistas não seletivos (bloqueia alfa 1 e 2) bloqueiam o alfa 2 e, consequentemente, aumenta a liberação de NOR (uma vez que a NOR se liga nesse receptor, ativando-o e diminuindo a liberação de mais NOR na fenda sináptica). Dessa forma, quando se usa um medicamento antagonista não seletivo pode promover o aumento de NOR e, consequentemente, essa NOR pode deslocar o antagonista que está bloqueando o receptor alfa 1 e com isso a pressão arterial do indivíduo se eleva. Por isso os antagonistas seletivos alfa 1 são mais utilizados para o controle da PA por inibir a vasoconstrição. ● Inibição do crescimento da próstata: além do antagonista alfa 1 promover a vasoconstrição e diminuir a PA, ele também é usado para impedir o crescimento da próstata. Isso porque a noradrenalina, via receptor alfa 1, induz a síntese de fatores de crescimento prostáticos e a pessoa tem hiperplasia (geralmente homens de idade elevada). Então, é muito comum o médico prescrever antagonista de alfa 1 porque bloqueando esse receptor, a NOR não induz a formação de fatores de crescimento para o aumento da próstata. Exemplo de fármaco é a tansulosina. A Fentolamina e a fenoxibenzamina são fármacos antagonistas não seletivos do receptor alfa. A fenoxibenzamina é utilizada em casos de Feocromocitoma (tumor de adrenal). A Feocromocitoma é um tumor que gera uma alta quantidade de formação de adrenalina, tendo-se uma hiperativação via sistema nervoso simpático. Com isso, pode-se utilizar a fenoxibenzamina para inibição da atividade simpática de forma generalizada. A fentolamina é muito utilizada em casos de disfunção erétil via bloqueio alfa-1 nos vasos sanguíneos penianos. 2. Antagonistas beta-adrenérgicos Os bloqueadores beta-adrenérgicos também são muito utilizados para o controle da pressão arterial. Existem diversos fármacos antagonistas beta-adrenérgicos seletivos e não seletivos. Dentre os antagonistas beta não seletivos, o mais comum é o propranolol. E, dentre os antagonistas beta 1 seletivos, os mais comuns são o atenolol e metoprolol. O Propranolol é um fármaco beta-bloqueador não seletivos utilizado para: ● Tratamento de hipertensão arterial (anti-hipertensivo): pode ser utilizado para o tratamento da HA em indivíduos hipertensos e sem nenhum problema respiratório. Esse propranolol é um anti-hipertensivo porque ele atua em receptores beta-1 dos rins. A adrenalina e noradrenalina ativa receptores beta-1 nas células renais e essa ativação gera um segundo mensageiro na célula, promovendo a síntese de uma proteína chamada renina. A renina é uma enzima que converte angiotensinogênio em angiotensina 1. E esta, é convertida pela ECA (enzima conversora de angiotensina) em angiotensina 2. Essa angiotensina 2 é muito vasoconstritora, sendo mais potente que noradrenalina. Dessa forma, o propranolol é utilizado para controlar pressão arterial uma vez que bloqueia os receptores beta 1 dos rins, diminuindo a síntese de renina e, consequentemente a liberação de angiotensina 2, promovendo o efeito anti-hipertensivo. ● Tratamento de arritmias (antiarrítmico): o propranolol bloqueia receptores beta-1 no coração, diminuindo a frequência cardíaca. ● Pós-infarto do miocárdio; ● Insuficiência cardíaca: diminuia frequência e cardiotônico; ● Redução da ansiedade (controle de tremor, taquicardia, sudorese): esses sinais/sintomas são desencadeados por ativação simpática via receptor beta 1. Então quando o indivíduo está nervoso/ansioso com algo, ocorre a manifestação desses começa sinais/sintomas. Nesses casos, há indicação do uso de propranolol ou até mesmo atenolol para diminuir esses efeitos; ● Profilaxia de enxaqueca: a enxaqueca pode ocorrer por diversos motivos e causas e seu tratamento exige uma especificidade. O uso do propranolol é muito útil em casos de enxaquecas desencadeado depois de situações estressantes. Dessa forma, se o indivíduo sabe previamente que irá passar por uma situação estressante, pode usar o propranolol para controlar a enxaqueca de forma profilática. Isso porque quando se está em uma situação de estresse, tem-se a liberação de noradrenalina e essa NOR faz uma vasodilatação via receptor beta 2 promovendo uma oxigenação tecidual para ter o raciocínio rápido para agir. Porém, essa vasodilatação as comprime terminações nervosas neuronais adjacentes, provocando uma dor de cabeça latejante. Dessa forma, o uso do propranolol de forma profilática bloqueia os receptores beta-2 na rede vascular do SNC e, quando o indivíduo for submetido a uma situação estressante, esses receptores estarão bloqueados, desta forma não terá essa vasodilatação e consequentemente não terá a dor de cabeça, uma vez que não comprime as terminações nervosas adjacentes. O Atenolol e Metoprolol são fármacos beta-bloqueadores seletivos para beta-1. São muito indicados para o tratamento de controle da pressão arterial em pacientes asmáticos ou com problemas respiratórios, uma vez que não bloqueiam os receptores beta-2 presentes nos pulmões, não comprometendo a broncodilatação. O mecanismo de ação é o mesmo do propranolol, ou seja, diminuindo a síntese de renina e, consequentemente, a liberação de angiotensina 2, promovendo o efeito anti-hipertensivo. OBS: A complicação de utilizar o propranolol em indivíduos que são hipertensos e asmáticos consiste no fato de: se o indivíduo fizer uso de propranolol e for exposto a algum fator que desencadeia uma crise asmática, os seus receptores beta 2 dos pulmões estarão bloqueados por este fármaco e então, tem-se uma piora da crise uma vez que a adrenalina não consegue se ligar e ativar esse receptor, causando broncodilatação. Por isso é recomendado o uso de atenolol, uma vez este é seletico para receptores beta-1 e, com isso, os receptores beta-2 dos pulmões ficam livres e não tem-se o comprometimento da broncodilatação.
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