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17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 1/25 DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR DE CRIANÇAS NASCIDAS A TERMO E PRÉ-TERMO ELISA BEATRIZ BRAGA DELL’ ORTO VAN EYKEN CRISTIANE SOUSA NASCIMENTO BAEZ GARCIA ■ INTRODUÇÃO O acompanhamento ambulatorial do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) de crianças nascidas a termo (entre 37 e 41 semanas e 6 dias de gestação) e pré-termo requer um trabalho multiprofissional e multidisciplinar, com a inter-relação dos diversos atores envolvidos – profissionais da saúde, família e escola. Essa visão estendida é necessária em razão da multifatorialidade do desenvolvimento, que comporta componentes intrínsecos (biológicos, genéticos) e extrínsecos (ambientais, socioeconômicos) à criança. O acompanhamento do desenvolvimento das aquisições motoras típicas diz respeito a observações cinesiológicas e da qualidade do movimento, bem como das informações sensoriais – visual, auditiva, vestibular, tátil e proprioceptiva – as quais o movimento está atrelado. Nesse caso, a avaliação será um processo de coleta de dados, que incluirá testes específicos para subsidiar o diagnóstico e o prognóstico e, quando necessário, nortear o tratamento fisioterapêutico. Os fatores que determinam as possíveis dificuldades na aquisição e no aprimoramento das funções sensório-motoras, cognitivas, sociais e comportamentais, e a relação destas com a capacidade funcional, devem compor a avaliação do fisioterapeuta. A tomada de decisão levará em conta o máximo desenvolvimento das potencialidades da criança, que determinará o seu grau de independência para a vida social típica dos seres humanos. Como o desenvolvimento é contínuo, e as mudanças que ele provoca dizem respeito às diversas funções que a criança exerce ao longo da vida, acompanhá-las, tanto na criança nascida a termo quanto na pré-termo, é primordial para minimizar interferências das possíveis alterações detectadas no desenvolvimento da independência funcional. ■ OBJETIVOS Ao final da leitura deste artigo, espera-se que o leitor seja capaz de: reconhecer o DNPM típico; identificar os itens observáveis do DNPM da criança; indicar a sistematização da observação do DNPM típico de bebês a termo e pré-termo. ■ ESQUEMA CONCEITUAL 1 2 3 4 (home) https://www.portalsecad.com.br/home 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 2/25 ■ DESENVOLVIMENTO DO BEBÊ A TERMO A seguir, são apresentadas as principais características do DNPM do bebê a termo. DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA NERVOSO Sabe-se, hoje, que o desenvolvimento motor é um processo contínuo de aquisição e aprimoramento dos movimentos necessários para a execução de diferentes tarefas. Também se admite que as aquisições motoras, assim como o controle motor, seguem uma direção cefalocaudal e próximo-distal. No entanto, essas aquisições e o seu controle não são lineares, apesar de se apresentarem em uma sequência que se relaciona com a idade e com a maturação do sistema nervoso (SN). Embora, no primeiro ano de vida da criança, haja uma intensa atividade do sistema nervoso central (SNC), é importante recordar que o desenvolvimento do SNC tem começo por volta da terceira semana de gestação, com a formação da placa neural e do tubo neural, seguida da proliferação e da migração neurais iniciadas por volta da oitava semana de gestação. A organização neural, com diferenciação neuronal e conexões específicas, que se inicia a partir da quinta semana de gestação, perdura, em média, até o quarto ano pós-natal. A mielinização tem começo por volta da 25ª semana de gestação e segue até cerca dos 20 anos de idade. Os primeiros movimentos típicos do feto acompanham essa modificação do SNC e podem ser observados por meio da ultrassonografia tridimensional (US3D) e de quarta dimensão (US4D). Esta última possibilita a percepção de movimentos faciais quanto à expressão e à duração. O Quadro 1 apresenta os movimentos relacionados com a idade gestacional (IG) e a maturação do SNC. Quadro 1 RELAÇÃO DA IDADE GESTACIONAL COM O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL E OS MOVIMENTOS DO FETO IG Desenvolvimento do sistema nervoso central Movimentos fetais 7-8ª semanas Proliferação neural; Formação das primeiras sinapses. Movimentos reflexos fortes. 10-15ª semanas Aumento do número de sinapses; Início da migração celular para áreas de função. Atividade reflexa das mãos; Movimentos de cabeça; Atividade reflexa dos membros inferiores; Movimentos respiratórios; Abertura da mandíbula. 13-16ª semanas Aumento expressivo do número de sinapses; Migração celular para áreas de função. Diferentes movimentos fetais; Movimentos isolados das mãos. 17-20ª semanas Interferência das estruturas supraespinhais; Início da organização das colunas do córtex cerebral Aumento do número de movimentos fetais generalizados até a 32ª semana com consequente diminuição em decorrência 5,6 7 5,6 5,6 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 3/25 semanas Início da organização das colunas do córtex cerebral. a 32 semana, com consequente diminuição em decorrência da redução do espaço intrauterino. 19ª semana Início da atividade elétrica cortical. 20-29ª semanas Estabelecimento do trato espinotalâmico; Alinhamento e orientação dos neurônios, sinaptogênese, ramificações dendríticas e axonais, morte celular e eliminação seletiva de sinapses, proliferação e diferenciação glial. 24-26ª semanas Estabelecimento das conexões talamocorticais; Início da mielinização; Proliferação, diferenciação e alinhamento dos oligodendrócitos. 29ª semana Conexão entre periferia e córtex; Mielinização do trato espinotalâmico. 32ª semana Maturação do SNC. Aumento dos movimentos faciais. 33-35ª semanas Conexão neuronal corticotalâmica e do tronco cerebral. Sono REM e sono não REM. REM (rapid eye movement): movimento rápido dos olhos. Fonte: Zomignani e colaboradores (2009); Guimarães Filho e colaboradores (2013). MARCADORES DO MOVIMENTO Desde o período gestacional até por volta do quinto mês de vida, os bebês típicos tendem a repetir movimentos espontâneos, desenvolvendo um estado de atenção às sensações e aos movimentos. O repertório de movimentos espontâneos do bebê a termo depende da idade e é bastante variado em qualidade, podendo ser denominado de movimentos generalizados (GMs, do inglês, general movements). Os GMs são marcadores iniciais do movimento dos bebês nascidos a partir de 37 semanas e apresentam-se de forma variada quanto à amplitude, à velocidade e à direção (podendo ser elípticos ou contorcionais). Os GMs, até por volta da nona semana pós-natal, são grosseiros e envolvem uma sequência variável de movimentos de extensão e flexão de grande amplitude, do corpo todo – braços, pernas, pescoço e tronco – com rotações, mudanças de direção, aumento e diminuição de intensidade, força e velocidade, com início e término graduais. Por ocasião da 9ª até por volta da 20ª semana de idade, os movimentos predominantes são denominados irregulares (fidgety), em fluxo constante, pequenas amplitudes e variada direção, podendo ser vistos em todo o corpo. Esses movimentos desaparecem quando o bebê chora ou é estimulado. Seguindo o processo do desenvolvimento motor típico, a criança deve ser capaz de realizar padrões de movimentos controlados no tronco, membros superiores e inferiores, necessários para o desempenho das habilidades funcionais – aquelas que vão permitir a execução de tarefas específicas. O alinhamento biomecânico e a ativação muscular nos primeiros meses de vida são componentes essenciais para a transição dos movimentos espontâneos e aleatórios para a aquisição das funcionalidades do rolar, sentar e andar independente, por exemplo. Assim, uma característica importante do movimento é a habilidade de fazer a transição de uma postura para outra. As transições e as funcionalidades são dependentes da distribuição do peso corporal, da direção e do resultado das mudanças da localização da pressão gerada pelo peso do corpo na superfície deapoio, que fornecem estímulo sensorial para as reações posturais. Essas reações são um mecanismo composto por: reações de retificação (endireitamento), que possibilitam o alinhamento postural – alinhamento do corpo, levando em conta a postura que permite o equilíbrio frente à gravidade (incidência do centro de massa corporal no centro da base de sustentação do corpo); reação de equilíbrio – tentativa de retorno à posição de equilíbrio por meio de contrações musculares tônicas e movimentos automáticos; reação de proteção – uso dos segmentos (membros superiores e/ou inferiores) para proteção corporal contra um impacto com a superfície de apoio quando as reações de equilíbrio não fazem o corpo retornar à estabilidade inicial. É especialmente importante, para a aquisição dos movimentos funcionais, o controle do sinergismo dos grupos musculares antagônicos do eixo corporal (tronco) – o equilíbrio entre a ação dos músculos antigravitários flexores e extensores – a fim de alcançar o alinhamento corporal e a estabilidade para as ações das extremidades. A sinergia dos músculos do tronco influencia o desenvolvimento do controle de cabeça e dos membros. O controle do tronco do bebê é progressivo: inicialmente, dá-se no plano sagital, depois, no frontal e, por último, no transversal. Verifica-se que: no plano sagital, a flexão e a extensão do tronco facilitam a flexão e a extensão dos membros; no plano frontal, as flexões laterais do eixo corporal facilitam os movimentos de abdução e adução dos membros; no plano transversal as rotações do tronco facilitam as rotações dos membros 5 6 8 9 3 2 2 10 11 2 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 4/25 no plano transversal, as rotações do tronco facilitam as rotações dos membros. É necessário reconhecer que o controle postural envolve contribuições sensoriais dos sistemas visual e vestibular que são determinantes para o desenvolvimento motor típico. Da mesma forma que a observação da movimentação espontânea e da aquisição de atividades funcionais, como controlar a cabeça, rolar, sentar, ficar de quatro apoios, ficar de pé e caminhar, a presença, a ausência, a diminuição ou a modificação da resposta reflexa ou a persistência de algumas atividades reflexas podem ser indicadores importantes do desenvolvimento neuromotor. Os reflexos primitivos neonatais são respostas normais a estímulos ambientais (ou provocados) ao neonato que tendem a desaparecer com a maturidade do SNC. Alguns são associados à sobrevivência, pois se relacionam com a alimentação (busca e sucção) e a liberação das vias áreas superiores, como a rotação da cabeça em posição prona. Além dos reflexos primitivos de busca, como a sucção e a liberação das vias aéreas, são esperados para o neonato: o reflexo de preensão dos dedos das mãos – movimento de flexão dos dedos em resposta ao dedo do examinador na palma da mão – e dos artelhos – movimento de flexão dos artelhos em resposta a um objeto colocado na base dos artelhos; o reflexo de Moro – que consiste na extensão-abdução dos membros, principalmente os superiores, seguida de flexão-adução desencadeada por estímulos sonoros, visuais ou cinestésicos; a reação positiva de suporte – em que se nota a extensão dos membros inferiores quando o bebê é colocado de pé sobre uma superfície de apoio; a marcha reflexa ou automática – que pode ser vista quando o neonato é colocado de pé e inclinado anteriormente; o reflexo tônico cervical assimétrico (RTCA) – que pode ser observado quando a cabeça do bebê posicionado em supino é rodada para um dos lados, tendo como resposta a extensão do cotovelo com abdução do ombro no membro superior do lado da face e a manutenção do cotovelo fletido no membro superior do lado occipital; a mesma resposta pode ser vista nos membros inferiores; o sinal de Babinski – extensão do hálux com abertura em leque dos demais artelhos. Por volta do sexto mês de vida, a maioria dos reflexos primitivos desaparece. A persistência e/ou o reaparecimento desses reflexos primitivos são discutidos como indicadores patológicos. O acompanhamento do DNPM dos bebês a termo, portanto, leva em consideração os marcadores relativos à motricidade, à postura e à atividade reflexa para cada período de vida. Esses marcadores representam o que a maioria dos bebês típicos adquire em cada época de vida. 1. O que define um bebê a termo? Confira aqui a resposta 2. Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) considerando o desenvolvimento motor. ( ) O desenvolvimento motor é um processo contínuo de aquisição e aprimoramento dos movimentos necessários para a execução de diferentes tarefas. ( ) As aquisições motoras, assim como o controle motor, seguem uma direção caudal-cefálica e próximo-distal. ( ) As aquisições motoras e o seu controle são lineares. ( ) As aquisições e o seu controle apresentam-se em uma sequência que se relaciona com a idade e com a maturação do sistema nervoso. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. A) V – F – V – F. B) V – F – F – V. C) F – V – V – F. D) F – V – F – V. Confira aqui a resposta 3. Assinale a alternativa INCORRETA sobre o desenvolvimento do sistema nervoso central. A) No primeiro ano de vida da criança, há uma intensa atividade do sistema nervoso central. B) O desenvolvimento do sistema nervoso central tem começo por volta da terceira semana de gestação com a formação da placa neural e do tubo neural. C) A proliferação e a migração neurais iniciam por volta da oitava semana de gestação 2 12 13 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 5/25 C) A proliferação e a migração neurais iniciam por volta da oitava semana de gestação. D) A organização neural, com diferenciação neuronal e conexões específicas, iniciada a partir da quinta semana de gestação, perdura até o final do primeiro ano pós-natal. Confira aqui a resposta 4. Correlacione as colunas considerando os movimentos fetais e a idade gestacional. (1) 7-8ª semanas (2) 10-15ª semanas (3) 13-16ª semanas (4) 17-32ª semanas (5) 32ª semana ( ) Aumento do número de movimentos fetais generalizados. ( ) Aumento dos movimentos faciais. ( ) Movimentos reflexos fortes. ( ) Diferentes movimentos fetais e movimentos isolados das mãos. ( ) Movimentos de cabeça e atividade reflexa das mãos e dos membros inferiores. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. A) 3 – 4 – 5 – 1 – 2. B) 5 – 4 – 2 – 3 – 1. C) 4 – 5 – 1 – 2 – 3. D) 2 – 1 – 3 – 4 – 5. Confira aqui a resposta 5. Diferencie os movimentos generalizados observados até por volta da nona semana pós-natal, daqueles observados por ocasião da nona até por volta da vigésima semana de idade, que são denominados irregulares (Fidgety). Confira aqui a resposta 6. Assinale a alternativa INCORRETA acerca do desenvolvimento motor típico. A) Seguindo o processo do desenvolvimento motor típico, a criança deve ser capaz de realizar padrões de movimentos controlados em tronco, membros superiores e inferiores necessários para o desempenho das habilidades funcionais. B) O alinhamento biomecânico e os movimentos espontâneos e aleatórios dos primeiros meses de vida não influenciam a aquisição das funcionalidades do rolar, sentar e andar independente. C) Uma característica importante do movimento é a habilidade de fazer a transição de uma postura para outra. D) As transições e as funcionalidades são dependentes da distribuição do peso corporal, da direção e do resultado das mudanças da localização da pressão gerada pelo peso do corpo na superfície de apoio. Confira aqui a resposta 7. Diferencie as reações que compõem as reações posturais. Confira aqui a resposta 8. Sobre a aquisição dos movimentos funcionais do bebê, é INCORRETO afirmar que A) é essencial o controle do sinergismo dos grupos musculares antagônicos do eixo corporal (tronco). B) é essencial o equilíbrio entre a ação dos músculos antigravitários flexores e extensores para alcançar o alinhamento corporal e a estabilidade para as açõesdas extremidades. C) o equilíbrio sinérgico dos músculos do tronco influencia o desenvolvimento do controle de cabeça e dos membros. D) o controle do tronco do bebê é progressivo: inicialmente se dá no plano frontal, depois, no sagital e, por último, no transversal. Confira aqui a resposta 9. Correlacione as colunas considerando os reflexos primitivos, suas definições e estímulos desencadeadores. (1) Reflexo de preensão (2) Reflexo de Moro (3) Reação positiva de suporte ( ) Extensão-abdução dos membros, principalmente os superiores, seguida de flexão-adução desencadeada por estímulos sonoros, visuais ou cinestésicos. ( ) Observado quando a cabeça do bebê posicionado em supino é rodada para um dos lados, tendo como resposta a extensão do cotovelo com abdução do ombro no membro superior do lado da face e a manutenção do cotovelo fletido no membro superior do lado occipital; a mesma resposta pode ser vista nos membros inferiores. ( ) Movimento de flexão dos dedos em resposta ao dedo do examinador na palma da mão ou movimento de 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 6/25 suporte (4) Reflexo tônico cervical assimétrico (5) Marcha reflexa ( ) Movimento de flexão dos dedos em resposta ao dedo do examinador na palma da mão ou movimento de flexão dos artelhos em resposta a um objeto colocado na base dos artelhos. ( ) Passos dados quando o neonato é colocado de pé e inclinado anteriormente. ( ) Extensão dos membros inferiores quando o bebê é colocado de pé sobre uma superfície de apoio. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. A) 2 – 4 – 1 – 5 – 3. B) 1 – 5 – 3 – 4 – 2. C) 3 – 1 – 5 – 2 – 4. D) 4 – 3 – 2 – 1 – 5. Confira aqui a resposta Sistematização da observação da motricidade A seguir, são apresentados os principais aspectos relativos à motricidade do nascimento até os 5 anos de vida da criança. Neonato O neonato (recém-nascido até o 10º dia de vida) a termo mantém a postura intrauterina típica, em flexão, com a predominância de contração tônica dos músculos flexores, que são resistentes ao alongamento passivo. A posição elevada da pelve faz com que as extremidades superiores e a cabeça recebam a maior parte do peso corporal do bebê. Dessa forma, quando em supino, os músculos peitorais são alongados, pela ação da gravidade, expandindo a parte superior do tórax. A rotação da cabeça e os chutes alternados dos pés promovem a mobilização da porção superior da coluna torácica, estimulando a atividade escapular. Quando em prono, o suporte de peso ativa os músculos do manguito rotador, favorecendo a estabilidade da articulação glenoumeral. Em decúbito lateral, as mãos se juntam na linha média, abduzindo a escápula e alongando os músculos interescapulares. Em relação ao desenvolvimento da motricidade da mão, esta é dotada de sensibilidade tátil, capaz de desencadear atividades reflexas, como o reflexo de preensão palmar. Na maior parte do tempo, as mãos ficam fechadas, com o polegar aduzido, abrindo-se com a movimentação espontânea aleatória. Além da sensação tátil, os neonatos respondem a variações de temperatura, textura, umidade, pressão e dor. Eles enxergam bem de perto, mas mantêm a atenção visual por pouco tempo. Essa atenção é preferencialmente para a face humana e objetos que se assemelham a ela – curvos e pontiagudos – e para o contraste entre cores claras e escuras. No entanto, possuem menor acuidade visual do que auditiva. Em relação à audição, os neonatos diferenciam os sons familiares dos estranhos, sendo mais responsivos às vozes humanas, e preferem vozes agudas e femininas, principalmente a voz da mãe. Eles podem distinguir sons de diferentes tipos, altura e intensidade e respondem aos estímulos auditivos por meio de tremor das pálpebras, movimentos de cabeça, franzimento da testa, choro e despertar do sono. Além das percepções visual e auditiva, os neonatos podem identificar a mãe pelo cheiro e possuem o paladar altamente desenvolvido, fazendo a distinção dos quatro sabores básicos: doce; salgado; azedo; amargo. Em relação à motricidade nas diversas posturas de observação, os movimentos espontâneos incluem rodar a cabeça de um lado para o outro, trazer a cabeça até a linha média do corpo e o chutar. A marcha automática pode ser observada quando o neonato é colocado de pé e inclinado anteriormente. Os principais marcadores da motricidade do neonato podem ser vistos no Quadro 2. 2 13,14 13,14 13,14 13,14 14 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 7/25 Fonte: Bly (2011);. Dosman e colaboradores (2012); Sheldrick e Perrin (2013). Primeiro trimestre A partir de 4 semanas até os 6 anos de vida, as observações da motricidade da criança seguem, basicamente, o comportamento esperado para elas desde a década de 40 do século passado. São observadas as aquisições motoras, como sustentar a cabeça, rolar, sentar, engatinhar, ficar de pé e andar, bem como as atividades motoras das mãos (motricidade fina), como segurar e manipular objetos. Seis marcos motores – aquisições motoras grossas – adquiridos entre os 4 e os 24 meses de idade cronológica foram revisados por um estudo multicêntrico da Organização Mundial da Saúde (OMS) – Multicentre Growth Reference Study – para estabelecer uma janela ou período para a aquisição. São eles: 1. sentar sem apoio; 2. engatinhar em mãos e joelhos; 3. ficar de pé com assistência; 4. andar com assistência; 5. ficar de pé sozinho; 6. andar sozinho. Os marcos motores foram escolhidos por serem considerados universais e fundamentais para a aquisição da postura ereta antigravitacional e da locomoção, além de serem facilmente observados. A sequência das aquisições observadas foi similar ao já estabelecido anteriormente e exposto na literatura: sentar sem apoio – entre 4 e 9 meses; engatinhar em mãos e joelhos – entre 5 e 13,5 meses; ficar de pé com assistência – entre 4,5 e 11,5 meses; andar com assistência – entre 6 e 14 meses; ficar de pé sozinho – entre 7 e 16,5 meses; andar sozinho – entre 8 e 17,5 meses. Embora o Brasil tenha sido incluído no estudo da OMS, que abrangeu países de regiões geográficas distintas e variedade étnica e genética (Brasil, Gana, Índia, Noruega, Oman e Estados Unidos), apenas os dados antropométricos do crescimento foram colhidos a fim de estabelecer padrões para a curva de crescimento da criança brasileira. No início do primeiro trimestre, o bebê ainda apresenta forte interferência de atividades reflexas, mas, ao final desse período, tais atividades diminuem, até serem inibidas mais tarde. A postura em flexão é menos intensa ao final do primeiro trimestre, com aumento da extensão promovida pela ação da gravidade. É forte a presença do RTCA. A movimentação ainda alterna movimentos lentos e bruscos, mas, a partir do segundo mês, os movimentos em pequenas amplitudes de fluxo constante (fidgety) começam a predominar. Aos 3 meses, a presença e a qualidade dos movimentos espontâneos e o início da aquisição do controle postural formam a base para o desenvolvimento normal futuro. As aquisições motoras do primeiro trimestre podem ser observadas no Quadro 3. 2 13 14 15 16 16 2,9,13,14 11 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 8/25 Fonte: Bly (2011); Silva e colaboradores (2011); WHO Multicentre Growth Reference Study Group (2006). Durante os 3 meses iniciais de vida, o desenvolvimento cognitivo, social e comportamental inclui a comunicação por meio do olhar, da expressão facial e corporal. A criança presta atenção aos sons e palavras e, geralmente, acalma-se ao ouvir a voz materna. A vocalização é automática, com emissão de gritos e balbucio. O choro e o sorriso também fazem parte desse conjunto de comportamentos relacionados à comunicação. Segundo trimestre O segundo trimestre é caracterizado pela simetria e pelo controle dos músculos flexores e extensores, o que promove o total controle da cabeça: o bebê pode fletir, estender e fletir lateralmente a cabeça contra a gravidade nosexto mês. Esse controle muscular também promove o alinhamento das articulações em posição neutra, assim como a movimentação independente das articulações. Seguindo a teoria de controle craniocaudal e próximo-distal do desenvolvimento, no segundo trimestre, o bebê inicia o controle e a movimentação do tronco, com deslocamento do peso corporal lateralmente. O rolar de supino para lateral e para prono ainda é acidental, sem o controle, mas pelo deslocamento excessivo do peso para um dos lados do corpo. O deslocamento lateral do peso corporal facilita a dissociação dos movimentos dos membros superiores e a dissociação dos movimentos dos membros inferiores. A manutenção do sentar sem apoio pode ser conquistada no sexto mês. As principais mudanças motoras do segundo trimestre estão resumidas no Quadro 4. 2 15 16 13,17,18 2,11,13,14,19 2,11,13,14,19 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 9/25 Fonte: Bly (2011); Gajewska e colaboradores (2013); Dosman e colaboradores (2012); Sheldrick e colaboradores (2013); Neelon e colaboradores (2012). Em relação ao desenvolvimento das habilidades das mãos, o bebê inicia a preensão palmar, apoiando o objeto na palma da mão e fechando os dedos sobre ele. Passa um objeto de uma das mãos para a outra e pega um objeto com as duas mãos. O bebê também apresenta coordenação olho-mão, e sua acuidade visual se aproxima à do adulto. Reconhece e emite sons de tonalidades diferentes. Faz associação das diferentes percepções, identificando o que é agradável. As modificações cognitivas, sociais e comportamentais do período incluem: acalmar-se com música; sorrir para sua imagem no espelho; diferenciar pessoas e reagir aos estranhos; estender os braços para ser levada ao colo. A interação social e ambiental é influenciada pelas reações da mãe. A comunicação dá-se por balbucios e emissão de sílabas sem sentido, além de imitar sons, rir alto e gritar. Terceiro trimestre O terceiro trimestre é um período marcado pela constante mudança de decúbitos. A postura em prono é a preferida, uma vez que dela a criança consegue partir para novas ações e deslocamentos que permitem experimentar novas sensações. Existe um aumento considerável da dissociação dos movimentos entre os membros contralaterais e o início da dissociação dos movimentos dos membros inferiores dos movimentos do tronco. Essa dissociação facilita o sentar e a postura de quatro apoios a partir de prono e o ficar de pé a partir da posição de quatro apoios. Com maior controle do tronco, a criança libera as mãos para segurar e manusear objetos, apontar e bater palmas. Inicia a extensão, a abdução do polegar e a oposição do polegar contra o indicador, o que determina a preensão em pinça. A criança segura objetos pequenos entre a polpa do polegar e a face externa distal do dedo indicador. As reações de retificação, equilíbrio e proteção (reações posturais) estão presentes nas posturas prono, supino, decúbito lateral, de quatro apoios e sentada. A presença das reações posturais permite o deslocamento: a criança inicia o arrastar em prono, gira (pivoteia) ao redor do próprio eixo e pode evoluir até o engatinhar. Quando de pé, ela será capaz de se deslocar lateralmente com apoio dos membros superiores. Durante o desenvolvimento do terceiro trimestre de vida, as atividades manuais incluem: transferir objetos de uma das mãos para a outra e manuseá-los; tentar segurar dois objetos com a mesma mão; largar e pegar os objetos; buscar objetos que estão fora do alcance; imitar gestos, como bater palmas e dar tchau; tocar os órgãos genitais. As principais modificações do comportamento motor do terceiro trimestre estão resumidas no Quadro 5. 2 11 13 14 19 20 14 13,17,18 13,17,18 2,11,13,14,19 20 2,14 14 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 10/25 Fonte: Bly (2011); Gajewska e colaboradores (2013); Dosman e colaboradores (2012); Sheldrick e colaboradores (2013); Neelon e colaboradores (2012). As modificações cognitivas, sociais e comportamentais do terceiro trimestre seguem as modificações do trimestre anterior, com maior período de atenção da criança em relação aos novos sons, imagens, objetos, pessoas e ambientes. Ela pode começar a dizer palavras com significados e emite som o tempo todo, tentando obter a atenção das pessoas. 10. Assinale a alternativa INCORRETA quanto à motricidade do neonato. A) A criança mantém a postura intrauterina típica, ou seja, em flexão, com rotação da cabeça para um dos lados. B) Há predominância de contração tônica dos músculos flexores, que são resistentes ao alongamento passivo. C) A posição abaixada da pelve faz com que as extremidades superiores e a cabeça recebam a menor parte do peso corporal do bebê. D) As mãos ficam fechadas com o polegar aduzido na maior parte do tempo, abrindo-se com a movimentação espontânea aleatória. Confira aqui a resposta 11. Assinale a alternativa correta quanto à postura do neonato. A) Quando em prono, predomina a postura extensora com a pelve elevada e a cabeça em rotação. 2 11 13 14 19 13,17,18 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 11/25 B) Quando sentado, a postura é mantida por um breve período, com a coluna estendida, a pelve verticalizada e a cabeça para frente. C) Com a suspensão ventral, há ativação dos músculos extensores o suficiente para vencer a gravidade. D) Quando de pé, há apoio plantar com extensão de joelhos e manutenção da postura ereta por alguns segundos; porém, com posterior retorno à flexão. Confira aqui a resposta 12. Quais são os seis marcos motores a serem observados na análise do desenvolvimento de um bebê com idade cronológica entre 4 e 24 meses segundo a Organização Mundial da Saúde? Confira aqui a resposta 13. Analise as afirmativas considerando a motricidade no primeiro trimestre. I – No início do primeiro trimestre, o bebê ainda apresenta forte interferência de atividades reflexas, mas, ao final desse período, tais atividades diminuem, até serem inibidas mais tarde. II – A movimentação ainda alterna movimentos lentos e bruscos, mas, a partir do terceiro mês, os movimentos em pequenas amplitudes de fluxo constante (fidgety) começam a predominar. III – Há diminuição do tônus flexor no segundo mês e orientação na linha média da cabeça, olhos e mãos no terceiro. Quais estão corretas? A) Apenas a I e a II. B) Apenas a I e a III. C) Apenas a II e a III. D) A I, a II e a III. Confira aqui a resposta 14. Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) considerando a motricidade no segundo trimestre. ( ) O segundo trimestre é caracterizado pela simetria e pelo controle dos músculos flexores e extensores, o que promove o total controle da cabeça. ( ) O bebê inicia o controle e a movimentação do tronco, com deslocamento do peso corporal lateralmente. ( ) O bebê controla o rolar intencional de supino para lateral e para prono pelo deslocamento do peso para um dos lados do corpo. ( ) O bebê inicia a preensão digital, pressionando os dedos contra o objeto. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. A) V – F – V – F. B) V – V – F – F. C) F – F – V – V. D) F – V – F – V. Confira aqui a resposta 15. Assinale a alternativa INCORRETA quanto à motricidade no terceiro trimestre. A) A criança ainda não muda muito de decúbitos, nem se desloca, permanecendo constantemente na postura supina e explorando objetos. B) Há um aumento considerável da dissociação dos movimentos entre os membros contralaterais e o início da dissociação dos movimentos dos membros inferiores do movimento do tronco, facilitando o sentar. C) Durante o desenvolvimento do terceiro trimestre de vida, as atividades manuais incluem transferir objetos de uma das mãos para a outra, manuseá-los, tentar segurar dois objetos com a mesma mão e largar e pegar os objetos. D) As modificações cognitivas, sociais e comportamentais do terceiro trimestre seguem as modificações do trimestre anterior com maior período de atenção da criançaem relação aos novos sons, imagens, objetos, pessoas e ambientes. Confira aqui a resposta Quarto trimestre 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 12/25 Durante o quarto trimestre de vida, a criança aumenta a dissociação dos movimentos entre os membros contralaterais e entre os membros inferiores e o tronco. Com isso, ela muda facilmente de postura, inicialmente adotando posturas intermediárias, com a decomposição do movimento, como, por exemplo: de prono para sentada, passando por quatro apoios e vice-versa; de supino para sentada, passando pelo decúbito lateral; sentada, faz rotação em torno do próprio eixo e passa para a postura de pé, segurando em objetos ou nas pessoas; de pé, flexiona e estende os membros inferiores e realiza a marcha lateral com apoio. Na postura de pé, apresenta maior amplitude de movimento em todas as articulações, com a rotação pélvica e a extensão do quadril facilitando a distribuição unilateral de peso. Dessa forma, a criança é capaz de deslocar o membro inferior anteriormente na marcha com apoio até alcançar a marcha sem apoio, embora ainda mantenha a base alargada e os membros superiores em abdução e flexão, com adução da escápula, para favorecer a estabilidade do tronco. Ao final do quarto trimestre de vida, a criança pode ter alcançado a independência para a locomoção na postura ereta típica dos seres humanos e, a partir daí, continua desenvolvendo, modificando e aprimorando as aquisições motoras desse período. As principais mudanças motoras do final do primeiro ano de vida podem ser observadas no Quadro 6. Fonte: Bly (2011); Dosman e colaboradores (2012); Sheldrick e colaboradores (2013); Neelon e colaboradores (2012). Em relação à motricidade fina, a preensão em pinça agora acontece entre as polpas do polegar e do dedo indicador, permitindo a precisão para pegar pequenos objetos pelos quais a criança tem grande interesse. Nas investidas de exploração de objetos e lugares, a criança começa a executar ações conhecidas para situações novas. Dessa forma, pode chegar até novos resultados e estabelecer uma relação de coincidência entre o resultado e a ação praticada. Ao final do primeiro ano de vida, a criança fala algumas palavras com significado e, a partir daí, se o convívio social se dá em ambiente comunicativo e de interação, seu vocabulário aumenta progressivamente. Entre 12 e 24 meses Após 12 meses de vida, o ritmo de aquisição motora diminui, mas o desenvolvimento motor continua bastante intenso. Entre os 12 e os 24 meses, a criança é capaz de adotar todas as posturas, passar por posturas intermediárias cada vez mais complexas e explorar os ambientes andando. Ao ficar de pé a partir do chão, no início desse período, a criança apoia as mãos e os pés com os joelhos e cotovelos em extensão e eleva o tronco com as mãos para cima, caracterizando o levantar de urso. Mais tarde, ela utiliza a postura intermediária de agachamento para ficar de pé. 2,13,14,19 2 13 14 19 20 13 13,17,18 13,14,19 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 13/25 As reações de retificação, de equilíbrio e de proteção de pé serão estabelecidas por volta dos 18 meses, fazendo com que a marcha se torne o modo principal de locomoção da criança. Durante a marcha, a criança mantém leve rotação interna dos membros inferiores, com uma boa base de suporte, sem a dissociação dos movimentos das articulações dos pés e com o tronco ereto. Ela consegue andar carregando ou puxando um objeto e andar para trás. Inicia o subir/descer escadas de quatro apoios, subindo de frente e descendo de costas, passa para subir/descer de pé com duplo apoio dos pés e de, pelo menos, uma das mãos no corrimão. Corre desordenadamente e sobe em móveis e brinquedos. Em relação aos movimentos finos, a criança come com colher sozinha, utilizando a preensão com punho em pronação e rotação interna, rabisca, põe e tira objetos de dentro de recipientes, pega objetos atrás de si e tenta arrumar os objetos. As modificações cognitivas, sociais e comportamentais durante o período de 12 a 24 meses incluem: brincar sozinha; brincar de esconder; lembrar onde estão escondidos os objetos; organizar e posicionar figuras corretamente; explorar ambientes andando; fazer torre de dois até cinco cubos. A criança, no período de 12 a 24 meses, diferencia texturas, cores, formas e tamanho. Emparelha e separa objetos semelhantes e aponta figuras quando nomeadas. Reconhece e mostra partes do corpo. Fantasia nas brincadeiras, conta experiências imediatas e refere a si própria pelo nome. Além disso, passa de um vocabulário composto por quatro a cinco palavras para mais de vinte palavras com significado. O Quadro 7 apresenta as principais modificações neuropsicomotoras que acontecem entre 12 e 24 meses de idade. Fonte: Bly (2011); Dosman e colaboradores (2012); Sheldrick e colaboradores (2013); Neelon e colaboradores (2012). Entre 2 e 5 anos Após os 24 meses de vida, as aquisições cognitivas, sociais e comportamentais sobrepõem-se às motoras. Esse é um período de aprimoramento das atividades motoras conquistadas nos anos iniciais de vida. O aprimoramento motor após os 24 meses está disposto no Quadro 8. 13,14,19 13 17,18 17,18 2 13 14 19 13,14 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 14/25 Fonte: Dosman e colaboradores (2012); Sheldrick e colaboradores (2013). RISCOS PARA O DESENVOLVIMENTO TÍPICO DE BEBÊS A TERMO Os riscos relacionados com o DNPM das crianças seguem a multifatorialidade do próprio desenvolvimento, pois incluem fatores intrínsecos e extrínsecos. Sabe-se que crianças biologicamente saudáveis, quando expostas à condição socioeconômica desfavorável, podem apresentar alteração do DNPM. De acordo com Neelon e colaboradores, doenças ou disfunções, ingestão insuficiente de nutrientes, dormir em supino, um ambiente pobre de estímulos e experimentação, bem como baixo nível socioeconômico colocam o desenvolvimento, principalmente durante o primeiro ano de vida, em risco. É possível que esse último fator tenha efeito causal sobre os demais ou aumente as chances de as alterações biológicas acontecerem. Gill e colaboradres indicaram, como fator de risco intrínseco ao DNPM, o baixo peso (BP) ao nascer, (< 2.500g). Os recém-nascidos com BP podem ser classificados como muito baixo peso (MBP – < 1.500g) e extremo baixo peso (EBP – < 1.000g). Deve-se atentar principalmente para os bebês pequenos para a idade gestacional (PIG) – peso abaixo do percentil 10 da curva de crescimento intrauterino. Esses bebês têm maior risco de adoecimento, e, quanto menor o peso, maior o risco. As complicações associadas aos bebês de BP são: hipotermia; hipoglicemia; asfixia perinatal; alteração respiratória; anemia; carência nutricional; infecções; alterações neurológicas; deficiência auditiva. Em relação ao desenvolvimento motor, podem-se considerar como preditores de comprometimentos neurológicos e, por isso, risco para o desenvolvimento típico do bebê: um repertório pobre de movimentos; a ausência dos GMs; a presença de movimentos rígidos/tônicos, sem relaxamento imediato. 13 14 5 4 19 1 11 21 22 21 9 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 15/25 16. Assinale a alternativa correta quanto à motricidade no quarto trimestre. A) A criança aumenta a dissociação dos movimentos entre os membros contralaterais e entre os membros inferiores e o tronco, mas ainda muda de postura com dificuldade. B) A criança é capaz de deslocar o membro inferior anteriormente na marcha com apoio até alcançar a marcha sem apoio, não necessitando mais manter a base alargada e os membros superiores em abdução e flexão. C) No 10º mês, a criança fica de pé sem apoio dos membros superiores, passando por ajoelhada e semiajoelhada, transferindo o peso para a perna da frente e ficando agachada para levantar com a extensão simétrica dos membros inferiores. D) A preensão em pinça agora acontece entre as polpas dopolegar e do dedo indicador, permitindo a precisão para pegar pequenos objetos pelos quais a criança tem grande interesse. Confira aqui a resposta 17. Assinale a alternativa INCORRETA sobre a motricidade de bebês entre 12 e 24 meses. A) Após 12 meses de vida, o ritmo de aquisição motora continua bastante intenso. B) Entre os 12 e os 24 meses, a criança é capaz de adotar todas as posturas e passar por posturas intermediárias cada vez mais complexas. C) Ao ficar de pé a partir do chão, no início, a criança apoia as mãos e os pés com os joelhos e cotovelos em extensão e eleva o tronco com as mãos para cima. D) A criança consegue andar carregando ou puxando objeto, andar para trás e inicia o subir/descer escadas de quatro apoios, subindo de frente e descendo de costas. Confira aqui a resposta 18. Analise as afirmativas considerando as principais modificações neuropsicomotoras entre 16 e 24 meses. I – Com 16 meses, a criança é capaz de andar sem apoio, com objetos nas mãos, além de subir escadas em quatro apoios. II – Aos 18 meses, a criança consegue andar para trás, rodar no lugar, chutar bola, despir peças de roupas fáceis e beber em copos ou xícaras segurando com uma das mãos. III – Aos 24 meses, a criança já pode descer escadas sem auxílio e subi-las segurando o corrimão. Quais estão corretas? A) Apenas a I e a II. B) Apenas a I e a III. C) Apenas a II e a III. D) A I, a II e a III. Confira aqui a resposta 19. Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) considerando o desenvolvimento neuropsicomotor da criança entre 2 e 5 anos. ( ) Entre 24 e 36 meses, a criança apresenta boa mobilidade do pé, com balanço natural dos membros superiores, visão similar à do adulto e vocabulário mínimo de 50 palavras. ( ) Entre 36 e 48 meses, a criança é capaz de ficar sobre um pé só, saltar de pequenas alturas e colaborar com outras crianças nas brincadeiras. ( ) Entre 4 e 5 anos, a criança consegue andar de costas em linha reta, ficar em apoio unipodal por cerca de 30 segundos e realizar a preensão palmar como a de um adulto. ( ) Após os 5 anos, a criança é capaz de passar para sentada a partir de supino com a necessidade da realização da rotação de tronco, fazer laço e cooperar nas tarefas de casa. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. A) V – F – V – F. B) F – F – V – V. C) V – V – F – F. D) F – V – F – V. Confira aqui a resposta 20. Os riscos relacionados com o desenvolvimento neuropsicomotor das crianças nascidas a termo incluem fatores intrínsecos e extrínsecos. Cite pelo menos dois de cada. 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 16/25 Confira aqui a resposta 21. Em relação ao desenvolvimento motor, o que se pode considerar como preditores de comprometimentos neurológicos? Confira aqui a resposta ■ DESENVOLVIMENTO DO BEBÊ PRÉ-TERMO De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a estimativa da prevalência de nascimentos pré-termo no Brasil de cerca de 11,7%, feita a partir de estudos primários, sobrepõe-se à prevalência apresentada pelo Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC), que é de 7,1% no ano de 2010. De qualquer forma, houve um aumento dessa prevalência no Brasil entre 2000 e 2010, colocando o País em 10º lugar entre os membros da ONU em números absolutos de nascimentos prematuros. Essa prevalência justifica a necessidade de um maior número de pesquisas sobre o DNPM dessa população, com estudos controlados e instrumentos padronizados que permitam a comparação entre eles. É importante salientar que a maioria dos estudos sobre desenvolvimento de pré-termos está concentrada no ambiente da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e tem como população alvo os bebês prematuros moderados e/ou extremos e de muito e/ou extremo BP. No entanto, bebês limítrofes também podem estar em risco quando comparados com bebês a termo. Da mesma forma, os bebês pré-termo também necessitam de acompanhamento após o período na UTIN. O status do DNPM precisa ser levado em conta para que seja oferecido o devido cuidado em saúde: prevenção de alterações, promoção do desenvolvimento típico ou tratamento das alterações – desvantagens, deficiências e incapacidades – que as crianças prematuras possam vir a apresentar. De forma geral, o bebê pré-termo pode apresentar alterações do DNPM relacionadas com as funções cognitiva, motora e comportamental em qualquer período da infância até a adolescência ou fase adulta jovem. Essas funções podem ser consideradas em atraso quando comparadas com o desenvolvimento dos bebês a termo típicos, principalmente no primeiro ano de vida. No entanto, comparando-se os bebês pré-termo entre eles, também haverá uma diferente relação de desenvolvimento associada à IG e ao peso ao nascer. Portanto, a trajetória de desenvolvimento desses bebês precisa ser monitorada a fim de detectar alterações o mais precocemente possível. CARACTERÍSTICAS MOTORAS DO NEONATO PREMATURO O neonato prematuro apresenta um comportamento motor que corresponde à sua IG. Em razão do menor tempo passado na postura flexora intrauterina, ele apresentará hipotonia muscular global, que é tanto maior quanto menor a IG. As características motoras do prematuro estão associadas ao grau de hipotonia: quanto maior a hipotonia, maior a amplitude de movimento das articulações, menor a resistência ao estiramento passivo dos músculos flexores, menor a resposta reflexa e menor a quantidade de movimentos espontâneos. Há, ainda, a ação da gravidade sobre as estruturas hipotônicas, favorecendo uma postura predominantemente em extensão. Como as aquisições motoras são sequenciais e interdependentes, a ausência da postura flexora e do maior tônus fisiológico inicial do grupo muscular flexor dificultam o alinhamento e o controle da cabeça na linha média, por exemplo. A falta do equilíbrio entre a ação dos músculos extensores e a resistência imposta pelos músculos flexores promove um atraso na aquisição do controle da cabeça, que, por sua vez, dificultará as aquisições motoras subsequentes (controle do tronco e dos segmentos até as habilidades motoras finas, a postura ortostática e a marcha), caracterizando o atraso do desenvolvimento motor dos prematuros, quando comparados com os bebês a termo e entre eles, de acordo com a IG. Em relação à IG, bebês prematuros extremos têm maior chance de apresentar alterações motoras, assim como lesões graves do SNC, logo no primeiro ano de vida, enquanto os prematuros limítrofes tendem a ter um desenvolvimento motor inicial compatível com o desenvolvimento típico e a apresentar alterações cognitivas e comportamentais, assim como de coordenação motora e equilíbrio mais tardiamente. Essas alterações podem estar associadas a alterações sensoriais não detectadas no período inicial do desenvolvimento. Em bebês prematuros extremos, o alinhamento postural em flexão, orientado para a linha média, e a manutenção no decúbito lateral podem facilitar as aquisições motoras. Dessa forma, os prematuros apresentarão um aumento gradativo das aquisições motoras no decorrer do desenvolvimento, caracterizando uma diminuição do atraso em relação aos bebês a termo. Em alguns casos, a aquisição dos marcos motores pode ser compatível com a janela de tempo proposta pela ONU, principalmente quando as observações do prematuro forem feitas a partir de idade corrigida (como manter-se sentado sem apoio entre 6 e 7 meses de idade corrigida). A idade corrigida é um ajuste da idade cronológica referente ao número de semanas que seriam necessárias para o prematuro alcançar as 40 semanas de desenvolvimento intrauterino. 23 24 25 26 8,27 8,27 8,27 3,16,25 27 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 17/25 Idade corrigida = idade cronológica - número de semanas que faltaram para completar 40 semanas de gestação ao nascer As principais características motoras do prematuro apresentadas pela literatura de referência podem ser observadas no Quadro 9. Quadro 9 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA MOTRICIDADE DO PREMATUROATÉ OS 12 MESES DE IDADE CORRIGIDA QUANDO COMPARADO COM BEBÊ A TERMO OU PREMATURO LIMÍTROFE IG do prematuro Motricidade do neonato (recém-nascido até o 10º dia de vida) Evolução da motricidade até 12 meses de idade corrigida < 32 semanas de IG Hipotonia muscular generalizada: em tronco e membros. Postura predominante: extensão completa. Ausência de resistência aos movimentos passivos de adução do ombro, extensão do cotovelo e do joelho; grande mobilidade das articulações proximais. Suspensão horizontal: cabeça, braços e pernas pendentes com curvatura cifótica total da coluna. Puxado para sentar: cabeça tombada em extensão completa. Sentado: cabeça tombada em flexão sem nenhuma tentativa de elevar. Reflexos primitivos ausentes. Movimentos espontâneos: tremores musculares, movimentos aleatórios, lentos e globais com alguns movimentos rápidos. Tendência à diminuição da hipotonia com o desenvolvimento. Na comparação com bebês a termo ou com prematuros limítrofes: Dificuldade na aproximação dos membros superiores à linha média do tronco: atraso na integração visomotora e na possibilidade de exploração do próprio corpo, de objetos e do ambiente. Atraso no desenvolvimento do controle da cabeça e da postura sentada, pela falta do equilíbrio entre a ação dos músculos flexores e extensores. Baixo repertório de GMs. Manutenção do atraso na aquisição dos marcos motores até o final do primeiro ano de vida por grande número de bebês. ≥ 32 semanas de IG Hipotonia predominante em membros superiores e menor em membros inferiores. Postura predominante: extensão dos membros superiores e flexão dos membros inferiores. Resistência parcial aos movimentos passivos de adução do ombro, extensão do cotovelo e do joelho, com maior mobilidade das articulações proximais dos membros superiores. Suspensão horizontal: braços e pernas pendentes com tentativa de horizontalizar a cabeça e diminuir a curva cifótica completa da coluna. Puxado para sentar: tentativa de trazer a cabeça em flexão, mas parcialmente. Sentado: cabeça tombada em flexão, mas com tentativa de levantar. Reflexos primitivos parciais ou fracos. Predominância dos movimentos espontâneos no tronco e diminuição dos tremores musculares. Tendência à diminuição da hipotonia com o desenvolvimento. Em comparação com bebês a termo: Atraso comum do desenvolvimento do controle da cabeça e da postura sentada, pela falta do equilíbrio entre a ação dos músculos flexores e extensores. Presença moderada de GMs. Diminuição do número de crianças com atraso por volta dos 6-9 meses com o início da aquisição dos marcos motores relacionados à descarga de peso em membros inferiores. Fonte: Kodric e colaboradores (2010); Maia e colaboradores (2011). DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL DOS PREMATUROS Os eventos que promovem o desenvolvimento do SNC têm início no período pré-natal, são evolutivos, não ocorrem individualmente e vão além do período gestacional. O nascimento prematuro interrompe a evolução normal dos eventos intrauterinos, gerando um risco para o desenvolvimento extrauterino. A literatura de referência considera que as alterações funcionais do prematuro, na ausência de patologia ou afecção, são decorrentes da interrupção da maturação intrauterina do SNC e/ou da exposição do prematuro ao ambiente externo e seus múltiplos estímulos. Essas alterações funcionais podem ser evidenciadas no desenvolvimento pós-natal do primeiro ano de vida, mas também em outro período do ciclo da vida do prematuro, mesmo quando o desenvolvimento inicial é considerado normal. Alguma luz sobre o desenvolvimento do SNC dos prematuros tem sido oferecida a partir de exames complementares. Zomignani e colaboradores, em um estudo de revisão, concluíram que a interrupção do período de desenvolvimento intrauterino pode determinar alterações encefálicas. Com isso, determinadas funções que são esperadas para o bebê/a criança podem não encontrar a sua correlação com o desenvolvimento necessário do SNC. Zomignani e colaboradores encontraram como métodos usados para avaliar o desenvolvimento do SNC de prematuros: ressonância magnética (RM), ultrassonografia transcraniana e eletroencefalografia. O Quadro 10 resume os achados da revisão de Zomignani e colaboradores em relação aos estudos do encéfalo. Quadro 10 EVIDÊNCIAS DOS EXAMES DE IMAGEM E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS RELACIONADAS 8 27 5 1,9,22,28 5 6 6 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 18/25 Ç Evidências de neuroimagem encefálicas Manifestações clínicas correlacionadas Alterações no volume da substância branca e da substância cinzenta. Desenvolvimento atrasado dos giros cerebrais. Maior alteração cognitiva em meninas. Sulco orbitofrontal menos profundo. Diminuição do volume nas regiões pré-motora, sensório-motora, mesotemporal, parieto-occipital, em núcleos da base, amígdala e hipocampo. Afilamento do corpo caloso. Maior alteração cognitiva em meninos. Alteração cognitiva global, do coeficiente de inteligência, memória e capacidade de cálculo. Aumento do volume da substância cinzenta. Alteração cognitiva em ambos os sexos. Aumento do volume dos lobos frontal e parietal. Diminuição do volume do lobo temporal. Falha na fase de organização e de eliminação de sinapses não funcionais, que definem as vias de relação entre as regiões cerebrais. Aumento do volume de áreas pré-frontais. Alteração do desenvolvimento e da maturação da substância branca cerebral. Possibilidade de comprometimento da cognição referente à lateralização e à transferência inter-hemisférica. Fonte: Zomignani e colaboradores (2009). Em relação aos estudos de neuroimagem referentes a outras áreas do SNC , os achados mostraram: diminuição do volume do núcleo caudado (bilateral), do hipocampo e do cerebelo; hemorragias intracerebelar, da camada germinativa, intraventricular, extracelular e parenquimatosa; dilatação ventricular; lesões pontuais na substância branca; anormalidades dos núcleos da base e do tálamo. Os autores apontaram a necessidade de controle de variáveis (fatores) que interferem no desenvolvimento do SNC, tais como: IG; presença de lesões; eventos de hipóxia ou anoxia; infecções; doenças pulmonares; uso de ventilação; nutrição; hipoglicemia; hipotireoidismo; hiperbilirrubinemia. Ball e colaboradores analisaram o desenvolvimento espacial e temporal das microestruturas do córtex de 65 bebês utilizando o exame de RM, corroborando os achados de Zomignani e colaboradores. Os autores revelaram que o desenvolvimento seguiu a hipótese de que a maturação inicial da conexão de longa distância do córtex estabelece os sulcos e que os giros se desenvolvem depois. Tal ocorrência implica a diminuição da difusão e da anisotropia (passagem molecular do local de maior concentração para o de menor concentração e tendência de variação direcional, respectivamente, utilizadas na RM para o mapeamento das fibras dos tratos cerebrais) de forma localizada no sulco quando comparada com a superfície do giro e com sulcos anteriormente formados. A não identificação do declínio da anisotropia no exame dos bebês foi relacionada com a prematuridade, que tornou a maturação mais lenta, predizendo, por isso, um pior desenvolvimento funcional aos 2 anos. As principais alterações funcionais que os autores encontraram ao avaliar os prematuros foram dificuldade de atenção e de aprendizagem (principalmente da matemática), bem como alterações de linguagem, visomotoras, de planejamento, de orientação espacial, da coordenação motora e do equilíbrio. Essas alterações funcionais, assim como as alterações do SNC às quais se relacionam estão, também, na dependência de outros fatores denominados fatores de risco. RISCOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE BEBÊS PRÉ-TERMO O nascimento prematuro pode vir associado a uma série de fatores de risco que tornam a criança mais vulnerável a alterações do DNPM. Dentre os fatores de risco, destacam-se os fatores da criança e os fatores do ambiente. Em relação aos fatores da criança, quanto menor a IG ao nascer,maior o risco para o desenvolvimento. O recém-nascido prematuro, de acordo com a IG, pode ser considerado: pré-termo limítrofe (35 a 36 semanas de IG); pré-termo moderado (31 a 34 semanas de IG); pré-termo extremo (IG ≤ 30 semanas). A extrema prematuridade favorece a inadequada nutrição pós-natal, o adoecimento e o estresse gerado pelo ambiente extrauterino. Esses fatores estão relacionados à maior frequência de lesão encefálica e às infecções pós-natais graves. O peso ao nascer também 5 5 29 5 5,29 5,29 3,7 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 19/25 q ç p g p pode configurar risco para o desenvolvimento. Em relação aos recém-nascidos de BP (< 2.500g), como já comentado anteriormente, existem os com MBP (menos de 1.500g) e EBP (menos de 1.000g). Complicações neonatais, como a hemorragia intracraniana, a anoxia, as doenças que necessitam de suporte ventilatório, a hiperbilirrubinemia e as infecções, estão associadas à maior prematuridade e ao menor peso ao nascer. Essas complicações, assim como as convulsões nas primeiras semanas de vida, também podem levar a desfechos com danos permanentes ao encéfalo. Beccaria e colaboradores reconhecem que cerca de 15% dos prematuros extremos podem desenvolver paralisia cerebral e que cerca de 50% deles desenvolverão algum grau de comprometimento motor. Em relação aos fatores do ambiente neonatal, os riscos dizem respeito principalmente ao tempo de internação na UTIN. Essencialmente, os bebês críticos intubados experimentam uma quantidade de estímulos nociceptivos que pode contribuir para o desenvolvimento atípico do encéfalo e a consequente alteração do desenvolvimento desses prematuros. Em relação ao ambiente familiar, há fatores de risco conhecidos para a prematuridade em si, que continuam a manter em risco o desenvolvimento, principalmente pela desnutrição e baixa qualidade de estímulos oferecidos à criança, como: a baixa escolaridade; a desvantagem socioeconômica; a fragilidade dos vínculos das famílias. Embora o primeiro ano de vida seja determinante em relação às aquisições motoras, as consequências a longo prazo no desenvolvimento dos prematuros também podem ser encontradas, principalmente associadas às condições socioeconômicas desfavoráveis. Por volta dos 3 anos, predominam as dificuldades de atenção, enquanto alterações comportamentais e cognitivas, de memória, planejamento e execução, são mais frequentes após esse período. Também se reconhece que, até a idade escolar (por volta dos 6 anos de idade), os prematuros, mesmo aqueles que tiveram desenvolvimento normal no primeiro ano de vida, têm maior risco para: incapacidades motoras; alterações das habilidades cognitivas verbais e não verbais; déficit de atenção; hiperatividade; alterações neuropsicológicas. ■ ACOMPANHAMENTO DO DESENVOLVIMENTO Apesar de a tecnologia de imagens disponível para estudar o SN dos neonatos acompanhar o DNPM e detectar precocemente possíveis desvios nas crianças típicas, ainda é um desafio, principalmente nas nascidas a termo. A observação dos movimentos espontâneos, das atividades funcionais ou dos marcos motores é uma ferramenta importante para acompanhar o DNPM dos neonatos. Uma vez padronizada e sistematizada, a observação permite comparar o DNPM da própria criança em diferentes momentos da vida, entre as crianças de um mesmo grupo e entre diferentes grupos. Segundo Silva e colaboradores, as aquisições motoras no primeiro ano de vida são marcadores relevantes do prognóstico do desenvolvimento global da criança. O período compreendido entre o nascimento e o final do primeiro ano de vida é considerado como um dos mais críticos para o desenvolvimento infantil pela grande atividade de plasticidade do SNC. Nos primeiros anos de vida, os atrasos motores são as primeiras manifestações observáveis de possíveis desordens do desenvolvimento. A criança em risco, quando tem identificação precoce de alteração do DNPM, também tem, pelas intervenções planejadas, possibilidade de melhor prognóstico. Para o período neonatal, assim como para a primeira infância (até o terceiro ano de vida), têm sido bem estabelecidos não só os instrumentos, mas também a frequência de acompanhamento para a identificação de alterações no desenvolvimento. Pode-se considerar que a escolha de um instrumento de avaliação deve levar em conta a especificidade e a sensibilidade desse instrumento para responder às perguntas feitas. Estudos longitudinais de seguimento (follow-up) utilizando instrumentos padronizados de avaliação do desenvolvimento em crianças, principalmente em bebês prematuros e de risco, permitem conhecer mudanças a médio e longo prazo do desenvolvimento. Além disso, os estudos apontam a necessidade de comparar grupos específicos (como de prematuros) entre si, utilizando-se variáveis estratificadas (como a IG). O estudo de revisão de Silva e colaboradores identificou os principais instrumentos indicados para avaliar o desenvolvimento de crianças pré-termo, e o estudo de revisão de Zeppone e colaboradores identificou como é feita a vigilância do desenvolvimento infantil no Brasil. O mapa de instrumentos ou testes para avaliar e/ou acompanhar o desenvolvimento apresenta os resultados desses estudos (Figura 11). 3,7 9 22 28 9 9 15 7 15,27 3 15 7 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 20/25 Figura 1 – Instrumentos utilizados para avaliar e acompanhar o desenvolvimento infantil. Fonte: Zeppone e colaboradores (2012); Silva e colaboradores (2011). 22. Com relação ao desenvolvimento neuropsicomotor de crianças nascidas pré-termo, o que elas podem apresentar quando comparadas com crianças nascidas a termo? Quando comparadas com outras crianças pré-termo, o desenvolvimento está relacionado principalmente a que fatores intrínsecos? Confira aqui a resposta 23. Assinale a alternativa INCORRETA quanto às características motoras do neonato prematuro. A) Por ter passado menor tempo na postura flexora intrauterina, o neonato prematuro apresentará hipotonia muscular global, que é tanto maior quanto menor a idade gestacional. B) Quanto maior a hipotonia, maior a amplitude de movimento das articulações e menor a resistência ao estiramento passivo dos músculos flexores. C) Bebês prematuros extremos tendem a ter um desenvolvimento motor inicial compatível com o desenvolvimento típico e a apresentar alterações cognitivas e comportamentais, assim como de coordenação motora e equilíbrio mais tardiamente. D) O prematuro com menos de 32 semanas de idade gestacional apresenta ausência de resistência aos movimentos passivos de adução do ombro, extensão do cotovelo e do joelho, bem como grande mobilidade das articulações proximais. Confira aqui a resposta 24. Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) considerando o desenvolvimento do sistema nervoso central dos prematuros. ( ) O nascimento prematuro interrompe a evolução normal dos eventos intrauterinos gerando um risco para o desenvolvimento extrauterino. ( ) Os métodos usados para avaliar o desenvolvimento do sistema nervoso central de prematuros (ressonância magnética, ultrassonografia transcraniana e eletroencefalografia) revelaram alterações como desenvolvimento atrasado dos giros cerebrais, diminuição do volume da substância cinzenta, aumento do volume do lobo temporal e diminuição do volume de áreas pré-frontais. ( ) Eventos de hipóxia ou anóxia, doenças pulmonares e hipertireoidismo estão entre as variáveis que interferem no desenvolvimento do sistema nervoso central e devem ser controladas. ( ) As principais alterações funcionais encontradas na avaliação dos prematuros foram dificuldade de atenção e de aprendizagem (principalmente da matemática), bem como alterações de linguagem, visomotoras, de planejamento, de orientação espacial, da coordenação motora e do equilíbrio. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. A) V – F – F – V. 7 15 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 21/25 B) F –V – V – F. C) V – F – V – F. D) F – V – F – V. Confira aqui a resposta 25. Quais são os fatores de risco para o desenvolvimento associados à prematuridade? Confira aqui a resposta 26. Analise as afirmativas considerando o acompanhamento do desenvolvimento. I – Uma ferramenta importante para acompanhar o desenvolvimento neuropsicomotor dos neonatos é a observação dos movimentos espontâneos, das atividades funcionais ou dos marcos motores, que, uma vez padronizada e sistematizada, permite comparar o desenvolvimento neuropsicomotor da própria criança em diferentes momentos da vida, entre as crianças de um mesmo grupo e entre diferentes grupos. II – Pela grande atividade de plasticidade do sistema nervoso central, o período compreendido entre o nascimento e o final do primeiro ano de vida é considerado como um dos mais críticos para o desenvolvimento infantil. III – Mediante a utilização de instrumentos padronizados de avaliação do desenvolvimento em crianças (como Test of Infant Motor Performance, Escala de Avaliação do Comportamento do neonato, Alberta Infant Motor Scale e Peabody Developmental Motor Scale), principalmente em bebês prematuros e de risco, os estudos longitudinais de seguimento permitem conhecer mudanças a médio e longo prazo do desenvolvimento. Quais estão corretas? A) Apenas a I e a II. B) Apenas a I e a III. C) Apenas a II e a III. D) A I, a II e a III. Confira aqui a resposta ■ SITUAÇÃO-PROBLEMA COM CASO CLÍNICO Ana, Tiago e João são alunos do curso de Fisioterapia e estão cursando o Estágio II, ambulatorial, na clínica-escola da faculdade. Ao saírem juntos de mais uma manhã de estágio, João comenta: – Hoje fiz a avaliação de uma menina diagnosticada com pé torto congênito, que nasceu prematura de 34 semanas e está com 6 meses de idade cronológica. A supervisora sugeriu acompanhar o desenvolvimento motor dela de acordo com a idade corrigida. Fiquei empolgado, mas preciso chegar logo em casa para revisar o desenvolvimento motor. Idade corrigida, não me lembro se estudei. Vocês lembram? – Sim, responde Ana, tem relação com a IG no momento do nascimento (no caso da sua paciente, 34 semanas) e com as 40 semanas da gestação normal. Contudo, não sei bem para que isso serve! Os três colegas decidiram fazer um grupo de estudos no dia seguinte. Para isso, formularam algumas questões para discussão. Leia atentamente as perguntas que o grupo formulou e os ajude a respondê-las. 27. O que é idade corrigida, como se calcula e por que é importante conhecê-la para avaliar o desenvolvimento motor? Confira aqui a resposta 28. Qual é a idade corrigida da criança em questão hoje? 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 22/25 Confira aqui a resposta 29. Pensando que a criança é prematura e olhando as imagens dela em supino (Figura 12A), prono (Figura 12B), sentada (Figura 12C) e de pé (Figura 12D), correlacione o desenvolvimento motor dela com o desenvolvimento de uma criança a termo típica com a mesma idade cronológica. Figura 2 – A) Bebê prematura em supino. B) Bebê prematura em prono. C) Bebê prematura sentada. D) Bebê prematura em pé. Fonte: Arquivo de imagens das autoras. Confira aqui a resposta 30. Como se sabe que uma criança está em atraso do desenvolvimento motor e por que o atraso acontece? Confira aqui a resposta 31. Para o fisioterapeuta, qual é a importância dos achados das avaliações do desenvolvimento? Confira aqui a resposta ■ CONCLUSÃO Estudos de segmento que avaliam o DNPM de crianças a termo têm concluído que pequenas alterações na qualidade dos movimentos no início da vida podem predizer alterações mais evidentes do DNPM na fase escolar ou na adolescência, principalmente em crianças em desvantagem socioeconômica. Em relação às crianças pré-termo, as alterações do DNPM observadas no primeiro ano de vida também são preditoras de alterações nas demais fases do desenvolvimento. Entretanto, mesmo os prematuros com desenvolvimento considerado normal no primeiro ano de vida podem apresentar alterações cognitivas comportamentais ou motoras mais tardiamente Por isso as crianças devem ser avaliadas 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 23/25 podem apresentar alterações cognitivas, comportamentais ou motoras mais tardiamente. Por isso, as crianças devem ser avaliadas periodicamente até a idade escolar e na adolescência. Existem vários instrumentos para triagem/avaliação de crianças com atraso ou alteração do DNPM e para acompanhamento (evolução) desse desenvolvimento. No entanto, conhecer o desenvolvimento típico do bebê a termo e o desenvolvimento esperado para o bebê pré- termo é condição essencial para o fisioterapeuta acompanhar uma criança e detectar alterações. A detecção precoce de alterações do DNPM favorece a intervenção precoce para evitar alterações funcionais e promover o desenvolvimento de habilidades que permitam o máximo de independência funcional. Além da avaliação do DNPM da criança, é preciso conhecer as possibilidades que o ambiente no qual ela vive oferece para estimular o desenvolvimento. Assim, conhecer a história da criança e da sua família sobre diversos aspectos – social, econômico, relacional, educacional, etc. – é parte importante da avaliação do fisioterapeuta. Embora não tenham sido o tema deste artigo, existem instrumentos padronizados que podem ajudar a conhecer as oportunidades do ambiente domiciliar para o desenvolvimento infantil. ■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS Atividade 1 Resposta: O nascimento do bebê a termo ocorre entre 37 e 41 semanas e 6 dias de gestação. Atividade 2 Resposta: B Comentário: As aquisições motoras, assim como o controle motor seguem uma direção cefalocaudal e próximo-distal. As aquisições e o seu controle não são lineares. Atividade 3 Resposta: D Comentário: A organização neural, com diferenciação neuronal e conexões específicas, que se inicia a partir da quinta semana de gestação, perdura, em média, até o quarto ano pós-natal. Atividade 4 Resposta: C Comentário: O Quadro 1 apresenta a relação da IG com o desenvolvimento do SNC e os movimentos do feto. Atividade 5 Resposta: Os movimentos generalizados observados até por volta da nona semana pós-natal são grosseiros e envolvem uma sequência variável de movimentos de extensão e flexão de grande amplitude, do corpo todo – braço, perna, pescoço e tronco – com rotações, mudanças de direção, aumento e diminuição de intensidade, força e velocidade e com início e término graduais. Por ocasião da nona até por volta da vigésima semana de idade, os movimentos que podem ser vistos em todo o corpo são em fluxo constante, pequenas amplitudes e variada direção, sendo denominados irregulares (Fidgety). Atividade 6 Resposta: B Comentário: O alinhamento biomecânico e a ativação muscular nos primeiros meses de vida são componentes essenciais para a transição dos movimentos espontâneos e aleatórios para a aquisição das funcionalidades do rolar, sentar e andar independente. Atividade 7 Resposta: As reações posturais constituem um mecanismo composto por reações de retificação, reação de equilíbrio e reação de proteção. As reações de retificação ou de endireitamento possibilitam o alinhamento postural – alinhamento do corpo levando em conta a postura que permite o equilíbrio frente à gravidade (incidência do centro de massa corporal sobre o centro da base de sustentação do corpo). A reação de equilíbrio é a tentativa de retorno à posição de equilíbrio por meio de contrações musculares tônicas e movimentos automáticos. A reação de proteção caracteriza-se pelo uso dos segmentos (membros superiores e/ou inferiores) para proteção corporal contra um impacto com a superfície de apoio quando as reações de equilíbrio não fazem o corpo retornar à estabilidade inicial. Atividade 8 Resposta: D Comentário: O controle do tronco do bebê é progressivo – inicialmente, dá-se no plano sagital, depois, no frontal e, por último, no transversal. No plano sagital, a flexão e a extensão do tronco facilitama flexão e a extensão dos membros; no plano frontal, as flexões laterais do eixo corporal facilitam os movimentos de abdução e adução dos membros; no plano transversal, as rotações do tronco facilitam as rotações dos membros. Atividade 9 Resposta: A Atividade 10 Resposta: C Comentário: A posição elevada da pelve faz com que as extremidades superiores e a cabeça recebam a maior parte do peso corporal do bebê. Atividade 11 Resposta: D Comentário: Quando em prono, predomina a postura flexora com a pelve elevada e a cabeça em rotação. Quando sentado, a postura é mantida por um breve período, com a coluna fletida, a pelve verticalizada e a cabeça para frente. Com a suspensão ventral, ainda não há 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 24/25 p p , , p ç p p , ativação dos músculos extensores o suficiente para vencer a gravidade: cabeça, braços e pernas ficam pendentes com flexão de cotovelos e joelhos. Atividade 12 Resposta: Os seis marcos motores adquiridos entre os 4 e os 24 meses de idade cronológica, revisados por um estudo multicêntrico da OMS – Multicentre Growth Reference Study – para estabelecer uma janela ou período para a aquisição foram sentar sem apoio, engatinhar em mãos e joelhos, ficar de pé com assistência, caminhar com assistência, ficar de pé sozinho e caminhar sozinho. Atividade 13 Resposta: B Comentário: A movimentação ainda alterna movimentos lentos e bruscos, mas, a partir do segundo mês, os movimentos em pequenas amplitudes de fluxo constante (fidgety) começam a predominar. Atividade 14 Resposta: B Comentário: O rolar de supino para lateral e para prono ainda é acidental, sem o controle, mas pelo deslocamento excessivo do peso para um dos lados do corpo. Em relação ao desenvolvimento das habilidades das mãos, o bebê inicia a preensão palmar, apoiando o objeto na palma da mão e fechando os dedos sobre ele. Atividade 15 Resposta: D Comentário: O terceiro trimestre é marcado pela constante mudança de decúbitos, sendo a postura em prono a preferida, uma vez que dela a criança consegue partir para novas ações e deslocamentos. Atividade 16 Resposta: D Comentário: A criança aumenta a dissociação dos movimentos entre os membros contralaterais e entre os membros inferiores e o tronco, mudando facilmente de postura. A criança é capaz de deslocar o membro inferior anteriormente na marcha com apoio até alcançar a marcha sem apoio, embora ainda mantenha a base alargada e os membros superiores em abdução e flexão. No 12º mês, a criança fica de pé sem apoio dos membros superiores, passando por ajoelhada e semiajoelhada, transferindo o peso para a perna da frente e ficando agachada para levantar com a extensão simétrica dos membros inferiores. Atividade 17 Resposta: A Comentário: Após 12 meses de vida, o ritmo de aquisição motora diminui, mas o desenvolvimento motor continua bastante intenso. Atividade 18 Resposta: A Comentário: Aos 24 meses, a criança já pode descer escadas com auxílio e subi-las segurando o corrimão. Atividade 19 Resposta: C Comentário: Entre 4 e 5 anos, a criança consegue andar de costas em linha reta, ficar em apoio unipodal por cerca de 10 segundos e realizar a preensão palmar como a de um adulto. Após os 5 anos, a criança é capaz de passar para sentada a partir de supino sem a necessidade da realização da rotação de tronco, fazer laço e cooperar nas tarefas de casa. Atividade 20 Resposta: Quanto aos riscos relacionados com o DNPM das crianças nascidas a termo, os fatores extrínsecos incluem ingestão insuficiente de nutrientes, dormir em supino, um ambiente pobre de estímulos e experimentação, além de baixo nível socioeconômico, enquanto os fatores intrínsecos envolvem doenças ou disfunções e o BP ao nascer. Atividade 21 Resposta: Um repertório pobre de movimentos, a ausência dos GMs e a presença de movimentos rígidos/tônicos, sem relaxamento imediato, são considerados preditores de comprometimentos neurológicos. Atividade 22 Resposta: De forma geral, o bebê pré-termo pode apresentar alterações do DNPM relacionadas com as funções cognitiva, motora e comportamental em qualquer período da infância até a adolescência ou fase adulta jovem. Essas funções podem ser consideradas em atraso quando comparadas com o desenvolvimento dos bebês a termo típicos, principalmente no primeiro ano de vida. No entanto, comparando-se os bebês pré-termo entre eles, também haverá diferenças que estão relacionadas à IG e ao peso ao nascer. Atividade 23 Resposta: C Comentário: Bebês prematuros extremos têm maior chance de apresentar alterações motoras, assim como lesões graves do SNC, logo no primeiro ano de vida, enquanto os prematuros limítrofes tendem a ter um desenvolvimento motor inicial compatível com o desenvolvimento típico e a apresentar alterações cognitivas e comportamentais, assim como de coordenação motora e equilíbrio mais tardiamente. Atividade 24 Resposta: A Comentário: Os métodos usados para avaliar o desenvolvimento do SNC de prematuros (RM, ultrassonografia transcraniana e eletroencefalografia) revelaram alterações como desenvolvimento atrasado dos giros cerebrais, aumento do volume da substância cinzenta, diminuição do volume do lobo temporal e aumento do volume de áreas pré-frontais. Eventos de hipóxia ou anóxia, doenças pulmonares e hipotireoidismo estão entre as variáveis que interferem no desenvolvimento do SNC e devem ser controladas. 17/03/2018 Portal Secad https://www.portalsecad.com.br/artigo/764 25/25 PRÓXIMO Atividade 25 Resposta: O nascimento prematuro pode vir associado a uma série de fatores de risco que tornam a criança mais vulnerável a alterações do DNPM. Dentre tais fatores de risco, destacam-se os fatores da criança e os fatores do ambiente. Em relação aos fatores da criança, quanto menor a IG e o peso ao nascer, maior o risco para o desenvolvimento. A extrema prematuridade favorece a inadequada nutrição pós-natal, o adoecimento e o estresse gerado pelo ambiente extrauterino. Esses fatores estão relacionados a maior frequência de lesão encefálica e infecções pós-natais graves. Além disso, complicações neonatais, como a hemorragia intracraniana, a anóxia, as doenças que necessitam de suporte ventilatório a hiperbilirrubinemia e as infecções estão associadas a maior prematuridade e menor peso ao nascer Essas
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