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Questões de Formação Histórica do Brasil Contemporâneo

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Questões de Formação Histórica do Brasil Contemporâneo
1 - Explique como as relações estabelecidas entre coronéis e o governo estadual contribuíram para garantir certo grau de estabilidade ao regime político da Primeira República.
Durante a chamada República Velha vigorou um sistema fruto da sociedade tradicional então existente, que o cientista social Victor Nunes Leal passou a designar como "Coronelismo". Este era caracterizado pela ação dos coronéis, homens detentores de poder a nível local que exerciam influência política direta na vida dos trabalhadores rurais a eles subordinados.
Com a proclamação da República e o fim do voto censitário, o número de brasileiros eleitores aumentou e as elites passaram a se utilizar desse fenômeno para se manter no poder. Os coronéis garantiam a participação dos trabalhadores rurais no processo eleitoral de então, garantindo que estes, em situação de vulnerabilidade, votassem nos candidatos ao governo do Estado por eles apoiados - o chamado "voto de cabresto". Em troca dos votos, o governo estadual financiava as eleições e obras públicas nos municípios, além de empregar aliados dos coronéis. Através da chamada "Política dos governadores", o governo federal também garantia autonomia estadual, na medida em que os então presidentes de estado apoiassem a presidência da república. 
Nas palavras de José Murilo de Carvalho em prefácio do livro Coronelismo, Enxada e Voto: "O coronelismo não é simplesmente um fenômeno da política local, não é mandonismo. Tem a ver com a conexão entre município, Estado e União, entre coronéis, governadores e presidente, num jogo de coerção e cooptação exercido nacionalmente" (CARVALHO, 2012).
Assim sendo, o regime político da primeira república garantia sua estabilidade por meio dessa relação permeada de acordos, que embora tivesse início nos municípios, respaldava nacionalmente de modo que a relação dos entes federados entre si era marcada por uma troca de interesses, que se manteve por anos. 
2. Analise criticamente as inovações do Código Eleitoral de 1932 e suas consequências para os primeiros anos da Era Vargas.
O Código eleitoral de 1932, instituído pelo Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, trouxe diversas mudanças ao regime eleitoral brasileiro. Pretendendo moralizar o sufrágio, o código instituiu o voto secreto e o voto feminino; criou a Justiça Eleitoral, com um Tribunal Superior e outros regionais, além de ter também determinado o sistema de representação proporcional e a representação classista.
Embora algumas alterações tenham sido fruto de reivindicações antigas, como a demanda das mulheres em terem garantido o seu direito de votar, tal abertura serviu para dar alguma popularidade ao governo de Getúlio Vargas. O voto secreto, por não ter sido tradição no país até então, demorou a de fato virar uma práxis, e até a inovação de voto através de máquinas foi escrita, mas não chegou a se concretizar no momento.
Outra consequência do Código eleitoral de 1932 foi a apatia do movimento tenentista em relação à este: os revolucionários pertencentes ao movimento e que também compunham o Governo o consideravam uma ameaça. Para Getúlio, no entanto, a medida era não só uma promessa de campanha como algo considerado essencial no intuito de conduzir um processo de constitucionalização, como é apontado no livro História Geral da Civilização Brasileira. 
3 - Descreva e discuta os mecanismos utilizados por Vargas para promover a centralização política e administrativa do país durante o Estado Novo.
A centralização autoritária foi característica do governo federal sob comando de Getúlio Vargas a partir de 1930. Dentre os mecanismos utilizados para atingir esse objetivo, Maria Campello de Souza aponta: as interventorias, o DASP, órgãos técnico-econômicos e a forças armadas. 
1. Interventorias: As interventorias foram mecanismos de controle do Executivo Federal nos estados. Assim, cada estado tinha em seu comando alguém diretamente ligado ao governo central e que devia obediência à este. Ademais, as pessoas designadas, embora fossem do território em questão, não disponham de grande tradição política ou ligação com seus antecessores. 
2. Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP): Tendo surgido com o objetivo de estudar e aprimorar o sistema da administração pública do país, durante o Estado Novo o DASP passou a servir à centralização autoritária, na medida em que se tornou órgão responsável por preparar e monitorar a aplicação do orçamento. Em sua versão estadual, os "daspinhos" controlavam o poder legislativo desse ente federativo, e cabia aos prefeitos que se submetessem aos interventores e ao presidente deste órgão. Além disso, era necessário que os presidentes sancionassem medidas aprovadas pelos interventores, caso contrário estas não progrediam. 
3. Institutos, autarquias e grupos técnicos: Aqui, diz-se respeito aos órgãos que atendiam à demanda de fortalecer o governo central propriamente dito. Campello apresenta quatro tipos vinculados à Economia: I - voltados a setores agrícolas; II - voltados à Indústria privada; III - voltados à serviços pró-industrialização; e IV - destinados a atividades produtivas de maneira direta. As funções e poderes destes variavam, mas todos serviam em alguma medida aos interesses do governo federal. 
4. Forças Armadas: Embora não fossem de todo um braço do governo federal, as Forças Armadas foram expandidas e fortalecidas, adquirindo um formado contrário ao da 1ª República. De suas funções centralizadas, há a atuação como policy-makers e o papel de avaliar a relação dos interventores nos estados.
Desta forma, é possível perceber como durante o Estado Novo diversas medidas foram tomadas no intuito de concentrar a estrutura política nas mãos do poder executivo federal, através de medidas essencialmente econômicas e técnico-burocráticas dentro das quais uma democracia ou participação da sociedade civil não estavam de fato presentes.  
Referências
· Leal, Victor Nunes. Coronelismo, Enxada e Voto: O município e o regime representativo no Brasil. 7ª ed., São Paulo, Companhia das Letras, 2012.
· Silva, Martha. “Coronelismo: entenda o conceito.” Politize, 27 fevereiro 2017, https://www.politize.com.br/coronelismo-entenda-o-conceito/. Acesso em 10 fevereiro 2021.
· Aulas ministradas no curso nos dias 05/02 e 09/02.
· SOUZA, M. C. C. Estado e Partidos Políticos no Brasil. Editora Alfa-Ômega, 1983.

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