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Indaial – 2019 Alimentos e BeBidAs pArA eventos Fabiana Roeder 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Fabiana Roeder Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: R712a Roeder, Fabiana Alimentos e bebidas para eventos. / Fabiana Roeder. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 188 p.; il. ISBN 978-85-515-0418-5 1. Eventos. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 658 III ApresentAção Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático da disciplina de Alimentos e Bebidas para Eventos! Na hora de organizar um evento, são tantos detalhes aos quais temos que estar atentos, que, às vezes, deixamos em segundo plano o que será oferecido aos nossos convidados. Afinal, oferecer uma pausa durante o evento para que os convidados possam descansar e ampliar sua rede de contatos, o famoso networking, é parte crucial para o sucesso do evento. Você já se deu conta que durante esta pausa, pensar na gastronomia vai além da educação? Que essa preocupação com os comes e bebes revela ser estratégico para o organizador de eventos? Acadêmico, além de comprovar o seu profissionalismo, oferece a oportunidade para você demonstrar ser um excelente anfitrião. Diante de um mercado tão competitivo, passa a ser um diferencial conhecer o campo de atuação do segmento de alimentos e bebidas, além das técnicas e das tendências da contemporaneidade. Para tanto, compilamos as informações necessárias para planejar a gastronomia em Eventos. Este livro de estudos foi organizado em sequência lógica, sendo dividido em três unidades para facilitar a sua compreensão. Em cada unidade, procuramos pela bibliografia que abrangesse várias perspectivas sobre o assunto Alimentos e Bebidas para Eventos. Iniciaremos pela Unidade 1, apresentando a evolução da gastronomia e a formação histórica das nossas origens gastronômicas. Este será o ponto de partida para compreender os componentes culturais que nos cercam. Ao compreendermos as origens e a cultura dos nossos antepassados, poderemos identificar as influências mais recentes e a contribuição dessa herança para a diversidade e a criatividade na gastronomia contemporânea. Ainda discutiremos o que determina a escolha dos espaços para eventos. É evidente que existem vários tipos de eventos, desde o mais simples, onde conseguimos atender com um simples coffee break, até o mais complexo, que exige uma equipe especialmente capacitada. Independentemente do porte, uma brigada de trabalho bem treinada e consciente de suas obrigações, torna-se um imperativo para o sucesso do evento. Na Unidade 2, desta disciplina, entenderemos o serviço de alimentos como um negócio. A área da restauração, assim como outros setores da economia, vem sofrendo alterações através dos tempos. Em virtude das IV novas tendências da sociedade já discutidas na Unidade 1, alguns aspectos essenciais, como controlar custos e melhorar a qualidade dos serviços, serão discutidos na Unidade 2. Nos dois últimos tópicos da Unidade 2, reuniremos informações de equipamentos e provisões necessários para operacionalização de um negócio. No caso de um restaurante, os primeiros passos para controlar as despesas, é instituir sistemas de controle de processos que manterão o negócio operando com a máxima eficiência. Por fim, na Unidade 3 compreenderemos alguns conceitos e procedimentos básicos de segurança no serviço alimentar. São preocupações crescentes em todas as operações, a segurança na preparação de alimentos não contaminados e em ambientes seguros. É imprescindível que se tenha um ambiente higiênico e procedimentos criteriosos para o manuseio e acondicionamento de alimentos em eventos. Nesta unidade abordaremos as boas práticas nos serviços de alimentação adequando as condições sanitárias e de segurança para um ambiente de trabalho seguro. Esperamos que este livro didático contribua para sua formação profissional e sirva como base para um futuro crescimento. Desejamos uma ótima leitura e sucesso! Fabiana Roeder V Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI VI VII Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE VIII IX UNIDADE 1 – GASTRONOMIA E EVENTOS ...................................................................................1 TÓPICO 1 – HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA GASTRONOMIA ......................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GASTRONOMIA ..........................................................................3 3 A GASTRONOMIA BRASILEIRA E REGIONAL COMO DIFERENCIAL EM EVENTOS .....8 4 DIVERSIDADE CULTURAL E SUSTENTABILIDADE EM EVENTOS ...................................15 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................18 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................20 TÓPICO 2 – ALIMENTOS E BEBIDAS EM EVENTOS ..................................................................23 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................23 2 O SEGMENTO PROFISSIONAL DEALIMENTOS E BEBIDAS EM EVENTOS ...................23 3 O ESPAÇO, OS PROFISSIONAIS E SUAS FUNÇÕES ................................................................27 3.1 OS PROFISSIONAIS DO SEGMENTO DE A&B .........................................................................29 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................36 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................37 TÓPICO 3 – MOMENTO GASTRONÔMICO EM EVENTOS ......................................................39 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................39 2 A GASTRONOMIA COMO VETOR PARA O SUCESSO DE EVENTOS ...............................39 3 TENDÊNCIAS DE ALIMENTOS E BEBIDAS PARA EVENTOS ...............................................45 3.1 ENOGASTRONOMIA ...................................................................................................................48 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................59 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................66 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................68 UNIDADE 2 – ADMINISTRAÇÃO E OPERAÇÃO DE ALIMENTOS E BEBIDAS EM EVENTOS .......................................................................................................................69 TÓPICO 1 – SERVIÇOS DE RESTAURANTE ...................................................................................71 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................71 2 PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO E OPERAÇÃO DE RESTAURANTES EM EVENTOS ...............................................................................................................................................71 2.1 ESCOLHA DO CONCEITO DO RESTAURANTE .....................................................................72 2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DE A&B ........................................................76 2.3 ESPECIALIDADE DOS ESTABELECIMENTOS DE A&B .........................................................77 2.4 FORMAÇÃO DA ESTRUTURA ADMINISTRATIVA ................................................................81 3 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS ............................................................................................84 3.1 DESPESAS FIXAS ............................................................................................................................84 3.2 DESPESAS VARIÁVEIS ..................................................................................................................85 3.3 DESPESAS E RECEITAS .................................................................................................................85 3.4 PREÇOS AO CONSUMIDOR ........................................................................................................85 3.5 MONTAGEM ....................................................................................................................................86 sumário X 3.6 PREPARO ..........................................................................................................................................87 4 FICHA TÉCNICA: IMPORTÂNCIA E ELABORAÇÃO ...............................................................88 4.1 ORÇAMENTOS PARA EVENTOS ................................................................................................90 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................94 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................96 TÓPICO 2 – SERVIÇOS DE SALÃO E MESA 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................99 2 TIPOS DE SERVIÇOS DE MESA: MONTAGEM, UTENSÍLIOS E EQUIPAMENTOS ........99 2.1 SERVIÇO À FRANCESA ..............................................................................................................100 2.2 SERVIÇO À INGLESA .................................................................................................................100 2.3 SERVIÇO À INGLESA INDIRETO OU AO GUÉRIDON ........................................................100 2.4 SERVIÇO À AMERICANA OU EMPRATADO.........................................................................101 2.5 SERVIÇO À LA CARTE OU TABLE D´HÔTE ............................................................................101 2.6 SERVIÇO SELF-SERVICE OU BUFFET ......................................................................................102 2.7 SERVIÇO DE COQUETEL ............................................................................................................102 2.8 SERVIÇO DE VINHOS: O RITUAL E SEUS INSTRUMENTOS .............................................103 3 MISE EN PLACE ..................................................................................................................................107 3.1 CONTROLE E CUIDADO COM UTENSÍLIOS DE MESA .....................................................108 3.1.1 Operação e equipe ................................................................................................................110 4 A BRIGADA DE ATENDIMENTO .................................................................................................110 4.1 EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS E ATENDIMENTO ...................................................................111 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................114 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................115 TÓPICO 3 – SERVIÇOS DE COZINHA ...........................................................................................117 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................117 2 CARDÁPIOS PARA EVENTOS ......................................................................................................117 2.1 TIPOS DE CARDÁPIOS ................................................................................................................119 3 GLOSSÁRIO GASTRONÔMICO...................................................................................................121 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................131 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................133 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................134 UNIDADE 3 – SEGURANÇA ALIMENTAR EM EVENTOS........................................................137 TÓPICO 1 – BOAS PRÁTICAS NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS .........................................139 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................139 2 BOAS PRÁTICAS DE HIGIENE E SEGURANÇA NA PRODUÇÃO E MANIPULAÇAO DE ALIMENTOS.................................................................................................................................139 2.1 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS E PROCEDIMENTOOPERACIONAL PADRONIZADO ............................................................................................................................142 3 NOÇÕES E TÉCNICAS DE CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS E BEBIDAS ......................146 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................154 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................156 TÓPICO 2 – BOAS PRÁTICAS NO TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO DE ALIMENTOS E BEBIDAS .............................................................................................157 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................157 2 NORMAS E LEGISLAÇÃO NO TRANSPORTE DE ALIMENTOS E BEBIDAS PARA EVENTOS .............................................................................................................................................157 3 CATERING DE EVENTOS ................................................................................................................160 XI RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................162 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................163 TÓPICO 3 – BOAS PRÁTICAS NOS SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO EM EVENTOS .......165 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................165 2 QUALIDADE SANITÁRIA DOS ALIMENTOS EM EVENTOS ..............................................165 3 CUIDADOS NO SERVIÇO E ACONDICIONAMENTO DE ALIMENTOS EM EVENTOS .............................................................................................................................................167 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................171 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................181 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................183 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................185 XII 1 UNIDADE 1 GASTRONOMIA E EVENTOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer a história e a evolução da gastronomia brasileira; • identificar as diversidades gastronômicas e sua influência nos eventos; • entender o segmento profissional de alimentos e bebidas em eventos; • conhecer as tendências de alimentos e bebidas que influenciam no plane- jamento do evento. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA GASTRONOMIA TÓPICO 2 – ALIMENTOS E BEBIDAS EM EVENTOS TÓPICO 3 – MOMENTO GASTRONÔMICO EM EVENTOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA GASTRONOMIA 1 INTRODUÇÃO No setor econômico de eventos, para atingirmos o objetivo principal, não podemos perder o foco no cliente, promovendo sensações marcantes, para tornar o evento inesquecível. No cenário competitivo que estamos vivendo, saber distinguir alimentação da gastronomia, é essencial para o gestor de eventos. A gastronomia em eventos tem sua importância por integrar uma cadeia de valor complexa, que quando promovida de forma estratégica, possibilita a valorização cultural de uma região. Os aspectos culturais, o clima e a localização geográfica podem interferir diretamente no resultado final da gastronomia em eventos. O setor de alimentos e bebidas está passando por uma valorização, tanto na maneira de preparo, como na maneira de consumo da sociedade. Quando pensamos na preparação de um alimento, no sabor, nos aromas, na sua apresentação entre outros pormenores, estamos proporcionando um conjunto harmonioso para quem o prova, uma experiência sensorial, que está além do simples ato de comer. Na elaboração de um prato, no menu que será servido no evento, e até mesmo quando contratamos os serviços do restaurante de um chef renomado, precisamos conhecer as técnicas e os atributos da profissão de servir alimentos e bebidas. Com a gastronomia, descobriremos valores e práticas sociais que revelam uma ordem que determina uma regulação social pelos lugares à mesa ou mesmo ao que se come. O que cada povo trouxe de suas terras de origem e o que acrescentou na cultura, nas tradições e na gastronomia do Brasil. 2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GASTRONOMIA Antes de iniciarmos o nosso estudo através da evolução histórica, vamos estudar o conceito de gastronomia. Afinal, o que é a gastronomia? Começaremos pela origem da palavra, segundo o poeta e viajante grego Arquestratus: UNIDADE 1 | GASTRONOMIA E EVENTOS 4 GASTRONOMIA = GASTER (grego) → VENTRE, ESTÔMAGO + NOMO (grego) → LEI Traduzindo: as leis do estômago FONTE: Freixa e Chaves (2015, p. 16) NOTA Arquestratus viveu no século IV a.C. e foi um apreciador da boa mesa. Como viajante, percorreu vastos territórios observando e provando as especialidades das cozinhas locais. Como resultado de suas experiências, foi compilada a obra Hedypatheia. Na obra, Arquestratus fez emergir seu sentido ligado aos prazeres de comer, “com conselhos de como comer bem e a primeira definição de gastronomia” (FREIXA; CHAVES, 2015, p. 16). O termo gastronomia voltou à tona muito tempo depois, no século XVIII, quando adquiriu um caráter mais abrangente com Brillat-Savarin, escritor francês, amante dos prazeres da mesa. Ele dizia que a gastronomia é o conhecimento fundamentado de tudo que se refere ao homem na medida em que se alimenta, é a diferença entre o prazer de comer e o prazer da mesa (BRILLAT-SAVARIN, 1995). A gastronomia também está ligada ao preparo dos alimentos, ao serviço, a maneira de se servir as mesas e ao ritual das refeições. Sendo um tema tão abrangente, é importante sabermos distinguir cada elemento. Freixa e Chaves (2015, p. 18) entendem que o restaurante e a cozinha também estão inseridos no termo gastronomia, vejamos algumas definições: • Cozinha e culinária: ambos os termos se referem ao conjunto de utensílios, ingredientes e pratos característicos de um país ou de determinada região. Além de serem sinônimos, também dizem respeito à arte de preparar os alimentos e às práticas e técnicas usadas para esse fim. • Alimentação: é o conjunto de ingredientes in natura ou industrializados com os quais as pessoas se nutrem. Ela está ligada aos setores de produção, abastecimento e consumo, ou seja, agricultura, pecuária, indústria alimentícia, mercados e feiras. Também está vinculada a nutrição, que estuda os alimentos e suas combinações para que o indivíduo tenha uma vida saudável. TÓPICO 1 | HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA 5 • Restaurante e restauração: o termo restauração tem origem no bouillon restaurant, traduzindo: no “caldo restaurador”. No século XVIII na França, esta era a denominação para o local onde era servido o caldo que tempos depois, passou a ser chamado de restaurante. Já o setor da restauração, engloba não apenas restaurantes, mas todos os estabelecimentos comerciais que são destinados a alimentar pessoas. • Gourmand e Gourmet: o indivíduo que gosta de comer bem e, muitas vezes, em quantidade chamamos de gourmand. Já o conceito de gourmet surgiu na França, no século XIX,para identificar a pessoa de paladar apurado e conhecedora da boa mesa. Atualmente o conceito gourmet também evoluiu para definir alimentos requintados e locais diferenciados. Quando analisamos a alimentação sob o aspecto das tradições sociais, estamos falando de gastronomia. Estas manifestações gastronômicas são o legado dos nossos antepassados, onde passamos a contar histórias através da comida e da bebida criando momentos de interação social. As autoras Freixa e Chaves (2015, p. 16) fazem referência a esse legado: Hoje a gastronomia continua se expressando por meio dos hábitos alimentares de cada povo, legado que passa de geração em geração desde a pré-história, quando os nossos antepassados partilhavam a comida que preparavam de acordo com os recursos alimentares disponíveis nas regiões onde viviam. Cada comunidade foi criando sua cozinha, cuja seleção de alimentos era ditada pela tradição e pela cultura. Quando falamos em bens culturais, podemos citar a definição da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), no documento da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial (2006), em que as expressões, as celebrações e os saberes de uma comunidade são considerados patrimônios culturais imateriais. Segundo a convenção da Unesco (UNESCO, 2006, p. 4), os bens culturais de natureza imaterial são compreendidos da seguinte forma: [...] as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. Dentro deste contexto é que também se compreende a gastronomia como patrimônio cultural imaterial da humanidade. O patrimônio imaterial contempla, práticas e conhecimentos relacionados à identidade de grupos sociais, reproduzidos entre as gerações. Inserido neste quesito está a gastronomia, onde encontramos o registro de alguns patrimônios mundiais definidos pela Unesco e destacados na obra de Freixa e Chaves (2015, p. 16): UNIDADE 1 | GASTRONOMIA E EVENTOS 6 • Comida mexicana: é um misto de sabores que envolvem as práticas, os rituais e os costumes ancestrais, aliados à mistura rica de ingredientes, contribuíram para que a comida mexicana fosse reconhecida como patrimônio cultural imaterial da humanidade em 2010. Toda cadeia alimentar é baseada no trabalho coletivo, desde o cultivo do alimento até a sua preparação. Na cozinha mexicana fundamenta-se o ritual de raízes, que mantém a salvaguarda da identidade de povos pré- hispânicos, como os astecas e os maias. Alguns elementos típicos que fazem parte da gastronomia mexicana são: o Guacamole, que é uma espécie de purê de abacate temperado, servido como acompanhamento em diversos pratos, a Pimenta, que é um condimento milenar que pode ser adicionado a molhos que acompanham uma diversidade de pratos típicos, os Nachos, que consistem de tortilhas de milho crocantes com formato triangular, cobertas por queijo e pimenta jalapeño, o Milho, que é um dos principais ingredientes para a confecção de pratos mexicanos e a Tequila, bebida típica mexicana. FIGURA 1 – COMIDA MEXICANA FONTE: <https://heraldodemexico.com.mx/gastrolab/gastronomia-mexicana-para-amar-lo- nuestro/>. Acesso em: 3 ago. 2019. • Dieta mediterrânea: reconhecida por proporcionar vida longa a seus consumidores. A diversidade de seus ingredientes, como o azeite, o tomate, o peixe, os frutos secos, e os rituais inerentes à sua preparação – da colheita ao manejo na cozinha – proporcionam a essa dieta estreita relação com a cultura do Mediterrâneo. TÓPICO 1 | HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA 7 FIGURA 2 – DIETA MEDITERRÂNEA FONTE: <http://pt.unescomeddiet.com/>. Acesso em: 3 ago. 2019. • Gastronomia francesa: para a Unesco, a gastronomia francesa representa uma prática social usada na celebração de momentos importantes na vida dos indivíduos. A refeição começa logo pela decoração da mesa. A seleção de ingredientes para a elaboração de pratos requintados e o modo de sentar-se à mesa, compõem o conjunto de hábitos que auferem a essa gastronomia uma herança secular. FIGURA 3 – GASTRONOMIA FRANCESA FONTE: <https://gastronomos.fr/pt/cultura/gastronomia/gastronomia-francesa-cozinha- patrimonio-cultural-unesco/>. Acesso em 3: ago. 2019. Quando analisamos a gastronomia sob o aspecto profissional, até a década de 1990, não se falava em cozinha nacional. “Para se ter uma ideia, muitos consideravam que não existia uma gastronomia brasileira, por julgarem ser o termo “gastronomia” ligado apenas ao requinte das classes privilegiadas e à alta cozinha” (FREIXA; CHAVES, 2015, p. 21). NOTA UNIDADE 1 | GASTRONOMIA E EVENTOS 8 Estamos vivendo um momento de valorização das tradições da cozinha nacional, regional e local, o que demonstra a representatividade e as marcas de orgulho da identidade do povo no seu território, como veremos a seguir. 3 A GASTRONOMIA BRASILEIRA E REGIONAL COMO DIFERENCIAL EM EVENTOS A gastronomia no Brasil, é fruto da miscigenação dos povos, onde se misturaram cores, sabores, história e cultura, e teve influência das culturas indígena, europeia e africana. Mas para conhecer as nossas raízes, precisamos entender do que se trata essa herança cultural. Segundo Dória (2014, p. 17), “Nos últimos quinhentos anos travou-se, no território brasileiro, um enorme encontro de culturas – centenas de etnias indígenas; dezenas de etnias africanas transplantadas para cá; portugueses e europeus de outros países –, cujo resultado está longe de ser uniforme ou linear”. Esta diversidade está diretamente ligada à origem dos povos que habitam cada região. Com os índios, conhecemos a utilização das raízes como a mandioca, dos cereais como o milho, além de uma infinidade de frutos, peixes e animais. Do Velho Mundo lusitano vieram técnicas culinárias, a tradição dos doces e o uso das especiarias. E ainda o cultivo de arroz, hortaliças, frutas e a criação da galinha, do porco e do boi, entre outros. A contribuição africana foi imensa, tanto em nossas tradições como na gastronomia. O uso do coco, do azeite de dendê e da pimenta-malagueta, por exemplo, é hábito que tornou calorosos nossos pratos e nosso jeito de ser (FREIXA; CHAVES, 2015, p. 16). IMPORTANT E No Brasil de Norte a Sul, cada cultura tem a sua culinária específica, com suas influências e ingredientes típicos de cada região. Dória (2014, p. 19), afirma que “só se começa a falar de cozinha brasileira, no sentido atual, após a impregnação de toda a cultura pelas ideias que nasceram da revisão do ser brasileiro, como fez o movimento modernista na primeira metade dos anos 1920, ou mesmo o movimento regionalista e o romance de 1930 no Nordeste”. TÓPICO 1 | HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA 9 Depois desse modelo de explicação, o autor retrata a difusão pela cultura, “invadindo também a indústria turística, a ponto de, hoje, as pessoas se movimentarem pelo país à cata de cacos dessa cozinha, já que, em vez de integrada, ela se apresenta como um conjunto de cozinhas espalhadas pelas cinco grandes áreas sociopolíticas em que o IBGE dividiu o Brasil (DÓRIA, 2014, p. 19). A partir de 1940, com a necessidade de um conhecimento mais aprofundado do território nacional, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) passou a demandar a elaboração de cinco grandes áreas regionais mais detalhadas do país, isto é, agrupou municípios, diferentemente das divisões até então realizadas pelo agrupamento de estados federados (IBGE, 2017). MAPA 1 – FORMULADO PELOIBGE EM 1940 FONTE: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/ noticias/19383-dividir-para-conhecer-as-diversas-divisoes-regionais-do-brasil>. Acesso em: 3 ago. 2019. UNIDADE 1 | GASTRONOMIA E EVENTOS 10 MAPA 2 – FORMULADO PELO IBGE NA ATUALIDADE FONTE: <https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/y85wcnpWvzuQZC6ypr44gwRPnq5 ZcCQtZ9ZUkqBwFuXBvCu5A4FZFyP7UGXx/contextualizacao>. Acesso em: 3 ago. 2019. Um dos aspectos singulares da cultura, a gastronomia, revela elementos simbólicos do cotidiano que representam as tradições de um povo e formam um patrimônio que traduz o que não é dito, mas sentido. Com a preocupação de salvaguardar essa representatividade, o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) passou a registrar os bens culturais de natureza intangível ou imaterial. O Brasil foi um dos pioneiros a implementar a terminologia do patrimônio imaterial. Esta iniciativa antecipou-se ao documento oficial da Unesco, a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial (UNESCO, 2006). O país participou ativamente da elaboração da convenção da Unesco, tornando-se seu signatário em 2006. No Banco de Dados de Bens Culturais Imateriais (IPHAN, 2003), encontramos registros da importância dessa preservação e salvaguarda dos bens imateriais: • O Ofício das Baianas de Acarajé (BA): o ofício está inscrito no Livro dos Saberes desde 2005 como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. É uma prática tradicional de produção e venda, em tabuleiro, das chamadas comidas de baiana, feitas com azeite de dendê e ligadas ao culto dos orixás, amplamente disseminadas em Salvador. O bolinho de Acarajé, preparado artesanalmente, tem origem no Golfo de Benim, na África Ocidental e chegou ao Brasil com o saber dos negros escravizados. A receita manda moer o feijão fradinho em pilão de pedra – que dá nome ao quitute: a pedra de acarajé. A iguaria está ligada ao culto dos orixás do candomblé, Xangô e Oyá, o que implica um modo de fazer específico e ritualizado. Para o recheio dessa comida sagrada são utilizados vatapá, caruru e camarão seco. E no tabuleiro da Baiana do Acarajé também pode se encontrar abará, mingaus, lelê, cocadas, pé de moleque e outras especialidades da culinária de origem afro-brasileira. TÓPICO 1 | HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA 11 FIGURA 4 – O OFÍCIO DAS BAIANAS DE ACARAJÉ FONTE: <https://correionago.com.br/portal/regulamentacao-municipal-ao-oficio-de-baianas- sofrera-atualizacoes/>. Acesso em: 9 nov. 2019. • O Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro (AM): é entendido como um conjunto estruturado, formado por elementos interdependentes: as plantas cultivadas, os espaços, as redes sociais, a cultura material, os sistemas alimentares, os saberes, as normas e os direitos. Sua inscrição no Livro de Registro dos Saberes foi realizada em 2010. As especificidades do Sistema são as riquezas dos saberes, a diversidade das plantas, as redes de circulação, a autonomia das famílias, além da sustentabilidade do modo de produzir que garante a conservação da floresta. Esse bem cultural está ancorado no cultivo da mandioca brava (Manihot Esculenta) e apresenta, como base social, os mais de 22 povos indígenas, representantes das famílias linguísticas Tukano Oriental, Aruak e Maku (não identificadas), localizados ao longo do rio Negro em um território que abrange os municípios de Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira, no Estado do Amazonas, até a fronteira do Brasil com a Colômbia e a Venezuela. A Bacia do Rio Negro é formada por um mosaico de paisagens naturais que abrange a floresta de terra firme, campina, vegetação de igapó e chavascal, com uma diversidade que repercute na vida da população, especialmente nas atividades de caça, pesca, agricultura e na coleta de materiais para fabricação de artefatos e de malocas. UNIDADE 1 | GASTRONOMIA E EVENTOS 12 FIGURA 5 – O SISTEMA AGRÍCOLA TRADICIONAL DO RIO NEGRO FONTE: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/75/>. Acesso em: 3 ago. 2019. • As Tradições Doceiras da Região de Pelotas e Antiga Pelotas (RS): as cidades de Arroio do Padre, Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu foram inscritas pelo Iphan, no Livro de Registro dos Saberes, em maio de 2018, após a reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, em Brasília (DF). Pela primeira vez, os conselheiros analisaram, a um só tempo, os dois instrumentos de proteção – tombamento e registro – que abrangem os aspectos arquitetônicos e artísticos associados ao modo de fazer os doces nesta região. A integração entre o material e o imaterial é imprescindível para a compreensão da dimensão das tradições, memórias e identidade da nação brasileira. Todos esses aspectos são fruto de uma rica diversidade étnica, cultural e religiosa, que interage e se integra perfeitamente no patrimônio cultural material e nas manifestações culturais imateriais. Pelotas encontra-se no epicentro de uma região doceira que abarca uma multiplicidade de saberes e identidades sob a forma de duas tradições: a de doces finos e a de doces coloniais. Os doces desempenham um papel peculiar na composição da sociedade regional, sendo um elemento cultural que amarra a diversidade de grupos étnicos e sociais que a compõe. Para a maioria das doceiras e doceiros, esse ofício é a continuidade das trajetórias de suas famílias, principalmente no meio rural, entre os produtores de doces de frutas, que se encontram profundamente ligados à região colonial - um espaço de vivências, trabalho e afetos. Assim, o registro das Tradições Doceiras de Pelotas e Antiga Pelotas contemplam o espaço de ocorrência e os sentidos que a elas são atribuídos, por grupos detentores, e se justifica tendo em vista seu valor identitário e a relação demonstrada entre o saber doceiro e o território referido. TÓPICO 1 | HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA 13 FIGURA 6 – AS TRADIÇÕES DOCEIRAS DA REGIÃO DE PELOTAS E ANTIGA PELOTAS FONTE: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/1767/>. Acesso em: 3 ago. 2019. • O Modo Artesanal de Fazer Queijo de Minas (MG): nas regiões do Serro, da Serra da Canastra e do Salitre, em Minas Gerais, foi inscrito no Livro de Registro dos Saberes, em junho de 2008. Esse bem imaterial constitui um conhecimento tradicional e um traço marcante da identidade cultural dessas regiões. A produção artesanal do queijo de leite cru representa uma alternativa bem- sucedida de conservação e aproveitamento da produção leiteira regional, em áreas cuja geografia limita o escoamento dessa produção. Em cada uma das regiões, os detentores do conhecimento forjaram um modo de fazer próprio, expresso na forma de manipulação do leite, dos coalhos e das massas, na prensagem, no tempo de maturação (cura), conferindo a cada queijo aparência e sabor específicos. Nessa diversidade constituem aspectos comuns: o uso de leite cru e a adição do pingo, um fermento láctico natural, recolhido a partir do soro que drena do próprio queijo e que lhe transfere as características específicas, condicionadas pelo tipo de solo, pelo clima e pela vegetação de cada região. FIGURA 7 – O MODO ARTESANAL DE FAZER QUEIJO DE MINAS FONTE: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/65/>. Acesso em: 3 ago. 2019. UNIDADE 1 | GASTRONOMIA E EVENTOS 14 • Ofício das Paneleiras de Goiabeira (ES): o saber envolvido na fabricação artesanal de panelas de barro foi o primeiro bem cultural registrado, pelo Iphan, como Patrimônio Imaterial no Livro de Registro dos Saberes, em 2002. O processo de produção no bairro de Goiabeiras Velha, em Vitória, no Espírito Santo, emprega técnicas tradicionais e matérias-primas provenientes do meio natural. A atividade, eminentemente feminina, é tradicionalmente repassada pelas artesãs paneleiras, às suas filhas, netas, sobrinhas e vizinhas, no convívio doméstico e comunitário. Apesar da urbanização e do adensamento populacional que envolveu o bairro de goiabeiras, fazer panelas de barro continua sendoum ofício familiar, doméstico e profundamente enraizado no cotidiano e no modo de ser da comunidade de Goiabeiras Velha. É o meio de vida de mais de 120 famílias nucleares, muitas das quais aparentadas entre si. Envolve um número crescente de executantes, atraídos pela demanda do produto, promovido pela indústria turística como elemento essencial do “prato típico capixaba”. As panelas continuam sendo modeladas manualmente, com argila sempre da mesma procedência e com o auxílio de ferramentas rudimentares. Depois de secas ao sol, são polidas, queimadas a céu aberto e impermeabilizadas com tintura de tanino, quando ainda quentes. Sua simetria, a qualidade de seu acabamento e sua eficiência como artefato devem-se às peculiaridades do barro utilizado e ao conhecimento técnico e habilidade das paneleiras, praticantes desse saber há várias gerações. A técnica cerâmica utilizada é reconhecida por estudos arqueológicos como legado cultural Tupi-guarani e Una2, com maior número de elementos identificados com os desse último. O saber foi apropriado dos índios por colonos e descendentes de escravos africanos que vieram a ocupar a margem do manguezal, território historicamente identificado como um local onde se produziam panelas de barro. FIGURA 8 - O OFÍCIO DAS PANELEIRAS DE GOIABEIRA (ES) FONTE: <https://www.capixabadagema.com.br/paneleiras-de-goiabeiras-vitoria/>. Acesso em: 3 ago. 2019. TÓPICO 1 | HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA 15 No Brasil, podemos observar que alguns hábitos gastronômicos acabaram sendo incorporados de acordo com as características de cada região. “Cada vez mais se avaliam manifestações gastronômicas que contribuem para a valorização da nossa diversidade alimentar, inclusive municipais” (FREIXA; CHAVES, 2015, p. 17), assim, entendemos que os hábitos das diversas regiões do país foram influenciados por processos migratórios. Para saber mais sobre a história da gastronomia, você poderá realizar a leitura do livro Gastronomia no Brasil e no Mundo (2015), das autoras Dolores Freixa e Guta Chaves. O livro apresenta a gastronomia como patrimônio cultural, desde a sua pré-história até a contemporaneidade. DICAS 4 DIVERSIDADE CULTURAL E SUSTENTABILIDADE EM EVENTOS A tendência da gastronomia mundial é a globalização, já a gastronomia regional segue pelo lado oposto, a regionalização. Temos chefs que se inspiram na culinária de diferentes povos, outros estão inspirados na busca pelo resgate da culinária regional de seus países. O termo sustentável torna-se cada vez mais usual e importante, almejando o respeito por um conjunto de princípios, tais como o respeito pela capacidade de carga (limite de pessoas), conservação, preservação e pela equidade social. A sustentabilidade abrange vários aspectos, entre os quais, o uso responsável dos recursos naturais, a consideração do impacto ambiental das atividades, a proteção do patrimônio e o incentivo da adoção de práticas sustentáveis pelas comunidades locais (ROEDER, 2013, p. 28). Para as questões de sustentabilidade no setor de alimentos e bebidas, iremos discutir a importância dos eventos gastronômicos, como afirma Riccetto (2013, p. 151, grifo da autora): Nas empresas do ramo de Alimentos e Bebidas, a situação não é diferente e trabalha-se principalmente com um determinado tipo de evento, conhecido como festival gastronômico. Os festivais gastronômicos e as refeições temáticas (que podem ser vistas como um festival gastronômico de pequeno porte) são ferramentas de marketing muito utilizadas, tanto por estabelecimentos de Alimentos e Bebidas, quanto por hotéis. UNIDADE 1 | GASTRONOMIA E EVENTOS 16 O festival gastronômico é um atrativo cultural que pode favorecer o desenvolvimento regional e, por meio da utilização do cardápio regional, fortalecer a identidade, os saberes e fazeres locais, bem como valorizar a diversidade dos produtos locais. “Os consumidores apresentam maior seletividade em relação aos serviços que consomem e aos produtos que adquirem, gerando uma demanda pela intensificação das “experiências” como forma de satisfação pessoal e profissional” (ROEDER, 2013, p. 35). Riccetto (2013, p. 151) define o festival gastronômico como “um evento que tem como principal oferta uma gastronomia específica. Essa gastronomia pode ser de um país, uma região, uma época, um ingrediente etc.”, como mostramos no quadro: Nome do evento Definição da Gastronomia Festival Gastronômico Português Festival de Cozinha Mexicana Temas por país Festival de Comida Espanhola Festival Brasil Sabor Festival da Típica Comida Goiana Festival de Cozinha Gaúcha Temas por região Festival de Culinária do Sudeste Festival de Comida Mediterrânea Festival de Comida Colonial Festival Gastronômico dos Anos 60 Temas por época Festival Gastronômico da Belle Epoque Festival de Cozinha Medieval Festa da Uva Festival do Morango Temas por ingrediente Festival do Milho QUADRO 1 – EXEMPLOS DE TEMAS DE FESTIVAIS GASTRONÔMICOS FONTE: Riccetto (2013, p. 151) A gastronomia é um elemento integrante da cultura. Os desafios de fortalecimento da gastronomia e sua abordagem como elemento cultural, sustentável e criativo, foram lançados em 2004 pela Unesco. A iniciativa se preocupa em promover a cooperação internacional dentro e entre municípios de zonas urbanas que investem na cultura e na criatividade como aceleradoras do desenvolvimento sustentável. Pensando no seu reconhecimento e na sua importância para a cultura no Brasil, a Rede de Cidades Criativas da Unesco (UCCN) passou a fortalecer a cooperação entre cidades que tenham reconhecido a criatividade como um fator estratégico de desenvolvimento sustentável em termos econômicos, sociais, culturais e ambientais. O principal objetivo da rede é facilitar o desenvolvimento TÓPICO 1 | HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA 17 de grupos culturais no mundo para que troquem conhecimento, experiências e melhores práticas como uma forma de promover a economia local e o desenvolvimento social por meio de indústrias criativas (UNESCO, 2018). A rede de cidades criativas criou sete redes temáticas, e as cidades podem escolher um campo no qual focar seus esforços. As cidades que possuem experiência criativa estabelecida nos campos da literatura, cinema, música, arte folclórica, design, tecnologia da informação/artes de mídias ou gastronomia podem se inscrever para participar da rede. As cidades são incentivadas a considerar sua candidatura nos campos que possuam maior potencial para desenvolvimento econômico e social. Ao ingressar na Rede, as cidades reconhecem seu compromisso de compartilhar as melhores práticas, desenvolvendo parcerias que promovam a criatividade e as indústrias culturais, fortalecendo a participação da vida cultural e integração da cultura nos planos de desenvolvimento urbano (UNESCO, 2018). Florianópolis: Cidade UNESCO da Gastronomia Desde o dia dois de dezembro de 2014, Florianópolis integra um seleto grupo, o Brasil possui apenas cinco cidades na Rede Mundial de Cidades Criativas da UNESCO. Além da capital catarinense e Belém, na gastronomia, Curitiba integra a Rede na categoria Design, Salvador na categoria Música e Santos em Filmes. A Rede Mundial de Cidades Criativas da Unesco, que reconhecem e apoiam a criatividade como estratégia impulsionadora do desenvolvimento sustentável, por meio de parcerias mundiais, abrange sete áreas criativas: artesanato e arte popular, design, cinema, gastronomia, literatura, música e artes mídia. DICAS Marca desenvolvida para Florianópolis Cidade Unesco da Gastronomia: FONTE: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/sc/noticias/florianopolis- cidade-unesco-da-gastronomia,f4bac74b0f71f410VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 3 ago. 2019. Para saber mais sobre a Rede de Cidades Criativas da UNESCO, a plataforma internacional que conecta cidades para compartilhar experiências, ideias e melhores práticas no campo das indústrias criativas e do desenvolvimento urbano, você poderá assistir ao filmeREDE DE CIDADES CRIATIVAS DA UNESCO, disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=1Lr5rd-DaSU. Acesso em 3 ago. 2019. 18 Neste tópico, você aprendeu que: • A gastronomia no Brasil é fruto da miscigenação dos povos, onde se misturam cores, sabores, história e cultura, teve influência das culturas indígena, europeia e africana. • Os aspectos culturais, o clima e a localização geográfica podem interferir diretamente no resultado final dos eventos gastronômicos. • O setor de alimentos e bebidas está passando por uma valorização, tanto na maneira de preparo, como na maneira de consumo da sociedade. • Quando pensamos na preparação de um alimento, no sabor, nos aromas, na sua apresentação entre outros pormenores, estamos proporcionando um conjunto harmonioso para quem o prova, uma experiência sensorial, que está além do simples ato de comer. • No documento da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial da Unesco incide as expressões, as celebrações e os saberes de uma comunidade considerados patrimônios culturais imateriais. • A gastronomia é salvaguardada como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco. • A Rede de Cidades Criativas da Unesco abrange sete campos criativos: Artesanato e Artes Folclóricas, Design, Cinema, Gastronomia, Literatura, Artes de Mídia e Música. • A gastronomia é salvaguardada pelo IPHAN como Bens Culturais de Natureza Intangível. • A alimentação é o conjunto de ingredientes in natura ou industrializados com os quais as pessoas se nutrem. • O restaurante, a culinária e a cozinha também estão inseridos no contexto da gastronomia. • Restaurante e restauração: o termo Restauração tem origem no bouillon restaurant, traduzindo, no “caldo restaurador” que no século XVIII era oferecido na França, este local onde era servido o caldo passou a ser chamado de Restaurante. RESUMO DO TÓPICO 1 19 • O setor da restauração engloba não apenas restaurantes, mas todos os estabelecimentos comerciais que são destinados a alimentar pessoas. • Gourmand é o indivíduo que gosta de comer bem e, muitas vezes, em quantidade. • O conceito de gourmet surgiu na França, no século XIX, para identificar a pessoa de paladar apurado e conhecedora da boa mesa. Atualmente, o conceito também evoluiu para definir alimentos e locais diferenciados. • Até a década de 1990, não se falava em cozinha nacional, muitos consideravam que não existia uma gastronomia brasileira, por julgarem ser o termo gastronomia ligado apenas ao requinte das classes privilegiadas e à alta cozinha. • No Brasil de Norte a Sul, cada cultura tem a sua culinária específica, com suas influências e ingredientes típicos de cada região. • O Brasil foi um dos pioneiros a implementar a terminologia do patrimônio imaterial. Esta iniciativa antecipou-se ao documento oficial da Unesco, a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial. • A gastronomia é um elemento integrante da cultura. Os desafios de fortalecimento da gastronomia e sua abordagem como elemento cultural, sustentável e criativo, foram lançados em 2004 pela Unesco. 20 1 A culinária mexicana é tão variada e cercada de tradições que em 2010 foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco. Conhecida pelo seu sabor picante, muitas receitas ultrapassaram as fronteiras do país. Em relação à gastronomia típica mexicana, analise as afirmativas a seguir: I- Polenta é uma espécie de purê de abacate temperado, que é servido como acompanhamento em diversos pratos. II- Nachos, o prato consiste de tortilhas de milho crocantes com formato triangular, cobertas por queijo e pimenta jalapeño. III- Pimenta é um ingrediente marcante da culinária mexicana, um condimento milenar que pode ser adicionado a molhos que acompanham uma diversidade de pratos típicos. IV- Milho é um dos principais alimentos para a confecção de pratos mexicanos. V- Vinho é uma bebida típica mexicana. Assinale a opção correspondente as afirmativas CORRETAS: a) ( ) II, III e IV. b) ( ) I, II, III, IV e V. c) ( ) I e III. d) ( ) I e V. 2 A gastronomia no Brasil é fruto da miscigenação dos povos, onde se misturam cores, sabores, história e cultura, teve influência das culturas indígena, europeia e africana. Diante dessa afirmação, indique algum elemento culinário de base indígena que faz parte da nossa culinária. 3 Cada região tem a sua culinária específica, com suas influências e ingredientes típicos. De acordo com o mapa do IBGE, o Brasil está dividido em cinco grandes áreas sociopolíticas. AUTOATIVIDADE MAPA DAS REGIÕES DO BRASIL DEFINIDA PELO IBGE FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%B5es_do_Brasil>. Acesso em: 3 ago. 2019. 21 Indique o número que corresponde a cada região apresentada no mapa: a) ( ) Sudeste. b) ( ) Norte. c) ( ) Centro-Oeste. d) ( ) Sul. e) ( ) Nordeste. 4 A Rede de Cidades Criativas da Unesco (UCCN) passou a fortalecer a cooperação entre cidades que tenham reconhecido a criatividade como um fator estratégico de desenvolvimento sustentável em termos econômicos, sociais, culturais e ambientais. Ao ingressar na Rede, as cidades reconhecem seu compromisso de compartilhar as melhores práticas, desenvolvendo parcerias que promovam a criatividade e as indústrias culturais, fortalecendo a participação da vida cultural e integração da cultura nos planos de desenvolvimento urbano. A rede abrange sete campos criativos: I- Teatro e tecnologia digital. II- Design e cinema. III- Cultura e lazer. IV- Artesanato e artes folclóricas. V- Gastronomia, literatura, artes de mídia e música. Assinale a opção que contém as afirmativas CORRETAS: a) ( ) III, IV. b) ( ) II, IV e V. c) ( ) I e III. d) ( ) I e V. 22 23 TÓPICO 2 ALIMENTOS E BEBIDAS EM EVENTOS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO O segmento de Alimentos e Bebidas, mais conhecido pela sigla A&B, em qualquer estabelecimento, seja ele um restaurante ou um hotel, geralmente dispõe de espaços para banquetes e centro de convenções, é imprescindível a preocupação com o espaço e a performance dos profissionais. O profissional de A&B precisa conhecer a história e as tendências da gastronomia, a estrutura física das cozinhas, os ambientes de bares e salões, as operações de cada um dos espaços e ainda, saber atuar de modo integrado com as equipes de trabalho. Conhecer os procedimentos técnicos e operacionais, controlar a qualidade, gerir custos e mão de obra, bem como, organizar a gestão com fornecedores. O mercado de trabalho no segmento de A&B oferece inúmeras oportunidades para estes profissionais. Riccetto (2013, p. 62) explica, que “A prestação e o consumo do serviço acontecem ao mesmo tempo, ou seja, só há produção, se houver consumo”. O segmento de A&B movimenta uma vasta cadeia produtiva, que vai desde quem trabalha com o plantio até o consumo dos alimentos já preparados. “Cabe relembrar que todos os funcionários do restaurante são responsáveis e devem estar voltados para o atendimento de qualidade”, afirma Ricceto (2013, p. 63). O profissional capacitado é um grande diferencial para o sucesso do evento por este ser o responsável pelo planejamento, pela organização e pelo controle de um serviço que, se bem dirigido, gera receita significativa para o restaurante, buffet ou o centro de convenções. 2 O SEGMENTO PROFISSIONAL DE ALIMENTOS E BEBIDAS EM EVENTOS Para o segmento profissional de A&B reunimos alguns dados sobre o perfil profissional, técnicas de trabalho e de mercado, que exigem muita prática e habilidade. Não importa se a equipe é grande ou pequena, a habilidade de envolver todas as pessoas num esforço conjunto, é um dos fatores de maior importância para determinar o sucesso do evento. UNIDADE 1 | GASTRONOMIA E EVENTOS 24 Existem muitas variantes da profissão e todas exigem aprendizado. A qualificação profissional é o primeiro passo para a escolha da profissão (SENAC, 2014, p. 7): Depois da conclusão de um curso de qualificação, as primeiras oportunidadesprofissionais surgem, na maioria das vezes, com a chance de desempenhar a função de auxiliar ou ajudante de cozinha. Em caso de comprovação de talento, novos passos poderão ser dados, levando os mais dedicados à condição de chefe de partida, subchefe, e, mais tarde, ao posto de chefe de cozinha, ou simplesmente chef, como é designada a função em francês e mais comumente conhecida no meio gastronômico. Além de assegurar o entendimento das técnicas de trabalho, o profissional de A&B precisa estar antenado com as novidades do mercado. Aprender somente as técnicas não garante uma posição competitiva. É importante criar uma rede de relacionamentos (networking), comunicar-se com outros profissionais do setor e compartilhar informações. O profissional que conseguir se manter atualizado, tem mais facilidade em encontrar profissionais qualificados para trabalhar ou até mesmo um novo emprego. Acadêmico, para aproveitar as oportunidades à medida que você continuar sua carreira, compilamos algumas dicas para quem tem planos de abrir o próprio negócio. Confira a relação de cuidados básicos que devem ser considerados para quem pretende abrir um negócio na área de A&B: Reúna o máximo de informações antes de se decidir pelo local e tipo de negócio. Converse com comerciantes das redondezas e os moradores, se puder, faça uma pesquisa sobre o potencial de demanda e concorrência. Frequente cursos sobre técnicas culinárias, de manuseio e conservação de alimentos e também na área de gestão. Leve em conta que sua jornada diária de trabalho não será inferior a 12 horas, incluindo fins de semana e feriados. No início, ela poderá chegar a 18 horas. Conscientize-se de que, durante os primeiros dois anos, você não poderá fazer grandes retiradas da empresa. Saiba que um restaurante nasce de um cardápio e não do inverso. Com um menu na mão, instale a cozinha e todos os equipamentos necessários. Em seguida, defina a equipe de trabalho. Incentive, prestigie, motive e trate com consideração seu pessoal, pois dele depende o bom atendimento à freguesia, fator de sucesso de qualquer empreendimento. Treine sempre. Invista na formação de pessoal. Selecione seus fornecedores levando em conta qualidade, agilidade e adequação às suas necessidades diárias. Jamais faça a escolha só com base nos preços. Esteja sempre atento a todos os detalhes relativos ao atendimento da mesa, sobretudo nas horas de maior movimento. Uma alface mal lavada pode prejudicar todo o investimento. QUADRO 2 – CUIDADOS BÁSICOS QUE DEVEM SER CONSIDERADOS PARA QUEM PRETENDE ABRIR UM NEGÓCIO NA ÁREA DE A&B TÓPICO 2 | ALIMENTOS E BEBIDAS EM EVENTOS 25 Controle os custos na ponta do lápis diariamente. De nada adianta oferecer uma boa comida se há desperdício na despensa. Seu lucro escorrerá pelo ralo. Surpreenda a clientela com variações temporárias no cardápio; promova festivais e fique atento às alterações climáticas, tente estar sempre acima da expectativa do cliente. Motive a propaganda boca a boca. Ela é a melhor ferramenta de divulgação quando o assunto é comida. FONTE: SENAC. DN (2014, p. 10) (grifo no original) A chance de você se tornar um excelente administrador só depende do seu objetivo e de um plano que assegure seu interesse. Aprenda a utilizar as ferramentas para o bom funcionamento do seu negócio. Para o Instituto Americano de Culinária (2011, p. 27), Os executivos são indivíduos que desenvolvem uma missão ou um plano para a empresa ou organização. Eles são, também, responsáveis pelo desenvolvimento de um sistema que permita que aquele plano seja realizado. Como executivo, você terá grande parte da responsabilidade pelo sucesso ou fracasso de seu estabelecimento. E não se esqueça! As empresas de serviços não se limitam a hotéis e restaurantes. Em qualquer setor que atue, você precisa ter sempre o espírito de querer servir ao cliente. O serviço precisa se tornar um chamado ao fornecedor de serviços e nunca ser considerado um dever. Sirva ao seu cliente de coração, seja solidário com ele, pois assim ele certamente terá excelentes memórias da experiência. As empresas precisam entender que seus valores corporativos, expressos por meio dos produtos e serviços, devem ter impacto positivo na vida das pessoas FONTE: Kotler; Kartajaya e Setiawan (2010, p. 203) NOTA As oportunidades de carreira para o profissional de A&B se encontram em diversos segmentos, não só em eventos como em hotéis e restaurantes tradicionais. Vejamos alguns destes segmentos (SENAC. DN, 2014, p. 9): UNIDADE 1 | GASTRONOMIA E EVENTOS 26 O ramo hoteleiro é um dos maiores geradores de demanda e, consequentemente, receptador de profissionais iniciantes. No grupo dos restaurantes, um dos segmentos que mais cresce, podendo variar em grau de sofisticação, podendo proporcionar ao profissional uma formação especial, relacionada à conservação de alimentos, reaproveitamento de pratos e balanceamento de dietas. Na indústria há desde cozinheiros, responsáveis pelo preparo de receitas até chefes que atuam como consultores. O papel do profissional neste mercado é fazer a ponte entre a empresa e os restaurantes, hotéis, caterings e demais organizações consumidoras de produtos alimentícios. O Instituto Americano de Culinária (2011, p. 30) complementa: O serviço de substituição de refeições em casa (take away e delivery), estes estabelecimentos preparam pratos principais, saladas, acompanhamentos e sobremesas que são embaladas para levar para casa. Os bufês fornecem um serviço particular, frequentemente sob medida para atender aos desejos de um cliente especial em determinado evento, seja ele um casamento, um coquetel, ou a inauguração de uma galeria. Ponto de atenção no segmento de eventos e gastronomia: Os empresários que desejam atuar na área de gastronomia e eventos devem ficar atentos aos seguintes pontos (SEBRAE, 2016): • Experiência: superar as expectativas do cliente e proporcionar boas experiências é o ideal quando se promove um evento. Para isso, conheça bem o cliente e formas de inovar no serviço. • Escolha do cardápio: oferecer comida com requinte e sofisticação. Para agradar todos os gostos, varie nos tipos de carnes, saladas e sobremesas. Esteja atento às pessoas intolerantes à lactose e ao glúten. • Contrato: apresentar proposta com todos os produtos e serviços, duração (com horário de início e fim), prazo para montagem e desmontagem, quebra de peças, entre outros. • Opções de cardápio: oferecer diferentes opções de cardápio. Varie nos preços, para se adequar a uma maior gama de clientes. • Estimativa: trabalhe com uma margem de segurança de 10 a 20% do número de convidados, contando com possíveis ausências ou presenças a mais do que o confirmado. • Inovação: inove com o cardápio e com a forma de apresentação, das bandejas aos demais utensílios. • Contratação: contratar equipe de garçons competentes e experientes, com uniforme diferenciado e perfil adequado ao evento. Ex.: evento corporativo pede uniforme e comportamento mais formais; evento jovem, perfil e uniformes mais joviais. • Planejamento: planeje bem os intervalos do serviço, para que não haja um longo período de reposição de alimentos e bebidas. IMPORTANT E TÓPICO 2 | ALIMENTOS E BEBIDAS EM EVENTOS 27 Acadêmico, agora que você compreendeu que no segmento de A&B existe um mercado de trabalho bastante amplo e que para este tipo de profissional costuma ter emprego garantido, vamos estudar a combinação adequada das variantes que definem o espaço, os profissionais e suas funções. 3 O ESPAÇO, OS PROFISSIONAIS E SUAS FUNÇÕES Para começar a pensar no espaço em A&B, devemos nos guiar por alguns cuidados fundamentais. Uma estrutura organizacional planejada e bem dividida é sucesso garantido. A preocupação com a circulação de pessoas e a distribuição do mobiliário, são os primeiros aspectos a se considerar quando iniciamos o planejamento dos espaços em A&B. No planejamento do espaço, devemos levar em consideração algumasexigências legais e a operação do estabelecimento, ambos deverão estar de acordo com o público-alvo que pretendemos atingir. Portanto, o planejamento de um espaço de A&B deve se apoiar em basicamente três fatores: QUADRO 3 - PLANEJAMENTO DO ESPAÇO DE A&B FONTE: Adaptado de Riccetto (2013, p. 39) O plano que define a distribuição destas providências deve prever alguns aspectos inerentes ao segmento de A&B. É importante ressaltar que neste tipo de projeto, o indicado é lembrar das providências ainda na construção ou mesmo na reforma dos espaços. Assim, relacionamos algumas características peculiares em empresas do segmento que precisam constar no projeto para aprovação e correta operação, dentro do que estabelece a regulamentação (RICCETTO, 2013, p. 39): • Devem-se evitar áreas mal dimensionadas. • Espaços e equipamentos da cozinha devem estar dispostos de forma extremamente funcional. • Os ambientes devem ser bem iluminados. • Deve haver tanques reserva, para o caso de falta de água ou para o uso do corpo de bombeiros. UNIDADE 1 | GASTRONOMIA E EVENTOS 28 • Tetos, pisos e paredes devem ser impermeáveis, claros e de fácil limpeza. • Ladrilhos devem ser de formato, cor e padrão fáceis de encontrar, para facilitar a reposição quando necessária. • O piso deve ser antiderrapante. • A canalização para rede elétrica e de água deve preferir tubulações externas, para facilitar o acesso em caso de manutenção. • Banheiros devem ser agrupados para baratear e facilitar as obras e a manutenção. • A caixa de gordura deve estar em local adequado para facilitar a limpeza e ter tamanho que suporte a operação prevista para o local. Existem outros aspectos a considerar no planejamento, como a adoção de iluminação adequada e a preocupação com a circulação de ar. A escolha do tipo de estabelecimento que vai atender o evento, é que vai definir a distribuição do espaço interno e priorizar os demais aspectos a se considerar. O ambiente de trabalho também deve estar preparado para garantir segurança, oferecendo: Caixa de primeiros socorros: todo espaço para eventos deve ter o material necessário para casos de emergência. Junto dela devem constar telefones do médico da empresa e dos hospitais mais próximos. Equipamentos: devem estar em perfeito estado de funcionamento e a manutenção deve ser periódica. O profissional de A&B deve aprender a usar todos os equipamentos. Qualquer defeito deve ser comunicado ao seu superior. Extintores de incêndio: devem ficar em local visível e apropriado. Todos os profissionais devem saber como utilizá-los. Prazos de validade devem ser checados. Circulação: as vias de circulação devem estar sempre desimpedidas, especialmente a saída de emergência e as entradas e saídas da cozinha para o salão. Mobiliário, equipamentos e utensílios devem estar em seus devidos lugares para não provocarem tropeções. Iluminação: cozinha, escadas, corredores, despensas, câmaras frigoríficas, todos os setores devem ser bem iluminados – o que não significa luz em excesso, que desperdiça energia e leva custos. Lâmpadas queimadas devem ser trocadas imediatamente. Instalações elétricas: quadros de luz, cabos e fios, interruptores e tomadas devem ser mantidos em perfeito estado. Qualquer defeito deve ser imediatamente comunicado ao superior. Pisos: devem ser revestidos com material antiderrapante. Os pisos não podem ter desnível. Ventilação: a saúde dos funcionários também depende de um ambiente bem ventilado. Sem renovação do ar, o ambiente favorece o contágio de doenças e ainda causa sonolência. FONTE: Adaptado de Senac DN (2014, p. 32) NOTA TÓPICO 2 | ALIMENTOS E BEBIDAS EM EVENTOS 29 3.1 OS PROFISSIONAIS DO SEGMENTO DE A&B Uma vez que o serviço em A&B é uma área bastante delicada, em que qualquer erro pode levar ao fracasso do evento, a formação e o treinamento do fator humano passam a ser essenciais. Não esqueça que estamos lidando com os melhores momentos do cliente, um evento sempre será motivo de alegria e a expectativa é grande em relação ao serviço prestado, portanto, devemos estar preparados para promover encantamentos! O profissional que consegue atingir ou até mesmo superar as expectativas dos clientes costuma ter emprego garantido em qualquer parte do mundo. Aquele que mais se destacar sabe que as virtudes fundamentais da profissão são uma mente aberta e inquisitiva, com dedicação à qualidade. Esteja onde estiver, existe um grande senso de responsabilidade. O Instituto Americano de Culinária (2011, p. 26) indica que o sucesso do profissional de A&B depende de muitos traços de personalidade, alguns do quais cultivados durante toda a sua carreira, aos quais se incluem: • Compromisso com o serviço – o momento em que um profissional do serviço de A&B puder oferecer um produto de qualidade, além da completa satisfação ao cliente, é aquele em que estará capacitado para oferecer um excelente serviço. • Senso de responsabilidade – a responsabilidade do profissional de A&B inclui respeitar não apenas o cliente e suas necessidades, mas também o pessoal que com ele trabalha, a comida, o equipamento e as instalações. • Julgamento sensato – a habilidade de julgar o que está certo e é apropriado a cada situação de trabalho é adquirida pela experiência, durante a vida toda. O bom julgamento é um pré-requisito para tornar- se e permanecer profissional. A operacionalização de um evento depende do fator humano para tornar- se realidade. O número de profissionais contratados costuma variar de acordo com o número de pessoas servidas no evento. Os eventos que apresentam produções culinárias muito variadas tendem a ter um número maior de profissionais compondo a brigada. O sistema de brigada foi instituído por Escoffier para agilizar e simplificar o trabalho nas cozinhas de hotéis. Serviu para eliminar o caos e a duplicação de esforços que poderiam ocorrer se os empregados não tivessem responsabilidades definidas. Nesse sistema, cada posição tem uma praça e responsabilidades definidas... (SENAC. DN, 2014, p. 30). NOTA UNIDADE 1 | GASTRONOMIA E EVENTOS 30 Vejamos agora algumas funções que podem ser desempenhas pela brigada de cozinha (SENAC DN, 2014, p. 27): Chefe de cozinha (chef de cuisine): responsável direto por todos os serviços de uma cozinha. Organiza, coordena e controla os serviços em restaurantes, hotéis, clubes, bufês, hospitais e indústrias, entre outros. Elabora cardápios, orienta e acompanha a execução de receitas. Zela pela ordem e higiene do local de trabalho. Subchefe de cozinha: é o mais executivo dentro da equipe. Auxiliar de confiança do chefe, colabora com ele na supervisão das tarefas realizadas pelos cozinheiros. Substitui o chefe de cozinha em seus impedimentos ou folgas. Chefe dos pratos frios (cuisiner garde-manger): especializado na elaboração de pratos e molhos frios, saladas, gelatinas, patês, terrinas; na montagem de grandes peças de carnes, aves, peixes; na preparação de marinadas; na limpeza e corte de porções de carnes, aves, peixes e crustáceos etc. O garde-manger pode ainda cuidar da conservação, manutenção, abastecimento e distribuição no frigorífico. Cozinheiro folguista (cuisiner tournant): este profissional precisa ter conhecimentos básicos em várias especialidades, porque substitui os cozinheiros dos diferentes setores nos dias de folga. Cozinheiro açougueiro (boucher): encarregado da limpeza e cortes de carnes, aves e peixes. Confeiteiro-chefe (pâtissier-chef): altamente especializado, o confeiteiro elabora pratos doces, sobremesas quentes, frias e geladas. Coordena a equipe de cozinheiros confeiteiros e auxiliares do setor. Confeiteiro (pâtissier): responsável pela elaboração de sobremesas, sorvetes, massas cruas e folhadas e outras preparações auxiliares para a cozinha. Auxiliar de cozinha/Ajudante de cozinha (plouger): dá assistência aos cozinheiros em tarefas específicas. Chefe de limpeza (chef steward): responsável pela manutenção e higiene de todas as áreas de serviçodo setor de alimentos e bebidas. Cuida também dos inventários deste setor e responde ainda pela lavagem de panelas e louças. Atendente de cozinha ou peão: faz serviços gerais de apoio. Acrescentamos outras funções da brigada de cozinha que são descritas pelo Instituto Americano de Culinária (2011, p. 30): Chef do Sauté (chef sauté): é responsável por todos os pratos sautés e seus molhos. Esta posição é, muitas vezes, considerada a mais exigente, responsável e glamorosa da linha. Chef de molhos (chef saucier): é o profissional responsável pela preparação de molhos base, molhos derivados, fundos e sopas da cozinha. Na hierarquia da cozinha, o chef saucier é um dos imediatos mais responsáveis, pois é aquele que desenvolve todas as bases e molhos, para serem usadas desde a pré-preparação até a finalização de produções. Chef do peixe (poissonier): é responsável pelos peixes, o que muitas vezes inclui a limpeza destes e seus molhos. Esta posição, algumas vezes, é combinada com a de saucier. Chef dos assados (rôtisseur): é responsável por todos os pratos assados e outros molhos. Chef da grelha (grillardin): é responsável por todos os alimentos grelhados. Esta posição pode ser combinada com a de rôtisseur. TÓPICO 2 | ALIMENTOS E BEBIDAS EM EVENTOS 31 Chef da fritura (friturier): é responsável por todos os alimentos fritos. Esta posição pode ser combinada com a de rôtisseur. Chef dos vegetais (entremetier): é responsável por tira-gostos quentes e, frequentemente, também por sopas, vegetais, macarrão e outros carboidratos (em um sistema de brigada completo, tradicional, as sopas são preparadas pela praça de sopa ou potager e os vegetais pelo legumier). Esta praça também pode ser responsável pelos pratos de ovos. Tournant: trabalha no lugar em que for necessário em toda a cozinha. Aboyer: recebe os pedidos e os passa para os vários chefs de praça. Ele é a última pessoa a ver o prato antes que deixe a cozinha. Em algumas operações, pode ser ou o chef ou o sous-chef. Communard: prepara a refeição servida ao pessoal da casa a certa altura do turno. Commis (aprendiz): trabalha respondendo a um chef de praça para aprender como a praça opera e quais são suas responsabilidades. Acadêmico, para elaborar um organograma de uma cozinha vai depender do tipo de cardápio ao qual o evento se propõe a servir e sua capacidade de produção. Mais adiante falaremos sobre cardápios. Agora, apresentamos dois organogramas básicos que deixam evidente a hierarquia entre os elementos que compõem uma brigada de cozinha: FIGURA 9 – ORGANOGRAMA DA BRIGADA DE COZINHA DE PEQUENO PORTE FONTE: Adaptado de SENAC. DN (2014, p. 28) UNIDADE 1 | GASTRONOMIA E EVENTOS 32 FIGURA 10 – ORGANOGRAMA DA BRIGADA DE COZINHA DE GRANDE PORTE FONTE: Adaptado de SENAC DN (2014, p. 28) Quanto à brigada de salão, são considerados todos os profissionais que compõem os serviços de atendimento direto ao cliente. As posições do salão também obedecem a uma linha hierárquica, como podemos ver através das informações coletadas pelo Instituto Americano de Culinária (2011, p. 31): Maître: é a pessoa que tem a maior responsabilidade pela operação no salão. Treina todo pessoal de atendimento, supervisiona a seleção de vinhos, trabalha como chef para determinar o menu e organiza os lugares durante o serviço. FIGURA 11 – MAÎTRE FONTE: <https://blog.saipos.com/o-que-e-maitre-e-que-ele-faz/>. Acesso em: 3 ago. 2019. TÓPICO 2 | ALIMENTOS E BEBIDAS EM EVENTOS 33 Chef de vin (sommelier): é responsável por todos os aspectos do serviço de vinho do restaurante, incluindo a aquisição do produto, o preparo da carta de vinhos, a ajuda aos clientes para selecionar o vinho e servi-lo adequadamente. Pode ser responsável pelo serviço de licores, cervejas e outras bebidas. Se não houver sommelier, essas responsabilidades geralmente são assumidas pelo maître. Chefe dos garçons (chef de salle): geralmente tem a seu cargo o serviço de todo o salão. Muitas vezes esta posição é combinada com a posição de chef d`étage ou maître-d`hotel. Chef d´étage: lida mais diretamente com os clientes depois que estão sentados. Explica o menu, responde a qualquer pergunta e recebe o pedido. Em geral, é ele que prepara qualquer prato ao lado da mesa. Se não houver chef d´étage, essas responsabilidades cabem ao chef de rang. Chef de rang: certifica-se de que os pratos estão colocados adequadamente na mesa, que são levados à mesa de modo correto e de que as necessidades dos clientes são atendidas de imediato e com cortesia. Commis de apoio (desembarasse): é o responsável pela montagem prévia de itens da sala, bem como a esterilização de todos os itens de mesa, e trabalha na parte de apoio (interna) do salão. Além dos cargos e funções pertinentes a cozinha e salão, existem outras oportunidades de trabalho menos tradicionais, que não envolvem a produção e o serviço de A&B. Dentre os quais o Instituto Americano de Culinária (2011, p. 31) destaca: Gerente de alimentos e bebidas: supervisionam todos os locais de venda em hotéis e outros estabelecimentos de grande porte. Consultores e especialistas em design: trabalham com os proprietários do restaurante, muitas vezes antes que este seja aberto, para ajudar a desenvolver o menu, desenhando o layout geral e o ambiente do salão, e estabelecendo padrões de trabalho para a cozinha. Críticos e escritores: se dedicam a área e discutem tendências alimentares, restaurantes e chefs. Sempre vai ter maior significado, se quem escreve tem mais experiência nas artes culinárias. O organograma da brigada de salão também pode variar de acordo com o porte do restaurante, hotel ou evento contratado, mas que, de modo geral, podemos apresentá-lo da seguinte maneira: UNIDADE 1 | GASTRONOMIA E EVENTOS 34 FIGURA 12 – ORGANOGRAMA DA BRIGADA DE SALÃO FONTE: Adaptado de Freund (2011, p. 117) Enólogo, enófilo e sommelier Se o universo dos vinhos é complexo para aqueles que já estão por dentro do assunto, para os iniciantes ele pode parecer ainda mais complicado. Existem muitos termos técnicos, nomes específicos e outras expressões que são utilizadas com frequência, cujos significados nos escapam, num primeiro momento. Você saberia dizer, por exemplo, quais as diferenças entre sommelier, enólogo e enófilo? Essas três palavras são extremamente comuns em textos e em rodas de conversa sobre vinhos, pois se referem a pessoas ligadas a essa nobre bebida. Mesmo assim, é mais do que comum que os significados dessas palavras sejam confundidos, mas nós estamos aqui para esclarecer as diferenças. Começando pelas palavras mais parecidas, ainda que a grafia seja semelhante, os enólogos e os enófilos são figuras bem diferentes no mundo dos vinhos. O radical eno, vem do latim e compõe as palavras relacionadas a vinhos. Analisando os sufixos, percebe-se a diferença entre o enólogo e o enófilo. O enólogo: a terminação (sufixo) logo tem origem no grego logos, que serve para indicar aquele que estuda, que tem conhecimento científico em algo. Assim, o enólogo é um estudioso, um cientista dos vinhos. Ele é uma pessoa associada à ciência da bebida, mais especificamente ligado às técnicas de produção. Ou seja, ele é um especialista que se inseriu em uma das etapas da produção do vinho ou em todas elas. NOTA TÓPICO 2 | ALIMENTOS E BEBIDAS EM EVENTOS 35 O enófilo: o sufixo filo também tem sua raiz na língua grega e se refere àquele que quer algo ou que é amigo de algo. Sendo assim, o enófilo é aquela pessoa que gosta muito de vinhos e que pode até ter um conhecimento avançado sobre rótulos, história, sabores e outras curiosidades, mas que nunca se inseriu na produção, nem no comércio da bebida. Para o enófilo, o vinho é um entretenimento. O sommelier: palavra de origem francesa, sommelier passou a ter o significado que conhecemos nos dias de hoje a partir do século XIX. Antigamente, os sommeliers eram transportadores de animais de carga, depois passaram a provadores de vinhos da realeza e hoje
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