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Ascaridíase: Parasita Intestinal em Humanos e Suínos

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Ascaris lumbricoides (ASCARIDÍASE) 
Na Família Ascarididae, Subfamília Ascaridinae, são encontradas espécies de grande importância médico-veterinária, representadas principalmente por Ascaris lumbricoides e A. suum, que parasitam, respectivamente o intestino delgado de humanos e de suínos.
Esses helmintos apresentam ampla distribuição geográfica e causam danos aos hospedeiros, são popularmente conhecidos como lombriga ou bicha, causando a doença denominada por ascaridíase e, menos frequentemente ascaridose ou ascariose.
Do ponto de vista biológico e morfológico as duas espécies são semelhantes, observando-se pequenas diferenças em relação ao comprimento, ao tamanho dos dentículos das margens serrilhadas dos três lábios e à grande quantidade de ovos colocados pela espécie que parasita suínos, cerca de 1 milhão de ovos/dia.
Existe controvérsias se a ascaridíase é uma zoonose ou não, alguns autores acreditam que possa haver infecções cruzadas, isto é, a espécie que parasita os suínos pode infectar seres humanos e vice-versa.
O A. lumbircoides é encontrado em quase todos os países do mundo e ocorre com frequência variada em virtude das condições climáticas, ambientais e, principalmente do grau de desenvolvimento socioeconômico da população;
Em 1947 estimou-se que haviam 644 milhões de indivíduos parasitados; em 1984, cerca de 1 bilhão; em 1994 cerca de 1,5 bilhão de pessoas com Ascaris. No Brasil, utilizando-se os dados de um critério helmintológico realizado em 1950, calculou-se a prevalência de Ascaris na população brasileira em 71,4%.
O panorama atual da infecção pelo A. lumbricoides na população brasileira vem apresentando mudanças, o decréscimo do parasitismo, notadamente entre crianças com idade inferior a 12 anos, vem sendo observado na região sul e sudeste que são beneficiadas por melhores condições de saneamento ambiental, especialmente água tratada, outro aspecto com impacto positivo é a instalação de postos de saúde em áreas de risco com equipe do PSF.
Estudos entre pré-escolares das regiões Norte e Nordeste do Brasil não mostraram diminuição significativa, em especial em regiões onde estão aliadas precárias condições de saneamento básico e deficiência de políticas públicas.
· Morfologia 
O parasito apresenta fases evolutivas: macho, fêmea e ovo; as formas adultas são longas, robustas, cilíndricas e apresentam extremidades afiladas, o tamanho dos exemplares de A. lumbricoides está na dependência do número de parasitos encontrados no intestino delgado e do estado nutricional do hospedeiro.
a) Machos 
Os vermes adultos apresentam cor leitosa e medem cerca de 20 a 30cm de comprimento por 2 a 4mm de largura; a boca localizada na extremidade anterior é contornado por três fortes lábios com serrilha de dentículos e sem interlábios.
À boca, segue-se o esôfago musculoso e, logo após, o intestino retilíneo; o reto é encontrado próximo à extremidade posterior, apresenta testículo filiforme enovelado, que se diferencia em canal deferente, continua pelo canal ejaculador, abrindo-se na cloaca, localizada próximo à extremidade posterior.
Apresenta ainda dois espículos iguais que funcionam como órgão acessórios de cópula, a extremidade posterior fortemente encurvada para a face ventral é o caráter sexual externo que o diferencia da fêmea; notam-se ainda na cauda, papilas pré e cloacais;
b) Fêmeas
Medem cerca de 30 a 40cm de comprimento por 3 a 6mm de largura quando adultas, sendo mais robustas que os machos; a cor, a boca e o aparelho digestivo são semelhantes ao do macho.
Apresentam dois ovários filiformes e enovelados que continuam como ovidutos, diferenciando em úteros que vão se unir em uma única vagina, que se exterioriza pela vulva, localizada no terço anterior do parasito; a extremidade posterior da fêmea é retilínea.
c) Ovos
Originalmente são brancos e adquirem cor castanha devido ao contato com as fezes, são grandes, medindo cerca de 50x60 µm, ovais e com cápsula espessa, em razão da membrana externa mamilonada, secretada pela parede uterina e formada por mucopolissacarídeos, que facilita a aderência dos ovos a superfícies propiciando sua disseminação. 
A esse envoltório segue-se uma membrana média de constituição proteica, e outra mais interna, delgada e impermeável à água, constituída de 25% de proteínas e 75% de lipídeos, essa última camada confere ao ovo grande resistência às condições adversas do ambiente.
Internamente os ovos apresentam uma massa de células germinativas; frequentemente pode-se encontrar nas fezes ovos inférteis, são mais alongados, possuem membrana mamilonada mais delgada e citoplasma granuloso; algumas vezes podem ser observados nas fezes ovos férteis sem membrana mamilonada.
· Habitat
Em infecções moderadas, os vermes adultos, são encontrados no intestino delgado, principalmente no jejuno e íleo, mas em infecções intensas ocupam toda a extensão do intestino delgado; podem ficar presos à mucosa com o auxílio dos lábios ou migrarem pela luz intestinal.
· Ciclo Biológico
É do tipo monoxênico, isto é, possuem um único hospedeiro; cada fêmea fecundada é capaz de colocar por dia cerca de 200.000 ovos não embrionados, que chegam ao ambiente juntamente com as fezes.
Os ovos férteis em presença de temperatura entre 25 a 30°C, umidade mínima de 70% e oxigênio em abundância tornam-se embrionados em 15 dias.
A primeira larva (L1) forma dentro do ovo e é do tipo rabditoide, isto é, possui o esôfago com duas dilatações, uma em cada extremidade e uma constrição no meio; após uma semana, ainda dentro do ovo, essa larva sofre muda transformando-se em L2 e, em seguida muda novamente, transformando-se em L3 infectante com esôfago tipicamente filarioide (esôfago retilíneo).
Essas formas permanecem infectantes no solo por vários meses podendo ser ingeridas pelo hospedeiro; após a ingestão, os ovos contendo a L3 atravessam todo o TGI e as larvas eclodem no intestino delgado. 
A eclosão ocorre graças a fatores ou estímulos fornecidos pelo próprio hospedeiro como a presença de agentes redutores, pH, a temperatura, os sais e o mais importante a concentração de CO2 cuja ausência inviabiliza a eclosão.
As larvas, uma vez liberadas, atravessam a parede intestinal na altura do ceco, caem nos vasos linfáticos e veia mesentérica superior, atingindo o fígado através da veia porta entre 18 a 24h após a infecção.
Em dois a três dias chegam ao átrio direito, pela veia cava inferior e quatro a cinco dias depois são encontrados nos pulmões (ciclo de LOSS); cerca de oito dias após a infecção, as larvas sofrem muda para L4, rompem os capilares e caem nos alvéolos onde mudam para L5.
Seguem pela árvore brônquica e traqueia, chegando até a laringe, podem então ser deglutidas, atravessando, ilesas, o estômago e fixando-se no intestino delgado; transformam-se em adultos 20 a 30 dias após a infecção.
Em 60 dias alcançam maturidade sexual, fazem a cópula, ovipostura e já são encontrados ovos nas fezes do hospedeiro; os vermes adultos tem longevidade de um a dois anos.
· Transmissão
Ocorre pela ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos contendo a larva L3; há estudos que avaliam a contaminação das águas dos córregos que são utilizadas para irrigação de hortas levando a contaminação de verduras com ovos viáveis.
Poeira, aves e insetos (moscas e baratas) são capazes de veicular mecanicamente os ovos de A. lumbricoides; além desses mecanismos a transmissão pode ocorrer pela contaminação do depósito subungueal com ovos viáveis, principalmente em crianças, verificando-se níveis de contaminação que variam de 20 a 52%.
Ovos de A. lumbricoides possuem grande capacidade de aderência a superfícies, o que representa um fator importante na transmissão da parasitose, uma vez presente no ambiente ou em alimentos, esses ovos não são removidos com facilidade por lavagens; por isso, o uso de substâncias que tenham capacidade de inviabilizar o desenvolvimento dos ovos em ambientes e alimentos é de grande importância para o controle da transmissão.
A ação de 16 produtos detergentes e desinfetantes de uso doméstico e laboratorialfoi observada e observou-se a inibição completa do embrionamento dos ovos de A. lumbricoides, por apenas um dos produtos, em todos os tempos e diluições testadas; por outro lado, verificou-se aumento na porcentagem de embrionamento dos ovos com um dos desinfetantes utilizados, quando comparados com o controle.
A resistência dos ovos de A. lumbricoides a vários agentes terapêuticos é outra característica importante na transmissão do parasito.
· Patogenia 
		Larvas
Em infecções de baixa intensidade, normalmente não se observa nenhuma alteração, por outro lado, infecções maciças podem determinar a ocorrência de lesões hepáticas e pulmonares.
No fígado, quando são encontradas numerosas formas larvares migrando pelo parênquima, podem ser vistos focos hemorrágico e de necrose que futuramente tornam-se fibrosados.
Nos pulmões ocorrem vários pontos hemorrágicos na passagem das larvas para os alvéolos, há edemaciação dos alvéolos com infiltrado inflamatório por polimorfonucleares neutrófilos, e eosinófilos; dependendo do número de formas presentes, a migração das larvas pelos alvéolos pulmonares pode determinar um quadro pneumônico com febre, tosse, dispneia, manifestações alérgicas, bronquite e eosinofilia.
A conjunção de sintomatologia das vias respiratórias é denominada síndrome de Loeffer; na tosse produtiva (com muco) o catarro pode ser sanguinolento e apresentar larvas do helminto; essas manifestações geralmente ocorrem em crianças e estão associadas ao estado nutricional e imunitário.
Nessa fase da infecção a resposta imunológica é normalmente caracterizada pelo aumento de eosinófilos sanguíneos e teciduais bem como anticorpos IgE específicos, responsáveis por reações de hipersensibilidade.
		Vermes Adultos
Em infecções com três a quatro vermes, em geral não há alterações clínicas e os sintomas, quando ocorre, são inespecíficos; já nas infecções médias, 30 a 40 vermes, ou maciças, 100 ou mais vermes, podem ocorrer:
a) Ação espoliadora – os vermes consomem grande quantidade de proteínas, carboidratos, lipídeos e vitaminas A e C, levando o paciente, principalmente crianças, à subnutrição e depauperamento físico e mental;
b) Ação tóxica – reação entre antígenos parasitários e anticorpos alergizantes do hospedeiro, causando edema, urticária e convulsões;
c) Ação mecânica – causam irritação na parede e podem enovelar-se na luz intestinal, levando à obstrução, esse quadro não é tão raro (as crianças são as mais propensas pelo menor tamanho do intestino delgado e pela intensa carga parasitária);
d) Localização ectópica – nos casos de pacientes com altas cargas parasitárias ou que ainda o verme sofra alguma ação irritativa, a exemplo de febre, uso impróprio de medicamento e ingestão de alimentos muito condimentados, o helminto se desloca de seu habitat normal atingindo locais não habituais; aos vermes que fazem essa migração dá-se o nome de “Ascaris errático”;
Situações ectópicas:
	- Apêndice cecal causando apendicite aguda;
	- Ducto colédoco, causando obstrução;
	- Ducto pancreático (canal de Wirsung) causando pancreatite aguda;
	- Eliminação do verme pela boca e narinas;
Além desses locais, vermes adultos e formas larvares já foram encontrados no ouvido médio e na tuba auditiva.
É muito comum em crianças o aparecimento de uma alteração cutânea, que consiste em manchas, circulares, disseminadas pelo rosto, tronco e braços; tais manchas são popularmente denominadas de “pano”, e são comumente relacionadas com parasitismo pelo A. lumbricoides.
Não há comprovação científica desse fato, mas algumas observações sugerem analogias entre essas manchas e ascaridíase, parece que seriam causadas pelo parasito que consome grande quantidade de vitamina A e C, provocando despigmentações circunscritas; após a terapêutica e eliminação do verme as manchas tendem a desaparecer.
· Diagnóstico 
· Clínico
Usualmente a ascaridíase humana é pouco sintomática, por isso difícil de ser diagnosticada em exame clínico, sendo a gravidade da doença determinada pelo número de parasitos que infectam cada pessoa.
Como o parasito não se multiplica dentro do hospedeiro, a exposição a ovos infectados é a única fonte responsável pelo acúmulo de vermes adultos no intestino do hospedeiro. 
· Laboratorial
É feito pela pesquisa de ovos nas fezes, como as fêmeas eliminam diariamente milhares de ovos, não há necessidade, nos exames de rotina, de metodologia específica ou métodos de enriquecimento, bastando metodologia de sedimentação espontânea.
Essa, além de simples e econômica, é bastante eficiente para a pesquisa de ovos e larvas de helmintos e cistos de protozoários, e um laboratorista experiente não terá dificuldade em encontrar e identificar os ovos. 
O método Kato modificado por Katz é recomendado pela OMS para inquéritos epidemiológicos, essa técnica permite a quantificação dos ovos e consequentemente estima o grau de parasitismo dos portadores, compara dados entre várias áreas trabalhadas e demonstra maior rigor ao controle de cura.
OBS: em infecções exclusivamente com vermes fêmeas, todos os ovos expelidos serão inférteis, enquanto que infecções somente com vermes machos o exame das fezes será consistentemente negativo.
· Tratamento
O potencial do tratamento das helmintoses intestinais aumentou em muito com a utilização dos benzimidazóis, essas drogas são altamente efetivas contra o A. lumbricoides e outras helmintoses intestinais.
A OMS recomenda quatro drogas (albendazol, mebendazol, lavamisol e pamoato de pirantel) para o tratamento e controle de geo-helmintos cuja transmissão ocorre principalmente pelo contato com o solo contaminado.
Albendazol é um componente dos benzimidazóis com um amplo espectro antiparasitário, principalmente para Ascaris ssp., a droga é encontrada sob forma de comprimidos de 200 a 400mg é altamente eficaz contra Ascaris, mostrando níveis de cura e de redução dos ovos de até 100%.
Pode atuar de duas maneiras:
a) Pela ligação seletiva nas tubulinas inibindo a tubulina polimerase, prevenindo a formação de microtúbulos e impedindo a divisão celular;
b) Impedindo a captação de glicose inibindo a formação de ATP que é usado como fonte de energia pelo verme;
A droga é pouco absorvida pelo hospedeiro e sua ação anti-helmíntica ocorre diretamente no TGI, a fração absorvida é metabolizada no fígado, tendo uma vida média de cerca de 9h, após esse período é excretada com a bile pelos rins.
Mebendazol é outro derivado dos benzimidazóis com ampla e efetiva atividade anti-helmíntica, é encontrado sob a forma de comprimidos de 100 a 500mg e também em suspenção oral de 100mg/5mL; mecanismo de ação é semelhante ao descrito para o albendazol, a dose única de 500mg mostrou alta efetividade contra Ascaris e outros parasitos intestinais; a absorção da droga é pequena, mas pode ser aumentada pela ingestão de alimentos gordurosos.
É metabolizada predominantemente no fígado e sua excreção pode ocorrer pela bile e pela urina, usualmente a maior parte da droga é encontrada inalterada nas fezes, o que explica sua excelente atividade contra helmintos intestinais; o tratamento com mebendazol alcança níveis de cura entre 93,8 e 100% e taxa de redução de ovos de 97,9 a 99,5%.
		Considerações Sobre o Uso Geral dos Benzimidazóis 
No caso de associação de Ascaris e ancilostomídeos, o uso desses fármacos na gravidez é justificado, de acordo com a OMS esses anti-helmínticos podem ser recomendados para o tratamento de lactantes e grávidas, após o primeiro trimestre de gravidez, em dose oral única.
Entretanto, existem divergências contraindicando o uso de benzimidazóis durante a gravidez, as diferentes opiniões são baseadas de um lado pela falta de evidências científicas sobre a toxicidade e teratogenicidade das drogas, e por outro pelo impacto que as helmintoses intestinais causam na saúde pública, principalmente nos países subdesenvolvidos.
O tratamento com benzimidazóis em crianças com menos de dois anos de idade é outra questão, o tratamento é recomendável pela OMS quando as infecções helmínticas se estabelecem nas crianças de até 24 meses, poispodem causar danos para o desenvolvimento físico, mental e para o crescimento saudável das crianças.
O uso de benzimidazóis em crianças menores de dois anos de idade indica benefícios à saúde, e os riscos são minimizados quando existe correta administração da droga.
		Outros Fármacos Utilizados 
Levamisol é um isômero levogiro do tetramisol e tem uma boa eficácia contra A. lubricoides, é encontrado em comprimidos de 40mg e administrado em dose única de 2,5mg/kg; inibe os receptores de acetilcolina, causando contração espámica seguida de paralisia muscular e consequentemente eliminação dos vermes; a droga é completamente absorvida pelo TGI alcançando picos máximos de concentração plasmática em duas horas.
Não existe evidência de teratogenicidade e embriotoxidade em animais e o uso desse medicamento durante a gravidez é visto como uma opção segura, mas sempre após o primeiro trimestre da gravidez; não tem capacidade ovicida mas, ao contrário, observou-se uma atividade estimuladora do desenvolvimento embrionário.
Pamoato de Piratel é uma droga derivada da pirimidina sendo efetiva contra a ascariose e ancilostomose, é encontrada na forma de comprimidos de 250mg sendo administrada em dose única oral de 10mg/kg; o modo de ação é similar ao do Levamisol; pouco absorvida no TGI e uma pequena fração é metabolizada no fígado e eliminada pela urina, a maior parte da droga é eliminada sem alterações com as fezes.
Testes em animais não mostraram efeitos teratogênicos, mas, como outras drogas, não deve ser administrada antes do primeiro trimestre da gestação; estudos não identificaram efeito ovicida dessa droga; vários estudos demonstram níveis de cura, para a ascariose, de 81 a 100% e taxas de redução do número de ovos entre 82 a 100%.
Ivermectina é uma potente lactona macrolítica semissintética com boa eficácia contra o A. lumbricoides e outras infecções por nematódeos; a droga é administrada em dose única de 0,1 a 0,2mg/kg; sua atuação está baseada na indução do fluxo de íons cloro que atravessam a membrana, fazendo uma disruptura nervosa na transmissão de sinais, resultando em paralisia do parasito e posterior eliminação.
A droga é absorvida pelo sangue e níveis máximos são alcançados 4h após sua administração, é inteiramente excretada nas fezes; é utilizada em seres humanos, principalmente para o tratamento de oncocercose.
No tratamento da ascariose quando há complicações como oclusão e suboclusão pelos vermes adultos, recomenda-se manter o paciente me jejum e através da sonda nasogástrica administrar hexa-hidrato de piperazina e óleo mineral; a piperazina causa paralisia flácida nos vermes por meio da ação sobre os canais de cloro dependentes de ácido gama-aminobutírico (GABA), caso não haja resolução do processo oclusivo é recomendado tratamento cirúrgico.
		Tratamentos Complementares: Plantas com Atividade Anti-Helmíntica
O tratamento da ascariose tem sido feito com base na administração intensiva e ininterrupta de anti-helmínticos sintéticos, contudo, algumas limitações atuais do uso de medicamentos, tais como o desenvolvimento de resistência, a indisponibilidade de produtos em algumas áreas rurais e o risco potencial de contaminação do ambiente por resíduos de drogas, estimula a busca por alternativas de controle.
Na África, Ásia e América Latina existem algumas evidências de que algumas preparações são ativas contra helmintos e protozoários, em geral, os extratos de plantas mostram poucos efeitos colaterais, níveis de toxicidade baixos, indicando segurança no seu uso, tem baixo custo e fácil acesso, sendo, às vezes, a única opção de tratamento em regiões pobres.
O modo de ação ou a substância química que causa dano ao parasito deve ser mais bem investigado; a atividade anti-helmíntica do Paico (Chenopodium ambrosiodes, L), planta aromática e medicinal usada no tratamento de A. lumbricoides e Taenia por comunidades no Peru e Bolívia, desde os períodos pré-hispanicos foi testada e comparada com albendazol para o tratamento de crianças com ascaridíase.
A eficácia dos dois medicamentos foi similar, 86% de cura para A. lumbricoides, e os efeitos adversos para ambos, também, registrando-se apenas leve diarreia.
Desse modo as substâncias fitoterapêuticas representam uma ferramenta em potencial para o controle das helmintoses intestinais, contudo, são necessários estudos conclusivos e comparativos acerca do real valor terapêutico dessas plantas para o tratamento de ascaridíase e de outras helmintoses.
· Epidemiologia 
Dados indicam que o A. lumbricoides é o helminto mais frequente em países pobres, sendo sua estimativa de prevalência de cerca de 30%, ou seja, 1,5 bilhão de pessoas em todo o mundo; distribuído por mais de 150 países e territórios, atinge cerca de 70 a 90% das crianças na faixa etária de 1 a 10 anos.
Apesar de a ascaridíase ser cosmopolita, a maior parte das infecções ocorre na Ásia (73% de prevalência), seguida pela África (12%) e América Latina (8%); condições climáticas e condições inadequadas de higiene têm importante papel nas taxas de infecção.
Em geral, a prevalência é baixa em regiões áridas, sendo, contudo relativamente alta em locais de clima úmido e quente, condição ideal para a sobrevivência embrionária dos ovos; além disso, áreas desprovidas de saneamento com alta densidade populacional contribuem significativamente para o aumento da carga da doença.
A infecção humana por essa espécie de helminto está relacionada com a interação de diversos fatores que asseguram o processo de transmissão, como o parasito, o hospedeiro, o meio ambiente e a falta de noções ou condições de higiene.
Assim, alguns fatores interferem na prevalência dessa parasitose, são eles:
i) Grande quantidade de ovos produzidos e eliminados pela fêmea;
ii) Viabilidade do ovo infectante por até um ano, principalmente no peridomicílio;
iii) Concentração de indivíduos vivendo em condições precárias de saneamento básico;
iv) Grande quantidade de ovos no peridomicílio, em decorrência do hábito que as crianças têm de aí defecarem;
v) Temperatura e umidade com médias anuais elevadas;
vi) Dispersão fácil dos ovos pelas chuvas, ventos, insetos e aves;
vii) Conceitos equivocados sobre a transmissão da doença e sobre hábitos de higiene na população;
O contato entre crianças portadoras e crianças suscetíveis no peridomicílio ou na escola, aliado ao fato de que suas brincadeiras são sempre relacionadas ao solo e o hábito de lavarem a mão suja à boca, são os fatores que fazem com que a faixa etária de 1 a 12 anos seja a mais prevalente.
Os adultos muitas vezes não apresentam a doença, e isso, provavelmente é devido à mudança de hábitos de higiene e, ainda, porque se infectaram quando crianças e desenvolveram imunidade.
A contaminação pelo A. lumbricoides, está seguramente associada a fatores sociais, econômicos e culturais que propiciam condições favoráveis à sua expansão, sobretudo em regiões onde os fatores ambientais são apropriados.
Desse modo, o crescimento desordenado da população, em áreas muitas vezes desprovidas de saneamento básico, juntamente com o baixo poder econômico, educacional e hábitos pouco higiênicos, são relevantes e merecem destaque nos estudos epidemiológicos das parasitoses intestinais.
As precárias condições ambientais, decorrentes da insalubridade das habitações coletivas e de favelas, são potencialmente favoráveis para o aumento das infecções por helmintos.
As migrações humanas têm aspecto relevante de ordem social e econômica, que são responsáveis pela introdução e disseminação do agente etiológico em áreas endêmicas; assim, não apenas a ascaridíase mas para todas as doenças resultantes da má qualidade de vida o determinante socioeconômico interfere e define o quadro biológico patológico.
· Controle
Em geral quatro medidas são bem conhecidas para o controle das infecções por helmintos:
a) Repetidos tratamentos em massa com drogas ovicidas dos habitantes de áreas endêmicas;
b) Tratamento das fezes humanas que eventualmente, possam ser utilizadas como fertilizantes;
c) Saneamento básico;
d) Educação paraa saúde;
A principal rota de transmissão dos helmintos intestinais é o contato físico, no ambiente, com as fezes humanas contaminadas; a maioria dos tratamentos feitos em habitantes de áreas sem saneamento básico tem efeito de curto prazo e os ganhos obtidos são frequentemente superados pelas reinfecções, que em muitos casos podem levar a cargas parasitárias mais altas que as observadas antes do tratamento.
Após o tratamento de habitantes de áreas não saneadas, com drogas ovicidas, as fêmeas grávidas são expelidas com as fezes e consequentemente um número exorbitante de ovos férteis são liberados para o ambiente; isso pode explicar a permanência de altos níveis de infecção em áreas urbanas com precárias condições de higiene e alta concentração populacional, apesar de tratamentos regulares. Assim, saneamento é essencial para a manutenção, em longo prazo, do controle das helmintoses.
Educação em saúde para as crianças é uma importante medida para o controle das helmintoses, especialmente considerando as características da doença durante a infância (alta prevalência, alta porcentagem de resistência ao tratamento, altas taxas de eliminação de ovos e reinfecção), todos esses fatores indicam que a criança tem papel importante na manutenção do ciclo do A. lumbricoides.
Visto que o ovo do parasito é bastante resistente aos desinfetantes usuais, e que o peridomicílio funciona como foco de infecção, a profilaxia da ascariose tem como base a melhoria das condições sanitárias e educacionais da população.
Além disso, é indicado a construção de rede de esgoto, com tratamento de resíduos construção de fossas sépticas; acondicionamento e destino adequado de resíduos orgânicos domésticos; tratamento de água; lavagem dos alimentos e proteção contra insetos e poeira e o diagnóstico parasitológico seguido pelo tratamento dos casos positivos.

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