ASPECTOS RADIOGRÁFICOS DAS MINERALIZAÇÕES EM TECIDOS MOLES

Prévia do material em texto

ASPECTOS RADIOGRÁFICOS DAS MINERALIZAÇÕES EM TECIDOS MOLES
Existem 3 tipos de mineralização: 
Mineralização distrófica: 
- é a precipitação de sais de cálcio que ocorre nos sítios primários de inflamação crônica ou nos tecidos necrosados e que estão em processo de necrose. 
- formada no interior do tecido degenerado, doente, necrosado.
- níveis sorológicos normais de cálcio e fosfato. 
1. Mineralização idiopática: 
- causa desconhecida
- deposição de cálcio no tecido normal
- níveis sorológicos normais de cálcio de fosfato
2. Mineralização metastática
- precipitação de minerais no interior do tecido normal
- altos níveis sorológicos de cálcio ou fosfato
MINERALIZAÇÃO DISTRÓFICA
Nódulos Linfáticos:
DEFINIÇÃO: a mineralização distrófica ocorre em nódulos linfáticos que estão inflamados cronicamente devido a várias patologias, frequentemente doenças granulomatosas. O tecido linfoide é substituído por sais de cálcio similares a hidroxiapatita. 
- pode estar associado à tuberculose, sífilis, HIV, vacina BCG, sarcoidose, doença da arranhadura de gato, linfoma tratado previamente com radioterapia, infecções fungicas e metástase de neoplasias calcificantes distantes.
- assintomáticos (achados radiográficos nas panorâmicas)
- submandibulares e cervicais (mais comumente)
- massa dura, arredondada ou alongada à palpação 
RX:
- O local mais comum é a região submandibular, tanto abaixo quanto na base da mandíbula, na região no ângulo ou entre a borda posterior do ramo e a coluna cervical
- As vezes, a imagem do linfonodo calcificado sobrepõe à porção inferior do ramo.
- único nódulo afetado ou série linear de nódulos em cadeia
- visualizados em radiografia extraoral, tomografia e algumas intraorais
PERIFERIA: bem definida, normalmente irregular, podendo ter aspecto lobulado, semelhante a couve-flor quando maiores. 
- quando menores tem formato diferente (pequenos grãos)
ESTRUTURA INTERNA: sem padrão definido, pode variar no grau de radiopacidades. Aspecto de coleção de massas esféricas ou irregulares. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Sialolito no parênquima da glândula. Normalmente o sialolito tem contorno uniforme, o nódulo linfático é usualmente irregular, as vezes com aspecto lobulado. Sialografia. 
Flebolitos, são normalmente menores e múltiplos.
TRATAMENTO: geralmente não precisam, só em caso de presença de linfoma.
 
Tonsilas / Tonsilolite
DEFINIÇÃO: cálculos tonsilares são formados quando há episódios recorrentes de inflamação, aumentando o volume das criptas tonsilares. 
- resolução incompleta de restos bacterianos e pus, serve como sítio para o desenvolvimento da calcificação distrófica. 
- na maioria, assintomáticos
- pode haver sintomas como: dor, inchaço, dificuldade de deglutição, mau cheiro, sensação de corpo estranho ao engolir.
RX:
- na panorâmica aparecem como radiopacidades únicas ou múltiplas que se sobrepõem à porção média da região do ramo da mandíbula, próximo ao palato mole. 
- uni ou bilateralmente
- podem gerar imagens fantasmas
PERIFERIA: grupo de pequenas radiopacidades múltiplas e mal definidas. Raramente ficam grandes. (sem formato de couve flor) 
ESTRUTURA INTERNA: calcificações levemente mais radiopacas que o osso esponjoso 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Imagem radiopaca em cima do osso pode ser uma condensação óssea ou tórus. Fazer uma projeção de TOWNE de boca aberta para mostrar que a mineralização está na porção medial do ramo da mandíbula.
Cisticercose
DEFINIÇÃO: causada pela Taenia Solium (parasita do porco), presente no ovo. 
- Assintomático ou em casos graves pode gerar distúrbios gastrointestinais, dor epigástrica, náuseas, vômito, dor de cabeça, ou até epilepsia quando acomete o cérebro. 
RX:
- quando vivas, as larvas não são vistas radiograficamente
- a localização dos cisticercos calcificados inclui músculos da mastigação, da mímica facial, supra-hióideo e musculatura póstero-cervical. 
PERIFERIA E FORMA: múltiplas radiopacidades bem definidas de formato elíptico, lembrando grão de arroz.
ESTRUTURA INTERNA: homogêneo e radiopaco
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: pode simular um sialolito. 
CALCIFICAÇÃO ARTERIAL
Placa Ateromatosa Mineralizada - arterosclerose
DEFINIÇÃO: A mineralização distrófica pode ocorrer na formação de placa ateromatosa no revestimento interno do vaso sanguíneo (carótida).
- Principal causa do AVC (atenção ao identificar)
RX: inicialmente se desenvolve nas bifurcações arteriais como consequência do aumento do dano endotelial. 
- a localização mais comum é acima do osso hioide, abaixo da mandíbula. Pode também ser vista abaixo do hioide, caso o paciente tenha deglutido durante o exame.
- altura das vértebras C3 e C4
- Se eu vejo na panorâmica, preciso pedir uma AP de Towne modificada para visualizar a mineralização lateralmente às vértebras cervicais pode ser uma placa de ateroma. 
- Pode ser feito também a ultrassonografia para ter certeza. 
PERIFERIA E FORMA: normalmente múltiplas, de formato irregular. Geralmente bem definidas, apresentando distribuição linear vertical 
ESTRUTURA INTERNA: radiopacidade homogênea.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: a cartilagem tritícea calcificada pode ser confundida com uma placa ateromatosa. 
MINERALIZAÇÃO IDIOPÁTICA
Cartilagem laríngea
DEFINIÇÃO: cartilagem tireóidea e tritícea podem sofrer calcificação ou ossificação com o ossificação com avanço da idade. 
- não apresenta nenhuma característica clínica – achado radiográfico
RX:
- A cartilagem tritícea é visualizada na incidência lateral do espaço faríngeo abaixo do corno maior do osso hioide e adjacente a porção superior de C4.
- Geralmente, apenas os 2 a 3mm superiores da cartilagem tireóidea calcificada podem ser vistos na margem inferior da radiografia panorâmica.
- pode ser bilateral ou não
- pode ter a tritícea mineralizada ou não
- AP de Towne modificada se não vi mineralização lateral as vértebras, muita possibilidade de mineralização da cartilagem. 
- Exame de Doppler. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: pode ser confundida com placa ateromatosa calcificada na bifurcação da carótida.
Sialolito
DEFINIÇÃO: cálculos encontrados no interior dos ductos das glândulas salivares. 
RX:
- a glândula submandibular é a mais acometida do que a parótida e a sublingual.
- ocasionalmente são visualizados em radiografias periapicais sobrepostos aos ápices radiculares de pré-molares e molares. 
- para confirmar, fazer oclusal total de mandíbula com redução no tempo de exposição. 
PERIFERIA E FORMA: sialolitos localizados na glândula submandibular geralmente possuem formato cilíndrico. Os formados no parênquima da glândula submandibular tendem a ser maiores e de formato mais irregular. 
ESTRUTURA INTERNA: Alguns cálculos tem radiopacidades homogênea e outros evidenciam múltiplas camadas de calcificação. Raramente são radiolúcidos, devido ao baixo conteúdo mineral nas secreções das glândulas. 
 
Flebolito
DEFINIÇÃO: trombos calcificados encontrados nas veias
- na região de cabeça e pescoço quase sempre indicam a presença de hemangioma. 
RX: os flebolitos são mais comumente encontrados nos hemangiomas.
ESTRUTURA INTERNA: forma caminhos de mineralização, dando aspecto de “olho de touro” ou alvo (radiopaco e radiolúcido). 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: pode ter formato similar ao de um sialolito, porém, em geral os sialolitos ocorrem isoladamente, enquanto os flebolitos são normalmente múltiplos. 
Rinolito / Antrolito 
DEFINIÇÃO: corpos ou pedras calcificadas que ocorrem na cavidade nasal (rinolito) ou no antro dos seios maxilares (antrolito).
- deposição de sais de cálcio em corpos estranhos
- crianças que colocam feijão no nariz, pode virar um antrolito se chegar no seio
PERIFERIA E FORMA: variedade de formatos e tamanhos
ESTRUTURA INTERNA: podem surgir como radiopacidades homogênea ou heterogênea. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: osteoma, cisto Odontogênico em cicatrização.
OSSIFICAÇÃO HETEROTRÓPICA
· Ocorre fora do local que deveria.
Osteoma Cutâneo
DEFINIÇÃO: ossificação do tecido mole rara que acomete a pele. 85% dos casos é secundária a acne. 
- pode ocorrer em qualquer local da face, língua.RX: 
- localização comum nas radiografias é na região de bochecha e lábios. Pode sobrepor alguma raiz dentária ou processo alveolar. 
- Imagens radiopacas de com formato de disco. 
Ossificação do Ligamento estiloide
DEFINIÇÃO: é normalmente bilateral, se estendendo para baixo da base do crânio, em alguns casos se inicia acima do corno maior do osso hioide ou ainda pode se iniciar na porção central do ligamento.
- assintomático
- pode causar incômodo ou dor intensa na região da faringe ao deglutir, girar a cabeça ou abrir a boca, principalmente ao bocejar. 
- Síndrome de Eagle – está associado só se o paciente tiver sintomas: dor, tonteira, sensação de corpo estranho na garganta. 
- O alongamento do processo estiloide geram sintomas pela compressão do nervo glossofaríngeo.