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de Proteção Social a Ado- lescentes em Cumprimento de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto de Li- berdade Assistida (LA) e de Proteção de Serviço à Comunidade (PSC) Neste capítulo são apresentadas as di- mensões da gestão do Serviço de MSE em Meio Aberto no âmbito da Política de Assis- tência Social, contextualizando o serviço no sistema socioeducativo a partir dos eixos e das diretrizes que organizam e fundamen- tam a sua execução. A primeira dimensão diz respeito à complementaridade necessá- ria entre o Serviço de MSE em Meio Aber- to e os outros serviços do Sistema Único de Assistência Social – SUAS. Na sequência, apresenta-se o papel da Vigilância Socioa- ssistencial como suporte à participação da Assistência Social no sistema socioeduca- tivo, por meio da realização do diagnóstico socioterritorial e do monitoramento e ava- liação do serviço. Outra dimensão abordada se refere à centralidade da intersetorialida- de em todas as instâncias de planejamento e de execução do atendimento socioeducativo, cuja operacionalidade se realiza na consti- tuição das comissões intersetoriais de acom- panhamento do sistema socioeducativo e dos planos de atendimento socioeducativo. Por fim, são estabelecidas orientações para a implementação do Serviço de MSE em Meio Aberto a partir das diretrizes da Política de Assistência Social. 3.1. O Serviço de Serviço de MSE em Meio Aberto na Política de Assistência Social 3.1.1 A relação do órgão gestor da Assistência Social com o Sistema de Justiça A incompletude institucional, princi- pio adotado pelo SINASE, deve ser o norte para o gestor organizar o Serviço de MSE em Meio Aberto no município. O atendi- mento socioeducativo extrapola as compe- tências de um único segmento institucional, portanto, as relações interinstitucionais no Sistema de Garantias de Direitos são funda- mentais para um atendimento que garanta a responsabilização e a devida proteção in- tegral aos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas. 37 Entre as relações institucionais neces- sárias destaca-se a relação com o Sistema de Justiça, em especial com os atores direta- mente envolvidos com o processo judicial a quem se atribuiu o cometimento de ato in- fracional: juízes, promotores e defensores públicos. Desta forma, é competência do ór- gão gestor municipal, a partir de um diálogo direto com esses atores, estabelecer fluxos e protocolos que oficializem a relação do aten- dimento do Serviço de MSE em Meio Aber- to com o Sistema de Justiça24, considerando desde a aplicação até a execução da medida socioeducativa em meio aberto. O órgão gestor deve garantir, na in- terlocução com o Sistema de Justiça, a rea- lização periódica de reuniões, capacitações e seminários conjuntos entre a Assistência Social e o Sistema de Justiça, principalmen- te estabelecendo um canal de comunicação permanente entre a equipe do CREAS e re- presentantes e equipes do Sistema de Justiça para estudos de caso e compartilhamento de informações relativas aos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa. Considerando a mudança de gestores nos município e a rotatividade de juízes e promoto- res em suas respectivas comarcas, é comum que fluxos e protocolos, anteriormente fixados en- tre gestão e Sistema de Justiça, sofram desconti- nuidades. O órgão gestor, nesses casos, tem im- portante função de sensibilização e informação sobre a execução de medidas socioeducativas em meio aberto e sobre os fluxos e protocolos estabelecidos. A formalização dos procedimen- tos de comunicação e de encaminhamentos re- lacionados ao atendimento socioeducativo em meio aberto proporcionarão maior controle e qualificação da relação entre as instituições, permitindo, assim, direcionamento para o pla- nejamento do trabalho técnico realizado pelas unidades CREAS, e os alcances necessários para a execução da medida socioeducativa dos ado- lescentes autores de ato infracional. 24 Ver inciso V do artigo 10 da Resolução CNAS nº 18/2014. 3.1.2. O Serviço de MSE em Meio Aberto e sua relação com os demais serviços socio- assistenciais A PNAS (2004) estabelece que a rede so- cioassistencial tem como parâmetro a oferta integrada de serviços, programas, benefícios. Entre os eixos estruturantes da PNAS, desta- cam-se a matricialidade sociofamiliar e a terri- torialização. É a partir desse referencial que o Serviço de MSE em Meio Aberto deve ser ofer- tado nos CREAS, destinados ao atendimento de famílias e indivíduos em situação de violação de direitos. Os CREAS são unidades públicas com gestão estatal e de grande capilaridade no ter- ritório nacional. O atendimento ao adolescente autor de ato infracional, no âmbito do SUAS, deve contemplar a sua responsabilização e a proteção social. O Serviço é referência para o Sistema de Justiça encaminhar os adolescentes que deverão cumprir medidas socioeducativas em meio aberto. Seguindo as normativas do SINASE, o Serviço de MSE em Meio Aberto deve fazer parte do Sistema de Atendimento Socioedu- cativo Estadual e Municipal e da Comissão Intersetorial Estadual e Municipal de Atendi- mento Socioeducativo, que têm o objetivo de consolidar a atuação intersetorial para a efe- tivação do atendimento socioeducativo. De acordo com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, o Serviço de MSE em Meio Aberto deve garantir aquisi- ções aos adolescentes, que consistem nas se- guranças de acolhida, de convivência fami- liar e comunitária e de desenvolvimento de autonomia individual, familiar e social. A segurança de acolhida deverá garan- tir condições de dignidade em um ambiente favorável ao diálogo que estimule a apresen- tação de demandas e interesses pelo usuário. É importante ressaltar que esta relação asse- gure que os estereótipos, socialmente disse- minados, não interfiram na acolhida. A segurança de convivência familiar e comunitária está diretamente relacionada à 38 efetivação de ações que fortaleçam os vínculos familiares e comunitários e à garantia de acesso a serviços socioassistenciais e aos encaminhamentos, de acordo com as demandas e interesses dos adolescentes, aos serviços das demais políticas setoriais. A segurança de desenvolvimento de autonomia individual, familiar e social fun- damenta-se em princípios éticos de justiça e cidadania ao promover o acesso dos adoles- centes a oportunidades que os estimulem a construir ou reconstruir projetos de vida, ao desenvolvimento de potencialidades, a infor- mações sobre direitos sociais, civis e políticos e às condições para o seu usufruto. A Tipificação estabelece os seguintes objetivos para o Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de MSE em Meio Aberto: 1. Realizar acompanhamento social a ado- lescente durante o cumprimento da medida, bem como sua inserção em outros serviços e programas socioassistenciais e de outras politi- cas públicas setoriais; 2. Criar condições que visem a ruptura com a prática do ato infracional; 3. Estabelecer contratos e normas com o adolescente a partir das possibilidades e li- mites de trabalho que regrem o cumprimento da medida; 4. Contribuir para a construção da auto- confiança e da autonomia dos adolescentes e jovens em cumprimento de medidas; 5. Possibilitar acessos e oportunidades para ampliação do universo informacional e cultural e o desenvolvimento de habilidades e competências; 6. Fortalecer a convivência familiar e comunitária. Ainda segundo a normativa, a execução do serviço deve prover atenção socioassis- tencial e realizar acompanhamento, consi- derando a responsabilização dos adolescen- tes. Deve, ainda, viabilizar o acesso a diretos e serviços, como também a possibilidade de ressignificar valores que contribuem com a interrupção da trajetória