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PEÇA PROCESSUAL ANDERSON DE OLIVEIRA foi citado por edital para responder a uma ação de execução de título executivo extrajudicial, consistente na cobrança de dívidas condominiais, que, segundo a inicial, perfazem o valor total de R$ 15.000,00 (quinze mil reais). A citação por edital ocorreu após duas tentativas frustradas por parte do oficial de justiça em localizar o devedor. A única providência ulterior tomada pelo Juízo consistiu em pesquisa no sistema do Detran, que resultou no mesmo endereço diligenciado pelo oficial de justiça. Assim, o magistrado entendeu ser suficiente a busca realizada e, diante da não localização de ANDERSON, determinou a citação por edital e nomeou o NAJ-UniCEUB como curador especial. O Núcleo apresentou embargos à execução e suscitou a nulidade da citação editalícia, realizada sem o esgotamento das possibilidades legais de localização do devedor. Na sentença, o juiz de 1º grau acolheu integralmente a pretensão deduzida pelo condomínio e determinou que ANDERSON efetuasse o pagamento da dívida. Inconformado com a sentença, o Núcleo interpôs apelação, requerendo a cassação da sentença por manifesta nulidade da citação por edital. Entretanto, o TJDFT manteve a sentença por seus próprios fundamentos e negou provimento à apelação. Eis a ementa do julgamento: APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CITAÇÃO POR EDITAL. VALIDADE. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. O recorrente suscita preliminar de nulidade da citação por edital, por entender não terem sido esgotadas as diligências para localização e citação pessoal. 2. A regra da citação pessoal não é absoluta, podendo ser relativizada quando comprovado nos autos que o Juízo efetuou diligências para tentar localizar o devedor. 3. No caso, após duas tentativas de localização por oficial de justiça, o magistrado diligenciou junto ao Detran e encontrou o mesmo endereço do devedor já conhecido nos autos. Suficiência das medidas adotadas. 4. Sentença mantida por seus próprios fundamentos. Apelação não provida. Diante do acórdão do TJDFT, foi interposto recurso especial fundado na violação aos artigos 252 e 256, §3º, ambos do CPC. Na origem, o recurso foi inadmitido por aplicação do enunciado de súmula n. 7 do STJ, razão pela qual foi interposto agravo em recurso especial, que seguiu para análise perante o STJ. O Ministro Presidente do Superior Tribunal de Justiça, em decisão monocrática, não conheceu do recurso por entender estar ausente o requisito de prequestionamento da matéria de lei federal ventilada pelo recorrente. O Núcleo de Prática Jurídica do UniCEUB, em 19 de outubro de 2020 (segunda-feira), foi eletronicamente intimado para a apresentação da peça processual cabível. Com base nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes e datando-a no último dia do prazo legal. QUESTÃO 1 O enunciado de súmula n. 7 incide sobre pretensão de reexame ou de revaloração? Justifique, diferenciando o reexame da revaloração. O enunciado da Súmula 7/STJ diz respeito à vedação da análise de REsp caso o mérito consista em rever fatos e provas em si mesmo, ou seja, recai sobre o reexame. Não é cabível que se revisite matéria de fato ou provas, devido ao REsp servir para discussão de matéria de direito infraconstitucional. Difere da revaloração, eis que nesta existe a análise do acórdão do tribunal a quo, em especial o conjunto fático-probatório ali contido e, possivelmente, a reforma da decisão obtida pelo juízo de origem através de um novo olhar jurídico sobre a controvérsia. QUESTÃO 2 Considere uma decisão de não conhecimento do agravo em recurso especial proferida pelo Ministro Presidente do STJ, motivada pela aplicação do enunciado de súmula n. 182/STJ. Em face de tal decisão, o NAJ-STJ interpôs embargos de declaração, embora ausentes os vícios previstos no artigo 1.022 do CPC. Segundo a jurisprudência consolidada do STJ, caberia a aplicação do princípio da fungibilidade recursal? Justifique a resposta. Sim. O princípio da fungibilidade consiste na possibilidade de admissão de um recurso inadequado interposto no lugar de outro, em substituição. Busca respeitar a primazia da análise do mérito. Entretanto, não é absoluto, podendo ser limitado por erro grosseiro ou má-fé da parte que interpôs o recurso impróprio. No caso concreto, cabe a aplicação de embargos de declaração em substituição ao agravo interno, de acordo com a jurisprudência do STJ e com o art. 1024, § 3º do CPC. EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE HUMBERTO MARTINS, DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Número do processo:... Relator: Ministro Presidente Humberto Martins Agravante: Anderson de Oliveira Agravada:... ANDERSON DE OLIVEIRA, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem, por meio dos advogados e estagiários do Núcleo de Prática Jurídica do UNICEUB, com fulcro no art. 1021 do Código de Processo Civil e art. 259 do Regimento Interno do STJ, interpor AGRAVO INTERNO em face de decisão monocrática do Em. Ministro Presidente que não conheceu do Agravo em Recurso Especial, a fim de se requerer o recebimento para retratação da decisão proferida, de acordo com o art. 259, § 6º do RISTJ ou, subsidiariamente que seja o presente recurso levado a julgamento perante esta Egrégia Corte para apreciação do colegiado. A) REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE 1) TEMPESTIVIDADE A decisão ora agravada foi publicada e o ora agravante foi intimado eletronicamente na data de 19/10/2020. De acordo com os art. 186, § 1º e art. 1003, § 3º, ambos do Código de Processo Civil, o prazo para interposição de Agravo Interno é de 15 dias úteis. Ressalta-se, ainda, que o Núcleo de Prática Jurídica goza da prerrogativa do prazo em dobro, nos termos do art. 186, § 3º do CPC. Assim, tendo em vista o feriado na data de 02/11/2020, razão que enseja a exclusão na contagem, o termo final para interposição do presente recurso é 01/12/2020. Portanto, restou tempestiva a interposição do Agravo Interno nesta data. 2) CABIMENTO De acordo com os art. 1021 do CPC e art. 259 do Regimento Interno do STJ, caberá Agravo Interno contra decisão monocrática de Ministro desta Corte Superior, com o propósito de se requerer a retratação do Relator, bem como a apresentação do feito em mesa para apreciação do colegiado. No caso, tendo em vista o teor da decisão monocrática que não conheceu do Agravo em Recurso Especial anteriormente interposto, resta cabível a irresignação desta parte manifestada através de Agravo Interno. 3) INTERESSE E LEGITIMIDADE Não obstante a presença dos requisitos anteriores, faz saber que esta parte tem interesse e legitimidade para interpor o Agravo Interno, eis que sua pretensão lhe foi negada na decisão monocrática que não conheceu do AREsp pelo Eminente Ministro Presidente entender estar ausente o prequestionamento da matéria recorrida.B) RAZÕES DO AGRAVO INTERNO 1) DO PREQUESTIONAMENTO Em sede de decisão monocrática, o Em. Ministro Presidente julgou ausente o requisito do prequestionamento para conhecimento do Recurso Especial previamente interposto. O prequestionamento consiste no enfrentamento, pela instância de origem, das teses apresentadas pelo recorrente na apelação. Significa dizer que é imprescindível que o Tribunal mencione, julgue, a questão federal alegada pela parte. Esse entendimento se faz incólume nos enunciados das Súmulas 211 do STJ, 282 e 356 do STF e evita a supressão de instância, ocasionando a inadmissão do REsp. Ocorre que, data vênia o convencimento do Ministro Presidente, essa decisão não se subsiste e não merece prosperar. Nas razões de Recurso Especial, buscou-se sustentar a ilegalidade da citação por edital fora das hipóteses em que essa possibilidade é admitida. Nessa ocasião, insistiu-se na violação dos artigos 252 e 256, § 3º do CPC. Respectivamente, o primeiro dispositivo trata da obrigatoriedade do oficial de justiça de intimar pessoa da família do citando ou vizinho, para retornar no dia útil subsequente em hora certa e efetuar a citação. Já o segundo expressa admitir a citação por edital em casos específicos, sendo um deles o réu ser considerado em local incerto ou ignorado se infrutíferas as tentativas de sua localização, mesmo após a requisição ao Juízo de informações sobre o endereço em cadastros diversos. Entretanto, no caso concreto o Juízo determinou a citação por edital sem ao menos esgotar as vias ordinárias, eis que foi deferida após duas tentativas frustradas de citação pelo oficial de justiça. Ademais, a única busca em cadastro realizada pelo Juízo foi perante o sistema do Detran, que resultou no mesmo endereço já previamente conhecido. Ainda assim, o Magistrado de 1º grau sentenciou de forma integralmente procedente à parte requerente, estipulando ao ora agravante realizar o pagamento da importância de R$ 15.000,00 à título de dívidas condominiais. Situação que ensejou a interposição de apelação que, por sua vez, não foi provida, mantendo a sentença inalterada. Diante da inequívoca ilegalidade, o ora agravante interpôs Recurso Especial visando declarar a nulidade da citação. Esse mesmo recurso foi inadmitido, por incidência da Súmula 7 do STJ. Posteriormente, foi interposto AREsp, também não conhecido pelo Ministro Presidente. Entretanto, equivoca-se o Eminente Ministro ao declarar a inexistência do prequestionamento. No acórdão recorrido, é manifesto o enfrentamento da questão pelo Tribunal a quo, como se vê da ementa: APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CITAÇÃO POR EDITAL. VALIDADE. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. O recorrente suscita preliminar de nulidade da citação por edital, por entender não terem sido esgotadas as diligências para localização e citação pessoal. 2. A regra da citação pessoal não é absoluta, podendo ser relativizada quando comprovado nos autos que o Juízo efetuou diligências para tentar localizar o devedor. 3. No caso, após duas tentativas de localização por oficial de justiça, o magistrado diligenciou junto ao Detran e encontrou o mesmo endereço do devedor já conhecido nos autos. Suficiência das medidas adotadas. 4. Sentença mantida por seus próprios fundamentos. Apelação não provida. Desse trecho, é possível perceber claramente a menção ao tema recorrido e a valoração jurídica concedida pelo Tribunal a quo, não necessariamente devida, mas ainda assim expressa. Ao ponto em que se explicita o que o ora agravante suscitou em apelação, cita os preceitos relativos à citação e relata o ocorrido no caso concreto. Ainda que o acórdão não tenha mencionado os artigos infringidos, o prequestionamento é válido, consistindo na modalidade de prequestionamento ficto, plenamente admitido perante o STJ. Portanto, não há que se falar em ausência do prequestionamento pela parte agravante, eis que demonstrou-se as teses do agravante devidamente enfrentadas pelo Tribunal de origem. C) PEDIDOS Diante o exposto, requer: 1) Que seja processado e julgado o Agravo Interno, a fim de que se reconsidere a decisão que optou por não conhecer do Agravo em Recurso Especial, para julgá-lo procedente em sua integridade e declarar nula a citação editalícia; 2) Subsidiariamente, que seja o presente recurso apresentado em mesa para apreciação do colegiado e posterior provimento, para reconhecer a ilegalidade manifesta expressa em sede de Recurso Especial, buscando reformar o entendimento das instâncias anteriores. LOCAL, 01 de dezembro de 2020 ADVOGADO/OAB
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