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1 MED – Terapia Intensiva CHOQUE 2 DROGAS VASOATIVAS 4 SEPSE 5 ALTERAÇÃO DA CONSCIÊNCIA 6 SEDAÇÃO 6 ANALGESIA 7 INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA 7 VENTILAÇÃO MECÂNICA 9 DISTÚRBIO HIDROELETROLÍTICO 12 MED – Terapia Intensiva 2 ABORDAGEM DO PACIENTE GRAVE - ACLS (se estiver em parada cardiorrespiratória) - Anamnese + exame físico dirigido - MOV (monitor, oxigênio, veia): acesso venoso periférico calibroso, oximetria de pulso e O2 suplementar - Glicemia capilar e diurese - Identificar o problema principal: - Instabilidade hemodinâmica (choque) - Insuficiência respiratória - Alteração da consciência CHOQUE - Baixa perfusão tecidual → disfunção celular → falência orgânica - Pressão tissular: responsável pelo controle pressórico, cardíaco, vascular e função celular - Pressão de perfusão = DC x RVS * DC: volume + bomba * RVS: arteríolas contraídas ou dilatadas * Toda vez que o débito cardíaco diminui, a resistência vascular aumenta Classificação: - Hipodinâmico: ↓ DC e ↑RVS - Hipovolêmico (hemorragia, diarreia) - Cardiogênico (IAM, miocardite) - Obstrutivo: TEP, tamponamento cardíaco,1 pneumotórax hipertensivo – a bomba até funciona, mas existe uma obstrução que impede que o sangue seja mandado para frente - Hiperdinâmico: ↑ DC e ↓RVS (vasodilatação) - Distributivo (sepse, anafilaxia, neurogênico) A monitorização OXI-HEMODINÂMICA faz a diferenciação entre os choques. Para isso, podemos usar o catéter de Swan-Ganz. Entretanto, esse cateter não é mais utilizado, e pode ser substituído por um cateter venoso central, delta PP, ecocardiograma e dosagem de lactato. * Cateter de artéria pulmonar: Swan Ganz * Parâmetros: * Pressão no átrio direito (PVC): 5 mmHg → avalia a VOLEMIA * Pressão na artéria pulmonar (PAP): 20 mmHg * Pressão no átrio esquerdo (PCap ou PoAP): 12 mmHg → CONGESTÃO pulmonar * Função VE + arteríolas (IRVS): alto ou baixo * Sangue venoso misto: SvO2 > 65% → avalia a OXIMETRIA * Alternativas: * Catéter venoso central: * Coleta o sangue do AD, que é mais oxigenado que o sangue venoso misto * SvcO2 > 70% * Medidas dinâmicas com respiração (DPP): de acordo com o movimento respiratório, comparar o coração cheio com o vazio – se o estiver aumentado, cabe mais volume. É uma medida melhor que a PVC para avaliar a volemia. Se variação >13%, responde a volume * Ecocardiograma: para avaliar a função do VE, a.pulmonar e congestão * Lactato: hipóxia tecidual * DPP: não pode ser usado em paciente com fibrilação atrial (falso positivo) Tratamento: - 1. Reposição volêmica: - Cabe volume? - Sim: cristalóides (SF 0,9%, RL) - Não: melhorar a bomba ou a arteríola - 2. Vasopressores - Noradrenalina: primeira opção - Dopamina (>10µg/kg/min): dose suficiente para ação alfa - 3. Melhorar a bomba (inotrópicos) - Dobutamina: primeira opção MED – Terapia Intensiva 3 - Dopamina (3-10µg/kg/min): dose intermediária com efeito beta - 4. Choque refratário: - O tratamento depende da causa (TEP, tamponamento) * A dobutamina não pode ser usada em paciente hipotenso, porque tem um efeito vasodilatador, o que poderia piorar o caso * Balão intra-aórtico: é usado nos casos de choque cardiogênico refratário. Quando o coração vai encher, o balão enche. Quando o coração vai esvaziar, ele esvazia (criando um vácuo) – acompanha o coração para facilitar o trabalho. TEP (choque obstrutivo): - Obstrutivo: redução da função sistólica pelo aumento da pós-carga - Padrão ECG: S1Q3T3 - Onda S em D1 - Onda Q em D3 - Onda T invertida em D3 - Parâmetros: - ↓ DC - ↑ RVS - ↑ PVC - PCap normal (ou diminuída) * TEP não faz congestão pulmonar → faz aumento retrógrado de pressão (lado direito do coração) - Diagnóstico: - Fatores de risco e clínica - ECG - AngioTC de tórax - Tratamento: - Estável: heparina - Instável (TEP maciço): - Trombolítico em até 14 dias ou trombolectomia - Terapia básica para choque - 1. Reposição volêmica (com cautela, pois há ↑ PVC) - 2. Vasopressores: noradrenalina - 3. Melhorar a bomba (inotrópicos): dobutamina Choque hipovolêmico: - Parâmetros: - ↓ DC - ↑ RVS - ↓ PVC - ↓ PCap * Não tem volume Grau I Grau II Grau III Grau IV Perda volêmica (%) <15% 15-30% 30-40% >40% Perda volêmica (mL) <750 750-1500 1500-2000 >2000 FC <100 >100 >120 >140 PA ------- ------- Hipotensão Hipotensão FR <20/min 20-30/min 30-40/min >35/mim Enchimento capilar ------- Reduzido Reduzido Reduzido Débito urinário >30 ml/h 20-30 ml/h 5-15 ml/h Desprezível Nível de consciência Pouco ansioso Ansioso Ansioso-confuso Confuso-letárgico MED – Terapia Intensiva 4 Grau I Grau II Grau III Grau IV Reposição volêmica Cristalóides Cristalóides Cristalóides + CH Cristalóides + CH * Grau 4 = 40 (FC 140, FR 40, perda volêmica 40%) * CH: fazer 1 a 2 bolsas e ver se o paciente melhora (se não melhorou, dar mais sangue) * Melhor parâmetro clínico de reposição volêmica: aumento do débito urinário Choque PVC/PCap DC RVS Hipodinâmico Cardiogênico ↑ (congestão) * IAM de VD = ↑ PVC e PCap normal ↓ ↑ Hipovolêmico ↓ ↓ ↑ Obstrutivo Tamponamento = cardiogênico (↑PVC e ↑PCap) TEP = infarto de VD (↑PVC e PCap normal) Hiperdinâmico Distributivo (sepse) ↓ ou normal ↑ ↓ Distributivo (especiais) Neurogênico: bradicardia (não contrai o vaso, não contrai o coração) Insuficiência de suprarrenal: ↑K e ↓Na Anafilaxia: exposição. Fazer adrenalina, corticóide e anti-histamínico * Necrose de enterócitos → translocação bacteriana → choque grave e irreversível * Anafilaxia: * Remoção do alérgeno * Adrenalina IM 0,3-0,5 mg/dose, repetindo a cada 5-15 minutos conforme necessário * Suplementação de O2 (avaliar IOT) * Reposição volêmica vigorosa (1 a 2L) * Se não houver resposta, fazer adrenalina EV (1 ampola de adrenalina + 0ml de SF 0,9%) * Anti-histamínico se urticária * Broncodilatador se broncoespasmo * Corticóide para os sintomas tardios (recorrência) * Pacientes em uso de broncodilatador podem não responder à adrenalina → usar GLUCAGON DROGAS VASOATIVAS - Indicação: paciente hipotenso não responsivo a volume - Alvo: PAM > 65 - Em acesso central sempre que possível - ↑ velocidade de entrega do medicamento - ↓ risco de extravasamento Dopamina: - Dose baixa (A1): vasodilatação renal - Dose média (β1): inotrópico + (↑FC) - Dose alta (alfa 1): vasoconstrição (↑PA) * Alternativa à noradrenalina Noradrenalina: (hipotensão) - Vasoconstrição + inotropismo fraco - Escolha no choque séptico (melhor que dopamina) Adrenalina: - Dose baixa: vasodilatação e ↑DC - Dose alta: vasoconstrição - Indicada no choque anafilático - Desvantagem: arritmia e vasoconstrição esplâncnica Dobutamina: (coração e perfusão) - Age em β1: inotrópico MED – Terapia Intensiva 5 - Indicação: IC severa e refratária, choque cardiogênico, melhora da perfusão no choque séptico Vasopressina (ADH): - Vasoconstritor (em associação) - Usar quando a nora não da conta SEPSE - Resposta inflamatória desregulada à infecção - ↑ DC, ↓ RVS (vasodilatação) - Duas fases: - Quente: ainda consegue manter o DC (normal ou aumentado). Paciente consciente, com febre e taquicárdico - Frio: começa a aumentar a RVS (extremidades frias) para manter a circulação em órgãos nobres. Anúria, letargia, sudorese fria, cianose periférica - Produtos bacterianos → disfunção de órgão (SOFA ≥ 2) - Escore SOFA ****: - Sistema respiratório (PaO2/FiO2) - Coagulação (plaquetas) - Fígado (bilirrubina) - Cardiovascular (PAM) - Sistema nervoso (Glasgow) - Função renal (creatinina e débito urinário) * S: sangue (plaquetas) * O: oxigênio (PaO2/FiO2) * F: fígado (bilirrubina) * A: alerta (glasgow), arterial (PAM) e anúria (Cr, diurese) Novos critérios – qSOFA (≥ 2): detecta sepse precocemente: - FR > 22 - PAs < 100 - Glasgow < 15 * NÃO TEMMAIS SIRS OU SEPSE GRAVE * CHOQUE SÉPTICO: sepse que não responde a volume – precisa de vasopressor para manter PAM ≥ 65 E lactato > 2 * Corrigir no choque séptico: inflamação sistêmica, hipovolemia e depressão miocárdica Abordagem: - Controle do foco infeccioso: culturas + antibiótico (precoce) - Ressuscitação inicial: volume 30ml/kg (2L rápido) - Avaliação hemodinâmica (novos parâmetros) - Se não responder ao volume inicial → noradrenalina - Refratário → corticóide, transfusão (Hb < 7), dobutamina Parâmetros Early-Goal (devem ser atingidos nas primeiras 6 horas): - PVC 8-12 - Diurese ≥ 0,5ml/kg/h - PAM ≥ 65 - SVcO2 ≥ 70% * NÃO USA MAIS – não altera a mortalidade do paciente Novos parâmetros: a base da monitorização hoje é o EXAME FÍSICO do paciente! - FC, PA, FR - Diurese - PAM - Enchimento capilar, turgor cutâneo * O objetivo é normalizar o lactato ou clearance ≥10% * Se tiver disponível: pode fazer cateter venoso central e avaliar a PVC, ecocardiograma, medidas dinâmi- cas (DPP), SVcO2 MED – Terapia Intensiva 6 * Usar corticóide no choque séptico cuja pressão arterial não responde adequadamente à ressuscitação volêmica e vasopressores * Transfusão se: Hb ≤7 * Plaquetas se: < 10.000, < 20.000 com alto risco de sangramento ou <50.000 se cirurgia ou processos in- vasivos * Procalcitonina: em condições normais não é detectada na circulação → tem produção extratireoideana em situações de estresse. Os níveis de PCT se elevam de forma significativa em resposta a um estímulo pró- inflamatório. ALTERAÇÃO DA CONSCIÊNCIA - Principal causa: alteração do tronco - O papel do intensivista é ver se não tem lesão irreversível do tronco (morte encefálica) Critérios de morte encefálica: 1. Causa definida: não pode ser hipotermia ou intoxicação – quando o paciente tem lesão tóxico metabóli- ca, faz uma lesão difusa dos neurônios * Tóxico-metabólica: sem déficit focal + reflexos de tronco preservados 2. Exame neurológico: - Coma: escala de Glasgow, Four - Pupila: fixas e arreativas - Reflexos de tronco ausentes: - Corneopalpebral: passa algodão e não pisca - Óculo cefálico (olhos da boneca): gira a cabeça e o olho vai pro lado oposto - Óculo vestibular (prova calórica): joga água e o paciente não olha pra orelha - Apneia: ventilar o paciente com O2 a 100% por 10 minutos e depois tirar o suporte ventilatório →o pa- ciente continua em apneia * Intervalo entre os exames neurológicos: * ≥ 7 dias de vida: 48hs * ≥ 2 meses: 24hs * ≥ 1 ano: 12hs * ≥ 2 anos: 6hs 3. Exames complementares: - Angiografia - Doppler - PET - EEG * Tem que fazer os 3 passos Monitorização neurológica: - Pressão intracraniana (PIC): < 20 mmHg - Pressão de perfusão cerebral (PPC) = PAM - PIC: > 70 - SvJO2 > 55% * Se ↑ PIC: drenagem, manitol, corticóide, hiperventilação * Passar catéter até o bulbo da jugular para avaliar a saturação venosa (ideal SvJO2 > 55%) – se diminuí- do, fazer transfusão, dobutamina (para melhorar a perfusão cerebral) SEDAÇÃO - Indicação: - Redução do consumo de O2 - Prevenir a consolidação da memória sobre eventos desagradáveis - Ventilação mecânica - Abstinência alcoólica - Evitar contenção física em pacientes hiper-ativos - Paralisia com bloqueadores neuromusculares - Drogas disponíveis: - Benzodiazepínicos: - Diazepam, midazolam, lorazepam MED – Terapia Intensiva 7 - Ansiolíticos, sedativos, anticonvulsivantes e relaxantes musculares - Melhor droga para amnésia anterógrada - Efeitos pouco expressivos sobre o aparelho respiratório - Antídoto: flumazenil - A suspensão deve ser gradual - Propofol: - Rápido início de ação (<1 min) e meia vida curta - Usado quando se deseja um despertar mais rápido - Sedativo, anticonvulsivante, antiemético e neuroproteror (reduz fluxo sanguíneo e consumo de O2 cerebral) - Não faz analgesia - Cuidado em pacientes idosos: faz vasodilatação sistêmica - CI em crianças pequenas pelo risco de acidose - Barbitúticos: - Tiopental: - Usado em pós op de TCE ou em síndrome convulsiva quando se procura proteção neural - Faz depressão do SNC e miocárdica - Neuroléptico: - Halperidol: - Não faz sedação miocárdica ou respiratória - Rápido início de ação - Sem efeito amnéstico - É seguro em epilépticos, vítimas de TCE e portadores de DPOC ANALGESIA - Opióides: - Morfina: - Meperidina: libera muita histamina (vasodilatação e hipotensão) e pode desencadear crise convulsi- va - Fentanil: mais rápido início de ação (<1min). Pode ser usado em pacientes instáveis hemodinami- camente - Tramadol: opióide fraco. Pode causar convulsão - Codeína: opióide fraco, antitussígeno * Antagonista: naloxone INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA - Dispnéia: aumento do esforço respiratório Insuficiência tipo 1 – hipoxêmica: - Principal causa: distúrbio V/Q (ventilação-perfusão) – troca gasosa prejudicada, pois os alvéolos são mal perfundidos (espaço morto) ou mal ventilados (shunt). Exemplo: pneumonia, SARA, TEP, atelectasia - PaO2/FiO2 < 300 - Gradiente alvéolo-arterial alto (porque não tem a troca) → P(A-a) O2 > 15-20 mmHg - Tratamento: oxigênio * No shunt verdadeiro a relação V/Q é zero, ou seja, passa sangue sem nenhuma ventilação. Nesses ca- sos, não há resposta ao suplemento de oxigênio a 100%. * Tipos de shunt: * Parenquimatoso pulmonar: colapso ou preenchimento total dos alvéolos * Vascular pulmonar: fístulas artériovenosas Insuficiência tipo 2 – hipercápnica: - Hipoventilação → retenção de CO2 → acidose metabólica - Exemplo: aumento do espaço morto (área que ventila mas não perfunde), doença neuromuscular, ob- strução de VAS, fadiga muscular, DPOC - PCo2 > 50 - P(A-a) O2 ≤ 15 mmHg - Tratamento: ventilação mecânica invasiva ou não invasiva + tratar a causa MED – Terapia Intensiva 8 SARA TB MILIAR * O meio ambiente pode ser a causa da insuficiência respiratória: grandes altitudes (baixa concentração de oxigênio) ou intoxicação por monóxido de O2 (carboxi-hemoglobina). O tratamento é feito com oxigênio enriquecido. * A abordagem terapêutica inicial da insuficiência respiratória aguda deve ser fundamentada no diagnóstico clínico e não necessita de confirmação laboratorial. * Hipoxemia: confusão mental, inquietação, taquicardia, hipertensão, cianose (fase final) * Hipercapnia: sonolência, desorientação, hiperemia de mucosas SARA (síndrome do desconforto respiratório agudo): - Edema pulmonar por inflamação – é o pior edema agudo de pulmão → hipoxemia grave - Presença de células inflamatórias nos alvéolos - Não melhora com antiinflamatório ou corticóide Causas: - Aspiração gástrica - Infecção pulmonar - Choque - Sepse (principal) Fases: - Exsudativa: edema alveolar - Proliferativa: predomínio de células inflamatórias - Fibrótica: deposição de colágeno Radiografia: - Infiltrado misto, com componente alveolar (algodonoso) e intersticial, bilateral - Síndrome do pulmão branco (infiltrado inflamatório difuso) * Diferenciar de tuberculose miliar Critérios diagnósticos de Berlim: - Sete dias - Descartar cardiogênica/hipervolemia - Rx com opacidade bilateral sem outra causa - Alteração da PaO2/FiO2: - Leve ≤ 300 - Moderada ≤ 200 - Grave ≤ 100 Conduta: - Manter o paciente vivo enquanto ele melhora da inflamação – deixar entubado e no ventilador (ventilação protetora) - NÃO tem tratamento específico!! - Princípios do tratamento: tratar a causa base e dar suporte hemodinâmico e ventilatório MED – Terapia Intensiva 9 - Casos refratários: - Manobras de recrutamento alveolar - Ventilação em posição prona - Bloqueador neuromuscular * O paciente com SARA tem um pulmão DURO e grudento – se der a mesma quantidade de oxigênio que uma pessoa normal, vai estourar * Fazer ventilação com BAIXO volume corrente (VC< 6ml/kg) – hipercapnia permissiva * Para diminuir o colabamento: AUMENTAR o PEEP (> 10) * Pressão de platô ≤30 cmH2O * Pressão de distensão ≤ 15cmH2O * A manobra de recrutamento alveolar proporciona um aumento da PaO2 para a mesma PEEP e volume corrente aplicado VENTILAÇÃO MECÂNICA Normalmente, a ventilação pulmonar espontânea trabalha com pressões negativas nas vias aéreas, permitindo a entrada de ar nos pulmões. Na VM, entretanto, a pressão é sempre positiva. É mais fácil o ventilador empurrar o ar para a via aérea do que fazer o tórax puxar. Ventilação não invasiva: - Suporte para o paciente não intubado - Indicação: - Melhora esperada entre 48 a 72hs - Paciente alerta e colaborativo (GCS > 8), capaz de controlar as secreções das vias aéreas e manter a sincronia com o ventilador - Exacerbação aguda da DPOC ou asma - Edema agudo de pulmão - SARA leve - Pós operatório, pós extubação - Vantagens: - Evita complicações de IOT - Preserva os reflexos de VA - Reduz o tempo de internamento - Tipos: - Nasal - Total facial - Facial - Capacete - Parâmetros: - EPAP: pressão expiratória – é a pressão que fica no final da expiração (impede colabamento) - IPAP: pressão inspiratória – ajuda a entrada de ar nos pulmões e diminui o esforço do paciente. * EPAP: se somente esta modalidade for usada na ventilação não invasiva, recebe o nome de CPAP (pressão contínua de via aérea). * EPAP e IPAP - Se as duas modalidades forem usadas, recebe o nome de BIPAP ou NPPV. Para iniciar a NPPV: coloca-se o aparelho na modalidade espontânea e ajusta: - FiO2 (100%), depois ir reajustando a cada 10-15 minutos - EPAP: 5 cmH2O (no caso de insuficiência ventilatória, usar 4 cmH2O) → não permite o colabamento alveolar no final da inspiração - IPAP: 10 cmH2O (↓ esforço do paciente para inspirar) * Ajusta-se FiO2 conforme saturação arterial e as pressões a cada 10-15 minutos. * Hipoxêmica: titular a EPAP e IPAP em incrementos de 2 cmH2O. * Ventilatória: titular IPAP em incrementos de 2 cmH2O – fazer as trocas a cada 15-30 minutos. * Reavaliar constantemente o paciente, para poder intubar se necessário (↓ mortalidade) Ventilação invasiva: - Há intubação do paciente (oro/nasotraqueal) e conexão com um ventilador. - Indicação: - GCS ≤ 8 MED – Terapia Intensiva 10 - Risco iminente de broncoaspiração ou obstrução de VA - HEmodinamicamente instável (para reduzir o consumo de O2) - Anestesia ou apneia - ↑ PIC - Parâmetros: - FiO2: 21-100% (ideal < 60%) - PEEP (corresponde ao EPAP da não invasiva): 4-5 cmH2O - VC: 7-8 ml/kg de peso ideal (500 ml) - FR: 12-14 mrpm *deve ser ajustado de acordo com o pH do paciente - Fluxo = velocidade suficiente para inspiração que sobre tempo para expirar (geralmente 1:2 – 50) - Tempo inspiratório em segundos. É o único que pode ser controlado, já que a expiração continua sendo passiva. FIO2 PEEP O2 Após intubar: - Conectar ao ventilador VC FR Ti Fluxo CO2 - Selecionar ventilação assito controlada → Volume - FiO2: 100% → depois ajustar com a saturação - PEEP: 5 - VOCÊ: 500ml - FR: 14 (o paciente pode aumentar) - Fluxo: 1:2 - Ajustar o alarme de pressão de pico (se >40 = apita) Para extubar (desmame): - Passar para PSV (espontânea) - FiO2: 40 - PEEP: 5 - Pressão de suporte: iniciar com 15-20 e ir diminuindo. Quando se chega em 7-10, se o paciente per- manecer por 35 minutos com quadro estável, pode ser extubado. Tipos: - Controlada: - Só ocorre quando o paciente não quer/não pode respirar. Ou seja, em presença de anestesia ou apnéia. - Assisto-controlada: - Nela, o médico ajusta todos os parâmetros. Porém, permite ventilações adicionais (por intenção do paciente) com os mesmos parâmetros pré-ajustados. - A volume (VCV): - Ajusta-se FiO2, PEEP, VC, FR e fluxo - Vantagem: garantia do volume minuto, mais fácil - Desvantagem: pressão de pico (se obstrução da cânula, tosse, acordando → risco de BARO- TRAUMA por ruptura alveolar) - A pressão (PCV): ajusta-se FiO2, PEEP, FR pressão controlada, tempo inspiratório. - Vantagem: não faz pressão de pico - Desvantagem: risco de hipoventilação (não controla a quantidade de ar que entra) - Modo espontâneo: - Ventilação com pressão de suporte (PSV): - Desmame - Paciente intubado, tem sua própria FR e faz esforço respiratório com auxilio. - Controla FR, volume, tempo e velocidade. - Ajustar: FiO2, PEEP e PS (pressão inspiratória). - Vantagem: sincronia facilitada. - Desvantagem: maior esforço para o paciente. MED – Terapia Intensiva 11 - Mandatória intermitente sincronizada (SIMV): - Modalidade mista que sincroniza modo assisto-controlado com o modo espontâneo. Saber: - FiO2: inicial 100%, reduzir progressivamente até atingir uma SpO2 entre 92-94% - VC: 8-10 ml/kg do peso ideal - FR: 12-14 mrpm - PEEP: 4 e 5 cm H2O * Monitoriza-se com rx de tórax, sinais vitais, SpO2, sincronia paciente-ventilador, gasometria arterial, pressões inspiratórias, relação tempo inspiratório/expiratório, auto-PEEP, alarmes do ventilador. Pico de pressão inspiratória (pressão de pico): Resistência É a pressão máxima atingida na via área no final da inspiração. Quanto mais alta, maior a resistên- cia da via aérea. Portanto, situações que aumentam a resistência, faz com que o ar entre sob grande pressão, gerando a pressão de pico (que varia entre 40-45 cmH2O – maior que isso faz barotrauma). * DPOC e asma: Ppico elevada Pressão de platô inspiratório (pressão de platô): Acomodação de ar no alvéolo Reflete a complacência pulmonar/alveolar. Quanto mais complacente, menor a pressão de platô (pressão achada após pausa inspiratória), sendo mais fácil o alvéolo aceitar aquele volume. Nunca pode passar de 30 cmH2O; pois pode induzir SARA (↑ mortalidade). * Doenças de ↓ complacência = ↑ Pplatô Relação tempo inspiratório/expiratório: - Normal é 1:2 - Asma ou DPOC: 1:3 ou 1:4 - Determinantes do tempo inspiratório durante as ventilações a volume: VC, fluxo (ar entra mais rápido e paciente tem mais tempo para expirar), FR. Auto-PEEP – aumento da pressão expiratória final na via aérea: Se o tempo expiratório for curto demais para permitir expiração completa do fluxo, quando houver a próxima insuflação pulmonar, somarão os gases que já estão no pulmão com a nova quantidade. * Para ajustar: diminui a FR, diminui VC, aumenta a velocidade do fluxo. * Se sobrar ar = empilhamento ventilatório (↑PEEP = auto-PEEP) * Empilhamento piora o retorno venoso e oxigenação → hipotensão * Fator de risco: DPOC Manejo da ventilação nas principais doenças: - SARA: - A pressão de platô não pode passar de 30 (é difícil) - O volume corrente deve ser menor que 4-6 ml/kg (para reduzir o risco de ↑CO2 e fazer acidose res- piratória) - PEEP 15 mmHg (recrutamento alveolar) - Faz uma hipercapnia permissiva (pH até 7,2) - DPOC: - VC 8-10 ml/kg - I:E 1:3 ou 1:4 - Broncodilatadores - Nesse caso o alvo NÃO É o CO2 (é retentor crônico), e sim o pH = 7,36 (limite inferior) - Cuidar com auto-PEEP - Doença neurológica aguda: - Ajuste rigoroso de O2 → Sat ≥ 94% - Manter a pCO2 normal → faz o controle do fluxo sanguíneo cerebral - O alvo é o CO2, e não o pH (≠DPOC) * A ventilação mecânica sob pressão positiva aumenta a pressão intratorácica média, dessa forma: * ↓ retorno venoso MED – Terapia Intensiva 12 Na da solução - Na do paciente = variação de Na Água corporal total + 1 * ↓ pré-carga e DC * ↓ fluxo sanguíneo na veia porta * ↑ PIC * ↓ fluxo urinário DISTÚRBIO HIDROELETROLÍTICO - É preciso tratar a alteração eletrolítica e procurar a causa do distúrbio. - Volemia: 7% do peso - Água corporal total: 60% do peso em homens (50% se idoso) ou 50% do peso em mulheres (45% se ido- sa) - Sódio: é o principal determinante da osmolalidade sérica e é o mais importante cátion do extracelular. - Osmolaridade plasmática efetiva = 2x osmolaridade plasmática + glicose / 18 + uréia/6 HIPERNATREMIA (NA > 145 MEQ/L): - Perda de água sem sódio → hiperosmolaridade com desidrataçãocelular - As células respondem com acúmulo de soluto na tentativa de evitar a desidratação → CUIDADO! a corre- ção rápida da hipernatremia pode ocasionar entrada de água nas células e levar ao edema celular (ou edema cerebral), com consequências potencialmente fatais, sobretudo no SNC. - Os três grandes grupos de hipernatremia são: - Pacientes que não têm acesso a água (sequelas neurológicas) - Pacientes com uma doença aguda grave - Diabetes insípidus (deficiência na concentração urinária → perda de água livre pelos rins) Sintomas: - Profunda desidratação: hipocorado, mucosas ressecadas, vasos sublinguais pouco visíveis, febre, taqui- cardia, hiperventilação pulmonar - Sede intensa - Fraqueza muscular, confusão - Déficit neurológico focal, convulsões e coma Laboratório: - Hemoconcentração - Aumento da concentração plasmática de sódio - Aumento das proteínas e da osmolaridade sérica. Tratamento: - Hidratação do paciente - Manutenção da volemia - Correção da instabilidade hemodinâmica e tratamento da causa de base * Na da solução: * SG = 0 (hipernatremia) * SF = 154 * NaCl 20% = 513 (hiponatremia) * A variação máxima de sódio é 12 mEq/24hs * Ritmo de Correção: deve ser em torno de 0,5 mEq/l por hora. Assim, para um sódio de, por exemplo, 168 mEq/l, o excesso de 28 mEq/l (168-140) deve ser corrigido em 56 horas (28 divididos por 0,5 mEq/l). * Exemplo: paciente do sexo masculino, 70kg, com Na 150 * Usar SG * 0 - 150 / 0,5 x 70 + 1 = 3,6 mEq/h * Se 1L se soro vai diminuir 3,6 mEq e ele precisa de 5 (150 - 145), é preciso fazer 1,38L → 10hs MED – Terapia Intensiva 13 para infundir tudo MED – Terapia Intensiva 14 Na da solução - Na do paciente = variação de Na Água corporal total + 1 HIPONATREMIA (Na <135 mEq/L): - Excesso de água corporal total → diluição do plasma e redução da osmolaridade - Se for de instalação crônica, os indivíduos podem tolerar níveis muito baixos de sódio sem fazer alteração de nível de consciência. Sintomas: - Depende da etiologia e da rapidez de sua instalação. A maioria dos pacientes não apresentam sintomas até Na 120mE/L e nesses casos o tratamento é feito com restrição de água livre. - Agudo: - Sódio <120mEq/L apresentam: cefaléia, náuseas e vômitos, podendo levar ao coma e ao estado de mal epiléptico. - Sódio < 110 mEq/l: pode ser letal e determinar lesão cerebral permanente. - Crônico: cefaléia, náuseas, alucinações auditivas ou visuais, incontinência urinária e fecal, descerebração, letargia, fraqueza, coma, alteração de comportamento, bradicardia ou hipoventilação. Tratamento: - Hiponatremia assintomática: - Sódio entre 135 e 120 mEq/L. - Restrição de água livre - Furosemida - Reposição lenta do volume de água perdido com sódio (paciente com hipovolemia – SF até estabi- lização hemodinâmica) - Deve-se realizar o cálculo do excesso de água e fazer restrição de água livre. - Hiponatremia sintomática: - Suporte clínico: corrigir distúrbios hemodinâmicos, hipoxemia, infecções - Tratamento da causa de base - Aumento do sódio sérico, conforme a fórmula de correção * Na hiponatremia crônica (mais de 48h) o volume do cérebro diminui durante a correção rápida da hipona- tremia provocando uma desmielinização pela ruptura de conexões dos axônios com sua bainha de mieli- na, principalmente na região do tronco cerebral (mielinólise pontina), cujos neurônios são mais sensíveis à alteraçnoes de osmolaridade. Manifesta-se com disartria, disfagia, letargia, paraparesia, quadriparesia e até coma. Podem ser transitórias ou definitivas. Os pacientes de maior risco são mulheres jovens, elitistas e pacientes com hipóxia concomitante. * Exemplo: paciente do sexo masculino, 80kg, com Na 124 * Usar NaCl 20% * 513 - 124 / 0,5 x 80 + 1 = 9 mEq/h * Se 1L se soro vai aumentar 9 mEq e ele precisa de 11 (124 - 135), é preciso fazer 1,22L → 22hs para infundir tudo HIPOCALEMIA (K< 3,5 mEq/L): - Potássio: principal íon do meio intracelular - Diretamente relacionado à estabilização elétrica cardíaca e potencial de repouso da célula nervosa - Intracelular: 120 mEq/L - Extracelular: 4,5 mEq/L. Inalação e drogas vasopressoras, uso de insulina e furosemida são responsáveis por perda de po- tássio. Alcalose metabólica também perpetua o estado de hipocalemia, assim como hemodiluição (excesso de volume infundido no paciente). As perdas pelo trato gastrointestinal decorre de quadros de diarréias, vô- mitos, fístulas, drenos/sondas, entre outros. Sintomas: MED – Terapia Intensiva 15 - Depende do grau de depleção (raro caso sintomático com K >3 mEq/L) MED – Terapia Intensiva 16 - K <2,5 mEq/L: fraqueza muscular e rabdomiólise, tetraparesia, insuficiência respiratória, náuseas, vômitos e íleo paralítico, alterações cardíacas (extrassístoles ou taquiarritmias). - ECG: presença de onda U, achatamento e inversão de ondas T e depressão do segmento ST, podendo evoluir para atividade elétrica sem pulso ou assistolia. O risco ocorre em níveis de K <2,5, nesses casos é indicada a reposição agressiva. Tratamento: - Suporte clínico básico (tratar a desidratação, vômitos, estabilização hemodinâmica e respiratória) - Tratamento da doença de base - Reposição de potássio. - Grau de depleção de potássio – para cada 1 mEq/L de redução na concentração sérica há um déficit cor- poral total de 100 a 200 mEq. - Preparações disponíveis: - KCL xarope 6%: 15 ml tem 12 mEq de K; dose usual de 10 a 20 ml após as refeições, 3 a 4 x dia - KCl comprimido: 1 comprimido tem 6 mEq de potássio; dose usual: 1 a 2 comprimidos após as re- feições, três a quatro vezes ao dia. - KCl 19,1% (IV): cada 1mL tem 2,5 mEq de potássio; ampolas disponíveis de 10mL. * Exemplo: paciente com K:3 * Tem que elevar a 3,5 * Se 1 mEq tem ~ 150mEq de depleção, 0,5 tem 75mEq * 15 ml de xarope 6% = 12mEq → x: 93,75 ml, dividir em 3 a 4x/dia * Monitorização cardíaca contínua e monitorização laboratorial a cada 6 horas. HIPERCALEMIA (K 5 > mEq): - Distúrbio potencialmente grave - Existe uma enorme diferença entre o potássio intracelular (140 mEq/L) e o extracelular (3,5 - 5,0 mEq/L) e esse gradiente de concentração é responsável pela excitabilidade nervosa das células musculares, espe- cialmente a cardíaca → risco de arritmias e parada cardiorespiratória. - Causas: - Acidose metabólica - AINE, BRA, β-bloqueadores, diuréticos poupadores de potássio, IECA, digitálicos, heparina - Insuficiência adrenal - Rabdomiólise Sintomas: - Fraqueza, adinamia - Insuficiência respiratória - Paralisia ascendente - Arritmias cardíacas * ECG: onda T apiculada ou em tenda, achatamento da onda P, prolongamento de PR, alargamento de QRS Tratamento: - Gluconato de cálcio a 10% (15 ml EV correndo em 3 minutos) → tem a finalidade de estabilizar a mem- brana miocárdica, e impedir que o potássio promova toxicidade. Pode ser repetido caso o ECG não seja estabilizado cerca de 5 a 15 minutos após a primeira administração. - Administrar β agonista, insulina (soro glico) ou bicarbonato → translocação do potássio para dentro da célula * Soro glico: 250 ml SF - 100ml + 10 U insulina + 10 amp de glicose 50%
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