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MARIA GABRIELA CALAÇA DE ARAÚJO – SEMIOLOGIA – P4 1 EXAME DA CABEÇA E DO PESCOÇO Observar: Forma Volume e conformação Superfície do crânio e couro cabeludo Cabelos Inspeção da face Exame dos olhos Exame do aparelho auditivo Boca Faringe Linfonodos CRÂNIO Forma Volume Conformação Aumento do crânio = macrocefalia (principalmente na hidrocefalia e também na acromegalia, doença de Paget óssea, raquitismo e cretinismo). Diminuição do crânio = microcefalia (infecções congênitas ou apenas constitucional) Crânio em forma de torre = turricefalia (presenta na betatalassemia major) Crânio oval em que o diâmetro longitudinal ou anteroposterior se apresenta exagerado = dolicocefalia Crânio grande, alongado, com fronte proeminente, achatado na parte superior = crânio raquítico Crânio curto= braquicefalia Crânio assimétrico= plagiocefalia SUPERFÍCIE DO CRÂNIO E COURO CABELUDO Deve-se repartir o cabelo e verificar a presença de reentrâncias, protuberâncias, cicatrizes de traumatismos e cirurgias, hematomas, cistos sebáceos, nódulo. Em lesões dermatológicas: Procurar descamação, nevos e lesões elementares, destacando-se cor, formato e contornos. Procurar dermatoses (dermatite seborreica, psoríase, pediculose, abscessos, lesões de varicela – vesículas e crostas). Em lactentes, avalia-se o fechamento de fontanelas (fontanela posterior – fechada ao nascer ou fechar nos primeiros meses de vida; fontanela anterior – fechada a partir dos 18 meses). Causas de aumento da fontanela ou fechamento tardio são: Síndrome de Down Hipotireoidismo MARIA GABRIELA CALAÇA DE ARAÚJO – SEMIOLOGIA – P4 2 Displasias ósseas CABELO Observar cor, quantidade, distribuição, implantação, textura e padrão de perda, se houve. OBS1: a implantação é importante para avaliar a presença ou não se síndromes. Padrão de perda: Alopecia areata (pelada) Alopecia androgenética (sem perda em regiões posteriores e laterais do couro cabeludo) Alopecia difusa (quimioterapia, lúpus) Observar a qualidade do cabelo pode estar alterada no hipotireoidismo, insuficiência renal ou desnutrição FACE Observar o aspecto geral (fácies), pele, olhos e região orbitária, nariz, boca, região periorbicular e orelhas, avaliando assimetrias, movimentos involuntários, lesões de pele, edema, massa e deformidades específicas. Dismorfias e Assimetrias da face Prognatismo: proeminência exagerada de um ou ambos os maxilares, comum na acromegalia Retrognatismo: observável em certos casos de nanismo hipofisário e em outros casos de hipopituitarismo anterior. Assimetria facial pode ser por: paralisia facial unilateral (mais comum), hemi-atrofia facial, hemiespasmo facial e hemi-hipertrofia facial. As causas mais comuns de paralisia periférica e central são paralisia de Bell (etiologia herpética) e acidente vascular encefálico. PELE Observar textura, espessura, distribuição de pelos, cor e pigmentação. Discernir entre as lesões elementares de pele: pápulas, pústulas, máculas, crostas, lesões vesiculares, bolhas e lesões eritematodescamativas (determinar localização, tamanho, cor e forma da lesão). Descrever para a distinção das doenças: Colagenoses (lúpus eritematoso sistêmico, dematomiosite) Doenças infecciosas (varicela, herpes zoster, impetigo) Farmacodermias e dermatoses específicas (psoríase, acne, dermatite atópica) Hirsutismo: ocorre crescimento excessivo de pelos terminais em áreas tipicamente masculinas como face, queixo, tórax, coxas e triângulo pélvico superior. Hipertricose: aumento generalizado dos pelos, e geralmente associada a determinadas etnias, a doença sistêmica ou ao uso de medicamentos. Não há padrão definido de distribuição dos pelos, sendo também mais finos e macios. MARIA GABRIELA CALAÇA DE ARAÚJO – SEMIOLOGIA – P4 3 OLHOS E REGIÃO ORBITÁRIA Avaliar: Motilidade ocular extrínseca Acuidade visual Campimetria visual de confrontação REGIÃO ORBITÁRIA Observar os supercílios – fusão entre ambas pode ser fisiológica ou patológica Patológica: Sinofris: confluência das sobrancelhas, comum na Síndrome de Cornélia Lange, em que há uma hiperplasia da porção medial dos supercílios. Madarose: rarefação do terço distal dos supercílios, manifestação comum no hipotireoidismo, hanseníase, esclerodermia e sífilis. Observar pálpebras – forma e simetria Pálpebra invertida = entrópio palpebral Pálpebra evertida = ectrópio palpebral Telecanto: aumento da distância entre os cantos internos dos olhos. Criptoftalmia: ausência de pálpebras com a pele recobrindo o globo ocular. Coloboma de pálpebras: perda do contorno arredondado das pálpebras sendo estas irregulares. Avaliar a presença de edema palpebral (uni ou bilateral), coloração das pálpebras, lesões e presença de equimoses, adequação do fechamento palpebral e a forma das fendas palpebrais. Edema palpebral: processo inflamatório local (blefarite, hordéolo, calázio, traumatismo), infestação parasitária, manifestação local de doenças sistêmicas (nefropatias e endocrinopatias) e angioedema (edema de Quinck). Processo inflamatório local mais frequente: presença de hordéolo - infecção estafilocóccica dolorosa, sensível e avermelhada em uma glândula da margem palpebral que se assemelha a uma pústula ou espinha na borda palpebral. Calázio: nodulação indolor subaguda, que compromete a glândula meibomiana, localiza-se na face interna da pálpebra. Na fase aguda da doença de Chagas, aparece um edema inflamatório bipalpebral unilateral chamado sinal de Romana, associado à conjuntivite, dacrioadenite (inflamação da glândula lacrimal), aumento ganglionar pré-auricular e hepatoesplenomegalia. Xantelasmas: formações cutâneas amareladas, bem circunscritas, discretamente elevadas, nas porções nasais de uma ou ambas as pálpebras, que sugerem dislipidemias. Ptose palpebral: pode indicar miastenia grave, lesão do nervo oculomotor (terceiro par de nervo craniano), lesão da inervação simpática cervical (Síndrome de Horner), ptose senil e ptose congênita. MARIA GABRIELA CALAÇA DE ARAÚJO – SEMIOLOGIA – P4 4 Síndrome de Horner: a ptose é acompanhada de miose, ausência de sudorese na testa ipsilateral (anidrose) e enoftalmia, tendo como causa o tumor de Pancoast (localizado no extremo ápice do pulmão). Incapacidade de fechas as pálpebras completamente (lagoftalmia), reforçada pelo sinal de Bell (o globo ocular se levanta na tentativa de fechar a pálpebra), indica lesão de nervo facial (sétimo par de nervo craniano). Síndrome de Down: as fendas palpebrais são inclinadas para cima e para fora, com presença de prega epicantal, uma prega vertical de pele situação sobre o canto medial. Síndrome de Treacher Collins: fendas palpebrais são inclinadas para baixo e para fora. OLHOS O exame é realizado pedindo ao paciente que olhe para cima enquanto se comprime as duas pálpebras inferiores com os polegares, expondo a esclera. Nela, observamos icterícia ou coloração azulada decorrente de osteogênese imperfecta, doenças do colágeno e anemia ferropriva. Globo ocular: tamanho, posição, movimentos anormais, desvios do olhar, simetrias dos olhos nas órbitas. Palpa-se o globo ocular, avaliando tensão (aumentada no caso de glaucoma) e dor. Segmento anterior do olho: esclera, córnea, íris, pupila, cristalino, conjuntiva Segmento posterior do olho: só pode ser avaliado por exame de fundo de olho. Posição dos olhos: Deslocamento anterior dos olhos (exoftalmia) exoftalmia unilateral: doença de Graves, tumor ou infiltração da órbita; exoftalmia bilateral: doença de Graves Deslocamento posterior dos olhos (enoftalmia) enoftalmia unilateral: Síndrome de Claude-Bernard-Homer É importante avaliar o tamanho dos olhos para determinar se há: Microftalmias (microcórneas) Buftalmia (olhos grandesde glaucoma congênito) Megalocórneas (córneas grandes com diâmetro ocular normal) Esclera: exame é realizado pedindo ao paciente que olhe para cima enquanto se comprime as duas pálpebras inferiores com os polegares, expondo a esclera. Nela observamos icterícia ou coloração azulada decorrente de osteogênese imperfecta, doenças do colágeno e anemia ferropriva. Córnea: opacificação das córneas nas mucopolissacaridoses; halo senil: halo espessado em torno da córnea comum em idosos anel de Kayser-Fleischer: doença de Wilson, alterações pigmentares localizadas na membrana de Descemet Íris: hipoplasia de íris: tumor de Wilms hipopigmentação: mancha de Brushfield, observada na síndrome de Down MARIA GABRIELA CALAÇA DE ARAÚJO – SEMIOLOGIA – P4 5 Conjuntiva: observa palidez, hiperemia, edema, hemorragia subconjuntival ou secreção mucopurulenta. Pinguécula: nódulo amarelado situado na conjuntiva bulbar, em qualquer lugar da esclera (comum no envelhecimento) Pterígio: espessamento da conjuntiva bulbar, que cresce sobre a superfície externa da córnea, geralmente a partir do lado nasal. Tratamento cirúrgico. Pupilas: analisar se apresenta miose ou midríase e assimetria (anisocoria). Reflexo fotomotor direto: ao incidir um feixe de luz sobre uma pupila, espera-se uma contração pupilar ipsilateral. Reflexo fotomotor indireto ou consensual: espera-se uma contração pupilar contralateral. Pesquisa-se também o reflexo de acomodação-convergência, em que se observa o foco e convergência das pupilas respectivamente com a aproximação de um objeto, avaliando assim a função dos nervos ópticos, oculomotor e troclear (II, III e IV respectivamente) Neurossífilis: ocorre miose permanente, perda da reação fotomotora e conservação da reação de acomodação-convergência, constituindo o sinal de Argyll-Robertson Para testar a acuidade visual utiliza-se o cartão de Snellen, com boa iluminação, testando em diferentes distâncias a capacidade de enxergar de perto ou de longe. SEIOS DA FACE Aperte a parte óssea das sobrancelhas de cima para baixo, para palpar os seios frontais. Em seguida, aperte os seios maxilares, de baixo para cima e as células etmoidais na junção do canto interno dos olhos com o nariz. Se apresentar hipersensibilidade dos seios paranasais pode suspeitar de sinusite aguda. NARIZ Avaliar tamanho, forma e alterações das suas diversas partes (raiz, dorso ou ponte nasal, ponta, aleta, narinas e septo), procurando observar a conformação de eminência nasal, deformidades (como na leishmaniose, hanseníase, sífilis congênita, granulomatose de Wergner, neoplasias), perfuração, desvio de septo, ulceração ou telangiectasias (síndrome de Rendu Osler Weber) e narinas (simetria, inflamação e epistaxe). Levanta-se a ponta do nariz e, com o auxílio de uma lanterna ou fonte luminosa, pode-se observar a narina. Também é possível o auxílio de espéculo nasal para melhorar visualização de estruturas. ORELHAS Avaliar região pré-auricular, meato auditivo externo, tamanho, forma, posição e rotação dos mesmos, cor da pele e presença de cianose no lobo. Observar também hélica, anti-hélice, tragus e lobo. Lanterna e otoscópio ampliam e facilitam a visualização do conduto auditivo externo e a membrana timpânica. Avalia-se o nível de implantação das orelhas baixa (síndrome de Down e de Turner) MARIA GABRIELA CALAÇA DE ARAÚJO – SEMIOLOGIA – P4 6 Dor no tragus pode estar presente na otite externa, enquanto a dor atrás do pavilhão auricular pode estar presente na otite média. Avalia-se o tímpano quanto à presença de abaulamento ou perfuração, se há eliminação de secreção pelo conduto auditivo externo, além de corpos estranhos, vermelhidão de pele e edema. Lesões no pavilhão auricular: Tofo gotoso (na hélice e anti-hélice) Tumor basocelular Lesão discoide do Lúpus Eritematoso Sistêmico Condricte (policondrite recidivante) Nódulos reumatoides Otorragia como equimose retroauricular (sinal de Batlle) podem surgerir fratura de base de crânio, sinais de gravidade e traumatismo cranioencefálico. BOCA E FARINGE Examinam-se os lábios, parte interna das paredes laterais da boca, o assoalho da boca, a língua, os dentes, a abóbada palatina, as glândulas salivares e a secreção da saliva, o hálito e depois a faringe, com os pilares, o véu palatino e as amígdalas. Usa-se lanterna e um abaixador de língua. LÁBIOS Observa- se presença de alteração na espessura e volume aumento em angioedema de Quick, trauma, infecção e acromegalia Alteração na cor apresentando palidez quando o paciente estiver anêmico, cianose quando em insuficiência respiratória, vermelhidão na queilite, amarelado nas icterícias, escuro na doença de Addison e manchas hipercrômicas na síndrome de Peutz-Jeghers. A presença de queilite angular (processo inflamatório no ângulo da boca) pode estar associado à deficiência de ferro e B12, herpes labial ou monília. Em caso de ulcerações suspeitar de cancro sifílico, carcinoma ou epitelioma. Desvios de comissuras labiais: paralisias faciais CAVIDADE ORAL Observar: coloração da mucosa, avaliando inflamação, presença de aftas ou úlceras (LES, doença de Behçer e doenças de Chron), mucosite pós-quimioterapia, radioterapia e Agranulocitose, placas esbranquiçadas (candidíase) ou manchas (mancha de Koplik, patognomônica do sarampo). Inspeção de bordas de gengivas e palato duro, verificando a presença de edema, gengivite, ulceração, infiltração ou hiperplasia. LÍNGUA Avaliam-se o volume, aspecto geral, cor, brilho, textura, umidade, movimentos, estado das papilas (atrofia centralizada ou generalizada) MARIA GABRIELA CALAÇA DE ARAÚJO – SEMIOLOGIA – P4 7 Língua lisa e desapapilada: anemias carenciais, carcinoma de células escamosas, leucoplasia, candidíase, língua saburrosa, língua geográfica, ulcerações, desvio de língua (lesão do XII nervo craniano). OROFARINGE Examinam-se palato mole, pilares anteriores e posteriores, úvula, amígdalas e a faringe posterior. Observam-se coloração e simetria, existência de exsudatos (amigdalite, mononucleose), presença de abcessos, pseudomembrana (difteria), edema, ulceração, hipertrofia amigdaliana e desvio de úvula para o lado saudável (paralisia do IX nervo craniano) PESCOÇO FORMA, POSIÇÃO E MOBILIDADE: As deformações cervicais podem ser devidas a posições ou à presença de edema e tumores. Torcicolo = espasmo da musculatura do pescoço limitado a um só lado músculos comprometidos geralmente são o esternocleidomastoideo (ECOM) e o trapézio Rigidez na nuca: presente na meningite e na hemorragia subaracnóidea, sendo o sinal mais precoce de irritação meníngea. A pessoa não consegue encostar o queixo no esterno. *quando muito intensa a rigidez na nuca pode estar associada à rigidez de musculatura dorsal, configurando o Opistótono presente no tétano. Deformações do pescoço são comuns também em casos de tumores ganglionares, extraganglionares e grandes bócios. PELE E TECIDO CELULAS SUBCUTÂNEO Avaliar a presença de edema devido a inflamações originadas na boca, garganta, glândulas salivares e outras estruturas regionais. Pescoço de Stokes: ocupação mediastínica por adenopatias, tumores ou aneurismas da aorta, que tenham determinado compressão da VCS, a estase venosa consecutiva pode produzir um pescoço edemaciado, cianótico, com veias jugulares externas ingurgitadas. Observar abscesso, que podem ser: agudos (provêm de supurações de gânglios por infecções originadas na boca, garganta ou qualquer outra estrutura adjacente) ou crônicos (associados a trajetos fistulosos, são próprios de tuberculose ganglionar, actinomicose, coccidioidomicose e outras infecções granulomatosas). Fazer palpação de enfisema subcutâneo no pescoço devido à pneumomediastino, que confere uma crepitação como uma sensação de palpar um“saco de milho” TUMORAÇÕES CONGÊNITAS Persistência do canal tireoglosso: tumoração cística localizada na parte média do pescoço, próxima ao osso hioide, com presença de cordão fibroso por baixa da tumoração que se encaminha em direção à parte média do osso hioide. O cisto sobre com o movimento da língua Cistos dermoides: localização alta no pescoço, em linha média, geralmente submentoniano, podendo expandir-se para cima em direção ao soalho da boca. Cistos branquiais: tumorações de consistência variável, localizadas logo abaixo do ângulo da mandíbula MARIA GABRIELA CALAÇA DE ARAÚJO – SEMIOLOGIA – P4 8 Higromas: notados logo ao nascimento, localizados nas porções posterolaterais do pescoço (ou raramente submandibulares), caracterizados por grandes volumes e consistência amolecida. TUMORAÇÕES DE ORIGEM INFLAMATÓRIA Provocadas por germes comuns (especialmente Staphylococcus): abcessos apresentando sinais e sintomas de inflamação aguda (tumor, calor, rubor e dor), com ou sem flutuação. Causas: infecções dentárias, amigdalites ou indeterminada. Provocadas pelo bacilo de Koch: abcessos frios, sem calor ou rubor, originados pela supuração de um linfonodo cervical satélite infectado. Se ocorrer ruptura espontânea forma-se uma fístula. Se houver formação de múltiplas fístulas e cicatrizes é denominada escrófula. TUMORAÇÕES DE ORIGEM NEOPLÁSICA Apresentam crescimento rápido, consistência endurecida, infiltração dos tecidos circunvizinhos, pouca mobilidade, ulceração Tumorações de pescoço benignos: lipoma, shwannoma, hemangioma, linfagioma Tumorações de pescoço malignos: lipossarcomas, neurossarcomas, fibrossarcomas, rabdomiossarcomas, hemangioendoteliossarcoma, linfangiossarcoma, carcinoma epidermoide e melanoma EXAME DAS GLÂNDULAS SALIVARES Glândulas salivares principais: parótidas, submandibulares e sublinguais Glândulas salivares menores: distribuídas pela mucosa das vias aéreas e digestivas superiores A principal sede de tumores benignos e malignos é a parótida. Esses tumores provocam elevação característica do lobo da orelha. Na presença de tumores de parótida ou submandibulares, pesquisa-se sinais de malignidade como paralisia facial, infiltração e ulceração da pele e linfonodos cervicais enfartados. Sialadenoses são tumefações moles, indolores, bilaterais das parótidas (envolvendo ou não glândulas submandibulares), que representam afecções metabólicas das glândulas salivares, podendo ser provocadas por uma série de doenças: diabetes, alcoolismo crônico, doenças carenciais, cirrose hepática, lúpus eritematoso. A parótida pode estar com seu volume aumentado durante a caxumba, caracterizada por apagamento do ângulo da mandíbula. EXAME DOS GÂNGLIOS LINFÁTICOS Verificar se as adenopatias são: localizadas ou generalizadas Palpação dos gânglios linfáticos: é necessário utilizar as pontas dos dedos indicador e médio, deslocando a pele sob os tecidos subjacentes em cada região. Use movimentos rotatórios suaves. O paciente deve estar relaxado, com o pescoço discretamente fletido para frente e, se necessário, um pouco inclinado para o lado examinado. Palpação dos gânglios submentoniano: palpa-se com uma das mãos enquanto a outra segura a parte superior da cabeça do paciente. Caracterizam-se os gânglios quanto a sua localização, tamanho, formato, delimitação (isolados ou fundidos), mobilidade, temperatura, consistência (pétrea ou elástica), hipersensibilidade, flutuação e fistulização. MARIA GABRIELA CALAÇA DE ARAÚJO – SEMIOLOGIA – P4 9 Em situações normais, os gânglios costumam ser pequenos, móveis, isolados, indolores e de consistência fibroelástica. Gânglios aumentados e dolorosos sugerem inflamação: gânglios duros ou fixos (aderentes a planos profundos) indicam doença maligna. OBS: nas linfonodomegalias de cadeias profundas necessita-se sempre de exames complementares de imagem. Sequência de palpação dos gânglios: Pré-auriculares Retroauriculares Occipitais Amigdalianos (ou angulares) Submandibulares Submentoniano Cervicais anteriores Cervicais posteriores Cervicais superficiais e profundos Supraclaviculares OBS: complementa-se o exame palpando, ainda, os gânglios axilares, epitrocleares e inguinais para diferenciar se o processo é local ou generalizado. Sinal de Troisier: gânglio solitário localizado na região supraclavicular esquerda correspondente a uma lesão metastática proveniente de doença maligna, torácica ou abdominal, especialmente de estômago e pâncreas. Deve-se de estabelecer: tamanho (em três dimensões), número (maior quantidade, pior prognóstico – doença de Hodgkin, AIDS), consistência (malignos – consistência lenhosa, não sendo compressíveis; inflamatórios – elásticos, moles), superfície (lisa ou irregular ; nodular ou com pontos proeminentes), aderência a planos profundos, sensibilidade à palpação, temperatura local, flutuação e fistulização. Flutuação – ocorre com frequência em infecções inespecíficas, ou em estágio avançado de infecções específicas (bacterianas). Demonstra a formação de uma área liquefeita com coleção purulenta em seu interior. À palpação, as zonas de infiltração periféricas são duras, circunscrevendo uma área central que contém porção liquefeita, facilmente compressível que recebe o nome de área de flutuação. Fistulização – ocorre no estágio final de infecções específicas como tuberculose e paracoccidioidomicose (escrófulo ou goma), em que após a caseificação ganglionar, se forma um trajeto com abertura na pele do pescoço, havendo exteriorização de pus. OBS: na presença de dor, palpar primeiro as áreas menos dolorosas para, em seguida, tocar a área mais sensível. Fazendo o contrário, o exame pode ser prejudicado por contraturas musculares de defesa, e mesmo o nível de cooperação do paciente, principalmente criança. EXAME DA TRAQUEIA E TIREOIDE Dois lobos laterais unidos por um istmo Sua vascularização é riquíssima e a inervação é feita pelo simpático cervical e o ramo laríngeo do vago MARIA GABRIELA CALAÇA DE ARAÚJO – SEMIOLOGIA – P4 10 Alterações de volume, forma, consistência e da mobilidade da tireoide devem ser pesquisadas e registradas sempre Inspeção da traqueia: avaliar a presença de desvios com relação à linha média. Isso pode ser auxiliado pela palpação do espaço entre a traqueia e o esternocleidomastóideo. Os espaços em ambos os lados devem ser simétricos. O desvio da traqueia pode indicar massas cervicais, massa mediastínica, atelectasia ou pneumotórax. Inspeção da tireoide: inclinar a cabeça do paciente para trás e inspecionar a região abaixo da cartilagem cricoide, visualizando a glândula tireoide. Ao pedir ao paciente que engula, é possível observar o movimento da tireoide para cima e, assim, avaliar o seu contorno e simetria (tanto a tireoide quanto as cartilagens tireoide e cricoide se movimentam para cima durante a deglutição). Para a pesquisa de bócio mergulhante no mediastino superior deve-se realizar a manobram de Pemberton. Solicita-se ao paciente que eleve os braços paralelamente à cabeça, com o pescoço estendido: esta manobra pode fazer a calota (polo cefálico) do bócio aflorar à fúrcula esternal, além de provocar a congestão venosa superficial da face, por dificultar, na presença do bócio mergulhante, a drenagem das veias jugulares. Palpação da tireoide: o observador, atrás do paciente, repousa os polegares sobre a nuca do paciente, procurando alcançar os lobos laterais da tireoide com os dedos indicador e médio de cada mão ou o observado, frente ao paciente, coloca os quatro dedos sobre os ombros do paciente, ficando com os polegares livres para o exame. Pedir ao paciente que flexione o pescoço para a frente. Posicionar os dedos indicadores das duas mãos logo abaixo da cartilagem cricoide. Pedir que o paciente engula, palpandoo istmo tireoidiano e sentindo-o se elevando sob as polpas digitais. Com os dedos da mão esquerda, afastar a traqueia para a direita, e com os dedos da mão direita, palpar o lobo direito da tireoide. Examinar o lobo esquerdo da mesma forma. Durante a palpação avalia-se se a tireoide é tópica, sua mobilidade, seu tamanho, consistência, seus bordos, presença de nódulos, frêmito vascular, a temperatura e a sensibilidade. Os aumentos volumétricos da tireoide (bócios) podem ser difusos quando há aumento de toda a glândula e nodulares uni ou multi, quando se percebe aumento localizado da glândula. Carcinoma ou tireoidite lenhosa de Reidel: glândulas de dureza pétrea Tireoidites agudas e subagudas: consistência diminuída e difusamente dolorosa Consistência aumentada, comparada à borracha escolar, sem alterações da sensibilidade dolorosa é encontrada na tireoidite autoimune de Hashimoto, enquanto que, no bócio difuso tóxico, a consistência tem sido fibroelástica. Quando é possível delimitar o bordo inferior dos lobos, ficar atento a bócio mergulhante ou bócio retroesternal (a glândula aumentada se estendendo para baixo da cintura escapular). Nódulos sólidos têm consistência mais firme do que o resto da glândula, enquanto os nódulos císticos ou contendo coloide são mais macios e depressíveis à palpação Ausculta da tireoide: deve-se auscultar com o estetoscópio cuidadosamente sobre a tireoide e não sobra as carótidas. A detecção de um sopro sistólico ou contínuo pode ser auscultado no hipertireoidismo (Doença de Graves), devido ao aumento da vascularização da glândula presente. Uma forma de diferenciar o sopro da respiração do paciente é pedindo para ele interrompê-la por alguns segundos.
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