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Agnosias - BM - Aula 3

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Bruno Mota - Vº semestre (2020.2)
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 UNIFACS – UNIVERSIDADE SALVADOR
Curso: Medicina
Disciplina: Cérebro e Comportamento
Data: 09/09/2020AGNOSIAS
PRINCIPAIS CONCEITOS DA NEUROCIÊNCIA – Resumo do Roberto Lent
Causas:
· Acidente vascular cerebral;
· Demência ou outras perturbações neurológicas;
· Traumatismo craniano;
· Transtorno no desenvolvimento psicológico;
· Infecção cerebral;
· Fatores de ordem genética;
· Doenças de degeneração progressiva (ex: Alzheimer).
AGNOSIAS VISUAIS 
1. As informações visuais caminham da retina para os corpos geniculados externos, depois para área estriada, em seguida são objeto de um tratamento separado pela forma, pela cor, pelo movimento, no nível de áreas extra-estriadas: há uma especialização funcional das áreas extra-estriadas da região occipito-parietal.
1. As informações visuais que chegam ao lobo occipital caminham por dois sistemas. Um deles é o sistema magnocelular que envereda pelos tubérculos quadrigêmeos anteriores (coliculos superiores), e se projetam de maneira dorsal em direção a região occipito-parietal e que permite a localização da informação.
1. O sistema parvocelular, mais recente, de trajeto ventral, que se projeta na direção do córtex occipito-temporal, que tem por função a análise e a identificação da informação. Então, assim que a reação de orientação é posta em ação, o cérebro age induzindo o melhor encontro visual do estímulo (o “onde” da via occipito-parietal), antes de poder efetuar os tratamentos necessários à identificar o estímulo (o “o quê’’’ da via occipito-temporal). As agnosias visuais mostram as consequências das lesões de cada um desse canais, um, localizador, o outro, identificador.
1. A cegueira cortical é definida como abolição das sensações visuais. A agnosia que pode afetar todo canal sensorial, designa, no âmbito da visão, a incapacidade de ter acesso ao reconhecimento de certos componentes do mundo visual, na ausência de qualquer distúrbio sensorial elementar, de afasia e perturbações intelectuais.
1. Um agnosia visual é pura quando é limitada ao canal sensorial da visão, pois, às vezes, ela está associada a uma agnosia tátil e auditiva. 
1. As agnosias visuais podem estar relacionadas a objetos, a figuras, a cores e a fisionomias, sendo que estes estão frequentemente associados entre si. 
*Excepcionalmente elas podem afetar só um hemicampo visual: é o caso, então de uma hemiagnosia.*Anotações durante a aula:
AGNOSIA APERCEPTIVA 
· Incapacidade do doente para conseguir a estruturação perceptiva das sensações visuais: trata-se, do dano da etapa “discriminativa” de identificação visual: esses doentes incapazes de desenhar um objeto ou figuras, de emparelhar objetos com a mesma morfologia ou com a mesma função. 
· Incapacidade de perceber objetos devido a mau funcionamento da área occipitotemporal do cérebro. Tem problemas em desenhar ou copiar fotos de objetos, o que sugere que elas estão tendo problemas em perceber o objeto.
· Eles têm consciência da dificuldade de identificação visual e olham perplexos o que lhe pedimos para reconhecer: tentam identificar, examinando e oferecendo uma descrição para certas partes do objeto ou para certos detalhes, para as imagens, e os erros são, sobretudo do tipo morfológico. 
· Podem existir agnosias para formas o que não permite as figuras geométricas sejam discriminadas, o que explica a incapacidade de identificação das percepções mais elaboradas: esse déficit pode ser entendido como um distúrbio sensorial ou como variedade de agnosia aperceptiva. 
· As lesões são bilaterais e posteriores, parieto-têmporo-occipitais.
· São, geralmente, extensas e difusas, às vezes mais localizadas, giros têmpero-espaciais inferiores, isto é, o giro lingual e o fusiforme.Anotações durante a aula:
AGNOSIA ASSOCIATIVA
· Caracteriza-se pela integridade da percepção: o sujeito, que não se queixa da visão, não reconhece objetos, mas é capaz de descrevê-los e de copiá-los. 
· Ele não consegue emparelhar o objeto por categorias ou funções; os erros de identificação podem ser morfológicos, funcionais ou perseverativos. A designação do objeto pode ser pior do que a identificação visual pela denominação ou pelo gesto. Em compensação o paciente consegue mostrar o uso do objeto ao ser solicitado verbalmente. 
· A afasia óptica corresponde à etapa visuoverbal do tratamento das informações visuais: os sujeitos reconhecem os objetos e as imagens, o que sugere que os doentes conservam a capacidade de fazer a mímica dos objetos apresentados visualmente, ao mesmo tempo que são incapazes de nomear os objetos. 
· Dano bilateral do lóbulo lingual e fusiforme.
· Dano na área 39.
· Causa mais comum: infarto da cerebral posterior.
· Não reconhece objetos, mas descreve e copia-os.
· Mais comum que a aperceptiva.
TIPOS:
Stricto Sensu:
1. Erros morfológicos na denominação visual do objeto;
1. Reconhecimento táctil é preservado;
1. Copia laboriosa de desenhos de objetos por instrução verbal;
1. Doentes queixam-se de dificuldade visual;
1. É associada a prosopagnosia.
Multi ou polimodal:
1. Objetos, mesmo de uso diários, não são reconhecidos;
1. Déficit de identificação pode afetar a audição e palpação (embora desenhado, não pode ser associado nem pela forma e nem pelo som);
1. Desenho dificilmente é realizado pelo pedido verbal;
1. Lesão da área 39, giro angular esquerdo.Anotações durante a aula:
AGNOSIA DAS CORES
1. Um déficit do reconhecimento das cores como atributo dos objetos ou de um déficit que só diga respeito à denominação das cores. O exame deve, em primeiro lugar, analisar o nível perceptivo, por meio de explorações visuais: teste de Ishihara. A segunda etapa é o estudo do nível associativo: provas visuais como colorir desenhos, emparelhar cores e objetos. A terceira etapa é o estudo do nível visuoverbal: denominação da cor de estímulos não significativos e de figuras familiares de cores constantes (tomate, ervilha), pergunta sobre as cores de objetos (qual a cor de um tomate?).
1. A acromatopsia designa a incapacidade adquirida de percepção das cores numa parte (hemicampo) ou na totalidade do campo visual. Os pacientes queixam-se de ver tudo “cinza”.
1. Logo, as agnosia das cores não afetam a percepção da cor e os pacientes conseguem se sair bem no teste de Ishihara e no emparelhamento das cores. Em compensação, não conseguem fazer a prova de colorir os desenhos, de emparelhar as cores com os objetos. 
1. Está associada a lesões na região V4 do cérebro e está relacionada com as regiões responsáveis ​​pela regulação da atividade linguística.
Os testes devem analisar o nível perceptivo:
 1ª ETAPA: Teste de Ishihara e Prova de Emparelhamento
 2ª ETAPA: nível associativo: Colorir desenhos / emparelhamento de cores com objetos
 3ª ETAPA: estudo do nível visuoverbal: Denominação da cor de figuras familiares de cores constantes
Síndrome de Riddoch e a ACINETOPSIA
1. Atualmente, admitimos que as lesões do córtex estriado (VI, que corresponde à área 17 de Brodamnn, nos lábios da fissura calcarina) provocam uma hemianopsia ou, no caso, de bilateralidade, uma cegueira cortical que preserva a percepção do movimento: essa dissociação pode ser denominada síndrome de Riddoch.
1. A acinetopsia é a não percepção do movimento. Os observadores notaram que um doente com dificuldade no cálculo ou na linguagem e que, além disso, havia perdido a percepção do movimento: ela não conseguia servir chá, nem café porque, para ela, o líquido estava imóvel, parecia congelado. Ocorre por lesão da área 19 de brodmann (V5).
*É um estranho transtorno neurológico que tem como consequência a perda da percepção visual do movimento. As pessoas afetadas não apresentam outros defeitos na visão, e distinguem corretamente a forma e a cor de qualquer objeto sempre que este permanece imóvel, mas não quando está em movimento.*
PROSOPAGNOSIA
1. Designa a incapacidade reconhecer os rostos familiares. Os doentes, que se podem queixar dos distúrbios ou parecer indiferentes, não reconhecem os parentes pessoalmente, nem em fotografias; tambémnão reconhecem as pessoas públicas que veem na foto ou na televisão e nem mesmo reconhece a própria imagem no espelho. No entanto, o reconhecimento pode acontecer por procedimentos vicariantes: pela voz, pelo modo de andar, pelos óculos ou pelo bigode, ou ainda, por particularidades no vestir. 
SÍNDROME DE BALINT
1. É a incapacidade de o olhar do doente fixar um alvo no seu campo visual periférico, mesmo vendo e reconhecendo objetos que deve olhar: o doente não consegue desviar o olhar de um objeto para outro. Os movimentos oculares rápidos, chamados de movimentos sacádicos, permitem que direcione o olhar espontaneamente ou em sequência, para qualquer objeto que apareça no campo de visão: é esse movimento sacádico que não é mais produzido.
1. O sujeito tem imensa dificuldade para desviar o olhar do objeto que está fixado, em seguida seu olhar parece não ter um destino, até que ele encontra, por acaso, o objeto que procurava, no qual fixará novamente o olhar. 
AGNOSIA TÁTIL
1. Incapacidade do paciente em reconhecer objetos familiares pelo tato, embora possa reconhecê-los através dos outros sentidos.
1. Na maioria das vezes a asterognosia é unilateral e heterolateral, mas há casos também de asterognosia bilaterias.
Astereognosia: Incapacidade de reconhecer os objetos pela apalpação e sem ajuda de outro canal sensorial, em particular o visual.
OBS: Por ocasião de apalpação de um objeto, quatro níveis de tratamento, podem ser determinados: 
1. o nível de sensações elementares (frio, calor, liso, rugoso); 
1. o nível de percepção (da forma: uma esfera, um cubo...); 
1. o nível de identificação ou associativo, no qual o objeto é reconhecido, portanto nomeado;
1. e quando o objeto é reconhecido e não nomeado, no caso de existir um déficit táctil-verbal. 
TIPOS
1. Aperceptiva
1. Associativa
APERCEPTIVA
1. A asterognosia, segundo a concepção de Delay (1935), pode ser em relação à matéria ou em relação à forma dos objetos.
1. Ailognosia e amorfognosia. A primeira está ligada a um déficit dos analisadores de intensidade, a segunda a um déficit dos analisadores espaciais.
1. Síndrome de Verger-Déjerine: Mostra a sensibilidade elementar intacta ou pouco perturbada e o déficit afeta a discriminação tátil, a localização das sensações.
1. Afetam o córtex parietal, chamado por Wernicke de agnosia táctil primária e tratam as sensações que lhe chegam.
1. A manipulação do objeto é difícil, reduzida e gestualmente estereotipada. 
ASSOCIATIVA
1. Agnosia táctil secundária de Wernicke;
1. Também denominada de assimbolia táctil ou agnosia táctil “verdadeira”;
1. Incapacidade de associar imagens tácteis, às outras representações sensoriais dos objetos;
1. As lesões afetam a região parietal posterior ou córtex têmporo-parietal;
1. Área 2, 5, 7 e 40.
AGNOSIAS ESPACIAIS
DESORIENTAÇÃO VISUAL DE HOLMES E HORRAX:
1. Reúne os distúrbios de localização dos objetos isolados.
1. Lesões posteriores dos hemisférios cerebrais, especialmente do lado direito.
Agnosia do Espelho:
1. Incapacidade em distinguir o espaço real do espaço virtual visto no espelho.
1. As lesões afetam um dos lobos parietais e são expressas de maneira bilateral, com mais intensidade no hemicorpo contralateral. 
AGNOSIA AUDITIVA
1. Aperceptiva: O déficit afeta o nível discriminativo e não mais permite emparelhar os sons idênticos (notas musicais, grito de animais, de sino, de carro).
1. Associativo: Embora capazes de emparelhas os sons idênticos, e nas provas de múltiplas escolhas, não pode atribuir o som do martelo a figura do martelo, o som do sino, a figura do sino...
*Agnosia seletiva dos ruídos: Associa-se a um déficit da percepção dos sons musicais. Resulta das lesões no hemisfério direito, mais especificamente na região temporal. O reconhecimento dos gritos dos animais, parecem estar reservados ao hemisfério direito, enquanto lesões esquerdas provocam um déficit de reconhecimento das onomatopeias dos mesmo gritos (``cocorico`` para galo).Anotações durante a aula:

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