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SEMINÁRIO TEOLÓGICO DO NORDESTE – MEMORIAL IGREJA PRESBITERIANA DA CORÉIA RESENHA DO LIVRO “MINISTÉRIOS DE MISERICÓRDIA: O CHAMADO PARA A ESTRADA DE JERICÓ” SAUL AZEVEDO DA SILVA Teresina 2019 SEMINÁRIO TEOLÓGICO DO NORDESTE – MEMORIAL IGREJA PRESBITERIANA DA CORÉIA RESENHA DO LIVRO “MINISTÉRIOS DE MISERICÓRDIA: O CHAMADO PARA A ESTRADA DE JERICÓ” Resenha apresentada ao Seminário Presbiteriano do Nordeste – Memorial Igreja Presbiteriana da Coréia como requisito para obtenção de nota no módulo de Ação Social, ministrada pela Profº Rev. Allen Porto. SAUL AZEVEDO DA SILVA Teresina 2019 2 OBRA: KELLER, Timothy. Ministério de Misericórdia: o chamado para a estrada de Jericó – São Paulo: Vida Nova, 2016. Esta obra traz à baila uma abordagem interessante a partir da passagem bíblica conhecida como parábola do Bom Samaritano narrada pelo Senhor Jesus. A partir dela, o autor Timothy Keller apresenta como o cristão em sua tarefa como sacerdócio real de Deus deve exercer obras de misericórdia não só aos crentes, mas a toda a criação. Para isso ele aborda que o proposito do reino de Deus é expansivo e restaurador, em fazerem todas as coisas novas por meio da obra de Cristo por intermédio dos cristãos e da Igreja em todo o mundo, abarcando todas as classes de pessoas. Sendo para esses, um dever, uma responsabilidade, não uma opção. Tal é a demanda apresentada pela obra que a Igreja tem que ter ciência que não pode simplesmente delegar tal função para grupos seculares, até mesmo o Estado, mas é atividade preponderante da Igreja liderar e promover obras de misericórdia às pessoas, a sociedade e aos povos. De tal forma que “o Estado e os empresários devem reconhecer que não podem substituir a igreja, a família e os grupos voluntários na luta contra os problemas sociais”.1 Keller parte da perspectiva que a Queda trouxe quatro tipos de alienações que influenciaram e afetaram não só o homem mas toda a criação. Seriam elas: teológica, psicológica, social e física. Sendo assim, a misericórdia seria “o impulso que nos torna sensíveis aos sofrimentos e carências das pessoas e nos leva ao desejo de aliviá-los.”2 Chamando-se esses sofrimentos e carências de necessidades. Descreve bem, o autor sobre essa perspectiva da Igreja ao dizer que: “Anunciar o reino de Deus é mais do que ganhar almas para Cristo. Envolve também trabalhar para a cura de pessoas, famílias, relacionamentos e nações; implica realizar obras de misericórdia e buscar a justiça. Significa edificar vidas, 1 p. 202; 2 p. 54 3 relacionamentos, instituições e comunidades de acordo com a autoridade de Deus, assim, promover a bem-aventurança.” 3 Além disso, a atuação da Igreja nessas obras de misericórdia representam um movimento “contra a maré” em relação ao mundo. As obras de misericórdia da Igreja e dos cristãos são movidas por um entendimento de como a graça de Deus é operosa nas vidas dos servos de Cristo. De forma que a confiança na provisão material de Deus representa um importante diferencial entre a dimensão de como os cristãos devem se envolver nas obras de misericórdias diferentemente dos ímpios. As riquezas que os cristãos obtém devem visar as boas obras e a expansão do reino de Deus. O melhor referencial para tal disposição apresentado por Keller é o próprio Jesus que ele interpreta na parábola como o Bom Samaritano, confirme ele expressa ao dizer: “todos somos indefesos e falidos; todos estamos morrendo à beira da estrada. Jesus Cristo, que é nosso inimigo natural, que não nos deve nada, mesmo assim para, oferece-nos suas riquezas naturais e salva-nos” 4 Sendo assim, a obra apresenta numa escala crescente de responsabilidade pactual pela misericórdia que o núcleo está nas famílias, como mais próximos dos vulneráveis e necessitados, estas devem ser o primeiro canal de socorro e amparo para as pessoas, daí vem a Igreja, e depois o Estado. A pratica da misericórdia também deve ser ativa, a Igreja não deve simplesmente cruzar os braços e esperar que os necessitados venham até ela clamando por ajuda e auxilio, mas “Cristo ficou sentado lá no céu, esperando que implorássemos a sua misericórdia? Não, ele nos procurou e nos encontrou”, assim também fazer aos que precisam: Corroborando com o raciocínio apresentado até aqui, Keller descreve que: 3 p. 64; 4 p. 78; 4 “Nós também devemos, portanto, seguir o exemplo de nosso Senhor. Nosso ministério de misericórdia não é simplesmente uma forma de validarmos nossa pregação. Ele deve ser motivado pela compaixão. Quando agimos para satisfazer uma necessidade física motivados pela compaixão (como fez o samaritano em Lucas 10.33), mesmo sem a força de um milagre nosso ato demonstra o poder restaurador do reino de Deus” 5 O proposito de misericórdia deve está firmado em se “ver o senhorio de Deus atuando na vida das pessoas a quem o auxilio é oferecido.”6 Não obstante que seria “falta de misericórdia socorrer alguém que precisa sofrer as plenas consequências de seu comportamento irresponsável”7. Então como Keller bem colocou, a misericórdia deve limitar a própria misericórdia, não incentivando e apoiando a rebelião contra Deus e o pecado da pessoa necessitada. Nessa senda, é preciso ter a ciência de que a abrangência da misericórdia na vida dos necessitados não deve se bastar a curar os feridos, mas é essencial ir atrás da fonte da agressão e do gravame na vida do necessitado, é preciso trazer uma reforma social geral na vida deste. Diante disso tudo, na parte pratica da obra, Keller apresenta que o serviço do cristão não deve ser individual, é antes uma obra coletiva, uma comissão dada a Igreja de Cristo, um empreendimento promovido por ela para a expansão e credibilidade do Reino de Jesus Cristo. Assim, ele oferece de maneira organizada como se daria esse processo de preparação da Igreja para se envolver nas obras de misericórdia, pois ele parte da ótica que para o cristão se envolver com estas obras, não lhe é exigido experiência ou vasto conhecimento teológico, é uma atividade sacerdotal delegada a todos os crentes pela dispersão do Espírito. Dessa perspectiva, a obra busca instruir como uma igreja pode e deve ver o serviço com as obras de misericórdia, vendo que nem sempre uma igreja 5 p. 104; 6 p. 114; 7 p. 116 5 está pronta para imediatamente a implantar, é preciso estudar, analisar, descobrir dons e planejar a melhor maneira e um projeto que melhor se adapte as necessidades da igreja, da comunidade que a cerca e dos dons que a própria igreja possui para poder empreender em alguma(s) obra(s) de misericórdia. Por fim, coloca-se que o parâmetro para esse empreendimento nas obras de misericórdia deve está na graça de Deus sobre Seus servos e Sua igreja. “A graça alcança pessoas detestáveis, mas não permite que continuem assim”8 CRÍTICA: A perspectiva teológica é fabulosa, como o autor explora as diversas dimensões da Queda da humanidade e consequentemente da criação e traz por meio da parábola do Bom Samaritano a reflexão de que é dever do cristão, por meio da família e da Igreja dá auxilio aos necessitados. Tal auxilio que não se resume apenas a um “agrado” ou desencargo de consciência, mas um envolvimento concreto, profundo e radical, de forma que vise gerar uma verdadeira transformação na vida dos necessitados, firmado na graça e obra de Cristo nas vidas dos cristãos regenerados. Uma ótica perfeitamente de ortopraxia. Porém, ao adentrar nas maneiras de como esses princípios podem ser aplicados, o autor elencou diversas opções que,apesar da maioria ser mui proveitosa e louvável, muitas oferecem propostas que podem macular a ordem a decência da vida litúrgica que a Igreja deve ter em momentos solenes de culto e reunião. Não é fácil associar qual seria o melhor liame para isso, mas mesmo assim creio que esse seja um manual indispensável a toda Igreja e suas Juntas Diaconais para abrirem seus olhos para necessidade e o comissionamento requerido por Deus a sua Igreja para levarem as obras de misericórdia ao mundo como instrumento fundamental do serviço do Reino de Cristo. 8 p. 261;
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