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Gabriela Carli – MED 112 Página 1 RESUMO 2º TVC PARASITOLOGIA GIARDIASE → PP (Giardia duodenalis, G. intestinalis e G. lamblia). Morfologia • Trofozoíto → habita ID, tem face ventral com disco adesivo (microtúbulos + giardinas = adesão ao ID) o Manifestações clínicas! • Cisto → forma de transmissão o Parede cística → resistência a desinfetantes e a variações de temperatura. Ciclo biológico • Parasita é monoxeno de ciclo biológico direto • Ingestão de cistos → desencistamento (estômago e duodeno) → liberação do excitozoíto (estado ativo) → reprodução: 4 trofozoítos → colonização do ID e adesão à mucosa → encistamento no ceco → eliminação para o exterior (viáveis durante muito tempo no ambiente). Transmissão • Via fecal-oral → ingestão de água e alimentos contaminados com cistos • Contato direto → mãos contaminadas com cistos. Imunidade • Muco dificulta a adesão dos trofozoitos à mucosa do ID • IgA: interfere na adesão do parasito (outros: IgM, IgG, anti-giardia) • Recrutamento de monócitos, macrófacos, granulócitos e mastócitos. • Aumento de LT Patogenia • Achatamento/atrofia das microvilosidades → causa distúrbios intestinais Gabriela Carli – MED 112 Página 2 • Trofozoito secreta toxinas sob a mucosa → inibe absorção de nutrientes e atividade enzimática. • Alterações também ocorrem devido À resposta inflamatória. Sintomatologia • Maioria assintomática → ocorre em adultos e crianças • Forma aguda: diarréia aquosa, explosiva e fétida com gases e distensão abdominal, sem sangue ou muco. Dura poucos dias. • Forma crônica: episódios de diarréia contínuos, intermitentes ou esporádicos durante anos. o Acompanha esteatorreia, perda de peso e má absorção de vitaminas ADEK, B12, Fe++, xilose e lactose. Diagnóstico • Clínico: sinais e sintomas • Laboratorial o Parasitológico: exame microscópico de fezes (fezes formadas tem cistos, diarréicas tem trofozoitos) 3x em dias alternados. o Imunológico: imunofluorescência direta, ELISA, PCR. Tratamento • Metronidazol (padrão ouro) • Tinidazol, ornidazol, secnidazol. Profilaxia • Higiene pessoal, saneamento básico, proteção alimentos e tratamento de água, cuidar dos doentes. Epidemiologia: cosmopolita e negligenciada. TRICOMONÍASE → Elaine Trichomonas vaginalis Morfologia • Somente trofozoítos, sem cistos → tende a formar pseudópodes • Desprovido de mitocôndrias, tem hidrogenossomos Habitat: exclusivo do trato genitourinário masculino e feminino. Fisiologia: anaeróbico facultativo, vive em pH entre 5 e 7,5 e T entre 20 e 40ºC. Transmissão • DST (direto) • Indireto: roupas de cama, vasos sanitários, instrumentos ginecológicos contaminados, roupas íntimas, canal parto (raro) Patogênese • Aumento pH da vagina de 4 para maior que 5 • Redução dos lactobacilos e aumento das bactérias anaeróbicas • Adesão e citotoxicidade → adesinas, cisteína-proteases (degradam C3 do sistema complemento e IgG, IgM e IgA). • Se autorreveste de PTN do hospedeiro → disfarce para s imune. Patologia • Gravidez: resposta inflamatória altera membrana fetal. o Relação com parto imaturo, RN com baixo peso, endometriose pós gravidez, morte neonatal. Gabriela Carli – MED 112 Página 3 • Fertilidade: aumenta o risco de infertilidade → doença inflamatória pélvica destrói as tubas e as células ciliadas. • Transmissão do HIV: o Inflamação → recruta LT CD4 para vagina e uretra, facilitando contato das LT com o vírus. o Causa hemorragia na mucosa → acesso vírus ao sangue o Degrada inibidor de protease leucocitária secretória → bloqueia o ataque do HIV às células o Em HIV+ → aumenta capacidade de disseminação. Sintomatologia • Mulher (3 a 20 dias de incubação, aparecem na TPM e gravidez) o Vaginite (corrimento vaginal amarelo-esverdeado, bolhoso, fétido) + prurido + irritação + dor no baixo ventre + desconforto na vulva o Dor e dificuldade no sexo o Dor ao urinar e poliúria o Colpitis macularis → erosão e hemorragia no cérvix. • Homem o Comumente assintomática o Uretrite com fluxo leitoso e prurido + corrimento claro e viscoso pela manhã + ardência miccional. o Pode causar prostatite, balanopostite e cistite. Diagnóstico • Laboratorial (sempre necessária) o Microscópico → exame direto a fresco: análise do esfregaço (corado ou não) do protozoário móvel. • Imunológico o Aglutinação e ELISA o Imunofluorescência direta/indireta Tratamento: metronidazol e tinidazol. Profilaxia: sexo seguro, abstinência sexo com infectados, tratar o parceiro. Epidemiologia: cosmopolita com incidência mundial alta entre 16 e 35 anos Gabriela Carli – MED 112 Página 4 LEISHMANIOSE → ELAINE Morfologia • Amastigotas: ovais, esféricos ou fusiformes com núcleo grande • Promastigotas: formas fageladas encontradas no TGI do invertebrado. o Metacíclicas → forma infectante para hospedeiro vertebrado • Paramastigotas: adere-se ao TGI do inseto. Reprodução: ocorre por divisão binária Ciclo biológico • Fêmea do vetor pica vertebrado → inocula promastigotas metacíclicas → fagocitose por macrófagos (internalização para o vacúolo fagocitário) → amastigota → se multiplica no vacúolo → ruptura do macrófago → liberação dos amastigotas (podem infectar novos macrófagos) no sangue → picada do inseto → amastigotas infectam invertebrado → multiplicação no intestino (3/4 dias) → promastigotas longas e delgadas → digestão e excreção do alimento (3 a 5 dias) → migração → promastigotas curtas, largas e livres → promastigotas arredondadas e fixas → promastigotas metacíclicas → picada • Necessário que inseto tenha dieta rica em carboidratos e faça toda a digestão do sangue antes da próxima alimentação. LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA (I) (Leishmaniose brazilienses → principal, mas há várias) Hospedeiros • Invertebrados: insetos do gênero Lutzomyia (flebotomíneo) • Vertebrados: mamíferos (podem se comportar como reservatórios → endemia e dispersão). Transmissão Gabriela Carli – MED 112 Página 5 • Picada da fêmea hematófaga do Lutzomyia → deposita promastigotas metacíclicas no tecido subcutâneo (incubação de 2 semanas a 3 meses) Patogenia • Somente macrófagos fixos não estimulados são hábeis para infecção. • Lesão inicial: infiltrado inflamatório de linfócitos e maccrófagos na derme → pode regredir, estagnar ou evoluir para histiocitoma (local da picada). • Evolução da lesão: hipertrofia do extrato córneo e da papila, com acumulo de macrófagos → infiltrado celular de linfócitos ao redor da lesão → necrose → lesão ulcerocrostosa → perda da crosta → pequena ulcera com bordas e fundo granuloso → ulcera leishmaniosa → disseminação linfática, hematogênica → metástases cutâneas e mucosas. o Ulcera leishmaniosa → circular, com borda em moldura, granulosa e avermelhada, com exsudato seroso Formas clínicas LEISHMANIOSE CUTÂNEA • Formação de ulceras restritas a derme, com ulceração da epiderme → pode evoluir para forma vegetante verrucosa com queda na densidade de parasitos. • Leishmaniose cutâneo disseminada → em imunossuprimidos. • L. brazilienses: úlcera de bauru, ferida seca/brava, bouba → infecção irregular e crônica, forma cutânea mais destrutiva. • L. guyanensis: pian bois → ulcera em forma de cratera de lua dissemina → metástases linfáticas → linfagite e linfadenopatia. • L. amazonensis: ulceras simples e limitadas em humanos. • L. laisonsi: úlcera cutânea única. LEISHMANIOSE CUTANEOMUCOSA • L. brasiliensis → “nariz de tapir, anta” • Tratamento tem resposta lenta e possibilidade de recidivas. • Lesão destrutiva secundária → disseminação metastásica para nariz, faringe, boca e laringe → destruição do septo aumenta nariz. o Mutilação dificulta respirar, falar, comer o Infecções oportunistas causam complicações respiratórias. Gabriela Carli – MED 112 Página 6 LEISHMANIOSE CUTÂNEA DIFUSA • L. amazonensis no Brasil • Não responde ao tratamento,tem difícil remissão clínica. • Começa com úlcera única → metástases de um sítio para outro → lesões difusas não ulceradas por toda a pede. Diagnóstico • Clinico: anamnese + lesão + epidemiologia • Laboratorial: o Esfregaço, histopatológico, cultura, inocular sangue em animal o Teste intradérmico de Montenegro o Imuno: PCR e imunofluorescência indireta. Tratamento: antimoniais pentavalentes → glucantine e estibogluconato de Na+ • Vacina para imunoprofilaxia. Profilaxia: uso de inseticidas, repelentes e mosquiteiros, manejo ambiental com a limpeza de terreiros, construir casas longe da mata, tratar humanos. LEISHMANIOSE TEGUMENTAR DO VELHO MUNDO (II) Agentes etiológicos • L. tropica: leishmaniose cutânea antroponética/urbana → úlceras indolores na pele, sobretudo na face, que demoram a cicatrizar e podem reincidir. Se não tratada, pode ser desfigurante. • L. major: leishmaniose cutânea zoonótica ou rural → ulcera indolor evolui rápido para ulcera úmida e múltipla (4 meses) • L. aethipica: lesões cutâneas simples que não tende a ulcerar ou afetar mucosas → é lenta e pode causar (raro) lesão cutânea difusa. Diagnóstico e tratamento → iguais ao da leishmaniose tegumentar americana. Profilaxia: medidas contra vetores e reservatórios. Gabriela Carli – MED 112 Página 7 LEISHMANIOSE VISCERAL AMERICANA (III) Calazar (L. donavani, L. infantum chagasi) Transmissão • Picada fêmea Lutzomyia longipalpis. • Compartilhamento de seringas • Transfusão sanguínea → exige que parasito esteja no sangue periférico do doador e sobreviva a estocagem. • Congênita. Patogenia • Reação inflamatória → lesão causa infecção local → dissemina para linfonodos e vísceras → dissemição linfática e hematogênica. • Causa alterações • Esplênicas: esplenomegalia (macrófagos parasitadissimos) • Hepáticas: hepatomegalia + fibrose septal e portal (deposição de material hialino) • No tecido hemocitopoietico: MO hiperplásica e densamente parasitada. o Desregulação da hematopoiese → queda da produção de células do sangue → anemia normocítica e nermocrônica o Leucopenia: queda de neutrófilos, eosinófilos e basófilos. o Queda de plaquetas → hemorragia. • Renais: advém da deposição de imunocomplexos. o Glomerulonefrite proliferativa e nefrite intersticial o Albuminuria e creatina alta. • Linfonodos: aumentados. • Pulmonares: o Pneumonite intersticial com espessamento dos septos pulmonares + fibrose septal →pode desenvolver brocopneumonia o Principal sintoma → tosse seca. • Do TGI: edema e alongamento das microvilosidades. • Cutâneas: descamação e queda capilar, lesão nodular → leishmaniose dérmica pós-calazar. Quadro clínico • Febre intermitente, mucosas pálidas, esplenomegalia, hepatomegalia e enfraquecimento do paciente • Curso da doença: anemia, epistaxe (sangramento nasal), hemorragia gengival, edema, icterícia, ascite, anorexia e desnutrição. • Assintomática: febre baixa recorrente, tosse seca, diarréia, sudorese → cura espontânea ou manter parasito sem evolução. • Fase aguda: febre alta, mucosa pálida, hepatoesplenomegalia discreta. Evolução dura 2 meses, com alta de IgG anti-leishmania. Parasitismo pouco intenso na MO. tosse não produtiva, diarréia, dor abdominal • Fase crônica (calazar clássico): febre irregular + agravamento dos sintomas → emagrecimento (desnutrição protéico-calórica), caquexia (enfraquecimento), aumento abdominal, edema, dispneia, celaleia. o Imunossupressiva → morte ocorre por infecções oportunistas (pneumonia, broncopneumonia, tuberculose, etc). o Considerada infecção oportunista em HIV + Gabriela Carli – MED 112 Página 8 • Leishmaniose dérmica pós-calazar (L. donavani) o Lesões variadas na pele, com hipopigmentação, pápulas ou maculas. Diagnóstico • Clinico: sinais e sintomais + endemia • Laboratorial: o Pesquisa do parasito: aspiração de órgãos afetados ou esfregaçi sanguíneo. o Imunológico: imunofluorescência indireta, ELISA, teste rápido imunocromatográfico (buscam IgM e IgG) o PCR. Tratamento: antimoniais pentavalentes (Brasil usa Glucantine) • Recidiva → desoxilato de Na+ de anfotericina B, pentamidinas e imunomoduladores (em hospital, tratamento de até 40 dias). Profilaxia e controle: tratar doentes, eliminar cães infectados, combate ao vetor, vacinar cães contra leishmaniose canina. Epidemiologia: Zoonose → Doença tropical negligenciada epidêmica em 88 paises DOENÇA DE CHAGAS → PP Tripasonoma cruzi Morfologia • Hospedeiro vertebrado: o Amastigota: arredondada, encontrada intracelularmente. o Tripomastigota: encontrada extracelularmente, variam sua morfologia ▪ Formas delgadas (Fase inicial): mais infectantes para as células → parasitemia precoce mais sensível aos ac. → fase aguda no baço, fígado e MO (macrofagotrópicas), menos capazes de desenvolver no vetor. ▪ Formas largas (Fase tardia): demoram mais a adentrar a célula → parasitemia tardia menos sensível aos ac (resiste e permanece mais tempo no sangue). → tropismo para mm liso, cardíaco e esquelético (miotrópicas) • Hospedeiro invertebrado: o Esferomastigota: no estômago e ID do triatomídeo, arredondada com flagelo livre. o Epimastigota: alongada, em todo ID do triatomídeo (forma que infecta vetor). o tripomastigota: no reto do vetor. Metacíclico → forma de infecção do vertebrado. Ciclo biológico • heteróxeno com multiplicação intracelular no vertebrado e extracelular no vetor. Gabriela Carli – MED 112 Página 9 • No hospedeiro vertebrado o repasto sanguíneo + defecação (liberação dos tripomastigotas metacíclicos) → penetram na picada → sistema monocítico fagocitário de pele e mucosas → amastigotas se multiplicam por divisão binária → diferenciação em tripomastigotas → caem no sangue e tecidos → destruídos ou ingeridos por triatomídeos em nova picada → diferenciação em epimastigotas → endocitose e formação do vacuolo parasitório → destruição das formas epimastigotas e preservação das tripomastigotas → transformação em amastigotas → divisão binária → alongamento (conversão a tripomastigotas) → célula parasitada rompe → libera tripomastigotas no sangue. • No hospedeiro invertebrado o Triatomídeo ingere sangue com tripomastigotas → epimastigotas no estômago e ID → divisão binária (infectam vetor) → reto → tripomastigotas → eliminação nas fezes/urina. Transmissão • Penetração de tripomastigotas metacíclicos na pele. • Transfusão sanguínea e congênita (ninhos de amastigotas na placenta) • Acidentes de laboratório • Transmissão oral → amamentação, canibalismo entre animais,ingestão do triatomídeo ou de suas fezes (açaí e cana de açúcar) • Coito e transplante. QUADRO CLÍNICO FASE AGUDA • Sintomática ou não dependendo do estado imune do hospedeiro. Gabriela Carli – MED 112 Página 10 • Febre, edema, poliadenia, hepatomegalia, esplenomegalia, insuficiência cardíaca. • Manifestações locais o Sinal de Romaña: edema bipalpebral unilateral, congestão conjuntival, linfadenite e presença de parasitos. o Chagoma de inoculação: formação de complexo cutâneo- linfonoidal → aparecimento de chagoma primário (inflamação local na derme/epiderme no local da picada. FASE CRÔNICA • Assintomática → longo período após a fase aguda (10 a 30 anos) → fase latente: exames dão positivos para parasita, mas não há sintomas, nem alterações anatômicas ou cardíacas (ECG NORMAL) • Sintomática o Forma cardíaca: cardiopatia chagásica crônica sintomática ▪ Insuficiência cardíaca congestiva: dispnéia de esforço, insônia, congestão visceral e edema MMII ▪ Aneurisma de ponta + herniação do endocárdio ▪ Tromboembolismo ▪ Bloqueios, arritmias e extrassistoles → denervação parassimpática do coração. o Forma digestiva: destaque para os “megas” → causam desnutrição ▪ Megaesôfago: disfagia, dor retroesternal, regurgitação, pirose (azia), soluço, tosse, sialose (salivação) ▪ Megacólon: obstipação (prisão de ventre),obstrução intestinal e perfuração podem causar peritonite. o Forma nervosa: denervação. o Formas mistas: superposição das formas clínicas. DOENÇA DE CHAGAS TRANSFUSIONAL • Ausência de chagoma, presença de febre → evolui para forma indeterminada ou crônica sintomática. • Comuns: linfadenopatia e esplenomegalia, sono, fadiga e tremores • Raro: palidez, edema periorbital, hepatomegalia e exantema. CHAGAS CONGÊNITA • Pode ocorrer em qualquer momento da gravidez • Placenta: aumento de volume, peso e coloração → pálida e edemaciada, com cotilédones volumosos. o Placentite chagásica associada ou não a necrose Gabriela Carli – MED 112 Página 11 • RN nascido vivo → peso reduzido, hepatoesplenomegalia, abdome distendido, insuficiência cardíaca congestiva. • Natimorto → causas da morte são mingoencefalite, miocardite, infecção CHAGAS NO IMUNOSSUPRIMIDO • Encefalite multifocal necrotizante • Parasitos podem ser encontrados no liquor, pele e exsudato peritoneal. Diagnóstico • Clínico: sinais iniciais, origem do paciente e outros sintomas da fase aguda. • Laboratorial: o Fase aguda: alta parasitemia, AC inespecíficos e elevação IgM e IgG. ▪ Exame de sangue a fresco ou em gota espessa ▪ Xenodiagnóstico, hemocultura ▪ Inoculação do sangue em cobaias ▪ ELISE, imunofluorescência indireta. o Fase crônica: parasitemia baixa, presença de IgG ▪ Xenodiagnóstico, hemocultura ▪ PCR, ELISA, imunofluorescencia indireta ▪ Fixação de complemento. Tratamento: eficaz apenas na fase aguda → benzonidazol e Nifurtimox. Profilaxia: melhoria habitações, combate vetor, controle doações de sangue e da transmissão congênita (pré-natal) Epidemiologia: doença negligenciada, presente em toda a América Latina. MALÁRIA → CLARISSE Plasmodium falciparum, P. vivax, P. malariae, P. ovale Morfologia • Esporozoíto: alongado, com núcleo central, camada externa interage com as células do hospedeiro. • Exoeritrocítica: ocorre após penetração no hepatócito → arredondado (trofozoíto) → multiplica-se e forma criptozoíto • Merozoíto: invasor exclusivo de hemáceas, menores e arredondados, com 3 camadas de mambrana externa. • Formas eritrocíticas: trofozoíto jovem e maduro, esquizonte, gametócitos. • Microgameta: flagelada, advém da exflagelação. • Macrogameta: onde ocorre a penetração do microgameta (fecundação) • Oocineto: alongado e vermiforme • Oocito: produz até 1000 esporozoítos, é pigmentado e envolto em cápsula. Habitat: Humanos: sangue, hepatóctito, hemácea / Vetor: matriz peritrófica, epitélio médio, hemolinfa e glândulas salivares. Ciclo biológico Gabriela Carli – MED 112 Página 12 No vertebrado • Inoculação de esporozoítos infectantes pelo vetor → caem na corrente sanguínea/vasos linfáticos → infecção do hepatócito → trofoxoítos pré- eritrocíticos → reprodução: esquizogonia (assexuada) → esquizontes teciduais (ficam no fígado → hipnozoítos em latência) e merozoítos → liberação dos merozoítos no sangue pelos merossomos → invasão hemáceas → esquizogonia → diferenciação em gametócitos → ingestão pelo vetor. o Ciclo sanguíneo se repete ao longo de x horas → ao se alimentar de hemoglobina, liberam hemozoína (pigmento malárico) no sangue. No invertebrado • Repasto sanguíneo → ingestão gametócitos → gametogênese → gametas extracelulares → formação de macrogameta (feminino) e 8 microgametas (masculino) → fecundação → zigoto → após 24h → oocineto → encista no epitélio do intestino → oocisto → divisão esporogônica (9 a 14 dias) → ruptura oocisto → libera esporozoítos → atingem glândulas salivares → injeção no vertebrado no próximo repasto sanguíneo. Transmissão • Inoculação de esporozoitos infectantes pela fêmea hematófaga do Anopheles. • Transfusão, compartilhamento de seringas, acidente de laboratório. • Congênita é grave. Patogenia • Apenas o ciclo assexuado é patogênico • Passagem do parasito pelo fígado não é patogênica! Gabriela Carli – MED 112 Página 13 • Destruição das hemáceas parasitadas: não causa a anemia (é causada pela destruição das hemáceas normais, ataque de autoac e disfunção da MO) • toxicidade das citocinas → liberação pirogênio endógeno (causa febre) , TNF alfa (extravasamento de líquidos de glomérulo e alvéolo → malária grave pulmonar e renal), IL-1, IL-6 e IL-8 o produzem NO → inibe função celular → coma o citocinas inibem gliconeogênese → hipoglicemia o efeitos sobre a malária causa a gravidade dessa na gravidez. • seqüestro eritrócitos na rede celular: mecanismo de escape do parasito da destruição do baço → citoaderência endotelial e formação de rosetas principalmente nas vênulas de órgãos vitais (substancia branca do cérebro, coração, fígado, rins, intestino) → reduz fluxo de O2 → malária grave (agressão dos órgãos vitais). • lesão dos capilares por deposição de imunocomplexos: causa glomerulonefrite e proteinúria. Quadro clínico • incubação varia de uma espécie para outra (entre 9 e 40 dias). • Fase inicial (precede a febre): mal-estar, cefaléia, cansaço, mialgia • Ataque paroxístico agudo → ruptura das hemáceas: calafrio e sudorese de 15 min a 1h • Seguido da fase febril (2 a 6h) → depois há sudorese e fraqueza (intermitente → relação com o ciclo eritrocítico de cada espécie) o Falciparum, vivax e ovale → 48 h o Malariae → 72 h • Desaparecimento dos sintomas → paciente estabiliza • Acessos maláricos + náusea + vomito + baço palpável • Fase crônica (ocorre em áreas endêmicas) → esplenomegalia reativa da malária • Infecção não tratada de P. malariae → síndrome nefrótica. Malária grave e complicada • Indicador de quadro grave → hipoglicemia, convulsão, vômitos repetidos, hiperpirexia (febre alta), icterícia, distúrbios da consciência. • Malária cerebral: cefaléia, hipertermia, vômito, sono, convulsão→ coma • Insuficiência renal aguda: retenção urina, aumento uréia e creatinina. • Edema pulmonar agudo: em gestantes, há hiperventilação e febre → síndrome da angustia respiratória (redução da PaO2) • Hipoglicemia: em crianças. • Icterícia: advém da hemólise excessiva e lesão hepática. • Hemoglobinúria: hemólise intravascular aguda maciça Diagnóstico • Clínico: sinais e sintomas + epidemiologia (área endêmica) • Laboratorial: pesquisar parasito no sangue periférico (esfregaço ou gota espessa) Tratamento: • P. vivax, P. ovale, P. malariae → cloriquina (pode ser associada a primaquina, esquizoncida tecidual → cura radical) • P. falciparum → artemeter + lufantrina + artesunato + mefloquina (não usar no 1º trimestre da gravidez) Gabriela Carli – MED 112 Página 14 • Quinina + doxiciclina • Grave: derivado de artemisina ou quinina. • Gestante: não usar primaquina nem artemeter + lufantrima + mefloquina no 1º trimestre. Profilaxia: • Contato: evitar áreas de risco, repelente, usar telas, quimioprofilaxia (doxiciclina e mefloquina em viajantes internacionais e imunossuprimidos) • Coletiva: combater vetor adulto (inseticida) e larvas (larvicidas), saneamento básico, melhor condição de vida. Epidemiologia → região tropical (Amazônia Legal) TOXOPLASMOSE → Sílvia Toxoplasma gondii Morfologia • Taquizoito: na fase aguda da infecção → proliferativa/livre, no vacúolo parasitóforo de macrófagos, hepatócitos, células pulmonares, nervosas, musculares → sensível ao HCl. Proliferação rápida por endodiogenia. • Bradizoíto: no tecido nervoso, mm esquelético, cardíaco e retina na fase crônica da infecção (cistozoíto). Multiplicação é lenta e parede do cisto protege do s. imune. • Oocistos: forma resistente ao meio ambiente. Produzidos nos enterócitos dos gatos não imunes e eliminados imaturos nas fezes. Ciclo biológico Fase assexuada: nos mamíferos e aves (humanos também). • Ingestão de oocistos maduros com esporozoítos (alimentos ou água contaminada), bradizoítos (carne crua), taquizoítos (leite) → epitélio intestinal → multiplicação intracelular → diferenciaçãopara taquizoítos → outras células (fase proliferativa) → ruptura ou evasão da célula → Gabriela Carli – MED 112 Página 15 disseminação pela linfa ou sangue (fase aguda) → morte ou aparecimento da imunidade → destruição dos parasitos extracelulares → evolução para cistos (fase crônica) → pode reagudizar. Fase sexuada ou coccidiana: nos enterócitos de felinos → hospedeiros definitivos. • Ingestão de cistos, oocistos ou taquizoítos → invadem epitélio intestinal → merogonia (multiplicação) → merozoítos (conjunto → meronte/esquizonte maduro) → ruptura da célula → disseminação para célula epitelial → gametócitos → formam microgametas e macrogametas → fecundação → ovo/zigoto → oocisto imaturo → ruptura célula epitelial → vai para as fezes → meio externo → maturação/esporogonia (1 a 5 dias) → esporocistos com 4 esporozoítos → ingestão pelo homem. Transmissão • Ingestão oocistos em água, alimento, solo, disseminado por moscas, carne crua, principalmente de porco e carneiro. • Passagem transplacentária (aumenta risco ao longo da gravidez) ou por rompimento de cistos no endométrio (gestante na fase crônica → raro). • Acidentes de laboratório, transplantes, transfusões. Patogenia → depende da cepa do parasito, da resistência da pessoa e o modo de infecção. Toxoplasmose transplacentária/pré-natal • Gestante: tem que estar na fase aguda ou ser reativada por imunodepressão. • Aborto, parto precoce, crianças com anomalias graves ou natimortos. • 1º trimestre: aborto • 2º trimestre: aborto ou nascimento prematuro com anomalias ou normal • 3º trimestre: criança nasce normal ou sinais da doença o Hepatoesplenomegalia, edema, miocardite, anemia, trombocitopenia, lesão ocular (exame em foco em roseta ou roda de carroça), nistagmo, estrabismo, catarata, irite. o Síndrome de Sabin → coriorretinite, calcificação cerebral, retardo psicomotor, micro/macrocefalia. Adquirida ou pós-natal • Ganglionar ou febril aguda: curso crônico e benigno, com febre e comprometimento ganglionar. • Ocular: coriorretinite e retinocorioidite → foco necrótico na retina + inflamação, pode causar cegueira ou curar por cicatrização. • Cerebroespinhal ou meningoencefálica: lesões focais m´ltiplas em cerebelo, área frontoparietal ou gânglio basal → cefaléia, febre, hemiparesia, confusão, convulsões, letargia. • Generalizada: rara e mortal → comprometimento cebebral, miocárdico, pulmonar, ocular, digestivo e testicular. • Cutânea/exantêmica: lesões na pele → evolução rápida e fatal. Diagnóstico • Clinico: difícil. • Laboratorial: o Demonstração parasito (raro) → colher liquido → taquizoíto. o Esfregaço Gabriela Carli – MED 112 Página 16 o Inoculação em cobaias. o Testes sorológicos e imunes → teste do corante, imunofluorescência indireta, hematoaglutinação indireta, ELISA ▪ Aguda: IgG, IgM e IgA ▪ Crônica: IgG ▪ RN: IgM Tratamento • Considerada incurável, medicamentos eliminam apenas taquizoítos (necessário seria eliminar bradizoítos) • casos agudos sintomáticos → pirimetazina + sulfadiazina/sulfadoxina + acido folínico. • gestante em fase aguda → espiramicina até final da gravidez (caso sem infecção fetal), sulfadiazina + espiramicina alternadas (confirmação da infecção fetal) • toxoplasmose ocular ativa → prednisona + antiparasitários • sistêmica em imunocomprometidos → pirimetamina + sulfadiazina. Profilaxia: cortar carne crua, leite cru da alimentação, controlar população de gatos, proteger caixas de areia, pré-natal para toxoplasmose, tratar grávidas na fase aguda, vacinas. Epidemiologia: alta prevalência na população mundial. AMEBÍASE → PP Entamoeba histolytica, E. díspar (responsável pela forma assintomática) Morfologia • trofozoíto: sem forma definina, ativo, alongado, pseudópodes e um núcleo o disenteria → há hemáceas no citoplasma o virulento → tem bactérias, grãos de amido • pré-cisto:intermediário entre trofozoíto e cisto, oval e menor. • metacisto: multinucleado, emerge do cisto no ID, origina trofozoito. • cistos: esféricos, 1 a 4 nucleos, tem reservas de glicogênio. Biologia: • habitam luz do intestino grosso, podem causar ulceras ao penetrar a mucosa. • Anaeróbicos → fazem fermentação alcoólica (sonho) • Fazem fagocitose e pinocitose e multiplicação por divisão binária. Ciclo biológico → monóxeno • DTA → ingestão de cistos maduros → caem no estômago → chegam ao IG → desencistamento → metacisto → divisão → trofozoítos metacísticos → colonização do intestino grosso → desprendem da parede e desidratam → pré-cisto → cistos mononucleados → cistos tetranucleados → eliminados nas fezes. • Amebíase extra-intestinal: trofozoítos (hematófagos e ativos) invadem submucosa intestinal → multiplicam-se → circulação porta → outros órgãos. Gabriela Carli – MED 112 Página 17 Transmissão • DTA → ingestão cistos maduros → alimentos podem ser contaminados por solo ou água com dejetos ou disseminados por moscas/baratas. • Portador assintomático → disseminador Patogenia e virulência • Infecções de anaeróbicas potencializam a virulência da E. histolytica. Quadro clinico • Formas assintomáticas (80% a 90%) • Sintomática: o Intestinal: pode causar perfuração, peritonite, hemorragia, estenose e colites pós-disentéricas. ▪ Disenteria (8 a 10x dia, cólicas intestinais e diarréia, evacuação mucosanguinolenta+ cólica + tenesmo + tremor ▪ Colite não disentérica (fezes moles ou pastosas com ou sem muco ou sangue + colicas), ▪ amebomas, apendicite o Extra-intestinal: pulmão, cérebro, baço, rim. ▪ Hepática: abscesso ou necrose → causam ruptosa, infecção e disseminação. Dor, febre, hepatomegalia, anorexia, perda de peso. ▪ Cutânea Diagnóstico • Clinico: confundida com outras doenças, retossigmoidectomia P/ exame • Laboratorial: o fezes formadas → busca por cistos com técnicas de concentração, centrifugação, exame direto (coletar as fezes em dias alternados). o Imunológicos: ELISA, RIFI, hemaglutinação indireta, contra- imunoeletroforese, radioimunoensaio. o Outros: RM, RX, TC, punção do abscesso, retossigmoidescopia. E. histolytica x E. díspar Gabriela Carli – MED 112 Página 18 • Morfologicamente semelhantes → só diferenciados pelo perfil eletroforético, PCR ou ELISA. Profilaxia: exame dos manipuladores de alimentos (buscar assintomáticos), educação sanitária, saneamento básico, combate às moscas (Vetor), lavar e tratar alimentos crus. Tratamento: • Atuam no IG: derivados da quinolona, AB (paramicina, eritromicina), furoato de diloxamina, clorobetamida, clorofenoxamida, declosan e etofamida. • Atuam no fígado: cloridrato de emetina e de diidroemetina e cloroquina. • Atuam em ambos: tetraciclina, clorotetraciclina, eitromicicna, espiramicina, paramomicina. Metronidazol (extra-intestinal), ornizadazol, nitroimidazol, secnidazol e tinidazol. Epidemiologia: endêmica e mais relacionada a condições sanitárias, cistos permanecem viáveis por 20 dias → mais comum em adultos. BABEBIOSE → CLARISSE Babesia SP → semelhante à malária Habitat → dentro das hemáceas Transmissão • carrapatos (intermediário), Amblyomma sp, Ixodes SP → esporozoíto. • transfusão sanguínea → trofozoíto, merozoíto. Hospedeiros → zoonose, animais silvestres e domésticos→homem é acidental Morfologia • Trofozoitos • Merozoitos (ambos no sangue) Ciclo biológico • Animal com babesia no sangue → carrapato pica animal → esporozoíto→ glândula salivar do carrapato → carrapato pica ser humano → inoculação do esporozoíto → penetração das hemáceas → trofozoíto/merozoíto. Gabriela Carli – MED 112 Página 19 Patogenia: doença febril aguda semelhante ao quadro da malária Sintomas: mialgia, anemia hemolítica → fadiga, icterícia, hemoglobinúria, FEBRE Diagnóstico: • Clínico: inespecífico e confundido com a malária. • Laboratorial: o fase aguda (parasitemia alta) → esfregaço corado com Giemsa para procurar trofozoítos, merozoítos.o Fase crônica (baixa parasitemia) → RIFI, ELISA (busca por AC) Profilaxia: tratar doentes, evitar contato com carrapato, retirar carrapato com pinça. Tratamento: antibiótico + antimalárico (dorquina, quinina, pirimetamma, pentamidina, dindomiona. BALANTIDÍASE Balantidium coli (maior protozoário ciliado que parasita o homem) Morfologia • Cisto: arredondado, forma resistente e infectante • Trofozoítos: forma patogênica (manifestação clinica) Habitat: intestino grosso (pode infectar porcos e macacos também) Ciclo biológico: monóxeno • Fezes suínas contaminadas → DTA → ingestão do cisto pelo homem → liberação do trofozoíto → reproduz por conjugação ou divisão binária → encistamento → trofozoítos e cistos são liberados nas fezes. Gabriela Carli – MED 112 Página 20 Patogenia: • Assintomática (maioria dos casos) • Sintomática: quadro semelhante à amebíase → diarréia crônica, disenteria (muco/sangue nas fezes), náusea, vômitos, dor abdominal, anorexia, febre. • Parasito pode lesionar a mucosa do IG → tem hialuronidase que ataca. Diagnóstico • Clínico: difícil, suspeita caso paciente tenha contato com porcos. • Laboratorial: HPJ ou métodos específicos para cistos. Tratamento: reposição de líquido, metronidazol + tetraciclina + antibiótico + dieta láctea (protozoário depende de amido, ausente no leite) Profilaxia: tratar doentes, higiene pessoal, vigilância na criação de suínos. Epidemiologia: mundial, maioria dos casos em criadores, tratadores e comerciantes de suínos, mas muito agressiva em crianças e imunodeprimidos.
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