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Bruna Oliveira de Paula – UFMT Medicina Psiquiatria Suicídio O comportamento suicida engloba desde ideias e pensamentos sobre morte ate tentativa fatal. A faixa etária de maior prevalência é entre os 15 e 35 anos e as principais formas de tentativas de suicídio são: ingestão de venenos, sufocamento e uso de armas de fogo. Etiopatogenia O suicídio envolve vários fatores socioculturais, genéticos, psicodinâmicos, existências e ambientais, sendo que um transtorno mental é considerado um forte fator de risco, dentre esses tem-se: Transtorno de humor ➔ transtorno por uso de substancias ➔ transtornos de personalidade ➔ esquizofrenia. A associação de mais de um transtorno eleva o risco de suicídio. Apresentação clinica Estágios do desenvolvimento da ideação suicida: Ambivalência ➔ atitude interna dos pacientes que pensam em sucidio: querer morrer mas também querer viver. O predomínio do desejo de vida possibilita a prevenção. Se for dado apoio emocional e o desejo de vier aumentar o risco de suicídio ↓. Impulsividade ➔ pode ser uma natureza da tentativa. Transitório, pode durar minutos ou horas. Costuma ser desencadeado poe eventos negativos do dia a dia. Acalmando a crise e ganhando tempo pode-se ↓ o risco. Rigidez / constrição ➔ consciência dicotômica (ou tudo ou nada). Pensam no suicídio como única solução e não conseguem encontrar alternativas para resolver o problema. Marcadores de gravidade • Tentativas previas • Comportamento retraído / inabilidade social • Transtornos mentais: alcoolismo, ansiedade, pânico, irritabilidade, apatia, pessimismo, mudança de hábitos alimentares e sono, odiar-se, sentimento de culpa, sentir-se sem valor ou com vergonha, sentimentos de solidão, impotência, desesperança, transtornos de humor ou psicóticos • Perda recente importante • História familiar de suicídio • Desejo subido de concluir afazeres pessoais • Cartas de despedidas • Doença física ou crônica • Menção repetida de morte ou suicídio Fatores de risco: • Depressão • Transtorno afetivo bipolar • Dependência de álcool • Dependência de outras substancias • Esquizofrenia • Transtorno do pânico • Transtorno de estresse pos traumático • Transtorno de persoalidade • Doenças clinicas incapacitantes • Delirium • Sexo masculino • 15 e 35 anos • Desempregados ou aposentados • Menor grau de escolaridade • Área urbana • Isolamento social • Estado civil • Migrantes • Pessoas com conflitos sexuais • Perdas recorrentes • Dinâmica familiar complexa Abordagem diagnóstica Devemos perguntar sobre pensamentos suicidas, seu conteúdo e duração dos mesmos. Frequentemente eles dao sinais ou fazem comentários sobre querer morrer. Os sentimentos contidos podem ser de desesperança, depressão, desamparo e desespero. Devemos ir com calma com os pacientes suicidas, perguntando primeiramente se sente-se triste, se alguém se preocupa com ele, se pensa que seria melhor morrer ou estar morto ou que a vuda não vale mais a pena ser vivida. Escore prognostico Baixo risco ➔ alguns pensamentos suicidas, mas não fez nenhum plano concreto Médio risco ➔ possui pensamentos e planos, mas não planeja cometer o ato imediatamente Bruna Oliveira de Paula – UFMT Medicina Alto risco ➔ possui um plano definido, meios para faze-lo e deseja prontamente. Pode já ser romado medidas previas e parece estar se despedindo. Abordagem terapêutica Alguns médicos podem tentar fazer um contrato de segurança com o paciente, em que este se compromete a não se machucar ou, caso queira, procura-lo ou outra ajuda. Esquizofrenia ➔ tratamento multidisciplinar. Nesses casos deve-se avaliar a resposta a medicação, se for insatisfatória devemos avaliar a ingesta e a adesão. Caso tenha ↓ adesão tentar medicamentos de depósito. Depressão ➔ importante tratamento multidisciplinar + psicoterapia. Se houver sintomas psicóticos, antipsicóticos devem ser incluídos no tratamento e em aguns casos é indicada a eletroconvulsoterapia (ECT). Transtorno afetivo bipolar ➔ associado a maior risco de suicídio. Necessário um tratamento estabilizador de humor, sendo o lítio considerado primeira opção. Deve-se ficar atento ao risco de overdose fatal. Transtorno por uso de álcool ➔ tratar adequadamente a sindrome de abstinencia para que o paciente possa aderir ao tratamento. Transtornos de personalidade ➔ manejo clinico em situações de crise e iminência de recorrerem a tentaticas de suicídio. • Oferecer apoio • Contruir com o paciente objetivos escalonados • Iniciar abordagem do pensamento suicida pelos fatores desencadeantes trazidos pelo paciente • Mostrar e trabalhar distorções cognitivas • Reforçar os vínculos saudáveis do paciente • Fortalecer sensações de pertencimento a um grupo ou comunidade • Se já tentou suicídio, trabalhar finalidade • Medicações sobre sintomas alvos como: impulsividade (estabilizadores do humor ou neuropléticos) • No inicio do tratamento com antidepressivos a ideação suicida pode estar aumentada • Reestruturação psicodinâmica de longo prazo Critérios de internação Em casos de maior risco tentar internação voluntaria, se não houver convencimento do paciente e o risco de suicídio for iminente, pedir ajuda aos familiares, pois há casos em que a internação involuntária é necessária. Acompanhamento ambulatorial É opção quando não há risco iminente de suicídio, apenas pensamentos. As intervenções devem envolver familiares ou pessoas próximas que possam acompanhar o paciente ate que este se encontre estável. Restringir o acesso dos pacientes a métodos que possam ser usados para se lesionarem como armas de fogo ou medicamentos. Evitar situações que possam desestabilizar o paciente e estimula-lo ao ato. Evitar álcool ou outras substancias que não tenham sido prescritas pelo medico. Fatores de proteção • Suporte familiar • Presença familiar • Ter filhos ou estar gravida • Ter uma crença religiosa OBS: não contar aos pacientes sobre outras pessoas que tiveram dificuldades piores. Não emitir julgamentos ou tentar doutrinar. Orientações conforme o escore de risco Baixo risco ➔ oferecer apoio emocional, trabalhar sentimentos suicidas, focar nos aspectos positivos da pessoa, encontrar o paciente em intervalos regulares. Médio risco ➔ oferecer apoio emocional, trabalhar os sentimentos suicidas, focar nos aspectos positivos do individuo, focar nos sentimentos de ambivalência, explorar alternativas ao suicídio, fazer um contrato, encaminhar ao especialista, entrar em contato com a família (caso o paciente permita). Alto risco ➔ estar junto com a pessoa e nunca deixa-la sozinha, falar gentilmente com o paciente e remover pílulas, armas, venenos, etc. fazer um contrato e tentar ganhar tempo, informar a família, providenciar serviço de emergência especializada, incluindo ambulância, permanecer sempre em observação, pois este pode tentar com o meio que estiver disponível. Centro de valorização da vida Realiza apoio emocional e prevenção ao suicídio, atendendo voluntaria e gratuitamente todos que querem e presisam conversar sobre sigilo, funcionando 24h todos os dias. É possivel ligar para o numero 188 ou 141. Há também postos de atendimento e a possibilidade de acesso por chat, Skype ou email. Intervenção após um suicídio Após o suicídio de um individuo deve-se lancar mao de intervenções que auxiliem os familiares, amigos e colegas de trabalho para que compreendam por que isso aconteceu e ao mesmo tempo tentem diminuir o sentimento de culpa. É importante avaliar outras pessoas com risco de suicídio, assim como prevenir o transtorno de estresse pos traumático, o luto patológico e as síndromes depressivas.
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