Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Esquizofrenia - Definidos pela presença de sintomas como delírios, alucinações, transtorno do pensamento, conduta motora desorganizada e sintomas negativos. EPIDEMIOLOGIA → Prevalência em homens (4:1). → Maior incidência em grupo de migrantes e áreas urbanas. → Maior risco de suicídio que a população em geral. → A esquizofrenia tem seu início na juventude, geralmente após os 18 anos. → Mais rara na infância (esquizofrenia de início precoce/muito precoce – EIP). → Quando os sintomas se manifestam tardiamente (>40 anos), é denominada esquizofrenia de início tardio (EIT). FATORES DE RISCO → Gênero – masculino (maior risco para EIP e no adulto); feminino (maior risco para EIT). → Genético (maior risco em parentes de portadores de esquizofrenia). → Genes associados à regulação da dopamina. → Pré-natal/perinatal – complicações de gestação e do parto, estresse materno, gravidez não desejada. → Infância – retardo no desenvolvimento neuropsicomotor, abuso físico e sexual, TCE, baixo rendimento escolar, déficits cognitivos, QI baixo. → Adolescência – uso de drogas, dificuldade de socialização, dificuldade no desempenho do papel sexual, isolamento social. → Anomalias físicas menores, anomalias neuroanatômicas cerebrais. → Urbanidade, migração, condição socioeconômica, adversidade social, eventos vitais, etnia. FISIOPATOLOGIA - A esquizofrenia tem como base uma alteração do neurodesenvolvimento associada a um processo neurodegenerativo, o qual predomina a partir da irrupção da psicose. - Os sintomas estão associados a uma alteração no balanço do sistema dopaminérgico, sendo o excesso de dopamina nos receptores D2 associado às manifestações psicóticas e a diminuição da atividade dopaminérgica em receptores D1 associada aos sintomas negativos. - Há evidências que a esquizofrenia também esteja associada a uma disfunção dos receptores NMDA glutaminérgicos. - Achados de neuroimagem: alargamento do sistema ventricular, reduções volumétricas. - Hipofrontalidade (menor fluxo sanguíneo em regiões cerebrais frontais) – associada aos sintomas negativos. - Aumento do fluxo na região medial pré-frontal direita e diminuição na área de Broca – sintomas de desorganização. - Aumento do fluxo em áreas límbicas – sintomas psicóticos. FASES EVOLUTIVAS DA ESQUIZOFRENIA 1. Pré-morbida – precede o inicio da doença. Pode-se observar alterações como atraso no desenvolvimento motor ou retardo na aquisição da fala. 2. Prodrômica – alterações de personalidade, pensamento e do humor muitas vezes não detectáveis. 3. Progressiva – inicia-se após o primeiro episódio de psicose. 4. Crônica – sujeita a recaídas e piora da sintomatologia. Há perda de funções executivas e complicações clínicas. QUADRO CLÍNICO → Pródromo → Alterações no afeto: desconfiança, depressão, ansiedade, tensão, irritabilidade. → Alterações na cognição: ideias bizarras, dificuldade de concentração, distrabilidade. → Alterações na senso-percepção: alterações sensoriais, aumento das percepções usuais, aumento da sensibilidade perceptiva. → Queixas somáticas: distúrbios de sono e apetite, perda de energia e motivação. → Mudanças no comportamento: isolamento social, queda no rendimento funcional, comportamento peculiar. - Do ponto de vista clínico, a psicose é descrita como uma quebra de contato ou distorção da realidade sem rebaixamento do nível de consciência. Essa quebra, no entanto, só se torna observável apenas quando delírios, alucinações ou desorganização do pensamento são manifestados pelos comportamentos do paciente, o que pode ocorrer apenas quando uma franca psicose já está instalada. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS - Por pelo menos 1 mês, em uma porção significativa de tempo: → Delírios. → Alucinações. → Discurso desorganizado ou incoerente. → Comportamento desorganizado ou catatônico → Sintomas negativos (diminuição da expressão emocional ou abolição). - Disfunção social/ocupacional. - Sinais contínuos de perturbação persistem, durante, pelo menos 6 meses. TP esquizotípico → Padrão recorrente de desconfiança sobre as intenções das pessoas. Transtorno delirante → Presença de delírios sem claro prejuízo de funcionamento. Alucinações, quando presentes, não são proeminentes. Transtorno esquizoafetivo → Período ininterrupto de doença durante o qual há um episódio depressivo maior ou maníaco concomitante com os sintomas da esquizofrenia. → Delírios ou alucinações por 2 semanas ou mais na ausência de episódio depressivo maior ou maníaco durante a duração da doença ou ao longo da vida. → Os sintomas que satisfazem os critérios para episódio de humor estão presentes na maior parte da duração total das fases ativa ou residual da doença. Esquizofrenia → Os episódios de humor tomados em sua totalidade devem estar presentes por somente uma parte mínima da duração total do período ativo e residual da doença. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 1. Transtorno depressivo maior ou TB com características psicóticas ou catatônicas – nelas os delírios e alucinações ocorrem exclusivamente durante o episódio depressivo ou maníaco. 2. Transtorno esquizoafetivo – sintomas de humor ocorram ao mesmo tempo que os sintomas da fase ativa e que estes primeiros estejam presentes na maior parte do tempo da duração dos sintomas ativos. 3. Transtorno esquizofreniforme e transtorno psicótico breve – tem duração menor que a esquizofrenia, sendo <6 meses e <1mes, respectivamente. 4. Transtorno delirante – ausência dos demais sintomas da esquizofrenia, sendo necessário apenas o delírio. 5. TP esquizotípica – possui sintomas sublimiares associados a características persistentes de personalidade. 6. Transtorno do espectro autista ou transtornos de comunicação. 7. Delirium. 8. Transtorno psicótico induzido por substância ou medicamento – ex. antivirais, antibióticos, antiparkinsonianos (dopa), ansiolíticos, antidepressivos, anticonvulsivantes, corticoesteroides, imunossupressores, digitálicos, psicoestimuladores (anfetamina). EXAMES COMPLEMENTARES - No 1º episódio psicótico é recomendável fazer rastreamento sistemático de causas primarias: → Propedêutica que exclua causa de base. → Exame físico e neurológico. → Hg, função tireoidiana e hepática. → Pesquisa de substâncias psicoativas na urina. → TC/RNM de encéfalo. → Cálcio e cobre séricos. → Sorologia sífilis e HIV. - Exames que devem ser solicitados mediante suspeita clínica específica: → Cariótipo. → Pesquisa para erros inatos do metabolismo. → LCR. → Provas reumatológicas. → EEG. TRATAMENTO Obs - a esquizofrenia se trata de uma doença crônica com períodos de exacerbação e remissão, associada a grande prejuízo social e funcional, porem 60% dos pacientes podem apresentar um bom desfecho com remissão sintomatológica. - Intervenções psicossociais: psicoterapia (TCC), treino de habilidades sociais, psicoeducação familiar, emprego protegido, treino comunitário assertivo e terapia ocupacional. - Monoterapia antipsicótica – 2ªG (AA) > 1ªG (AT); avaliar resposta em 4-6 semanas, o paciente responsivo deverá permanecer tomando o antipsicótico como tto de manutenção, mediante otimização da dose. • 2ªG – Antipsicóticos atípicos Amissulprida Aripiprazol Asenapina Clozapina* Olanzapina Paliperidona Quetiapina Risperidona Ziprasidona • 1ªG – Antipsicóticos típicos Clorpromazina Haloperidol Levomepromazina Pimozida Tioridazina Trifluoperazina - Clozapina – deve ser administrada como 3ª opção caso o paciente seja refratário as 2 primeiras. Pode alcançar a dose máxima até 900mg/dia, sempre em monoterapia. Se não houver resposta adequada, o paciente é considerado um respondedor parcial (super- refratário) e a estratégias de potencialização podem ser tentadas (ex.adição de lamotrigina). *Atenção ao risco de neutropenia e agranulocitose com o uso de Clozapina - interação com carbamazepina, cloranfenicol e sulfonamidas.
Compartilhar