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SEMIOLOGIA GASTRO Iury Magalhães 1 - Exame físico - ● Paciente em decúbito dorsal. ● Posicionar-se ao lado direito do paciente. ● Expor região a ser examinada (abdome). ● Divisão anatômica em 9 partes: ○ 2 linhas verticais que ligam os pontos medioclaviculares e medioinguinais ○ 1 linha transversal na margem inferior da décima cartilagem costal ○ 1 linha transversal que atravessa as espinhas ilíacas ântero-superiores Inspeção: ● Abaulamentos, retrações ● Visceromegalias ● Massas abdominais ● Cicatriz umbilical (Centralizada? Escavada? Protusa?) ● Outras cicatrizes (apendicectomia...) ● Manchas, alterações de coloração. ○ Sinal de Cullen (equimose periumbilical) ○ Sinal de Gray-Turner (equimose nos flancos) ● Verificar presença circulação colateral. ○ Cava superior (obstrução da cava superior – fluxo descendente – TU mediastino e pulmão, aneurisma de AO) ○ Cava braquicefálica ou “esclavina” (obstrução da braquicefálica – fluxo ascendente – TU mediastino e pulmão, aneurismas do tronco) ○ Cava inferior (obstrução da cava inferior – fluxo ascendente – TU compressivo em cava inferior, trombose, aderências) ○ Portal – “cabeça de medusa” (cirrose, TU compressivo em veia porta) ● Verificar se os movimentos peristálticos estão visíveis. ● Pulsação de aorta . ● Observar movimentos respiratórios (diminuídos em processos inflamatórios). ● Hérnias, diástase dos retos (visível? Observar alterações sugestivas de aneurisma). ● Tipos de abdome (alterações): ○ Globoso ou Protuberante (hepatoesplenomegalia, obesidade, ascite, distensão gasosa, obstrução) ○ Batráquio (ascite) ○ Pendular ou Ptótico (período puerperal) ○ Em avental (obesidade) ○ Escavado (aspecto emagrecido) ○ Em tábua (abdome agudo, peritonite) Ausculta: SEMIOLOGIA GASTRO Iury Magalhães 2 ● Avaliar a presença de ruídos hidroaéreos (RHA) – é necessário auscultar de 2 a 5 min. ○ Ausência: ▪ Íleo paralítico ▪ Pós-cirurgias ○ Aumento: ▪ Diarréia ▪ Início de obstruções (ruído em luta) ▪ Presença de sangue na luz intestinal (hemorragia) ○ Borborigmos (borbulhamentos) – “ronco do estômago” com líquido ● Sopros vasculares (foco aórtico; aa. renais; aa. ilíacas; aa. femorais). ○ Oclusão: arteriosclerose (sistólicos- diastólicos) ○ Estenose da a. renal ○ Zumbido venoso ○ Síndrome de Cruveilhier-Baumgarten (circulação colateral + frêmito periumbilical + sopro) ● Atrito: ○ Inflamação da superfície peritoneal de órgão (tumor hepático, pós-biópsia hepática, infarto esplênico) Palpação: ● Antes de começar deve-se: ○ Perguntar se o paciente refere dor; ○ Pedir que ele localize a dor; ○ Iniciar o exame pelas regiões não doloridas; ○ Aquecer as mãos antes de tocar o paciente. ● Palpação Superficial: ○ Avaliação da parede abdominal, sensibilidade, resistência ○ Hipertonia: ▪ Voluntária (frio, cócegas,...) ▪ Involuntária (irritação peritoneal) ● Palpação Profunda: ○ Massas (avaliar localização, forma, tamanho, mobilidade, pulsatilidade, consistência, superfície e sensibilidade) ○ Vísceras (caracterizar visceromegalias: distância do rebordo costal, superfície, consistência, sensibilidade, borda, pulsatilidade): ▪ Fígado (manobras de Lemos-Torres e manobra de Mathieu ou em garra) ▪ Baço (manobra simples de palpação do baço e manobra de Schuster) ● Exame da vesícula biliar: ○ Ponto cístico (ângulo entre o RCD e a borda externa do reto abdominal): comprimir com o polegar e pedir para inspirar profundamente ○ Sinal de Murphy: dor a inspiração na compressão do ponto cístico (colecistite) ○ Sinal de Courvoisier-Terrier: vesícula palpável distendida indolor (TU pâncreas/v. biliares) ● Massas abdominais palpáveis: ○ Localização; Tamanho e formato; Consistência; Superfície; Sensibilidade; Mobilidade; Pulsação (massa vascular ou massa sólida sobre estrutura vascular) Percussão: ● Percutir todos os quadrantes do abdome (dígito-digital – dois golpes por vez). ● Percutir espaço de Traube (timpanismo: traube livre / Macicez: traube ocupado - sugestivo de esplenomegalia). ● Realizar a hepatimetria. ○ Determinar limites do fígado (inferior e superior) - normal até 12 cm. ● Achado padrão: timpanismo (conteúdo gasoso). ● Hipertimpanismo (meteorismo, obstrução, pneumoperitônio, megacólon chagásico). ● Macicez (ascite, massas, fezes). ● Verificando ascite: ○ Pesquisa de macicez móvel ○ Sinal do Piparote ○ Círculos de skoda (concavidade para cima / timpânico no centro e maciço ao redor) SEMIOLOGIA GASTRO Iury Magalhães 3 ○ “Sinal da poça” (paciente de quatro / percutir macicez no centro do abdome) - pequenos volumes SEMIOLOGIA GASTRO Iury Magalhães 4 (Síndromes Diarréicas) ● Mudança no hábito intestinal do indivíduo, que implica em aumento do peso das fezes, da quantidade da parte líquida e da frequência de evacuações. ○ Excesso de fluido nas fezes, por anormalidades na secreção ou na absorção. ● Classificação das diarréias: ○ Aguda: ▪ Até 15 dias de duração ▪ 2 semanas ○ Persistente: ▪ 16 a 30 dias de duração ○ Crônica: ▪ + de 30 dias de duração ▪ 4 semanas ○ Alta (intestino delgado): ▪ Volumosas ▪ Baixa frequência ▪ Normalmente com restos alimentares ▪ Pode ter esteatorreia e distensão abdominal ○ Baixa (intestino grosso): ▪ Baixo volume ▪ Alta frequência ▪ Normalmente associada com tenesmo ▪ Pode ter eliminação de muco e disenteria ○ Osmótica: ▪ Perda de água (diarréia aquosa) ▪ Soluções hipertônicas, “De comer besteira” ▪ Não há ao acordar ou pela noite ○ Secretora: ▪ Aumenta ou para a função intestinal ▪ Cólera ○ Inflamatória (exsudativa): ▪ Disenteria ▪ Invasiva ▪ Presença de pus ou sangue na mucosa ○ Motora: ▪ Hipermotilidade ▪ Hipomotilidade ○ Disabsortiva: ▪ Presença de restos de alimento ▪ Giárdia, Doença celíaca SEMIOLOGIA GASTRO Iury Magalhães 5 ● Histórico de diarréia: ○ Queixa (aumento da frequência e volume) ○ Agudo? Crônico? ○ Alta? Baixa? ○ Alimentação? ○ Número de defecações por dia? ○ Incontinência? Cirurgia? ○ Tenesmo? ○ Diarréia sanguinolenta? ▪ Agentes infecciosos ○ Hematoquezia? Melena? ○ Presença de muco? ○ Esteatorreia (gordura)? ○ Perda de peso? ○ Febre? Fadiga? Dor nas juntas? Rash? ○ História pregressa: ▪ Cirurgia ○ Medicação?: ▪ Antibióticos, Quimioterapia, Laxantes, Digoxina, Propanolol, IBP, AINE ○ História familiar: ▪ Carcinoma colorretal ▪ Doença autoimune ▪ Doença inflamatória intestinal ○ História social: ▪ Viagens recentes? ▪ Álcool? ● Exame físico de diarréia: ○ Massa abdominal ○ Anemia ○ Exame retal – presença de sangue e/ou massas ○ Linfoadenopatia ○ Bócio ○ Eritema nodoso ○ Caquexia ○ Cicatrizes abdominais ● Exames para investigação e manejo: ○ Exame de fezes: ▪ Microscopia, cultura ○ Biópsia ○ Hemograma: ▪ Contagem de hemácias ▪ Marcadores inflamatórios ▪ Eletrólitos e uréia ▪ CO2 ▪ TGO e TGP ▪ Função tireoidiana ▪ Resposta imune ○ Rx de abdome ○ TC de abdome/pelve ○ Manejo: ▪ Hidratação (reposição hídrica) ▪ Loperamida ▪ Racecadotril ▪ Probióticos ▪ Antibióticos ▪ E. coli não inflamatória (Loperamida, Azitromicina, Ciprofloxacino) ▫ Não administrar loperamida em casos inflamatórios ▪ C. difficile (metronidazol ou vancomicina, probióticos) SEMIOLOGIA GASTRO Iury Magalhães 6 (Abdome agudo - Colecistite aguda) ● A dor biliar a principal queixa dos pacientes acometidos. ○ Dor em HCD ou epigástrio ○ De caráter visceral, podendo, assim, irradiar para o ombro direito e escápula ○ Pode ser precipitada por refeições ○ A dor que dura mais de 5 a 6 horas deve sugerir colecistite aguda ● As crises de dor associam-se, normalmente com vômitos (que podem aliviar a dor) e sudorese. ● Associado com processos inflamatórios ou isquêmicos. ● Cólica biliar: ○ Duração inferior à 4 horas ○ Melhora com uso de analgésicos + antiespasmódicos ● Tríade de Charcot (colangite): ○ Dor em quadrante superior direito ○ Febre com ou sem calafrios ○ Icterícia ○ Pêntade de Reynolds (casos graves - colangite supurativa) ▪ + hipotensão ▪ + depressão do SNC ● Aerobilia: colecistite enfisematosa, pós procedimento, formação de fístula. ● Outros achados de dor irradiada:● Abdome agudo: ● Histórico das doenças biliares: ○ Queixa (localização da dor) ▪ Irradiação, característica, fatores de piora e melhora, intensidade, frequência, tempo, irradiação ○ Agudo? Crônico? ○ Alimentação? ▪ Alimentos gordurosos ○ Vômitos? ▪ Amarelados? Esverdeados? ○ Perda de peso? ○ Fezes? ▪ Amareladas? (acolia) ○ Urina? ▪ Mais escura? (colúria) ○ Febre? Fadiga? ○ História pregressa: ▪ Cirurgia ▪ Doenças ○ Medicação? ○ História familiar ○ História social ● Exame físico das doenças biliares: ○ Cicatrizes ○ Equimoses? ▪ Sinais de Cullen e de Gray-Turner (pancreatite necro- hemorrágico) SEMIOLOGIA GASTRO Iury Magalhães 7 ▫ Extensão do exsudato hemorrágico pancreáti- co retroperitoneal através do tecido subcutâneo e estão associados com mau prognóstico. ○ Palpação dolorosa ○ Ponto cístico ▪ Sinal de Murphy (colecistite) ▪ Sinal de Courvoisier-Terrier (indolor e visível) (tumor periampular) ● Exames para investigação ○ USG ○ Hemograma ○ Bilirrubina total (direta e indireta) ○ CPRE ○ CPRM ou TC (pancreatite) SEMIOLOGIA GASTRO Iury Magalhães 8 (Cirrose - Hepatite) ● Histórico: ○ Queixa! ○ Pernas? ▪ Inchadas? Simetria? Dor? Quente? Rubor? Horário? ○ Agudo? Crônico? ○ Alimentação? ○ Vômitos? ▪ Hematêmese? ○ Febre? Fadiga? ○ Dispneia? ○ Alteração do sono? ○ Infecção recente? ○ Compartilhamento de lâminas? ○ Atividades físicas? ○ História pregressa: ▪ Cirurgia? ▪ Doenças? ▫ Hepatite ○ Medicação? ○ História familiar: ▪ Vasculares ▪ Hepáticas ▪ Infecciosas ○ História social: ▪ Etilismo ▫ Quantidade, tipo, quantas vezes por semana ▪ Sexo, uso de preservativos? ▪ Viagens? ○ Pesquisar parasitoses ● Exame físico: ○ Citarizes? ○ Circulação colateral? ○ Icterícia? ▪ Tempo? Localização? Quem notou? ○ Visceromegalia (fígado e/ou baço) ○ Ginecomastia? ○ Ascite ▪ Sinal de piparote > 5L ▪ Círculos de Skoda > 1,5L ● Exames para investigação: ○ USG ○ Hemograma ○ Bilirrubina total (direta e indireta) ○ Uréia e creatinina ○ Sorologia para hepatite ○ Transaminases hepáticas (TGO e TGP) ○ Ferro e cobre ○ INR ○ Estudo líquido ascítico ○ Endoscopia digestiva alta (varizes esofágicas) SEMIOLOGIA GASTRO Iury Magalhães 9 (Insuficiência hepática) ● Lesão aguda e grave com encefalopatia associada. ○ Se manifesta com o desenvolvimento de encefalopatia no período de oito semanas desde o início da doença (icterícia) ● História de drogas como paracetamol ou de fitoterápicos como chás (efeitos hepatotóxicos). ● Se contraindica fármacos GABAérgicos em pacientes hepatopatas. ● Quadro de insuficiência pode ser rápida ou progressiva. ● Primeiros sintomas não são específicos, apresentando fadiga, mal-estar, náuseas. ● A encefalopatia hepática pode ser antes ou depois do quadro ictérico. ● Elevação dos níveis de amônia estão relacionados com a encefalopatia hepática (hiperamonemia). ● Importante distinguir a encefalopatia de DDx que afetam o SNC, como meningite ou intoxicação por benzodiazepínicos ou barbitúricos (antídoto: flumazenil). ○ Vários outros fatores podem desencadear a encefalopatia, como hipoglicemia, uremia, hiponatremia, hipóxia e sepse ● Manifestações clínicas comum incluem: ○ Alteração do estado geral, coagulopatias (sangramentos), púrpura, ascite e icterícia. ● Outros sistemas podem estar envolvidos ou comprometidos: ○ Hepática: hiperbilirrubinemia, necrose hepatocelular (aumento de TGO e TGP), coagulopatias. ○ Cardiovascular: aumento da frequência cardíaca e débito cardíaco. ○ Cerebral: encefalopatia hepática. ○ Renal: síndrome hepatorrenal. ○ Imunológico: imunossupressão (sepse e infecções frequentes). ○ Metabólico: alcalose metabólica e respiratória (podendo se desenvolver em acidose metabólica), hipoglicemia, hipopotassemia, hipomagnesemia. ○ Pulmonar: edema pulmonar não cardiogênico ● Complicações: SEMIOLOGIA GASTRO Iury Magalhães 10
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