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Júlia Corrêa - 2025.2 Bioquímica - Charbell 1 Enzimas . 1) DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS GERAIS Þ São catalizadores biológicos de natureza proteica que aumentam a velocida- de de reação sem serem atrapalhadas/ alteradas pela reação. Þ A vida é um conjunto de reações bioquímicas e sem as enzimas seria inconce- bível, pois as reações não ocorreriam tão rápido o suficiente para a manuten- ção das funções fisiológicas. Þ Quase todas as reações do corpo são mediadas por enzimas. Þ As enzimas catalizam as reações através da estabilização dos estágios de transição, formas químicas de maior energia no caminho da reação. Þ As enzimas são essencias para a organização, ordenamento e eficiência das vias metabólicas. Þ A regulação de atividade das enzimas possibilita adaptações ao metabolismo a depender das mudanças que ocorrem a todo momento. Þ 1/4 do genoma humano é codificado por genes de enzimas. (Projeto Genoma Humano). Þ Resumidamente as enzimas: Diminuem a energia de ativação, levando a altas velocidades de reação; São muito específicas; São sintetizadas pelas próprias células; Têm concentração e atividade moduláveis. 2) NOMENCLATURA DE ENZIMAS Þ Nome recomendado Nome para uso no dia-a-dia; Sufixo “ase” adicionado ao nome do substrato; Ex: Urease/Glicosodase/Sacarase. Descrição de sua ação Ex: Lactato Desidrogenase Þ Nome sistemático Padronizado pela IUBMB; Júlia Corrêa - 2025.2 Bioquímica - Charbell 2 Sistema de nomenclatura em 6 classes principais; Definição do nome da enzima em 4 dígitos: classe principal, classes e sub- classes de substratos e número de série da enzima. * Mais usado pelo mundo. Þ Nome usual Nomenclaturas consagradas pelo uso. Ex: Tripsina / Pepsia / Ptialina. 3) CLASSES DE ENZIMAS Þ Oxidorredutases São enzimas que catalizam reações de transferência de elétrons, ou seja reações de oxi-redução. São as Desidrogenases e as Oxigenases. Se uma molécula se reduz, tem que haver outra que se oxide. Þ Transferases Enzimas que catalisam reações de transferência de grupamentos funcio- nais como grupos amina, fosfato, acil, carboxil. Por exemplo, Cinases e as Transaminases. Þ Hidrolases Catalisam reações de hidrólise de ligação covalente. Por exemplo, as Peptidades. Júlia Corrêa - 2025.2 Bioquímica - Charbell 3 Þ Liases/Sintases Catalisam a quebra de ligações covalentes e a remoção de moléculas de água, amônia e gás carbônico. Por exemplo, as Desidratases e as Descarboxilases. Þ Isomerases Catalisam reações de interconvenrsão entre isômeros ópticos ou geomé- tricos (Mudança de uma molécula por seu isômero.) Por exemplo, as Epimerases. Þ Ligases Catalisam reações de formação e novas moléculas a partir da ligação entre duas já existentes, sempre com a utilização de ATP. 4) PROPRIEDADES DAS ENZIMAS Þ Sítio Ativo Também é chamado de ‘Centro ativo’ ou ’Ponto ativo’; Trata-se de uma região de ligação da enzima com o substrato e ao cofa- tor/coenzima; É o sítio catalítico; Desenha-se como uma fenda complementar especial, contendo aminoá- cidos, configurando uma estrutura tridimensional, ocorrida pela presença de aminoácidos com grupamentos laterais que participam na geração e na quebra das ligações, como grupamentos catalíticos; Ocupa uma posição relativamente pequena no volume total da enzima. Þ Especificidade das enzimas As enzimas são altamente específicas, reagindo com um ou outro substra- to específico. Divide-se em: - Especificidade absoluta: as enzimas que só se ligam a substratos espe- cíficos (ex: catalase / urease). - Especificidade Relativa: as enzimas se ligam a vários substratos, desde que sejam semelhantes (Ex Serina-proteases Tripsina, Elastase, Quimiotripsi- na). Serina Proteases conseguem fazer a quebra de alguns outros componen- Júlia Corrêa - 2025.2 Bioquímica - Charbell 4 tes além de seu substrato específico. * A especifidade de uma enzima é dada pelo tamanho de sua estrutura, cargas/polaridade e caáter hidrofóbico do local de ligação com o sub- strato. As fendas possuem caráter apolar (o que melhora a catálise), e as liga- ções aos substratos são por forças de Van der Waals, pontes de H, intera- ções hidrofóbicas, ligações eletroestáticas. Þ Modelos de Ligação Enzima-substrato Chave-Fechadura - Encaixe perfeito entre Enzima e Substrato. Induced Fit (Encaixe induzido) - A enzima possui flexibilidade conformacio- nal e o encaixe é perfeito na ligação entre Enzima e Substrato, de modo que o sítio catalítico é moldável à molécula do substrato. Obs: Evidências experimentais sugerem um terceiro modelo que combina o ajuste induzido a uma ‘torção’ da molécula do substrato, que o ‘trava- ria’ e prepararia para sua transformação em produto. Chave-fechadura Induced Fit Þ Coenzimas e Íons metálicos (cofatores) São esseciais para a atividade enzimática podem ser consumidos na reação ou não. Ex: Vitaminas Hidrossolúveis / Íons metálicos - Zn, Fe. HOLOENZIMA - ENZIMA + COFATOR / COENZIMA (Apoenzima) (Grupamento Prostético) Cofatores são íons metálicos (alguns livros também incluem moléculas or- Júlia Corrêa - 2025.2 Bioquímica - Charbell 5 gânicas) que podem ser necessárias para a função de uma enzima. - Os cofatores não estão ligados permanentemente à molécula de enzi- ma mas, na ausência deles a enzima é inativa. Coenzima são compostos orgânicos; quase sempre são derivados de vita- minas, que atuam em conjunto com as enzimas. Podem atuar segundo 3 modelos. - Ligando-se à enzima com afinidade semelhante à do substrato. - Ligando-se covalentemente em local próximo ou no próprio sítio catalítico da apoenzima. - Atuando de maneira intermediária aos dois extremos acima citados. * Holoenzima= enzima + cofator/coenzima Isoenzimas são enzimas que catalisam a mesma reação, mas diferem na estrutura primária e/ou na composição de suas subunidades. Ex: Lactato desidrogenase (Enzima que participa do processo de transformar glicose em energia. Está presente nas células do fígado, coração, pâncreas, rins, etc... * Na clínica: A concentração dessa enzima fica muito elevada quando há lesão pulmonar, tb aparece alta em lesão hepática, pode ser diagnóstico de linfoma, hepati- te,etc pois existem várias LDH. Definição de atividade enzimática: Uma unidade Internacional (UI) de enzima catalisa a conversão de 1mol de substrato em produto por minuto. A velocida- de (V) de uma reação enzimática é definida como a conversão do substrato em produto por unidade de tempo. Atividade específica de enzima: número que avalia a pureza da enzima e a atividade por tecido alvo. Þ Localização dentro da célula As enzimas se localizam em organelas específicas; Júlia Corrêa - 2025.2 Bioquímica - Charbell 6 Compartimentalização - Isola o substrato da reação ou produto de outras reações específicas. * Depende por exemplo do pH de funcionamento adequado de cada enzima. 5) FUNCIONAMENTO DAS ENZIMASÞ Alterações de Energia durante a reação A diferença de energia livre entre produtos e reagentes (entalpia). A energia necessária para se transformar reagentes em produtos. Todas as reações químicas possuem uma barreira separando os reagen- tes dos produtos formando um estado de transição. O estado de transição (estado reativo) é um período na catálise onde há maior energia do que os reagentes e produtos. É um estágio intermediá- rio, reativo. Para se levar os reagentes ao estado de Transição, há necessidade de energia de ativação. Sem enzimas, gasta-se mais energia pra se energizar os reagentes. 6) FATORES QUE ALTERAM A VELOCIDADE DAS REAÇÕES Þ Concentração de substrato Velocidade máxima é o número de moléculas de substrato convertidas em unidade de tempo (micromoles/min). A Vmáx aumenta graças ao aumento do substrato. Platô - quando ocorre a saturação de todos os sítios ativos de ligação. * Cada enzima tem o seu platô de acordo com sua cinética, velocidade, Júlia Corrêa - 2025.2 Bioquímica - Charbell 7 afinidade. Þ Temperatura O aumento da temperatura leva ao aumento da velocidade até um pi- co máximo. Depois disso, qualquer aumento de temperatura leva a dimi- nuição da velocidade devido a desnaturação das enzimas. Þ Influência do pH O hidrogênio iônico influencia na velocidade de reação por influir no sítio ativo através da presença de grupos especializados. Extremos de pH levam a mudanças no caráter iônico das cadeias late- rais. Enzimas citossólicas - pH de 7/8 Enzimas lissossomais - pH ácido. Júlia Corrêa - 2025.2 Bioquímica - Charbell 8 7) EQUAÇÃO DE MICHAELIS - MENTEN Þ Definição A equação pode ser expressa graficamente, que representa o efeito da con- centração de substrato sobre a velocidade da reação enzimática. V0 = Vmáx . [S] / Km + [S] A equação foi formulada por 2 pesquisadoras que propuseram um modelo sim- ples de cinética das reações catalisadas por enzimas; A partir deste modelo, estas pesquisadoras criaram uma equação que nos per- mite demonstrar como a velocidade de uma reação varia com a variação da concentração do substrato. O Km de um substrato para uma enzima específica é característico, e nos for- nece um parâmetro de especifidade deste substrato em relação à enzima. Quanto menor o Km, maior a especificidade, e vice-versa. Júlia Corrêa - 2025.2 Bioquímica - Charbell 9 Þ Foi provado que: No momento em que o substrato (S) se liga a Enzima (E) é formado um in- termediário Enzima-substrato (ES). Ocorre reações entre enzima e substrato Formação de E + Produto (P) Ocorre a decomposição de ES em P que é a etapa limitante da catálise. Þ Inferências As concentrações de enzimas são sempre menores do que as de substra- to. O V0 somente é usado pois a velocidade das reações enzimáticas só são medidas pela velocidade inicial. Þ Conclusões Km reflete a afinidade ES Km = É numericamente igual a [ ] de substrato quando a velocidade da reação é igual à metade da Vmáx. Km baixo = Alta afinidade ES - Enzimas eficientes que operam com baixa concentração de substrato. Km alto = Baixa afinidade ES - Enzimas somente atingem eficiência máxi- ma com elevada [ ] de substrato. OBS: enzimas alostéricas não respeitam os parâmetros de Michaelis men- ten. 8) INIBIÇÃO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA Inibidor - qualquer substância que pode diminuir a velocidade de uma reação catalisada por enzimas. Podem ser reversíveis ou irreversíveis, covalente ou não. Em relação à inibição reversível, dois tipos de inibição, Competitiva e não-competitiva. Þ Inibição Competitiva Ligação do inibidor reversivelmente ao mesmo sítio que o substrato ocu- paria - competição com o substrato pelo sítio. A velocidade máxima não modifica. Ex1: Finasteride - inibidor competitivo da 5-alpha-redutase (redução da produção da testosterona. Ex2: Azidotimidina (AZT) - inibidor competitivo da HIV-RT. Júlia Corrêa - 2025.2 Bioquímica - Charbell 10 Þ Inibição não competitiva Ligação do inibidor reversível no sítio alostérico da enzima, levando à dimi- nuição da Vmáx. Pode ser revertido pela síntese de mais enzimas. Ocorre quando inibidor e substrato encontram-se em sítios diferentes da enzima. O inibidor se dissocia muito lentamente de sua enzima alvo, mas que es- sencialmente não forma produtos. Logo, este inibidor age no número de renovação da enzima. Inibidor Acompetitivo: o inibidor paralisa a enzima e ela praticamente pa- ralisa sua ação. Ex1: Intoxicação por metais pesados (Hg+, Pb+ e Ag+ levam a inibição não competitiva por agirem no sítio alostérico. Þ Inibição irreversível: Júlia Corrêa - 2025.2 Bioquímica - Charbell 11 O inibidor se liga de forma covalente ao sítio ativo e bloqueia a enzima de uma maneira que ela não funciona mais. Essa inibição só pode ser conser- tada através da fabricação de mais enzimas. A aspirina é um inibidor irreversível das enzimas COX (que são liberadas em respostas inflamatórias, para que eu possa reativar essa enzima ela precisa ser produzida novamente). 9) REGULAÇÃO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA É essencial que as vias metabólicas sejam reguladas; A regulação acontece em etapas limitantes - enzimas- alvo. Þ Regulação alostérica Enzima Isostérica - curva de saturação do substrato é hiperbólica sendo de um único formato. Enzimas alostéricas - possuem curvas de velocidade x substrato com gráfi- cos sigmoides. Neste caso, geralmente há ligação de um efetor alostérico ligando-se a um ou outro local diferente do sítio ativo. Se o efetor com efeitos alóstericos for o substrato - Homotrópico - pode ter cooperatividade positiva ou negativa (Cooperatividade é a medida do substrato quando a reação chegar a metade). Se o efetor é diferente do substrato - heterotrópico Þ Regulação por modificação covalente: é um mecanismo de fosforilação (add fosfato) ou desfosforilação (tirar fosfato). A consequência depende de cada enzima- algumas se ativam quando fosforiladas e inibem quando desfosforila- das e vice-versa. Júlia Corrêa - 2025.2 Bioquímica - Charbell 12 Þ Indução X repressão: é a regulação feita pelas células a partir da fabricação ou não se novas enzimas. Indução= síntese aumentada; Repressão= síntese diminuída. Þ Atividade proteolítica: existem enzimas ativas e inativas. As inativas são chama- das de zimogênios e, ao serem hidrolisadas, são ativadas e passam a ter fun- ção fisiológica. Acontece nas enzimas da cascata de coagulação e nas enzi- mas digestivas. 10) ENZIMAS PARA LABORATÓRIO CLÍNICO Enzima Tecido Ex do uso para o diag- nóstico AST Coração, fígado, cérebro Doença no fígado ALT Fígado Doença no fígado, hepa- tite cronica Amilase Pâncreas, gândula salivar, Pancreatite aguda... CK Coração, cérebro, muscu- lo Distrofia muscular.. GGT Fígado Hepatite LDH Coração, fígado Linfoma, hepatite Lipase Pâncreas Pancreatite aguda Fosfatase alcalina Osteoblasto Doença nos ossos, tumo- res ósseos. Fosfatase ácida Próstata Câncer de próstata
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