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Unidade II ARTES VISUAIS NA PRÉ-HISTÓRIA Profa. Janaína Santiago A arte pré-histórica: sistemas de representações Se entendermos a arte como um processo ligado às técnicas desenvolvidas pela ação humana e a relação entre sua capacidade mental e de ação, podemos associar essa produção aos povos pré-históricos. Podemos considerar que esses povos têm comportamentos semelhantes aos nossos, como o prazer visual ou tátil. Porém, a palavra arte é contemporânea, não existia na época. Desde tempos remotos, o homem representa o seu mundo e sua realidade por meio de imagens. Para os seres humanos, a ordenação visual sempre esteve presente, quer de forma figurativa, quer de forma abstrata. Essa ordenação do mundo por meio de imagens, da criação de símbolos, não pode ser considerada obra do acaso, deve ser admitida como representação do comportamento simbólico e social dos grupos que o produziram. A humanidade sempre teve necessidade de interpretar e organizar o mundo por meio dos elementos visuais. O que leva um homem que ainda não domina técnicas que garantam sua sobrevivência de forma adequada a externar, por meio de símbolos, o mundo que o cerca? É a partir de uma realidade dada que esse “artista” cria um elo entre o espectador e o mundo e estabelece uma multiplicidade de percepções e de interpretações desse mundo que o cerca. A seleção das imagens expressa um recorte que não é apenas pessoal, mas que representa informações relevantes tanto para quem as produziu quanto para o grupo que vai visualizar e relacionar-se com o objeto da produção. A compreensão de uma imagem é feita a partir do repertório daquele que a observa. As referencias pessoais e do grupo são fatores determinantes para isso. Assim, a produção de uma imagem não pode ser considerada obra do acaso, pois está inserida em um universo de representações e significados. As imagens rupestres, de várias partes do mundo, demonstram as tentativas do homem de externar o que via ao seu redor, criando assim uma gramática visual própria, uma linguagem, por assim dizer. São exemplos desta criação as cores a partir de pigmentos naturais, as linhas simples e as formas estilizadas que representam realidades distantes. Fonte: Pintura rupestre <http://www.objetivo.br/ConteudoOnline/mp/Pages/> Acesso em 10/03/2014. Trata-se de uma produção estética que foi feita para ser vista. Logo, dá supremacia à visão e concretiza de forma plástica o mundo que os rodeia. No Paleolítico, temos representações naturalistas e figurativas de extrema fidelidade ao real. No Neolítico, vemos um mundo representado de forma geométrica. Mais do que o real, as pinturas e gravuras rupestres são símbolos e conceitos que se desvendam aos olhos de um observador que vê um mundo descortinando-se em sua frente. O espectador tem a possibilidade de desvendar os códigos dessa produção imagética e o processo de fruição das imagens representadas. É a partir delas que podemos descobrir a relação que o homem estabelecia com o mundo, seus símbolos, suas crenças e sua forma de compreensão do “real”. Se podemos compreender um símbolo como um conceito ou figuração de uma determinada realidade, esse processo de figuração traz uma simbologia moral e intelectual que representa o momento em que foi produzido. O sentido só pode ser dado se for datado no momento mesmo em que é produzido. A presença da arte pré-histórica não é exclusiva de um único povo ou agrupamento, mas está presente nos mais diversos sítios arqueológicos de múltiplas e variadas regiões. Onde quer que esses vestígios sejam encontrados, encontramos também um universo simbólico e de representações. Segundo os pesquisadores, essa universalidade da arte pré-histórica ocorreria a partir da presença do Homo sapiens em todos os continentes. A universalidade antrópica da arte pré-histórica envolve a pesquisa antropológica a partir da evolução cerebral alcançada pelo homem moderno, disperso por todos os continentes. É a partir desse momento que surgem os primeiros sistemas de representações rupestres. A segunda categoria é a ubiquidade natural, que pressupõe a existência da arte pré-histórica em todos os continentes habitados pelo homem (de fato, as pinturas rupestres são encontradas em todos eles). A terceira é a unidade das representações, que parte do pressuposto de que a arte apresenta formas limitadas com a representação de sinais (formas geométricas) ou as representações figurativas (formas de seres vivos). Isso ocorreria, provavelmente, devido à homogeneidade cerebral dos “artistas” e à ubiquidade natural. A quarta e última categoria é a heterogeneidade cultural da arte pré-histórica e refere-se à grande diversidade de culturas existentes no mundo do homem moderno. Fonte: Gravuras rupestres. Vale do Encanto, Chile. Acervo pessoal. A arte pré-histórica é uma arte que se apropria da natureza que cerca o homem que a produz, demonstrando o vínculo dessas sociedades com o entorno em que viviam. Dessa forma, podemos afirmar que o “artista” pré-histórico representou o ambiente em que estava inserido. A arte pré-histórica, portanto, representa, entre outras coisas, a expressão das sociedades desse período a partir de sua complexidade cultural e de sua relação com o seu entorno. Interatividade Assinale a alternativa correta sobre a arte pré-histórica e suas representações: a) A produção de uma imagem pode ser considerada obra do acaso, pois não possui nenhum significado especial. b) As imagens rupestres de várias partes do mundo demonstram as tentativas do homem de externar o que via ao seu redor. c) A presença da arte rupestre em todos os continentes relaciona-se com a ausência da complexidade do pensamento do homem pré-histórico. d) A arte rupestre não se relaciona com o universo simbólico de quem a produziu. e) O sentido da arte rupestre pode ser dado em qualquer momento, independentemente do período em que foi produzida. Resposta Assinale a alternativa correta sobre a arte pré-histórica e suas representações: a) A produção de uma imagem pode ser considerada obra do acaso, pois não possui nenhum significado especial. b) As imagens rupestres de várias partes do mundo demonstram as tentativas do homem de externar o que via ao seu redor. c) A presença da arte rupestre em todos os continentes relaciona-se com a ausência da complexidade do pensamento do homem pré-histórico. d) A arte rupestre não se relaciona com o universo simbólico de quem a produziu. e) O sentido da arte rupestre pode ser dado em qualquer momento, independentemente do período em que foi produzida. A arte rupestre: definições e temáticas O que é arte rupestre? O que induziu o homem pré-histórico a produzir arte rupestre? Existe uma arte rupestre? Essas são questões que, apesar de sua aparente simplicidade, geram muita polêmica até mesmo na atualidade. Alguns arqueólogos defendem que o termo arte para a Pré-História seria equivocado. Para esses pesquisadores, nas sociedades pré-históricas não haveria um artista e, portanto, não existiria arte. Porém, muitos são os estudiosos que defendem o conceito de arte rupestre e que os arqueólogos não podem ignorar esses registros rupestres na sua dimensão artística. Não devemos desconsiderar a habilidade manual e o poder de abstração e de invenção que levaram o homem a usar recursos técnicos e operativos nas representações rupestres. Apesar de muitos pesquisadores utilizarem termos como registros rupestres ou grafismos, a expressão arte rupestre ainda é a mais comum. Mas desde quando os pesquisadores se preocuparam em analisar a arte rupestre? Do século XV até meados do século XX essas representações foram, basicamente,analisadas como arte pela arte, sendo ignoradas como fonte de informação sobre os povos que as produziram. Somente a partir da década de 1950 é que se iniciou uma discussão em torno da necessidade de se criar uma metodologia de estudo da arte rupestre e se defendeu a existência de uma estruturação lógica para as representações rupestres das cavernas da França, especialmente Lascaux e Chabot. Desde então, as análises das representações rupestres procuraram compreender o homem e o mundo que as produziu. A interpretação da arte pré-histórica sempre foi motivo de muita polêmica e todos os pesquisadores, de uma forma ou outra, abordaram o seu significado e sua função. A maior parte das interpretações, contudo, era vaga e durante muito tempo os pré-historiadores buscavam em sociedades contemporâneas respostas para as questões da Pré-História, ignorando, geralmente, as especificidades de cada povo e de cada realidade. Ao longo do século XIX e início do século XX surgiram algumas interpretações balizadas pela concepção evolucionista de mundo. No início, essas interpretações defendiam, principalmente, a ideia da “arte pela arte”. Segundo essa teoria, o homem do Paleolítico teria muito tempo livre em períodos como o inverno, quando não ocorreria a caça. Assim, esse homem teria se preocupado em enfeitar o entorno em que vivia durante o seu período de “ócio”. Como vimos anteriormente, essa linha de interpretação foi questionada em meados do século XX pelo trabalho de alguns pesquisadores franceses. A análise da arte rupestre é realizada por novos campos de interpretação, como o estudo de gênero, fenômenos astronômicos, biológicos, xamânicos e acústicos. Para muitos pesquisadores as imagens possuem também o papel de ilustração narrativa, sendo uma complementação das narrativas verbais. Essa hipótese seria possível devido à força comunicativa da imagem ou mesmo por uma necessidade de transmitir o conhecimento de forma mais eficiente. Apesar de todas essas linhas interpretativas, a hipótese mais corrente ainda é a que defende uma finalidade mágica para essas pinturas e gravuras, relacionadas com rituais que tinham o objetivo de garantir a sobrevivência do grupo. O homem do Paleolítico Superior desconhecia a agricultura e a criação de animais. Vivia na incerteza de uma boa caçada, dependente da sorte e das inclemências do tempo para a garantia de seu sustento. Representar animais significava possuí-los, propiciando a caça necessária. Dessa forma, a representação possuía o poder de aprisionar o animal e, ao pintá-lo, o caçador praticamente convocava a caça, possibilitando que a capturasse com maior facilidade. Nesse sentido, é significativa a presença de pinturas de animais atravessados com flechas. Além disso, acredita-se que se utilizava a imagem para assegurar a morte do animal mais difícil de capturar ou para proteger-se contra seus ataques. Por isso, na Europa era comum a presença dos bisões na arte rupestre, enquanto os cervos, principal fonte de alimentação segundo os vestígios encontrados nessa região, está praticamente ausente, pois eram “fáceis de caçar”. Sob essa perspectiva de interpretação, a caverna adquire o papel de santuário. Um consenso, porém, entre os pesquisadores atuais é de que, independentemente da linha interpretativa, a análise de uma pintura ou gravura em rocha não pode ser feita de uma maneira isolada, mas sim levando-se em conta todo o contexto em que ela se encontra. Além disso, apesar de todas essas controvérsias, devemos nos lembrar de que o artista do Paleolítico e do Neolítico – independentemente da intenção prática da sua pintura, que podia variar desde a magia ao desejo de retratar a vida de seu grupo – desejava que o desenho fosse bonito segundo seus próprios padrões estéticos. Assim, quais foram os elementos dignos de registros para os homens pré-históricos? O repertório do homem desse período envolvia a natureza que o cercava, tornando a temática da arte rupestre mundial homogênea, com a presença das representações de animais, seres humanos, desenhos geométricos e imagens representando plantas. Fonte: Gravuras rupestres. Vale do Encanto, Chile. Acervo pessoal. A presença de figuras humanas, animais, sinais geométricos e símbolos da natureza como o Sol e a Lua são, portanto, elementos comuns na arte parietal das grutas e cavernas encontradas na Espanha, França, Portugal, África e Brasil, entre outros países ao redor do mundo. Fonte: Gravuras rupestres. <www.sepi.unip.br/servicos/Biblioteca/unip.aspx> Acesso em 11/03/2014. As cenas de caçada também são uma temática constante na arte rupestre mundial, demonstrando mais uma vez, segundo os pesquisadores, a preocupação do homem com a sua sobrevivência. Fonte: Pintura rupestre. <http://www.objetivo.br/ConteudoOnline/mp/Pages/> Acesso em 10/03/2014. Interatividade Assinale a alternativa correta sobre a arte rupestre: a) A principal temática da arte rupestre são as cenas agrícolas. b) Segundo as atuais pesquisas, a arte rupestre foi feita unicamente com uma finalidade estética. c) Segundo a hipótese que defende a arte rupestre como uma consequência do ócio, as manifestações artísticas tinham a finalidade de ilustrar uma narração. d) Uma das hipóteses mais aceitas para a arte rupestre é a que defende uma finalidade mágica para essas representações, relacionadas com rituais que tinham o objetivo de garantir a sobrevivência do grupo. e) Não existe uma temática comum nas imagens representadas nas pinturas e gravuras rupestres. Resposta Assinale a alternativa correta sobre a arte rupestre: a) A principal temática da arte rupestre são as cenas agrícolas. b) Segundo as atuais pesquisas, a arte rupestre foi feita unicamente com uma finalidade estética. c) Segundo a hipótese que defende a arte rupestre como uma consequência do ócio, as manifestações artísticas tinham a finalidade de ilustrar uma narração. d) Uma das hipóteses mais aceitas para a arte rupestre é a que defende uma finalidade mágica para essas representações, relacionadas com rituais que tinham o objetivo de garantir a sobrevivência do grupo. e) Não existe uma temática comum nas imagens representadas nas pinturas e gravuras rupestres. A arte rupestre do Paleolítico: Espanha e França Os pesquisadores, para facilitar os estudos, dividiram o Paleolítico em períodos e organizaram uma classificação levando em consideração a antiguidade dos vestígios encontrados e as técnicas utilizadas pelos homens para a elaboração de suas ferramentas. Assim, existiam várias culturas paleolíticas, sendo a aurignaciana a mais antiga (40 mil a.C. – 28 mil a.C.), sucedida pela cultura gravetiana (28 mil a.C. – 20 mil a.C.) que, por sua vez, foi sucedida pela solutreana (20 mil a.C. – 10 mil a.C.) e, por fim, a última seria a magdaleniana (10 mil a.C. – 5 mil a.C.). Foi durante o período aurignaciano que começaram a ser produzidas as primeiras imagens e representações simbólicas. Os desenhos apresentam traços simples realizados, entre outras técnicas, com os dedos em argila mole. No repertório desse período, a presença de animais era comum e eram pouco frequentes as representações humanas. Outra representação desse período são as marcas de mãos, que apareciam em positivo ou negativo, dependendo da técnica utilizada. A principal característica da arte rupestre do Paleolítico é o naturalismo, ou seja, o realismo de suas representações. Além disso, outra característica da arte parietal paleolítica é o fato de os desenhos serem feitos em grutas e cavernas de difícil acesso. Na Europa, as pinturas e gravuras rupestres encontradas na região franco-cantábrica são muito significativas e, desde sua descoberta, muito se avançou em suas análises. Fonte: Sítiosde arte pré-histórica. <http://www.objetivo.br/Conteudo Online/mp/Pages/> Acesso em 10/03/2014. Na arte parietal destaca-se o naturalismo das imagens e a capacidade do homem do Paleolítico em recriar a natureza que o cerca, com representações de bisões, renas e cavalos. Outra característica se refere às cores utilizadas, que variam da monocromia à policromia. Os homens pré-históricos utilizavam o preto, que conseguiam a partir do carvão vegetal, e cores como o amarelo e o vermelho, que obtinham do óxido de minerais. Esses pigmentos naturais eram mesclados com gordura animal e se utilizavam, provavelmente, os dedos e pincéis feitos de penas e pelos para a pintura. Além disso, era comum que os artistas se aproveitassem das reentrâncias e das saliências das paredes para realizar as pinturas encontradas, principalmente, nas áreas pouco iluminadas do fundo das cavernas e grutas. As famosas grutas de Altamira apresentam pinturas do período aurignaciano e magdaleniano. Os artistas dessa gruta utilizaram inúmeras técnicas para os seus desenhos, sendo comum a sobreposição ou a presença de figuras inacabadas. Acredita-se que muitos “pintores”, inicialmente com o auxílio de uma pedra afiada, gravavam sobre a parede da gruta a figura que desejavam. Na sequência, contornavam o desenho com carvão e o coloriam com os pigmentos nas cores vermelho, ocre e marrom, obtidos a partir do óxido de ferro. A temática mais frequente nas pinturas de Altamira é o bisão. Outros animais também impressionam por seu realismo, como os cavalos, cervos e mamutes. Seu conjunto de pinturas é muito impressionante e, por isso, ganhou o título de “Capela Sistina da arte quaternária”. Outra gruta que também impressiona pelas figuras representadas é Lascaux. As pinturas dessa gruta demonstram diversas técnicas, desde as figuras monocromáticas, passando pelas bicromáticas (nas quais se destacam as combinações de amarelo e preto, vermelho e preto) e pelas policromáticas, com destaque para o vermelho, amarelo e preto. A temática comum é a presença de animais, com uma grande frequência de cavalos, touros e bisões. Fonte: Pinturas rupestres de Lascaux. <http://www.objetivo.br/ConteudoOnline/ mp/Pages/> Acesso em 10/03/2014. No sul da França, encontramos a gruta de Niaux, uma das mais famosas do mundo. As pinturas, pertencentes ao período magdaleniano, destacam-se pela sua policromia e pelo uso do carvão e do óxido de ferro. A temática presente nas representações são animais como cavalos, cabras, bisões e cervos. Em Niaux existe uma grande sala circular subterrânea chamada de Salão Negro, onde a arte parietal se caracteriza pela presença de figuras delineadas em negro e policromáticas. Uma dessas figuras retrata um bisão ferido por flechas com os traços negros delineados com grande efeito realista. Fonte: Pintura rupestre de Niaux. <http://www.objetivo.br/ConteudoOnline/mp/ Pages/> Acesso em 10/03/2014. Apesar de diversas grutas com arte parietal terem sido encontradas na região francesa de Ardèche desde o século XIX, essas figuras não despertaram o mesmo interesse que aquelas da região franco-cantábrica. Porém, isso mudou quando, em 1994, três amigos descobriram uma gruta que recebeu o nome de Chauvet. Além de ser o último descobrimento em relação a sítios de arte rupestre, o que mais ocasionou o repentino interesse dos pesquisadores pela gruta? O que o fez foram as datações iniciais com Carbono-14, que comprovaram que as pinturas e gravuras não eram do período áureo da arte rupestre, como se pensava pelas análises interpretativas – ou seja, não eram do final do Paleolítico Superior, mas sim dos primórdios dessa arte, durante o período aurignaciano. As datações a partir dos carvões vegetais presentes nas pinturas e resíduos de tochas da gruta comprovaram que o local fora ocupado em dois momentos pelos homens do Paleolítico. A primeira ocupação teria ocorrido em torno do período de 32.000 a.C. a 29.000 a.C. A segunda ocupação, por sua vez, teria ocorrido no período de 27.000 a.C. a 24.500 a.C. Essas ocupações englobariam então os períodos aurignaciano e gravetiano. Apesar dessa datação com o Carbono-14, a discussão sobre a antiguidade desse sítio continuou, sendo resolvida somente em 2012, quando as pesquisas geológicas comprovaram que a entrada da gruta tinha sido vedada por um terremoto há mais de 21 mil anos. O dinamismo e realismo das representações são tão surpreendentes que podemos imaginar a cena de criação dessa arte. O artista aproveitava-se das saliências e reentrâncias das paredes para conseguir o volume e representar a musculatura das figuras, recriando o movimento e a ação. Fonte: Pintura rupestre de Chauvet. <http://www.objetivo.br/ConteudoOnline/mp/ Pages/> Acesso em 10/03/2014. Na pintura, os materiais mais usados eram o carvão, a argila vermelha e outros pigmentos minerais, sendo as cores mais comuns o preto, o vermelho e o amarelo. Uma técnica utilizada era a raspagem da superfície parietal até surgir uma camada mineral branca, em que os gravadores talhavam com pedras as figuras por eles escolhidas ou alguns pintores realizavam seus desenhos. Muitas figuras eram diretamente esboçadas nas paredes com carvão vegetal sem a raspagem prévia. Havia uma variedade de animais representados, como mamutes, cavalos, rinocerontes, leões, cervos gigantes (megáceros), ursos e até mesmo representações únicas no mundo, como panteras e corujas, além da representação de mãos impressas. Interatividade Assinale a alternativa que não apresenta características das arte rupestre do Paleolítico: a) O homem do Paleolítico pintou, esculpiu e modelou formas naturais com o objetivo de fazer obra de arte. b) A principal característica da arte rupestre do Paleolítico é o naturalismo, ou seja, o realismo de suas representações. c) Uma característica do Paleolítico é o fato de os desenhos serem feitos em grutas e cavernas de difícil acesso. d) Na Europa, as pinturas e gravuras rupestres encontradas na região franco-cantábrica são muito significativas. e) O artista do Paleolítico aproveitava-se das saliências e reentrâncias das paredes para conseguir o volume e representar a musculatura das figuras, recriando o movimento e a ação. Resposta Assinale a alternativa que não apresenta características das arte rupestre do Paleolítico: a) O homem do Paleolítico pintou, esculpiu e modelou formas naturais com o objetivo de fazer obra de arte. b) A principal característica da arte rupestre do Paleolítico é o naturalismo, ou seja, o realismo de suas representações. c) Uma característica do Paleolítico é o fato de os desenhos serem feitos em grutas e cavernas de difícil acesso. d) Na Europa, as pinturas e gravuras rupestres encontradas na região franco-cantábrica são muito significativas. e) O artista do Paleolítico aproveitava-se das saliências e reentrâncias das paredes para conseguir o volume e representar a musculatura das figuras, recriando o movimento e a ação. A arte mobiliária do Paleolítico e a arte do Neolítico O homem do Paleolítico, preocupado em levar adiante a aventura de sua sobrevivência, desenvolveu uma arte mobiliária, ou seja, pequenas estátuas que carregava consigo durante suas migrações. Esses artefatos provavelmente estavam relacionados ao culto de fertilidade e, mais uma vez, representavam simbolicamente a realidade dos nossos ancestrais. Acredita-se que o homem pré-histórico dava ênfase ao corpo feminino, pois ele representava a fecundidade. Estátuas com formas femininas foram encontradas em quase todos os lugares por onde ele passou. Por serem representações femininas, essas estátuas receberam a denominação de “Vênus”. Eram pequenas, mais ou menos do tamanho da palma da mão, possuíam a cabeça surgindo comoprolongação do pescoço, seios volumosos, ventre saltado e grandes nádegas. Fonte: Vênus de Lespugue. <http://www.objetivo.br/ConteudoOnline/mp/Pages/> Acesso em 10/03/2014. Todas apresentam um estilo comum: o corpo feminino é apresentado com um grande realismo anatômico, apesar de exagerado, e o rosto está praticamente ausente ou é pouco detalhado. A mínima preocupação com o rosto, as pernas e os braços contribuem para a hipótese de que essas figuras fossem realmente ligadas ao culto da fertilidade. Fonte: Detalhe de uma Vênus paleolítica. <http://www.objetivo.br/ConteudoOnline/mp/Pages/> Acesso em 10/03/2014. Esculpidas em marfim, madeira, pedra e ossos ou modeladas em terracota, por suas dimensões tão pequenas as estátuas podiam ser facilmente transportadas e, consequentemente, difundidas por esse homem nômade que buscava na caça e na coleta a sua forma de sobrevivência. Fonte: Vênus de Willendorf. <http://www.objetivo.br/ConteudoOnline/mp/Pages/> Acesso em 10/03/2014. A presença de representações masculinas é raríssima nas esculturas do Paleolítico. Assim como existe uma grande discussão em torno da representação da arte rupestre, o mesmo acontece com a escultura: existem hipóteses que defendem que a presença predominante dessas estátuas femininas representaria a importância do papel da mulher na organização do grupo. Outras defendem que essas estátuas com os exagerados traços femininos reforçariam a existência de uma divisão de trabalho entre homens e mulheres e que o papel feminino seria somente o de procriação. A hipótese mais aceita é a de que essas estátuas estariam relacionadas aos rituais de fertilidade. Um grande destaque da arte pré-histórica ocorre a partir do Neolítico e é a presença da arquitetura, como comentado anteriormente. As mudanças ocorridas durante o Neolítico possibilitam o sedentarismo, o aumento demográfico e, posteriormente, o aumento da força de trabalho. Desse modo, esse homem não precisa mais dedicar todo o seu tempo às atividades de produção, pois passa a ser produtor do seu alimento e a garantir sua sobrevivência. Como não precisa mais mudar-se com regularidade, o homem do neolítico passar a pensar na construção de moradias utilizando matérias mais resistentes, como a pedra e o adobe. Ainda no período Neolítico, encontramos os chamados monumentos “megalíticos”, que são blocos de pedras de dimensões gigantescas, provavelmente associados a questões de caráter religioso, já que, na maioria das vezes, encontram-se junto a eles sepulturas que apresentam um padrão de enterramento. Esses monumentos aparecem dispostos de formas variadas como, muitas vezes, numa única estrutura de pedra fincada ao chão – menir –, duas estruturas com mais uma sobreposta ou, ainda, estruturas dispostas em forma de círculos. Entre os monumentos megalíticos, podemos destacar: menir – grandes pedras isoladas erguidas em sentido vertical; dólmen – duas pedras verticais que sustentam uma terceira, posicionada horizontalmente; Fonte: Dólmen. <http://www.objetivo.br/ConteudoOnline/mp/Pages/> Acesso em 10/03/2014. henge – aterro circular acompanhado por uma vala interna paralela; cromlech (cromeleque) – pedras agrupadas em um ou mais círculos em torno de um dólmen. Fonte: Monumento megalítico. <www.sepi.unip.br/servicos/Biblioteca/unip.aspx> Acesso em 11/03/2014. Um dos monumentos megalíticos mais conhecidos é o de Stonehenge. Fonte: Stonehenge. <http://www.objetivo.br/ConteudoOnline/mp/Pages> Acesso em 10/03/2014. Uma curiosidade específica de Stonehenge é sua disposição, pois sua base inferior tem uma orientação que coincide com o nascer do sol, justamente quando se dá o solstício, o que permite inferir que está diretamente ligado a honrarias ao Sol. O surgimento desse tipo de monumento megalítico é recorrente em toda a Europa. No entanto, são considerados os mais representativos, além do cromlech de Stonehenge, outros encontrados na Grã-Bretanha, França e Espanha. Além da arquitetura, você imagina outras mudanças tecnológicas relacionadas com as novas condições econômicas e sociais do homem do Neolítico? Com o excedente de produção, cresce a preocupação em armazenar os grãos em recipientes e, assim, surge a cerâmica. A metalurgia é outro destaque que surge no Neolítico, já em sua fase final, permitindo que, aos poucos, o homem do período possa substituir os instrumentos de pedra. As esculturas de metais são encontradas principalmente na Escandinávia e na Sardenha. É provável que utilizassem uma técnica chamada de método com forma de barro ou técnica da cera perdida para produzi-las. A pintura do Neolítico é marcada por representações estilizadas ou simbólicas, ao contrário do naturalismo do Paleolítico. A figura humana aparece mais frequentemente e se representam cenas de caça e de dança. Outra característica é que essas pinturas são predominantemente monocromáticas, com predomínio do vermelho, embora também existam algumas em preto e branco. Primeiro, faziam o contorno do desenho e, depois, este era preenchido completamente. Outra característica é que essas pinturas foram realizadas ao ar livre, em abrigos rochosos, ao contrário das pinturas e gravuras do Paleolítico. A temática da arte mudou, pois começaram as representações da vida coletiva. Como as pessoas passaram a ser representadas em suas atividades cotidianas, o artista procurou dar ideia de movimento por meio da imagem fixa. Fonte: Pintura neolítica. <http://www.objetivo.br/ConteudoOnline/ mp/Pages/> Acesso em 10/03/2014. Assim, o caminho da arte rupestre é longo, percorrendo um trajeto que vai do naturalismo e de uma representação da realidade até as figuras esquemáticas quase abstratas, antecipando nossa tendência contemporânea ao abstracionismo. Interatividade Assinale a alternativa correta sobre a arte na Pré-História: a) No Paleolítico a pintura era estilizada. b) A pintura do Neolítico era naturalista. c) No Neolítico a pintura era estilizada. d) A escultura neolítica era marcada pela presença de estátuas conhecidas como Vênus. e) Os menires e dólmens são característicos da arquitetura paleolítica. Resposta Assinale a alternativa correta sobre a arte na Pré-História: a) No Paleolítico a pintura era estilizada. b) A pintura do Neolítico era naturalista. c) No Neolítico a pintura era estilizada. d) A escultura neolítica era marcada pela presença de estátuas conhecidas como Vênus. e) Os menires e dólmens são característicos da arquitetura paleolítica. ATÉ A PRÓXIMA! Slide Number 1 A arte pré-histórica: sistemas de representações Slide Number 3 Slide Number 4 Slide Number 5 Slide Number 6 Slide Number 7 Slide Number 8 Slide Number 9 Slide Number 10 Slide Number 11 Slide Number 12 Slide Number 13 Interatividade Resposta �A arte rupestre: definições e temáticas� Slide Number 17 Slide Number 18 Slide Number 19 Slide Number 20 Slide Number 21 Slide Number 22 Slide Number 23 Slide Number 24 Slide Number 25 Slide Number 26 Slide Number 27 Slide Number 28 Interatividade Resposta A arte rupestre do Paleolítico: Espanha e França Slide Number 32 Slide Number 33 Slide Number 34 Slide Number 35 Slide Number 36 Slide Number 37 Slide Number 38 Slide Number 39 Slide Number 40 Slide Number 41 Slide Number 42 Slide Number 43 Interatividade Resposta A arte mobiliária do Paleolítico e a arte do Neolítico Slide Number 47 Slide Number 48 Slide Number 49 Slide Number 50 Slide Number 51 Slide Number 52 Slide Number 53 Slide Number 54 Slide Number 55 Slide Number 56 Slide Number 57 Slide Number 58 Slide Number 59 Slide Number 60 Interatividade Resposta Slide Number 63
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