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UFPA – UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ ESPECIALIZAÇÃO EM ENG. DE MANUTENÇÃO INDUSTRIAL GILBERTO NOBUMASA, SALOMÃO SENA, SAMIR BIRANI, GEORGE LIMA, PEDRO GOMES ANÁLISE DE CONFIABILIDADE, UMA APLICAÇÃO PRÁTICA AS CORREIAS DE HIDRATO DA ÁREA 48B DE UMA REFINARIA DE ALUMINA BELÉM - PA MARÇO/2017 UFPA – UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ ESPECIALIZAÇÃO EM ENG. DE MANUTENÇÃO INDUSTRIAL GILBERTO NOBUMASA, SALOMÃO SENA, SAMIR BIRANI, GEORGE LIMA, PEDRO GOMES ANÁLISE DE CONFIABILIDADE, UMA APLICAÇÃO PRÁTICA AS CORREIAS DE HIDRATO DA ÁREA 48B DE UMA REFINARIA DE ALUMINA Artigo apresentado à Universidade Federal do Pará - UFPA, como trabalho avaliativo para a obtenção de nota a disciplina de Confiabilidade no Curso de Pós - Graduação em Eng. de Manutenção Industrial. BELÉM - PA MARÇO/2017 1 RESUMO Este trabalho apresenta uma aplicação do estudo de Confiabilidade através da análise de dados e geração das curvas R(t), F(t), f(t) e h(t), contemplando seu uso na base operacional da área de filtragem de hidrato de uma refinaria de alumina. Nele, busca-se dimensionar o grau de confiabilidade dos transportadores de correia do sistema de filtragem de hidrato. Para isso, elabora-se gráficos de Paretos para cada transportador, identificando as principais falhas ocorridas ao longo de 3 anos, sendo elas: rasgo de correia e falha no redutor de velocidade. O estudo de confiabilidade das correias transportadoras e redutores foram realizados através do software ProConf 2000. Obtém-se como resultado a garantia de 17% de confiabilidade para 500 horas de funcionamento do transportador de correia, foi verificado também que a maioria das falhas se dá no período de mortalidade infantil, devido principalmente falhas de montagem das correias. Palavras-chaves: confiabilidade, refinaria de alumina, Software ProConf2000 2 1 INTRODUÇÃO Diante do avanço tecnológico acelerado, demandas crescentes por bens duráveis e não duráveis de qualidade e baixo custo, globalização e crises econômicas. Manter-se competitivo no mercado exige traçar estratégias bem definidas e ousadas, buscando-se sempre a melhoria contínua dos processos. Exigindo mais do que nunca que o setor de manutenção seja tradado de forma estratégica, buscando-se sempre a aplicação de técnicas consideradas de classe mundial para se obter alta confiabilidade e disponibilidade da planta, com o menor custo de produção possível. Para minimizar os custos da não eficácia, os departamentos de manutenção, nas empresas de classe mundial, buscam a melhoria continua dos seus serviços simplesmente aplicando as melhores práticas conhecidas de gerenciamento da manutenção, dentre as quais o RCM é de grande relevância (NASCIF, 2000). Segundo a NBR 5462 (1994), confiabilidade é a capacidade de um item desempenhar uma função requerida sob condições especificadas, durante um dado intervalo de tempo, diante desse contexto objetiva-se calcular a confiabilidade dos transportadores de correias da área de filtração de semente fina e grossa de uma refinaria de alumina, por se tratar de uma área estratégica para empresa, uma vez que é responsável por garantir a produtividade e qualidade do produto. 2 CENÁRIO O processo de refino da alumina é complexo e leva uma série de etapas que precisam ser muito bem ajustadas e controladas, uma vez que se trata de um processo contínuo e qualquer falha no sistema pode provocar a parada parcial e/ou total de uma linha de produção. A seguir tem-se um resumo do contexto no qual se insere o equipamento estudado e a importância do mesmo para produção de alumina. Na fig. 1, tem-se uma visão do processo como um todo da área de PRECIPITAÇÃO de uma refinaria de alumina, os primeiros tanques são responsáveis por aglomerarem cristais de hidrato dando maior volume ao produto, nos tanques subsequentes, tem-se os cementadores, responsáveis pela resistência mecânica do produto, nesse tanque também são adicionadas partículas com granulometria menores proveniente do sistema de filtragem de semente, essas partículas são responsáveis por aumentar a taxa de precipitação da cadeia. Por fim, tem-se os tanques de leito denso, responsáveis por aumentar o tempo de residência da cadeia, aumentando a quantidade de hidrato precipitado. 3 Figura 1: Visão geral do processo de precipitação O sistema de filtragem de semente tem como alimentação a polpa de semente grossa (sólido + líquido) proveniente dos classificadores secundários, nesse sistema realiza-se a separação do sólido (hidrato) do líquido (licor pobre), o sólido é direcionado ao precipitador cementedor 1 e o licor filtrado para os tanques de estocagem de licor pobre (Área-06) ou espessador. A área de filtração de Semente Grossa foi projetada para desempenhar as seguintes funções: Filtrar a polpa de Semente grossa deixando-a seca. Gerar filtrado com concentração de sólidos < 1,5g/l. O objetivo desse sistema é de reduzir a recirculação de licor pobre nas cadeias de precipitação, com impacto positivo no aumento da produtividade da precipitação e em consequência maior produção de hidrato para a mesma vazão de licor rico. Contribuir para a redução da vazão de recirculação de licor, reduzindo o arrasto de sólidos, ampliando o tempo de residência e diminuindo a alimentação dos secundários o que otimiza a eficiência de classificação do hidrato. O espessador de hidrato também se beneficia, uma vez que o licor filtrado é bombeado diretamente para os tanques de licor pobre da área 06 quando a concentração de sólidos no filtrado estiver menor que 1,5 g/l. Outro benefício para o espessador é a redução na adição de floculante e a redução do próprio uso do espessador que deve funcionar em stand by, favorecendo a redução de custos. 4 Figura 2: Vista da área 48 B O processo de descarga do hidrato seco é realizado através de transportadores de correia de hidrato. Esses equipamentos são críticos para o processo uma vez que sem ele não é possível realizar a alimentação dos tanques cementadores, levando a uma consequente perda de produção pelo fato de não existir semente para acelerar a precipitação de hidrato. Dessa forma, os transportadores tornam-se foco de estudo desse trabalho, objetivando implementar técnicas modernas de Engenharia de Manutenção para torná-lo confiável de maneira que reduza ao máximo as perdas de produção. 3 METODOLOGIA Desenvolveu-se o trabalho pelas seguintes etapas: a) Pesquisa e aquisição de um aplicativo para o cálculo de confiabilidade: nesta etapa foi utilizado o software de confiabilidade ProConf2000, disponibilizado no livro: Confiabilidade e Manutenção Industrial, editora campus, autores: Flávio Sanson e José Ribeiro. b) Delimitaram-se os sistemas e subsistemas a serem estudados: desenhou-se o esquema do processo da figura 3; 5 Figura 3: Estratificação dos componentes c) Em seguida, levantou-se o histórico de falha dos transportadores de correia através do sistema integrado da empresa, em seguida se montaram gráficos de Paretos, identificando os componentes com grande número de falhas. d) Calcularam-se as taxas de falhas e tipos de distribuição características para os componentes estudados; e) Estimou-se os parâmetros de confiabilidade através do software ProConf 2000, apresentando os resultados de forma gráfica e interpretando-os; Para realização do estudo da confiabilidade no sistema de filtragem, foi necessário fazer uma análise do banco de dados de falhas do equipamento no sistema de manutenção da refinaria de alumina. Primeiramente, analisou-se o relatório de falhas dos anos de 2014, 2015 e 2016, acumulando assim trêsanos de histórico, o que é suficiente para a aplicação das técnicas de Confiabilidade. Após a revisão do histórico, foi possível analisar as falhas do transportador, o que permitiu visualizar os sistemas mais críticos do processo. 4 ESTUDO DE CONFIABILIDADE 4.1 Pareto com as principais falhas 6 Através dos gráficos de Pareto é possível identificar as principais falhas do transportador de correia, que segundo estudo abaixo se trata da falha no redutor e o rasgo da correia. O estudo de confiabilidade se realiza com base nos dados de MTBF (Mean Time Between Failure) desses subconjuntos. Gráfico 1: Falhas das correias da 48B O transportador de correia que mais quebrou redutor foi a C-48B-02A, com 10 quebras, em seguida tem-se as C-48B-04B e C-48B-04C, com respectivamente 8 e 7 quebras. Gráfico 2: Falhas de redutores por correia 7 O transportador de correia que mais teve rasgo em sua correia foi a C-48B-02B, seguido pela C-48B-04A e C-48B -04C. Gráfico 3: Número de rasgo de correia por equipamento 4.2 Estudo de confiabilidade para falha do redutor Retirou-se os tempos entre falhas das correias da área 48B, através do SAP, filtrando apenas os eventos em que houve a quebra do redutor, obtendo-se os seguintes dados: Tabela 1: Dados entre falhas 24 96 432 792 24 120 456 840 24 144 456 912 24 144 504 1008 24 168 528 1248 72 192 576 1704 72 192 600 1848 96 264 624 2304 96 264 672 3096 96 408 696 3696 8 Para o estudo de confiabilidade, utiliza-se do software ProConf2000, com base nos dados levantados, obtém-se que a curva que melhor se adequa é a de Weibul, conforme figura 4, tendo-se um nível de significância de 0,605, conforme figura 5. Figura 4: Papel de probabilidade Figura 5: Papel de probabilidade 9 A seguir têm-se a tabela com os valores de R(t), F(t), f(t) e h(t) para diferentes intervalos de tempo. Da tabela 2, verifica-se que para um tempo de operação de 515,4672 h, a probabilidade de que o transportador não vai parar por falha no redutor é de 38,88%. Reduz- se a confiabilidade à medida que se aumenta o tempo de operação, para um tempo de 609.18 h a confiabilidade dos transportadores de correia cai para 34,06%. Tabela 2: Dados de R(t), F(t), f(t) e h(t) vs tempo Figura 6: Gráfico R(t) 10 Para F(t), tem-se que para o um tempo de operação de 515,4672 h, a probabilidade de falha é de 61,12%, verifica-se que F(t) é complementar a R(t), ou seja, F(t) + R(t) = 1. Figura 7: Gráfico F(t) Para f(t), verifica-se uma maior densidade de falhas nas primeiras horas de operação, em 46,86 h de operação o valor de f(x) é 0,0023, enquanto com 250 h o valor cai para 0,001. Figura 8: Gráfico f(t) 11 Avaliando a taxa de falha, h(t), verifica-se que o equipamento ao falhar por defeito no redutor, tem um comportamento considerado de mortalidade infantil, uma vez que existe uma alta taxa de falha no início de operação reduzindo a medida que o equipamento consegue operar sem falhas. Além disso, pela equação de Weibul, o parâmetro de forma (γ) é menor que 1. Figura 9: Gráfico h(t) Figura 10: Parâmetros da distribuição de Weibul 12 4.3 Arvore de falha Com base no levantamento de falhas é possível obter a árvore de falha da fig.4. Considerando uma operação de 500 horas, tem-se que as correais transportadoras apresentam uma probabilidade de falha de 83%, sendo que para a probabilidade de falha dos redutores e correias foram de 20% e 60% para o mesmo período, considera-se um percentual de falha de 1 % para os sensores, raspadores e roletes uma vez que apresentaram baixa quantidade de falha no período estudado. Figura 4: Arvore de falha do sistema de filtragem 5 CONCLUSÃO Através do estudo realizado verifica-se um grande gargalo e oportunidade para aumento da vida útil das correias e redutores, que foram responsáveis por 59% das falhas no período de 2014-2016, sendo que os transportadores de correias C-48B-02B e 04A foram o que mais quebraram nesse período. Através da análise de taxa de falha, verifica-se que a maioria das falhas se deu no período de mortalidade infantil, permitindo concluir que se têm sérios problemas nas intervenções em campo, incorporando defeitos desde a partida que levam a uma acelerada quebra de seus componentes, principalmente redutores e correias. 13 A probabilidade de falha dos transportadores de correia para 500 horas de operação é igual a 0,82, um valor considerável alto, pois significa que o equipamento crítico possui uma alta probabilidade de falha para um período de apenas 20 dias, os impactos na disponibilidade do sistema como um todo não são maiores devido à existência de redundâncias, ou seja, existe mais de uma correia que pode ser direcionada para um mesmo tanque. Para trabalhos futuros, estudar-se-á o desenvolvimento de FMEA para os transportadores de correia, identificando as causas raízes dos problemas de rasgo de correia e quebra de redutor, verificando-se os métodos de controles atuais e sugerindo novos métodos através da revisão dos planos de manutenções. 14 REFERÊNCIAS NASCIF, J. (2000) Manutenção de Classe Mundial, Revista Manutenção e Qualidade, n.29, p. 8. FOGLIATTO, F.; RIBEIRO, J. Confiabilidade e Manutenção Industrial. Rio de Janiero: Elsevier, 2009. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5462: confiabilidade e mantenabilidade. Rio de Janeiro, 1994.
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