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Medicação Intracanal

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ANA BEATRIZ CAVALCANTI – ENDODONTIA II – P5 
1 
 
A medicação intracanal se caracteriza pela aplicação de 
um medicamento no interior dos canais radiculares entre 
as sessões até a conclusão do tratamento endodôntico. 
 
Seu uso exerce um papel auxiliar importante em 
determinadas condições clínicas e patológicas. 
a) Eliminar microrganismos que sobreviveram ao preparo 
químico-mecânico. 
b) Atuar como barreira físico-química contra a infecção 
ou reinfecção por microrganismos da saliva. 
c) Reduzir a inflamação perirradicular e consequente 
sintomatologia. 
d) Controlar a exsudação persistente. 
e) Solubilizar a matéria orgânica. 
f) Inativar produtos microbianos. 
g) Controlar a reabsorção dentária inflamatória externa. 
h) Estimular a reparação por tecido mineralizado. 
A) ELIMINAR MICRORGANISMOS QUE SOBREVIVERAM 
AO PREPARO QUÍMICO-MECÂNICO 
Eliminação de micro-organismos dos sistemas de canais 
radiculares (locais inacessíveis a instrumentação): 
istmos, ramificações, delta apical e irregularidades. 
Pelo fato de permanecer por tempo muito mais 
prolongado no interior do canal radicular do que a 
substância química usada na irrigação, o medicamento 
tem mais chances de atingir tais áreas não afetadas pela 
instrumentação e pela substância química auxiliar. 
Assim, exercendo sua ação antimicrobiana, o 
medicamento pode contribuir decisivamente para a 
máxima eliminação da microbiota endodôntica. 
Possivelmente, por potencializar a eliminação de 
microrganismos, o emprego de medicamentos 
intracanais está diretamente relacionado a uma melhor 
reparação dos tecidos perirradiculares e, 
consequentemente, a um maior índice de sucesso da 
terapia endodôntica de dentes com canais infectados. 
B) ATUAR COMO BARREIRA FÍSICO-QUÍMICA CONTRA 
A INFECÇÃO OU REINFECÇÃO POR MICRORGANISMOS 
DA SALIVA 
Canais instrumentados podem ser 
contaminados/recontaminados e infectados/reinfectados 
entre as sessões de tratamento por diferentes motivos: 
microinfiltração através do selador temporário; perda ou 
fratura do material selador e/ou da estrutura dentária. 
Infecção/reinfecção do sistema de canais radiculares 
obviamente ameaça o sucesso da terapia endodôntica. 
Medicamentos intracanais podem impedir a penetração 
de microrganismos da saliva no canal por duas maneiras: 
1. Barreira Química 
Medicamentos que possuem efeitos antimicrobianos 
podem atuar como barreira química contra a 
microinfiltração, eliminando microrganismos e 
impedindo sua entrada no canal. 
Substâncias aplicadas em mechas de algodão colocadas 
na câmara pulpar, como tricresol formalina e 
paramonoclorofenol canforado, agem desta maneira. 
A contaminação ou recontaminação do canal só ocorrerá 
após a exposição à saliva, quando o número de células 
microbianas excederem a atividade antimicrobiana do 
medicamento. Por sua vez, a saliva pode diluir o 
medicamento e neutralizar seus efeitos, permitindo, 
assim, a invasão microbiana do canal. 
O tricresol formalina e o paramonoclorofenol canforado, 
aplicados na câmara pulpar, não conseguem retardar por 
muito tempo a recontaminação do canal, após exposição 
à saliva. 
2. Barreira Física 
Medicamentos que preenchem toda a extensão do canal 
podem funcionar como uma barreira física à invasão de 
microrganismos provenientes da saliva. 
A contaminação ou recontaminação do canal através da 
saliva ocorrerá por solubilização e permeabilidade do 
medicamento ou percolação de saliva na interface entre 
o medicamento e as paredes do canal. Entretanto, se o 
medicamento apresentar atividade antimicrobiana, a sua 
neutralização por parte da saliva deve preceder a invasão 
microbiana. 
As pastas de hidróxido de cálcio funcionam como uma 
barreira físico-química, retardando significativamente a 
recontaminação do canal quando da exposição à saliva 
por perda do selador coronário. O efeito físico de 
preenchimento parece exercer maior influência na 
prevenção da reinfeccção do que o efeito químico. 
C) REDUZIR A INFLAMAÇÃO PERIRRADICULAR E A 
CONSEQUENTE SINTOMATOLOGIA 
Em determinadas situações clínicas, como na 
periodontite apical aguda e no abscesso perirradicular 
agudo, em que há sintomatologia por causa da inflamação 
perirradicular, faz-se necessário o emprego de um 
medicamento intracanal com o intuito de reduzir direta 
ou indiretamente a intensidade da resposta inflamatória. 
 ANA BEATRIZ CAVALCANTI – ENDODONTIA II – P5 
2 
 
D) CONTROLAR A EXSUDAÇÃO PERSISTENTE 
O exsudato é considerado persistente quando ainda é 
observado no canal após irrigação com NaOCl e secagem 
com pelo menos uns 3 a 4 cones de papel absorvente. 
A persistência de exsudação no canal indica que 
irritantes permanecem atuando sobre os tecidos 
perirradiculares. 
O preparo químico-mecânico deve ser revisado com o 
comprimento de trabalho reavaliado e então um 
medicamento intracanal deve ser aplicado. 
E) SOLUBILIZAR A MATÉRIA ORGÂNICA 
É preciso ressaltar que, durante o preparo químico-
mecânico, a ação do instrumento endodôntico se realiza 
somente no canal principal, permanecendo inacessíveis 
os canais laterais, ramificações apicais, istmos e áreas de 
reabsorções dentárias. Assim, a remoção do tecido vital 
ou necrosado que preenche estas áreas dependerá da 
ação solvente da solução química auxiliar, do fluxo da 
solução irrigadora durante a aspiração e da ação de 
substâncias empregadas como medicamento intracanal. 
F) INATIVAR PRODUTOS MICROBIANOS 
Medicamentos que possuem efeito neutralizante 
específico sobre determinados produtos bacterianos 
tóxicos, como o lipopolissacarídeo (LPS ou endotoxina) de 
bactérias Gram-negativas e o ácido lipoteicoico (LTA) de 
Gram-positivas, podem contribuir para a criação de um 
ambiente endodôntico favorável à reparação 
perirradicular. Por exemplo, o hidróxido de cálcio, quando 
em contato direto, pode neutralizar tanto o LPS quanto o 
LTA. 
G) CONTROLAR A REABSORÇÃO DENTÁRIA 
INFLAMATÓRIA EXTERNA 
A reabsorção dentária inflamatória externa pode ocorrer 
após traumatismo dentário ou estar associada à lesão 
perirradicular, em ambas as situações, a perda do 
cemento e a exposição de túbulos dentinários infectados 
ou associados a uma polpa infectada conduzem à 
manutenção da inflamação perirradicular e à progressão 
da reabsorção radicular. 
Para o tratamento da reabsorção inflamatória externa, 
após o preparo químico-mecânico, é imprescindível o uso 
de um medicamento intracanal com atividade 
antimicrobiana para auxiliar a desinfecção do canal e 
tentar debelar a infecção intratubular, fatores que 
mantêm o processo reabsortivo. 
H) ESTIMULAR A REPARAÇÃO POR TECIDO 
MINERALIZADO 
Nos casos de perfurações e reabsorções radiculares, assim 
como nos dentes com rizogênese incompleta, medicamentos 
intracanais são utilizados com a intenção de favorecer a 
reparação através da deposição de um tecido mineralizado. 
DERIVADOS FENÓLICOS 
São compostos que possuem um ou mais grupamentos 
hidroxila (OH−) ligados diretamente ao anel benzênico 
(C6H6). O ácido fênico, ou fenol comum, (C6H5OH) é um 
agente bactericida antigo, bastante utilizado em Medicina 
e Odontologia. 
Os derivados fenólicos mais usados no passado como 
medicamentos endodônticos são: eugenol, 
paramonoclorofenol, paramonoclorofenol canforado 
(PMCC), metacresilacetato (cresatina), cresol, creosoto e 
timol. 
Estes compostos são potentes agentes antimicrobianos e 
podem exercer seus efeitos não somente pelo contato 
direto, mas também através da liberação de vapores. 
Destes, apenas o PMCC ainda é recomendado em 
Endodontia. 
ALDEÍDOS 
Aldeídos são compostos orgânicos que apresentam na 
molécula o radical funcional denominado carbonila, tendo 
uma das valências do carbono preenchida 
obrigatoriamente pelo hidrogênio e a outra, por um 
radical alquila ou arila. 
HALÓGENOS 
São representados pelos compostos que contêm cloro ou 
iodo, apresentam efeitos destrutivos sobre vírus e 
bactérias.O iodofórmio, CHI3 (tri-iodometano), é uma substância 
halógena empregada como medicamento intracanal, 
isoladamente ou associada a outras substâncias. O 
iodofórmio se decompõe liberando iodo no estado 
nascente. Apresenta boa radiopacidade. 
O iodeto de potássio iodetado a 2% também tem sido 
utilizado como medicação intracanal,possui atividade 
antimicrobiana satisfatória. 
 ANA BEATRIZ CAVALCANTI – ENDODONTIA II – P5 
3 
 
BASES OU HIDRÓXIDOS 
Bases são compostos inorgânicos que possuem como 
ânions exclusivamente os radicais hidroxila (OH−). São 
representados, para uso endodôntico, pelo hidróxido de 
cálcio [Ca(OH)2]. 
A atividade antimicrobiana por contato e o efeito de 
estímulo à formação de uma barreira mineralizada são 
propriedades cientificamente comprovadas quando do 
emprego dessa substância no interior do canal radicular. 
CORTICOSTEROIDES 
São substâncias derivadas do córtex suprarrenal. São 
medicamentos que atuam sobre o processo inflamatório, 
inibindo a ação da enzima fosfolipase A2, envolvida na 
síntese dos derivados do ácido araquidônico 
(prostaglandinas e leucotrienos), importantes 
mediadores químicos da inflamação. Possuem efeito 
inibitório potente sobre a exsudação e a vasodilatação 
associadas à inflamação. 
Em Endodontia são utilizados, por meio de aplicações 
tópicas para o controle da reação inflamatória, nos casos 
de periodontite apical aguda de etiologia química ou 
traumática. 
Podem também ser utilizados na biopulpectomia, nos 
casos em que não se realiza a obturação radicular 
imediata e nas pulpotomias. 
Os corticosteroides mais empregados em Endodontia são 
a hidrocortisona, a prednisolona e a dexametasona. 
ANTIBIÓTICOS 
São substâncias químicas produzidas por 
microrganismos ou similares a elas produzidas total ou 
parcialmente em laboratório, capazes de inibir o 
desenvolvimento ou matar outros microrganismos. 
Isoladamente, ou combinados com outros medicamentos, 
eles têm sido pouco empregados como medicamento 
intracanal, uma vez que, como medicamento intracanal, 
os antibióticos não são superiores aos antissépticos 
comuns 
No entanto, uma combinação de três antibióticos − 
ciprofloxacin, metronidazol e minociclina (uma 
tetraciclina) − tem sido recomendada para casos de 
revascularização ou revitalização em dentes com polpa 
necrosada e rizogênese incompleta. 
–
O hidróxido de cálcio apresenta-se como um pó branco, 
alcalino (pH 12,8), pouco solúvel em água (solubilidade de 
1,2 g/litro de água, à temperatura de 25°C). Trata-se de 
uma base forte, obtida a partir da calcinação 
(aquecimento) do carbonato de cálcio (cal viva). Com a 
hidratação do óxido de cálcio, chega-se ao hidróxido de 
cálcio e a reação entre este e o gás carbônico leva à 
formação de carbonato de cálcio. 
As propriedades do hidróxido de cálcio derivam de sua 
dissociação iônica em íons cálcio e íons hidroxila, sendo 
que a ação destes íons sobre os tecidos e os 
microrganismos explicam as propriedades biológicas e 
antimicrobianas desta substância. 
Uma vez que se encontra na forma de pó, o hidróxido de 
cálcio deve ser associado a uma outra substância que 
permita sua veiculação para o interior do sistema de 
canais radiculares. 
Idealmente, os veículos devem possibilitar a dissociação 
iônica do hidróxido de cálcio em íons cálcio e hidroxila, 
uma vez que suas propriedades são dependentes de tal 
dissociação. Esta dissociação poderá ocorrer de 
diferentes formas, grau e intensidade, dependendo de 
outras substâncias que entrem na composição da pasta. 
Do ponto de vista da atividade antimicrobiana, principal 
propriedade exigida para um medicamento intracanal, 
podemos classificar os veículos em inertes e 
biologicamente ativos. 
Veículos inertes:caraterizam-se por serem, na maioria 
das vezes, biocompatíveis, mas sem influenciar 
significativamente as propriedades antimicrobianas do 
hidróxido de cálcio. Estes incluem a água destilada, o soro 
fisiológico, as soluções anestésicas, a solução de 
metilcelulose, o óleo de oliva, a glicerina, o 
polietilenoglicol e o propilenoglicol. 
Veículos biologicamente ativos: conferem à pasta efeitos 
adicionais aos proporcionados pelo hidróxido de cálcio. 
Exemplos incluem o PMCC, a clorexidina e o iodeto de 
potássio iodetado. 
Do ponto de vista das características físico-químicas, 
existem dois tipos de veículos: hidrossolúveis e oleosos. 
Veículos hidrossolúveis: caraterizam-se por serem 
inteiramente miscíveis em água. Podem ser divididos em 
aquosos e viscosos. 
 ANA BEATRIZ CAVALCANTI – ENDODONTIA II – P5 
4 
 
Veículos aquosos: propiciam ao hidróxido de cálcio uma 
dissociação iônica extremamente rápida, permitindo 
maior difusão. É preciso ressaltar que estes veículos 
permitem a rápida diluição da pasta do interior do canal 
radicular, principalmente quando empregada como 
medicação nos casos de necrose pulpar e lesão 
perirradicular, obrigando a recolocações sucessivas para 
que os resultados almejados sejam conseguidos. São 
exemplos de veículos aquosos, além da água destilada, o 
soro fisiológico, as soluções anestésicas e a solução de 
metilcelulose. 
Os veículos viscosos, embora sejam solúveis em água em 
qualquer proporção, tornam a dissociação do hidróxido 
de cálcio mais lenta, provavelmente em razão de seus 
elevados pesos moleculares. Como veículos viscosos 
podemos mencionar a glicerina, o polietilenoglicol e o 
propilenoglicol. O Calen e o Calen PMCC (SS White, RJ, 
Brasil) são exemplos comerciais de pastas que 
empregam o polietilenoglicol como veículo. 
GLICERINA 
Fórmula: CH2OH – CHOH – CH2OH 
Nomenclatura oficial: propanotriol 
Miscível em qualquer proporção com água e álcool. 
Insolúvel em clorofórmio, éter e em óleos fixos e voláteis. 
POLIETILENOGLICOL 400 
Fórmula: CH2OH – (CH2 – O – CH2)n – CH2OH 
Miscível em qualquer proporção com água, acetona, 
álcool e outros glicóis, insolúvel no éter e no benzeno. 
PROPILENOGLICOL 
Fórmula: CH2OH – CHOH – CH3 
Nomenclatura oficial: propanodiol 1, 2. 
Exposto ao ar úmido, absorve umidade. Mistura-se em 
qualquer proporção com água e álcool. 
Os veículos oleosos, em função de serem muito pouco 
solúveis na água, conferem à pasta de hidróxido de cálcio 
pouca solubilidade e difusão junto aos tecidos. Como 
veículos oleosos, podem ser mencionados alguns ácidos 
graxos, como os ácidos oleico, linoleico e isosteárico, o 
óleo de oliva, o óleo de papoula-lipiodol, o silicone e a 
cânfora-óleo essencial do paramonoclorofenol. As pastas 
LC (Herpo Produtos Dentários Ltda., Rio de Janeiro) e 
Vitapex (Neo Dental Chemical Products Co., Tóquio, Japão) 
são exemplos de formulações comerciais que utilizam 
veículos oleosos. 
ÓLEO DE OLIVA 
O óleo de oliva purificado é um líquido amarelo-claro ou 
verde-claro, com odor característico, insolúvel na água, 
ligeiramente solúvel no álcool. 
PARAMONOCLOROFENOL CANFORADO (PMCC) 
O uso do PMC fundamenta-se nas propriedades 
antissépticas do fenol e do íon cloro que, na posição para 
do anel fenólico, é liberado lentamente. Apresenta-se sob 
a forma de cristais e possui odor fenólico característico. 
A combinação do PMC com outras substâncias, ou a sua 
diluição, tem sido proposta com o objetivo de 
potencializar a atividade antimicrobiana e reduzir a 
citotoxicidade do medicamento. 
A forma em associação com a cânfora tem sido a mais 
utilizada em Odontologia. Comercialmente o PMC está 
associado à cânfora, usualmente na proporção 3,5:6,5 
(S.S.White). 
O PMCC apresenta elevada atividade antibacteriana 
contra bactérias anaeróbias estritas. 
O uso isolado do PMCC como medicação intracanal não 
tem sido mais recomendado em virtude da elevada 
toxicidade da substância, o que não permite preencher o 
canal com esta substância, e dos efeitos antibacterianos 
bastante efêmeros, quando aplicado em mecha de 
algodão na câmara pulpar durando no máximo 48 horas. 
No entanto, tem sido recomendadocomo veículo 
biologicamente ativo e oleoso para o hidróxido de cálcio. 
O PMCC apresenta baixa tensão superficial (36,7 e 37,2 
dinas/cm2, respectivamente) e é solúvel em lipídios. Estas 
características permitem que esta substância apresente 
maior penetrabilidade tecidual, aumentando seu raio de 
atuação dentro do sistema de canais radiculares (ver 
adiante neste capítulo). 
CLOREXIDINA 
A clorexidina é uma substância antimicrobiana altamente 
eficaz contra espécies orais de bactérias Gram-positivas 
e Gram-negativas, além de fungos,atravessa a parede 
celular microbiana por difusão passiva e então ataca a 
membrana citoplasmática. 
é um agente antimicrobiano amplamente utilizado e que 
tem sido recentemente proposto para uso endodôntico 
como substância química auxiliar ou como medicação 
intracanal. Na irrigação, a clorexidina tem revelado 
resultados antimicrobianos similares aos do NaOCl. 
Além dos efeitos antimicrobianos, a clorexidina 
apresenta baixa toxicidade e propriedade de 
substantividade à dentina, o que resulta em efeitos 
antimicrobianos residuais mantidos por dias a semanas. 
 ANA BEATRIZ CAVALCANTI – ENDODONTIA II – P5 
5 
 
Como medicação intracanal, a clorexidina tem sido 
recomendada isoladamente ou em combinação com o 
hidróxido de cálcio. 
SUBSTÂNCIAS ADICIONAIS 
Algumas substâncias químicas, além dos veículos, têm 
sido acrescidas ao hidróxido de cálcio no intuito de 
melhorar suas propriedades físico-químicas para 
utilização clínica, como a própria radiopacidade. As 
substâncias associadas normalmente são: carbonato de 
bismuto, sulfato de bário, iodofórmio e o óxido de zinco. 
1. AÇÃO ANTI-INFLAMATÓRIA 
Três mecanismos de ação foram propostos para justificar 
os efeitos anti-inflamatórios do hidróxido de cálcio: ação 
higroscópica, formação de pontes de proteinato de cálcio 
e inibição da fosfolipase. 
Quando aplicado diretamente sobre um tecido acometido 
por resposta inflamatória aguda, o hidróxido de cálcio 
promove a exacerbação do processo, o que certamente 
não ocorreria se esta substância fosse dotada de ação 
anti-inflamatória. 
Cumpre salientar que os efeitos antimicrobianos do 
hidróxido de cálcio são responsáveis pela redução ou 
resolução da inflamação associada ao uso desta 
substância, uma vez que participa na eliminação da causa 
do processo inflamatório, isto é, a infecção. 
2. AÇÃO ANTIMICROBIANA 
A maioria dos microrganismos patogênicos para o 
homem não é capaz sobreviver em um meio 
extremamente alcalino, exceto o E. faecalis, que pode 
sobreviver em pH 11,5, a Candida albicans e o Actinomyces 
radicidentis. 
Como o pH do hidróxido de cálcio é de cerca de 12,8, 
depreende-se que praticamente todas as espécies 
bacterianas já isoladas de canais infectados são sensíveis 
aos seus efeitos, sendo eliminadas em pouco tempo 
quando em contato direto com esta substância. 
MECANISMOS DE ATIVIDADE ANTIMICROBIANA 
A atividade antimicrobiana do hidróxido de cálcio está 
relacionada à liberação de íons hidroxila, oriundos de sua 
dissociação em ambiente aquoso. Seu efeito letal dá-se 
pelos seguintes mecanismos: 
a) Perda da integridade da membrana citoplasmática 
bacteriana: isto ocorre por causa da peroxidação lipídica, 
que resulta na destruição de fosfolípios, componentes 
estruturais da membrana. 
b) Inativação enzimática: todo o metabolismo celular 
depende da ação enzimática, que está diretamente 
relacionada ao pH do meio. Proteínas (neste caso em 
especial, as enzimas) e outras biomoléculas possuem 
uma faixa estreita de pH, na qual a atividade ou a 
estabilidade é ótima, girando em torno da neutralidade. 
A alcalinização promovida pelo hidróxido de cálcio induz 
a desnaturação de enzimas por quebra de ligações 
iônicas, que mantêm sua estrutura terciária (a forma 
como a proteína está disposta tridimensionalmente). 
c) Dano ao DNA: os íons hidroxila reagem com o DNA 
bacteriano, levando à cisão das fitas, acarretando a perda 
de genes e induzindo mutações. Isto gera inibição da 
replicação do DNA e desarranjo da atividade celular. 
–
Se, nos testes de difusão em ágar e de desinfecção da 
dentina, o hidróxido de cálcio associado a um veículo 
inerte foi ineficaz e, quando associado ao PMCC, 
microrganismos foram inibidos e/ou eliminados, parece 
lógico afirmar que o efeito antimicrobiano da pasta em 
profundidade deve-se principalmente ao PMCC. 
Destarte, se o PMCC é o principal responsável pela 
atividade antimicrobiana da pasta, a afirmativa de que 
esta substância é o veículo não procede. Na verdade, 
parece-nos que o inverso, pelo menos no que concerne à 
atividade antimicrobiana, é mais verdadeiro, isto é, o 
hidróxido de cálcio funciona como veículo, permitindo 
uma liberação lenta e controlada de PMCC para o meio, o 
suficiente para ter ação contra microrganismos. 
Isto é importante, pois o PMCC na forma pura é 
extremamente citotóxico. Contudo, trabalhos 
experimentais em modelo animal demonstraram que esta 
pasta é biocompatível. 
A compatibilidade biológica da pasta HPG talvez se deva: 
1) à pequena concentração de PMC liberado. Quando o 
PMCC é associado ao hidróxido de cálcio, há a formação 
 ANA BEATRIZ CAVALCANTI – ENDODONTIA II – P5 
6 
 
de um sal pouco solúvel, o paramonoclorofenolato de 
cálcio, que, em ambiente aquoso, se dissocia lentamente 
liberando PMC e íons cálcio e hidroxila para o meio 
circundante 
2) ao fato de o pH alcalino da pasta causar uma 
desnaturação proteica superficial no tecido em contato 
com ela, que serve como barreira física para a difusão e 
maior penetrabilidade tecidual por parte do PMC; 
3) à irritação ser de baixa intensidade por um curto 
período. 
A pasta HPG apresenta maior espectro de atividade 
antimicrobiana, maior raio de atuação, efeito 
antimicrobiano mais rápido e é menos afetada por soro e 
tecido necrosado, quando comparada às pastas de 
hidróxido de cálcio em veículos inertes. 
O maior raio de ação pode ser resultado da baixa tensão 
superficial do PMCC e da solubilidade em lipídios, o que 
facilita sua difusibilidade pelo sistema de canais 
radiculares. Por tais razões, recomendamos a pasta HPG 
como a medicação intracanal a ser utilizada 
rotineiramente após o preparo químico-mecânico de 
dentes com necrose pulpar, devendo permanecer no 
canal por um período ideal de aproximadamente 7 dias. 
A associação da clorexidina com o hidróxido de cálcio 
(HCHX) tem sido então bastante estudada recentemente. 
Até o momento, não há consenso entre os estudos in vitro 
quanto à vantagem de associar clorexidina ao hidróxido 
de cálcio. 
Contudo, apesar da perda da clorexidina ativa, quando 
misturada ao hidróxido de cálcio, os efeitos residuais 
ainda podem ter significado clínico. 
Os efeitos antimicrobianos significativos da pasta HCHX 
revelados por estes estudos clínicos podem ser 
creditados a resíduos ainda ativos, e não a precipitados 
de clorexidina na pasta, além do alto pH da mesma. 
Assim, esta pasta pode ser uma boa alternativa à pasta 
HPG no uso rotineiro durante o tratamento (e no 
retratamento) de dentes com lesão perirradicular, com o 
potencial de promover resultados similares. 
Endotoxinas, ou lipopolissacarídeos (LPS), são 
constituintes da membrana externa da parede celular de 
bactérias Gram-negativas que, quando liberadas para o 
meio externo, são importantes fatores de virulência. 
Estas moléculas exercem um papel relevante na 
patogênese das doenças da polpa e dos tecidos 
perirradiculares. 
A porção lipídica da molécula, conhecida como lipídio A, 
é a principal responsável por seus efeitos biológicos. Foi 
demonstrado que o hidróxido de cálcio pode promover a 
hidrólise do lipídio A, destruindo ligações éster dentro da 
molécula do LPS, promovendo assim a liberação de 
ácidos graxos hidroxilados.44 Consequentemente, a 
molécula de LPS é inativada, tendo seus efeitos tóxicos 
neutralizados ou reduzidos significativamente.O ácido lipoteicoico (LTA) é um polímero de glicerol 
fosfato ligado a ácidos graxos e representa um dos 
principais componentes da parede celular de bactérias 
Gram-positivas. O LTA se assemelha ao LPS em certos 
aspectos, incluindo as propriedades pró-inflamatórias, 
sendo considerado o equivalente do LPS em bactérias 
Gram-positivas. LTA é um importante fator de virulência 
do E. faecalis e pode ser um fator de virulência envolvido 
na patogênese das lesões perirradiculares. A clorexidina 
também pode inativar o LTA porque afeta a sua 
capacidade de estimular o TLR2, resultando na redução 
da produção de citocinas pró-inflamatórias. De forma 
similar ao LPS, resta determinar se esses efeitos sobre o 
LTA podem ser observados in vivo e, em caso afirmativo, 
qual é a relevância real para o resultado a longo prazo do 
tratamento endodôntico. 
Quando em contato direto com um tecido conjuntivo 
organizado com memória genética para produção de 
tecido mineralizado, como polpa ou ligamento 
periodontal, o hidróxido de cálcio estimula a neoformação 
de dentina ou cemento, respectivamente. 
Esta é, sem dúvida alguma, a propriedade mais difundida 
do hidróxido de cálcio, sendo apoiada tanto pela prática 
clínica quanto por inúmeros trabalhos científicos. 
https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595152687/epub/OEBPS/xhtml/B9788535279672500354C.xhtml#bib2098
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Algumas modalidades de tratamento utilizam-se deste 
efeito biológico do hidróxido de cálcio, entre eles: 
capeamento pulpar direto; curetagem pulpar; pulpotomia; 
apicificação; tratamento de perfurações e de reabsorções 
radiculares. 
Embora se reconheça esta propriedade do hidróxido de 
cálcio, seu mecanismo de ação ainda não foi 
perfeitamente elucidado. Alguns atribuem este efeito aos 
íons hidroxila, enquanto outros julgam que os íons Ca+2 
sejam os responsáveis pela indução do reparo. Seguem 
algumas tentativas de explicar os efeitos do hidróxido de 
cálcio sobre os tecidos, que resultam na deposição de 
tecido duro neoformado: ativação de enzimas (Cat-
ATPase, Pirofosfatase, Fosfatase alcalina) e trauma 
químico. 
1. SOLVENTE DE MATÉRIA ORGÂNICA 
Tem sido demonstrado que, por possuir pH extremamente 
alcalino, o hidróxido de cálcio pode promover a quebra de 
ligações iônicas que mantêm a estrutura terciária de 
proteínas, desnaturando-as e tornando-as mais 
suscetíveis à dissolução por NaOCl. Tais estudos foram 
conduzidos em condições experimentais nas quais a área 
de contato entre as substâncias testadas e os tecidos era 
máxima, o que não condiz com a situação real dentro do 
sistema de canais radiculares, onde irregularidades, 
istmos e ramificações podem limitar este contato, que 
não são totalmente limpas, mesmo após a utilização de 
curativo com hidróxido de cálcio. 
2. INIBIÇÃO DA REABSORÇÃO RADICULAR 
EXTERNA 
O processo de reabsorção de um tecido mineralizado 
inicia-se pela perda da matriz orgânica que o reveste, 
como o osteoide no osso e o pré-cemento no cemento. 
Ácidos promovem a dissolução da hidroxiapatita, 
componente inorgânico do tecido mineralizadoO pH na 
lacuna de reabsorção cai para aproximadamente 4,5, o 
qual é ótimo para a atividade de algumas catepsinas 
liberadas pelo osteoclasto e envolvidas na reabsorção. 
Tais mecanismos bioquímicos utilizados pela célula 
clástica para reabsorver tecidos mineralizados são 
exatamente os mesmos, independentemente de a 
reabsorção ser fisiológica ou patológica. 
Nas reabsorções radiculares inflamatórias externas, 
componentes bacterianos, como o LPS de bactérias 
Gram-negativas, desempenham papel importante para 
estimular a biossíntese e liberação de citocinas (IL-1, TNF, 
IL-6) envolvidas na ativação de células clásticas. 
Em virtude de ser uma base forte, tem sido sugerido que 
o hidróxido de cálcio promove a elevação do pH do meio, 
neutralizando ácidos e inibindo a atividade enzimática 
relacionada à reabsorção. Outrossim, a elevada 
alcalinidade do hidróxido de cálcio poderia induzir a 
morte da célula clástica, paralisando o processo de 
reabsorção. 
A associação do hidróxido de cálcio com veículos 
biologicamente ativos, como o PMCC e a clorexidina, 
apresenta maior capacidade de desinfetar túbulos 
dentinários em aplicação única e por isso são mais 
apropriados para o controle da reabsorção inflamatória 
externa. 
ATIVIDADE FÍSICA 
As pastas de hidróxido de cálcio usadas como 
medicamento intracanal atuam como barreira física e 
química (ação de preenchimento), impedindo ou 
retardando a infecção ou reinfecção do canal radicular 
por microrganismos provenientes da cavidade oral. 
Os canais instrumentados podem ser contaminados (nos 
casos de biopulpectomia) ou recontaminados (nos casos 
de necropulpectomia) entre as sessões do tratamento 
endodôntico por bactérias presentes na saliva que infiltra 
através do material selador temporário ou que tem 
acesso direto ao canal por perda ou fratura do material 
selador e/ou da estrutura dentária. 
A barreira física proporcionada pelas pastas de hidróxido 
de cálcio utilizadas como medicação intracanal também 
impede ou dificulta a percolação apical de fluidos 
teciduais, negando o suprimento de substrato para 
microrganismos residuais que porventura tenham 
sobrevivido ao preparo químico-mecânico. Também, esta 
barreira física limita o espaço para a multiplicação destes 
microrganismos remanescentes entre as sessões de 
tratamento. 
O extravasamento das pastas de hidróxido de cálcio para 
os tecidos perirradiculares, nos casos em que há 
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8 
 
presença de lesão, não parece oferecer quaisquer 
benefícios. 
O hidróxido de cálcio não apresenta efeito anti-
inflamatório comprovado, é improvável que esta 
substância vá eliminar microrganismos situados na 
superfície radicular apical ou no interior da lesão. 
Nos tecidos perirradiculares, há uma intensa atividade de 
substâncias tamponadoras, como o sistema bicarbonato, 
sistema fosfato e uma miríade de proteínas que irão 
impedir a elevação significativa do pH. 
Além disso, a pasta seria rapidamente diluída pelos 
fluidos teciduais e “lavada” pela microcirculação, que é 
bastante desenvolvida na lesão perirradicular pela 
intensa neoformação vascular. 
Por outro lado, embora o extravasamento de uma 
pequena quantidade de pasta de hidróxido de cálcio 
aparentemente não vá conferir efeitos benéficos, esta 
conduta usualmente não traz maiores consequências. 
Entretanto, o exagero na quantidade extravasada de 
pasta, em determinadas situações, pode ter efeitos 
desastrosos para o paciente. 
Uma lima tipo K de diâmetro imediatamente inferior ao da 
última lima empregada para a confecção do preparo 
apical (lima de memória) é selecionada para a inserção 
da pasta de hidróxido de cálcio no canal radicular. 
O instrumento é carregado com a pasta em suas espirais, 
introduzido lentamente até alcançar o comprimento de 
trabalho, pincelado contra as paredes do canal e girado 
no sentido anti-horário por duas ou três vezes. 
A remoção do instrumento é realizada lentamente, sem 
interromper o movimento de rotação anti-horária. 
Repete-se este procedimento mais uma a três vezes, até 
que todo o canal radicular esteja preenchido com a pasta. 
A operação é acompanhada com o auxílio do exame 
radiográfico. Isto posto, promove-se a compactação da 
pasta com uma pequena mecha de algodão esterilizado e 
de tamanho adequado, colocada na embocadura do canal 
e comprimida com as pontas de uma pinça clínica ou 
calcador de Paiva, que funciona como um êmbolo, para 
assegurar o preenchimento do canal em toda a sua 
extensão. 
Geralmente, a infecção em dentes com vitalidade pulpar 
está restrita à superfície da polpa coronária exposta, 
sendo que a radicular se encontra apenas inflamada, 
isenta de microrganismos. Isto porque os mecanismosde 
defesa do hospedeiro, conquanto a polpa se encontre 
vital, impedem o avanço da infecção em direção apical. 
Este fato reveste-se de importância clínica no que se 
refere à conduta terapêutica em dentes com polpa vital. 
Uma vez eliminada a infecção superficial da polpa através 
de profusa irrigação da câmara pulpar com solução de 
NaOCl, todos os procedimentos intracanais serão 
realizados em ambiente asséptico, não infectado. 
Destarte, uma vez combatida a infecção superficial da 
polpa e mantidos os princípios básicos de assepsia nas 
biopulpectomias, recomendamos a obturação imediata do 
sistema de canais radiculares. Na eventualidade de o 
tratamento endodôntico não poder ser concluído na 
mesma sessão, sugerimos o emprego de um 
medicamento, cujo objetivo primordial é impedir a 
contaminação do sistema de canais radiculares entre as 
sessões de tratamento. 
Quandos indicados nas biopulpectomias, os 
medicamentos intracanais recomendados são uma 
solução de corticosteroide/antibiótico (Otosporin ou 
Decadron colírio) ou as pastas de hidróxido de cálcio. 
O emprego de uma associação corticosteroide-antibiótico 
atenua a intensidade da reação inflamatória provocada 
pelo ato cirúrgico e uso de medicamentos, favorecendo a 
prevenção ou eliminação da dor pós-operatória. Os 
corticosteroides de efeito anti-inflamatório moderado, 
como a hidrocortisona e a prednisolona, usados na 
medicação intracanal em doses diminutas não produzem 
efeitos sistêmicos significantes, o que permite seu uso 
com segurança. 
CASOS EM QUE O CANAL NÃO FOI TOTALMENTE 
INSTRUMENTADO 
Quanto à solução de corticosteroide/antibiótico 
(Otosporin ou Decadron colírio), podemos empregá-la 
quando: 
a) procedeu-se ao acesso coronário e à remoção da polpa 
coronária, mas o canal não foi instrumentado – aplica-se 
o medicamento embebido em uma mecha de algodão na 
câmara pulpar. 
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9 
 
b) procedeu-se a uma instrumentação parcial do canal – 
inunda-se o mesmo com o medicamento, bombeando-o 
para a região apical do canal com um instrumento de 
pequeno calibre. 
O Decadron colírio ou o Otosporin é utilizado para reduzir 
a inflamação do remanescente pulpar, que poderia 
resultar em sintomatologia até o retorno do paciente para 
a completa instrumentação. Este medicamento pode ser 
acondicionado em tubetes de anestésicos vazios, o que 
facilita sua aplicação no canal radicular com o auxílio de 
uma seringa do tipo Carpule e agulha G30. 
Também empregamos o Decadron colírio ou o Otosporin 
nos casos de uma sobreinstrumentação durante o 
tratamento de um dente polpado ou em casos de 
periodontite apical aguda de etiologia traumática ou 
química, mas não infecciosa. 
CASOS EM QUE O CANAL FOI TOTALMENTE 
INSTRUMENTADO 
Hidróxido de cálcio: pode ser usado em associação com 
veículos inertes, uma vez que não há infecção do canal. 
Recomendamos a utilização da pasta contendo hidróxido 
de cálcio e iodofórmio, na proporção de 3:1 em volume, 
tendo como veículo a glicerina (pasta HG), a qual permite 
um adequado preenchimento do canal.214 A pasta deve ser 
levada ao canal, de preferência por meio de espirais de 
Lentulo. 
O medicamento deve preencher toda a extensão do canal 
preparado, entrando em íntimo contato com as paredes 
dentinárias e com os tecidos perirradiculares via forame 
apical, mas sem extravasar. A repleção adequada do 
canal com a pasta deve ser confirmada 
radiograficamente. 
As pastas de hidróxido de cálcio usadas como 
medicamento intracanal nos casos de biopulpectomia 
funcionam como obturação provisória, evitando ou 
retardando a contaminação do canal radicular por 
microinfiltração salivar via material selador temporário. 
Assim, quando o canal radicular se encontra devidamente 
preparado e a obturação foi postergada, consideramos as 
pastas de hidróxido de cálcio como o medicamento 
intracanal de primeira opção. O medicamento pode 
permanecer no interior do canal radicular por um período 
variável de 7 a 30 dias aproximadamente. 
Após o preparo químico-mecânico de canais radiculares 
infectados (casos de necrose pulpar ou de retratamento), 
impõe-se o emprego de um medicamento intracanal 
visando maximizar a eliminação de microrganismos. 
Todavia, é imperioso que se remova a smear layer com o 
objetivo de desobstruir o acesso às ramificações e aos 
túbulos dentinários e, com isso, facilitar a difusão e atuação 
do medicamento. 
CASOS EM QUE O CANAL FOI TOTALMENTE 
INSTRUMENTADO 
Pasta HPG: a pasta é preparada sobre uma placa de vidro 
estéril, utilizando-se espátula flexível para cimentos. 
Inicialmente, volumes iguais de PMCC e glicerina são 
depositados sobre a placa e então homogeneizados. Em 
seguida, agrega-se o pó do hidróxido de cálcio e do 
iodofórmio (na proporção de 3:1 em volume), 
gradativamente, até que se obtenha uma consistência 
cremosa, similar a creme dental. O acréscimo de 
iodofórmio é adequado para conferir radiopacidade e não 
interfere na atividade antibacteriana da pasta. 
Em dentes anteriores, nos quais o iodofórmio pode causar 
alteração cromática da coroa dentária ou em casos de 
relato de reações alérgicas ao iodo, podemos substituí-lo 
pelo pó de óxido de zinco ou pelo sulfato de bário. 
Alternativamente, o pó da pasta LC também pode ser 
empregado, uma vez que contém hidróxido de cálcio e o 
radiopacificador carbonato de bismuto. Em canais 
amplos, pode-se suprimir o agente contrastante. 
Consideramos a pasta HPG a primeira escolha quando o 
canal estiver completamente instrumentado. Em função 
dos resultados obtidos por vários estudos em nosso 
laboratório, indicamos o tempo mínimo de permanência 
do medicamento no interior do canal radicular de 7 dias. 
Opcionalmente, a pasta HCHX pode ser empregada com 
resultados similares aos da pasta HPG. Para o preparo da 
pasta recomendamos utilizar o pó do hidróxido de cálcio 
com óxido de zinco ou sulfato de bário como 
radiopacificador e a solução ou gel de gluconato de 
clorexidina de 0,2% a 2%. Agrega-se o pó ao líquido ou gel 
até a obtenção de consistência cremosa. 
CASOS EM QUE O CANAL NÃO FOI TOTALMENTE 
INSTRUMENTADO 
Hipoclorito de sódio: algodão é umedecida com NaOCl a 
2,5% e então colocada e acamada na câmara pulpar, de 
modo a permitir um espaço de 3 a 5 mm de espessura 
para a aplicação do material selador temporário. 
https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595152687/epub/OEBPS/xhtml/B9788535279672500354C.xhtml#bib2268
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Optamos pelo emprego do NaOCl nos casos em que o 
canal radicular não foi instrumentado ou o foi apenas 
parcialmente, porque este medicamento pode promover 
uma desinfecção parcial do conteúdo infectado do canal 
e, mais importante, atuar como uma barreira química 
contra a recontaminação do canal por microrganismos da 
saliva que, porventura, possam adentrar a câmara 
pulpar, via percolação marginal, pelo selador temporário. 
 Biopulpectomia Necropulpectomia/
Retratamento 
Canal totalmente 
instrumentado 
Obturação; ou 
medicação com 
pasta HG 
Medicação com 
pasta HPG ou HCHX 
Canal parcialmente 
instrumentado 
Decadron colírio ou 
Otosporin 
Hipoclorito de 
sódio 
HG: pasta de hidróxido de cálcio em glicerina 
HPG: pasta de hidróxido de cálcio/paramonoclorofenol 
canforado/glicerina 
HCHX: pasta de hidróxido de cálcio em clorexidina 
Na Endodontia, selamento coronário é o preenchimento 
da cavidade de acesso e parte da cavidade pulpar por um 
material selador temporário. É usado entre as sessões do 
tratamento endodôntico e também após o seu término. 
Material selador temporário é aquele destinado ao 
preenchimento de cavidades dentárias por um período de 
tempo, sem alcançar o desempenho mecânico e biológico, 
previsto para um material restaurador permanente. 
o material selador temporário usado entre as sessões de 
um tratamento endodônticotem como função impedir que 
a saliva e microrganismos da cavidade oral ganhem 
acesso ao canal radicular, prevenindo assim o risco de 
infecção ou reinfecção, e evitar a passagem de 
medicamento do interior do canal radicular para o meio 
bucal, preservando a efetividade da medicação intracanal 
e impedindo qualquer ação deletéria na mucosa oral. 
Para cumprir tais funções, o material selador temporário 
deve apresentar estabilidade dimensional, boa 
adesividade às estruturas dentárias e elevada resistência 
mecânica. Outros fatores inerentes ao material podem 
causar microinfiltrações, por exemplo: preparo incorreto 
da cavidade de acesso; material mal adaptado às paredes 
da cavidade; resíduos entre as paredes cavitárias e a 
restauração temporária; e deterioração do material 
selador pelo tempo. 
A forma da cavidade coronária também interfere na 
capacidade seladora do material empregado. A cavidade 
deve ter suas paredes paralelas ou ligeiramente 
expulsivas no sentido coronário. Cavidades que 
apresentam todas as paredes constituídas de estrutura 
dentária são as ideais para conter o material selador 
temporário. A ausência de paredes dentárias certamente 
compromete o selamento da cavidade pulpar. 
Outro aspecto a ser considerado é a profundidade da 
cavidade que irá receber o material selador. Diversos 
estudos evidenciam que uma espessura de 3 a 5 mm é 
suficiente para permitir o selamento marginal. 
No selamento coronário entre as sessões de um 
tratamento endodôntico, os materiais mais empregados 
são os cimentos à base de óxido de zinco/eugenol e os 
denominados “pronto para uso”. 
Os cimentos à base de óxido de zinco/eugenol são 
encontrados na forma pó/líquido (OZE, Pulpo-San, IRM). 
CONSIDERAÇÕES CLÍNICAS 
• Cavidades de acesso simples: são aquelas que 
apresentam todas as paredes constituídas de estrutura 
dentária. Para os dentes anteriores, após a colocação da 
medicação intracanal, uma mecha seca de algodão de 
dimensão adequada é introduzida abaixo da embocadura 
do canal e, sobre esta, o material selador temporário. 
Nestes casos devemos usar materiais prontos para o uso: 
Cavit ou Coltosol. 
Para os dentes posteriores, a mecha de algodão deve ser 
recoberta por uma fina lâmina de guta-percha e a 
cavidade, selada com material provisório. 
• Cavidades de acesso complexas: aquelas que 
apresentam ausência de uma ou mais paredes dentárias. 
Nos casos de grande perda de estrutura coronária, esta 
pode ser reconstituída com bandas metálicas e/ou resina 
composta com ataque ácido. A utilização de material 
permanente no selamento coronário tem mostrado 
melhores resultados que os materiais temporários. 
 
 
 
 
 
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PMCC 
 
TRICRESOL 
FORMALINA OU 
FORMOCRESOL 
 
ASSOCIAÇÃO 
CORTICOSTEROIDE- 
ANTIBIÓTICO 
 
HIDRÓXIDO DE CÁLCIO 
 
Atua na redução da 
toxicidade, 
Potencializa a ação 
antimicrobiana; 
Colocar na cavidade 
pulpar 
(embebido em 
mecha de algodão, 
por 48 horas) 
Remover bem o 
excesso. 
Ação 
antimicrobiana; 
irritante aos tecidos 
vivos; 
Tricresol: 90% de 
formalina; 
Formocresol: 19 a 
43% de formalina; 
Não utilizamos na 
prática endodontica. 
Atenua a 
intensidade da 
reação inflamatória; 
Otosporin: 
hidrocortisona + 
sulfato de polimixina 
b e sulfato de 
neomicina; 
Grande poder de 
penetração tecidual 
(rápida eliminação e 
eficiente atuação); 
Pó branco 
pH alcalino 
Pouco solúvel em 
água 
Veículos: 
Inertes – soro, água, 
glicerina, 
polietilenoglicol; 
Biologicamente 
ativos – PMCC, 
clorexidina e iodeto 
de potássio iodetado; 
 
Secagem dos condutos com pontas de papel absorvente estéril; Com a Seringa Mário Leonardo, que apresenta um êmbolo rosqueável, adapta-
se uma agulha longa e um stop demarcado a 2mm aquém do CRT; Colocar primeiramente o tubete de glicerina, rosquear a seringa no sentido 
horário, deixando cair 3 gotinhas. Esta não deve ir aos condutos radiculares, serve apenas para lubrificar a agulha, permitindo um melhor 
escoamento da pasta; Retirar o tubete de glicerina e colocar o CALEN com ou sem PMCC, de acordo com o caso. Rosquear o êmbolo no sentido 
horário até preencher o(s) conduto(s) radicular(es). É importante que as primeiras gotas do Calen não sejam utilizadas dentro dos condutos, 
estas provavelmente devem estar misturadas com a glicerina. 
Limitador de silicone à 2mm aquém do CRT. 
 
 
 
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