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EXAME FÍSICO DO CRÂNIO CABEÇA O EXAME DA CABEÇA COMPREENDE A OBSERVAÇÃO DE: TAMANHO E FORMA DO CRÂNIO: Na criança é rotina tomar-se o perímetro craniano como um parâmetro do desenvolvimento do segmento cefálico. • Normalmente no recém-nascido a cabeça predomina sobre o tronco e, à medida que a criança cresce, essa proporção se inverte. • No paciente idoso com doença de Paget, o tamanho do crânio pode aumentar. QUANTO AO TAMANHO, AS VARIAÇÕES MAIS FREQUENTES SÃO: • Macrocefalia o Crânio anormalmente grande, cuja causa mais frequente é hidrocefalia; ▪ Acromegalia e raquitismo podem ser apontados como outras causas. macrocefalia • Microcefalia o Crânio anormalmente pequeno em todos os diâmetros. ▪ Pode ser congênita, hereditária, de causa desconhecida; ▪ Pode também ser decorrente de uma doença cerebral (ex. toxoplasmose congênita); ▪ Zika vírus em mulheres gravidas! QUANTO À FORMA, AS VARIAÇÕES MAIS FREQUENTES SÃO: (há varias alterações decorrentes do fechamento precoce – cranioestenose – de uma ou várias suturas) • Acrocefalia ou Turricefalia (crânio em torre) o A cabeça é alongada para cima, pontuda – lembrando uma torre. o FORMA MAIS FREQUENTE DE CRANIOESTENOSE!! o Pode mostrar-se isolada ou associada a outras anomalias esqueléticas. • Escafocefalia o Levantamento da parte mediana do crânio conferindo um aspecto de casco de navio invertido. • Dolicocefalia o Aumento do diâmetro anteroposterior que se torna muito maior que o transverso. • Braquicefalia o Aumento do diâmetro transverso. • Plagiocefalia o Confere ao crânio um aspecto assimétrico, saliente anteriormente de um lado e, posteriormente, do outro. POSIÇÃO E MOVIMENTOS: • O desvio de posição mais encontrado é o torcicolo o inclinação lateral da cabeça; • Os movimentos anômalos mais frequentes são os tiques o contrações repetidas, mais ou menos involuntárias, de um determinado grupo de músculos associados; o algumas vezes, são de extensão muito limitada, como o simples piscar de olhos; outras vezes, são complexos, multiformes e bizarros; Além desses, devem ser assinalados os movimentos coreicos, os tremores e os movimentos sincrônicos da cabeça com as pulsações na insuficiência aórtica (sinal de Musset). SUPERFÍCIE E COURO CABELUDO: A inspeção e palpação do crânio possibilitam a identificação de: • Saliências o Tumores; o Tumefações; o Bossas; o Hematomas; • Depressões o Afundamentos; • Pontos dolorosos A fontanela anterior (moleira?), quando patente, fornece informações úteis ao exame físico de crianças: • Se hipertensa e saliente: aumento da pressão intracraniana o Meningite, hidrocefalia, por exemplo; • Se hipotensa e deprimida: traduz desidratação. Deve ser analisada ainda a consistência da tabua óssea. • Na osteomalácia, no raquitismo e na sífilis, é possível conseguir-se um leve afundamento pela simples compressão digital que há de ser efetuada atrás e acima do pavilhão auricular. EXAME GERAL DA FACE (analisam-se a simetria, a expressão fisionômica – mimica facial –, a pele e os pelos) SIMETRIA A perda da simetria instala-se em quaisquer tumefações ou depressões unilaterais • Exemplos: abscesso dentário, tumores, anomalias congênitas. Outra causa frequente de assimetria facial é paralisia facial • Nesta condição, perde-se completa ou parcialmente a motilidade voluntária e da mimica de um dos lados da face; • Ao se movimentar o lado sadio, acentua-se a assimetria: o Franzir a testa, fechar os olhos, abrir a boca. O crescimento das parótidas por processo inflamatório (caxumba, por exemplo) ou hipertrofia das células salivares (em pacientes com megaesôfago) modifica características da configuração facial. Às vezes, em determinadas doenças orgânicas, a fácies reveste-se de traços particulares, tornando-se típica. • A expressão fisionômica faz parte da fácies. o É conhecido que a expressão fisionômica denuncia o estado de humor do indivíduo: tristeza, desânimo, esperança, desespero, ódio e alegria. assimetria facial de origem congênita assimetria facial por paralisia facial esquerda A) hipertrofia das parótidas em paciente com megaesôfago. B) neoplasia localizada na parótida direita. FÁCIES Certas doenças imprimem na face traços característicos, e, algumas vezes, o diagnóstico nasce da simples observação do rosto do paciente. OS PRINCIPAIS TIPOS DE FÁCIES SÃO: FÁCIES NORMAL OU ATÍPICA: Comporta muitas variações, facilmente reconhecidas por todos – mas é preciso ensinar o olho a ver. • Mesmo quando não há traços anatômicos ou expressão fisionômica para caracterizar um dos tipos de fácies descrito a seguir, é importante identificar, no rosto do paciente, sinais indicativos de tristeza, ansiedade, medo, indiferença, apreensão. FÁCIES TÍPICAS: • Fácies hipocrática: o Olhos fundos, parados e inexpressivos chamam logo a atenção do examinador. O nariz afilasse, e os lábios se tornam adelgaçados. o “Batimentos das asas do nariz” também costumam ser observados. o Quase sempre o rosto está coberto de suor. o Palidez cutânea e uma discreta cianose labial completam a fácies hipocrática. o Esse tipo de fácies indica doença grave e quase nunca falta nos estados agônicos das afecções que evoluem de modo mais ou menos lento. • Fácies renal: o O elemento característico desse tipo de fácies é o edema que predomina ao redor dos olhos. o Completa o quadro a palidez cutânea. o É observada nas doenças dos rins, particularmente na síndrome nefrótica e nas glomerulonefrites • Fácies leonina: o As alterações que a compõem são produzidas pelas lesões do mal de Hansen. o A pele, além de espessa, é sede de grande número de lepromas de tamanhos variados e confluentes, em maior número na fronte. o Os supercílios caem, o nariz se espessa e se alarga. o Os lábios tornam-se mais grossos e proeminentes. o As bochechas e o mento se deformam pelo aparecimento de nódulos. o A barba escasseia ou desaparece. o Essas alterações em conjunto conferem ao rosto do paciente um aspecto de cara de leão, origem de sua denominação • Fácies adenoidiana: o Os elementos fundamentais são o nariz pequeno e afilado e a boca sempre entreaberta. o Aparece nos indivíduos portadores de hipertrofia das adenoides, as quais dificultam a respiração pelo nariz ao obstruírem os orifícios posteriores das fossas nasais. • Fácies parkinsoniana, cérea ou em máscara: o Caracteriza-se por ser inexpressiva, com rigidez facial. o A fácies parkinsoniana é observada na síndrome ou na doença de Parkinson • Fácies basedowiana: o Seu traço mais característico reside nos olhos, que são salientes (exoftalmia) e brilhantes, destacando-se sobremaneira no rosto magro. o A expressão fisionômica indica vivacidade. Contudo, às vezes, tem um aspecto de espanto e ansiedade. o Outro elemento que salienta as características da fácies basedowiana é a presença de um bócio. ▪ Indica hipertireoidismo. • Fácies mixedematosa: o Constituída por um rosto arredondado, nariz e lábios grossos, pele seca, espessada e com acentuação de seus sulcos. o As pálpebras tornam-se infiltradas e enrugadas. Os supercílios são escassos e os cabelos secos e sem brilho. o Além dessas características morfológicas, destaca-se uma expressão fisionômica indicativa de desânimo, apatia e estupidez. o Esse tipo de fácies aparece no hipotireoidismo ou mixedema. • Fácies acromegálica: o Caracterizada pela saliência das arcadas supraorbitárias, proeminência das maçãs do rosto e maior desenvolvimento do maxilar inferior, além do aumento do tamanho do nariz, lábios e orelhas. o Nesse conjunto de estruturas hipertrofiadas, os olhos parecem pequenos. • Fácies cushingoideou de lua cheia: o Como a própria denominação revela, chama a atenção de imediato o arredondamento do rosto, com atenuação dos traços faciais. o Secundariamente, deve ser assinalado o aparecimento de acne. o Este tipo de fácies é observado nos casos de síndrome de Cushing por hiperfunção do córtex suprarrenal. o Pode ocorrer também nos pacientes que fazem uso prolongado de corticoides. • Fácies mongoloide; • Fácies de depressão: o As características desse tipo de fácies estão na inexpressividade do rosto. o O paciente apresenta-se cabisbaixo, os olhos com pouco brilho e fixos em um ponto distante. o Muitas vezes o olhar permanece voltado para o chão. o O sulco nasolabial se acentua, e o canto da boca se rebaixa. o O conjunto fisionômico denota indiferença, tristeza e sofrimento emocional. o Esse tipo de fácies é observado na síndrome de depressão. • Fácies pseudobulbar: o Tem como principal característica súbitas crises de choro ou riso, involuntárias, mas conscientes, que levam o paciente a tentar contê-las, dando um aspecto espasmódico à fácies. o Aparece geralmente na paralisia pseudobulbar. • Fácies da paralisia facial periférica: o É bastante comum. o Chama a atenção a assimetria da face, com impossibilidade de fechar as pálpebras, repuxamento da boca para o lado são e apagamento do sulco nasolabial. • Fácies miastênica ou de Hutchinson: o Caracterizada por ptose palpebral bilateral que obriga o paciente a franzir a testa e levantar a cabeça. o Ocorre na miastenia gravis e em outras miopatias que comprometem os músculos da pálpebra superior. • Fácies do deficiente mental: o É muito característica, mas de difícil descrição. Os traços faciais são apagados e grosseiros; a boca constantemente entreaberta, às vezes com salivação. o Hipertelorismo e estrabismo, quando presentes, acentuam essas características morfológicas. o Todavia, o elemento fundamental desse tipo de fácies está na expressão fisionômica. ▪ O olhar é desprovido de objetividade, e os olhos se movimentam sem se fixarem em nada, traduzindo um constante alheamento ao meio ambiente o É comum que tais pacientes tenham sempre nos lábios um meio sorriso sem motivação e que se acentua em resposta a qualquer solicitação. o Acompanha tudo isso uma voz grave percebida por um falar de meias palavras, às vezes substituído por um simples ronronar. • Fácies etílica: o Chamam a atenção os olhos avermelhados e certa ruborização da face. o O hálito etílico, a voz pastosa e um sorriso meio indefinido completam a fácies etílica. • Fácies esclerodérmica: o Denominada também fácies de múmia, justamente porque sua característica fundamental é a quase completa imobilidade facial. o Isso se deve às alterações da pele, que se torna apergaminhada, endurecida e aderente aos planos profundos, com repuxamento dos lábios, afinamento do nariz e imobilização das pálpebras. o A fisionomia é inexpressiva, parada, imutável, justificando a comparação com múmia. Em A, são visíveis os elementos que caracterizam a fácies mixedematosa, ao passo que em B a paciente já apresenta fácies normal após tratamento adequado. fácies hipocrática fácies parkinsoniana fácies basedowniana fácies acromegálica fácies cushingoide ou de lua cheia por hiperfunção do córtex suprarrenal fácies cushingoide ou de lua cheia por iatrogenia (tratamento com corticoide) fácies mongoloide fácies miastênica