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Abordagem para Mudança no Estilo de Vida

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Saúde da Família e Comunidade: Abordagem para Mudança de Estilo de Vida 
 Os profissionais da saúde precisam estar aptos a realizarem entrevistas motivacionais na perspectiva da promoção da mudança de estilo de vida de seus pacientes quando necessário, oferecendo orientações sobre alimentação saudável e prática de atividade física. 
 Na abordagem voltada para a mudança no estilo de vida de um paciente, a motivação é um aspecto chave para compreendermos por qual motivo o indivíduo age da forma que age, facilitando a elaboração de um planejamento para auxilia-lo a alterar seu estilo de vida. Esta abordagem pode se modificar com o passar do tempo, pois o que motiva um indivíduo em um dia pode não motivá-lo no dia seguinte.
 É fundamental para o profissional ter conhecimento sobre os fatores que motivam as pessoas, tanto quanto sobre os fatores que as impedem de realizarem modificações em seus comportamentos. 
 Existem Fatores Facilitadores (Ex: Disponibilidade de Recursos; Possibilidade de acesso a serviços de saúde; Politica de Territorialização dos Serviços; Habilidades Relacionadas com a Saúde), Fatores Reforçadores (Ex: Família; Colegas de Trabalho; Amigos; Responsáveis por Tomada de Decisões; Líderes Comunitários), Fatores Predisponentes (Ex: Conhecimentos; Crenças; Valores; Atitudes; Confiança; Autoestima; Resiliência).
 Há diferentes tipos de abordagem, por exemplo, Modelo Transteórico (MTT) e Entrevista Motivacional. 
 O Modelo Transteórico foi elaborado por James Prochaska, em 1979, através da análise e comparação das principais teorias e modelos com enfoques psicoterapêuticos, tendo como principal objetivo o processo de mudança. No transcorrer do estudo, os resultados mostravam que todas essas teorias apresentavam limitações, deixando de explicar detalhadamente o processo de motivação para mudança no comportamento das pessoas.
 Diante dessa análise, Prochaska denominou o modelo que estava sendo criado por si mesmo de “Transteórico”, o seu principal pressuposto é de que as automudanças bem sucedidas dependem, em grande parte, da aplicação correta das estratégias certas (Processos) na hora certa (Estágios).
 O interessante do MTT é a Mudança Intencional, significando que é o indivíduo quem opta em realizar a mudança de determinado comportamento indesejável. Outras abordagens, no entanto, se concentram nas influências sociais ou biológicas do comportamento, o MTT está baseado na premissa de que a Mudança Comportamental acontece ao longo de um processo permeado por diversos níveis de motivação para mudança.
 O Processo de Mudança é um conceito essencial dentro do MTT e possibilita o entendimento de como a mudança comportamental costuma ocorrer. Este conceito é constituído por diferentes Dimensões/ Estágios Motivacionais que devem ser considerados em conjunto para que possam ser melhores compreendidos,
 Os Estágios Motivacionais são considerados flutuantes, sendo possível que um indivíduo retorne a um estágio anterior e consiga transpô-lo novamente. 
 A Pré Contemplação [”I Won´t] é a Fase da Negação, o indivíduo acredita estar tão bem que não acha necessário rever seu comportamento de forma alguma. Para ajuda-lo é necessário fazê-lo perceber as consequências de seus comportamentos.
 Na Contemplação [“I Migth”] o indivíduo já percebe alguma relação prejudicial entre seu comportamento e sua vida, torna-se Ambivalente, ficando indeciso sobre sua própria vontade de querer mudar seus hábitos, porém ainda não faz nada no sentido de realmente modificar seu estilo de vida. A Mudança geralmente ocorre dentro dos próximos 6 meses.
 Neste Estágio Motivacional a Família deve fornecer Informações e Ajuda/ Tratamento sem confronto. Deve-se levantar razões para a mudança dos hábitos do indivíduo; Esclarecer os riscos associados à permanência destes hábitos; Fortalecer a auto-eficácia do paciente através da Entrevista Motivacional; Levantar a Balança Decisória; Evitar impor ajuda especializada.
 Na Preparação [“I Will] o Paciente já reconhece os prejuízos decorrentes de seus maus hábitos, passando a estar disposto a mudar e procurar ajuda, porém ainda não tentou parar com estes hábitos maléficos. A Mudança geralmente ocorre dentro dos próximos 30 dias.
 Neste Estágio Motivacional a Família deve ajudar na mudança do comportamento, buscando ouvir o que o paciente pensa, evitando sobrecarrega-lo com tudo o que ele precisa fazer. Além disso, deve-se oferecer ajuda imediata, acolher o indivíduo e fornecer gerenciamento de caso para que seja possível decidir qual a melhor linha de ação. Enfim, deve-se evitar longas filas de espera e sobrecarga de intervenções.
 Na Ação [I’m Doing] o Paciente de fato toma atitudes, interrompendo ou diminuindo a frequência de seu respectivo hábito maléfico. Geralmente a Mudança vem ocorrendo a menos de 6 meses.
 Neste Estágio Motivacional a Família deve ficar atenta às recaídas, não achar que o paciente está curado, evitar boicotar o que foi conquistado. É de grande importância realizar um acompanhamento regular para auxiliar nos passos da mudança.
 A Recaída não é um Estágio, porém acontece na maioria dos casos, não significa que o paciente não tem mais nenhuma chance de sair de sua situação, apenas que faltou aprender alguma coisa durante o processo.
 Nesta Situação a Família deve evitar recair junto do paciente, ajuda-lo a se reerguer, reforçar sua autoestima, ser mais ativa no tratamento. O que deve ser feito é reforçar o compromisso com o tratamento do indivíduo, avaliar novamente a situação, auxiliar o paciente a alcançar a etapa da Ação novamente. Deve-se evitar julgamentos, agir como codependente, banalizar ou supervalorizar a situação.
 Na Manutenção [I Have Been Doing] é importante manter em mente que os vícios não possuem cura, devendo o paciente aprender a conviver constantemente com o risco de recaídas. Geralmente vem ocorrendo a mais de 6 meses.
 Neste Estágio Motivacional a Família deve ficar atenta a fatores de risco e evitar boicotar o paciente. Deve-se fazer um Planejamento de Alta e providenciar Encaminhamentos, realizando a prevenção de recaídas, além de aprender a lidar com o “Tédio” deste Estágio. Deve-se encaminhar o paciente para a rede de cuidados, além de evitar banalizar o risco de recaídas.
 A Entrevista Motivacional é uma intervenção centrada no paciente com o intuito de aumentar a motivação para a mudança do comportamento problema, a resolução da ambivalência, a supressão de comportamentos disfuncionais e o desenvolvimento de padrões mais adaptativos.
 Este tipo de entrevista é utilizada para qualquer Problema de Saúde Mental; Dificuldade de Relacionamento; Desenvolvimento de Comportamentos Saudáveis; Educação e Promoção da Saúde; Pode ser utilizada em uma única entrevista, mas costuma ser empregada de quatro a cinco consultas. Além disso, destina-se a indivíduos que não reconhecem que precisam mudar algum aspecto de seu comportamento habitual; pacientes que recusam tratamento; Pacientes em situação de grande ambivalência. 
 
 Princípios da Entrevista Motivacional
 O primeiro Princípio é “Expressar Empatia”, que Significa aceitar a postura do indivíduo e Implica solidariedade emocional do profissional. Essa Solidariedade pode se expressar através de Gestos (Ex: Tocar o Paciente) e Palavras (Ex: Entendo que o Senhor tenha se sentido mal com tudo isso que lhe aconteceu). 
 O segundo Princípio é “Desenvolver Discrepância”, que significa trazer um contraponto entre o atual comportamento do indivíduo (Ex: Sedentarismo) e seus objetivos mais amplos (Ex: Controlar seus níveis de glicose). Desta forma, é muito importante que o indivíduo se conscientize das consequências de sua conduta e perceba a diferença entre seu comportamento atual e seus objetivos futuros.
 O terceiro Princípio é “Evitar Discussões”, que significa não discutir com o paciente pois argumentações diretas e tentativas para convencer tendem a produzir oposição ante as instruções. Antes de informar é apropriado perguntar se ele deseja ser informado.
 O quarto Princípio é “Dissipar a Resistência”, que significa tentar dialogar com o paciente de forma a faze-lo sair de uma posição defensiva e passe a escutar o profissional. Portanto, é necessário estar atento ao timing do indivíduo, essa habilidade pode fazer com que o paciente considere as novas perspectivas, mas sempre tomando o cuidado para não fazer imposições.
 O quinto Princípio é “Estimular a Auto-eficácia”, que significa apoiar e reforçar o sentimento de auto-eficácia do paciente, pois Experiências exitosas anteriores reforçam a crença da pessoa na sua capacidade de conseguir alcançar seu objetivo. O apoio terapêutico pode vir da análise dos resultados potencializados a sua positividade (Ex: Parabéns, você conseguiu ficar um mês inteiro sem fumar). É de grande importância não esquecer que o paciente é responsável por escolher e concretizar a mudança, já ao profissional cabe a tarefa de prestar assistência se o indivíduo assim desejar.
 Existem alguma Armadilhas a Serem Evitadas, como por exemplo, Fazer perguntas fechadas; Confrontar a Negação, pois quando o fazemos o indivíduo se torna mais relutante e resistente à mudanças; Assumir o papel de expert, oferecendo respostas e soluções aos indivíduos levando-os à passividade; Rotular o indivíduo desnecessariamente; Focalizar o problema prematuramente, iniciar a abordagem de maneira ampla e com o foco nas preocupações individuais; Culpar o indivíduo.
 A Promoção da Prática de Atividade Física é uma das prioridades em saúde pública na OMS (Organização Mundial da Saúde) e MS (Ministério da Saúde). Apesar disso, dados da Pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por inquérito Telefônico (VIGITEL) estimam que atualmente apenas 10% dos adultos em capitais brasileiras fazem mais do que 150 minutos/semana de atividade física leve ou moderada no lazer, enquanto 27% assistem > 3 horas/dia de televisão.
 Entre outras coisas, a Atividade Física Reduz o Declínio cognitivo; Reduz depressão; Melhora o Sono; Reduz Ansiedade; Reduz risco de Diabetes tipo II; Reduz incidência de Artrose; Reduz risco de eventos cardiovasculares; Promove aumento da densidade óssea.
 Existem algumas Recomendações Básicas para quem começa a praticar exercícios físicos, como por exemplo, escolher os melhores momentos para exercitar-se, evitando a frase “Não tenho Tempo”; Começar o programa de exercícios devagar e progressivamente, poucos minutos por dia; Alimentação; Fazer aquecimento em intensidade leve antes e após qualquer atividade física ; Manter-se sempre hidratado; Respirar confortavelmente durante a prática de exercício físico.
 O Atestado Médico é parte integrante do Ato Médico e a Avaliação Clínica para disponibilizar o atestado é a Anamnese e o Exame Físico.
 O Questionário de Prontidão para atividade Física (PAR-Q) deve ser aplicado antes de um indivíduo iniciar a prática de determinada atividade.
 
 Outro tema importante dentro de Hábitos Saudáveis é a Alimentação Balanceada, onde existem os 10 passos para uma Alimentação Saudável. 
 I – Fazer de Alimentos Naturais a Base da Alimentação
 II – Usar Óleos, Gordura, Sal e Açúcar com Moderação.
 III- Limitar o uso de produtos prontos para consumo.
 IV – Comer com regularidade e com atenção e em ambientes apropriados.
 V – Comer com Moderação
 VI- Fazer compras de alimentos em locais que ofertem variedade de alimentos frescos e evitar aqueles que só vendem produtos prontos para consumo.
 VII – Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias.
 VIII – Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece
 IX- Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora e evitar redes de fast food.
 X- Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais.
 Quando um indivíduo não se alimenta corretamente, ele pode desenvolver diversos Distúrbios Alimentares como (Ex: Anorexia; Bulimia; Ortorexia; Vigorexia)
 A Anorexia é um Distúrbio Alimentar e Psicológico que envolve sinais como não querer se alimentar, comer muito pouco e ter obsessão para emagrecer, mesmo quando o peso está adequado ou abaixo do ideal. Desta forma, Devido à falta de nutrientes e calorias, a anorexia nervosa pode levar a problemas como desnutrição, desidratação, e nos casos mais graves pode levar à morte.
 A bulimia nervosa é um transtorno alimentar em que o paciente ingere de forma descontrolada uma grande quantidade de alimentos, num ato de compulsão alimentar e depois fica arrependido e tenta compensar esse exagero de diversas formas (Ex: Provocando o Vômito; Ficando Longos períodos sem comer nenhum alimento; Tomando laxantes de forma exagerada; Praticando exercícios físicos de forma exagerada).
 A Ortorexia é uma preocupação excessiva em relação à alimentação, uma busca exagerada para comer de forma saudável que se traduz em uma dieta pouco variada, que pode levar à perda de peso e desnutrição.
 A Vigorexia é a insatisfação com o próprio corpo, que afeta principalmente os homens, levando-os à prática exaustiva de exercícios físicos. Os vigoréticos adotam uma alimentação muito restritiva e passam a eliminar o consumo de gorduras, exagerando no consumo de alimentos ricos em proteínas, com vistas no aumento muscular. Além disso, É bastante comum que eles também abusem dos anabolizantes.

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