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Victoria Karoline Libório Cardoso Malária Introdução Hemoparasita comum em regiões tropicais e subtropicais; Nomes populares: paludismo, impaludismo, febre palustre, maleita ou sezão; Agente etiológico: Plasmodium das seguintes espécies: ● P. vivax: m. terçã benigna; ● P. falciparum: m. terçã maligna (tipo mais comum e pode ser fatal); ● P. malariae: m. quartã benigna; ● P. ovale: apenas na África. O vetor possui 80 espécies de mosquitos do gênero Anopheles; No Brasil são 4 espécies importantes: ● Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi. ● A. (N.) aquasalis. ● A. (Kerteszia)cruzii. ● A. (K.) bellator Para haver malária numa região precisa-se de: ● Gametófito; ● Mosquito transmissor; ● Homem susceptível; Morfologia Esporozoítos: forma infectante humana, aspecto alongado com núcleo central; Esquizontes/exo-eritrocítica: massa citoplasmática irregular com milhares de núcleos. Merozoítos: invadem somente hemácias, forma assexuada, fase intra e extracelular; Formas eritrocíticas: são os trofozoítos jovem, maduro, esquizonte e gametócitos; Microgameta (célula sexuada masculina): célula flagelada do processo de ex-flagelação; Macrogameta (célula sexuada feminina): possui fenda para penetração do microgameta; Oocineto: forma alongada, vermiforme e móvel; Hospedeiros Homem/hospedeiro intermediário: fase pré-eritrocítica nos hepatócitos e eritrocítica nas hemácias. Mosquito/hospedeiro definitivo: no estômago e nas glândulas salivares. Transmissão 1. O mosquito fêmea do gênero Anopheles contrai a doença picando uma pessoa infectada com esporozoítos do Plasmodium sp; 2. O mosquito ao picar outra pessoa infecta ela. ○ Ou através de transfusão sanguínea; ○ Compartilhament o de seringas contaminadas; ○ Acidentes laboratoriais; ○ Congênita (raramente descrita); Vetores Anopheles (Nyssorhychus) darlingi: ● Local: todo o Brasil; ● Antropófilo susceptível ao plasmódio; ● Hematofagismo doméstico e silvestre (crepúsculo vespertino e matutino); Victoria Karoline Libório Cardoso ● Criadouros: águas límpidas e ensolaradas ou parcialmente sombreadas; Anopheles (Nyssorhychus) aquasalis: ● Local: Amazonas até São Paulo. ● Criadouro: água com ligeira concentração salina (NaCl); Anopheles (Kerteszia) cruzii: ● Local: região sul do país, desde SP; ● Criadouro: sobreposição de folhas de bromélias (áreas sombreadas); Anopheles Kerteszia Bellator: ● Local: de São Paulo ao Rio Grande do Sul; ● Criadouro: sobreposição de folhas de bromélias (exposição solar); Ciclo de vida no ser humano 1° fase: ciclo exo-eritrocítico, pré-eritrocítico ou tissular 1. Inoculação de esporoz. no homem, através da Infecção pela picada do mosquito fêmea do Anopheles; 2. Migração dos esporozoítos por "células intermediárias" até que cheguem aos hepatócitos. 3. Nos hepatócitos iniciarão o desenvolvimento parasitário, se diferenciando em trofozoítos pré-eritrocíticos. 4. Os trofozoítos pré-eritrocíticos se multiplicarão por esquizogonia, originando merozoítos e invadirão os eritrócitos; 2° fase: ciclo eritrocítico/sanguíneo 1. Invasão dos merozoítos nos eritrócitos, através do reconhecimento de receptores específicos; 2. Multiplicações por esquizogonia, formando novos merozoítos que invadirão novos eritrócitos; 3. Após algumas multiplicações, o parasito se diferencia para o estágio sexuado: gametócitos. 4. A partir daqui não há mais divisões e o desenvolvimento continua no mosquito vetor, originando os esporozoítos. Obs: esse ciclo sanguíneo se repete a cada 48h nas infecções por P. falciparum, P vivax e P. ovale e a cada 72h nas infecções pelo P. malariae; Ciclo no inseto 1. No repasto sanguíneo do humano infectado, a fêmea do Anopheles ingere os esporozoítos, mas apenas os gametócitos evoluirão dentro do inseto, originando o ciclo esporogônico (sex.) 2. No intestino médio do mosquito ocorre a gametogênese, formando o zigoto, chamado posteriormente de oocineto, ao começar a se movimentar. 3. O oocineto se encista e, após alguns dias, se rompe liberando os esporozoítos por todo o corpo do inseto, até atingir as glândulas salivares. Resistência Independe do contato prévio com o parasito; Resistência absoluta: protege completamente o indivíduo da doença. Ex: homem não suscetível aos plasmódios aviários. Resistência relativa: desenvolvimento do parasito com o processo infeccioso limitado. Ex: infecção com plasmódios Victoria Karoline Libório Cardoso simianos, controlando antes de apresentar manifestações clínicas definidas; Determinação da resistência: ● Fatores genéticos; ● Anemia falciforme. ● Indivíduos com ausência de receptores na superfície de eritrócitos (antígeno do grupo sanguíneo Duffy – P vivax) não desenvolvem a doença. ● Deficiência da enzima glicose-6-fosfato desidrogenase; ● Oxidação do eritrócito, gerando metemoglobina, tóxico ao parasita, levando-o a morte; ● Recém nascidos: por IgG maternos. ● Excesso de hemoglobina. ● Imunidade não esterilizante (parasitemia abaixo do limiar patogenicidade); Patogenia Apenas o ciclo eritrocítico causa as manifestações clínicas e patológicas da malária. Obs: a passagem do parasito pelos hepatócitos não é patogênica; Macrófagos esplênicos captam um pigmento malárico circulante (hemozoína) e removem as hemácias infectadas. Assim há a ativação de receptores da imunidade inata, com liberação de citocinas circulantes induzindo a inflamação = ataque malárico; Período de incubação: ● 9 a 14 dias: P. falciparum; ● 12 a 17 dias: P. vivax; ● 18 a 40 dias: P. malariae Quadro clínico Fase inicial: sintomática ● Mal-estar, cefaleia, mialgia, cansaço e mialgia. ● Precede a febre clássica da malária; Ataque paroxístico agudo (acesso malárico) e ruptura das hemácias ● Calafrio e sudorese durando de 15 minutos a 1h, seguindo com fase febril. ● Depois de 2 a 6h, a febre abaixa e inicia sudorese profusa e fraqueza intensa, desaparecendo passadas algumas horas. ● A febre se torna intermitente, por conta do tempo de ruptura das hemácias. Periodicidade dos sintomas = tempo de duração dos ciclos eritrocíticos de cada plasmódio. Malária não complicada Acesso malárico com intensa debilidade física, náuseas e vômitos - 6 a 12h; Exame físico: paciente hipocorado e com baço palpável; Febre associada à história de viagem para área endêmica de malária; Sinais/sintomas: Mialgia, fraqueza e anemia. Manifestações crônicas ● Esplenomegalia reativa da Malária; ● Hepatomegalia; ● Anemia (destruição de eritrócitos); ● Leucopenia; ● Plaquetopenia; Síndrome nefrótica da malária quartã: infecções não tratadas pelo P. malariae; apresenta proteinúria acentuada, edema e hipoalbuminemia. Malária grave Victoria Karoline Libório Cardoso Acomete: adultos não imunes, crianças e gestantes. Sinais e sintomas: hipoglicemia, dor abdominal intensa, convulsões, vômitos repetidos, hiperpirexia (febre muito elevada), icterícia e distúrbio da consciência. Malária cerebral: cefaleia forte, hipertermia, vômitos, sonolência e convulsões em crianças. Evolução para coma com pupilas contraídas; Edema pulmonar agudo: (comum em gestantes) hiperventilação,febre alta, intensa transudação alveolar e redução da PA e da oxigenação (Síndrome da angústia respiratória do adulto); Hipoglicemia: comum em crianças e está associada, geralmente, com a malária cerebral; Icterícia: aumento da bilirrubina sérica pela hemólise excessiva ou comprometimento da função hepática; Hemoglobinúria: hemólise intravascular aguda maciça; colúria acentuada, vômitos biliosos, icterícia intensa e necrose tubular aguda com insuficiência renal (pode ser fatal). Diagnóstico Clínico: anamnese detalhada (pesq. de exposiç. ao antígeno). Laboratorial: ● Gota espessa/esfregaço sanguíneo: exame parasitológico do sangue. ● Imunológico: imunofluorescência indireta, ELISA; o PCR - detectam o DNA do parasito nas amostras. Tratamento P. vivax, P. ovale e P. malariae ● Mamárias benigna: Primaquina (os evita hipnozoítos) e Cloroquina (evita a 2° fase). ● Pode haver o uso profilático, para destruição de esporozoítos (antes da penetração) P. falciparum ● Artesunato com Mefloquina ou Artemer e Lumefantrina; ● Casos graves: derivados de artemisina; ● Após melhora: mefloquina e antibiótico; Infecção mista ● P. falciparum + P. vivax: Esquizonticida e Primaquina; ● P. falciparum + P. malariae: Quinina com Doxiciclina; Gravidez ● P. vivax: Cloroquina. ● P. falciparum: Artesunato e Mefloquina Profilaxia Tratar o doente, eliminando o parasito; Telas em janelas, repelentes, mosquiteiros, roupas protetoras etc... Combater o transmissor: na fase adulta com inseticidas residuais e com larvicida biológico na fase larval; educação em saúde.
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