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Teorização PIESC – Promoção da Saúde · Capítulo 2 – Conceito de Saúde e a Diferença entre Prevenção e Promoção Leavell & Clark (1976) – Promoção da saúde é um dos elementos do nível primário de atenção em medicina preventiva No EUA, Canadá e Europa ocidental, esse conceito ganhou mais ênfase recentemente A revalorização da promoção da saúde resgata o pensamento MÉDICO SOCIAL do século XIX, afirmando as relações entre saúde e condições de vida – a retomada desse pensamento teve como motivador a necessidade de controlar os custos crescentes da assistência médica, que não correspondiam a resultados proporcionais aos investimentos – nesses países, começaram a ampliar o enfrentamento de problemas de saúde pública para além da abordagem exclusivamente médica “Nova saúde pública” – diz que a promoção de saúde tem como objetivo fortalecer a autonomia dos sujeitos e grupos sociais – mas qual é esse conceito de autonomia que eles almejam? O conhecimento nessas sociedades estão construindo representações científicas e culturais, conformando os sujeitos para exerceram uma autonomia REGULADA, estimulando a livre escolha segundo uma lógica de mercado A perspectiva conservadora de promoção de saúde reforça a tendência de diminuição das responsabilidades do estado e aumento progressivo dos sujeitos “tomarem conta de si mesmos” CONTRAPARTIDA – outra concepção de promoção de saúde ressalta a importância da elaboração de políticas públicas intersetoriais voltadas para a melhoria da qualidade de vida da população – essa concepção alcança uma abrangência muito maior do que aquelas que se restringem ao campo da saúde campo, global, local, social, psicológico, biológico, físico.... Independente do conceito adotado de promoção da saúde, existem DIFICULDADES EM OPERACIONALIZAR os projetos em promoção da saúde – abrangem, principalmente, as inconsistências, contradições que não se distinguem das estratégias de promoção das práticas preventivas · Saúde, Ciência e Complexidade Saúde pública/coletiva é definida como campo de conhecimento e de práticas organizadas institucionalmente e orientadas à promoção da saúde das populações tanto o conhecimento como as praticas encontram-se articulados com a medicina, i. e., apesar de superarem aqueles conceitos de práticas com mera aplicação dos conceitos científicos, essas praticas são, fundamentalmente, técnicas cientificas articuladas com outras técnicas as praticas de saúde articulam-se não com conceitos de saúde, mas com conceitos de DOENÇA Doença – o conceito de doença foi criado a partir de uma redução do corpo humano à constantes morfológicas e funcionais, i. e., reduzido à anatomia e à fisiologia – o corpo é desconectado, nesse conceito, dos fatores externos que constituem o “significado da vida”, ou seja, o médico, no tratamento de uma doença, estaria entrando em contato com os órgãos e não com o indivíduo como um todo Após o conceito de doença, percebe-se o paradoxo de que a SAÚDE PÚBLICA, responsável pela promoção da saúde, organiza suas práticas em torno do conceito de DOENÇA, considerando, ainda, conceitos de DOENÇA e ADOECER como equânimes O pensamento humano pode adquirir duas vertentes: a profundidade, a redução e o estreitamento; por outro a amplitude, a abrangência e a abertura de fronteiras o pensamento científico moderno tendeu à REDUÇÃO, buscando alcançar o máximo da precisão e objetividade por meio da TRADUÇÃO DOS ACONTECIMENTOS EM ESQUEMAS ABSTRATOS, CALCULÁVEIS E DEMONSTRÁVEIS – Faltava a integridade dos conhecimentos, uma vez que há uma crescente FRAGMENTAÇÃO DOA SABERES atualmente Desafio do pensamento científico = buscar a amplitude dos fatos, compreendendo a interação entre as unidades até a formação de uma totalidade – esse desafio surge na discussão científica de não só descrever os elementos, mas ENTENDER AS RELAÇÕES ENTRE ELES – a partir disso, evidenciaram diferentes níveis de organização Saúde e adoecer = formas pelas quais a vida se manifesta experiências singulares e subjetivas – impasse entre SUBJETIVIDADE DA EXPERIÊNCIA DA DOENÇA e a OBJETIVIDADE DOS CONCEITOS que lhe definem e norteiam intervenções o discurso médico-científico não contempla o significado mais amplo da SAÚDE e do ADOECER – não é possível se delimitar a saúde, bem como traduzir o sofrimento que caracteriza o adoecer, DESCARTES define que existem partes de um corpo que são acessíveis somente ao seu titular, embora tenha uma concepção MECANICISTA DO CORPO Saúde como noção VULGAR (aquela que diz respeito a vida de cada um) e como questão FILOSÓFICA (diferenciando de um conceito de natureza científica) – CITAÇÃO DE NIETZSCHE ele fala sobre a busca por um médico filósofo, que busque cuidar dos problemas gerais de saúde do povo, do tempo, da humanidade e que se aventure na proposição de que EM TODO O FILOSOFAR NUNCA SE TRATOU DE VERDADE (conceito bruto, fechado), MAS DE ALGO OUTRO COMO SAÚDE, FUTURO, CRESCIMENTO Basicamente, os filósofos, a literatura, ao se aproximarem da medicina, afirmam que a OBJETIVIDADE não pode excluir o espirito humano, o sujeito individual, a cultura e a sociedade / medicina já foi considerada arte, mas, em seu desenvolvimento histórico, tendeu a identificar-se com a crença da ONIPOTÊNCIA DE UMA TÉCNICA BASEADA NA CIÊNCIA – culmina na utilização dos CONCEITOS CIENTIFICOS DE SAÚDE na instrumentalização das práticas de saúde, eram tidos como verdades absolutas /// CONCEITOS E PENSAMENTO CIENTÍFICO - o pensamento científico desconfia dos sentidos, por isso não os utiliza, culminando na orientação de PLANOS DE REFERÊNCIA COM DELIMITAÇÕES – esses planos de referência são limitados justamente para possibilitar uma explicação precisa – os discursos atuais não levam em consideração essa RESTRIÇÃO QUE OS PLANOS E CONCEITOS ADOTAM¸ o que nos leva a concluir que esses conceitos não são capazes de DAR CONTA da unidade que caracteriza a SINGULARIDADE o conceito expressa a IDENTIDADE, já a unidade singular é a EXPRESSÃO DA DIFERENÇA – por mais que pareça funcional e operativo, o conceito não pode abranger o fenômeno na sua INTEGRIDADE portanto, não caberia o questionamento do pensamento cientifico por ser limitado, mas criticar o ponto de vista que impõe o limite da construção científica, já que é muito difícil que uma ciência seja capaz de abranger as singularidades · Saúde Pública: Diferença entre Prevenção e Promoção Prevenir = preparar, chegar antes de, dispor de maneira que evie – a prevenção em saúde exige uma ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável o progresso da doença – são definidas como INTERVENÇÕES ORIENTADAS A EVITAR O SURGIMENTO DE DOENÇAS ESPECÍFICAS, REDUZINDO SUA INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA nas populações – para intervir, é necessário o conhecimento epidemiológico, para controlar a transmissão de doenças infecciosas e a redução do risco de doenças degenerativas, portanto essas intervenções de PREVENÇÃO estruturam-se na divulgação de informações científicas e de recomendações para mudança de hábitos Promover – dar impulso, fomentar, gerar – a promoção da saúde define-se de maneira mais AMPLA que a prevenção, pois abrange medidas que não se dirigem a uma DETERMINADA DOENÇA OU DESORDEM, mas sim para AUMENTAR O BEM-ESTAR GERAL – essas estratégias enfatizam a TRANFORMAÇÃO DE CONDIÇÕES DE VIDA E DE TRABALHO, demandando uma abordagem intersetorial maior parte dos determinantes de saúde são exteriores / Conferência Internacional sobre Promoção de Saúde 1986 – define saúde como qualidade de vida resultante de um processo condicionado por diversos fatores (alimentação, renda, educação..) incorporada no brasil com a Vlll CNS apesar de ser um avanço inquestionável, há o surgimento de problemas advindos da AMPLITUDE que esse conceito traz – promover a vida nesse conceito envolve ações de âmbito global e, ao mesmo tempo, de âmbito individual que considere a singularidade dos sujeitos – o conhecimento científico e possibilidade operativa das técnicas nas práticas de saúde deveriam ser empregados sem provocarDESCONEXÃO DA SENSIBILIDADE EM RELAÇÃO AOS NOSSOS CORPOS – desafio em transitar entre razão e intuição, permitindo a relativização (ampliar, considerar singularidades) sem desconsiderar a importância do conhecimento DIFERENÇA ENTRE PROMOÇAO E PREVENÇÃO = radical e pequena diferença – a radical diferença porque implica mudanças profundas na forma de articular e utilizar o conhecimento na formulação e operacionalização das práticas de saúde – a pequena porque ambas as práticas fazem o uso do conhecimento científico os projetos de promoção da saúde valem-se igualmente dos conceitos clássicos que orientam a produção de conhecimento científico em saúde (transmissão, doença, risco), assim como os de prevenção daí a dificuldade da diferenciação dessas práticas, principalmente pq a diferença radical muitas vezes não é exercida de modo explicito · Epidemiologia e Promoção da Saúde Integração da epidemiologia e da promoção da saúde – toda essa discussão acerca da diferença e semelhança entre promoção e prevenção se pauta no uso de conceitos epidemiológicos, que são a base do DISCURSO SANITÁRIO PREVENTIVO / não vai se tratar de acusar o aspecto redutor desses conceitos como limitador da compreensão da complexidade dos processos de saúde e doenças, mas de ter maior clareza dos LIMITES desses conceitos, possibilitando o direcionamento para melhorar as tentativas de APRIMORAR OS MÉTODOS, CONSTRUIR NOVOS MODELOS E UTILIZÁ-LOS DE MODO MAIS INTEGRADO. o conhecimento epidemiológico é a base da conformação das práticas de saúde pública o discurso preventivo tradicional SOFREU AS CONSEQUÊNCIAS da pobreza teórica e da hegemonia da lógica mecanicista na elaboração conceitual da epidemiologia Estudo de risco – estabelecer uma causalidade, avaliando a probabilidade de ocorrência de eventos de doenças em indivíduos expostos a DETERMINADOS FATORES no entanto, o que esse método estima é o “EFEITO CAUSAL MÉDIO”, uma redução do ponto de vista individual e coletivo, ou seja, construção de representações que não abrangem a COMPLEXIDADE DO PROCESSO, apagando alguns fatos muito importantes uq enão são destituídos de valor essa opção de se revelar algo ou se ocultar corresponde aos INTERESSES, VALORES E NECESSIDADES de quem o planeja – o conceito de risco contribui para a produção de determinadas racionalidades, estratégias e subjetividades, sendo importante na REGULAÇÃO E MONITORAÇÃO DE INDIVÍDUOS, GRUPOS SOCIAIS Teorização PIESC – Promo ção da Saúde · Capítulo 2 – Conceito de Saúde e a Diferença entre Prevenção e Promoção L eavell & Clark (1976) – Promoção da saúde é um dos elementos do nível primário de atenção em medicina preventi va à No EUA, Canadá e Europa ocidental, esse conceito ganhou mais ênfase recentemente à A revalorização da promoç ão da saúde r esgata o pensamento MÉDICO SOCIAL do século XIX, afirmando as relações entre saúde e condições de vida – a retom ada desse pensamento teve como motivado r a necessidade de controlar os custos crescente s da assistência médica, que não correspondiam a resultados propor cionais aos investi mentos – nesses países, começaram a ampliar o enfrentamento de p roblemas de saúde pública para além da abordagem exclusi vamente médica “ Nova saúde pública ” – diz que a promoção de saúde tem como objetivo fortalecer a autonomia dos sujeitos e gru pos sociais – mas qual é esse conceito de autonomia que eles almejam ? O conhecimento nessas sociedades estão construindo re presentações científicas e cultu rais, conformando os sujei tos para exerceram uma aut o nomia REGULADA, estimulando a livre escolha segundo uma ló gica de mercado à A perspectiva conservadora de promoção de saúde reforça a tend ên cia de diminu ição das responsabilidades do estado e aumento progressi vo d os sujeitos “ tomarem conta de si mesmos ” à CON TRAPARTIDA – outra concepção de promoção de saúde ressalta a importância da elaboração de políticas públicas intersetoriais voltadas para a melhoria da qualidad e de vida da pop ulação – ess a concepção alcança um a abrangência muito maior do que aquelas q ue se restringem ao campo da saúde à campo, glo b al, local, social, psicológic o, biológico, físico.... Independente do conc eito adotado de promoção da saúde, existem DIFICULDADES EM OPERACIONALIZAR os projetos em promoção da saúde – abra ng em , principalmente, as inconsistências, contradições que não se distinguem das estratégias de promoção d as práticas preventivas · Saúde, C iência e Complexidade Saúde pública/coletiva é def inida como campo de conhecimento e de práticas organizadas institucionalmente e orientadas à promoção da saúde das populações à tanto o conhecimento como as praticas encontram - se articulados com a medicina, i . e., apesar de superare m aqueles co nceitos de práti cas com mera aplicação dos conceitos científicos, essas praticas são , fundament almente, técnicas cien tificas a rticuladas com outras t écnicas à as praticas de saúde articulam - se não com conceitos de saúde, mas co m conceitos de D OENÇA Doença – o conceito de doença foi criado a partir de um a redução do corpo humano à con stantes morfológicas e funcionais, i. e., reduzid o à ana tomia e à fisiologia – o corpo é desconectado, ness e conc eito, dos fatores externos que constitu em o “ significado da vida ” , ou seja, o médico, no tratamento de uma doença, estaria entrando em contato com os órg ão s e não com o indivíduo como um todo à Após o conceito de doença, percebe - se o paradoxo de que a SAÚDE PÚBLICA , responsável pela promoção da saúde, organiza suas pr á ticas em torno do conceito de DOENÇA , considerando, ainda, conceitos de DOENÇA e ADOECER como equânimes Teorização PIESC – Promoção da Saúde Capítulo 2 – Conceito de Saúde e a Diferença entre Prevenção e Promoção Leavell & Clark (1976) – Promoção da saúde é um dos elementos do nível primário de atenção em medicina preventiva No EUA, Canadá e Europa ocidental, esse conceito ganhou mais ênfase recentemente A revalorização da promoção da saúde resgata o pensamento MÉDICO SOCIAL do século XIX, afirmando as relações entre saúde e condições de vida – a retomada desse pensamento teve como motivador a necessidade de controlar os custos crescentes da assistência médica, que não correspondiam a resultados proporcionais aos investimentos – nesses países, começaram a ampliar o enfrentamento de problemas de saúde pública para além da abordagem exclusivamente médica “Nova saúde pública” – diz que a promoção de saúde tem como objetivo fortalecer a autonomia dos sujeitos e grupos sociais – mas qual é esse conceito de autonomia que eles almejam? O conhecimento nessas sociedades estão construindo representações científicas e culturais, conformando os sujeitos para exerceram uma autonomia REGULADA, estimulando a livre escolha segundo uma lógica de mercado A perspectiva conservadora de promoção de saúde reforça a tendência de diminuição das responsabilidades do estado e aumento progressivo dos sujeitos “tomarem conta de si mesmos” CONTRAPARTIDA – outra concepção de promoção de saúde ressalta a importância da elaboração de políticas públicas intersetoriais voltadas para a melhoria da qualidade de vida da população – essa concepção alcança uma abrangência muito maior do que aquelas que se restringem ao campo da saúde campo, global, local, social, psicológico, biológico, físico.... Independente do conceito adotado de promoção da saúde, existem DIFICULDADES EM OPERACIONALIZAR os projetos em promoção da saúde – abrangem, principalmente, as inconsistências, contradiçõesque não se distinguem das estratégias de promoção das práticas preventivas Saúde, Ciência e Complexidade Saúde pública/coletiva é definida como campo de conhecimento e de práticas organizadas institucionalmente e orientadas à promoção da saúde das populações tanto o conhecimento como as praticas encontram-se articulados com a medicina, i. e., apesar de superarem aqueles conceitos de práticas com mera aplicação dos conceitos científicos, essas praticas são, fundamentalmente, técnicas cientificas articuladas com outras técnicas as praticas de saúde articulam-se não com conceitos de saúde, mas com conceitos de DOENÇA Doença – o conceito de doença foi criado a partir de uma redução do corpo humano à constantes morfológicas e funcionais, i. e., reduzido à anatomia e à fisiologia – o corpo é desconectado, nesse conceito, dos fatores externos que constituem o “significado da vida”, ou seja, o médico, no tratamento de uma doença, estaria entrando em contato com os órgãos e não com o indivíduo como um todo Após o conceito de doença, percebe-se o paradoxo de que a SAÚDE PÚBLICA, responsável pela promoção da saúde, organiza suas práticas em torno do conceito de DOENÇA, considerando, ainda, conceitos de DOENÇA e ADOECER como equânimes
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