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para sua observação, notamos tal feito na doutrina eleitoral: A ação por captação ilícita de sufrágio se fundamenta no artigo 41-A da Lei 9.504/97, surgido a partir de um movimento popular liderado pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral que originou a lei federal n°. 9840, de 28 de setembro de 1999- A partir de pesquisa encomendada pela Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), após a Campanha da Fraternidade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, de 1996, que teve como tema "fraternidade e política", foi constatado que um dos elementos que mais contribuem para a distorção da democracia brasileira é a compra de votos. Assim, com base nesta constatação, nasceu um movimento popular a partir do qual foi encaminhado, inicialmente, projeto de iniciativa popular de lei, posteriormente convertido em projeto de lei comum, subscrito por deputados de todos os partidos com representação na Câmara dos Deputados propondo alterações na Lei das Eleições, de forma a combater mais efetivamente a referida prática danosa. Em 28.09.1999, foi então sancionada a lei n°. 9-840, que fez incluir na Lei das Eleições o art. 41-A. A partir deste novo dispositivo legal, buscou-se combater a compra de voto e, por conseguinte, o abuso do poder político e econômico nas eleições, preservando-se a liberdade do voto. (BARREIROS, 2020, p. 339 e 340). A fim de que se faça uma melhor análise do conteúdo, é válida a transcrição do importante art. 41-A da Lei n. 9.504, de 30 de setembro de 1997, in verbis: Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a cinquenta mil Ufir, e cassação do registro ou do diploma, observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar no 64, de 18 de maio de 1990 . § 1° Para a caracterização da conduta ilícita, é desnecessário o pedido explícito de votos, bastando a evidência do dolo, consistente no especial fim de agir. § 2° As sanções previstas no caput aplicam-se contra quem praticar atos de violência ou grave ameaça a pessoa, com o fim de obter-lhe o voto. § 3° A representação contra as condutas vedadas no caput poderá ser ajuizada até a data da diplomação. § 4° O prazo de recurso contra decisões proferidas com base neste artigo será de 3 (três) dias, a contar da data da publicação do julgamento no Diário Oficial. (BRASIL, 1997, Art. 41-A, § 1° ao § 4°) Seguindo a mesma linha de raciocínio o Plenário do Tribunal Superior Eleitoral, por maioria, entendeu que a doação de camisas e outros artefatos a diversos eleitores durante o período de campanha eleitoral, demonstrada por meio de prova testemunhal e documental, configura propaganda eleitoral irregular, captação ilícita de sufrágio e abuso do poder econômico. (Recurso Especial Eleitoral no 383-32, Macarani/BA, rei. Min. Henrique Neves da Silva, em 26.5.2015). Vale ressaltar, ainda, no que se refere à caracterização da captação ilícita de sufrágio, que a vantagem pode ser de qualquer tipo, não apenas, portanto, financeira. o oferecimento de um emprego, ou mesmo prestígio político, já pode ser suficiente para a caracterização do ilícito. Por outro lado, a vantagem oferecida deve ser pessoal. Promessas genéricas, sem destinatário objetivamente conhecido não caracterizam a prática de captação ilícita de sufrágio. Ainda de acordo com a jurisprudência dominante do TSE, a prática de captação ilícita de sufrágio pode ser verificada quando realizada por interposta pessoa, a serviço do candidato beneficiário (Ac. 21.792, de 15.9.05, do TSE, DJ de 21.10.2005). Ao contrário do que se verifica na Ação de Investigação Judicial Eleitoral, ou mesmo na Ação de Impugnação de Mandato Eletivo, para a propositura da ação por captação ilícita de sufrágio não é necessária a chamada "POTENCIALIDADE LESIVA", capaz de alterar, significativamente, o resultado das eleições. Basta a comprovação da compra de um único voto para que a captação ilícita de sufrágio esteja caracterizada. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.504-1997?OpenDocument Indo adiante observando o comportamento da doutrina em relação a consequência derivada da captação ilícita de sufrágio, é notório que a cassação do registro de candidatura se executava de imediato, contudo diante de vários julgados sobre a temática foi-se sofrendo alterações ao longo do tempo em decorrência das interposições de recursos e seu real efeito nas aplicações jurisdicionais, senão vejamos: Outra consequência que resultava da mencionada distinção (abuso do poder econômico e captação ilícita do sufrágio) era que a decisão que cassava o registro ou o diploma executava-se imediatamente, mesmo quando o representado interpunha recurso, aplicando-se a regra geral do Código Eleitoral, segundo a qual os recursos não têm efeito suspensivo. Nada impedia, entretanto, que o recorrente buscasse junto ao Tribunal o efeito suspensivo desejado, cabendo a ele demonstrar a necessidade da medida excepcional, se diante de situação que sinalizasse para o perigo da demora e para a presença fumaça do bom direito. E não havia, na adoção do efeito imediato da decisão de cassação, nenhuma incompatibilidade com a disposição do art. 15, da LC n. 64/9082, pois que a atribuição de efeito meramente devolutivo ao recurso tinha como finalidade apenas conferir maior eficácia às decisões judiciais eleitorais (do que depende a administração do processo eleitoral). Com isso, não se estava conferindo efeito definitivo à decisão, o que só viria com o trânsito em julgado. Ademais, a decisão de cassação do registro ou do diploma, tendo como suporte o art. 41-A, não declarava, e não declara, a inelegibilidade do cassado, já que não há, no mencionado tipo sancionador, mencionada consequência. Por isso é que o procedimento recomendado para a Representação Especial que apura a captação ilícita do sufrágio, que é o mesmo da investigação judicial eleitoral (art. 22, da LC n. 64/90), não chegará aos incisos XIV (que determina seja decretada a inelegibilidade do condenado) e XVI (que reserva a condenação aos casos em que a conduta puder ser classificada como grave), limitando-se à observância dos incisos I a XIII e à fixação, na decisão condenatória, das sanções de multa e cassação previstas no próprio tipo infracional. Para o recurso, que por um tempo a jurisprudência entendeu ser de 24 horas, agora o prazo é de três dias, a contar da data da publicação do julgamento no diário oficial, por força do art. 41-A, § 4º, acrescentado pela Lei n. 12.034/2009. (RESENDE, 2018, p. 375 e 376) Diante disso a lei eleitoral castiga aquele candidato que procura persuadir o eleitor, desde o lançamento da candidatura até o dia da eleição, oferecendo-lhe vantagem indevida em troca do voto. Nesta logica, a simples insinuação do eleitor, sem a complacência do candidato, de busca de vantagem indevida não qualifica a captação ilícita de sufrágio. É imprescindível que o candidato sucumba à insinuação do eleitor ou tome, por si só, a ação de aliciá-lo. A captação ilícita do sufrágio pode ensejar sanção de multa e cassação do registro ou do diploma (art. 41-A, Lei nº 9.504/97). Segundo o TSE, tais sanções são cumulativas. Reconhecida a captação ilícita de sufrágio, inafastável a aplicação da pena de cassação do registro ou diploma e multa. Por outro lado, terminado o mandato, TSE entende pela impossibilidade de prosseguimento para aplicação da multa. Na ação por captação ilícita de sufrágio a inelegibilidade é efeito secundário da condenação (art. 1º, I, alínea “j” da LC nº 64/90), ou seja, prescinde de declaração judicial e somente será verificada na hipótese