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PSICOFARMACOLOGIA 1. ANTIDEPRESSIVOS Exemplo: Fluoxetina, Sertralina, Amitriptilina, Clomipramina, Imipramina, Nortriptilina. I) Indicações → Depressão → Transtornos ansiosos → TOC → Transtorno disfórico pré-menstrual → Transtornos alimentares → TDAH → Dores crônicas, neuropáticas, enxaqueca → Tabagismo → Enurese → Insônia II) Princípios gerais da ação dos antidepressivos → 6-12 semanas: fase aguda (até o paciente atingir a remissão) → 4-9 meses: fase de continuação (em remissão vs recaída) → 1 ano ou mais: fase de manutenção (em recuperação vs recorrência) A) INIBIDOR SELETIVO DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA Ex: fluoxetina, flucoxamina, citalopram, escitalopram, paroxetina, sertralina. → Antidepressivo bloqueia a bomba de recaptação da serotonina, fazendo com que sobre mais neurotransmissor na fenda sináptica e, consequentemente, ocorra um downregulation dos receptores pós-sinápticos da serotonina (que é o que causa a melhora dos sintomas depressivos). → Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS): inibem 10x mais a recaptação da serotonina do que as outras aminas; eles têm a mesma ação principal, no entanto, atuam em outras aminas de forma diferente. → EAs: geralmente causam menos efeitos colaterais que os demais, surgem com surtos agudos e desaparecem com o tempo – cefaleia, insônia, agitação, perda de peso, perda de libido, ejaculação retardada, anorgasmia, distúrbios do TGI (náuseas, vômitos, diarreia). → Contraindicações: concomitante com IMAO, Pimozida, Tioridazina, hipersensibilidade. → Seguros na gravidez e lactação (evitar apenas a Paroxetina na gravidez). → Sertralina é o antidepressivo mais seguro na gravidez e amamentação. → Efetiva e segura em crianças, adolescentes e idosos. → Interações medicamentosas: aumenta a toxicidade dos antidepressivos tricíclicos e de outras drogas como antipsicóticos, antiarrítmicos, beta-bloqueadores. O efeito dos anticoagulantes é potencializado. Alguns podem provocar antagonismo do efeito dos antiepilépticos e o aumento da toxicidade do lítio. B) TRICÍCLICOS (ADT) – INIBIDORES NÃO SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DAS MONOAMINAS Exemplo: Imipramina, Clomipramina, Amitriptilina, Nortriptilina, Maprotilina. → Mecanismo de ação: atua na bomba de recaptação da serotonina e da noradrenalina. → A atuação em outras aminas é a responsável por ser um medicamento com mais efeitos adversos. → Efeitos adversos: bloqueio dos receptores anticolinérgicos (constipação, visão turva, boca seca, sonolência), bloqueio dos receptores histaminérgicos (ganho de peso, sonolência), bloqueio dos receptores alfa-1 (tontura, sonolência, queda da PA, hipotensão ortostática), bloqueio dos canais de sódio (convulsões, coma, arritmia, morte). → Contraindicações absolutas: IAM recente, bloqueio de ramo, hipersensibilidade, prostatismo ou retenção urinária, íleo paralítico, glaucoma de ângulo fechado. → Contraindicação relativa: associada a IMAO, outras alterações na condução cardíaca, ICC, convulsões, hipertireoidismo. → Gravidez – recomenda-se evitar no 1º trimestre; interromper o uso de 2-3 semanas antes do parto para evitar síndrome de retirada. → Lactação – seguro. → Crianças – eram bastante usados, seguros; cuidado com os efeitos colaterais; se necessário, solicitar avaliação de cardiologista. → Idoso – muitos efeitos colaterais, evitar! Pouco usados. C) OUTROS → Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN) – Venlafaxina, Duloxetina. → Inibidores da recaptação de dopamina – Bupropiona. → Desinibidor da serotonina e noradrenalina (DISN) – Mirtazapina e desinibidor da noradrenalina e dopamina (DIND). D) INIBIDORES DA MONOAMINOXIDASE (IMAO) Ex: Tranilcipromina. → Inibe o catabolismo (degradação) das monoaminas pela MAO. → Fármaco antigo e pouco utilizado, devido aos efeitos colaterais. → Risco de intoxicação pelas monoaminas – efeitos colaterais. → IMAO + tiramina* (precursor da noradrenalina) – risco de crise hipertensiva e vasoconstrição (síndrome noradrenérgica). *Alimentos proibidos – queijos (maturados ou envelhecidos), fava e doce de casca de banana, chopp, extrato de levedura concentrada, chucrute, shoyo, condimentos de soja, frios embutidos, defumados, carne de sol, carne seca. → Medicamentos proibidos: → Antidepressivos como – Tryptanol, Tofranil, Anafranil, Prozac, Deprax, Aroprax, Zoloft, Efexor etc; → Dolantina, cocaína, inibidores do apetite, anfetaminas e outros estimulantes. → Medicamentos para gripe, descongestionantes em comprimidos e em sprays para o nariz, xarope para tosse e remédio para asma. → Anestésicos locais com adrenalina. 2. ESTABILIZADORES DE HUMOR A) LÍTIO I) Indicações → Episódios de mania, depressão bipolar. → Profilaxia de mania, hipomania, depressão bipolar, depressão unipolar. → Redução de risco de suicídio. → Potencialização de antidepressivos, na depressão unipolar. → Medicamento de 1ª escolha para o tto de todas as fases do transtorno bipolar. II) Efeitos colaterais (nível terapêutico muito estreito, necessário dosar seu nível no sangue) → Acne, aumento do apetite, ganho de peso, diminuição da memória, edema, fezes amolecidas, gosto metálico, náuseas, polidipsia, poliúria, tremores finos. → Uso crônico pode levar ao hipotireoidismo ou insuficiência renal. Pode causar alterações eletrocardiográficas em >40 anos e cardiopatas. → Antes de começar o tratamento, solicitar: hemograma, TSH, creatina, eletrólitos, glicemia, ECG (>40 anos e cardiopatas), beta- HCG (mulheres em idade fértil); devem ser repetidos a cada 3 meses nos primeiros 6 meses e depois semestralmente. → Litemia (concentrações séricas) – 0,6 a 1,2 mEq/L. III) Precauções → Cautela em pacientes com doenças que acarretam desidratação (aumento da concentração do lítio no sangue – intoxicação) → Ingerir água em abundância. → Evitar café, chás, erva mate, bebidas alcóolicas, pois aumentam a diurese. → Cuidado em pcts em uso de: dieta hipossódica, anti-inflamatórios, diuréticos, IECA, antagonistas de angiotensina II. IV) Intoxicação → Sintomas mais comuns – náuseas, vômitos, dor abdominal, boca seca, diarreia profusa. → Tremores, disartria, ataxia, alteração do nível de consciência, vertigens, letargia ou excitação, hiper-reflexia, delírio, nistagmo, convulsões, oligúria, anúria. → Arritmias e fasciculações musculares. → TTO – diurese osmótica, lavagem intestinal, diálise, hidratação vigorosa; se lítio mantiver acima de 4 mEq/L, fazer hemodiálise e repeti- la a cada 6-10h se necessário. V) Contraindicações → Doenças cardíacas – bradicardia sinusal, arritmias ventriculares severas, ICC. → Insuficiência renal grave. → Hipotireoidismo – se controlado, pode usar; caso o lítio seja o causador do hipotireoidismo, trocar de estabilizador. → Gravidez – evitar! Em transtornos graves (4 ou mais episódios ao longo da vida), mantém durante a gravidez. → Amamentação – contraindicado. → Crianças – usado; nível sérico igual nos adultos. → Idosos – raro de utilizar; pouco tolerado; se bem monitorado é seguro e eficaz. → Checar interações medicamentosas. B) ÁCIDO VALPRÓICO → Anticonvulsivante com propriedades estabilizadoras de humor. → Efeitos colaterais mais benignos que do lítio. → Absorção retardada com alimentos. → Metabolizado pelo fígado, excretado pelas fezes. → Meia vida de 8-17h (tomar de 1-2x por dia, dependendo se o fármaco for de liberação prolongada ou normal). → Antes de iniciar: hemograma (att a plaquetas – pode causar redução), TGO, TGP, gama-GT, bilirrubinas, beta-HCG (leva a má-formação). → Teratogênico – assegurar que a mulher esteja usando método contraceptivo. → Nível sérico – 60-120 mcg/mL. I) Indicações → Mania aguda → Profilaxiade episódios maníacos → Depressão bipolar → Episódio misto → TAB + substâncias → TAB na infância e adolescência → Mania associada a condição médica geral → Cicladores rápidos → Ciclotimia → TAB + pânico II) Efeitos colaterais → Dispepsia, diarreia, tremor, sedação, leucopenia, trombocitopenia, perda de cabelo, ganho de peso – maioria dos efeitos são dose- dependentes. → Caso eleve a enzima hepática >3x nível normal, mexer na dose ou trocar o medicamento. III) Contraindicações → Absolutas: insuficiência hepática grave, hipersensibilidade, doença do ciclo da ureia, gravidez. → Relativas: hepatopatia leve. → Amamentação – bem tolerada. → Idosos – monitorar efeitos colaterais. C) CARBAMAZEPINA → Meia vida de 18-54h. → Induz o metabolismo acelerado de outros medicamentos e o próprio metabolismo (taquifilaxia) durante o uso, diminuindo a meia vida para 5-26h (Outra opção – Oxcarbazepina; não interfere no nível sérico de outros medicamentos). → Nível sérico 6-12mcg/mL. → Metabolismo hepático. → Hemograma (plaquetas), TGO, TGP, bilirrubina, sódio. I) Indicações → Crises convulsivas → Mania aguda → Profilaxia TAB (principalmente tipo II) → Episódio misto → Neuralgia do trigêmeo → Neuropatia diabética → Depressão bipolar → Esquizoafetivo → Esquizofrenia com comportamento agressivo → Abstinência de álcool II) Efeitos colaterais → Mais comuns: ataxia, diplopia, náuseas, sonolência, tonturas, xerostomia, vômitos. III) Contraindicações → Absolutas: doenças hematopoiéticas, insuficiência hepática, história de depressão da MO, história de agranulocitose por Clozapina, história de alergia por ADT, alergia a Carbamazepina, últimos 14 dias de IMAO, concomitante com Nefazodona, 1º trimestre de gravidez. → Relativas: doenças CV (IAM, ICC, arritmias, bloqueios cardíacos, coronariopatias, tromboembolismo), glaucoma, retenção urinária. → Gravidez – contraindicada. → Lactação – bem tolerada. → Crianças – bem tolerada. → Idosos – monitorar efeitos colaterais. 3. ANTIPSICÓTICOS Denominações – neurolépticos, drogas antiesquizofrenia, tranquilizantes maiores, ataráxicos ou psicoplégicos. I) Indicações → Psicose induzida por droga, demência, esquizofrenia. → Quadros de agitação ou agressividade. → Quadro orgânico que cause sintomas psicóticos (delírios e alucinações). → Esquizofrenia (fase aguda, reagudização e manutenção). → Quadros do espectro da esquizofrenia: transtorno esquizotípico, transtornos delirantes persistentes, transtornos psicóticos agudos e transitórios, transtornos esquizoafetivos. → Transtornos de humor: quadros agudos maníacos e hipomaníacos, depressão com sintomas psicóticos. Obs – alguns antipsicóticos de 2ª geração mostram-se também estabilizadores de humor. → Agitação psicomotora com impulsividade e agressividade, independente da etiologia. → Profilaxia de recidiva de quadros psicóticos. → Transtornos de personalidade: tipo esquizoide, paranoide, emocionalmente instável. → Infância e adolescência: transtornos invasivos de desenvolvimento (quadros psicóticos, esquizofrenia, autismo). → Ansiolítico ou hipnótico. → Outros quadros – doença de Huntington, Sd de Gilles de la Tourette, náuseas e vômitos, soluços incontroláveis, dor crônica. II) Mecanismo de ação → Atua nas vias dopaminérgicas: 1. Via nigroestriatal (responsável pelo controle motor) 2. Via mesolímbica (responsável pelo emocional - vigília, memória, processamento de estímulos, atv. locomotora, comportamento motivacional) 3. Via mesocortical (responsável pela cognição, comunicação, atividade social, aprendizado, memória) 4. Via tuberoinfundibular (responsável pelo controle da secreção de prolactina) → O antipsicótico causa bloqueio da dopamina, no entanto, não atua apenas na via mesolímbica (alvo do tto da esquizofrenia), ele atua em todas as vias. → Na esquizofrenia, a via mesolímbica se encontra em hiperatividade, que implica os sintomas positivos. O antipsicótico reduz a atividade dessa via. No entanto, ao bloquear a dopamina também nas outras 3 vias, a piora da hipoatividade destas implica nos sintomas: 1. Via mesocortical – sintomas negativos (indivíduo se torna menos comunicativo, isolado). 2. Via nigroestriatal – parkinsonismo dos antipsicóticos, distonia aguda. 3. Via tuberoinfundibular – aumento das mamas e produção de leite. A) ANTIPSICÓTICOS TÍPICOS (AT) → Classificados de acordo com sua potência (que é a quantidade mínima de mg necessária para atingir o efeito antipsicótico – quanto maior a potência, menor a dosagem em mg necessária para produzir efeito, e vice versa). → Agem no sistema dopaminérgico, bloqueando os receptores pós sinápticos D2 (se liga a esses receptores e provoca efeito antagonista à dopamina). AT de alta potência – Haloperidol, Trifluperazina, Flufenazina, Pimozida → Têm um bloqueio em D2 intenso; pouca ação anticolinérgica e alfa-adrenérgica. → Muitos efeitos colaterais – boca seca, hipotensão postural, sedação, em comparação com os de baixa potência. → Diminui a cognição (piora dos sintomas negativos), sintomas extrapiramidais (tremores, parkinsonismo, aumento do tônus muscular, distonia aguda), discinesia tardia* (uso crônico de antipsicóticos – aumento do número de receptores de dopamina - suprarregulação), aumento de prolactina, acatisia. → TTO parkinsonismo provocado por AT – mudança para antipsicótico atípico e uso de triexifenidil ou biperideno. → TTO acatisia – redução da dose do AT, propranolol e benzodiazepínicos. → TTO discinesia tardia – substituição por antipsicótico atípico, propranolol e benzodiazepínicos. → Síndrome neuroléptica maligna (ocorre principalmente com os AT de alta potência) – incidência de 0,7%, letalidade de 20%. Febre, rigidez muscular e outros sintomas extrapiramidais, estupor, diminuição do nível de consciência e alterações autonômicas (taquicardia, arritmias, labilidade da PA, taquipneia, sudorese). Há elevação da CPK, leucocitose com desvio à esquerda, elevação das enzimas hepáticas, alterações no equilíbrio ácido básico e hidroeletrolítico. A necrose muscular (mioglobinúria) pode levar a insuficiência renal aguda. Pode causar coagulação intravascular, IAM, AVC. TTO – UTI, suspensão do AT, hidratação, medidas de redução da temperatura (forma física), Relaxante muscular – Bromocriptina, Amantadina, Dantrolene, Diazepam, ECT. → Distonia aguda – rigidez muscular, contração espástica de grupos musculares, posturas anormais, mais frequente no início do tto ou aumento da dose. Autolimitada, durando poucas horas. TTO – Biperideno IM. AT de baixa potência – Clorpromazina, Levomepromazina, Tioridazina, Sulpirida. → Ação menos potente em D2. Maior ação alfa- adrenérgica, colinérgica e histaminérgica. → Poucos efeitos extrapiramidais (relacionados a D2). → EAs: sedação e sonolência (bloqueio de receptores histaminérgicos), boca seca, midríase, retenção urinária e constipação (efeito anticolinérgico), hipotensão postural, alargamento do intervalo QT (bloqueio alfa adrenérgico), retinopatia pigmentar (avaliação oftalmológica – cegueira). AT atípicos (AA) – Amisulprida, Aripriprazol, Clozapina, Olanzapina, Quetiapina, Risperidona, Ziprasidona. → Menor potencial de sintomas extrapiramidais. → Menor hiperprolactinemia. → Melhor ação em sintomas negativos (reclusão, afeto embotado, anedonia, pobreza de fala, catatonia, comprometimento cognitivo). → Mecanismo de ação: antagonista de receptor D2 e serotonina (5ht2A). → AGENTES DE 1ª LINHA (exceto a clozapina); no entanto são caros e não são utilizados como 1ª linha no SUS, sendo utilizado apenas para casos refratários. → Clozapina é o AA de escolha para tto de esquizofrenia refratária. → EAs: ganho de peso, hiperglicemia,anticolinérgicos, hipotensão ortostática, sedação, extrapiramidais. → Clozapina – monitorar Hg (dependendo do grau de leucopenia ou neutropenia, o tto deve ser descontinuado) → AGRANULOCITOSE! 4. ANSIOLÍTICOS E HIPNÓTICOS A) BENZODIAZEPÍNICOS → Atuam em GABA (principal neurotransmissor inibitório do cérebro). → Efeitos ansiolíticos-tranquilizantes. → Hipnóticos-sedativos. → Anticonvulsivantes. → Relaxantes musculares. → Amnésticos. → Diazepam – droga de escolha para síndrome da abstinência alcóolica. Obs - Quanto menor a meia-vida do ansiolítico, maior o risco de dependência. Em idosos, pode-se optar por medicamentos de meia-vida curta por terem metabolismo mais lento. Hipnótico/ansiolítico – alprazolam, bromazepam, clonazepam, diazepam, estazolam, flunitrazepam, lorazepam. Hipnótico – midazolam, tiazolam, nitrazepam. Indutor de sono – zoplicona, zolpidem. → EAs – sedação, sonolência, cansaço, redução da atenção, piora da memória; desaparecem ou diminuem acentuadamente após 1 semana de uso. → Síndrome de abstinência por benzodiazepínico (~álcool) – sintomas psíquicos (irritabilidade, inquietação agitação, insônia, disforia, pesadelo), sintomas físicos (tremores, sudorese, palpitação, náusea, vomito, anorexia, dor muscular), sinais maiores (convulsões, alucinações, delirium). Drogas Z – Zolpidem, Zopiclona, Eszopiclona. → Causam menos EAs que os BZD clássicos, no entanto causam dependência e há muito uso abusivo do medicamento (não é tarja preta). → Zolpidem – apresentações farmacêuticas: liberação regular, liberação controlada, sublingual.
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