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1 - Relações privadas e internet unip

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RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
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SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO 
 
CAPÍTULO I - INTERNET 
1. Desenvolvimento da Internet e o Surgimento da Contratação 
Eletrônica. 
 1.1. Histórico da Internet 
1.2. Características do espaço digital 
1.3. Conceito de Internet 
1.4. Liberdade de acesso e proteção do usuário 
1.5. Delitos e responsabilidade na internet 
1.6. Principais características jurídicas da internet 
1.7. A Regulamentação da Internet.
 
1.8. Introdução e Questões Legais Relacionadas com Comércio 
Eletrônico. 
 
CAPÍTULO II – CONTRATOS ELETRÔNICOS 
2. Contratos Eletrônicos. 
2.1. Formação dos Contratos Eletrônicos. 
2.2. Documento Eletrônico.
 
2.3. Contratantes.
 
2.4. Intermediários. 
2.5. Senha, Assinatura Eletrônica e Assinatura Digital. 
2.6. Capacidade no Âmbito dos Contratos.
 
2.7. Licitude do Objeto.
 
2.8. Forma dos Contratos. 
2.9. Negociações Preliminares. 
2.10. Proposta e Aceitação. 
2.11. Momento da Celebração. 
2.12. Meios de Prova. 
2.13. Lugar do Contrato.
 
2.14. Contratos de Adesão.
 
2.15. Classificação dos Contratos Eletrônicos. 
 2.15.1. Contratos Eletrônicos Intersistêmicos. 
2.15.2. Contratos Eletrônicos Interpessoais. 
2.15.3. Contratos Eletrônicos Interativos. 
2.16. Princípios Específicos para os contratos eletrônicos. 
2.16.1. Princípio da equivalência funcional dos contratos 
realizados em meio eletrônico com os contratos realizados 
por meios tradicionais. 
2.16.2. Princípio da conservação e aplicação das normas 
jurídicas existentes aos contratos eletrônicos ou 
inalterabilidade do direito. 
2.16.3. Princípio da identificação 
2.16.4. Princípio da verificação. 
2.16.5. Princípio da neutralidade e da perenidade das 
normas reguladoras do ambiente digital. 
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2.16.6. Princípio da boa-fé contratual 
 
 
CAPÍTULO III - A RELAÇÃO DE CONSUMO NO PLANO VIRTUAL 
3. O Código de Defesa do Consumidor e os Contratos Eletrônicos. 
3.1. Legislação Aplicável ao E-Commerce. 
3.2. As Relações de Consumo: O Princípio da Confiança nos 
Sistemas Especializados. 
3.3. Proteção do Consumidor. 
3.4. Responsabilização dos Fornecedores de Serviços e Produtos 
através da Internet. 
 
CAPÍTULO IV – PRIVACIDADE NO PLANO VIRTUAL 
4. Privacidade no Ambiente Eletrônico, 
4.1. Fundamentos da Proteção da Privacidade. 
4.1.1. Direitos da Personalidade. 
4.1.2. Constituição Federal. 
4.1.3. Código Civil. 
4.1.4. Legislação Ordinária. 
4.2. Evolução Histórica. 
4.2.1. Início da Tutela Jurídica da Privacidade. 
4.2.2. O Condicionamento da Privacidade pela Tecnologia. 
4.2.3. Privacidade, Intimidade e Vida Privada. 
4.3. Da Privacidade à Proteção de Dados Pessoais. 
 
CAPÍTULO V – DIREITOS AUTORAIS NO PLANO VIRTUAL 
5. Direitos de Autor e sua Proteção na Internet. 
 
CAPÍTULO VI – NOVOS TEMAS RELACIONADOS COM O DIREITO E A INTERNET 
 
CAPÍTULO VII – REFERÊNCIAS 
 
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INTRODUÇÃO 
 
Levando em consideração o crescimento do uso de 
determinados instrumentos de comunicação, bem como, a necessidade 
da facilitação desses instrumentos, a humanidade criou meios mais 
eficientes de comunicação, que acabaram gerando ao direito, 
problemas práticos não enfrentados anteriormente. 
 
Para que o direito possa proteger o meio social onde 
vivemos, necessário se faz regulamentar os usos desses novos 
instrumentos de comunicação. 
 
No Brasil, o plano digital possui a proteção das seguintes 
normas: 
- Constituição Federal; 
- Convenção de Berna (Decreto nº 75.699/1975); 
- Lei da Informática (Lei nº 8.248/91); 
- Decreto que regulamentou a lei da informática (Decreto nº 792/1993) 
- Lei de Propriedade Industrial (Lei nº 9.276/1996) 
- Lei do software (Lei nº 9.609/1998); 
- Lei de direitos autorais (Lei nº 9.610/1998); 
- Tratado sobre Direitos de Propriedade Intelectual Relacionado ao 
Comércio Internacional TRIPS – Trade related intllectual proprety rights. 
- Lei do Processo Eletrônico (Lei nº 11.419/2006) 
- Lei da entrega de produtos aos consumidores (Lei SP nº 13.747/2009); 
- Registros eletrônicos no programa minha casa, minha vida (Lei nº 
11.977/2009); 
- Registro eletrônico do ponto (Portaria do Ministério do Trabalho nº 
1.510/2009); 
- Lei que trata do Teletrabalho (Lei nº 12.551/2011); 
- Lei Eduardo Azeredo – investigação em delegacias especializadas em 
crimes eletrônicos; (Lei nº 12.735/2012); 
- Lei Carolina Dieckmann que trata de dispositivos de invasão em 
dispositivos eletrônicos (Lei nº 12.737/2012); 
- Documentos digitalizados (Decreto nº 12.682/2012); 
- Regula o e-commerce (Decreto nº 7.962/2013); 
- Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014); 
- Regulamento do Marco Civil da Internet (Decreto nº 8.771/2016). 
- Lei de Proteção de dados pessoais (Lei nº 13.709/2018) 
- Decreto que instituiu o sistema nacional para a transformação digital 
(Decreto nº 9.319/2018); 
- Decreto que instituiu o sistema estadual de coleta e identificação 
biométrica eletrônica (Decreto nº 63.299/2018 de SP); 
- Medida Provisória que criou a autoridade nacional de proteção de 
dados (MP nº 869/2018) 
- Lei nº 13.640/2018 (Lei que regulamenta o Uber). 
- Decreto nº 9.854 de 2019 que instituiu o Plano Nacional de Internet das 
Coisas – IOT 
- Lei Complementar nº 167 de 2.019 (Lei das Startups). 
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CAPÍTULO I - INTERNET 
 
1. Desenvolvimento da Internet e o Surgimento da Contratação 
Eletrônica. 
 
1.1. Histórico da Internet 
 
A descoberta dos meios de comunicação de massa, tais 
como o telégrafo em 1838, demarca o surgimento de uma nova era, a 
era da informação. Por conta disso, ficou constatada a necessidade de 
difundir tais informações por meio de aparelhos que unissem a 
comunicação com o processamento de informações. 
 
Neste contexto social surgiu a INTERNET, tendo como 
instrumento necessário para o seu uso, o computador, que por sua vez, 
data da época da Segunda Guerra Mundial nos Estados Unidos da 
América, para difusão de informações. 
 
O computador foi criado pelos militares, para o envio de 
mensagens para altos comandos. Esse primeiro computador foi 
denominado de ENIAC (Eletronic Numeral Integrator Analyzer and 
Computer). 
 
No ano de 1951 foi lançado na Inglaterra o LEO – Lyons 
Eletronic Office, o primeiro computador para uso comercial. A partir de 
então, a evolução do mundo virtual se deu de forma mais rápida, tendo 
sido projetada a primeira rede de computadores nos anos 60. 
 
É uma tendência social a organização em torno de redes 
e, nesse contexto, surgiu a ARPAnet (Advanced Research Project Agency 
Network), com o intuito de descentralizar o armazenamento de 
informações militares, evitando assim, que uma possível invasão a 
Washington, colocasse em risco a segurança nacional. 
 
No final dos anos 80, ARPAnet foi perdendo seu caráter 
militar, passando a ser financiada pela NASA, instituição americana 
responsável por pesquisas espaciais e em 1990 foi oficialmente 
denominada de Internet. 
 
No Brasil, a internet foi inicialmente restringida às 
universidades e centros de pesquisa, passando em 1995 para o uso 
comercial e logo depois, com a disponibilização do acesso à rede 
através dos provedores de acesso, a movimentação comercial atingiu a 
casa dos bilhões. 
 
A Internet se tornou operacional no Brasil com a criação 
do Comitê Gestor de Internet no Brasil (CGIB) por meio da Portaria 
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Interministerial N° 147, de 31 de maio de 1995 do Ministério das 
Comunicações e do Ministério da Ciência e Tecnologia. Seus integrantes 
foram nomeados pela Portaria Interministerial nº 183, de 3 de julho de 
1995, sofrendo alterações através das portarias subsequentes. 
 
A exploração comercial da Internet foi oficialmente 
inaugurada com a Portaria nº 148 de 31 de maio de 1995 do Ministério 
das Comunicações. 
 
O barateamento dos equipamentos de informática e a 
constante melhora de qualidade nos serviços de telecomunicações tem 
atraído milhares de pessoa à redemundial de computadores. Desta 
forma, a internet possibilitou o surgimento de uma nova forma de 
comunicação entre as pessoas, onde alguém de dentro de sua própria 
casa poderá receber uma mensagem de outra pessoa do outro lado do 
mundo em questão de segundos e com um baixo custo. 
 
Assim, na fase pós-moderna em que vivemos, o mundo 
não é mais dominado pelos possuidores de terras e outros meios de 
produção. Aqueles que detêm a informação possuem o poder de 
controlar o acesso aos demais meios de produção. 
 
O Direito viu-se diante de uma situação fática sem 
regulamentação, tendo que verificar, de acordo os costumes e com a 
legislação já existente, se aquela prática estava de acordo com a 
realidade jurídica do país, protegendo os cidadãos dos riscos trazidos 
pela nova tecnologia. 
 
Esse novo espaço, até então inexistente, que se 
convencionou chamar de “ciberespaço” ou espaço digital, para Rodney 
de Castro Peixoto, transcrito por Sheila Leal, seria “o conjunto de sites, 
computadores, aplicativos, pessoas, programas e recursos que formam a 
Internet” (LEAL, 2007, p. 10). 
 
 
1.2. Características do espaço digital 
 
As principais características do espaço digital são: 
- Intangibilidade; 
- Velocidade; 
- Quebra das barreiras geográficas e jurisdicionais; 
- Interatividade; 
- Facilidade de acesso; 
- Insegurança. 
 
A intangibilidade significa que o mundo digital não é um 
espaço físico perceptível aos nossos sentidos. Ele constitui uma ficção do 
mundo da informática que se traduz por bits e bytes. 
 
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Posteriormente, no que tange à velocidade, um dado 
transmitido pela internet, pode chegar ao outro lado do globo terrestre 
em questão de segundos, desembocando assim, na terceira 
característica, qual seja, a quebra das barreiras geográficas e 
jurisdicionais, onde as pessoas de diferentes partes do mundo podem 
transacionar sem precisar sair de suas casas. 
 
Com isto, surge uma dificuldade em determinar qual seria 
a legislação aplicável às mais diversas situações que ocorrem no plano 
digital. Essa comunicação de forma rápida e eficiente retrata a 
característica da interatividade, onde pessoas e sistemas se comunicam, 
em tempo real. 
 
Por fim, quanto à insegurança, apesar dos crescentes 
avanços, o espaço virtual ainda é um ambiente vulnerável, tendo em 
vista o surgimento de pessoas que têm a intenção de cometer fraudes 
utilizando-se da falta de regulamentação própria e pela facilidade do 
acesso aos crimes cometidos através da internet. 
 
 
1.3. Conceito de Internet 
 
Para entender o conceito de Internet, primeiro é 
necessário entender o significado de rede de computadores, tendo em 
vista a confusão que, por vezes, se faz entre os dois temas. 
 
Rede de computadores é um complexo consistindo de 
duas ou mais unidades de computação interconectadas. Essas unidades 
são interligadas por meio de programas (softwares) e outros 
equipamentos eletrônicos, podendo trocar dados entre si. 
 
A Internet pode ser definida como uma rede de 
computadores de grande proporção e ilimitado acesso as informações 
disponíveis no plano digital. 
 
Observa-se, assim, que nem toda rede de computadores 
constitui a internet, pois esta proporciona acesso irrestrito, enquanto uma 
rede de computadores dentro de uma determinada empresa, por 
exemplo, fica limitada àqueles que possuem autorização para acessá-la. 
 
A Norma nº 04/95 publicada pelo Ministério das 
Comunicações e aprovada pela Portaria nº 148/95 do Ministério de 
Ciências e Tecnologias, que regulamentou o uso da rede pública de 
telecomunicações para acesso à internet, definiu a internet como: 
 
“nome genérico que designa o conjunto de redes, os 
meios de transmissão e computação, roteadores, equipamentos e 
protocolos necessários à comunicação entre computadores, bem como, 
o software e os dados contidos nestes hardwares” 
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Assim, a Internet é um meio de comunicação e não um 
lugar, um contrato. Se a Internet fosse um lugar, onde seria o foro de um 
contrato celebrado pela Internet entre uma empresa alemã e outra 
brasileira? Portanto, um contrato celebrado por meio da internet apenas 
difere de outro contrato qualquer, pelo meio de comunicação escolhido 
para a sua efetivação. 
 
Acompanhando o ritmo dinâmico e crescente da Internet, 
as informações jurídicas têm conquistado um relevante espaço na rede, 
tornando a Internet um dos mais novos e eficazes instrumentos de 
cidadania e proteção jurídica. Diversos serviços, como declaração de 
impostos, denúncias online no PROCON e Ministério Público, o 
fornecimento de certidão negativa da dívida ativa etc. estão sendo 
realizados pela internet de maneira eficiente. 
 
 
1.4. Liberdade de acesso e proteção do usuário 
 
O principal entrave nas negociações pela Internet ainda 
continua sendo o aspecto de insegurança que ela traz para os usuários. 
Por isso, há uma grande preocupação com a regulamentação dos 
contratos eletrônicos. 
 
Nesse sentido, a OAB seccional São Paulo desenvolveu um 
projeto de lei por meio de sua Comissão de Direito Digital, que visava 
regulamentar o comércio eletrônico. Tal projeto foi apresentado na 
Câmara dos Deputados, possuindo como fundamento as leis existentes 
nesse sentido em diversos países, como Portugal, Estados Unidos e Itália. 
 
As disposições deste projeto incluíam a proteção do 
usuário da Internet que se utiliza do comércio digital, com base em 
dispositivos já existentes no Código de Defesa do Consumidor para 
regular o comércio habitual. Além disso, traziam uma proteção especial, 
tendo em vista a vulnerabilidade da transmissão de informações nas 
transações virtuais. 
 
Percebe-se o surgimento de medidas protetivas ao 
usuário, com a introdução da assinatura digital como forma substitutiva 
da assinatura manual, um instituto disciplinado pela Lei nº 11.419/2006, no 
que se refere a assinatura em processos judiciais digitais. 
 
Já no âmbito internacional, os Estados Unidos saíram na 
frente ao aprovar no ano de 2000 uma lei que reconhece como válidos 
documentos assinados pela internet. No Brasil a MP nº 2.200-2/2001, 
introduziu a infraestrutura das Chaves Públicas Brasil/CPB, atribuindo fé 
pública e presunção relativa de veracidade à assinatura digital. 
 
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Em 2013, levando em consideração a falta de 
regulamentação do comércio eletrônico, surge, o Decreto nº 7.962/2013 
– regulamento do e-commerce, que busca, por meio de seus artigos, 
proteger o consumidor, estipulando as condutas do fornecedor de 
serviços, como informações, atendimento facilitado e respeito ao direito 
de arrependimento, vejamos: 
 
Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei no 8.078, de 11 de setembro de 
1990, para dispor sobre a contratação no comércio eletrônico, 
abrangendo os seguintes aspectos: 
I - informações claras a respeito do produto, serviço e do fornecedor; 
II - atendimento facilitado ao consumidor; e 
III - respeito ao direito de arrependimento. 
 
Art. 2o Os sítios eletrônicos ou demais meios eletrônicos utilizados para 
oferta ou conclusão de contrato de consumo devem disponibilizar, 
em local de destaque e de fácil visualização, as seguintes 
informações: 
I - nome empresarial e número de inscrição do fornecedor, quando 
houver, no Cadastro Nacional de Pessoas Físicas ou no Cadastro 
Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda; 
II - endereço físico e eletrônico, e demais informações necessárias 
para sua localização e contato; 
III - características essenciais do produto ou do serviço, incluídos os 
riscos à saúde e à segurança dos consumidores; 
IV - discriminação, no preço, de quaisquer despesas adicionais ou 
acessórias, tais como as de entrega ou seguros; 
V - condições integrais da oferta, incluídas modalidades de 
pagamento, disponibilidade, forma e prazo da execução do serviço 
ou da entrega ou disponibilização do produto; e 
VI - informações claras eostensivas a respeito de quaisquer restrições 
à fruição da oferta. 
 
Art. 3o Os sítios eletrônicos ou demais meios eletrônicos utilizados para 
ofertas de compras coletivas ou modalidades análogas de 
contratação deverão conter, além das informações previstas no art. 
2o, as seguintes: 
I - quantidade mínima de consumidores para a efetivação do 
contrato; 
II - prazo para utilização da oferta pelo consumidor; e 
III - identificação do fornecedor responsável pelo sítio eletrônico e do 
fornecedor do produto ou serviço ofertado, nos termos dos incisos I e 
II do art. 2o. 
 
Art. 4o Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no 
comércio eletrônico, o fornecedor deverá: 
I - apresentar sumário do contrato antes da contratação, com as 
informações necessárias ao pleno exercício do direito de escolha do 
consumidor, enfatizadas as cláusulas que limitem direitos; 
II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificação e 
correção imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores à 
finalização da contratação; 
III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitação da oferta; 
IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua 
conservação e reprodução, imediatamente após a contratação; 
V - manter serviço adequado e eficaz de atendimento em meio 
eletrônico, que possibilite ao consumidor a resolução de demandas 
referentes a informação, dúvida, reclamação, suspensão ou 
cancelamento do contrato; 
VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do 
consumidor referidas no inciso, pelo mesmo meio empregado pelo 
consumidor; e 
VII - utilizar mecanismos de segurança eficazes para pagamento e 
para tratamento de dados do consumidor. 
Parágrafo único. A manifestação do fornecedor às demandas 
previstas no inciso V do caput será encaminhada em até cinco dias 
ao consumidor. 
 
Art. 5o O fornecedor deve informar, de forma clara e ostensiva, os 
meios adequados e eficazes para o exercício do direito de 
arrependimento pelo consumidor. 
§ 1o O consumidor poderá exercer seu direito de arrependimento pela 
mesma ferramenta utilizada para a contratação, sem prejuízo de 
outros meios disponibilizados. 
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§ 2o O exercício do direito de arrependimento implica a rescisão dos 
contratos acessórios, sem qualquer ônus para o consumidor. 
§ 3o O exercício do direito de arrependimento será comunicado 
imediatamente pelo fornecedor à instituição financeira ou à 
administradora do cartão de crédito ou similar, para que: 
I - a transação não seja lançada na fatura do consumidor; ou 
II - seja efetivado o estorno do valor, caso o lançamento na fatura já 
tenha sido realizado. 
§ 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmação imediata 
do recebimento da manifestação de arrependimento. 
 
Art. 6o As contratações no comércio eletrônico deverão observar o 
cumprimento das condições da oferta, com a entrega dos produtos e 
serviços contratados, observados prazos, quantidade, qualidade e 
adequação. 
 
Art. 7o A inobservância das condutas descritas neste Decreto ensejará 
aplicação das sanções previstas no art. 56 da Lei no 8.078, de 1990. 
 
 
Desta forma, vemos que há no Brasil legislação apta a 
proteger o consumidor, nos casos de aquisições no plano digital, mas que 
somente poucos operadores do direito conhecem tal norma tão 
importante a ser invocada em juízo. 
 
 
1.5. Delitos e responsabilidade na Internet 
 
A Internet foi programada para funcionar e distribuir 
informações de forma ilimitada. Em contrapartida, as autoridades 
judiciárias estão presas às normas e instituições do Estado e, portanto, a 
uma Nação e a um território limitado. 
 
Walter Lima Jr traz em seu livro que “há diversas maneiras 
de identificação de IP. Uma delas é através da adoção do protocolo 
IPV6, mas a implantação dessa tecnologia seria "custosa" para os 
grandes players da internet. Hoje pelos processadores i3, i5, i7, há 
possibilidades de conhecer a máquina que esta partindo o request na 
Internet. Enfim, a privacidade na internet é um mito.” 
 
Mas a questão da soberania é um dos maiores entraves 
para a criação de uma legislação supranacional, pois, o Direito 
Internacional não tem caráter punitivo obrigatório, apenas para os 
Estados que concordarem em firmar tratados. 
 
Devido à difusão da Internet, a privacidade das pessoas 
passou a ser invadida de forma corriqueira, pois, na Rede podem ser 
encontradas informações sobre qualquer pessoal em uma quantidade 
surpreendente. 
 
Começa, então, a surgirem os problemas de crimes 
digitais, com a criação da figura dos invasores dos sistemas. 
 
São práticas comuns na Internet a ocorrência de crimes 
de racismo, por meio de sites de divulgação de grupos como os 
Skinshead, a invasão da privacidade por meio de correntes de sorte, que 
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chegam ao seu e-mail sem autorização, porém não há nenhuma lei que 
proíba a sua existência, golpes bancários e crimes de pedofilia. 
 
Ao redor do mundo, os países estão preocupados em 
reprimir essas práticas, como é o caso do Brasil com a criação de 
unidades especiais para o combate de crimes virtuais, como a Delegacia 
de Crimes Praticados por Meios Eletrônicos da Polícia Civil do Estado de 
São Paulo. 
 
Enquanto não forem criadas leis específicas, as condutas 
dos crimes digitais deverão ser tratadas de acordo com o Código Penal. 
 
Na era da pós-modernidade, a Internet passou a ser um 
dos meios de comunicação mais difundidos no mundo, tendo em vista a 
sua facilidade de acesso, rapidez na obtenção de informações, 
praticidade, entre outras características. 
 
 
1.6. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS JURÍDICAS DA INTERNET 
 
 
A - RELATIVIZAÇÃO DAS NOÇÕES DE TEMPO E ESPAÇO 
 
Para o Direito, o tempo é relevante na determinação do 
momento da aquisição e/ou extinção dos direitos, na fixação da 
vigência das leis e dos negócios jurídicos, no estabelecimento das regras 
para a contagem dos prazos em geral (LEAL, 2007, p. 23) 
 
Desta forma, a Internet veio quebrar os paradigmas que 
regem os contratos em geral, ao relativizar as noções de espaço e tempo, 
quebrando barreiras geográficas e permitindo que o mundo inteiro se 
comunicasse de forma mais rápida. 
 
As definições do espaço e do tempo são relevantes para 
determinar qual será a lei aplicável no caso concreto e qual o foro 
competente para eventuais conflitos. 
 
Pode se consultar o processo de vários lugares quebrando 
a lei da física. 
 
Em relação ao tempo, uma das vantagens trazidas pela 
Rede, é a possibilidade de efetuar transações comerciais, mesmo fora do 
horário comercial do estabelecimento físico do seu fornecedor. Mas a 
comprovação do exato momento da contratação fica prejudicada. 
 
 
B - LIBERDADE DE USO E VAZIO DE REGULAMENTAÇÃO 
 
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O uso da Internet é ilimitado, não possuindo fronteiras ou 
barreiras. Não há, nesse sentido, um órgão internacional responsável pela 
regulamentação de seus atos, ficando a critério de cada país discipliná-
lo no seu ordenamento jurídico da forma mais conveniente. Apesar disso, 
alguns países ainda não possuem nenhuma regulamentação para as 
transações efetuadas de forma virtual, criando o que se pode chamar 
de “vazio de regulamentação”. 
 
Os posicionamentos doutrinários divergem quanto à 
necessidade de legislação específica para tratar as questões travadas 
no ciberespaço. Os EUA adotaram a posição de deixarem a critério do 
setor privado a regulamentação de tal meio, porém, defendendo a 
necessidade de criação de um código comercial de regras 
fundamentais, para nortear o comércio eletrônico. 
 
De forma oposta, há quem defenda que a Internet deve 
ser regulada por meio de analogia e direito comparado, sendo a Internet 
um meio auto regulável. E existem os que defendem a necessidade de 
uma legislação e regulamentação específicas, sem a perenidade dos 
códigos. 
 
O Código de Conduta de Portugal, de 2000, pode sercitado como modelo de auto-regulamentação. 
 
O ideal seria mesmo uma regulamentação supranacional, 
neutra, que transcendesse os limites territoriais dos países e alcançasse 
todo o mundo. Porém, essa solução, ao mesmo por ora, não se apresenta 
como viável, seja porque se está ainda muito longe de alcançar uma 
neutralidade, seja em razão da soberania dos Estados e de suas 
peculiaridades de ordem social, econômica e cultura, das quais derivam 
necessidades diversas que os distinguem dos demais Estados (LEAL, 2007, 
28). 
 
Nesse sentido, qualquer legislação proposta deverá 
estabelecer normas de caráter geral, permitindo uma mobilidade maior 
do aplicador do direito para adaptar às diferentes e permanentemente 
mutáveis situações que surgem na Internet com reflexos no âmbito 
jurídico. 
 
A lei modelo da UNCITRAL, lei que surgiu nos Estados Unidos 
tem sido tomada como referencial por vários países, inclusive o Brasil, que 
possui alguns projetos de lei em tramitação, o Projeto 1589/99 da OAB 
seccional São Paulo o PL 4906/2001, PL 104/2011 (4), PL 2367/2011, PL 
3200/2012, PL 4189/2012, PL 4509/2012; PL 3607/2012; PL 4348/2012 entre 
outros. 
 
 
C - TENDÊNCIA À DISPENSABILIDADE DOS DOCUMENTOS FÍSICOS 
 
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Os serviços bancários, as compras e até mesmo a 
processualística brasileira, caminha para a dispensabilidade do uso de 
documentos físicos, representados por papel, e a utilização de dados 
digitais. 
 
A Segurança e validade das contratações em meio 
eletrônico, como todos os riscos que apresentam, têm ou não a mesma 
validade jurídica das transações documentadas em papel? 
 
Estudos desenvolvidos pelo IDC – Instituto de Direito do 
Consumidor – revelaram que quase 37% dos brasileiros que acessam a 
Internet não se utilizam da Web para fazer compras por não confiarem 
na segurança dos sites de comércio eletrônico (LEAL, 2007, p. 32). 
 
 
 
1.7. A REGULAMENTAÇÃO DA INTERNET 
 
A internet é normatizada no Brasil, por portarias, 
regulamentações e leis. 
 
As normas que regulamentam a internet no Brasil, são: 
- Portaria Interministerial nº 147 de 1995 que criou o Comitê 
Gestor da Internet no Brasil – CGI; 
- Princípios para a governança e uso da internet no Brasil – 
resolução nº 03/2009 do CGI; 
- Portaria nº 148 de 1995 do Ministério de Ciências e 
tecnologia que definiu a internet em seu texto; 
- Lei do Marco Civil da Internet – Lei nº 12.965/2014; 
- Regulamento do Marco Civil da Internet – Decreto nº 
8.771/2016. 
 
 
1.7.1. PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 147 DE 1995 – CGI 
 
Essa portaria criou o Comitê Gestor da Internet no Brasil, 
responsável pela fiscalização, coordenação e proteção da internet 
dentro de nosso território nacional. O principal texto da norma é o artigo 
1º que traz as atribuições do Comitê, principalmente recomendando 
determinadas atitudes daqueles meios que fornecem a internet. 
 
Art. 1°. Criar o Comitê Gestor Internet do Brasil, que 
terá como atribuições: 
I - acompanhar a disponibilização de serviços 
Internet no país; 
II - estabelecer recomendações relativas a: 
estratégia de implantação e interconexão de redes, 
análise e seleção de opções tecnológicas, e papéis 
funcionais de empresas, instituições de educação, 
pesquisa e desenvolvimento (IEPD); 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
13 
III - emitir parecer sobre a aplicabilidade de tarifa 
especial de telecomunicações nos circuitos por linha 
dedicada, solicitados por IEPDs qualificados; 
IV - recomendar padrões, procedimentos técnicos e 
operacionais e código de ética de uso, para todos 
os serviços Internet no Brasil; 
V - coordenar a atribuição de endereços IP (Internet 
Protocol) e o registro de nomes de domínios; 
VI - recomendar procedimentos operacionais de 
gerência de redes; 
VII - coletar, organizar e disseminar informações 
sobre o serviço Internet no Brasil; e 
VIII - deliberar sobre quaisquer questões a ele 
encaminhadas. 
 
Art. 2°. O Comitê Gestor será composto pelos 
seguintes membros, indicados conjuntamente pelo 
Ministério das Comunicações e Ministério da Ciência 
e Tecnologia: 
I - um representante do Ministério da Ciência e 
Tecnologia, que o coordenará; 
II - um representante do Ministério das 
Comunicações; 
III - um representante do Sistema Telebrás; 
IV - um representante do Conselho Nacional de 
Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq; 
V - um representante da Rede Nacional de 
Pesquisa; 
VI - um representante da comunidade acadêmica; 
VII - um representante de provedores de serviços; 
VIII - um representante da comunidade empresarial; 
e 
IX - um representante da comunidade de usuários do 
serviço Internet. 
 
Art. 3°. O mandato dos membros do Comitê Gestor 
será de dois anos, a partir da data de nomeação. 
Parágrafo único: A nomeação dos membros do 
Comitê Gestor será mediante portaria conjunta do 
Ministério das Comunicações e Ministério da Ciência 
e Tecnologia. 
 
 
1.7.2. Princípios para a governança e uso da internet no Brasil – Resolução 
nº 03 de 2009 da CGI 
 
São fundamentos e diretrizes para o uso da internet no 
Brasil: 
 
1. Liberdade, privacidade e direitos humanos 
O uso da Internet deve guiar-se pelos princípios de liberdade de 
expressão, de privacidade do indivíduo e de respeito aos direitos 
humanos, (seres vivos) reconhecendo-os como fundamentais para a 
preservação de uma sociedade justa e democrática. 
 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
14 
2. Governança democrática e colaborativa 
A governança da Internet deve ser exercida de forma transparente, 
multilateral e democrática, com a participação dos vários setores da 
sociedade, preservando e estimulando o seu caráter de criação 
coletiva. 
 
3. Universalidade 
O acesso à Internet deve ser universal para que ela seja um meio para o 
desenvolvimento social e humano, contribuindo para a construção de 
uma sociedade inclusiva e não discriminatória em benefício de todos. 
 
4. Diversidade 
A diversidade cultural deve ser respeitada e preservada e sua expressão 
deve ser estimulada, sem a imposição de crenças, costumes ou valores. 
 
5. Inovação 
A governança da Internet deve promover a contínua evolução e ampla 
difusão de novas tecnologias e modelos de uso e acesso. 
 
6. Neutralidade da rede 
Filtragem ou privilégios de tráfego devem respeitar apenas critérios 
técnicos e éticos, não sendo admissíveis motivos políticos, comerciais, 
religiosos, culturais, ou qualquer outra forma de discriminação ou 
favorecimento. 
 
7. Inimputabilidade da rede 
O combate a ilícitos na rede deve atingir os responsáveis finais e não os 
meios de acesso e transporte, sempre preservando os princípios maiores 
de defesa da liberdade, da privacidade e do respeito aos direitos 
humanos. 
 
8. Funcionalidade, segurança e estabilidade 
A estabilidade, a segurança e a funcionalidade globais da rede devem 
ser preservadas de forma ativa através de medidas técnicas compatíveis 
com os padrões internacionais e estímulo ao uso das boas práticas. 
 
9. Padronização e interoperabilidade 
A Internet deve basear-se em padrões abertos que permitam a 
interoperabilidade e a participação de todos em seu desenvolvimento. 
 
10. Ambiente legal e regulatório 
O ambiente legal e regulatório deve preservar a dinâmica da Internet 
como espaço de colaboração. 
 
 
1.7.3. Portaria nº 148/95 do Ministério de Ciências e Tecnologias 
 
NORMA 004/95 - USO DE MEIOS DA REDE PÚBLICA DE 
TELECOMUNICAÇÕES PARA ACESSO À INTERNET 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
15 
1. OBJETIVO 
Esta Norma tem como objetivo regular o uso de 
meios da Rede Pública de Telecomunicações para 
o provimento e utilização de Serviços de Conexão à 
Internet. 
 
2. CAMPO DE APLICAÇÃO 
Esta Norma se aplica: 
a) às Entidades Exploradoras de Serviços Públicos de 
Telecomunicações (EESPT) no provimento de meios 
da Rede Pública de Telecomunicações a 
Provedores e Usuários de Serviços de Conexão à 
Internet; 
b) aos Provedores e Usuários de Serviços de 
Conexão à Internetna utilização dos meios da Rede 
Pública de Telecomunicações. 
 
3. DEFINIÇÕES 
Para fins desta Norma são adotadas as definições 
contidas no Regulamento Geral para execução da 
Lei nº 4.117, aprovado pelo Decreto nº 52.026, de 20 
de maio de 1963, alterado pelo Decreto nº 97.057, 
de 10 de novembro de 1988, e ainda as seguintes: 
a) Internet: nome genérico que designa o conjunto 
de redes, os meios de transmissão e comutação, 
roteadores, equipamentos e protocolos necessários 
à comunicação entre computadores, bem como o 
"software" e os dados contidos nestes 
computadores; 
b) Serviço de Valor Adicionado: serviço que 
acrescenta a uma rede preexistente de um serviço 
de telecomunicações, meios ou recursos que criam 
novas utilidades específicas, ou novas atividades 
produtivas, relacionadas com o acesso, 
armazenamento , movimentação e recuperação 
de informações; 
c) Serviço de Conexão à Internet (SCI): nome 
genérico que designa Serviço de Valor Adicionado, 
que possibilita o acesso à Internet a Usuários e 
Provedores de Serviços de Informações; 
d) Provedor de Serviço de Conexão à Internet (PSCI): 
entidade que presta o Serviço de Conexão à 
Internet; 
e) Provedor de Serviço de Informações: entidade 
que possui informações de interesse e as dispõem na 
Internet, por intermédio do Serviço de Conexão à 
Internet; 
f) Usuário de Serviço de Informações: Usuário que 
utiliza, por intermédio do Serviço de Conexão à 
Internet, as informações dispostas pelos Provedores 
de Serviço de Informações; 
g) Usuário de Serviço de Conexão à Internet: nome 
genérico que designa Usuários e Provedores de 
Serviços de Informações que utilizam o Serviço de 
Conexão à Internet; 
h) Ponto de Conexão à Internet: ponto através do 
qual o SCI se conecta à Internet; 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
16 
i) Coordenador Internet: nome genérico que 
designa os órgãos responsáveis pela padronização, 
normatização, administração, controle, atribuição 
de endereços, gerência de domínios e outras 
atividades correlatas, no tocante à Internet; 
 
4. SERVIÇO DE CONEXÃO À INTERNET 
4.1. Para efeito desta Norma, considera-se que o 
Serviço de Conexão à Internet constitui-se: 
a) dos equipamentos necessários aos processos de 
roteamento, armazenamento e encaminhamento 
de informações, e dos "software" e "hardware" 
necessários para o provedor implementar os 
protocolos da Internet e gerenciar e administrar o 
serviço; 
b) das rotinas para a administração de conexões à 
Internet (senhas, endereços e domínios Internet); 
c) dos "softwares" dispostos pelo PSCI: aplicativos tais 
como - correio eletrônico, acesso a computadores 
remotos, transferência de arquivos, acesso a banco 
de dados, acesso a diretórios, e outros correlatos -, 
mecanismos de controle e segurança, e outros; 
d) dos arquivos de dados, cadastros e outras 
informações dispostas pelo PSCI; 
e) do "hardware" necessário para o provedor ofertar, 
manter, gerenciar e administrar os "softwares" e os 
arquivos especificados nas letras "b", "c" e "d" deste 
subitem; 
f) outros "hardwares" e "softwares" específicos, 
utilizados pelo PSCI. 
 
5. USO DE MEIOS DA REDE PÚBLICA DE 
TELECOMUNICAÇÕES POR PROVEDORES E USUÁRIOS 
DE SERVIÇOS DE CONEXÃO À INTERNET 
5.1. O uso de meios da Rede Pública de 
Telecomunicações, para o provimento e utilização 
de Serviços de Conexão à Internet, far-se-á por 
intermédio dos Serviços de Telecomunicações 
prestados pelas Entidades Exploradoras de Serviços 
Públicos de Telecomunicações. 
5.2. O Provedor de Serviço de Conexão à Internet 
pode, para constituir o seu serviço, utilizar a seu 
critério e escolha, quaisquer dos Serviços de 
Telecomunicações prestados pela EESPT. 
5.3. Os meios da Rede Pública de Telecomunicações 
serão providos a todos os PSCIs que os solicitarem, 
sem exclusividade, em qualquer ponto do território 
nacional, observadas as condições técnicas e 
operacionais pertinentes e, também, poderão ser 
utilizados para: 
a) conectar SCIs à Internet, no exterior; 
b) interconectar SCIs de diferentes provedores. 
5.4. As Entidades Exploradoras de Serviços Públicos 
de Telecomunicações não discriminarão os diversos 
PSCIs quando do provimento de meios da Rede 
Pública de Telecomunicações para a prestação de 
Serviços de Conexão à Internet. Os prazos, padrões 
de qualidade e atendimento, e os valores 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
17 
praticados serão os regularmente fixados na 
prestação do Serviço de Telecomunicações 
utilizado. 
5.5. É facultado ao Usuário de Serviço de Conexão à 
Internet, o acesso ao SCI por quaisquer meios da 
Rede Pública de Telecomunicações à sua 
disposição. 
 
6. RELACIONAMENTO ENTRE AS ENTIDADES 
EXPLORADORAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE 
TELECOMUNICAÇÕES E OS PSCIs 
6.1. No relacionamento entre as Entidades 
Exploradoras de Serviços Públicos de 
Telecomunicações e os Provedores de Serviços de 
Conexão à Internet, não se constituem 
responsabilidade das EESPT: 
a) definir a abrangência, a disposição geográfica e 
física, o dimensionamento e demais características 
técnicas e funcionais do Serviço de Conexão à 
Internet a ser provido; 
b) especificar e compor os itens de "hardware" e 
"software" a serem utilizados pelo PSCI na prestação 
do Serviço de Conexão à Internet; 
c) definir as facilidades e as características do 
Serviço de Conexão à Internet a serem ofertadas 
pela PSCIs; 
d) providenciar junto aos Coordenadores Internet a 
regularização dos assuntos referentes ao provimento 
do Serviços de Conexão à Internet; 
e) definir os Pontos de Conexão entre os PSCIs, no 
Brasil ou no exterior, bem como as características 
funcionais de tais conexões. 
 
7. ENTIDADE EXPLORADORA DE SERVIÇOS PÚBLICOS 
DE TELECOMUNICAÇÕES COMO PROVEDORA DE 
SERVIÇO DE CONEXÃO À INTERNET 
7.1. A EESPT, ao fixar os valores a serem praticados 
para o seu SCI, deve considerar na composição dos 
custos de prestação do serviço, relativamente ao 
uso dos meios da Rede Pública de 
Telecomunicações, os mesmos valores por ela 
praticados no provimento de meios a outros PSCIs. 
 
1.7.4. Marco Civil da Internet – Lei nº 12.965/2014 
 
 
CAPÍTULO I 
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 
Art. 1o Esta Lei estabelece princípios, garantias, 
direitos e deveres para o uso da internet no Brasil e 
determina as diretrizes para atuação da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios em 
relação à matéria. 
Art. 2o A disciplina do uso da internet no Brasil tem 
como fundamento o respeito à liberdade de 
expressão, bem como: 
I - o reconhecimento da escala mundial da rede; 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
18 
II - os direitos humanos, o desenvolvimento da 
personalidade e o exercício da cidadania em meios 
digitais; 
III - a pluralidade e a diversidade; 
IV - a abertura e a colaboração; 
V - a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa 
do consumidor; e 
VI - a finalidade social da rede. 
Art. 3o A disciplina do uso da internet no Brasil tem os 
seguintes princípios: 
I - garantia da liberdade de expressão, 
comunicação e manifestação de pensamento, nos 
termos da Constituição Federal; 
II - proteção da privacidade; 
III - proteção dos dados pessoais, na forma da lei; 
IV - preservação e garantia da neutralidade de 
rede; 
V - preservação da estabilidade, segurança e 
funcionalidade da rede, por meio de medidas 
técnicas compatíveis com os padrões internacionais 
e pelo estímulo ao uso de boas práticas; 
VI - responsabilização dos agentes de acordo com 
suas atividades, nos termos da lei; 
VII - preservação da natureza participativa da rede; 
VIII - liberdade dos modelos de negócios promovidos 
na internet, desde que não conflitem com os demais 
princípios estabelecidos nesta Lei. 
Parágrafo único. Os princípios expressos nesta Lei 
não excluem outros previstos no ordenamento 
jurídico pátrio relacionados à matéria ou nos 
tratados internacionais em que a República 
Federativa do Brasil seja parte. 
Art. 4o A disciplina do uso da internet no Brasil tem por 
objetivo a promoção: 
I - do direito de acesso à internet a todos;II - do acesso à informação, ao conhecimento e à 
participação na vida cultural e na condução dos 
assuntos públicos; 
III - da inovação e do fomento à ampla difusão de 
novas tecnologias e modelos de uso e acesso; e 
IV - da adesão a padrões tecnológicos abertos que 
permitam a comunicação, a acessibilidade e a 
interoperabilidade entre aplicações e bases de 
dados. 
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, considera-se: 
I - internet: o sistema constituído do conjunto de 
protocolos lógicos, estruturado em escala mundial 
para uso público e irrestrito, com a finalidade de 
possibilitar a comunicação de dados entre terminais 
por meio de diferentes redes; 
II - terminal: o computador ou qualquer dispositivo 
que se conecte à internet; 
III - endereço de protocolo de internet (endereço IP): 
o código atribuído a um terminal de uma rede para 
permitir sua identificação, definido segundo 
parâmetros internacionais; 
IV - administrador de sistema autônomo: a pessoa 
física ou jurídica que administra blocos de endereço 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
19 
IP específicos e o respectivo sistema autônomo de 
roteamento, devidamente cadastrada no ente 
nacional responsável pelo registro e distribuição de 
endereços IP geograficamente referentes ao País; 
V - conexão à internet: a habilitação de um terminal 
para envio e recebimento de pacotes de dados 
pela internet, mediante a atribuição ou 
autenticação de um endereço IP; 
VI - registro de conexão: o conjunto de informações 
referentes à data e hora de início e término de uma 
conexão à internet, sua duração e o endereço IP 
utilizado pelo terminal para o envio e recebimento 
de pacotes de dados; 
VII - aplicações de internet: o conjunto de 
funcionalidades que podem ser acessadas por meio 
de um terminal conectado à internet; e 
VIII - registros de acesso a aplicações de internet: o 
conjunto de informações referentes à data e hora 
de uso de uma determinada aplicação de internet 
a partir de um determinado endereço IP. 
Art. 6o Na interpretação desta Lei serão levados em 
conta, além dos fundamentos, princípios e objetivos 
previstos, a natureza da internet, seus usos e 
costumes particulares e sua importância para a 
promoção do desenvolvimento humano, 
econômico, social e cultural. 
CAPÍTULO II 
DOS DIREITOS E GARANTIAS DOS USUÁRIOS 
Art. 7o O acesso à internet é essencial ao exercício 
da cidadania, e ao usuário são assegurados os 
seguintes direitos: 
I - inviolabilidade da intimidade e da vida privada, 
sua proteção e indenização pelo dano material ou 
moral decorrente de sua violação; 
II - inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas 
comunicações pela internet, salvo por ordem 
judicial, na forma da lei; 
III - inviolabilidade e sigilo de suas comunicações 
privadas armazenadas, salvo por ordem judicial; 
IV - não suspensão da conexão à internet, salvo por 
débito diretamente decorrente de sua utilização; 
V - manutenção da qualidade contratada da 
conexão à internet; 
VI - informações claras e completas constantes dos 
contratos de prestação de serviços, com 
detalhamento sobre o regime de proteção aos 
registros de conexão e aos registros de acesso a 
aplicações de internet, bem como sobre práticas de 
gerenciamento da rede que possam afetar sua 
qualidade; 
VII - não fornecimento a terceiros de seus dados 
pessoais, inclusive registros de conexão, e de acesso 
a aplicações de internet, salvo mediante 
consentimento livre, expresso e informado ou nas 
hipóteses previstas em lei; 
VIII - informações claras e completas sobre coleta, 
uso, armazenamento, tratamento e proteção de 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
20 
seus dados pessoais, que somente poderão ser 
utilizados para finalidades que: 
a) justifiquem sua coleta; 
b) não sejam vedadas pela legislação; e 
c) estejam especificadas nos contratos de 
prestação de serviços ou em termos de uso de 
aplicações de internet; 
IX - consentimento expresso sobre coleta, uso, 
armazenamento e tratamento de dados pessoais, 
que deverá ocorrer de forma destacada das demais 
cláusulas contratuais; 
X - exclusão definitiva dos dados pessoais que tiver 
fornecido a determinada aplicação de internet, a 
seu requerimento, ao término da relação entre as 
partes, ressalvadas as hipóteses de guarda 
obrigatória de registros previstas nesta Lei; 
XI - publicidade e clareza de eventuais políticas de 
uso dos provedores de conexão à internet e de 
aplicações de internet; 
XII - acessibilidade, consideradas as características 
físico-motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais e 
mentais do usuário, nos termos da lei; e 
XIII - aplicação das normas de proteção e defesa do 
consumidor nas relações de consumo realizadas na 
internet. 
Art. 8o A garantia do direito à privacidade e à 
liberdade de expressão nas comunicações é 
condição para o pleno exercício do direito de 
acesso à internet. 
Parágrafo único. São nulas de pleno direito as 
cláusulas contratuais que violem o disposto 
no caput, tais como aquelas que: 
I - impliquem ofensa à inviolabilidade e ao sigilo das 
comunicações privadas, pela internet; ou 
II - em contrato de adesão, não ofereçam como 
alternativa ao contratante a adoção do foro 
brasileiro para solução de controvérsias decorrentes 
de serviços prestados no Brasil. 
CAPÍTULO III 
DA PROVISÃO DE CONEXÃO E DE APLICAÇÕES DE 
INTERNET 
Seção I 
Da Neutralidade de Rede 
Art. 9o O responsável pela transmissão, comutação 
ou roteamento tem o dever de tratar de forma 
isonômica quaisquer pacotes de dados, sem 
distinção por conteúdo, origem e destino, serviço, 
terminal ou aplicação. 
§ 1o A discriminação ou degradação do tráfego 
será regulamentada nos termos das atribuições 
privativas do Presidente da República previstas 
no inciso IV do art. 84 da Constituição Federal, para 
a fiel execução desta Lei, ouvidos o Comitê Gestor 
da Internet e a Agência Nacional de 
Telecomunicações, e somente poderá decorrer de: 
I - requisitos técnicos indispensáveis à prestação 
adequada dos serviços e aplicações; e 
II - priorização de serviços de emergência. 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
21 
§ 2o Na hipótese de discriminação ou degradação 
do tráfego prevista no § 1o, o responsável 
mencionado no caput deve: 
I - abster-se de causar dano aos usuários, na forma 
do art. 927 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 
- Código Civil; 
II - agir com proporcionalidade, transparência e 
isonomia; 
III - informar previamente de modo transparente, 
claro e suficientemente descritivo aos seus usuários 
sobre as práticas de gerenciamento e mitigação de 
tráfego adotadas, inclusive as relacionadas à 
segurança da rede; e 
IV - oferecer serviços em condições comerciais não 
discriminatórias e abster-se de praticar condutas 
anticoncorrenciais. 
§ 3o Na provisão de conexão à internet, onerosa ou 
gratuita, bem como na transmissão, comutação ou 
roteamento, é vedado bloquear, monitorar, filtrar ou 
analisar o conteúdo dos pacotes de dados, 
respeitado o disposto neste artigo. 
Seção II 
Da Proteção aos Registros, aos Dados Pessoais e às 
Comunicações Privadas 
Art. 10. A guarda e a disponibilização dos registros 
de conexão e de acesso a aplicações de internet 
de que trata esta Lei, bem como de dados pessoais 
e do conteúdo de comunicações privadas, devem 
atender à preservação da intimidade, da vida 
privada, da honra e da imagem das partes direta ou 
indiretamente envolvidas. 
§ 1o O provedor responsável pela guarda somente 
será obrigado a disponibilizar os registros 
mencionados no caput, de forma autônoma ou 
associados a dados pessoais ou a outras 
informações que possam contribuir para a 
identificação do usuário ou do terminal, mediante 
ordem judicial, na forma do disposto na Seção IV 
deste Capítulo, respeitado o disposto no art. 7o. 
§ 2o O conteúdo das comunicações privadas 
somente poderá ser disponibilizado mediante ordem 
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei 
estabelecer, respeitado o disposto nos incisos II e III 
do art. 7o. 
§ 3o O disposto no caput não impede o acesso aos 
dados cadastraisque informem qualificação 
pessoal, filiação e endereço, na forma da lei, pelas 
autoridades administrativas que detenham 
competência legal para a sua requisição. 
§ 4o As medidas e os procedimentos de segurança e 
de sigilo devem ser informados pelo responsável 
pela provisão de serviços de forma clara e atender 
a padrões definidos em regulamento, respeitado seu 
direito de confidencialidade quanto a segredos 
empresariais. 
Art. 11. Em qualquer operação de coleta, 
armazenamento, guarda e tratamento de registros, 
de dados pessoais ou de comunicações por 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
22 
provedores de conexão e de aplicações de internet 
em que pelo menos um desses atos ocorra em 
território nacional, deverão ser obrigatoriamente 
respeitados a legislação brasileira e os direitos à 
privacidade, à proteção dos dados pessoais e ao 
sigilo das comunicações privadas e dos registros. 
§ 1o O disposto no caput aplica-se aos dados 
coletados em território nacional e ao conteúdo das 
comunicações, desde que pelo menos um dos 
terminais esteja localizado no Brasil. 
§ 2o O disposto no caput aplica-se mesmo que as 
atividades sejam realizadas por pessoa jurídica 
sediada no exterior, desde que oferte serviço ao 
público brasileiro ou pelo menos uma integrante do 
mesmo grupo econômico possua estabelecimento 
no Brasil. 
§ 3o Os provedores de conexão e de aplicações de 
internet deverão prestar, na forma da 
regulamentação, informações que permitam a 
verificação quanto ao cumprimento da legislação 
brasileira referente à coleta, à guarda, ao 
armazenamento ou ao tratamento de dados, bem 
como quanto ao respeito à privacidade e ao sigilo 
de comunicações. 
§ 4o Decreto regulamentará o procedimento para 
apuração de infrações ao disposto neste artigo. 
Art. 12. Sem prejuízo das demais sanções cíveis, 
criminais ou administrativas, as infrações às normas 
previstas nos arts. 10 e 11 ficam sujeitas, conforme o 
caso, às seguintes sanções, aplicadas de forma 
isolada ou cumulativa: 
I - advertência, com indicação de prazo para 
adoção de medidas corretivas; 
II - multa de até 10% (dez por cento) do faturamento 
do grupo econômico no Brasil no seu último 
exercício, excluídos os tributos, considerados a 
condição econômica do infrator e o princípio da 
proporcionalidade entre a gravidade da falta e a 
intensidade da sanção; 
III - suspensão temporária das atividades que 
envolvam os atos previstos no art. 11; ou 
IV - proibição de 
exercício das atividades que envolvam os atos 
previstos no art. 11. 
Parágrafo único. Tratando-se de empresa 
estrangeira, responde solidariamente pelo 
pagamento da multa de que trata o caput sua filial, 
sucursal, escritório ou estabelecimento situado no 
País. 
Subseção I 
Da Guarda de Registros de Conexão 
Art. 13. Na provisão de conexão à internet, cabe ao 
administrador de sistema autônomo respectivo o 
dever de manter os registros de conexão, sob sigilo, 
em ambiente controlado e de segurança, pelo 
prazo de 1 (um) ano, nos termos do regulamento. 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
23 
§ 1o A responsabilidade pela manutenção dos 
registros de conexão não poderá ser transferida a 
terceiros. 
§ 2o A autoridade policial ou administrativa ou o 
Ministério Público poderá requerer cautelarmente 
que os registros de conexão sejam guardados por 
prazo superior ao previsto no caput. 
§ 3o Na hipótese do § 2o, a autoridade requerente 
terá o prazo de 60 (sessenta) dias, contados a partir 
do requerimento, para ingressar com o pedido de 
autorização judicial de acesso aos registros previstos 
no caput. 
§ 4o O provedor responsável pela guarda dos 
registros deverá manter sigilo em relação ao 
requerimento previsto no § 2o, que perderá sua 
eficácia caso o pedido de autorização judicial seja 
indeferido ou não tenha sido protocolado no prazo 
previsto no § 3o. 
§ 5o Em qualquer hipótese, a disponibilização ao 
requerente dos registros de que trata este artigo 
deverá ser precedida de autorização judicial, 
conforme disposto na Seção IV deste Capítulo. 
§ 6o Na aplicação de sanções pelo descumprimento 
ao disposto neste artigo, serão considerados a 
natureza e a gravidade da infração, os danos dela 
resultantes, eventual vantagem auferida pelo 
infrator, as circunstâncias agravantes, os 
antecedentes do infrator e a reincidência. 
Subseção II 
Da Guarda de Registros de Acesso a Aplicações de 
Internet na Provisão de Conexão 
Art. 14. Na provisão de conexão, onerosa ou 
gratuita, é vedado guardar os registros de acesso a 
aplicações de internet. 
Subseção III 
Da Guarda de Registros de Acesso a Aplicações de 
Internet na Provisão de Aplicações 
Art. 15. O provedor de aplicações de internet 
constituído na forma de pessoa jurídica e que exerça 
essa atividade de forma organizada, 
profissionalmente e com fins econômicos deverá 
manter os respectivos registros de acesso a 
aplicações de internet, sob sigilo, em ambiente 
controlado e de segurança, pelo prazo de 6 (seis) 
meses, nos termos do regulamento. 
§ 1o Ordem judicial poderá obrigar, por tempo certo, 
os provedores de aplicações de internet que não 
estão sujeitos ao disposto no caput a guardarem 
registros de acesso a aplicações de internet, desde 
que se trate de registros relativos a fatos específicos 
em período determinado. 
§ 2o A autoridade policial ou administrativa ou o 
Ministério Público poderão requerer cautelarmente 
a qualquer provedor de aplicações de internet que 
os registros de acesso a aplicações de internet sejam 
guardados, inclusive por prazo superior ao previsto 
no caput, observado o disposto nos §§ 3o e 4o do art. 
13. 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
24 
§ 3o Em qualquer hipótese, a disponibilização ao 
requerente dos registros de que trata este artigo 
deverá ser precedida de autorização judicial, 
conforme disposto na Seção IV deste Capítulo. 
§ 4o Na aplicação de sanções pelo descumprimento 
ao disposto neste artigo, serão considerados a 
natureza e a gravidade da infração, os danos dela 
resultantes, eventual vantagem auferida pelo 
infrator, as circunstâncias agravantes, os 
antecedentes do infrator e a reincidência. 
Art. 16. Na provisão de aplicações de internet, 
onerosa ou gratuita, é vedada a guarda: 
I - dos registros de acesso a outras aplicações de 
internet sem que o titular dos dados tenha 
consentido previamente, respeitado o disposto no 
art. 7o; ou 
II - de dados pessoais que sejam excessivos em 
relação à finalidade para a qual foi dado 
consentimento pelo seu titular. 
Art. 17. Ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei, 
a opção por não guardar os registros de acesso a 
aplicações de internet não implica responsabilidade 
sobre danos decorrentes do uso desses serviços por 
terceiros. 
Seção III 
Da Responsabilidade por Danos Decorrentes de 
Conteúdo Gerado por Terceiros 
Art. 18. O provedor de conexão à internet não será 
responsabilizado civilmente por danos decorrentes 
de conteúdo gerado por terceiros. 
Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de 
expressão e impedir a censura, o provedor de 
aplicações de internet somente poderá ser 
responsabilizado civilmente por danos decorrentes 
de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem 
judicial específica, não tomar as providências para, 
no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e 
dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o 
conteúdo apontado como infringente, ressalvadas 
as disposições legais em contrário. 
§ 1o A ordem judicial de que trata o caput deverá 
conter, sob pena de nulidade, identificação clara e 
específica do conteúdo apontado como 
infringente, que permita a localização inequívoca 
do material. 
§ 2o A aplicação do disposto neste artigo para 
infrações a direitos de autor ou a direitos conexos 
depende de previsão legal específica, que deverá 
respeitar a liberdade de expressão e demais 
garantias previstas no art. 5o da Constituição 
Federal. 
§ 3o As causas que versem sobre ressarcimento por 
danos decorrentes de conteúdos disponibilizados na 
internet relacionadosà honra, à reputação ou a 
direitos de personalidade, bem como sobre a 
indisponibilização desses conteúdos por provedores 
de aplicações de internet, poderão ser 
apresentadas perante os juizados especiais. 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
25 
§ 4o O juiz, inclusive no procedimento previsto no § 
3o, poderá antecipar, total ou parcialmente, os 
efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, 
existindo prova inequívoca do fato e considerado o 
interesse da coletividade na disponibilização do 
conteúdo na internet, desde que presentes os 
requisitos de verossimilhança da alegação do autor 
e de fundado receio de dano irreparável ou de difícil 
reparação. 
Art. 20. Sempre que tiver informações de contato do 
usuário diretamente responsável pelo conteúdo a 
que se refere o art. 19, caberá ao provedor de 
aplicações de internet comunicar-lhe os motivos e 
informações relativos à indisponibilização de 
conteúdo, com informações que permitam o 
contraditório e a ampla defesa em juízo, salvo 
expressa previsão legal ou expressa determinação 
judicial fundamentada em contrário. 
Parágrafo único. Quando solicitado pelo usuário 
que disponibilizou o conteúdo tornado indisponível, 
o provedor de aplicações de internet que exerce 
essa atividade de forma organizada, 
profissionalmente e com fins econômicos substituirá 
o conteúdo tornado indisponível pela motivação ou 
pela ordem judicial que deu fundamento à 
indisponibilização. 
Art. 21. O provedor de aplicações de internet que 
disponibilize conteúdo gerado por terceiros será 
responsabilizado subsidiariamente pela violação da 
intimidade decorrente da divulgação, sem 
autorização de seus participantes, de imagens, de 
vídeos ou de outros materiais contendo cenas de 
nudez ou de atos sexuais de caráter privado 
quando, após o recebimento de notificação pelo 
participante ou seu representante legal, deixar de 
promover, de forma diligente, no âmbito e nos limites 
técnicos do seu serviço, a indisponibilização desse 
conteúdo. 
Parágrafo único. A notificação prevista 
no caput deverá conter, sob pena de nulidade, 
elementos que permitam a identificação específica 
do material apontado como violador da intimidade 
do participante e a verificação da legitimidade 
para apresentação do pedido. 
Seção IV 
Da Requisição Judicial de Registros 
Art. 22. A parte interessada poderá, com o propósito 
de formar conjunto probatório em processo judicial 
cível ou penal, em caráter incidental ou autônomo, 
requerer ao juiz que ordene ao responsável pela 
guarda o fornecimento de registros de conexão ou 
de registros de acesso a aplicações de internet. 
Parágrafo único. Sem prejuízo dos demais requisitos 
legais, o requerimento deverá conter, sob pena de 
inadmissibilidade: 
I - fundados indícios da ocorrência do ilícito; 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
26 
II - justificativa motivada da utilidade dos registros 
solicitados para fins de investigação ou instrução 
probatória; e 
III - período ao qual se referem os registros. 
Art. 23. Cabe ao juiz tomar as providências 
necessárias à garantia do sigilo das informações 
recebidas e à preservação da intimidade, da vida 
privada, da honra e da imagem do usuário, 
podendo determinar segredo de justiça, inclusive 
quanto aos pedidos de guarda de registro. 
CAPÍTULO IV 
DA ATUAÇÃO DO PODER PÚBLICO 
Art. 24. Constituem diretrizes para a atuação da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios no desenvolvimento da internet no Brasil: 
I - estabelecimento de mecanismos de governança 
multiparticipativa, transparente, colaborativa e 
democrática, com a participação do governo, do 
setor empresarial, da sociedade civil e da 
comunidade acadêmica; 
II - promoção da racionalização da gestão, 
expansão e uso da internet, com participação do 
Comitê Gestor da internet no Brasil; 
III - promoção da racionalização e da 
interoperabilidade tecnológica dos serviços de 
governo eletrônico, entre os diferentes Poderes e 
âmbitos da Federação, para permitir o intercâmbio 
de informações e a celeridade de procedimentos; 
IV - promoção da interoperabilidade entre sistemas 
e terminais diversos, inclusive entre os diferentes 
âmbitos federativos e diversos setores da sociedade; 
V - adoção preferencial de tecnologias, padrões e 
formatos abertos e livres; 
VI - publicidade e disseminação de dados e 
informações públicos, de forma aberta e 
estruturada; 
VII - otimização da infraestrutura das redes e estímulo 
à implantação de centros de armazenamento, 
gerenciamento e disseminação de dados no País, 
promovendo a qualidade técnica, a inovação e a 
difusão das aplicações de internet, sem prejuízo à 
abertura, à neutralidade e à natureza participativa; 
VIII - desenvolvimento de ações e programas de 
capacitação para uso da internet; 
IX - promoção da cultura e da cidadania; e 
X - prestação de serviços públicos de atendimento 
ao cidadão de forma integrada, eficiente, 
simplificada e por múltiplos canais de acesso, 
inclusive remotos. 
Art. 25. As aplicações de internet de entes do poder 
público devem buscar: 
I - compatibilidade dos serviços de governo 
eletrônico com diversos terminais, sistemas 
operacionais e aplicativos para seu acesso; 
II - acessibilidade a todos os interessados, 
independentemente de suas capacidades físico-
motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais, 
mentais, culturais e sociais, resguardados os 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
27 
aspectos de sigilo e restrições administrativas e 
legais; 
III - compatibilidade tanto com a leitura humana 
quanto com o tratamento automatizado das 
informações; 
IV - facilidade de uso dos serviços de governo 
eletrônico; e 
V - fortalecimento da participação social nas 
políticas públicas. 
Art. 26. O cumprimento do dever constitucional do 
Estado na prestação da educação, em todos os 
níveis de ensino, inclui a capacitação, integrada a 
outras práticas educacionais, para o uso seguro, 
consciente e responsável da internet como 
ferramenta para o exercício da cidadania, a 
promoção da cultura e o desenvolvimento 
tecnológico. 
Art. 27. As iniciativas públicas de fomento à cultura 
digital e de promoção da internet como ferramenta 
social devem: 
I - promover a inclusão digital; 
II - buscar reduzir as desigualdades, sobretudo entre 
as diferentes regiões do País, no acesso às 
tecnologias da informação e comunicação e no seu 
uso; e 
III - fomentar a produção e circulação de conteúdo 
nacional. 
Art. 28. O Estado deve, periodicamente, formular e 
fomentar estudos, bem como fixar metas, 
estratégias, planos e cronogramas, referentes ao uso 
e desenvolvimento da internet no País. 
CAPÍTULO V 
DISPOSIÇÕES FINAIS 
Art. 29. O usuário terá a opção de livre escolha na 
utilização de programa de computador em seu 
terminal para exercício do controle parental de 
conteúdo entendido por ele como impróprio a seus 
filhos menores, desde que respeitados os princípios 
desta Lei e da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - 
Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Parágrafo único. Cabe ao poder público, em 
conjunto com os provedores de conexão e de 
aplicações de internet e a sociedade civil, promover 
a educação e fornecer informações sobre o uso dos 
programas de computador previstos no caput, bem 
como para a definição de boas práticas para a 
inclusão digital de crianças e adolescentes. 
Art. 30. A defesa dos interesses e dos direitos 
estabelecidos nesta Lei poderá ser exercida em 
juízo, individual ou coletivamente, na forma da lei. 
Art. 31. Até a entrada em vigor da lei específica 
prevista no § 2o do art. 19, a responsabilidade do 
provedor de aplicações de internet por danos 
decorrentes de conteúdo gerado por terceiros, 
quando se tratar de infração a direitos de autor ou a 
direitos conexos, continuará a ser disciplinada pela 
legislação autoral vigente aplicável na data da 
entrada em vigor desta Lei. 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
28 
Art 
 
 
 
1.7.4. Regulamento do Marco Civil da Internet – Decreto 8.771/2016 
 
CAPÍTULO I 
DISPOSIÇÕESGERAIS 
Art. 1o Este Decreto trata das hipóteses admitidas de 
discriminação de pacotes de dados na internet e de 
degradação de tráfego, indica procedimentos para 
guarda e proteção de dados por provedores de 
conexão e de aplicações, aponta medidas de 
transparência na requisição de dados cadastrais 
pela administração pública e estabelece 
parâmetros para fiscalização e apuração de 
infrações contidas na Lei no 12.965, de 23 de abril de 
2014. 
Art. 2o O disposto neste Decreto se destina aos 
responsáveis pela transmissão, pela comutação ou 
pelo roteamento e aos provedores de conexão e de 
aplicações de internet, definida nos termos do inciso 
I do caput do art. 5º da Lei nº 12.965, de 2014. 
Parágrafo único. O disposto neste Decreto não se 
aplica: 
I - aos serviços de telecomunicações que não se 
destinem ao provimento de conexão de internet; e 
II - aos serviços especializados, entendidos como 
serviços otimizados por sua qualidade assegurada 
de serviço, de velocidade ou de segurança, ainda 
que utilizem protocolos lógicos TCP/IP ou 
equivalentes, desde que: 
a) não configurem substituto à internet em seu 
caráter público e irrestrito; e 
b) sejam destinados a grupos específicos de usuários 
com controle estrito de admissão. 
 
CAPÍTULO II 
DA NEUTRALIDADE DE REDE 
Art. 3o A exigência de tratamento isonômico de que 
trata o art. 9º da Lei nº 12.965, de 2014, deve garantir 
a preservação do caráter público e irrestrito do 
acesso à internet e os fundamentos, princípios e 
objetivos do uso da internet no País, conforme 
previsto na Lei nº 12.965, de 2014. 
Art. 4o A discriminação ou a degradação de tráfego 
são medidas excepcionais, na medida em que 
somente poderão decorrer de requisitos técnicos 
indispensáveis à prestação adequada de serviços e 
aplicações ou da priorização de serviços de 
emergência, sendo necessário o cumprimento de 
todos os requisitos dispostos no art. 9º, § 2º, da Lei nº 
12.965, de 2014. 
Art. 5o Os requisitos técnicos indispensáveis à 
prestação adequada de serviços e aplicações 
devem ser observados pelo responsável de 
atividades de transmissão, de comutação ou de 
roteamento, no âmbito de sua respectiva rede, e 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
29 
têm como objetivo manter sua estabilidade, 
segurança, integridade e funcionalidade. 
§ 1o Os requisitos técnicos indispensáveis apontados 
no caput são aqueles decorrentes de: 
I - tratamento de questões de segurança de redes, 
tais como restrição ao envio de mensagens em 
massa (spam) e controle de ataques de negação 
de serviço; e 
II - tratamento de situações excepcionais de 
congestionamento de redes, tais como rotas 
alternativas em casos de interrupções da rota 
principal e em situações de emergência. 
§ 2o A Agência Nacional de Telecomunicações - 
Anatel atuará na fiscalização e na apuração de 
infrações quanto aos requisitos técnicos elencados 
neste artigo, consideradas as diretrizes estabelecidas 
pelo Comitê Gestor da Internet - CGIbr. 
Art. 6o Para a adequada prestação de serviços e 
aplicações na internet, é permitido o 
gerenciamento de redes com o objetivo de 
preservar sua estabilidade, segurança e 
funcionalidade, utilizando-se apenas de medidas 
técnicas compatíveis com os padrões 
internacionais, desenvolvidos para o bom 
funcionamento da internet, e observados os 
parâmetros regulatórios expedidos pela Anatel e 
consideradas as diretrizes estabelecidas pelo CGIbr. 
Art. 7o O responsável pela transmissão, pela 
comutação ou pelo roteamento deverá adotar 
medidas de transparência para explicitar ao usuário 
os motivos do gerenciamento que implique a 
discriminação ou a degradação de que trata o art. 
4o, tais como: 
I - a indicação nos contratos de prestação de 
serviço firmado com usuários finais ou provedores de 
aplicação; e 
II - a divulgação de informações referentes às 
práticas de gerenciamento adotadas em seus sítios 
eletrônicos, por meio de linguagem de fácil 
compreensão. 
Parágrafo único. As informações de que trata esse 
artigo deverão conter, no mínimo: 
I - a descrição dessas práticas; 
II - os efeitos de sua adoção para a qualidade de 
experiência dos usuários; e 
III - os motivos e a necessidade da adoção dessas 
práticas. 
Art. 8o A degradação ou a discriminação 
decorrente da priorização de serviços de 
emergência somente poderá decorrer de: 
I - comunicações destinadas aos prestadores dos 
serviços de emergência, ou comunicação entre 
eles, conforme previsto na regulamentação da 
Agência Nacional de Telecomunicações - Anatel; 
ou 
II - comunicações necessárias para informar a 
população em situações de risco de desastre, de 
emergência ou de estado de calamidade pública. 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
30 
Parágrafo único. A transmissão de dados nos casos 
elencados neste artigo será gratuita. 
Art. 9o Ficam vedadas condutas unilaterais ou 
acordos entre o responsável pela transmissão, pela 
comutação ou pelo roteamento e os provedores de 
aplicação que: 
I - comprometam o caráter público e irrestrito do 
acesso à internet e os fundamentos, os princípios e 
os objetivos do uso da internet no País; 
II - priorizem pacotes de dados em razão de arranjos 
comerciais; ou 
III - privilegiem aplicações ofertadas pelo próprio 
responsável pela transmissão, pela comutação ou 
pelo roteamento ou por empresas integrantes de seu 
grupo econômico. 
Art. 10. As ofertas comerciais e os modelos de 
cobrança de acesso à internet devem preservar 
uma internet única, de natureza aberta, plural e 
diversa, compreendida como um meio para a 
promoção do desenvolvimento humano, 
econômico, social e cultural, contribuindo para a 
construção de uma sociedade inclusiva e não 
discriminatória. 
 
CAPÍTULO III 
DA PROTEÇÃO AOS REGISTROS, AOS DADOS 
PESSOAIS E ÀS COMUNICAÇÕES PRIVADAS 
Seção I 
Da requisição de dados cadastrais 
Art. 11. As autoridades administrativas a que se 
refere o art. 10, § 3º da Lei nº 12.965, de 2014, 
indicarão o fundamento legal de competência 
expressa para o acesso e a motivação para o 
pedido de acesso aos dados cadastrais. 
§ 1o O provedor que não coletar dados cadastrais 
deverá informar tal fato à autoridade solicitante, 
ficando desobrigado de fornecer tais dados. 
§ 2o São considerados dados cadastrais: 
I - a filiação; 
II - o endereço; e 
III - a qualificação pessoal, entendida como nome, 
prenome, estado civil e profissão do usuário. 
§ 3o Os pedidos de que trata o caput devem 
especificar os indivíduos cujos dados estão sendo 
requeridos e as informações desejadas, sendo 
vedados pedidos coletivos que sejam genéricos ou 
inespecíficos. 
Art. 12. A autoridade máxima de cada órgão da 
administração pública federal publicará 
anualmente em seu sítio na internet relatórios 
estatísticos de requisição de dados cadastrais, 
contendo: 
I - o número de pedidos realizados; 
II - a listagem dos provedores de conexão ou de 
acesso a aplicações aos quais os dados foram 
requeridos; 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
31 
III - o número de pedidos deferidos e indeferidos 
pelos provedores de conexão e de acesso a 
aplicações; e 
IV - o número de usuários afetados por tais 
solicitações. 
 
Seção II 
Padrões de segurança e sigilo dos registros, dados 
pessoais e comunicações privadas 
Art. 13. Os provedores de conexão e de aplicações 
devem, na guarda, armazenamento e tratamento 
de dados pessoais e comunicações privadas, 
observar as seguintes diretrizes sobre padrões de 
segurança: 
I - o estabelecimento de controle estrito sobre o 
acesso aos dados mediante a definição de 
responsabilidades das pessoas que terão 
possibilidade de acesso e de privilégios de acesso 
exclusivo para determinados usuários; 
II - a previsão de mecanismos de autenticação de 
acesso aos registros, usando, por exemplo, sistemas 
de autenticação dupla para assegurar a 
individualização do responsável pelo tratamento 
dos registros; 
III - a criação de inventário detalhado dos acessos 
aos registros de conexão e de acesso a aplicações,contendo o momento, a duração, a identidade do 
funcionário ou do responsável pelo acesso 
designado pela empresa e o arquivo acessado, 
inclusive para cumprimento do disposto no art. 11, § 
3º, da Lei nº 12.965, de 2014; e 
IV - o uso de soluções de gestão dos registros por 
meio de técnicas que garantam a inviolabilidade 
dos dados, como encriptação ou medidas de 
proteção equivalentes. 
§ 1o Cabe ao CGIbr promover estudos e 
recomendar procedimentos, normas e padrões 
técnicos e operacionais para o disposto nesse artigo, 
de acordo com as especificidades e o porte dos 
provedores de conexão e de aplicação. 
§ 2o Tendo em vista o disposto nos incisos VII a X do 
caput do art. 7º da Lei nº 12.965, de 2014, os 
provedores de conexão e aplicações devem reter a 
menor quantidade possível de dados pessoais, 
comunicações privadas e registros de conexão e 
acesso a aplicações, os quais deverão ser excluídos: 
I - tão logo atingida a finalidade de seu uso; ou 
II - se encerrado o prazo determinado por obrigação 
legal. 
Art. 14. Para os fins do disposto neste Decreto, 
considera-se: 
I - dado pessoal - dado relacionado à pessoa natural 
identificada ou identificável, inclusive números 
identificativos, dados locacionais ou identificadores 
eletrônicos, quando estes estiverem relacionados a 
uma pessoa; e 
II - tratamento de dados pessoais - toda operação 
realizada com dados pessoais, como as que se 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
32 
referem a coleta, produção, recepção, 
classificação, utilização, acesso, reprodução, 
transmissão, distribuição, processamento, 
arquivamento, armazenamento, eliminação, 
avaliação ou controle da informação, modificação, 
comunicação, transferência, difusão ou extração. 
Art. 15. Os dados de que trata o art. 11 da Lei nº 
12.965, de 2014, deverão ser mantidos em formato 
interoperável e estruturado, para facilitar o acesso 
decorrente de decisão judicial ou determinação 
legal, respeitadas as diretrizes elencadas no art. 13 
deste Decreto. 
Art. 16. As informações sobre os padrões de 
segurança adotados pelos provedores de 
aplicação e provedores de conexão devem ser 
divulgadas de forma clara e acessível a qualquer 
interessado, preferencialmente por meio de seus 
sítios na internet, respeitado o direito de 
confidencialidade quanto aos segredos 
empresariais. 
 
CAPÍTULO IV 
DA FISCALIZAÇÃO E DA TRANSPARÊNCIA 
Art. 17. A Anatel atuará na regulação, na 
fiscalização e na apuração de infrações, nos termos 
da Lei no 9.472, de 16 de julho de 1997. 
Art. 18. A Secretaria Nacional do Consumidor atuará 
na fiscalização e na apuração de infrações, nos 
termos da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990. 
Art. 19. A apuração de infrações à ordem 
econômica ficará a cargo do Sistema Brasileiro de 
Defesa da Concorrência, nos termos da Lei 
no 12.529, de 30 de novembro de 2011. 
Art. 20. Os órgãos e as entidades da administração 
pública federal com competências específicas 
quanto aos assuntos relacionados a este Decreto 
atuarão de forma colaborativa, consideradas as 
diretrizes do CGIbr, e deverão zelar pelo 
cumprimento da legislação brasileira, inclusive 
quanto à aplicação das sanções cabíveis, mesmo 
que as atividades sejam realizadas por pessoa 
jurídica sediada no exterior, nos termos do art. 11 da 
Lei nº 12.965, de 2014. 
Art. 21. A apuração de infrações à Lei nº 12.965, de 
2014, e a este Decreto atenderá aos procedimentos 
internos de cada um dos órgãos fiscalizatórios e 
poderá ser iniciada de ofício ou mediante 
requerimento de qualquer interessado. 
Art. 22. Este Decreto entra em vigor trinta dias após 
a data de sua publicação. 
Brasília, 11 de maio de 2016; 195º da Independência 
e 128º da República. 
 
 
 
1.8. Introdução e Questões legais Relacionadas com Comércio 
Eletrônico. 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
33 
 
 
 
CAPÍTULO II – CONTRATOS ELETRÔNICOS 
 
2. Contratos Eletrônicos ou telemáticos. 
 
O que vem a ser contrato? 
 
Negócio jurídico, ato jurídico lícito que decorre de uma ou 
mais vontades, criando, modificando, transferindo o extinguindo direitos. 
 
Os negócios jurídicos podem ser unilaterais, quando é 
necessária apenas a manifestação da vontade de uma das partes, ou 
bilaterais / multilaterais, quando necessita de mais de uma vontade para 
que se aperfeiçoe o negócio. 
 
Contratos são sempre bilaterais ou multilaterais. Exigência 
do encontro das vontades de duas ou mais pessoas. 
 
Contrato privado é um negócio jurídico bilateral ou 
multilateral particular onde prevalece a vontade das partes, devendo 
estar de acordo com o ordenamento jurídico, para criar, modificar ou 
extinguir direitos. 
 
Essencialmente, o contrato cria uma norma individual 
entre as partes, e o seu descumprimento não gera sanção, mas é 
pressuposto para aplicação de sanção prevista em norma jurídica geral. 
 
Exceção 
 
A regra é a autonomia da vontade. Contudo a igualdade 
preconizada pela escola clássica não condiz com os princípios de justiça 
em contratos públicos, trabalhistas e consumeristas. Assim, o Estado ditou 
normas impondo o conteúdo de certos contratos, proibindo a introdução 
de certas cláusulas e exigindo, para se formar, sua autorização. 
 
Criação de diversas leis de proteção ao hipossuficiente, ou 
seja, aquela parte mais fraca economicamente ou socialmente. 
 
Autonomia da vontade: liberdade de contratar, tanto o 
conteúdo quanto a forma são livres para a escolha das partes, as quais 
também podem escolher com quem querem contratar. Liberdade de 
contratar, de escolher o outro contraente e de determinar o conteúdo 
do contrato. 
 
A liberdade contratual, porém, não é absoluta, 
encontrando limite na ordem pública, ao proteger o interesse coletivo. 
Dirigismo contratual se justifica para assegurar a igualdade econômica 
RELAÇÕES PRIVADAS E INTERNET 
 
34 
dos contratantes, retratando o intervencionismo estatal nas relações 
particulares para fazer garantir a supremacia do interesse público. 
 
Função social é a utilidade que os contraentes devem dar 
ao contrato, preservando os interesses da coletividade. Assim, devem 
sujeitar a sua vontade e liberdade de contratar aos bons costumes e às 
normas de interesse público. 
 
Consensualismo, esse princípio trata da exigência de nada 
além da manifestação de vontade dos contratantes para que o contrato 
seja válido e, embora a lei exija forma específica para alguns contratos, 
a regra é que as partes são livres para pactuarem da forma que 
desejarem. 
 
O contrato é intangível e, portanto, uma vez pactuado, as 
partes devem cumpri-lo em todos os seus termos, sob pena da parte 
lesada pedir proteção ao Estado em razão de o contrato representar lei 
entre as partes. Essa “lei” enseja a provocação do Judiciário, exceto se 
houver caso fortuito ou força maior. 
 
O princípio do pacta sunt servanda não é absoluto, pois se 
submete à teoria da imprevisão, que trata da possibilidade de o 
magistrado rever os termos do contrato, caso haja enriquecimento ilícito 
superveniente de uma das partes ou até mesmo resolver o contrato. 
 
Disso, infere-se que o contrato é excepcionalmente 
mutável, só podendo ser alterado por autoridade judiciária com o intuito 
de restabelecer o equilíbrio entre as partes contratantes. 
 
O contrato só aproveita e prejudica a quem dele faz 
parte, não atingindo terceiros, assim entendidos por qualquer pessoa 
estranha à relação jurídica. Esse princípio trata da eficácia dos contratos, 
ou seja, a extensão dos seus efeitos. 
 
Boa-fé. A interpretação do contrato não deve ser feita de 
forma literal, pois prevalecerá a intenção das partes, mesmo que esteja 
expressa ou que tenha sido transmitida de forma oposta no contrato. 
 
Contrato eletrônico é apenas aquele realizado por meio 
de computador ou inclui os firmados por quaisquer meios de 
telecomunicação, tais como telefone, fax.? 
 
De outro modo, deve-se lembrar que “eletrônico” é o meio 
pelo qual as partes escolheram para efetivar o contrato,

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