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ATIVIDADE PRÁTICAS COMERCIAIS E PROTEÇÃO CONTRATUAL (1)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – UFCG 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS – CCJS 
UNIDADE ACADÊMICA DE DIREITO 
 
Aluna: Carla Weini Cerqueira Leite 
Disciplina: Direito do Consumidor 
 
ATIVIDADE – PRÁTICAS COMERCIAIS E PROTEÇÃO CONTRATUAL 
 
QUESTÃO 1: 
João, casado, comprou uma joia para uma amante com um cheque sem fundos. A 
joalheria, depois de ligar várias vezes para João, mas sem conseguir localizá-lo, enviou, 
no mesmo dia, 5 cartas para a casa dele, cobrando o valor da joia. As cartas vieram num 
envelope liso, branco, sem indicação de remetentes, contendo apenas um adesivo vermelho 
dizendo "urgente". Curiosa, a esposa de João abriu a carta e descobriu tudo. Diante desse 
contexto, pergunta-se: 
a. Trata-se de cobrança abusiva? Explique. 
O direito brasileiro não aceita nenhum tipo de ato ou conduta que seja praticada em 
abusividade. Por mais que haja o direito subjetivo garantido por alguma norma, ele tem que ser 
exercido dentro dos limites que a lei lhe permite exercer. Desse modo, as práticas abusivas se 
caracterizam justamente pelo abuso de direito, resultado do excesso de exercício de um direito, 
capaz de causar dano a outrem. 
Sendo assim, por mais que a cobrança fosse justificada, foi sim abusiva, tendo em vista 
o excesso de correspondências enviadas. Conforme o art. 42 do CDC: “Na cobrança de débitos, 
o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de 
constrangimento ou ameaça”. Também afirma o art. 71 do mesmo Código: “Utilizar, na 
cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas 
incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, 
injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer – Pena: Detenção 
de três meses a um ano e multa.” 
Isto posto, resta configurada a abusividade da cobrança, uma vez que o credor tornou a 
dívida conhecida para outra pessoa além do devedor, expondo-o ao ridículo e gerando 
constrangimento. 
b. João poderia ingressar com ação contra a joalheria pleiteando danos morais, já 
que sua esposa pediu, além da separação, uma joia igual? 
Na cobrança o consumidor inadimplente foi exposto ao ridículo e constrangido. Dessa 
forma, não há dúvidas de que houve dano moral configurado. 
c. A loja tem como eximir-se? 
Neste caso em questão a loja não teria como eximir-se, posto que resta caracterizada a 
cobrança vexatória. 
 
QUESTÃO 2: 
João ajuizou ação de indenização em face da Cia. de Seguros "X" em razão de furto de 
seu veículo. A seguradora nega-se a pagar a indenização sob o argumento de que a apólice 
não cobre furto simples, mas somente qualificado. Nesses termos, responda: 
a. A cláusula que exclui a cobertura de furto simples é abusiva? Fundamente. 
Prevalece em nosso ordenamento jurídico o posicionamento do STJ, que entende ser 
sim abusiva a cláusula de seguro que exclui cobertura por furto simples. É pacífico o 
entendimento de que, à luz do CDC, não basta que as informações relevantes sobre o serviço 
sejam transmitidas ao consumidor; é necessário garantir que elas também sejam transmitidas 
de forma clara e eficiente. 
É importante lembrar que a maioria dos consumidores que firmam contratos pré-
redigidos acabam por fazê-los sem possuir conhecimento preciso dos termos do contrato e/ou 
sem condições avaliar as cláusulas com cautela. 
Desse modo, resta clara a abusividade da clausula securitária que garante a proteção do 
bem apenas contra furto qualificado, sem esclarecer o seu significado e alcance, diferenciando-
o do furto simples, por falha do dever geral de informação da seguradora. 
b. É caso de nulidade da cláusula ou se pode pleitear sua modificação com base no 
art. 6º, V, do CDC? 
Sendo a cláusula nula de pleno direito, resta possível o uso do direito de modificação do 
contrato conforme o CDC. Afinal, de acordo com o art. 51, §2º: “A nulidade de uma cláusula 
contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços 
de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes”. 
c. A quem cabe o ônus da prova quanto ao tipo de furto? 
No processo civil, em regra, o ônus da prova é de quem alega. Todavia, nas relações 
consumeristas, o CDC garante a favor do consumidor, nos termos do art. 6º, inciso VIII: “a 
facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, 
no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele 
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências”. 
A verossimilhança das alegações é aparência da verdade, não exigindo sua certeza. Já a 
hipossuficiência é examinada através da capacidade técnica e informativa do consumidor, de 
suas deficiências neste campo para litigar com o fornecedor que por sua condição é detentor 
das técnicas. 
Sendo assim, no caso em tela, resta claro a aparência de verdade da alegação do 
consumidor e sua hipossuficiência. Nesses termos, haverá a inversão e o ônus da prova recairá 
para a seguradora.

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