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RADIOLOGIA TORÁCICA SBCMC III - 2021.1 Cirurgia Torácica CASOS CLÍNICOS DE INTRODUÇÃO CASO 01: paciente de 30 anos, com quadro de dor torácica à direita de forte intensidade há 02 horas associado à dispneia progressiva. Nega trauma. Nega episódios prévios. Resolução: ● Lado direito mais hipertransparente ● Desvio do mediastino para o lado esquerdo ● Linha da pleura visceral aparente no lado direito ● Diagnóstico: pneumotórax hipertensivo a direita ○ Presença de ar na cavidade torácica CASO 02: paciente feminina, 60 anos, com queixa de dor epigástrica de forte intensidade há 01 dia, associada à náuseas e vômitos evoluindo com dor abdominal difusa. ● Exame Físico: ○ REG, consciente, orientada, taquipneica, descorada 2/4+, desidratada 2/4+ ○ BR taquicardicas 2T, FC = 120, PA = 90x60mmHg ○ MV+ bilateralmente sem RA, FR = 28 ○ Abdome plano, RHA+, dor à palpação profunda difusamente, DB+. Resolução: ● Linha diafragmática visível a direita ● Indica presença de ar na cavidade peritoneal ● Diagnóstico: pneumoperitônio. AVALIAÇÃO SISTEMÁTICA DO RX DE TÓRAX A) VIAS AÉREAS No RX de tórax conseguimos avaliar 03 estruturas: traqueia e brônquios principais direito e esquerdo. Traqueia: ● A traqueia em adultos mede de 18 a 22 cm, cada um com em torno de 0,5 cm. ● Sempre analisar seu calibre e se há desvio Brônquios Principais: o brônquio principal esquerdo é mais longo e horizontal, e o direito é mais curto e vertical. ● Na hora da intubação, se você introduzir muito o tubo orotraqueal, ele acaba entrando no brônquio principal direito, que é mais curto e vertical, e o paciente fica com uma intubação seletiva. ○ O pulmão esquerdo vai colapsar porque não recebe ar - atelectasia. ■ Vai haver desvio do mediastino para o lado homolateral. ● Diante de uma broncoaspiração ou aspiração de corpo estranho, o pulmão direito é mais afetado, porque sua verticalização facilita a passagem do conteúdo aspirado. B. PULMÕES Anatomia: ● Pulmão Direito: ○ 03 lobos: superior, médio e inferior ○ 02 fissuras: horizontal ou menor e oblíqua ■ A fissura horizontal divide os lobos superior e médio ■ A fissura oblíqua divide os lobos médio e inferior ○ É mais largo do que o pulmão esquerdo devido à presença do coração no lado esquerdo. Porém é mais curto devido à presença do fígado. ● Pulmão Esquerdo: ○ 02 lobos: superior e inferior + lingula ○ 01 fissura: oblíqua Anatomia Pulmonar no RX de tórax - Fissuras: ● A fissura horizontal na radiografia de tórax em PA fica localizada mais ou menos na altura do hilo pulmonar. ● Em em torno de 67% das radiografias de tórax em PA conseguimos visualizar a fissura horizontal. ● No RX em perfil nem sempre é possível visualizar as fissuras, variando muito de paciente para paciente. Anatomia Pulmonar no RX de Tórax - Lobos do Pulmão Direito: ● Lobo Superior Direito; começa no ápice da caixa torácica e termina na altura da borda cardíaca, ocupando o espaço ântero-superior da caixa torácica. ● Lobo Médio: começa na altura da borda cardíaca e vai até a altura do diafragma, ocupando a região anterior do tórax. ● Lobo Inferior Direito: começa na altura do arco aórtica e termina no seio costofrênico posterior. Anatomia Pulmonar no RX de Tórax - Lobos do Pulmão Esquerdo: ● Lobo Superior Esquerdo: começa no ápice da caixa torácica e vai até a altura do diafragma, ocupando a região ântero-superior ● Lobo Inferior Esquerdo: começa na altura do arco aórtico e vai até o seio costofrênico posterior. Derrame Pleural: ● É o acúmulo de líquido na cavidade pleural por causas variadas. ● Achados Radiológicos: ○ Apagamento do seio costofrênico no lado acometido ( 200-300 mL) ○ Curva/Parábola de Damoiseau (2L). ○ Opacidade total e desvio mediastinal para o lado contralateral (~ 5L) ● Às vezes, em derrames pleurais pequenos não é possível identificar a presença do líquido, então recomenda-se a realização do RX em decúbito de Laurell: paciente em decúbito lateral com o lado acometido para baixo, a emissão dos raios-x é horizontal. Pela ação da gravidade o líquido escorre, formando uma imagem paralela à parede do tórax. ● Em pacientes impossibilitados de mudar a posição ou até se levantar (internados em UTI, por exemplo), a radiografia é feita em decúbito dorsal e o derrame pleural (+200 mL) forma uma imagem que chamamos de “opacidade em véu” porque o líquido escorre e vai ocupar toda a porção posterior do tórax. Atelectasia: ● É o colapso do tecido pulmonar, com consequente perda de volume. ● Achados Radiológicos: ○ Opacidade total do hemitórax acometido ○ Desvio mediastinal ipsilateral Pneumotórax: ● É a presença de ar na cavidade pleural ● Achados Radiológicos: ○ Visualização da linha da pleura visceral ■ Pelo colabamento do parênquima pulmonar ○ Lado acometido mais hipertransparente ○ Apagamento da trama vasobrônquica ● Muitas vezes o pneumotórax vem acompanhado de um derrame pleural, então será visível a presença de nível hidroaéreo. C. CORAÇÃO, MEDIASTINO E GRANDES VASOS No raio-x de tórax, no que diz respeito ao coração e aos grandes vasos, podemos visualizar o arco da aorta, as artérias pulmonares, os átrios direito e esquerdo e o ventrículo esquerdo. Cardiomegalia: ● É a alteração cardíaca mais comum ● Índice Cardiotorácico: !!! ○ É a relação entre o tamanho do coração e o tamanho do tórax ○ ICT = maior comprimento horizontal do coração (a+b) / maior comprimento horizontal da caixa torácica (c). ○ O valor considerado normal é < 0,5 ■ ICT > 0,5 → cardiomegalia NORMAL CARDIOMEGALIA Derrame Pericárdico Crônico: ● É o acúmulo anormal de líquidos na cavidade pericárdica. ● A distensão do saco pericárdico no derrame pericárdico crônico gera uma imagem característica ⇒ Sinal da Moringa. ● Nos derrames agudos não dá tempo do saco pericárdico distender, geralmente o paciente tampona. ○ Tamponamento: pelo acúmulo do líquido o coração passa a sofrer uma pressão que o impede de ser preenchido adequadamente, consequentemente a ejeção de sangue também fica prejudicada. D. DIAFRAGMA Além do diafragma, devemos conseguir visualizar e analisar os seios costofrênicos e a bolha gástrica. Diafragma: ● O hemidiafragma direito, em 98% das pessoas, é mais alto do que o hemidiafragma esquerdo devido a presença do fígado. ● A porção central do diafragma é mais tendinosa, e as porções periféricas são de musculatura esquelética. ● No RX em PA é possível visualizar 02 linhas, correspondentes aos hemidiafragmas direito e esquerdo. ○ Como diferenciá-las? A linha que é visualizada em sua totalidade corresponde ao hemidiafragma direito, a que é visível apenas os terços médio e posterior corresponde ao esquerdo - o coração repousa sobre o hemidiafragma esquerdo. Seios Costofrênicos: ● Região formada pelo contato do pulmão com o diafragma e a costela (“cantinho”) ● É importante sempre observar a presença dos seios costofrênicos, pois o apagamento dos mesmos é patológico (derrame pleural) Bolhas Gástricas: ● A distância normal entre a bola gástrica e o diafragma é de 07 mm em 98% dos pacientes. ● O aumento dessa distância indica a presença de algo entre a bolha e o diafragma, por exemplo um derrame subpulmonar. Obs: nessa etapa da avaliação do RX de tórax é importante considerarmos a presença de pneumoperitônio, que é a presença de ar na cavidade pleural, geralmente decorrente da perfuração de vísceras ocas. E. ESQUELETO No RX de tórax conseguimos visualizar 05 grupos de ossos: os arcos costais, as clavículas, o esterno, as escápulas e os corpos vertebrais. Arcos Costais: ● No total temos 24 costelas (12 pares) ● A porção mais horizontalizada e mais visível no RX corresponde à porção posterior ● As primeiras costelas possuem um formato em “C” e a porção anterior mais visível - é importante conseguirmos visualizá-las para avaliar a qualidade técnica do raio-X Clavículas: ● Servem para a estabilização da cintura escapular e para proteção do plexo braquial e os vasos subclávios. ● A visualização das clavículas é importante para a avaliação da técnica do RX. Esterno: ● Visívelsomente no RX com incidência em perfil Corpos Vertebrais: ● São no total 12 vértebras torácicas ● Também são importantes para a avaliação da técnica Escápulas: ● Se o raio-x não tiver uma boa técnica, a escápula pode sair dentro do campo pulmonar e ser confundida com um pneumotórax ● O que diferencia a escápula de um pneumotórax é que quando a escápula sai na radiografia é possível visualizar as tramas do pulmão na parte externa da caixa torácica, além de poder visualizar as costelas, ao contrário do que ocorre no pneumotórax. F. DISPOSITIVOS Sonda Nasogástrica: ● Posição Ideal: pelo menos 10cm abaixo da junção esofagogástrica. ● Funções: descompressão gástrica e lavagens. Cateter Venoso Central: ● Posição Ideal: deve ficar em uma veia central, geralmente a Cava Superior. ● Funções: infusão de medicações, medida da pressão venosa central e também para pacientes sem acessos periféricos. Tubo Endotraqueal: ● Posição Ideal: 05 cm acima da carina ● A inserção errada do tubo pode levar a uma intubação seletiva que evolui com atelectasia do pulmão esquerdo. Dreno de Tórax: ● Posição Ideal: postero-apica, no 5º espaço intercostal na linha axilar média dentro da cavidade pleural Marca-passo: ● Posição Ideal: dentro da câmara cardíaca. TÉCNICA (EXECUÇÃO DO RX) POSSÍVEIS FALHAS TÉCNICAS: ● Rotação (a mais comum é a látero-lateral) ● Inspiração inadequada ● Penetrância subótima ROTAÇÃO Eixo Z: rotação látero-lateral ● A distância entre a cabeça da clavícula e o processo espinhoso das vértebras precisa ser igual para as duas clavículas, se houver diferença significa que o RX está rodado. ● Isso é importante porque pacientes com esse tipo de rotação podem apresentar alterações na área cardíaca, no mediastino e no hilo pulmonar. Eixo Y: rotação crânio-caudal ● No raio-x normal conseguimos visualizar pulmão acima das clavículas, quando há rotação crânio-caudal isso não é possível. ● Isso é importante porque pacientes com rotação crânio-caudal podem apresentar redução volumétrica dos pulmões e alteração da área cardíaca. Essa rotação também atrapalha a visualização das bases pulmonares. Eixo X: rotação no plano frontal ● É uma rotação benigna, que pode ser corrigida por computador caso não haja corte de estruturas. INSPIRAÇÃO INADEQUADA ● No raio-x com uma boa inspiração é possível visualizar entre 9 e 10 arcos costais, iniciando a contagem pela 1ª. ● Consequências: ○ Redução do volume pulmonar ○ Aumento da área cardíaca e do mediastino ○ Falsa aparência de edema pulmonar PENETRÂNCIA SUBÓTIMA ● No raio-x com boa penetrância é possível visualizar os espaços intervertebrais ● O raio-x com penetrância subótima atrapalha a visualização de algumas patologias ○ RX muito penetrado ⇒ atrapalha a visualização de pneumotórax ○ RX pouco penetrado ⇒ atrapalha a visualização de nódulos pulmonares
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